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CAPITULO REFORCO DE FUNDACOES 12.A- REFORCO DE FUNDACOES CONVENCIONAIS: ‘MAUR! GOTLIEB 12.1 INTRODUCAO, presente capitulo visa discorrer sobre 0 as- ‘sunto relativo as subfundagdes que abrangem tan- to a substituicao como os reforcos de fundagses existentes, Estes servigos servem para renovar ou aumentar a seguranca da fundagio original, em virtude do seu mau desempenho ou de aumento do carregamento por ampliagio de reas ou mu- danga do tipo de uso da edificacao. Por se tratar de trabalhos muitas vezes peri gosos, sempre delicados, em geral onerosos € causadores de transtornos aos usuarios da obra, é necessirio que se realizem estudos e orcamentos cuidadosos para uma avaliacao adequada da viabilidade e conveniéncia de tais servicos. 12.2 CONCEITOS DE REFORCO DE FUNDACAO, Os reforgos de fundagio representam uma in- tervencio no sistema solo-fundacao-estrutura exis- tente, visando modificar seu desempenho. Tal in- lervengio faz-se necessiria nos casos em que as fundagdes existentes se mostrem inadequadas para, (0 suporte das cargas atuantes ou, ainda, quando ‘ocorrer um aumento no carregamento e este novo valor no puder ser absorvido sem riscos e redu- (Oes considerdveis nos coeficientes de seguranca. 12.2.1 Manifestacées Quando ha um mau desempenho de uma fun- dagao, aparecem manifestagoes decorrentes deste fato através de danos que podem ser verificados; ‘+ nas proprias pecas de fundacao, pela deteriora. ‘Glo dos materiais que as compéem, com a con- seqiiente perda de resisténcia, Nas pecas em conereto armado ocorrem deformagoes exces sivas, perda de recobrimento da armadura, oxi- dacao das barras de aco, esmagamentos, ruturas, fissuras etc. Nas estacas metélicas surgem as oxi dagdes e/ou corrosoes. Nas estacas de madeira corre o seu apodrecimento principalmente na regilo do topo, com perda de material, e * na obra como um todo, pelos recalques € desaprumos. (Foto 12.0), r 12.2.2 Danos Como decorréncia do mau funcionamento das fundagSes, manifestam-se danos de tes tipos dis- tintos € que podem ser definidos como sendo: + danos arquitetonicos, que sto aqueles que com- prometem a estética da edificacao, como, por exemplo, trincas em paredes e acabamentos, rompimento de painéis de vidro ou masmore etc, Neste caso, © reforgo € oplativo, pois nao envolve riscos quanto a estabilidade da cons. trugdo (Foto 12.2); ‘+ danos funcionais, que sto aqueles causados a uti- lizagio da edificagio, tais como refluxo ou runura de rede de esgotes e/ou jguas pluviais, desgaste excessivo dos tnlhos-guia de elevadores, mau func ‘onamento de ports ¢ janelas etc. A partir de certos limites, seré necessirio 0 reforgo, uma vex. que po- dem advir wanstomos no uso da construgo, © * danos estruturais, que so aqueles causados & trutura propriamente dita, isto €, pilares, vie gas € lajes. Nesta situaco, 0 reforco & sempre ecessario, pois a sua auséncia implica instabi- lidade da construcz0, podendo até mesmo leva Ia ao colapso, (Foto 12.3) rerorcooerunpacoes | 471 Foto 12.3 -Esmagamento de pil 12.2.3 Causas dos Danos De maneira geral, as causas provaveis para o ‘mau desempenho de uma fundagao sao; + auséncia, insuficiéncia ou ma: qualidade das in- vestigagdes geotécnicas; * ma interpretagio dos resultados da investiga- ‘sao geotéenica; + avaliagdo errénea dos valores dos esforcos pro- venientes da estrutura; + adocao inadequada da tensio admissivel do solo, ou da cota de apoio da fundacao, 472 | runoncoes: TeORAE PRATICA ‘modelos inconvenientes de cilculo das funda oes; ma execucio por impericia ou mé-fé da mao- de-obra, sequéncia construtiva inadequada, ma qualidade dos materiais empregados etc.; influéncias externas, como, por exemplo, vacdes ou deslizamentos nao pre 7 agressividade ambiental, enchentes, constr ($Oes vizinhas ete. modificagio no carregamento devido 2 mu danga no tipo de utilizac2o da estrutura, como. ‘no caso de transformacio para armazenamento denso de produtos pesados; € ‘sampliagdes de areas e/ou acréscimo de andares. E importante ressaltar que os danos podem ser causados por um tnico fator ou pela combinagto de dois ou mais, 12.3 DIAGNOSTICO © diagnostico do problema é fundamental para permitir uma diretriz. adequada na decisio da ne- cessidade ou ndo da aplicagao de reforgos. Este diagndstico visa conhecer o mecanismo € as cau sas dos danos ocorridos, resultando dai a defini ¢20 do tipo, da técnica e’do dimensionamento do, reforgo a ser empregado, Para se chegar a um bom diagnéstico, 08 se- guintes procedimentos sao aconselhaveis inventariar os danos ocorridos para quantificar € interpretar 0 dlirecionaniento dos movimentos, cexecutar novas sondagens €/ou ensaios geotécnicos de campo ou de laboratori instrumentar a obra para avaliar a magnitude € a velocidade das deformagoes, 12.4 CARACTERISTICAS DOS REFORCOS Dentro do tema de reforgos de fundagio, po- dem ser caracterizados alguns tipos de servigos assiveis de serem classificados, como a seguir 12.4.1 Reforco Permanente Aquele que se torna necessirio em termos defini- tivos, em virtude do mau desempenho das funda- ‘90es originais. Seria também o caso de um aumento ho caregamento aplicado as fundagdes, em fungio dc ampliagses ou de modificagdes na utlizacdo da cedificagZo. Sua implantacao visa complementar a ci- acidade de suporte das fundacoes existentes 12.4.2 Reforco Provisério nas fundagoes existentes, para que se possa pro ceder aos trabalhos de reforgo ou substituicao das pecas de fundagdo. Como exemplo, vide Figura Aquele que € aplicado somente para permite que sch efettaos os sewigos de rfoges pemaren,—121-€FOWO 125 tes, ou para que uma fundaio possa ser sobrecamegadla provisoriamente para atender a uma condicao especial de curta duragsio. Seriam os casos em que, mesmo nao sendo desfeitos, 0s reforcos nao seria necessirios partir de um determinado instant. 12.4.3 Substituico de Fundacées ‘Trata-se_do caso em que se tora necesséria a modificagio de uma fundacao por outra, Na reali- dade, nao seria um reforgo das pecas existentes originalmente, mas a substituicao por outras t0- talmente novas e sem que tenham que ser, obti gatoriamente, do mesmo tipo das antigas. Um exemplo muito comum deste procedimento & a submuracio, que consiste na transleréncia do care ‘mento de um nivel para out mais abaixo (Poto 12.4) Foto 12.5 Escoramento auniiar 12.5 TIPOS DE SOLUGOES As solugdes para os servigos de reforcos so ‘muito variadas € dependem’ das condicionantes do problema em questio, tais como: tipo de solo, ungencia, fundacdes existentes, nivel de carrega mento ¢ espaco fisico disponivel. Assim, podem-se relacionar alguns tipos, sem que, necessariamente, sejam todos viiveis para um mesmo problema. Foto 12.4-Submuragio Fig. 12.1 - Escoramento auxiliar de paredes 12.4.4 Escoramentos Auxiliares para a 12: Execugao de Reforcos 1 Reparo ou Reforco dos Materiais Aqui cabem os casos em que © problema estaria Sio utilizados quando se torna necessério redu- na deterioragdo dos materiais que constituem os ele 2ir ou retirar, provisoriamente, 0 catregamento _ mentos de fundacio. Seriam casos, como, por exem: rerorcoveruncacces | 473 plo, da ocorréncia de agressio ao concreto ou ‘corrosio das armaduras que constituem as sapatas, de fundacio, as estacas, os tubuldes ou, ainda, os blocos de capeamento ou coroamento sobre as es- tacas e 08 tubuldes, Trati-se, portanto, de um pro- blema dipicamente estrutural, no associado 3 trans- feréncia de carga para 0 solo, 12.5.2 Enrijecimento da Estrutura Pode-se considerar uma solugio por enrijecimento da estrutura, para os casos em que se estivesse procurando, apenas, minimizar os recalques diferenciais que estariam ocortendo. Este enrijecimento poderia ser alcangado através de implantagoes de vigas de rigidez interligando as fundagoes (Fig. 12.2) ou a introdugao de pecas cestruturais capazes de gerar o.travamento da es- trutura (Fig, 12.3). es = Fig, 12. Ennijecimento da estuturs 12.5.3 Aumento da Area de Apoio ate caso aplica-se is fundagdes por sapatas ‘ou tubuldes, onde a transferéncia de carga para 0 solo ocorre, basicamente, pela superficie horizontal de contato'da fundagao com o solo, Estes refor- 474 | cunoacdes:1eown eFRATICA os seriam ocasionados por um aumento das car- 488 originais, ou por ter sido adotado um valor inadequado para a tensio admissivel do solo. Constitui-se na ampliacio da seco em planta da sapata ou da base do tubulao, efetuada por meio de um “enxerto”. Este, em geral, € caracteri- zado pelo chumbamento de ferragens na peca existente, apicoamento de suas superficies € 0 uso de resinas colantes, bem como tracos especiais do novo conereto a ser aplicado que, por exem- plo, garanta uma forte retragao para a melhor li ga20 entre o concreto antigo e o novo (Fig, 12.4). ¢ k I Fig. 12.4 Aumento de tamanho de base de tubuldo 12.5.4 Estacas Prensadas Este tipo de reforgo constitui-se na instalacio de pequenos elementos superpostos de estacas, (os quais podem ser compostos por pecas de con- creto armado vazadas ou perfis metalicos. Sao cra- vados através clo emprego de macaco hidriulico que reage contra uma cargueira (Fig, 12.5), contra a estrutura ou contra a fundacio jé existente (Fig, 12.6). Estas estacas sao também conhecidas sob a denominagio de Estacas Mega (Fotos 12. 6€ 12.7). Foto 12.6 - Partes componentes de estacas prensadas Foto 12.7 - Cravagio de estacas prensadas As estacas so constituidas por segmentos da ordem de 0,50 4 1,00 metro, conforme as condi. ‘s0cs locais. Pelo fato de serem introduzidas no terreno por meio de macacos hidraulicos e em Pequenos segmentos, este tipo de reforgo mos ta-se bastante conveniente, pois pode ser exec tado em locais pequenos € de dificil acesso a0 pessoal © a0 equipamento. Além disso, nao ind em vibragoes, reduzindo os riscos de instabilida. de que possam existir devido a precariedade das fundagdes defeituosas, A seguranca da obra, que fest sendo reforcada, & aumentada instantanea. ‘mente apos a instalagio de cada estaca. A sequen. cia de execucto esta apresentada na Figura 12.7 As estacas de concreto so vazadas, tanto que do comumente chamadas de tubos. £ usual que, ao terminar a instalagao da estaca ¢ antes de seu. encunhamento contra a estrutura, sejam coloca- das uma ou mais barras de ago no interior do ci culo vazado e 0 mesmo preenchido com concre- to. Tal medida visa dar uma cera continuidade centre os diversos segmentos Muitas vezes torna-se necessirio executar vigas de concreto armado sob as paredes ou embutidas ‘nas mesmas, pois as alvenarias nao seriam caps zes de suportar, diretamente, os esforcos aplica dos pelo macaco hidriulico (Foto 12.8). ara reagso, Bi RRR RRA RN RRRRRR, hil HY [Hi] sesrce HA estace —T Fig. 12.6 Reagao contra a estrutura existente 12.5.5 Estacas Injetadas Estas estacas so denominadas estacas-raiz, microestacas € pressoancoragens ¢ so executa, das por perfuragio com circulagao de agua. Os equipamentos para execugao deste tipo de estaca caracterizam-se por suas pequenas dimensdes, Permitindo 0 acesso a locais com limitagdes de altura como, por exemplo, os subsolos de edificios. ‘Mais detalhes deste tipo de estaca estao descritos no capitulo 9, ‘Tem a vantagem de nao ocasionar vibragoes durante sua implantagao, as quais poderiam pre. judicar ainda mais as condigoes de instabilida. de das fundagdes j4 doentias. Por outro lado, deve-se considerar que a injegao ¢ circulagao Reronco pe runaacoes | 475 de agua sob as fundac6es problemiticas podem vir a instabilizar ainda mais as condigoes exis- tentes. Podem ser instaladas inclinadas ou verticalmente a0 lado das pecas a serem reforcadas ou, ainda, perfurando as sapatas ou blocos de coroamento, sendo incorporadas nestas pecas (Fig, 12.8). 6505525 esiace Rae ne Fig. 12.7 - Seqdncia executiva de estacas prensadas |. 12.8 Reforgos por estacas Tale 476 | runoactes:teoReredricn 12.5.6 Estacas Convencionais Nos casos em que haja altura suficiente para a instalagdo de um bate-estacas, € possivel considerar-se 0 emprego de estacas um tanto mais convencionais de concreto armado ou protendido, ou ainda estacas metalicas por perfis soldados, laminados, trilhos ou tubos de parede grossa. Em geral, sero necessirias, emendas, pois raramente 0 pé-direito dispo- nivel ser tal que permita a cravacio de pe- ‘cas Gnicas, Ainda € possivel, nestes casos, considerar-se 0 uso de estacas moldadas “in-loco” tipo Strauss, pois 0 equipamento, constituido por um tripé, em ‘geral consegue ser instalado em locais com pé-irei- to.um tanto restrto (cerca de 5,0 metros), Neste C280, hd necessidade do uso de tubos de revestimento de pequeno comprimento (cerca de 2,0 metros). re OE cor |

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