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Direito Penal – DEPEN (AGENTE PENITENCIÁRIO)

PÓS-EDITAL (2013)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula 03

AULA 03: CRIME: ELEMENTOS (PARTE II):


CULPABILIDADE (IMPUTABILIDADE); ERRO;
PUNIBILIDADE E SUA EXTINÇÃO. AÇÃO PENAL.

SUMÁRIO PÁGINA
Apresentação da aula e sumário 01
I – Culpabilidade 02
II – Punibilidade e sua extinção 23
III – Ação Penal 33
Lista das Questões 55
Questões Comentadas 64
Gabarito 85

Olá, meus caros amigos concurseiros! Devorando os papiros?

Na última aula nós iniciamos o estudo do Crime, seu conceito e


elementos, estudando os dois primeiros deles: O fato típico e a
ilicitude.

Hoje, a matéria é hard. Vamos finalizar o estudo dos elementos do


Crime (Parte II - Culpabilidade), bem como a Imputabilidade
(para a maioria, integrante da Culpabilidade) e a Punibilidade.
Veremos, ao fim, a Ação penal.

Vamos ao trabalho, meu povo!

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I – CULPABILIDADE

A culpabilidade nada mais é que o juízo de reprovabilidade acerca


da conduta do agente, considerando-se suas circunstâncias
pessoais.

Diferentemente do que ocorre nos dois primeiros elementos (fato


típico e ilicitude), onde se analisa o fato, na culpabilidade o objeto de
estudo não é o fato, mas o agente. Daí alguns doutrinadores
entenderem que a culpabilidade não integra o crime (por não estar
relacionada ao fato criminoso, mas ao agente). Entretanto, vamos
trabalhá-la como elemento do crime.

Quatro teorias existem acerca da culpabilidade:

A) Teoria psicológica – Para essa teoria a culpabilidade era


analisada sob o prisma da imputabilidade e da vontade (dolo e
culpa). Esta teoria entende que o agente seria culpável se era
imputável no momento do crime e se havia agido com dolo ou
culpa. Vejam que essa teoria só pode ser utilizada por quem adota
a teoria naturalística da conduta (pois o dolo e culpa estão na
culpabilidade). Para os que adotam a teoria finalista (nosso Código
penal), essa teoria acerca da culpabilidade é impossível, pois a
teoria finalista aloca o dolo e a culpa na conduta, e, portanto, no
fato típico;

B) Teoria normativa ou psicológico-normativa – Possui os


mesmos elementos da primeira, mas agrega a eles a
inexigibilidade de conduta diversa, que é a “possibilidade de agir
conforme o Direito”. Para essa teoria, mais evoluída, ainda que o
agente fosse imputável e tivesse agido com dolo ou culpa, só seria
culpável se no caso concreto lhe pudesse ser exigido um outro
comportamento que não o comportamento criminoso;

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C) Teoria normativa pura – Essa já muda de ares. Já não mais
considera o dolo e culpa como elementos da culpabilidade, mas do
fato típico (seguindo a teoria finalista da conduta). Para esta
teoria, os elementos da culpabilidade são: a) imputabilidade; b)
potencial consciência da ilicitude; c) inexigibilidade de conduta
diversa. A potencial consciência da ilicitude seria a análise
concreta acerca das possibilidades que o agente tinha de conhecer
o caráter ilícito de sua conduta. Vamos estudar cada um desses
elementos mais à frente;

D) Teoria limitada – É A ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL. Possui


os mesmos elementos da teoria normativa pura, mas difere dela
ao tratar as descriminantes putativas.

Assim, vamos estudar cada um dos elementos da culpabilidade e, ao


final, o tratamento conferido por esta teoria às descriminantes putativas.

1) IMPUTABILIDADE PENAL

O Código Penal não define o que seria imputabilidade penal, apenas


descreve as hipóteses em que ela não está presente.

A imputabilidade penal pode ser conceituada como a capacidade


mental de entender o caráter ilícito da conduta e de comportar-se
conforme o Direito.

Existem três sistemas acerca da imputabilidade:

 Biológico – Basta a existência de uma doença mental ou


determinada idade para que o agente seja inimputável. É
adotado no Brasil com relação aos menores de 18 anos. Trata-
se de critério meramente biológico: Se agente tem menos de
18 anos, é inimputável;

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 Psicológico – Só se pode aferir a imputabilidade (ou não), na
análise do caso concreto;

 Biopsicológico – Deve haver uma doença mental (critério


biológico, legal, objetivo), mas o Juiz deve analisar no caso
concreto se o agente era ou não capaz de entender o caráter
ilícito da conduta e de se comportar conforme o Direito (critério
psicológico). Essa foi a teoria adotada como REGRA pelo nosso
Código Penal.

Cuidado! A imputabilidade penal deve ser aferida quando do fato.


Assim, se A (menor com 17 anos e 11 meses de idade) sequestra B e o
sequestro só termina quando A já era maior de 18 anos, este responde
pelo crime, pois nos crimes permanentes, entende-se que o tempo do
crime é o momento em que cessa a atividade criminosa.

Entretanto, imaginemos que Alfredo (com 17 anos) efetua disparos


de arma de fogo contra Poliana, que entra em coma e vem a falecer seis
meses depois, quando Alfredo já era maior de 18 anos. Nesse caso,
Alfredo não responde pelo crime de homicídio, mas por ato infracional,
nos termos do ECA, pois o crime se considera praticado quando da
conduta, ainda que outro seja o momento do resultado.

As causas de inimputabilidade estão previstas nos arts. 26, 27 e 28


do CP:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental


ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

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Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,


se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse
entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente


inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Emoção e paixão

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou


substância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,


proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de

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acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o


agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Percebam que os critérios biológicos (circunstâncias que


presumidamente retiram a capacidade de discernimento) estão
grifados em preto, e os critérios psicológicos (análise efetiva da
ausência de discernimento quanto à ilicitude do fato e
possibilidade de agir conforme o Direito) estão grifados em
vermelho.

Para facilitar, ainda, o estudo de vocês, grifei em azul as hipóteses


de semi-imputabilidade.

Vamos explicar as hipóteses de inimputabilidade:

A) Menor de 18 anos

Esse é um critério meramente biológico e taxativo: Se o agente é


menor de 18 anos, responde perante o ECA não se aplicando a ele o CP<
nos termos do art. 27 do CP.

B) Doença mental e Desenvolvimento mental incompleto ou


retardado

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No caso dos doentes mentais, deve-se analisar se o agente era
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da conduta ou se era
parcialmente incapaz disso. No primeiro caso, será inimputável, ou seja,
isento de pena. No segundo caso, será semi-imputável, e será aplicada
pena, porém, reduzida de um a dois terços.

Além dos doentes mentais, nesse grupo encontram-se ainda os


silvícolas (índios), que são imputáveis (caso integrados à sociedade),
semi-imputáveis (caso parcialmente integrados à sociedade), ou
inimputáveis (caso não tenham se integrado de maneira nenhuma à
sociedade, ou muito pouco).

Nos dois casos acima, se o agente for inimputável, exclui-se a


culpabilidade e ele é isento de pena. Se for semi-imputável, será
considerado culpável (não se exclui a culpabilidade), mas sua pena será
reduzida de um a dois terços.

No caso de o agente ser inimputável, por ser menor de 18 anos, não


há processo penal, respondendo perante o ECA. No caso de ser
inimputável em razão de doença mental ou desenvolvimento incompleto,
será isento de pena (absolvido), mas o Juiz aplicará uma medida de
segurança (internação ou tratamento ambulatorial). Isso é o que se
chama de sentença absolutória imprópria.

No caso de o agente ser semi-imputável, ele não será isento de


pena! Será condenado a uma pena, que será reduzida. Entretanto, a lei
permite que o Juiz, diante do caso, substitua a pena privativa de
liberdade por uma medida de segurança (internação ou tratamento
ambulatorial).

CUIDADO! O semi-imputável não pode cumprir a pena e depois a


medida de segurança (antigo sistema do “duplo binário”). Atualmente, a
medida de segurança só poder substitutiva da pena privativa de liberdade
(sistema vicariante).

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C) Embriaguez

Segundo o CP, a embriaguez não é uma hipótese de


inimputabilidade, salvo se decorrente de caso fortuito ou força maior.
Assim, imaginem que Poliana é embriagada por Carlos (que coloca álcool
em seus drinks). Sem saber, Poliana ingere as bebidas alcoólicas e
comete crime. Nesse caso, Poliana poderá ser inimputável ou semi-
imputável, a depender de seu nível de discernimento quando da prática
da conduta.

Assim:

Embriaguez:

Voluntária
Não excluem a
imputabilidade
Culposa

COMPLETA – agente
é inimputável
Acidental (caso fortuito ou força maior)
PARCIAL – agente é
semi-imputável

Em qualquer dos dois casos de embriaguez acidental, não será


possível aplicação de medida de segurança, pois essa visa ao tratamento
do agente considerado doente, e que oferece risco à sociedade. No caso
da embriaguez acidental, o agente é são, tendo ingerido álcool por caso
fortuito ou força maior.

2) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE

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A potencial consciência da ilicitude é a possibilidade de o agente, de
acordo com suas características, conhecer o caráter ilícito do fato. Não se
trata do parâmetro do homem médio, mas de uma análise da pessoa do
agente. Assim, aquele que é formado em Direito, em tese, tem
maior potencial consciência da ilicitude que aquele que nunca saiu
de uma aldeia de pescadores e tem pouca instrução. É claro que
isso varia de pessoa para pessoa e, principalmente, de crime para crime,
pois alguns são do conhecimento geral (homicídio, roubo), e outros nem
todos conhecem (bigamia, por exemplo).

Quando o agente age acreditando que sua conduta não é ilícita,


comete erro de proibição (art. 21 do CP).

O erro de proibição pode ser:

 Escusável – Nesse caso, era impossível àquele agente,


naquele caso concreto, saber que sua conduta era contrária ao
Direito. Nesse caso, exclui-se a culpabilidade e o agente é
isento de pena;

 Inescusável – Nesse caso, o erro do agente quanto à


proibição da conduta não é tão perdoável, pois era possível,
mediante algum esforço, entender que se tratava de conduta
ilícita. Assim, permanece a culpabilidade, respondendo pelo
crime, com pena diminuída de um sexto a um terço (conforme
o grau de possibilidade de conhecimento da ilicitude).

3) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

Não basta que o agente seja imputável, que tenha potencial


conhecimento da ilicitude do fato, é necessário, ainda, que o agente
pudesse agir de outro modo.

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Desta maneira, imagine a situação de uma mãe que vê seu filho
clamar por comida e, diante disso, rouba um cesto de pães. Nesse caso, a
mãe era maior de idade, sabia que a conduta era ilícita, mas não se podia
exigir que, naquelas circunstâncias, agisse de outro modo. Dessa forma,
nesse caso, sua culpabilidade estaria excluída (isso sem comentar o
princípio da bagatela, que excluiria a própria tipicidade, por ausência de
lesão tutelável);

Esse elemento da culpabilidade fundamenta duas causas de exclusão


da culpabilidade:

 Coação moral irresistível – É o ato no qual uma pessoa


coage outra a praticar determinado crime, sob a ameaça de lhe
fazer algum mal grave. Ex.: Alberto coloca uma arma na
cabeça de Poliana e diz que se ela não atirar em Romeu,
matará seu filho, que está seqüestrado por seus comparsas.
Nesse caso, não se pode exigir de Poliana que deixe de atirar
em Romeu, pois está sob ameaça de um mal gravíssimo
(morte do filho). Cuidado! O STF entende que se a coação é
resistível (o mal não é tão grave assim), o coagido responde
juntamente com o coator. Ex.: No mesmo caso anterior,
imagine que ao invés de ameaçar matar o filho de Poliana,
Alberto ameaçasse dar um tapa em Poliana caso ela não
atirasse. Ora, nesse caso, o mal não é tão grave, e Poliana
deveria tê-lo suportado ao invés de atirar. Se atirar e matar
Romeu, responderá juntamente com Alberto por homicídio.
Esse é o entendimento do STF!

 Obediência hierárquica – É o ato cometido por alguém em


cumprimento a uma ordem ilegal proferida por um superior
hierárquico. Cuidado! A ordem não pode ser
MANIFESTAMENTE ILEGAL. Se aquele que cumpre a ordem
sabe que está cometendo uma ordem ilegal, responde pelo
crime juntamente com aquele que deu a ordem. Se a ordem

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não é manifestamente ilegal aquele que apenas a cumpriu
estará acobertado pela excludente de culpabilidade da
inexigibilidade de conduta diversa. Ex.: Um Delegado
experiente determina a dois policiais novatos que entre na casa
de Marcelo e realizem sua prisão. Entretanto, o Delegado não
possuía um mandado judicial para isso. Nesse caso, os policias
não tinha como contrariar a ordem do Delegado, nem saber
que ela era ilegal.

Cuidado! Nesse caso, só se aplica aos funcionários públicos,


não aos particulares!

4) ERRO

A) ERRO DE TIPO

Sabemos que o crime, em seu conceito analítico, é formado


basicamente por três elementos: Fato típico (para alguns, tipicidade),
ilicitude e culpabilidade.

Quando o agente comete um fato que se amolda perfeitamente à


conduta descrita no tipo penal (direta ou indiretamente), temos um fato
típico e, como disse, estará presente, portanto, a tipicidade.

Pode ocorrer, entretanto, que o agente pratique um fato típico por


equívoco! Isso mesmo! O agente pratica um fato considerado típico, mas
o faz por ter incidido em erro sobre algum de seus elementos.

O erro de tipo é a representação errônea da realidade, na qual


o agente acredita não se verificar a presença de um dos elementos
essenciais que compõem o tipo penal.

Por exemplo: Imaginemos o crime de desacato:

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Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função


ou em razão dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Imaginemos que o agente desconhecesse a condição de funcionário


público da vítima. Nesse caso, houve erro de tipo, pois o agente incidiu
em erro sobre elemento essencial do tipo penal.

O erro de tipo pode ocorrer, também, nos crimes omissivos


impróprios (comissivos por omissão), pois o agente pode
desconhecer sua condição de garantidor (aquele que tem o dever de
impedir o resultado). Por exemplo: Imagine que uma mãe presencie o
estupro da própria filha, mas nada faça, por não verificar tratar-se de sua
filha. Nesse caso, a mãe incidiu em erro de tipo, pois errou na
representação da realidade fática acerca de elemento que constituía o tipo
penal.

PRESTEM ATENÇÃO, GALERA! Quando o erro


incidir sobre elemento normativo do tipo, há
divergência na Doutrina! Parte entende que
continua se tratando de erro de tipo. Outra
parte da Doutrina entende que não se trata de
erro de tipo, mas de erro de proibição, pois o
agente estaria errando acerca da licitude do
fato. Exemplo: O art. 154 do CP diz o seguinte:
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa,
segredo, de que tem ciência em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, e cuja
revelação possa produzir dano a outrem: Pena -

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detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Nesse caso, o elemento “sem justa causa” é
elemento normativo do tipo. Se o médico revela
um segredo do paciente para um parente,
acreditando que este poderá ajudá-lo, e faz isso
apenas para o bem do paciente, acreditando
haver justa causa, quando na verdade o
parente é um tremendo fofoqueiro que só quer
difamar o paciente, o médico incorreu em erro
de tipo, pois acreditava estar agindo com justa
causa, que não havia. Porém, como disse a
vocês, parte da doutrina entende que aqui se
trata de erro de proibição. Mas a teoria que
prevalece é a de que se trata mesmo de erro de
tipo.

O erro de tipo pode ser:

 Escusável – Quando o agente não poderia conhecer, de fato,


a presença do elemento do tipo. Exemplo: “A” entra numa
loja e ao sair, verifica que esqueceu sua bolsa. Ao voltar, A
encontra uma bolsa idêntica à sua, e a leva embora.
Entretanto, “A” não sabia que essa bolsa era de “B”, que
estava olhando revistas distraído, tendo sua bolsa sido levada
por outra pessoa no momento em que saiu da loja pela
primeira vez. Nesse caso, “A” não tinha como imaginar que
alguém, em tão pouco tempo, haveria roubado sua bolsa e
que outra pessoa deixaria no mesmo lugar uma bolsa
idêntica. Nesse caso, a incorreu em erro de tipo escusável,
pois não poderia, com um exercício mental razoável, saber
que aquela não era sua bolsa;

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 Inescusável – Ocorre quando o agente incorre em erro sobre
elemento essencial do tipo, mas poderia, mediante um esforço
mental razoável, não ter agido desta forma. Exemplo:
Imaginemos que Marcelo esteja numa repartição pública e
acabe por desacatar funcionário público que lá estava.
Marcelo não sabia que se tratava de funcionário público, mas
mediante esforço mental mínimo poderia ter chegado a esta
conclusão, analisando a postura da pessoa com quem falava e
o que a pessoa fazia no local. Assim, Marcelo incorreu em erro
de tipo inescusável, e responderia por crime culposo, caso
houvesse previsão de desacato culposo (não há);

Assim, lembrem-se:

Agente comete o fato


típico por incidir em
erro sobre um dos
ERRO DE
elementos que
compõem o tipo penal
TIPO

Pode ser que a banca utilize o termo “Er ro so br e element


o
co nst itut ivo do t ipo penal” . Eu prefiro essa nomenclatura, mas
ela não é muito utilizada, principalmente em concursos que não são
de nível muito elevado (É mais utilizada em concursos para Juiz,
Defensor, Promotor).

A.1) ERRO DE TIPO ACIDENTAL

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O erro de tipo acidental é aquele que recai sobre circunstâncias
diversas dos elementos que constituem a infração penal. Recaem sobre
circunstâncias irrelevantes da figura típica, que permanece íntegra. O erro
de tipo acidental pode ser:

 ERRO SOBRE A PESSOA (ERROR IN PERSONA) – Aqui o


agente pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa visada,
por confundi-la com a pessoa que deveria ser o alvo do delito.
Neste caso, o erro é irrelevante, pois o agente responde como
se tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA.
Essa previsão está no art. 20, §3° do CP;

 ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL (ABERRATIO CAUSAE) –


Aqui temos o que se chama de DOLO GERAL OU
SUCESSIVO. É o engano no que se refere ao meio de
execução do delito. Ocorre quando o agente, acreditando já ter
ocorrido o resultado pretendido, pratica outra conduta, mas ao
final verifica que esta última foi a que provocou o resultado.
Ex.: O agente atira contra a vítima, visando sua morte.
Acreditando que a vítima morreu, a atira num rio, visando
esconder o corpo. Mais tarde, descobre-se que esta última
conduta foi a que causou a morte da vítima, por afogamento,
pois ainda estava viva. A Doutrina majoritária entende que o
agente responde pelo crime originalmente previsto (homicídio
doloso consumado, e não homicídio tentado c/c homicídio
culposo), embora, na verdade, tivéssemos um homicídio
tentado (a primeira conduta) e um homicídio culposo
consumado (a segunda conduta);

 ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS) – Aqui o


agente atinge pessoa diversa daquela que fora visada, mas não
por confundi-la, mas por ERRAR NA HORA DE PRATICAR O
DELITO. Imagine que o agente, tentando acertar “A”, erro o
tiro e acaba acertando “B”. No erro sobre a pessoa o agente

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não “erra o alvo”, ele “acerta o alvo”, mas o alvo foi
confundido. SÃO COISAS DIFERENTES! Nesse caso, assim
como no erro sobre a pessoa, o agente responde pelo crime
originalmente pretendido. Esta é a previsão do art. 73 do CP. O
erro na execução pode ser: a) Com unidade simples – O
agente atinge somente a pessoa diversa daquela visada; b)
Com unidade complexa – O agente atinge a vítima não
visada, mas atinge também a vítima originalmente pretendida.
Nesse caso, responde pelos dois crimes, em CONCURSO
FORMAL;

 ERRO NO CRIME (ABERRATIO DELICTI) – Aqui o


agente pretendia cometer um crime, mas acaba cometendo
outro. Imagine que alguém atire uma pedra num veículo
parado, com o dolo de danificá-lo (art. 163 do CP). Entretanto,
o agente erra o alvo e atinge o dono, que estava perto
(cometendo lesões corporais, art. 129 do CP). Nesse caso, o
agente acaba por cometer CRIME DIVERSO DO PRETENDIDO.
Responderá apenas pelo crime praticado efetivamente (lesão
corporal culposa). Aplica-se a mesma regra do erro na
execução: Se o agente atingir ambos os bens jurídicos (o
pretendido e o não pretendido) responderá por AMBOS OS
CRIMES, em CONCURSO FORMAL (art. 70 do CP).

B) ERRO DE PROIBIÇÃO

A culpabilidade (terceiro elemento do conceito analítico de crime) é


formada por alguns elementos, dentre eles, a POTENCIAL
CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE.

A POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE é a possibilidade de


o agente, de acordo com suas características, conhecer o caráter ilícito do

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fato. Não se trata do parâmetro do homem médio, MAS DE UMA
ANÁLISE DA PESSOA DO AGENTE. Assim, aquele que é formado em
Direito, em tese, tem maior potencial consciência da ilicitude que aquele
que nunca saiu de uma aldeia de pescadores e tem pouca instrução. É
claro que isso varia de pessoa para pessoa e, principalmente, de crime
para crime, pois alguns são do conhecimento geral (homicídio, roubo), e
outros nem todos conhecem (bigamia, por exemplo).

Quando o agente age acreditando que sua conduta não é ilícita,


comete ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21 do CP).

O erro de proibição pode ser:

 Escusável – Nesse caso, era impossível àquele agente,


naquele caso concreto, saber que sua conduta era contrária ao
Direito. Nesse caso, exclui-se a culpabilidade e o agente é
isento de pena;

 Inescusável – Nesse caso, o erro do agente quanto à


proibição da conduta não é tão perdoável, pois era possível,
mediante algum esforço, entender que se tratava de conduta
ilícita. Assim, permanece a culpabilidade, respondendo pelo
crime, com pena diminuída de um sexto a um terço (conforme
o grau de possibilidade de conhecimento da ilicitude).

Assim, imaginem a seguinte hipótese: Um cidadão, lá do interior,


encontra um bem (relógio de ouro, por exemplo) e fica com ele para si.
Entretanto, mal sabe ele que essa conduta é crime, previsto no CP
(apropriação de coisa achada). Vejamos:

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu


poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

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Parágrafo único - Na mesma pena incorre:

(...)

Apropriação de coisa achada

II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou


parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no
prazo de 15 (quinze) dias.

Percebam que até mesmo uma pessoa de razoável intelecto é capaz


de não conhecer a ilicitude desta conduta. Assim, o agente,
diferentemente do que ocorre no erro de tipo, REPRESENTA
PERFEITAMENTE A REALIDADE (Sabe que a coisa não é sua, é uma
coisa que foi perdida por alguém), mas ACREDITA QUE A CONDUTA É
LÍCITA.

Imaginem, no mesmo exemplo, que o camarada que achou o relógio,


na verdade, soubesse que não podia ficar com as coisas dos outros, mas
acreditasse que o relógio era um relógio que ele tinha perdido horas antes
(quando, na verdade, era o relógio de outra pessoa). Nesse caso, o
agente sabia que não podia praticar a conduta de “se apropriar de coisa
alheia perdida” (Não há, portanto, erro de proibição), mas acreditou
que a coisa não era “alheia”, achando que fosse sua (erro de tipo). Ficou
clara a diferença?

Agente comete o fato não


por incidir em erro sobre ERRO DE
a realidade, mas POR
ACHAR QUE A CONDUTA
NÃO É PROIBIDA
PROIBIÇÃO

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C) AS TEORIAS DA CULPABILIADE E O TRATAMENTO DADO AO


ERRO DE TIPO E AO ERRO DE PROIBIÇÃO

A teoria limitada, que é a adotada pelo CP, difere da teoria normativa


pura com relação ao tratamento dado às descriminantes putativas.

As descriminantes putativas são tratadas nos arts. 20, § 1° e 21 do


CP:

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado


pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo

(...)

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a


ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Para a teoria normativa pura, as descriminantes putativas serão


sempre erro de proibição. Ou seja, sempre que um agente supor que
existe uma situação fática que legitima sua ação, e esta não existir,
estará errando com relação à licitude do fato, logo, comete erro de
proibição, o que pode afastar a culpabilidade.

Já a teoria limitada (adotada pelo CP), divide as descriminantes em


dois blocos:

 De fato – O agente supõe que existe um fato que legitima sua


ação. Por exemplo: Agente pega um relógio que está sobre a
mesa, acreditando que é seu. Na verdade, o relógio era de
outra pessoa. Nesse caso, o agente cometeu um erro de fato,
não de Direito, pois sabe que furtar é errado, apenas acreditou

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se tratar de bem a ele pertencente. Nesse caso, há erro de
tipo, logo, não se chega nem a ter fato típico, desde que se
trate de erro escusável. Se o erro for inescusável, o agente
responde pelo crime na modalidade culposa, se houver. No
exemplo, não responderia, pois não há o crime de furto
culposo;

 De Direito – São tratadas como erro de proibição. Aqui, o


agente representa fielmente a realidade (não se engana quanto
aos fatos), mas acredita que mesmo assim sua ação é legítima.
No exemplo acima, imaginem que o agente pega o relógio
sabendo que não é seu, mas acredita que furtar não é crime.
Assim, nesse caso, o erro não é de fato, mas de direito. Se o
erro for escusável (O agente não tinha condições de saber que
era ilícito), está excluída a culpabilidade. Se for erro
inescusável (o agente tinha como saber que era ilícito),
responderá pelo crime, com pena diminuída de um sexto a um
terço.

Vejam que há implicações práticas, principalmente se o erro for


inescusável, pois no erro de tipo inescusável o agente responde por crime
culposo, se houver (se não houver, o fato é atípico). Já no erro de
proibição inescusável o agente responde pelo crime doloso, só que com
pena diminuída (no caso acima, responderia por furto, com pena
diminuída).

Assim, o fato de ter-se adotado a teoria limitada tem reflexos


práticos na configuração da conduta criminosa, não apenas doutrinários.

CUIDADO!! Não confundam Descriminantes Putativas com delito


putativo.

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As descriminantes putativas são QUAISQUER SITUAÇÕES NAS
QUAIS O AGENTE INCIDA EM ERRO POR ACREDITAR QUE ESTÁ
PRESENTE UMA SITUAÇÃO QUE TORNE A SUA CONDUTA LEGÍTIMA
(SEJA UMA SITUAÇÃO FÁTICA OU UMA SITUAÇÃO JURÍDICA). As
descriminantes putativas podem ser relativas à suposta existência de uma
causa de exclusão da tipicidade, da ilicitude ou da culpabilidade.
Assim, se o agente furta uma mala de terceira pessoa, acreditando
que é sua, age com erro, pois vislumbra uma situação que, se existisse
(se a mala fosse sua, como imaginou), tornaria sua ação legítima
(Descriminante putativa por erro de tipo).
Imagine, agora, que o agente está numa casa de festas e ouça gritos
de “fogo”! Supondo haver um incêndio, corre atropelando pessoas,
agredindo quem está na frente, para poder se salvar. Na verdade, tudo
não passava de um trote. Nesse caso, o agente agrediu pessoas
(moderadamente, é claro), para se salvar, supondo haver uma situação
que, se existisse (incêndio) justificaria a sua conduta (estado de
necessidade). Dessa forma, há uma descriminante putativa por estado de
necessidade putativo (causa de exclusão da ilicitude putativa).
Por fim, imagine que o Harold Van Dame, holandês, está no Brasil e
decide “puxar um baseado”. Harold, entretanto, imagina que isso é
permitido no Brasil. No entanto, ele não sabe que no Brasil isto é crime
(art. 28 da Lei 11.343/06). Nesse caso, Harold incidiu em erro, pois
acreditou estar presente uma situação (legalidade da conduta) que, se
existisse, tornaria sua conduta legítima (Logo, há uma descriminante
putativa por erro sobre a ilicitude do fato, portanto, ERRO DE
PROIBIÇÃO). Essa descriminante putativa exclui a culpabilidade.
NO DELITO PUTATIVO acontece EXATAMENTE O OPOSTO. O
agente acredita que está cometendo o crime, quando, na verdade, está
cometendo um INDIFERENTE PENAL.
Imagine a seguinte situação: Um cidadão, sem querer, esbarra no
carro de um terceiro, causando dano. Com medo de ser preso, foge. Na
verdade, ele acredita que está cometendo crime de DANO CULPOSO,

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mas não sabe que o CRIME DE DANO CULPOSO NÃO EXISTE.
Portanto, há, aqui, DELITO PUTATIVO POR ERRO DE PROIBIÇÃO.

Ficou clara a diferença, galera?


Não confundam isso na hora da prova, hein!

II – PUNIBILIDADE E SUA EXTINÇÃO

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Quando alguém comete um fato definido como crime, surge para o
Estado o poder-dever de punir. Esse direito de punir chama-se ius
puniendi.

Em regra, todo fato típico, ilícito e praticado por agente culpável, é


punível. No entanto, o exercício do ius puniendi encontra limitações de
diversas ordens, sendo a principal delas a limitação temporal (prescrição).

Desta forma, o Estado deve exercer o ius puniendi da maneira


prevista na lei (através do manejo da Ação Penal no processo penal), bem
como deve fazê-lo no prazo legal.

Para o nosso estudo interessam mais as hipóteses de extinção da


punibilidade. Vamos analisá-las então!

O art. 107 do CP prevê que:

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei


nº 7.209, de 11.7.1984)

I - pela morte do agente;

II - pela anistia, graça ou indulto;

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato


como criminoso;

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos


crimes de ação privada;

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

O primeiro caso é bem simples. Falecendo o agente, extingue-se a


punibilidade do crime, pois, como vimos, no Direito Penal vigora o
princípio da intranscendência da pena, ou seja, a pena não pode passar

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da pessoa do criminoso. Assim, com a morte deste, cessa o direito de
punir do Estado.

A anistia, a graça e o indulto são modalidades muito parecidas de


extinção da punibilidade. Entretanto, não se confundem.

A anistia exclui o próprio crime, ou seja, o Estado determina que


as condutas praticadas pelos agentes não sejam consideradas crimes. A
anistia pode ser concedida pelo Poder Legislativo, e pode ser conferida a
qualquer momento (inclusive após a sentença penal condenatória
transitada em julgado).

Já a Graça e o indulto são bem mais semelhantes, pois não


excluem o crime em si, mas apenas extinguem a punibilidade em
relação àqueles casos específicos, e só podem ser concedidos pelo
Presidente da República.

A Graça é conferida de maneira individual, e o indulto é conferido


coletivamente (a um grupo que se encontre na mesma situação).

A anistia só pode ser causa de extinção total da punibilidade (pois,


como disse, exclui o próprio crime). Já a Graça e o indulto podem ser
parciais.

Pode ser extinta a punibilidade, também, pelo fenômeno da abolitio


criminis, nos termos do art. 107, III do CP. Como vimos, a abolitio
criminis ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar o fato
como crime.

Pode ocorrer, ainda, de o ofendido, nos crimes de ação penal


privada, renunciar ao direito de oferecer queixa, ou conceder o
perdão ao acusado. Nesses casos, também estará extinta a
punibilidade.

A renúncia ao direito de queixa ocorre quando, dentro do prazo de


seis meses de que dispõe o ofendido para oferecê-la, este renuncia a este
direito, de maneira expressa ou tácita. A renúncia tácita ocorre quando o

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ofendido pratica algum ato incompatível com a intenção de processar o
agente (quando, por exemplo, se casa com ele).

O perdão, por sua vez, é muito semelhante à renúncia, com a


ressalva que o perdão só pode ser concedido quando já ajuizada a ação
penal privada, e que o simples oferecimento do perdão, por si só, não
gera a extinção da punibilidade, devendo o agente aceitar o perdão.

Ocorrendo a renúncia ao direito de queixa, ou o perdão do


ofendido, e sendo este último aceito pelo querelado (autor do
fato), estará extinta a punibilidade.

Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infrator, por


entender que a aplicação da pena não é necessária. É o chamado “perdão
judicial”. É o que ocorre, por exemplo, no caso de homicídio culposo no
qual o infrator tenha perdido alguém querido (Lembram-se do caso
Herbert Viana?). Essa hipótese está prevista no art. 121, § 5° do CP:

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de


aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

Então, nesse caso, ocorrendo o perdão judicial, também estará


extinta a punibilidade. Além disso, o art. 120 do CP diz que se houver o
perdão judicial, esta sentença que concede o perdão judicial não é
considerada para fins de reincidência.

Nos termos do inciso VI do art. 107, a retratação do agente


também é hipótese de extinção da punibilidade, nos casos em que a
lei a admite. Acontece isto, por exemplo, nos crimes de calúnia ou
difamação, nos quais a lei admite a retratação como causa de extinção da
punibilidade, se realizada antes da sentença. Nos termos do art. 143 do
CP:

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Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de
pena.

Por fim, temos a clássica e mais comum hipótese de extinção da


punibilidade: a prescrição. A prescrição é a perda do poder de exercer um
direito em razão da inércia do seu titular. Ou seja, é o famoso “camarão
que dorme a onda leva”.

A prescrição pode ser dividida basicamente em duas espécies:


Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão
executória.

A primeira pode ocorrer quando ainda não há sentença penal


condenatória transitada em julgado, e a segunda pode ocorrer
somente depois de já haver sentença penal condenatória
transitada em julgado. Vamos estudá-las em tópicos separados.

A) Prescrição da pretensão punitiva

Aqui o Estado ainda não aplicou (em caráter definitivo) uma sanção
penal ao agente que praticou a conduta criminosa.

Mas qual é o prazo de prescrição? O prazo prescricional varia de


crime para crime, e é definido tendo por base a pena máxima
estabelecida, em abstrato, para a conduta criminosa. Nos termos do art.
109 do CP:

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença


final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-
se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao
crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de
2010).

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I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;

II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito


anos e não excede a doze;

III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro


anos e não excede a oito;

IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e


não excede a quatro;

V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou,


sendo superior, não excede a dois;

VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um)


ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

Prescrição das penas restritivas de direito

Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os


mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Assim, no crime de homicídio simples, por exemplo, para o qual a lei


estabelece pena máxima de 20 anos (art. 121 do CP), o prazo
prescricional é de 20 anos, pois a pena máxima é superior a 12 anos. O
crime de furto simples, por exemplo, (art. 155 do CP) prescreve em oito
anos, pois a pena máxima prevista é quatro anos.

Portanto, não confundam: O prazo de prescrição do crime não é

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igual à pena máxima a ele estabelecida, mas é calculado através de
uma tabela que leva em consideração a pena máxima!

Mas Renan, quando começa a correr o prazo prescricional?


Simples, meus caros. A resposta para esta pergunta está no art. 111 do
CP:

Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença


final, começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei


nº 7.209, de 11.7.1984)

II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade


criminosa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a


permanência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de


assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou
conhecido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Apenas um comentário em relação a este artigo: A regra, aqui, é que


o prazo prescricional comece a fluir no dia em que o crime se consuma.
CUIDADO! Lembrem-se que o crime se considera praticado (tempo do
crime) quando ocorre a conduta, e não a consumação. Assim:

Tempo do crime – Momento da conduta

Início do prazo prescricional – Momento da consumação

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Prestem atenção para não errarem isso, pois esta é uma pegadinha
que pode derrubar vocês no concurso.

Como nos crimes tentados não há propriamente consumação (pois


não há resultado naturalístico esperado), o prazo prescricional começa a
fluir da data em que cessa a atividade criminosa, mesmo critério
utilizado para os crimes permanentes.

Vejam que no que se refere aos crimes permanentes, o início do


prazo prescricional coincide com o tempo do crime. Lembram-se do
verbete n° 711 da súmula de jurisprudência do STF? Então, esse verbete
diz que se considera praticado o crime quando da cessação da atividade
criminosa. Assim, nesses crimes, o tempo do crime e o início do
prazo prescricional ocorrem simultaneamente!

Na hipótese de pena de multa, como calcular o prazo prescricional?


Se a multa for prevista ou aplicada isoladamente, o prazo será de dois
anos. Porém, se a multa for aplicada ou prevista cumulativamente com a
pena de prisão (privativa de liberdade), o prazo de prescrição será o
mesmo estabelecido para a pena privativa de liberdade. Isto é que se
extrai do art. 114 do CP:

Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação


dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou


aplicada; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena


privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou
cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
(Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

B) Prescrição da pretensão executória

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Como disse a vocês, a prescrição pode ocorrer antes do trânsito


em julgado (pretensão da pretensão punitiva) ou depois do
trânsito em julgado (quando teremos a prescrição da pretensão
executória). Esta última ocorre quando o Estado condena o indivíduo, de
maneira irrecorrível, mas não consegue fazer cumprir a decisão.

Nos termos do art. 110 do CP:

Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a


sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se
nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de
um terço, se o condenado é reincidente. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

Assim, na hipótese do crime de homicídio, conforme o exemplo dado


acima, antes de transitar em julgado a sentença condenatória, o prazo
prescricional é regulado pela pena máxima cominada ao crime em
abstrato, de acordo com a tabelinha do art. 109 do CP. Após o trânsito
em julgado, o parâmetro utilizado pela lei para o cálculo do prazo
prescricional deixa de ser a pena máxima prevista e passa a ser a pena
efetivamente aplicada.

Assim, se no crime de homicídio simples, que tem pena prevista de


06 a 20 anos, se o agente for condenado a apenas 06 (seis) anos de
reclusão, o prazo prescricional passa a ser de apenas 12 (doze) anos, nos
termos do art. 109, III do CP.

O art. 112 do CP estabelece o marco inicial (termo a quo) do prazo


prescricional da pretensão executória:

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Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição
começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória,


para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da
pena ou o livramento condicional; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o


tempo da interrupção deva computar-se na pena. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

C) Disposições gerais sobre a prescrição

O CP prevê, ainda, hipóteses nas quais a prescrição não corre, tanto


no que se refere à prescrição da pretensão punitiva quanto à prescrição
da pretensão executória, embora as circunstâncias sejam diferentes para
cada uma delas. Nos termos do art. 116 e seu § único, do CP:

Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição


começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória,


para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da
pena ou o livramento condicional; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

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II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o
tempo da interrupção deva computar-se na pena. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença


condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o
condenado está preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

Assim, nestes casos, o prazo prescricional não se inicia. Pode


ocorrer, ainda, de o prazo prescricional se iniciar, mas ser interrompido,
em razão da ocorrência de alguns fatos. É o que prevê o art. 117 do CP:

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)

III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios


recorríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007).

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;


(Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de


1º.4.1996)

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§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a
interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos
os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do
mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a
qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V


deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do
dia da interrupção. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

A interrupção é uma causa de paralisação do prazo


prescricional, assim como a suspensão. Entretanto, na interrupção o
prazo prescricional, cessado o motivo que levou à interrupção, volta a
correr desde o início, e não de onde havia parado.

Exemplo: Imagine que Poliana esteja sendo acusada pelo crime de


homicídio simples (prescrição em 20 anos). O prazo prescricional vem
fluindo normalmente até que o Juiz “pronuncia” Poliana (decisão na qual o
Juiz diz que o caso deve ser levado à Júri popular). Nesse caso, se o
prazo prescricional estava já com 04 anos, por exemplo, ele será
interrompido e voltará a ser contado do zero (mais 20 anos), e não
apenas os 16 (dezesseis) anos que faltavam.

III – DA AÇÃO PENAL

Quando alguém pratica um fato criminoso, surge para o Estado o


poder-dever de punir o infrator. Esse poder-dever, esse direito, é
chamado de ius puniendi.

Entretanto, o Estado, para que exerça validamente e legitimamente o


seu ius puniendi, deve fazê-lo mediante a utilização de um mecanismo

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que possibilite a busca pela verdade material (não meramente a verdade
formal), mas que ao mesmo tempo respeite os direitos e garantias
fundamentais do indivíduo. Esse mecanismo é chamado de Processo
Penal.

Mas, professor Renan, onde entra a Ação Penal nisso? A ação


penal é, nada mais nada menos, que o ato inicial desse mecanismo todo
chamado processo penal.

Condições da Ação Penal

Tal qual ocorre no processo civil, no processo penal a ação também


deve obedecer a algumas condições. Sem elas a ação penal ajuizada deve
ser rejeitada de imediato pelo Juiz. Nesse sentido temos o art. 395, II do
CPP:

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação


dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

(...)

II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício


da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

São condições da ação penal:

A) Possibilidade Jurídica do pedido

Para que esteja configurada essa condição da ação, basta que a ação
penal tenha sido ajuizada com base em conduta que se amolde em fato
típico. Assim, não se exige que a conduta tenha sido típica, ilícita e o

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agente culpável. Mesmo se o titular da ação penal (MP ou ofendido)
verificar que o crime foi praticado em legítima defesa, por exemplo,
(exclui a ilicitude) a conduta é típica, estando cumprido o requisito da
possibilidade jurídica do pedido.

B) Interesse de Agir

Se no processo civil o interesse de agir é caracterizado como a


necessidade da prestação da tutela jurisdicional, devendo a parte autora
comprovar que não há outro meio para a resolução do litígio que não seja
a via judicial, no processo penal é um pouco diferente.

No processo penal a via judicial é obrigatória, não podendo o Estado


exercer o seu ius puniendi fora do processo penal. O processo civil é
facultativo, podendo as partes resolver a lide sem a intervenção do
Judiciário. O processo penal, por sua vez, é obrigatório, devendo o titular
da ação penal provocar o Judiciário para que a lide seja resolvida.

Há quem defenda, inclusive, que não necessariamente há lide no


processo penal (a lide é o fenômeno que ocorre quando uma parte possui
uma pretensão que é resistida pela outra parte), pois ainda que o
acusado reconheça que deve ser punido, a punição só pode ocorrer após
o processo penal, dado o interesse público envolvido.

No processo penal o interesse de agir está mais ligado a questões


como a utilização da via adequada. Assim, não pode o membro do MP
oferecer queixa em face de alguém que praticou homicídio, pois se trata
de crime de ação penal pública. Nesse caso, o MP é parte legítima, pois é
o titular da ação penal. No entanto, a via escolhida está errada (deveria
ter sido ajuizada ação penal pública).

Alguns autores entendem que o interesse de agir no processo penal


está relacionado à existência de lastro probatório mínimo (existência de
indícios de autoria e prova da materialidade). Esses elementos, no

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entanto, formam o que outra parte da Doutrina entende como justa
causa.

Obviamente que os autores que entendem serem estes elementos


integrantes do conceito de “interesse de agir”, entendem também que
não existe a justa causa como uma condição autônoma da ação penal.

O CPP, no entanto, em algumas passagens, prevê a existência da


justa causa:

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:

(...)

III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:

I - quando não houver justa causa;

Percebam, no entanto, que em nenhum momento o CPP trata a justa


causa como uma condição da ação. Mais que isso, no momento em que o
art. 395, II do CPP diz que a denúncia ou queixa será rejeitada quando
faltar alguma das condições da ação penal, e, logo após, em inciso
diverso, diz que também será rejeitada a denúncia ou queixa quando
faltar justa causa, está, implicitamente, considerando que a justa causa
não é uma condição da ação penal.

O tema é bem polêmico, e vocês devem saber que há divergência.


Em provas discursivas, vale a pena se alongar sobre isso. Em provas
objetivas, vocês devem ter em mente que, pela literalidade do CPP, a
justa causa não é condição da ação, sendo assim considerada
apenas por parte da Doutrina.

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C) Legitimidade ad causam ativa e passiva

A legitimidade (e aqui nos aproximamos do processo civil) é o que se


pode chamar de pertinência subjetiva para a demanda. Assim, a presença
do MP no pólo ativo de uma denúncia pelo crime de homicídio é
pertinente, pois a Constituição o coloca como titular exclusivo da Ação
Penal, o que é corroborado pelo CPP. Também deve haver legitimidade
passiva, ou seja, quem deve figurar no pólo passivo (ser o réu da ação) é
quem efetivamente praticou o crime, ou seja, o sujeito ativo do crime.

Cuidado! O sujeito ativo do crime (infrator) será, no processo penal,


o sujeito passivo do processo!

Parte da Doutrina entende que os inimputáveis são partes ilegítimas


para figurar no pólo passivo da ação penal. Entretanto, essa posição
merece algumas considerações.

A inimputabilidade por critério meramente biológico é somente uma,


e refere-se à menoridade penal. Ou seja, somente o menor de 18 anos
será sempre inimputável, sem que se exija qualquer análise do mérito da
demanda. De plano se pode considerar sua ilegitimidade, conforme prevê
o art. 27 do CP:

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente


inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Assim, se o titular da ação penal ajuíza a ação em face de um menor


de 18 anos, falta uma das condições da ação, que é a imputabilidade
penal, pois de maneira nenhuma pode o menor de 18 anos responder
criminalmente, estando sujeito às normas do ECA.

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Entretanto, se estivermos diante dos demais casos de
inimputabilidade, a hipótese não é de ilegitimidade passiva, pois a análise
da imputabilidade do agente dependerá da avaliação dos fatores, das
circunstâncias do delito, podendo se concluir pela sua inimputabilidade. É
o que ocorre com os doentes mentais que ao tempo do crime eram
inteiramente incapazes de compreender o caráter ilícito da conduta e se
comportar conforme o direito.

A prova mais cabal de que nesse caso não há ilegitimidade é que,


considerando o Juiz que o agente era inimputável à época do fato, não
rejeitará a denúncia ou queixa (o que deveria ser feito, em razão do art.
395, II do CPP), mas absolverá o acusado e aplicará medida de segurança
(absolvição imprópria). Assim, o Juiz adentrará ao mérito da causa. Ora,
se a ausência de condição da ação obsta a apreciação do mérito, fica claro
que nessa hipótese não há ilegitimidade.

Quanto à pessoa jurídica, é pacífico o entendimento


doutrinário e jurisprudencial no sentido de que a Pessoa Jurídica
pode figurar no pólo ativo do processo penal, até porque há previsão
expressa nesse sentido:

Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente


constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser
representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos
designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou
sócios-gerentes.

Quanto à possibilidade de a pessoa jurídica ser sujeito passivo no


processo penal, ou seja, quanto à sua legitimidade passiva, a Doutrina se
divide, uns entendendo não ser possível, outros pugnando pela
possibilidade.

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O STF e o STJ entendem que a Pessoa Jurídica pode figurar no
pólo passivo de ação penal por crime ambiental, conforme previsto
no art. 225, § 3° do CP, regulamentado pela Lei 9.605/98. Quanto aos
crimes contra a ordem econômica, por não haver regulamentação legal, a
jurisprudência não vem admitindo que a pessoa jurídica responda por tais
crimes.

Espécies de Ação Penal

A ação penal pode ser pública incondicionada, condicionada, ou


privada. Nos termos do art. 100 do Código Penal:

Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei


expressamente a declara privativa do ofendido. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público,


dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido
ou de requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa


do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes


de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no
prazo legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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A regra é a de que a ação penal seja pública, nos termos do caput do
art. 100 do CP, só sendo privada quando a lei expressamente assim
disser.

Conforme o esquemático, para facilitar a compreensão de vocês:

AÇÃO PENAL

PÚBLICA

INCONDICIONADA CONDICIONADA

REPRESENTAÇÃO DO
OFENDIDO

REQUISIÇÃO DO MINISTRO
DA JUSTIÇA

PRIVADA

EXCLUSIVA PERSONALÍSSIMA SUBSIDIÁRIA DA


PÚBLICA

Assim pode se resumir, graficamente, as espécies de ação penal


previstas no Código Penal e no Código de Processo Penal - CPP. A
Doutrina cita, ainda, a ação penal popular, prevista na Lei 1.079/50, mas
essa espécie é polêmica e não possui previsão nem no CP, nem no CPP,
motivo pelo qual, não será objeto do nosso estudo.

Vamos estudar, agora, cada uma das seis espécies de ação penal:

A) Ação penal pública incondicionada

É a regra no ordenamento processual penal brasileiro. Sua


titularidade pertence ao Ministério Público, de forma privativa, nos termos
do art. 129, I da Constituição da República. Além disso, o próprio § 1°

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do art. 100 do CP estabelece ser do MP a atribuição para o ajuizamento
da ação penal pública.

Alguns princípios regem a ação penal pública incondicionada:

 Obrigatoriedade – Havendo indícios de autoria e prova da


materialidade do delito, o membro do MP deve oferecer a
denúncia, não podendo deixar de fazê-lo, pois não pode dispor
da ação penal. Atualmente esta regra está excepcionada pela
previsão de transação penal nos Juizados especiais (Lei
9.099/95), que é hipótese na qual o titular da ação penal e o
infrator transacionam, de forma a evitar o ajuizamento da
demanda. A previsão não é inconstitucional, pois a própria
Constituição a prevê, em seu art. 98, I. A Doutrina admite que,
estando presentes causas excludentes da ilicitude, de maneira
inequívoca, poderá o membro do MP deixar de oferecer
denúncia;

 Indisponibilidade – Uma vez ajuizada a ação penal pública,


não pode seu titular dela desistir ou transigir, nos termos do
art. 42 do CPP: Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir
da ação penal. Esta regra também está excepcionada pela
previsão de transação penal e suspensão condicional do
processo, que são institutos previstos na Lei dos Juizados
Especiais (Lei 9.099/95);

 Oficialidade – A ação penal pública será ajuizada por um


órgão oficial, no caso, o MP. Entretanto, pode ocorrer de,
transcorrido o prazo legal para que o MP ofereça a denúncia,
este não o faça nem promova o arquivamento do IP, ou seja,
fique inerte. Nesse caso, a lei prevê que o ofendido poderá
promover ação penal privada subsidiária da pública (que
estudaremos melhor daqui a pouco). Assim, podemos concluir
que a ação penal pública é exclusiva do MP, durante o prazo
legal. Findo este prazo, a lei estabelece um prazo de seis

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meses no qual tanto o MP quanto o ofendido pode ajuizar a
ação penal, numa verdadeira hipótese de legitimação
concorrente: Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo,
no caso de negligência do querelante, retomar a ação como
parte principal. Findo este prazo de seis meses no qual o
ofendido pode ajuizar a ação penal privada subsidiária da
pública, a legitimidade volta a ser do MP, exclusivamente,
desde que ainda não esteja extinta a punibilidade;

 Divisibilidade – Havendo mais de um infrator (autor do


crime), pode o MP ajuizar a demanda somente em face um ou
alguns deles, reservando para os outros, o ajuizamento em
momento posterior, de forma a conseguir mais tempo para
reunir elementos de prova. Não nenhum óbice quanto a isso, e
esta prática não configura preclusão para o MP, podendo aditar
a denúncia posteriormente, a fim de incluir os demais autores
do crime ou, ainda, promover outra ação penal em face dos
outros autores do crime;

O art. 101 do CP traz uma regra inócua, desnecessária, mas que


vocês devem saber:

Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou


circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde
que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por

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iniciativa do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Trata-se da ação penal no crime complexo, que é o crime


formado pela junção de dois outros tipos penas. Exemplo: Roubo = furto
+ lesão corporal ou ameaça. Assim, se um dos crimes for de ação penal
pública incondicionada, ainda que o outro não o seja, caberá ação penal
pública.

A regra é completamente inútil, na medida em que o crime complexo


é um crime autônomo. Assim sendo, das duas uma: a) Ou a lei nada dirá
acerca da ação penal relativa a este crime, e a ação penal será pública
incondicionada (e o art. 101 será inútil); b) Ou a lei especificará a ação
penal para o crime (e por ser específica, será aplicada, ao invés do art.
101, que é genérico). Assim, este art. 101 do CP não serve para
absolutamente nada (só para cair em concurso, rs).

B) Ação penal pública condicionada (à representação do


ofendido e à requisição do Ministro da Justiça)

Trata-se de duas hipóteses pertencentes à mesma categoria de ação


penal, a ação penal pública condicionada.

Aplica-se a esta espécie de ação penal tudo o que foi dito a respeito
da ação penal pública, havendo, no entanto, alguns pontos especiais.

Aqui, para que o MP (titular da ação penal) possa exercer


legitimamente o seu direito de ajuizar a ação penal pública, deverá estar
presente uma condição de procedibilidade, que é a representação do
ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça, a depender do caso.
Frise-se que, em regra, a ação penal é pública e incondicionada.
Somente será condicionada se a lei expressamente dispuser neste
sentido.

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Para facilitar o estudo de vocês, elaborei os seguintes quadros com
as peculiaridades da ação penal pública condicionada, tanto no caso de
condicionamento à representação do ofendido quanto no caso de
requisição do Ministro da Justiça:

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO

 Trata-se de condição imprescindível, nos termos do art. 24 do CPP;

 É representação admite retratação, mas somente até o


oferecimento da denúncia (cuidado! Costumam colocar em provas
de concurso que a retratação pode ocorrer até o recebimento da
denúncia. Isto está errado! É uma pegadinha! No vocabulário
internetês, “É uma cilada, Bino!” – risos). Isso está no art. 102 do
CP e 25 do CPP;

 Caso ajuizada a ação penal sem a representação, esta nulidade


processual pode ser sanada posteriormente, caso a vítima a
apresente em Juízo (desde que realizada dentro do prazo de
seis meses que a vítima possui para representar, nos termos
do art. 38 do CPP);

 Não se exige forma específica para a representação, bastando que


seja escrita e descreva claramente a intenção de ver o infrator ser
processado. A jurisprudência admite que o simples registro de
ocorrência em sede policial, desde que conste informação de
que a vítima pretende ver o infrator punido, PODE ser
considerada como representação;

 A representação não pode ser dividida quanto aos autores do fato.


Ou se representa em face de todos eles, ou não há representação,
pois esta não se refere propriamente aos agentes que praticaram o
delito, mas ao fato. Quando a vítima representa, está manifestando
seu desejo em ver o fato ser objeto de ação penal para que sejam
punidos os responsáveis. Entretanto, embora não possa haver

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fracionamento da representação, isso não impede que o MP
denuncie apenas um ou alguns dos infratores, pois um dos
princípios da ação penal pública é a divisibilidade, lembram-
se?

 A legitimidade para oferecer a representação é do ofendido, se


maior de 18 anos e capaz (art. 34 do CP). Embora o dispositivo
legal estabeleça que se o ofendido tiver mais de 18 e menos de 21
anos tanto ele quanto seu representante legal possam apresentar a
representação, este artigo perdeu o sentido com o advento do
Novo Código Civil em 2002, que estabeleceu a maioridade civil em
18 anos.

 Se o ofendido for menor ou incapaz, terá legitimidade o seu


representante legal. Porém, se o ofendido não possuir
representante legal ou os seus interesses colidirem com o do
representante, o Juiz deve nomear curador, por força do art. 33 do
CPP (por analogia). Este curador não está obrigado a oferecer
a representação, devendo apenas analisar se é salutar ou
não para o ofendido (maioria da Doutrina entende isso, mas
é controvertido);

 Se ofendido falecer, aplica-se a ordem de legitimação prevista no


art. 24, § 1° do CP: § 1o No caso de morte do ofendido ou quando
declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará
ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Parágrafo único
renumerado pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993). É importante observar
que essa ordem deve ser observada. Assim, havendo cônjuge, e
este resolvendo não representar, não poderá o pai do falecido
representar. A Doutrina equipara o companheiro ao cônjuge;

O prazo para representação está no art. 38 do CPP e também no


art. 103 do CP: Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou
seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de

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representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses,
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da
denúncia (...)Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce
dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber
quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código,
do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

 Se o ofendido for menor de idade, o prazo, para ele, só começa a


fluir quando este completar 18 anos;

 Se a vítima vier a falecer, o prazo começa a correr para os


legitimados (cônjuge, ascendente, etc.) quando tomarem
conhecimento do fato ou de sua autoria (art. 38, § único do CPP);

 A representação pode ser oferecida perante o MP, a autoridade


policial ou mesmo perante o Juiz;

Já quanto à ação penal pública condicionada à requisição do Ministro


da Justiça:

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA


JUSTIÇA

 Trata-se de crimes nos quais existe um juízo político acerca da


conveniência em vê-los apurados ou não. São poucas as hipóteses,
citando, como exemplo, o crime cometido contra a honra do
Presidente da República (art. 141, I, c/c art. 145, § único, do CP);

 Diferentemente do que ocorre com a representação, não há prazo


decadencial para o oferecimento da requisição, podendo esta

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ocorrer enquanto não estiver extinta a punibilidade do crime;

 A maioria da Doutrina entende que não cabe retratação


dessa requisição, ao contrário do que ocorre com a
representação do ofendido, por não haver previsão legal e por se
tratar a requisição, de um ato administrativo;

 O destinatário da requisição é o MP, que não está vinculado à


requisição, podendo deixar de ajuizar a ação penal;

C) Ação penal privada exclusiva

É a modalidade de ação penal privada clássica. É aquela na qual o lei


entende que a vontade do ofendido em ver ou não o crime apurado e o
infrator processado são superiores ao interesse público em apurar o fato.

Alguns princípios regem a ação penal privada:

 Oportunidade – Diferentemente do que ocorre com relação à


ação penal pública, que é obrigatória para o MP, na ação penal
privada compete ao ofendido ou aos demais legitimados
proceder à análise da conveniência do ajuizamento da ação;

 Disponibilidade – Também de maneira diversa do que ocorre


na ação penal pública, aqui o titular da ação penal (ofendido)
pode desistir da ação penal proposta (art. 51 do CPP);

 Indivisibilidade – Outra característica diversa é a


impossibilidade de se fracionar o exercício da ação penal
em relação aos infratores. O ofendido não é obrigado a
ajuizar a queixa, mas se o fizer, deve ajuizar a queixa em face
de todos os agentes que cometeram o crime, sob pena de se
considerarem perdoados aqueles que não foram incluídos no

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pólo passivo da ação. Assim, considerando que houve o perdão
a alguns dos criminosos, o perdão se estende também aos
agentes que foram acionados judicialmente, por força do art.
48 do CP: Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do
crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público
velará pela sua indivisibilidade;

O prazo para ajuizamento da ação penal (queixa) é decadencial de


seis meses, e começa a fluir da data em que o ofendido tomou ciência de
quem foi o autor do delito. Isto está previsto no art. 103 do CP e no art.
38 do CPP.

O STF e o STJ entendem que se a queixa foi ajuizada dentro


do prazo legal, mas perante juízo incompetente, mesmo assim
terá sido interrompido o prazo decadencial, pois o ofendido não
ficou inerte.

O ofendido pode ainda, renunciar ao direito de ajuizar a ação


(queixa), e se o fizer somente a um dos infratores, a todos se estenderá,
por força do art. 49 do CPP:

Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação


a um dos autores do crime, a todos se estenderá.

Frise-se que esta renúncia pode ser expressa ou tácita. Nos termos
do art. 104 e seu § único, do CP:

Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando


renunciado expressa ou tacitamente. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a


prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a

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implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do
dano causado pelo crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

A renúncia só pode ocorrer antes do ajuizamento da demanda


e pode ser expressa ou tácita. Após o ajuizamento da demanda o
que poderá ocorrer é o perdão do ofendido. Nos termos do art. 51 do
CPP:

Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a


todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o
recusar.

A utilização do termo querelado denota que só pode ocorrer o perdão


depois de ajuizada a queixa, pois só após este momento há querelante
(ofendido) e querelado (autor do crime).

Além disso, o art. 105 do CP fala em “obstar o prosseguimento da


ação penal”. Daí se conclui que esta deve ter sido ajuizada:

Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se


procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

O perdão, à semelhança do que ocorre com a renúncia ao direito de


queixa, também pode ser expresso ou tácito. No primeiro caso, é
simples, decorre de manifestação expressa do querelante no sentido de
que perdoa o infrator. No segundo caso, decorre da prática de algum ato

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incompatível com a intenção de processar o infrator (ex.: Casar-se com o
infrator). Nos termos do art. 106 e seu § 1° do CP:

Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou


tácito: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

(...)

§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato


incompatível com a vontade de prosseguir na ação. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

O perdão do ofendido deve também deve seguir às seguintes


regras:

 Deve ser oferecido, no máximo, até o trânsito em julgado


da sentença condenatória;

 Se concedido a um dos querelados, a todos se estende;

 Se um dos ofendidos o conceder, isto não prejudica o direito


dos demais ofendidos;

 Só produz efeitos em relação ao querelado que o aceitar (trata-


se, portanto, de ato bilateral: oferecimento + aceitação)

Estas regras estão previstas no art. 106, I, II e III, e seu § 2° do CP:

Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou


tácito: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito


dos outros; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

III - se o querelado o recusa, não produz efeito. (Redação dada


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

(...)

§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a


sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Na ação penal privada pode ocorrer, ainda, a perempção da ação


penal, que é a perda do direito de prosseguir na ação como punição
ao querelante que foi inerte ou negligente no processo. As
hipóteses estão previstas no art. 60 do CPP:

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa,


considerar-se-á perempta a ação penal:

I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o


andamento do processo durante 30 dias seguidos;

II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua


incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art.
36;

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III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo
justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;

IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se


extinguir sem deixar sucessor.

D) Ação penal privada subsidiária da pública

Trata-se de hipótese na qual a ação penal é, na verdade, pública, ou


seja, o seu titular é o MP. No entanto, em razão da inércia do MP em
oferecer a denúncia no prazo legal (em regra, 15 dias se réu solto, ou 05
dias se réu preso), a lei confere ao ofendido o direito de ajuizar uma ação
penal privada (queixa) que substitui a ação penal pública. Esta previsão
está contida no art. 29 do CPP:

Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso
de negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal.

Entretanto, o ofendido tem um prazo de seis meses para oferecer a


ação penal privada, que começam a correr no dia em que se esgota o
prazo do MP para oferecer a denúncia, conforme art. 38 do CPP:

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu


representante legal, decairá no direito de queixa ou de
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis

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meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o
prazo para o oferecimento da denúncia.

Oferecida a queixa, no entanto, o MP não perde o direito de ajuizar a


ação penal pública, e pode, ainda, aditar a inicial da ação penal privada,
conforme se depreende da própria redação do art. 29 do CP.

Se o MP requer ao Juiz dilação de prazo para realização de diligências


ou promove o arquivamento do IP, não se pode admitir a ação penal
privada, pois esta somente existe para os casos nos quais o MP
permaneceu inerte, sem nada fazer. Se o MP pratica uma destas
condutas, não há inércia, mas apenas a prática de atos que lhe são
permitidos.

Cuidado! O STJ entende que se o MP ajuíza a ação penal somente


em face de alguns dos acusados, e silencia a respeito dos outros,
não há possibilidade de manejo da ação penal privada subsidiária
da pública, por ter ocorrido arquivamento implícito.

Por fim, não é admissível o perdão do ofendido na ação penal privada


subsidiária da pública, pois se trata de ação originariamente pública, na
qual só se admitiu o manejo da ação privada em razão de uma
circunstância temporal. Tanto é assim que o art. 105 do CP
estabelece que:

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Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente
se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da
ação.

Ora, se o artigo fala em “crimes em que somente se procede


mediante queixa”, exclui desta lista a ação penal privada subsidiária da
pública.

E) Ação penal personalíssima

Trata-se de modalidade de ação penal privada exclusiva, cuja única


diferença é que, nesta hipótese, somente o ofendido (mais ninguém,
em hipótese nenhuma!) poderá ajuizar ação. Assim, se o ofendido
falecer, nada mais haverá a ser feito, estando extinta a punibilidade, pois
a legitimidade não se estende aos sucessores, como acontece nos demais
crimes de ação privada.

Além disso, se o ofendido é menor, o seu representante não pode


ajuizar a demanda. Assim, deve o ofendido aguardar a maioridade para
ajuizar a ação penal privada.

A única hipótese ainda existente no nosso ordenamento é o crime


previsto no art. 236 do CP:

Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o


outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja
casamento anterior:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do


contraente enganado e não pode ser intentada senão depois
de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
impedimento, anule o casamento.

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LISTA DAS QUESTÕES

1 - (CESPE – 2009 – PC/RN – AGENTE DE POLÍCIA)

Exclui-se a culpabilidade do agente

A) que falece após a ocorrência do fato.

B) inteiramente incapaz ao tempo do fato.

C) que age em estrito cumprimento do dever legal.

D) portador de perturbação mental após o fato.

E) maior de 70 anos de idade na data da sentença.

2 - (CESPE – 2010 – DETRAN/ES – ADVOGADO)


Tratando-se de culpabilidade, a teoria estrita ou extremada e a teoria
limitada são derivações da teoria normativa pura e divergem apenas a
respeito do tratamento das descriminantes putativas.

3 - (CESPE – 2011 – PC/ES – ESCRIVÃO DE POLÍCIA)

A falta de consciência da ilicitude, se inevitável, exclui a culpabilidade.

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4 - (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
JUDICIÁRIA)
As causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de
conduta diversa incluem a estrita obediência a ordem não
manifestamente ilegal de superior hierárquico. Caso o agente cumpra
ordem ilegal ou extrapole os limites que lhe foram determinados, a
conduta é culpável.

5 - (CESPE – 2009 – DPE/AL – DEFENSOR PÚBLICO)


Para a teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP brasileiro, toda
espécie de descriminante putativa, seja sobre os limites autorizadores da
norma, seja incidente sobre situação fática pressuposto de uma causa de
justificação, é sempre considerada erro de proibição.

6 - (CESPE – 2004 – AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL)

A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria ação, não


respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o
coator.

7 - (CESPE – 2011 – TER/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


ADMINISTRATIVA)
Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso fortuito,
cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao tempo do crime,
ele era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Nessa
situação, embora tenha praticado fato penalmente típico e ilícito, Abel
ficará isento de pena.

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8 - (CESPE – 2008 – STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
JUDICIÁRIA)
Na obediência hierárquica, para que se configure a causa de exclusão de
culpabilidade, é necessário que exista dependência funcional do executor
da ordem dentro do serviço público, de forma que não há que se falar,
para fins de exclusão da culpabilidade, em relação hierárquica entre
particulares.

9 - (CESPE – 2011 – TJ/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
O perdão judicial, uma das possíveis causas extintivas da punibilidade,
consiste na manifestação de vontade, expressa ou tácita, do ofendido ou
de seu representante legal, acerca de sua desistência da ação penal
privada já iniciada.

10 - (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)

Além de conduzir à extinção da punibilidade, a abolitio criminis faz cessar


todos os efeitos penais e cíveis da sentença condenatória.

11 - (CESPE – 200P – SEJUS /ES – AGENTE PENITENCIÁRIO)


A anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente a
punibilidade, tendo, de regra, ao contrário da graça, o caráter da
generalidade, ao abranger fatos e não pessoas.

12 - (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)

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Caso a pena de multa seja alternativa ou cumulativamente cominada ou
cumulativamente aplicada, aplicam-se a ela os mesmos prazos previstos
para as respectivas penas privativas de liberdade.

13 - (ESAF - 2004 - MPU - TÉCNICO ADMINISTRATIVO)

É correto afirmar que

A) pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente


que o houver causado dolosamente.

B) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado isenta de


pena.

C) responde pelo crime o terceiro que não determina o erro.

D) é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas


circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
legítima.

E) no caso de erro sobre a pessoa, consideram-se para efeitos penais, as


condições ou qualidades da vítima efetivamente atingida.

14 - (ESAF - 2004 - MPU - ANALISTA - ADMINISTRAÇÃO)

O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado:

A) isenta o réu de pena, pois o agente visa a atingir certa pessoa e, por
acidente ou erro no uso dos meios de execução, vem a atingir outra.

B) não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou condições que


contarão para qualificar ou agravar o delito, serão as da vítima que se
pretendia atingir e não as da efetivamente ofendida.

C) não isenta o réu de pena, e o erro é reconhecido quando o resultado


do crime é único e não houve intenção de atingir pessoa determinada.

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D) isenta o réu de pena, e ocorre quando o agente, por erro plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima.

E) não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou condições da


vítima efetivamente atingida é que contarão para qualificar ou agravar o
delito.

15 - (ESAF - 2004 - CGU - ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE -


ÁREA - CORREIÇÃO - PROVA 3)

O funcionário público "C" exigiu para si vantagem indevida em razão de


sua função. Configurou-se o crime de concussão, que é apenado com
reclusão de dois a oito anos e multa. Neste caso, pode-se afirmar que a
prescrição do crime antes de transitar em julgado a sentença

A) ocorrerá em vinte anos.

B) ocorrerá em quatro anos.

C) ocorrerá em doze anos.

D) ocorrerá em dezesseis anos.

E) é imprescritível.

16 - (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR)

Sobre ação penal, é correto afirmar:

A) A renúncia da ação penal privada ocorre após o oferecimento da


queixa e o perdão antes.

B) No caso de morte do ofendido, o direito de oferecer queixa ou


prosseguir na ação penal passará ao cônjuge, ascendente, descendente
ou colateral até terceiro grau.

C) Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, será


privilegiada aquela que primeiro comparecer.

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D) As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas
poderão exercer a ação penal privada.

E) No caso de ação penal privada exclusiva, o Ministério Público pode


recorrer se o acusado for absolvido.

17 - (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR)

Em relação às ações penais públicas condicionadas, o Código de Processo


Penal prevê a possibilidade de retratação da

A) representação do ofendido até o oferecimento da denúncia.

B) representação do ofendido até o recebimento da denúncia.

C) requisição do Ministro da Justiça até o oferecimento da denúncia.

D) requisição do Ministro da Justiça até o recebimento da denúncia.

E) representação do ofendido e da requisição do Ministro da Justiça até o


recebimento da denúncia.

18 - (FCC – 2010 – MPE-SE – ANALISTA – DIREITO)

Dispõe o Código de Processo Penal que será admitida ação privada nos
crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. Essa
regra constitui exceção ao princípio da

A) indisponibilidade

B) legalidade

C) intranscendência

D) obrigatoriedade

E) oficialidade

19 - (FCC – 2011 – TRT 1RG – TÉCNICO JUDICIÁRIO –


SEGURANÇA)

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A ação penal que só pode ser proposta pelo ofendido, não se estendendo
esse direito ao cônjuge ou aos sucessores em caso de morte ou ausência,
denomina-se ação penal

A) privada subsidiária da ação pública.

B) pública incondicionada.

C) privada exclusiva.

D) privada personalíssima.

E) pública condicionada.

20 - (FCC – 2011 – TRF 1°RG – ANALISTA JUDICIÁRIO –


EXECUÇÃO DE MANDADOS)

A ação penal ajuizada pelo ofendido ou por quem tenha condições de


representá-lo, nos crime de ação pública, quando não for intentada pelo
Ministério Público no prazo legal, denomina-se ação penal

A) privada exclusiva.

B) pública incondicionada.

C) privada subsidiária da pública.

D) pública condicionada.

E) privada personalíssima.

21 - (FCC – 2010 – TCE/AP – PROCURADOR)

No tocante à ação penal, é correto afirmar que

A) não se admite renúncia tácita, no caso de ação penal de iniciativa


privada.

B) considerar-se-á perempta a ação penal quando, após iniciada, o


Ministério Público deixar de promover o andamento do processo ou dele
desistir.

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C) a representação será retratável, depois de recebida a denúncia.

D) o prazo para oferecimento da denúncia será de 8 (oito) dias, estando o


réu preso, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto ou afiançado.

E) as fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas


poderão exercer ação penal.

22 - (FCC – 2005 – PGE/SE – PROCURADOR DE ESTADO)

A perda do direito de representar ou de oferecer queixa, em razão do


decurso do prazo fixado para o seu exercício, e o de continuar a
movimentar a ação penal privada, causada pela inércia processual do
querelante, configuram, respectivamente,

A) prescrição e perempção.

B) perempção e decadência.

C) prescrição e decadência.

D) decadência e perempção.

E) decadência e prescrição.

23 - (FCC – 2006 – TRF 1° RG – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)

A ação penal privada subsidiária da pública pode ser ajuizada pelo


ofendido ou por quem tenha qualidade para representá-lo se

A) não concordar com os termos da denúncia apresentada pelo Ministério


Público.

B) o Ministério Público tiver requerido o arquivamento do inquérito


policial.

C) a denúncia apresentada pelo Ministério Público for rejeitada pelo Juiz.

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D) o Ministério Público tiver devolvido o inquérito à polícia para novas
diligências.

E) a ação penal pública não for intentada no prazo legal.

24 - (FCC – 2007 – TRF 3 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)

No crime complexo, a ação penal é

A) pública incondicionada, se qualquer dos crimes componentes do tipo


deva ser apurado por iniciativa do Ministério Público.

B) pública condicionada, mesmo que qualquer dos crimes componentes


do tipo deva ser apurado por iniciativa do Ministério Público, desde que
em relação a outro ou outros a sua ação dependa de representação.

C) pública incondicionada em relação aos crimes componentes do tipo que


são dessa natureza e privada ou pública condicionada em relação a outro
ou outros que sejam de iniciativa privada ou sujeito a representação.

D) pública ou privada, dependendo de acordo entre o Ministério Público e


o ofendido ou seu representante legal.

E) privada, se um dos crimes componentes do tipo for dessa natureza,


mesmo que outro ou outros devam ser apurados por iniciativa do
Ministério Público.

25 - (CESPE – 2011 – TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE


EXTERNO)

O menor de dezoito anos de idade é isento de pena por inimputabilidade,


mas é capaz de agir com dolo, ou seja, é capaz de praticar uma ação
típica.

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26 - (CESPE – 2011 – TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE
EXTERNO)

São causas de exclusão da culpabilidade, expressamente previstas no


Código Penal brasileiro, a coação moral irresistível e a ordem não
manifestamente ilegal de superior hierárquico.

27 - (CESPE – 2011 – TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE


EXTERNO)

A prescrição, ao contrário do perdão judicial, é causa de extinção da


punibilidade.

28 - (VUNESP – 2002 – SEFAZ/SP – AGENTE FISCAL DE RENDAS)

São causas de exclusão da ilicitude:

a) a legítima defesa, o exercício regular de direito e a coação irresistível.

b) a obediência hierárquica, a coação irresistível e a desistência


voluntária.

c) o arrependimento eficaz, o arrependimento posterior e o estrito


cumprimento do dever legal.

d) o estado de necessidade, a obediência hierárquica e a desistência


voluntária.

e) o exercício regular de direito, o estrito cumprimento do dever legal e o


estado de necessidade.

QUESTÕES COMENTADAS

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1 - (CESPE – 2009 – PC/RN – AGENTE DE POLÍCIA)

Exclui-se a culpabilidade do agente

A) que falece após a ocorrência do fato.

B) inteiramente incapaz ao tempo do fato.

C) que age em estrito cumprimento do dever legal.

D) portador de perturbação mental após o fato.

E) maior de 70 anos de idade na data da sentença.

COMENTÁRIOS: O falecimento após a ocorrência do fato gera, apenas, a


extinção da punibilidade, mas o crime considera-se praticado, nos termos
do art. 107, I do CP. A superveniência de doença mental também não é
causa de exclusão da culpabilidade, que é aferida no momento da
conduta. A circunstância de ser o agente maior de 70 anos na data da
sentença é mera causa de diminuição de pena. Aquele que age em estrito
cumprimento do dever legal não chega, sequer, a praticar fato ilícito, pois
essa circunstância é uma causa de exclusão da ilicitude. Por fim, se o
agente era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato à
época da conduta, ou será considerado inimputável (se se enquadrar nas
hipóteses de inimputabilidade), ou não terá culpabilidade em razão da
ausência de potencial consciência da ilicitude. Assim, a alternativa
correta é a letra B.

2 - (CESPE – 2010 – DETRAN/ES – ADVOGADO)


Tratando-se de culpabilidade, a teoria estrita ou extremada e a
teoria limitada são derivações da teoria normativa pura e
divergem apenas a respeito do tratamento das descriminantes
putativas.

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CORRETA: Como disse a vocês antes, a teoria limitada, que é a
adotada pelo CP, difere da teoria normativa pura com relação ao
tratamento dado às descriminantes putativas. As descriminantes
putativas são tratadas nos arts. 20, § 1° e 21 do CP:§ 1º - É isento de
pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
crime culposo. (...) Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Para a teoria normativa pura, as descriminantes putativas


serão sempre erro de proibição. Ou seja, sempre que um agente
supor que existe uma situação fática que legitima sua ação, e esta não
existir, estará errando com relação à licitude do fato, logo, comete erro de
proibição, o que pode afastar a culpabilidade.

Já a teoria limitada (adotada pelo CP), divide as descriminantes em


de fato e de direito. Na primeira hipótese, o agente age supondo haver
uma situação fática que legitime sua função. No segundo caso, o agente
visualiza corretamente a situação fática, mas acredita que a conduta, no
entanto, não é proibida.

Assim, a afirmativa está correta.

3 - (CESPE – 2011 – PC/ES – ESCRIVÃO DE POLÍCIA)

A falta de consciência da ilicitude, se inevitável, exclui a


culpabilidade.

CORRETA: A potencial consciência da ilicitude é um dos elementos da


culpabilidade. Assim, se o agente pratica a conduta mas não possuía, ao
tempo da ação ou omissão, capacidade de entender que a conduta

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praticada era ilícita, não é considerado culpável, pois ausente um dos
elementos da culpabilidade. Desta maneira, a afirmativa está correta.

4 - (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
As causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade
de conduta diversa incluem a estrita obediência a ordem não
manifestamente ilegal de superior hierárquico. Caso o agente
cumpra ordem ilegal ou extrapole os limites que lhe foram
determinados, a conduta é culpável.

CORRETA: De fato, o art. 22 do CP diz: Art. 22 - Se o fato é cometido


sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Assim, se a ordem emanada não é manifestamente ilegal, e o agente a
cumpre, não comete crime, pois não é culpável. No entanto, se a ordem
for manifestamente ilegal, ou se o agente extrapolar os limites da ordem
recebida, responderá pelo crime. A questão deveria, apenas, ter colocado
o termo “manifestamente” no enunciado, pois a sua ausência pode gerar
no concursando a dúvida acerca de ser ou não uma pegadinha.
Entretanto, a banca considerou a questão como correta.

5 - (CESPE – 2009 – DPE/AL – DEFENSOR PÚBLICO)


Para a teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP brasileiro,
toda espécie de descriminante putativa, seja sobre os limites
autorizadores da norma, seja incidente sobre situação fática
pressuposto de uma causa de justificação, é sempre considerada
erro de proibição.

ERRADA: A teoria limitada da culpabilidade, embora adota pelo nosso


CP, ao contrário da teoria normativa pura, diferencia as hipóteses de

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descriminantes putativas, dividindo-as em de fato e de direito. Assim, a
afirmativa está errada.

6 - (CESPE – 2004 – AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL)

A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria


ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos,
responderá pelo crime o coator.

ERRADA: Apenas a coação física irresistível (vis absoluta) exclui a


própria conduta, pois, nesse caso, o agente é mero objeto na mão de um
terceiro, que é quem, de fato, comete o crime. Na coação moral
irresistível, há conduta, embora seja uma conduta viciada (pois o agente
não é inteiramente livre para realizar a escolha de praticar ou não o
crime, pois se encontra sob coação). Assim, a afirmativa está errada.

7 - (CESPE – 2011 – TER/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


ADMINISTRATIVA)
Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso
fortuito, cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao
tempo do crime, ele era inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato. Nessa situação, embora tenha praticado
fato penalmente típico e ilícito, Abel ficará isento de pena.

CORRETA: A embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força


maior, exclui a imputabilidade do agente, se ele era, ao tempo do fato,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de sua conduta, nos
termos do art. 28, § 1° do CP.

8 - (CESPE – 2008 – STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
Na obediência hierárquica, para que se configure a causa de
exclusão de culpabilidade, é necessário que exista dependência

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funcional do executor da ordem dentro do serviço público, de
forma que não há que se falar, para fins de exclusão da
culpabilidade, em relação hierárquica entre particulares.

CORRETA: A Doutrina é pacífica em afirmar que para que seja


caracterizada a excludente de culpabilidade em questão, é necessário que
haja uma relação de hierarquia funcional entre o autor do fato e o
mandante. Assim, a afirmativa está correta.

9 - (CESPE – 2011 – TJ/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
O perdão judicial, uma das possíveis causas extintivas da
punibilidade, consiste na manifestação de vontade, expressa ou
tácita, do ofendido ou de seu representante legal, acerca de sua
desistência da ação penal privada já iniciada.

ERRADA: O enunciado da questão descreve a figura do perdão do


ofendido, não do perdão judicial. Em determinados crimes o Estado
confere o perdão ao infrator, por entender que a aplicação da pena não é
necessária. É o chamado “perdão judicial”. É o que ocorre, por exemplo,
no caso de homicídio culposo no qual o infrator tenha perdido alguém
querido (Lembram-se do caso Herbert Viana?). Essa hipótese está
prevista no art. 121, § 5° do CP: § 5º - Na hipótese de homicídio culposo,
o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se
torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977). Este sim
é o chamado perdão judicial.

Portanto, a afirmativa está errada.

10 - (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)

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Além de conduzir à extinção da punibilidade, a abolitio criminis faz
cessar todos os efeitos penais e cíveis da sentença condenatória.

ERRADA: A abolitio criminis, de fato, conduz à extinção da punibilidade


(art. 107, III do CP). Entretanto, apenas faz desaparecer os efeitos penais
de eventual condenação, não possuindo reflexos na seara cível, nos
termos do art. 2° do CP.
Assim, a alternativa está errada.

11 - (CESPE – 200P – SEJUS /ES – AGENTE PENITENCIÁRIO)


A anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue
totalmente a punibilidade, tendo, de regra, ao contrário da graça,
o caráter da generalidade, ao abranger fatos e não pessoas.

CORRETA: A anistia é uma forma de extinção da punibilidade mais


abrangente que a graça e o indulto, pois a anistia é um instituto mediante
o qual o Estado passa a considerar que as condutas praticadas pelos
agentes não são mais crimes. Não se trata de abolitio criminis, pois as
condutas já foram realizadas. Já a graça e o indulto são de caráter
pessoal, ou seja, o Estado concede àquela(s) pessoas a extinção da
punibilidade, por razões de política criminal, embora permaneça a
consideração de que o fato praticado foi um crime.
Assim, a afirmativa está correta.

12 - (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)


Caso a pena de multa seja alternativa ou cumulativamente
cominada ou cumulativamente aplicada, aplicam-se a ela os
mesmos prazos previstos para as respectivas penas privativas de
liberdade.

CORRETA: Esta é a previsão legal, contida no art. 114, II do CP: Art. 114
- A prescrição da pena de multa ocorrerá: (...) II - no mesmo prazo

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estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a
multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

Portanto, a alternativa está correta.

13 - (ESAF - 2004 - MPU - TÉCNICO ADMINISTRATIVO)

É correto afirmar que

A) pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o


agente que o houver causado dolosamente.

B) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado isenta


de pena.

C) responde pelo crime o terceiro que não determina o erro.

D) é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas


circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a
ação legítima.

E) no caso de erro sobre a pessoa, consideram-se para efeitos


penais, as condições ou qualidades da vítima efetivamente
atingida.

COMENTÁRIOS: No erro sobre a pessoa o agente não é isento de pena,


mas considera-se que o crime fora praticado contra a pessoa visada e não
contra a pessoa atingida, de forma que as alternativas B e E estão
erradas. No caso das chamadas descriminantes putativas, o agente fica
isento de pena. Elas ocorrem quando o agente acredita estar diante de
uma situação que, se realmente existisse, faria com que sua conduta
fosse legítima (exemplo: Agente acredita estar agindo sob legítima
defesa). Vejamos:

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado


pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro

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deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.


(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a alternativa correta é a letra D.

14 - (ESAF - 2004 - MPU - ANALISTA - ADMINISTRAÇÃO)

O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado:

A) isenta o réu de pena, pois o agente visa a atingir certa pessoa


e, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, vem a
atingir outra.

B) não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou


condições que contarão para qualificar ou agravar o delito, serão
as da vítima que se pretendia atingir e não as da efetivamente
ofendida.

C) não isenta o réu de pena, e o erro é reconhecido quando o


resultado do crime é único e não houve intenção de atingir pessoa
determinada.

D) isenta o réu de pena, e ocorre quando o agente, por erro


plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.

E) não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou


condições da vítima efetivamente atingida é que contarão para
qualificar ou agravar o delito.

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COMENTÁRIOS: No erro sobre a pessoa o agente não é isento de pena,
mas considera-se que o crime fora praticado contra a pessoa visada e não
contra a pessoa atingida. Vejamos:

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado


não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Portanto, a alternativa correta é a letra B.

15 - (ESAF - 2004 - CGU - ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE -


ÁREA - CORREIÇÃO - PROVA 3)

O funcionário público "C" exigiu para si vantagem indevida em


razão de sua função. Configurou-se o crime de concussão, que é
apenado com reclusão de dois a oito anos e multa. Neste caso,
pode-se afirmar que a prescrição do crime antes de transitar em
julgado a sentença

A) ocorrerá em vinte anos.

B) ocorrerá em quatro anos.

C) ocorrerá em doze anos.

D) ocorrerá em dezesseis anos.

E) é imprescritível.

COMENTÁRIOS: Considerando a tabela de cálculo do prazo prescricional


do art. 109 do CP, o crime prescreverá em 12 anos. Vejamos:

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença


final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-
se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao

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crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de
2010).

I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;

II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito


anos e não excede a doze;

III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro


anos e não excede a oito;

IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e


não excede a quatro;

V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou,


sendo superior, não excede a dois;

VI- em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano.

VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um)


ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

Portanto, a alternativa correta é a letra C.

16 - (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR)

Sobre ação penal, é correto afirmar:

A) A renúncia da ação penal privada ocorre após o oferecimento


da queixa e o perdão antes.

ERRADA: A renúncia só pode ocorrer antes de oferecida a queixa, e o


perdão após o oferecimento da queixa, nos termos dos arts. 49 e 51 do
CPP:

B) No caso de morte do ofendido, o direito de oferecer queixa ou


prosseguir na ação penal passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou colateral até terceiro grau.

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ERRADA: O direito de oferecer a queixa se estende ao cônjuge, ao
ascendente, descendente ou irmão, e não até o colateral de terceiro grau,
nos termos do art. 24, § 1° do CPP;

C) Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, será


privilegiada aquela que primeiro comparecer.

ERRADA: Será privilegiada aquela que figurar primeiro na ordem de


preferência estabelecida pelo art. 24, § 1° do CPP;

D) As fundações, associações ou sociedades legalmente


constituídas poderão exercer a ação penal privada.

CORRETA: Esta é a previsão contida no art. 37 do CPP: Art. 37. As


fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão
exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos
contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus
diretores ou sócios-gerentes;

E) No caso de ação penal privada exclusiva, o Ministério Público


pode recorrer se o acusado for absolvido.

ERRADA: No caso de ação penal privada exclusiva, dado o interesse


meramente privado, não cabe ao MP recorrer se o acusado for absolvido,
pois essa função é de atribuição do querelante, que é o titular da ação
penal.

17 - (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR)

Em relação às ações penais públicas condicionadas, o Código de


Processo Penal prevê a possibilidade de retratação da

A) representação do ofendido até o oferecimento da denúncia.

B) representação do ofendido até o recebimento da denúncia.

C) requisição do Ministro da Justiça até o oferecimento da


denúncia.

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D) requisição do Ministro da Justiça até o recebimento da
denúncia.

E) representação do ofendido e da requisição do Ministro da


Justiça até o recebimento da denúncia.

COMENTÁRIOS: A retratação é o fenômeno pelo qual a parte ofendida


se arrepende da representação feita anteriormente, e manifesta seu
desejo de revogá-la. A Doutrina só a admite no caso de retratação da
representação do ofendido, e não no caso de requisição do Ministro da
Justiça. Nos termos do CPP (art. 25 do CPP), a retratação só pode ocorrer
até o oferecimento da denúncia. Desta forma, a alternativa correta é a
letra A.

18 - (FCC – 2010 – MPE-SE – ANALISTA – DIREITO)

Dispõe o Código de Processo Penal que será admitida ação privada


nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal. Essa regra constitui exceção ao princípio da

A) indisponibilidade

B) legalidade

C) intranscendência

D) obrigatoriedade

E) oficialidade

COMENTÁRIOS: A ação penal privada subsidiária da pública é


modalidade de ação penal na qual, embora originariamente pública,
submetida ao oferecimento pelo órgão oficial do Estado (MP), a ação
penal passa a poder ser ajuizada pelo ofendido, em razão da inércia do
órgão oficial do Estado. Desta forma, constitui-se em exceção ao princípio
da oficialidade. Assim, a alternativa correta é a letra E.

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19 - (FCC – 2011 – TRT 1RG – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
SEGURANÇA)

A ação penal que só pode ser proposta pelo ofendido, não se


estendendo esse direito ao cônjuge ou aos sucessores em caso de
morte ou ausência, denomina-se ação penal

A) privada subsidiária da ação pública.

B) pública incondicionada.

C) privada exclusiva.

D) privada personalíssima.

E) pública condicionada.

COMENTÁRIOS: Esta é a definição de ação penal personalíssima. Trata-


se de modalidade de ação penal privada exclusiva, cuja única diferença é
que, nesta hipótese, somente o ofendido (mais ninguém, em hipótese
nenhuma!) poderá ajuizar ação. Assim, se o ofendido falecer, nada mais
haverá a ser feito, estando extinta a punibilidade, pois a legitimidade não
se estende aos sucessores, como acontece nos demais crimes de ação
privada. Desta forma, a alternativa correta é a letra D.

20 - (FCC – 2011 – TRF 1°RG – ANALISTA JUDICIÁRIO –


EXECUÇÃO DE MANDADOS)

A ação penal ajuizada pelo ofendido ou por quem tenha condições


de representá-lo, nos crime de ação pública, quando não for
intentada pelo Ministério Público no prazo legal, denomina-se
ação penal

A) privada exclusiva.

B) pública incondicionada.

C) privada subsidiária da pública.

D) pública condicionada.

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E) privada personalíssima.

COMENTÁRIOS: Conforme estudamos, a ação penal privada promovida


pelo ofendido nos casos em que originariamente se trata de ação penal
pública, é a ação penal privada subsidiária da pública, que só é admitida
no caso de inércia do órgão oficial do Estado (MP) em oferecer a
denúncia, quando este não o faz no prazo legal. Está prevista no art. 29
do CPP. Assim, a alternativa correta é a letra C.

21 - (FCC – 2010 – TCE/AP – PROCURADOR)

No tocante à ação penal, é correto afirmar que

A) não se admite renúncia tácita, no caso de ação penal de


iniciativa privada.

ERRADA: É plenamente admissível a renúncia tácita, que ocorre quando


a vítima, mesmo não declarando expressamente que renuncia ao direito
de queixa, pratica ato incompatível com o exercício do direito de queixa,
como, por exemplo, se casa com o infrator;

B) considerar-se-á perempta a ação penal quando, após iniciada, o


Ministério Público deixar de promover o andamento do processo
ou dele desistir.

ERRADA: Em virtude do princípio da indisponibilidade da ação penal


pública (cujo titular é o MP), não ocorre perempção nos processos de
ação penal pública, nos termos do art. 60 do CPP;

C) a representação será retratável, depois de recebida a denúncia.

ERRADA: A representação só é retratável até o oferecimento da


denúncia, nos termos do art. 25 do CPP;

D) o prazo para oferecimento da denúncia será de 8 (oito) dias,


estando o réu preso, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto
ou afiançado.

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ERRADA: O prazo para oferecimento da denúncia é, em regra, de 05 dias
para o caso de o indiciado estar preso e de 15 dias no caso de indiciado
solto, nos termos do art. 46 do CPP. Cuidado para não confundirem com o
prazo do IP! O prazo para conclusão do IP é de 10 dias para o caso de réu
preso e de 30 dias para o caso de réu solto. É só lembrarem que os
prazos para oferecimento da denúncia pelo MP são a metade dos prazos
para conclusão do IP;

E) as fundações, associações ou sociedades legalmente


constituídas poderão exercer ação penal.

CORRETA: Esta é a previsão contida no art. 37 do CPP: Art. 37. As


fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão
exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos
contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus
diretores ou sócios-gerentes.

22 - (FCC – 2005 – PGE/SE – PROCURADOR DE ESTADO)

A perda do direito de representar ou de oferecer queixa, em razão


do decurso do prazo fixado para o seu exercício, e o de continuar
a movimentar a ação penal privada, causada pela inércia
processual do querelante, configuram, respectivamente,

A) prescrição e perempção.

B) perempção e decadência.

C) prescrição e decadência.

D) decadência e perempção.

E) decadência e prescrição.

COMENTÁRIOS: A perda do direito de representar ou oferecer a queixa


ocorre pelo fenômeno da decadência, que ocorre quando o ofendido não
pratica o ato no prazo de seis meses a contar do dia em que teve ciência
da autoria do delito, nos termos do art. 38 do CPP. Por sua vez, a perda

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do direito de prosseguir na ação penal em razão da inércia do querelante
traduz o fenômeno da perempção, nos termos do art. 60 do CPP. Assim, a
alternativa correta é a letra D.

23 - (FCC – 2006 – TRF 1° RG – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)

A ação penal privada subsidiária da pública pode ser ajuizada pelo


ofendido ou por quem tenha qualidade para representá-lo se

A) não concordar com os termos da denúncia apresentada pelo


Ministério Público.

B) o Ministério Público tiver requerido o arquivamento do


inquérito policial.

C) a denúncia apresentada pelo Ministério Público for rejeitada


pelo Juiz.

D) o Ministério Público tiver devolvido o inquérito à polícia para


novas diligências.

E) a ação penal pública não for intentada no prazo legal.

COMENTÁRIOS: A ação penal privada subsidiária da pública é hipótese


excepcional em nosso sistema jurídico, eis que, em regra, somente o MP
pode ajuizar a ação penal nos crimes de ação penal pública. No entanto, a
ação penal privada subsidiária é admitida na hipótese de inércia do MP em
oferecer a denúncia, que se caracteriza quando esta não é intentada no
prazo legal previsto no art. 46 do CPP, conforme previsão do art. 29 do
CPP. Assim, a alternativa correta é a letra E.

24 - (FCC – 2007 – TRF 3 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)

No crime complexo, a ação penal é

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A) pública incondicionada, se qualquer dos crimes componentes
do tipo deva ser apurado por iniciativa do Ministério Público.

B) pública condicionada, mesmo que qualquer dos crimes


componentes do tipo deva ser apurado por iniciativa do Ministério
Público, desde que em relação a outro ou outros a sua ação
dependa de representação.

C) pública incondicionada em relação aos crimes componentes do


tipo que são dessa natureza e privada ou pública condicionada em
relação a outro ou outros que sejam de iniciativa privada ou
sujeito a representação.

D) pública ou privada, dependendo de acordo entre o Ministério


Público e o ofendido ou seu representante legal.

E) privada, se um dos crimes componentes do tipo for dessa


natureza, mesmo que outro ou outros devam ser apurados por
iniciativa do Ministério Público.

COMENTÁRIOS: Apesar de inócua, a previsão do art. 101 do CP é a


seguinte: Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes,
cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer
destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Assim, sendo de ação pública
incondicionada em relação a qualquer dos crimes componentes do crime
complexo, a ação penal relativa a este será também pública
incondicionada. A regra é completamente inútil, na medida em que o
crime complexo é um crime autônomo. Assim sendo, das duas uma: a)
Ou a lei nada dirá acerca da ação penal relativa a este crime, e a ação
penal será pública incondicionada (e o art. 101 será inútil); b) Ou a lei
especificará a ação penal para o crime (e por ser específica, será aplicada,
ao invés do art. 101, que é genérico). Assim, este art. 101 do CP não

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serve para absolutamente nada (só para cair em concurso, rs).
Sendo assim, a alternativa correta, é a letra A.

25 - (CESPE – 2011 – TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE


EXTERNO)

O menor de dezoito anos de idade é isento de pena por


inimputabilidade, mas é capaz de agir com dolo, ou seja, é capaz
de praticar uma ação típica.

COMENTÁRIOS: Considerando que a inimputabilidade é analisada na


terceira fase de análise do delito, ou seja, na culpabilidade, nada impede
que um cidadão inimputável pratique uma conduta típica, e, portanto, aja
com dolo, eis que o dolo (assim como a culpa, elementos subjetivos do
delito) encontra-se situado no fato típico, entendimento adotado após o
finalismo de Hans Welzel.

Portanto, a ALTERNATIVA ESTÁ CORRETA.

26 - (CESPE – 2011 – TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE


EXTERNO)

São causas de exclusão da culpabilidade, expressamente previstas


no Código Penal brasileiro, a coação moral irresistível e a ordem
não manifestamente ilegal de superior hierárquico.

COMENTÁRIOS: De fato, a coação moral irresistível e a obediência à


ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico estão previstas
expressamente no CP como causas de exclusão da culpabilidade.
Vejamos:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita


obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

27 - (CESPE – 2011 – TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE


EXTERNO)

A prescrição, ao contrário do perdão judicial, é causa de extinção


da punibilidade.

COMENTÁRIOS: Tanto a prescrição quanto o perdão judicial são causas


de extinção da punibilidade, previstas no art. 107, IV e IX do CP:

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº


7.209, de 11.7.1984)

(...)

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

(...)

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

A prescrição é a extinção da punibilidade pelo decurso do tempo. Já o


perdão judicial é o reconhecimento judicial de que não há necessidade de
aplicação da pena, concedendo-se perdão ao condenado. Somente é
cabível nos casos expressamente previstos em lei.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

28 - (VUNESP – 2002 – SEFAZ/SP – AGENTE FISCAL DE RENDAS)

São causas de exclusão da ilicitude:

a) a legítima defesa, o exercício regular de direito e a coação


irresistível.

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b) a obediência hierárquica, a coação irresistível e a desistência
voluntária.

c) o arrependimento eficaz, o arrependimento posterior e o estrito


cumprimento do dever legal.

d) o estado de necessidade, a obediência hierárquica e a


desistência voluntária.

e) o exercício regular de direito, o estrito cumprimento do dever


legal e o estado de necessidade.

COMENTÁRIOS: As causas de exclusão da ilicitude (ou exclusão da


antijuridicidade) estão previstas no art. 23 do CP. Vejamos:

Exclusão de ilicitude(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de


direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Assim, vemos que a alternativa CORRETA É A LETRA E.

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1) ALTERNATIVA B
2) CORRETA
3) CORRETA
4) CORRETA
5) ERRADA
6) ERRADA
7) CORRETA
8) CORRETA
9) ERRADA
10) ERRADA
11) CORRETA
12) CORRETA
13) ALTERNATIVA D
14) ALTERNATIVA B
15) ALTERNATIVA C
16) ALTERNATIVA D
17) ALTERNATIVA A
18) ALTERNATIVA E
19) ALTERNATIVA D
20) ALTERNATIVA C
21) ALTERNATIVA E
22) ALTERNATIVA D
23) ALTERNATIVA E
24) ALTERNATIVA A
25) CORRETA
26) CORRETA
27) ERRADA
28) ALTERNATIVA E

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 85 de 85

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