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Material Teórico
Positivismo
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Positivismo
Prezado(a) aluno(a)
Espero que aproveite este momento para refletir sobre a importância da metodologia e da
teoria para a pesquisa histórica. Por isso, leia o material com atenção, anote as dúvidas, use
o material complementar para ampliar seu conhecimento sobre o tema e realize as atividades
com atenção e cuidado.
Bom estudo!
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Unidade: Positivismo
Contextualização
Toda pesquisa exige um método. Imagine como seria se as pesquisas fossem feitas da
maneira que o pesquisador quisesse, sem um método, sem normas a serem seguidas ou até
mesmo sem fundamentação ou comprovação do que se estuda.
A ciência seria levada a sério?
Nessa unidade, conheceremos um pouco mais sobre como se iniciaram nas pesquisas o
uso do método, da escolha de teorias que vão fundamentá-lo e da comprovação científica
do fato estudado.
Isso é importantíssimo para as pesquisas acadêmicas e para o trabalho do historiador,
pois tornam a pesquisa histórica não somente mero relato factual, mas um trabalho com
a devida análise crítica.
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A Historiografia e a objetividade da Ciência
Grande parte dos pesquisadores baseiam suas análises no método marxista, que é
considerado o mais famoso de todos; entretanto, existem diversas outras correntes
historiográficas, incluindo o tema desse nosso capítulo – o Positivismo – corrente que,
primeiro, pensou na história como ciência. Como destaca Lowy: “...a objetividade nas
ciências humanas é decorrente de (...) três grandes correntes de pensamento: o positivismo,
o historicismo e o marxismo” (2003, p. 9).
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Unidade: Positivismo
O tempo de Comte
Para que se entenda o pensamento comtiniano, é necessário ter um panorama do que
aconteceu nos séculos XVIII e XIX, tendo em vista que as constantes mudanças ocorridas neste
período não só tiveram um cunho intelectual, mas, principalmente, político e econômico, que
estão fortemente refletidas em suas obras.
Resultados:
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Comte
Comte nasceu na França no pós-Revolução Francesa, era
de uma família de classe média, com posses, e, como tal,
teve uma formação de excelência. Estudou engenharia na
politécnica. Ministrou aulas durante algum tempo, mas acabou
se afastando por problemas emocionais. Sem recursos, foi
financiado por seus seguidores, dentre eles: John Stuart Mill,
Pierre Laffitte, Emile Littré.
Ministrou diversas palestras, dentre elas a que deu origem a sua
principal obra ‘Sobre o Espírito Positivo’; nela, explica sua principal
teoria: a lei dos três estados (que veremos mais adiante).
Apaixonou-se e viveu um amor platônico com Clotilde de Voux,
que o ajudou a fundar a religião da humanidade. Segunda fase de suas Fonte: Wikimedia Commons
teorias e fonte das principais críticas ao seu trabalho.
Comte morre em 1857, sozinho e sem o devido reconhecimento de sua obra na Europa;
entretanto, deixou muitos seguidores aqui no Brasil.
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Unidade: Positivismo
Positivismo
Por se tratar de um método científico, todas as verdades para Comte não são absolutas.
Dessa forma, ao observar a sociedade, percebeu a evolução histórica presente nesse
percurso, criando, assim, suas teorias e concepções baseadas nessa evolução.
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Assim, a primeira constatação do mesmo, foi a de que cada fato e ramo do conhecimento,
passa por três estados históricos diferentes:
··O primeiro se caracteriza como ponto de partida necessário para o desenvolvimento
da inteligência humana;
··O segundo é destinado a ser somente de transição para o terceiro e último estado
que é fixo e definitivo.
Segundo Comte (1983, pp. 59 e 60; pp. 101 a 115), o estado Teológico, como fase
inicial, é importante, pois adquire um caráter espontâneo, sem o qual não se chegaria ao
estado definitivo, já que é o único estado possível na origem.
Essa primeira fase é subdividida em fetichista, ou seja, atribuição a fenômenos internos para
explicar os fatos - como exemplo, temos o deus vento, ele faz parte da nossa realidade, porém
é atribuído a ele forças sobrenaturais. Já no politeísmo, essa atribuição é para seres superiores
à nossa realidade, ou seja, a divindades míticas. E, por último, o monoteísmo, decadência
dessa fase, em que há atribuição sobrenatural a um único deus. O método utilizado pelos
teólogos é a imaginação, sem base científica.
A segunda é necessária por ser uma filosofia transitória, fase anterior ao estado Positivo,
por que não reagimos ao brusco; por isso, passamos pelo estado Metafísico, para que
possamos, então, evoluir. Assim, ainda crendo no sobrenatural, aprendemos lentamente a
nos fixar somente nos fatos em si, sem pensar em sua causa. Nessa fase, as explicações ainda
são sobrenaturais, porém com base na natureza; os próprios fenômenos são, em parte, uma
divindade, logo, inicia-se a observação do mesmo, o que para Comte já representa uma
evolução. Para compreensão dessa divindade, é necessário o questionamento; por isso,
a importância de adaptação para um novo estado. O método utilizado pelos metafísicos
é a argumentação.
E, por último, a importância do estado Positivo é, por intermédio da observação,
comprovar cientificamente, os fenômenos que cercam a evolução da humanidade.
Comte (1975, pp. 7 e 8) acreditava que o progresso causa a desordem e a ordem atrapalha
o progresso. Por isso, em uma sociedade positiva, deveria haver duas forças antagônicas
que ao mesmo tempo em que trazia o progresso a outra reinstalaria a ordem, seriam os
conservadores (ordem) e os anarquistas (progresso, a revolta).
Para que toda a sociedade sofresse transformações concretas, era necessário que cada
componente da sociedade, no seu tempo, alcançasse o estado positivo, único possível em uma
sociedade desenvolvida.
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Unidade: Positivismo
Comte cria, ainda, uma sétima ciência, a Moral, essas ciências em conjunto são
denominadas por Comte de Hierarquização do conhecimento. É necessário, para se
alcançar o estado positivo, que a inteligência humana passe por sete tipos de ciências
essenciais para chegar ao estado científico.
Agrupadas em quatro categorias, segundo Comte (1983, p. 9): a física celeste (fenômenos
astrológicos), a física terrestre (química e física), a física orgânica (fenômenos fisiológicos) e
a física social (fenômenos sociais).
Nesta definição, não há o conceito de inferior e superior. Assim, sem saber a matemática,
física e química, não é possível conhecer a biologia. Dessa forma, as matérias não se
substituem e sim se completam, pois só abrangendo todos os assuntos é que será possível
para a humanidade superar a fase teológica e metafísica.
Entre todas as ciências descritas por Comte, a ciência social é uma das únicas que mantém
o elo entre o tempo lógico (dedução) e o científico (comprovação), pois a necessidade de
uma ciência social consiste, para o autor, em sistematizar o real de todos os pensamentos
humanos, promover a ordem e progresso, ligar as diversas populações desenvolvidas por
meio da mesma educação geral e fixar princípios na vida pública, vida privada, julgamento
e conduta intelectual.
Para tanto, Comte (1983, p. 52) formula a Lei da Estática e da Dinâmica Social, como
comprovação científica dos fenômenos sociais para explicar e prever, respectivamente,
o presente e o futuro.
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Teoria da Estática e da Dinâmica social
“A Ciência Social, isto é, a Sociologia Positiva, compõe-se de duas
partes: uma que constrói a Teoria da Ordem - A Sociologia Estática,
e a outra, que desenvolve a Teoria do Progresso- A sociologia
Dinâmica. Essas Leis Naturais Estáticas e Dinâmicas explicam o
Diálogo com o Autor
consensus e a evolução em toda a sociedade”.
COMTE, Auguste. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo: Editora Abril, 1983.
(Coleção Os pensadores). p. 113.
Religião da Humanidade
Após a morte de Cloutilde de Voux, Comte formula os passos para uma religião da
humanidade, não como pensamos religião, mas voltada a uma reorganização moral ligadas a
sua máxima de ordem e progresso. Até hoje, existem Igrejas positivistas, principalmente, no
Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
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Unidade: Positivismo
Positivismo no Brasil
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Positivismo
A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos lá na Bíblia quem os diz
Que também faleceu por ter pescoço
O autor da guilhotina de Paris
A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos lá na Bíblia quem os diz
Que também faleceu por ter pescoço
O infeliz autor da guilhotina de Paris
Vai, orgulhosa, querida
Mas aceita esta lição:
No câmbio incerto da vida
A libra sempre é o coração
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Unidade: Positivismo
Que também faleceu por ter pescoço Alusão à Revolução Francesa, principalmente, durante
o governo dos Jacobinos, que levaram à guilhotina
O autor da guilhotina de Paris diversos nobres e membros da realeza.
Desprezastes esta lei de Augusto Comte Alusão ao amor não correspondido de Comte e
E fostes ser feliz longe de mim Clotilde de Voux.
Olha que contraditório, ao pensar na ciência como algo objetivo e livre das paixões, Comte
deixou uma obra marcada pela sua experiência de vida - tanto pessoal, quanto acadêmica,
mostrando que, na ciência, o método garante a seriedade da pesquisa, mas não garante que
ela não seja um relato apaixonado do pesquisador.
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Material Complementar
Sites:
Vale ressalvar que apesar desse material ser marcado pela subjetividade, pode contribuir
para a análise crítica de como foi e está a Igreja positiva no Brasil:
http://www.igrejapositivistabrasil.org.br
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Unidade: Positivismo
Referências
COMTE, Auguste. Curso de filosofia positiva. São Paulo: Editora Abril, 1983.
________________. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo: Editora Abril, 1983.
(Coleção Os pensadores).
HOBSBAWM, Eric. A Era das revoluções: 1789-1848. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2000.
LINS, Ivan. História do positivismo no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967.
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Anotações
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