Manual do Calouro 2011.

1
UFSC
mostra a
tua cara!
CALA | CALIGEO | CALH | CALPE | CALISS | CAFIL
 CALA – Centro Acadêmico Livre de Arquitetura
CALIGEO – Centro Acadêmico Livre de Geografia
CALH – Centro Acadêmico Livre de História
CALPE – Centro Acadêmico Livre de Pedagogia
CALISS – Centro Acadêmico Livre de Serviço Social
CAFIL - Centro Acadêmico de Filosofia

Apresentação 2
Guia de Sobrevivência 3
Universidade, mostra a tua cara! 7
O que é esse tal Movimento Estudantil 9
A tarifa e o busão 11
Opressões, o que é isso? 12
Cotas 13
O que fazer? 14
Mapa da UFSC 15
manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!
Ao efetuar sua
matrícula você passa a ser
mais um dentre os mais de
20 mil alunos desta
universidade. Univer-
sidade pública federal,
que é esta apenas uma
dentre as 59 de todo o
Brasil, totalizando – se
consideradas também as
estaduais – aproximada-
mente 1,5 milhão de
estudantes. Parece muita
gente, e é, mas gostaría-
mos que fosse muito mais
– há ainda mais cerca de 5
milhões de matrículas no
ensino superior privado. E,
embora pareçamos
muitos, cada um é
importante e deve refletir
criticamente a respeito de
seu contexto. No Brasil,
pouco mais de 10% dos
jovens em idade universi-
tária estão de fato
cursando uma faculdade,
isso faz do ensino superior
não um direito, mas um
privilégio. No entanto,
numerosos que somos e
cientes que devemos estar
desta realidade, podemos
transformá-la.
2
-
apresentacao
,
Para isso, teremos que ser, no
caso da UFSC, muito mais do que 20 mil
alunos dispersos. Juntos, podemos
formar um movimento estudantil forte
para defender a universidade, a educa-
ção e os direitos estudantis como
Biblioteca, Restaurante Universitário,
Bolsas de pesquisa e extensão, Hospital
Universitário. E é por isso também que
seis centros acadêmicos (de Serviço
Social, Filosofia, Pedagogia, História,
Arquitetura e Geografia) reuniram-se
para recebê-los e propor alguns debates,
reflexões e ações, tanto a nível de
universidade, quanto do seu curso e da
própria atividade profissional. O seu
Centro Acadêmico (CA) é o espaço que
irá representá-lo junto com os demais
estudantes do mesmo curso. Ele foi
criado pelos próprios estudantes para
ser uma voz autônoma dentro do curso e
da estrutura acadêmica.
São muito raros, se é que
existem, os estudantes que entram na
universidade sem a expectativa de
aprender muito para mudar muita coisa.
Para levar esta expectativa a cabo, é
preciso viver a universidade como um
todo, ir além da restrita sala de aula,
explorar suas potencialidades.
Convidamos a todos os calouros a
participar ativamente da recepção
integrada que ocorrerá no início do
semestre.
 3 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!

Guia de sobrevivencia
Olá! Você é mais um novo estudante
da UFSC, e nós que já estamos há algum tempo
por aqui pensamos em ajudar com algumas
dicas e informações que podem ser úteis ao
percurso de todos nesta Universidade. Você vai
precisar se localizar neste campus, comer no
Restaurante Universitário, procurar bolsas
para permanecer estudando, retirar livros da
biblioteca. Todos esses são direitos nossos,
direitos estudantis que a universidade deve
proporcionar.
-
Provavelmente você
receberá ou recebeu manuais por
parte da reitoria, dos veteranos do
seu próprio curso ou de outras
fontes quaisquer. Entretanto, nós,
que organizamos esse trote integra-
do entre vários Centros Acadêmicos,
pretendemos dar uma perspectiva
crítica a estas informações.
Por isso, nós criamos este
“Guia de Sobrevivência”, para alertar
você de que a universidade não está
garantindo todos os nossos direitos
de estudantes e que devemos nos
organizar coletivamente para lutar
por eles!

RU
O famoso Restaurante Universitário tem também famosas filas. A Reitoria prometeu
ampliá-lo até 2008 e vejam só: estamos em 2011 e a obra ainda está no esqueleto. Já
conseguimos melhorar a qualidade da comida e impedir os aumentos através de muita
luta e esforço dos estudantes. Agora está na hora de pressionar a reitoria para pararmos
de esperar mais de 20, 30 ou até 40 minutos na fila todos os dias. Para comer no RU, é
necessário fazer uma carteirinha (leve seu atestado de matrícula e RG), e comprar os
passes por R$1,50.

BU
Na Biblioteca Universitária você tem acesso a livros, filmes e periódicos. Também é
necessário fazer um cadastro (quando calouro é importante andar sempre com seu
atestado de matrícula e o RG para ocasiões como esta). Provavelmente, durante o 1º
semestre do seu curso, você já vai perceber que faltam livros na BU e que os professores
deixam os textos na copiadora (Xerox), onde passamos tempo em mais uma fila e
gastamos uma boa grana com pilhas de textos. Ler e estudar deve fazer parte de nossa
vida acadêmica, mas pagar para ter acesso aos textos não é tão natural como parece. Por
isso nós estudantes reivindicamos constantemente variedade e quantidade de livros
disponíveis na biblioteca.
 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara! 4
-
sobrevivencia

labufsc
Este é o espaço aonde temos acesso aos computadores com internet. Para entrar
usamos a mesma carteirinha do RU. No fim do semestre, o período em que todos têm
milhões de trabalhos a serem entregues, os computadores ficam mais lentos e você
pode inclusive não conseguir encontrar um espacinho no laboratório. Por esse motivo é
importante lutarmos por uma ampliação do Labufsc.

- -
Bolsa Permanencia, Monitoria, Pesquisa e Extensao
Com seu cadastro socioeconômico aprovado, você pode ser encaminhado para uma
bolsa permanência. Há alguns anos esta bolsa, que tinha o nome de bolsa treinamento,
possuía mais o caráter de substituir os trabalhadores da UFSC gastando menos verba, do
que de fato contribuir para a formação dos estudantes. Depois da luta dos estudantes,
esta bolsa passou a ser chamada de bolsa permanência e teoricamente todos devem ser
colocados junto a projetos com professores das áreas que estudam. Entretanto, o que
percebemos é que muitos estudantes ainda exercem cargos administrativos, que nada
tem a ver, de fato, com o seu curso. Além desta bolsa, existem as de monitoria, as de
extensão e as bolsas de pesquisa, que não possuem pré-requisitos socioeconômicos,
mas que são realizadas seleções pelos professores responsáveis pelos projetos. Essas
bolsas são fundamentais para nossa formação, mas são muito escassas na maioria dos
cursos. Devemos lutar por mais bolsas deste tipo, considerando sua importância: com
elas podemos aplicar e adquirir conhecimentos relacionados a nossa área de estudo,
crescer enquanto estudantes e futuramente profissionais e levar à sociedade o que é
produzido na universidade.

Coordenadoria de Servico
, Social da PRAE
Aqui é o local onde você deve ir para fazer seu cadastro sócio-econômico e ter acesso as
poucos políticas de permanência estudantil como Isenção do RU, Bolsa Permanência,
Moradia Estudantil. Esta Coord. Fica no Prédio da BU perto do ponto do busão.

sasc
Este é o lugar do serviço de atendimento à saúde da comunidade universitária. Localiza-
se dentro do Hospital Universitário (HU), e podemos marcar consultas médicas. Para
realizar o cadastro não se esqueça do atestado de matrícula e RG. O HU ainda é um único
hospital prioritariamente público, mas corre riscos constantes de privatização. Por isso,
é importante que a população e a comunidade universitária se mobilizem para um HU
100% SUS e para o acesso de todos à saúde pública.
 5 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!

-
sobrevivencia

-
fundacoes
,
Ao percorrer o campus, você vai ver alguns prédios chamados fundações, como FEPESE,
FAPEU, FUNJAB, FEESC e CERTI. Estas instituições foram criadas pela Reforma
Universitária, visando captar recursos privados para a universidade e desobrigando o
governo de financiá-la. São inconstitucionais, pois é dever do estado garantir verbas
para a educação. A universidade vem sendo privatizada ao serem cobrados serviços que
deveriam ser gratuitos, como cursos de especialização. Além disso, já são comuns as
investigações do Ministério Público que descobrem irregularidades nas fundações da
UFSC e de todo o Brasil.

moradia estudantil
Assim como se alimentar, ter livros para estudar e bolsas permanência, precisamos
também de um lugar para morar. Segundo o próprio reitor Álvaro Prata, "são mais de
20.000 alunos de graduação e mais de 9.000 de pós-graduação". Porém, são apenas 154
vagas disponíveis para a moradia. Nas proximidades da universidade o preço de um
aluguel é absurdamente caro (se um estudante for dividir um apê, cada um paga em
média R$400 só no aluguel), lembrando que o valor de uma bolsa da universidade é
R$364. Ou seja, se os estudantes não tiverem uma boa ajuda dos pais ou trabalharem
fora não há santo que ajude a pagar um lugar para morar. A universidade deve proporcio-
nar vagas na moradia, a todos aqueles que não tem condições de pagar por um imóvel. O
índice de evasão na UFSC é bastante grande e isso se dá principalmente por diversos
estudantes não conseguirem se manter na universidade.

-
diversao e arte
Existem algumas boas opções por aqui. O teatro da Igrejinha sempre traz uma progra-
mação que vale ser conferida, com espetáculos a preços acessíveis, quando não de
graça. Tem também o projeto 12h30 na concha acústica em frente o CCE (Centro de
Comunicação e Expressão), que traz bandas para tocar neste horário, geralmente às
quartas-feiras. O curso de cinema tem o cineclube onde passam ótimos filmes. Também
são realizadas palestras e debates sobre os mais variados assuntos em toda a UFSC,
fique atento aos cartazes colados nos murais e com certeza encontrará algo de seu
interesse. Além disso, existem as famosas festas da UFSC, geralmente organizadas pelos
próprios estudantes. Estas festinhas estão na mira da Reitoria pois é dela que sai a maior
parte do financiamento do movimento estudantil. Precisamos defendê-las para continu-
armos tendo boas festas e garantir a independência financeira do movimento.
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-
sobrevivencia

-
taxas academicas
É provável que você irá ouvir seus veteranos falarem de taxas em um tom contrariado.
Ano passado foram implantadas aos estudantes uma série de taxas que vão desde R$
50,00 à R$ 2.000,00. Isso é inconstitucional por se tratar de uma universidade pública
que deve ser gratuita e é um passo tremendo para transformar a UFSC em uma universi-
dade paga. No último mês essas taxas foram provisoriamente suspensas. Porém,
devemos ficar atentos porque o risco das cobranças serem efetivadas ainda é grande.

reuni
O Programa de Reestruturação e Expansão é o ponto central da Reforma Universitária.
O Governo Federal, seguindo orientações do Banco Mundial, impõe metas de expansão
à UFSC e às demais Universidades sem a necessária contrapartida financeira. Na prática
este programa acabou por aprofundar mais os problemas da nossa Universidade. Então,
calouro e caloura, não ter aula por falta de sala, começar semestre sem professor, aula
superlotada, não ter livro na BU, pegar filas infinitas no RU são consequências dessa
expansão sem qualidade. (Neste manual há uma parte específica sobre este tema, para
você entender melhor o que é o REUNI!)

enade
O Exame Nacional de Avaliação do Desempenho do Estudante é uma das medidas
provisórias da Reforma Universitária. O ENADE é uma prova que não identifica os
problemas das instituições e puni aquelas que não atingirem um “bom desempenho”.
Por isso centenas de entidades estudantis junto com a Associação Nacional dos

...
Docentes de Ensino Superior (ANDES) fazem boicote ao ENADE. Achamos que esta
prova não serve para avaliar as instituições.

Estas são apenas algumas dicas! Com certeza você vai descobrir e criar muito
mais enquanto estiver por aqui... Nós também fazemos a Universidade!
 7 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!
universidade, mostra a tua cara!
A entrada na Universidade é
sempre motivo para comemoração. Ao
entrar temos apenas uma vaga idéia do
que representa essa enorme estrutura.
Para se ter uma noção, o orçamento da
UFSC para 2011 é de aproximadamente
780 milhões de reais, mais que o dobro
do orçamento de municípios como
Chapecó (para 2010) ou Balneário
Camboriú (para 2011).
Diante disso, é impossível não
nos perguntarmos a serviço de quem
está se aplicando tanto investimento.
Grande parte dessa verba pública é
destinada a pesquisas que visam
beneficiar o crescimento do lucro
privado (grandes empresas como a
Whirpool – antiga Embraco –, Natura
cosméticos, WEG equipamentos
elétricos, etc. possuem laboratórios a
seu serviço dentro da UFSC). Enquanto
isso a Universidade tem fechado os
olhos para os problemas mais funda-
mentais do povo brasileiro, como a
concentração de terras, o déficit
habitacional, a precarização da educa-
ção básica, transporte coletivo, saúde
pública e tantos outros. Sem falar que,
dentro da própria UFSC, vários direitos
conquistados pelo movimento estudan-
til hoje se encontram ameaçados, tais
como moradia estudantil, bolsa perma-
nência e RU. Muitos colegas nossos
abandonaram seus cursos por falta de
condições – não conseguiram conciliar
trabalho e estudo. Há apenas 1 vaga para
cada 130 estudantes na moradia
estudantil, o número de bolsas é
insuficiente e não tem reajuste há anos.
Esta retirada de direitos dos
estudantes afunila ainda mais o gargalo
da universidade. Muitos de vocês, que
acabaram de entrar na universidade,
tiveram de passar por uma etapa muito
difícil e também uma das características
mais arcaicas da Universidade: o
vestibular. Ele é, na verdade, um grande
funil que seleciona, com base no mérito
individual, os “mais aptos” a cursarem a
Universidade, transformando o que
deveria ser um direito universal em um
privilégio. No Brasil, apenas 10% dos
jovens em idade universitária estão
dentro da universidade. Existem 6,5
milhões de universitários no país.
Destes, apenas 1,5 milhão estão realmen-
te exercendo o direito à educação, já que
os outros 5 milhões estão pagando por
ela numa universidade privada. Dentro
da UFSC somos pouco mais de 20 mil
estudantes e devemos lutar para que o
acesso a ela seja universal e que o
vestibular, ou qualquer outra forma de
seleção, seja extinto.
O REUNI (Programa de
Reestruturação e Expansão) – projeto
iniciado no governo Lula, que diz visar à
expansão da Universidade pública – na
verdade institucionalizou a precarização
do ensino superior. Ele alardeia a
expansão de vagas, mas não expande
nem modifica o caráter do orçamento.
 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!
Qualquer proposta de expan-
são de vagas sem expansão do investi-
mento é engodo! O aumento das verbas
para a educação ficou só na propaganda
eleitoral. O PIB do Brasil cresceu perto
de 7,8% em 2010. A presidenta Dilma, em
continuidade, no seu pacote de corte
orçamentário para este ano de 2011,
incluiu a redução de 10% da verba
destinada às Universidades Federais.
Como pode a educação receber cortes
em vez de aumentos? O governo quer
nos fazer escolher entre expansão e
qualidade como se as únicas alternativas
fossem universidade elitista ou expan-
são precarizada.
Sentimos na pele o resultado
dessa política: falta sala de aula, taxas
acadêmicas, falta generalizada de
professores, e inclusive cursos novos
são criados com estruturas precarizadas
e insuficientes. Essa privatização da
educação também afeta os trabalhado-
res da Universidade. O número de
professores efetivos e de servidores
técnico-administrativos está sendo
reduzido e eles sofrem com a sobrecar-
ga de trabalho. Ao mesmo tempo
aumenta-se o número de terceirizados e
de professores temporários, contratos
que precarizam a condição de trabalho,
a prestação de serviço e a educação.
Mudar tudo isso depende
também de termos mais espaço para
opinar sobre os rumos da universidade.
Quando falamos de democracia na
UFSC, logo pensamos no direito do voto
para escolha dos nossos representantes
(desde reitor à representantes nos
8
universidade
conselhos). Porém nossa Universidade
se mostra uma das instituições mais
antidemocráticas e conservadoras. O
voto e as representações nos conselhos
deliberativos são totalmente desiguais.
Os estudantes têm a menor participa-
ção nas escolhas, tanto no voto (que
vale apenas 10%, enquanto o dos
servidores vale 20% e o dos professores
70%) quanto nos conselhos, apesar de
sermos a grande maioria na
Universidade. O que o movimento
estudantil (ME) acredita é numa maior
democratização e paridade: lutamos
por voto Universal (assim como no CFH
já acontece), em que o valor do voto é
igual para todos, além de uma participa-
ção igual de estudantes, técnicos e
professores nos conselhos deliberati-
vos.
Porém, a democracia na UFSC
não se resume a estes aspectos coloca-
dos anteriormente, a democratização
da produção do conhecimento científi-
co e tecnológico é de fundamental
importância. Para que a Universidade
fosse realmente transformada, seria
preciso romper com as amarras de
diversas empresas que vem parasitando
os investimentos públicos, apropriando-
se do conhecimento cientifico e
tecnológico. Acreditamos que a luta
pela democratização na Universidade
deve se dar com muita organização e
que o ME tem um papel primordial nessa
disputa (pressão radical de baixo para
cima), transformando a relação entre a
sociedade e a Universidade, em prol da
emancipação humana.
 9 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!

o que é esse tal movimento estudantil?

O Movimento Estudantil Dentro da UFSC @s estudantes não tem

(ME) é o nosso espaço dentro da
universidade, a representação
política dos estudantes, é no ME
que discutimos e tiramos soluções
coletivas para nossos problemas e
necessidades. A razão de ser do ME
é mobilizar @s estudantes. Ele se
organiza de forma diferente de
região para região. A tradição de
luta do movimento traz os traços
comuns de independência política
frente a governos, reitorias e
direções de escola, democracia,
ação direta e autonomia frente
instituições religiosas, empresas e
organizações políticas.
muita voz. Nos conselhos que dirigem a universi-
dade @s estudantes tem um representatividade
reduzida. Nos conselhos de departamento
temos 1/5 e no CUn, Conselho Universitário,
maior instância deliberativa da universidade
nossa representação não chega a 10%. E essa não
é uma realidade só da UFSC. Por isso o movimen-
to estudantil historicamente se organizou de
forma independente, construiu seus próprios
fóruns (espaços de discussão e ação) e, através
de muita luta, conquistou o direito de ser a
representação dos estudantes frente a universi-
dade e sociedade. Logo você conhecerá esses
fóruns, cada qual com a sua sigla. Para ajudar a
entender melhor o movimento estudantil vamos
apresentar os principais fóruns e suas siglas:
 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara! 10
movimento estudantil

-
Centro Academico ou CA
é a entidade representante d@s estudantes de um curso. Onde nos organizamos para
reivindicar nossos direitos. Os CAs também promovem festas, jogos, trilhas, filmes,
debates para integrar os estudantes. O CA deve organizar assembléias, passar nas salas
de aula debatendo os problemas mais sentidos pelos estudantes para mobilizá-los.
Lembre-se, só existe representatividade se você também participa, procure o seu CA.

Diretorio Central Dos estudantes ou DCE

-

é a entidade geral dos estudantes da UFSC, cumpre o mesmo papel que os CAs, mas para
toda a Universidade. Devido ao tamanho de sua base de representação dispõe de mais
recursos e autoridade política que os CAs. O nosso DCE está na mão de um grupo de
estudantes festivo a 2 anos. De lá para cá as gestões do DCE nunca massificaram uma
campanha de luta. As únicas campanhas grandes que fazem são as eleitorais, que
garantem sua permanência na diretoria da entidade. Em sumo @s estudantes da UFSC
não se mobilizam desde a luta contra o REUNI em 2008.

-
Executivas e federacoes
, de curso
muitos cursos têm fóruns do ME próprios, nacionais e regionais. As executivas são
entidades de representação dos estudantes de um determinado curso em âmbito
nacional ou regional para debater os problemas comuns ao seu curso.

-
Forum nacional de executivas e Federacoes,
, Fenex
como o próprio nome diz é um Fórum Nacional de Federações e Executivas de curso. Visa
pautar mais discussões pertinentes do Movimento Estudantil de Área, ou seja, campa-
nhas específicas dos cursos. Mas vem fazendo oposição a UNE desde 2004 quando o
caráter desta entidade ficou mais claro para o ME.

-
Uniao Nacional dos Estudantes, UNE
é a entidade que deveria organizar e mobilizar @s estudantes universitários nacional-
mente. A UNE vem distante de sua base, @s estudantes, a bastante tempo. Desde 2002,
com a eleição de Lula (PT), esse distanciamento se intensificou muito, pois a entidade
passou a defender todos os projetos do governo, incondicionalmente. A partir de 2004
as principais lutas do ME começaram a passar por fora da UNE. A entidade além de não
articular as lutas começou a se enfrentar com o movimento para defender o governo. É
consenso entre o movimento de luta que a UNE não nos representa, mas a saída para
essa situação não é consensual.
 11 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!
Uma pauta muito debatida dentro
do movimento estudantil (principalmente o
florianopolitano) é a mobilidade urbana e o
transporte público. O descaso das autorida-
des sobre esse assunto não é de hoje. Através
de concessões, é dado a empresas privadas o
direito de explorar o transporte publico de
Florianópolis. O transporte é algo essencial
na vida de qualquer pessoa assim como
educação, saúde, saneamento básico e
segurança.
Todo inicio de ano inúmeras cidades
brasileiras presenciam o aumento do preço
do transporte coletivo. Nesse ano não está
sendo diferente, várias cidades já estão
vivendo com a nova tarifa e diversas outras
estudam quanto deve ser este aumento.
Estas medidas adotadas pelas prefeituras e
governos têm um claro propósito: aumentar
o lucro das empresas de transporte e avançar
na retirada de direitos da população através
da privatização dos serviços públicos.
a Tarifa e o busão
Com o aumento da tarifa em
várias cidades de diferentes estados,
podemos acompanhar na mídia
independente as manifestações nas
cidades como São Paulo, Curitiba,
Vitória, Sergipe. Já em Belém, devido
às ações e mobilizações vimos a
população ter uma grande vitória de
conseguir barrar o aumento da
passagem.
Defendemos que o transpor-
te seja assumido pelo poder publico e
que não dependa do pagamento
imediato. O seu direito de ir e vir não
pode ser considerado uma mercado-
ria e nem depender do quanto lucram
meia dúzia de empresários. Além do
beneficio social existe também o
beneficio ambiental, pois a poluição
diminuiria devido à diminuição da
circulação de carros.
 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!
-
opressoes, o que é isso?
A Universidade, como parte importan-
te da nossa comunidade, tem o papel crucial de
construção de um conhecimento crítico sobre a
sociedade e sobre as relações existentes nela,
para tanto, deve estar aberta a diversidade e
peculiaridades destas relações. Fato que nunca
ocorreu. O preconceito, discriminação e
opressão estão presentes no cotidiano da
universidade, podemos observar pelo grande
abismo que existe entre pessoas de diferentes
cores de pele, de diferentes partes do mundo,
de diferentes orientações sexuais, identidades
de gênero, etc. Esse abismo tem nome: racismo,
xenofobia, homofobia, machismo, dentre
outras formas de opressão. Sem esquecer de
mencionar os trotes de alguns cursos feitos
para humilhar e ridicularizar o novo universitá-
rio, com práticas opressoras de todas os jeitos
que geram uma corrente de falta de respeito
entre os alunos. O que levantamos aqui é a luta
pela construção de uma sociedade onde a
identidade pessoal não seja critério para divisão
e, por consequência, exclusão. Na verdade,
uma sociedade verdadeiramente sem opres-
sões é aquela onde todas e todos tenham plena
igualdade de possibilidades, direitos e condi-
ções sem que sua constituição de sujeito
determine as relações sociais ou oportunida-
des.
12
Na UFSC temos o Gozze!,
coletivo LGBT (Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Travestis, Transexuais e
Transgêneros) que é um espaço que
visa a articulação social e cultural
além da promoção de discussões
acadêmicas, sociais e políticas
relacionadas à presença da comuni-
dade LGBT na universidade, além de
outros espaços do movimento
estudantil que discutem com uma
visão critica as questões de gênero,
raça e orientação sexual.
Somos todos iguais na
diversidade e na pluralidade! Não
aceite participar de trotes machis-
tas, homofóbicos ou xenofóbicos de
qualquer natureza, isso só gera mais
preconceito e ninguém tem o direito
de humilhar você e/ou seus colegas!
Se você achou legal,
interessante ou até mesmo desafia-
dor nossos objetivos, convidamos
você a participar desse processo e
fazer parte dessa construção
contínua dentro da Universidade. E-
mail para contato: diversidade-
ufsc@gmail.com
 13 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!
Defendemos as Cotas e Queremos a Universalização do Ensino Superior
As cotas são um importante
reflexo da história de lutas dos
movimentos sociais e do movimento
negro em especial. Hoje representam
uma forma concreta de inclusão dos
jovens nas universidades públicas. O
projeto de cotas é importante para
atenuar as desigualdades sociais nas
universidades, pois as instituições de
ensino superior não são imunes à
desigualdade existente na nossa
sociedade. Entretanto, as diferenças
de raças e classes ainda são enormes
nas instituições . Por exemplo, na
UFSC, apenas 10% das vagas são
destinadas aos negros e 20% para
estudantes de escola pública. Assim,
70% das vagas em cada curso são
disputadas por concorrência geral,
onde só consegue passar quem teve
ensino de qualidade ou condições
financeiras para fazer um cursinho pré-
vestibular. Imagine se não existissem
as cotas, as chances de um estudante
pobre ter acesso ao ensino superior
seriam remotas.
cotas
Apesar das cotas significarem
uma conquista, elas não estão no centro
do debate defendido por nós estudantes e
está longe da solução para a verdadeira
universalização do ensino. Por isso, é
imprescindível defender, para além das
cotas, o fim do vestibular e que se dobre de
imediato as verbas destinadas à educação
pública.
Antes de tudo se faz necessário
resolver problemas elementares como:
analfabetismo, a universalização do
acesso à escola básica, as precárias
condições de ensino e salário dos profissio-
nais, a carência de condições para forma-
ção permanente dos professores, e a
disponibilidade dos recursos destinados á
educação, problemas que enfrentamos
historicamente em relação à educação.
Para que isso ocorra efetivamen-
te, são necessárias medidas eficazes que
atinjam os problemas elementares,
irradiando-se para os demais. Isso tem que
ocorrer desde o ensino fundamental que é
a base para a aquisição e aperfeiçoamento
de conhecimento.
 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!
Como já vimos neste manual
a@s calour@s, muitas são as criticas
a respeito de como a Universidade
Pública, e em particular, a
Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), tem se posicionado
frente a temas como movimento
estudantil, reforma da universidade ,
cotas, etc. São medidas que lamenta-
velmente vem favorecendo a
poucos, aos interesses pessoais de
quem detêm o poder e esquecem do
mais importante, dos próprios
estudantes e da comunidade no
geral, os quais ajudam a construir
esta Universidade, atores principais
deste grande cenário político,
econômico e social.
Sabemos que somos
capazes de organizar-nos, de
ordenar as nossas idéias e lutar para
que elas sejam escutadas, respeita-
das e efetivadas. Por exemplo, o
aumento da tarifa do ônibus, é um
tema que nos preocupa porque o
transporte é uma condição sem a
qual o estudante fica impossibilitado
de estudar.
14
o que fazer?
Na verdade não existe uma formula
ou um caminho certo sobre o que fazer, mas
é necessário que nos organizemos, que
tenhamos um dialogo aberto para trocar
idéias, pensamentos e ações conjuntas que
nos levem ao que realmente acreditamos
que seja o melhor para a Universidade
Pública no Brasil. É muito importante
conhecer nossos sistemas político, econômi-
co e social, saber o que acontece na
Universidade, na cidade e também no
mundo, para poder contribuir nas transfor-
mações sociais. Hoje o mundo está cada vez
mais interligado, a comunicação é cada vez
mais dinâmica e somos bombardeados
constantemente por uma enxurrada de
informações. Nem tudo o que escutamos,
lemos ou vemos é necessariamente "verda-
deiro", temos que ter a capacidade de
analisar as situações, de criticar e de tentar
nos posicionar a respeito. Formar nossas
opiniões e adquirir o conhecimento qualifica-
do que permita refletir, criticar e reconstruir é
algo que todos os estudantes devem
procurar desenvolver, para que se forjem
enquanto sujeitos ativos em nossa socieda-
de, em detrimento de uma posição de
passividade perante a realidade.
15 manual do calouro 2011.1 | UFSC, mostra a tua cara!

mapa da ufsc
UFSC
mostra a
tua cara!
 UFSC
mostra a
tua cara!
Para saber mais acesse o site da recepção integrada
http://recepcaointegrada2011.blogspot.com/
CALA – Centro Acadêmico Livre de Arquitetura
CALIGEO – Centro Acadêmico Livre de Geografia
CALH – Centro Acadêmico Livre de História
CALPE – Centro Acadêmico Livre de Pedagogia
CALISS – Centro Acadêmico Livre de Serviço Social
CAFIL - Centro Acadêmico de Filosofia