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FRESCO
RESUMO
Este artigo apresenta uma discussão à cerca da necessidade de uma reflexão dos diversos
fatores que podem influenciar no comportamento reológico das argamassas de revestimento no
estado fresco. Esta tendência de estudo vem se evidenciando com certa rotina nos últimos anos,
principalmente devido ao surgimento de uma gama considerável de materiais voltados para a
produção de argamassas industrializadas. Sendo que os atuais modelos de caracterização das
argamassas no estado fresco apenas permitem uma análise qualitativa destas. Porem sabe-se que o
conhecimento dos princípios que determinam tais comportamentos é de grande importância para o
proporcionamento de argamassas trabalháveis (parâmetro de essencial importância para o meio
técnico, na maioria das vezes tratada empiricamente pelos profissionais da área), bem como para a
escolha dos métodos e equipamentos adequados de aplicação (quando na execução dos
revestimentos: aplicação manual, mecânica, dentre outros).
1. INTRODUÇÃO
O estudo das argamassas de revestimento no estado fresco tem sua parcela de importância
uma vez que estas são na grande maioria manuseadas e aplicadas ainda no estado fresco. Dentre os
fatores que determinam o comportamento dessas argamassas, destaca-se principalmente as
características da composição da mistura (cimento, agregados, teor de água, adições, aditivos), os
métodos de transporte e aplicação a serem utilizados bem como o local de aplicação definido pelo
tipo de substrato (1).
Outro assunto bastante discutido atualmente, diz respeito à falta de métodos confiáveis e
precisos para avaliação das argamassas quanto aos critérios que classifiquem estas como
trabalhabilidade (1), (2), (3). Este fato vem se evidenciando com certa rotina nos últimos anos,
principalmente devido ao surgimento de uma gama considerável de argamassas industrializadas e
principalmente novos materiais como aditivos (incorporadores de ar, retentores de água, dentre
outros) (4), adesivos (5), fibras sintéticas (6), dentre outros. Sendo cada vez mais necessário estudar o
comportamento destes com um enfoque na ciência dos materiais, em específico nos conceitos
reológicos.
O presente artigo pretende contribuir com uma discussão sobre os diversos fatores que podem
influenciar no comportamento reológico das argamassas no estado fresco, tendo em vista meios que
possibilite caracterizá-la para certos critérios de trabalhabilidade (enfoque reológico). Este assunto, na
maioria das vezes, é pouco explorado pelos tecnologistas da área de argamassas pelo seu enfoque
extremamente científico.
Área A
y
Lâminas de
líquido
F
= τ = ηγ (1)
A
Ferraris(7) apresenta uma ampla revisão bibliográfica à cerca de modelos utilizados para
descrever o comportamento reológico de composições como pastas de cimento, argamassas e
concretos. Alguns destes modelos são apresentados na Tabela 1.
A Figura 2 mostra alguns dos tipos idealizados de curvas que podem ser obtidas quando a
tensão de cisalhamento é avaliada em função da taxa de cisalhamento. Todas as curvas
apresentadas podem ser descritas por uma das equações da Tabela 1.
3
Tensão de cisalhamento
2 4
T a xa d e cisa lh am e n to
1 - N e w to n ia n e P o w e r n= 1, 2 - B in g ha m
3 - P o w e r n >1 , 4 - P o w e r n < 1
Esta claro que, no geral, as definições são apenas descritivas e algumas propriedades são de
difícil mensuração. Em campo, as situações são freqüentemente diversas porque estes termos são
usados diferentemente por várias pessoas envolvidas (engenheiros, pedreiros, dentre outros). Sendo
definidos de acordo com o sentimento das pessoas e não são baseados no comportamento físico do
material. Ainda sobre o assunto Bauer (2) salienta que a avaliação das propriedades é muito
incipiente, fazendo uso de procedimentos empíricos que permitem uma avaliação baseada em
aspectos de natureza táctil-visual, embasados no conhecimento e experiência dos profissionais
envolvidos nas avaliações. A exigência de trabalhabilidade é, portanto, intuitiva de uma relação
qualitativa, difícil de avaliar, que busca subsídios em outras propriedades das argamassas.
É certo, no meio científico, que todo o empirismo associado ao assunto deveria ser descartado
em favor de parâmetros físicos mensuráveis (descritos no estudo da reológica). Por exemplo, nós
poderíamos dizer que uma argamassa tem uma mais alta viscosidade, em vez de se referir a uma
baixa trabalhabilidade, ou pelo menos procurar associar várias propriedades mensuráveis com
relação direta com tais parâmetros ao invés de definir uma única propriedade para caracterizar uma
argamassa como trabalháveis.
Um dos exemplos clássicos do estudo reológico que servem para ilustrar como tais conceitos
podem ser estendidos ao estudo das argamassas é o caso das tintas a óleo onde os conceitos são
bem mais embasados. Uma tinta a óleo consiste principalmente num meio oleoso, que contém
pigmentos em suspensão. Do ponto de vista da tecnologia de preparação de tintas, os principais
requisitos que se busca para que uma tinta seja “trabalhável” derivam do fato de elas terem de
possuir viscosidade suficiente baixa para não permanecerem sulcos, como marcas de pincel. Por
outro lado as tintas não podem ser tão fluidas que escorram logo após a pintura de superfícies
verticais. Preparando tintas que fossem líquidos verdadeiros, é fácil ver que haveria uma certa
incompatibilidade entre este último requisito e os outros primeiros apontados. Porem, de fato as
tintas a óleo não são líquidos verdadeiros, pois exibem um valor crítico da tensão de cisalhamento
abaixo do qual a sua viscosidade é infinita; só excedendo tensões superiores a essa tensão crítica é
que é possível espalha-la nas superfícies a pintar. As pequenas tensões de cisalhamento originadas
no peso próprio da película de tintas são inferiores à tensão crítica, e por isso a tinta não escorre,
mesmo ainda fresca.
No caso das argamassas, fazendo-se a mesma analogia, é de se esperar que uma argamassa
trabalhável deve apresentar-se com viscosidade suficiente para permitir manuseio e aplicação pelo
operário no substrato e, ao mesmo tempo, esta argamassa deveria apresentar uma tenção limite de
escoamento tal que permitisse que ela, após a aplicação, permanecesse em contato ao substrato
sem desplacamento ou escorregamento. Este último caso é um dos pontos muito discutidos uma vez
que as argamassas após a aplicação em superfícies verticais exibem uma tendência ao
escorregamento seguido de desplacamento.
No estudo da reologia dos concretos, Tattersall, citado por Ferraris (7) sumariza muito
claramente a terminologia da trabalhabilidade pela classificação que segue (Tabela 3):
A referência indica mais uma vez que as propriedades que devem ser usadas para descrever o
escoamento do concreto são a tensão de escoamento e a viscosidade (modelo de Bigham). Qualquer
teste que descreva o comportamento do escoamento do concreto deveria ao menos medir estas duas
propriedades. No caso das argamassas de revestimento, acredita-se que a situação não seja
diferente. Sem sorte, a maioria dos testes existente mede apenas um fator, ou relata a tensão de
escoamento, ou a viscosidade. Testes para medir ambos os parâmetros existem, mas eles são de
custo elevado e não são fáceis de operação, então eles não são amplamente utilizados.
Hoje em dia, a trabalhabilidade das argamassas é avaliada a partir dos mesmos testes usados
a vários anos atrás. Em contrapartida, a evolução das características específicas de cada
argamassas, associada a grande variabilidade de materiais (onde não se tem grande domínio sobre a
influência destes no comportamento reológico) vem crescendo rapidamente. Outro fato é que muito
dos ensaios foram derivados da avaliação de outros materiais como concreto, pastas e argamassas
que em nada se aproximam das características das argamassas de revestimento.
Segundo alguns pesquisadores (7) (10) (11) Muitos dos testes amplamente utilizados não são
satisfatórios, do ponto de vista do estudo da reologia, porque eles medem apenas um parâmetro, ou a
viscosidade ou a tensão de escoamento. A Figura 3 ilustra como o conhecimento de apenas um dos
parâmetros não é suficiente para descrever o comportamento reológico do material.
Tensão de cisalhamento
Tensão de cisalhamento
Caso A Caso B
ηο1
ηο2 το2
το το1
Taxa de cisalhamento Taxa de cisalhamento
Observa-se que para uma mesma tensão de escoamento é possível obter materiais com
comportamentos de escoamento completamente diferentes, para diferentes valores de viscosidades
(Figura 3). O mesmo ocorre na situação contrária, onde para um mesmo valor de viscosidade é
possível encontrar materiais com tensões de escoamento diferentes.
A Tabela 4 Apresenta uma síntese dos ensaios mais utilizados para as propriedades
reológicas das argamassas. É certo que estas são na maioria das vezes expressas pelos termos
qualitativos já discutidos anteriormente, mas com relação direta com os parâmetros reológicos
(viscosidade e tensão de escoamento).
REFERÊNCIAS
ABSTRACT
This article presents a discussion to the about of the need of a evaluation of the several factors
that can influence in the behavior rheological of the covering mortars in the fresh state. This study
tendency comes if evidencing with certain routine in the last years, mainly due to the appearance of a
considerable range of materials gone back to the production of industrialized mortars. And the current
models of characterization of the mortars in the fresh state just allow a qualitative analysis of the
behavior of these. The knowledge of the beginnings that determine the behaviors is of great
importance for the mix design of workable mortars (parameter of essential importance for the technical
middle, most of the time treated empirically by the professionals of the area), as well as for the choice
of the methods and appropriate equipments of application (when in the execution of the coverings:
manual application, mechanics and other).