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C7_Curso A_Teoria_Tony 2012 17/05/12 12:05 Page 181

FRENTE 1 Ecologia

MÓDULO 28 Sucessões
1. CONCEITO DE SUCESSÃO clímax. Na sucessão, as espécies de aterrada por sedimentos que as
maior amplitude ecológica são subs- águas trazem das elevações vizinhas.
Sucessão ecológica é o desenvol- tituídas pelas de menor amplitude. As Na lagoa, o plâncton é o primeiro
vimento de uma comunidade ou bioce- populações mais simples precedem sistema de produtores que se desen-
nose, compreendendo a sua origem e as mais complexas; aumenta a volve. Quando os seus cadáveres
o crescimento, até chegar a um estado diversidade de espécies; as formas começam a enriquecer o fundo das
de equilíbrio dinâmico com o ambien- herbáceas são substituídas pelas margens com material orgânico, a
te. Tal dinamismo é uma característica arbóreas. Denominam-se seres as vegetação aquática pode aí se esta-
essencial das biocenoses. comunidades temporárias que surgem belecer. As folhas e caules mortos
2. ESTÁGIOS DA SUCESSÃO no decorrer de uma sucessão. aumentam o húmus do fundo, e de
Assim, a sequência na sucessão ano para ano a vegetação avança das
A sucessão não surge repentina- será: margens para o centro. Na borda,
mente, de uma forma abrupta, mas Ecese → seres → comunidade onde estavam as plantas pioneiras,
sim por meio de um aumento crescen- clímax aparecem arbustos lenhosos e, de-
te de espécies, até se atingir uma pois de um certo tempo, as árvores.
situação que não se modifica com o 3. TIPOS DE SUCESSÃO O terreno eleva-se graças à sedimen-
ambiente, denominada clímax. Uma tação de restos vegetais e, finalmen-
As sucessões podem ser primá-
sucessão pode iniciar-se de diversas te, onde estavam, de início, as plantas
maneiras: numa rocha nua, numa la- rias, secundárias e destrutivas. aquáticas, fixam-se arbustos e ár-
goa, num terreno formado por sedi- ❑ Sucessões primárias vores, e o que era, a princípio, o char-
mentação etc. As sucessões primárias corres- co marginal se transforma em terra
O primeiro passo é a migração de pondem às instalações dos seres firme.
espécies para a região onde se irá vivos em um ambiente que nunca foi Por meio deste processo de su-
iniciar a sucessão. As espécies che- habitado. É, por exemplo, a sucessão cessão, todos os lagos e lagoas
gam a essa região por intermédio dos que acontece numa rocha nua. tendem a desaparecer.
elementos de reprodução (esporos, Os organismos pioneiros são
sementes etc.). representados pelos liquens. Por meio ❑ Sucessões secundárias
As condições desfavoráveis, tais de ácidos orgânicos, produzidos pe- As sucessões secundárias apare-
como intensa iluminação e solo úmi- los liquens, a superfície da rocha vai cem em um meio que já foi povoado,
do, só permitem o desenvolvimento sendo decomposta. A morte desses mas os seres vivos foram eliminados
de algumas espécies. organismos, associada à decom- por modificações climáticas (glacia-
Essas espécies que se desenvol- posição da rocha, permite o apare- ções, incêndios) e geológicas
vem inicialmente no ambiente inóspito cimento de outros vegetais, como os

BIOLOGIA A
(erosão) ou pela intervenção do
são chamadas pioneiras. São musgos. Estes, por sua vez, per- homem. Uma sucessão secundária
espécies de grande amplitude, isto é, mitem, pela sua ação, o aparecimento leva, muitas vezes, à formação de um
são pouco exigentes, não tolerando de espécies maiores, como as disclímax, diferente do clímax que
apenas as grandes densidades. bromélias e as gramíneas. existia anteriormente.
São vegetações pioneiras: li-
É o caso da sucessão numa flo-
quens, musgos, plantas de dunas etc. • Sucessão numa lagoa
resta destruída. Um trecho de floresta
Essa primeira etapa da sucessão As águas paradas de lagoas e
é destruído (homem ou fogo), e o
chama-se eceses. Eceses é a capa- charcos são formações transitórias.
local é abandonado por certo tempo.
cidade de uma espécie pioneira em Elas se formam quando o sistema
A recolonização é feita em etapas: em
adaptar-se e reproduzir-se numa no- normal de drenagem de terra fica in-
primeiro lugar, o terreno é invadido
va área. terrompido pela elevação brusca do
pelo capim e outras ervas; depois,
A vegetação pioneira permite a terreno (tremores de terra) ou por
aparecem arbustos e, no final,
preparação de um novo ambiente variações que se processam muito
árvores.
que, por sua vez, possibilita o estabe- lentamente através de longos perío-
lecimento de outras espécies vege- dos geológicos. Uma lagoa está
sempre em evolução. A tendência ❑ Sucessões destrutivas
tais. Outras espécies migram, algumas
desaparecem, ocorrendo consequen- geral é o seu desaparecimento final, Sucessões destrutivas são aque-
temente alterações até se atingir o pois ela vai sendo constantemente las que não terminam em um clímax
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final. Nesse caso, as modificações • aumenta a biomassa e a diver- • O ecótono


são devidas a fatores bióticos, e o sidade de espécies; Normalmente a passagem de
meio vai sendo destruído, pouco a • nos estados iniciais, a ativida- uma biocenose para outra nunca
ocorre de forma abrupta; geralmente
pouco, por diferentes seres. É o que de autotrófica supera a heterotrófica.
há uma zona de transição, designa-
ocorre com os cadáveres. Por essa razão, a produção bruta (P) da ecótona. Em tal região, o número
• Características é maior que a respiração (R), e a de espécies é grande, existindo,
de uma sucessão relação entre P e R é maior do que 1; além das espécies próprias, outras
Em todas as sucessões, pode-se • nos estágios climáticos, há provenientes das comunidades limí-
observar que: equilíbrio e a relação P/R = 1. trofes.

MÓDULO 29 Biociclos Aquáticos


1. OS BIOCICLOS Eufótica – recebe luz direta- espongiários, corais etc.
mente e geralmente chega a 100m de Os animais que se movem no fun-
A Terra é formada por grandes profundidade. do são frequentemente representados
ecossistemas, que são divididos em Disfótica – recebe luz difusa e por equinodermos (estrelas-do-mar) e
biosfera, biociclo, biocoro e bioma, pode chegar a 300m de profundidade. moluscos.
dependendo de suas dimensões. Afótica – é a região geralmente
Biosfera – é o ambiente biológi- com mais de 300m de profundidade, • Nécton
co onde vivem todos os seres vivos. que não recebe luz. São animais livres, natantes, re-
Biociclos – são ambientes me- A temperatura varia muito, confor- presentados por peixes, polvos, ma-
nores dentro da bioesfera. Existem me a profundidade dos oceanos. A míferos marinhos, tartarugas etc.
três tipos de biociclos: terrestre (epi- camada mais aquecida é a superfície
nociclo), água doce (limnociclo) e e também é a que fica mais sujeita a ❑ Subdivisões
marinho (talassociclo). variações decorrentes das estações do meio marinho
Biocoro – é uma parte do bio- do ano. O biociclo marinho pode ser divi-
ciclo com características próprias. A salinidade gira em torno de 35 dido em:
Assim, no biociclo terrestre existem partes por mil e ocorre uma varieda-
quatro biocoros: floresta, savana, de muito grande de sais dissolvidos, 1. águas costeiras;
campo e deserto. predominando o cloreto de sódio 2. mar aberto;
Bioma – dentro do biocoro, há (NaCl). 3. grandes profundidades.
regiões diferentes chamadas biomas. ❑ O meio biótico
Assim, no biocoro floresta, podemos A diversidade de organismos é ex- Em função da profundidade, ele
encontrar a floresta tropical, tempe- tremamente variada, distinguindo-se: pode ser dividido em quatro zonas:
rada etc. plâncton, bentos e nécton. litorânea, nerítica, batial e abissal.

2. BIOCICLO MARINHO • Plâncton • Zona litorânea


OU TALASSOCICLO São seres que vivem na super- É uma região que fica na depen-
BIOLOGIA A

fície, geralmente transportados passi- dência das marés, sendo, portanto,


❑ Característica vamente pelo movimento das águas. de difícil adaptação para os seres
É o maior de todos os biociclos, O plâncton costuma ser dividido em vivos. É a zona que fica ora coberta
ocupando 363 milhões de km2, o que fitoplâncton e zooplâncton. pelas águas, ora descoberta. Mesmo
representa 3/4 da biosfera. Fitoplâncton – são algas repre- assim, alguns organismos conse-
sentadas pelas diatomáceas e pelos guem viver nessa região: cracas, mo-
❑ Fatores abióticos dinoflagelados (pirrófitos). luscos, algas etc.
No mar, são fatores abióticos im- Zooplâncton – é constituído
portantes a pressão hidrostática, a por protozoários, muitas larvas de • Zona nerítica
iluminação, a salinidade e a tempera- crustáceos e outros animais. Essa região é também conhecida
tura. A pressão hidrostática aumenta por plataforma continental e abrange
1 atmosfera a cada 10m de profundi- • Bentos uma área com largura aproximada de
dade. A luz vai sendo absorvida à São seres que vivem no fundo do 50km da costa, podendo atingir até
medida que penetra na água; assim mar, fixos ou movendo-se no fundo. 200m de profundidade.
as radiações que mais penetram são Os indivíduos fixos são chamados Os produtores dessa região são
azul e violeta. sésseis, representados por muitos as algas e algumas raras espécies de
Costuma-se distinguir no mar três tipos de algas vermelhas, pardas e angiospermas. O fundo da zona
regiões: verdes e por muitos animais, como nerítica pode ser arenoso, lodoso ou

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rochoso. Nessa região, há corais, ge- estáveis. chos, córregos e rios. Nelas, há três
ralmente encontrados em águas cla- Existem dois tipos: regiões distintas: nascente, curso mé-
ras, limpas e com temperatura acima dio e curso baixo (foz).
1. águas lênticas ou dormentes;
de 20°C. Estão frequentemente as- O curso superior ou nascente é
sociados com algas vermelhas. 2. águas lóticas ou correntes. pobre em seres vivos, devido à vio-
lência das águas. Não há plâncton,
• Zona batial ❑ Águas lênticas podendo ser encontradas algas fixas
Vai de 200 a 2.000 metros. Apre- São as aparentes águas paradas, ao fundo, larvas de insetos etc.
senta águas paradas, mais frias, à que, na verdade, estão sendo sempre O curso médio dos rios é mais
medida que a profundidade aumenta. renovadas. Abrangem desde uma importante, pois é mais lento e apre-
É uma região afótica, com reduzida poça d'água formada pelas chuvas senta maior diversificação de vida. O
vida animal. até os grandes lagos, como o Lago fitoplâncton é representado por algas
Superior e o Mar Cáspio (maior lago verdes, diatomáceas, cianofíceas etc.
• Zona abissal salgado do mundo).
Abrange profundidades superio- Plantas flutuantes, como o aguapé, e
Vamos tomar como exemplo uma
res a 2.000 metros. outros vegetais são encontrados nas
lagoa. Os produtores das lagoas são
As grandes profundidades apre- margens. O zooplâncton é formado
principalmente representados por
sentam condições difíceis para a vida, por microcrustáceos, larvas de
algas microscópicas, que formam o
tais como grandes depressões, ausên- insetos e outros. Há grande quanti-
fitoplâncton (diatomáceas, cianofíceas,
cia de luz, frio e pouco alimento. dinoflagelados etc.). dade de peixes. O curso médio apre-
Mesmo assim, muitos organismos De menor importância são os senta intenso intercâmbio com
adaptam-se a essas condições es- vegetais superiores (geralmente an- animais terrestres.
peciais. giospermas), que vivem fixos no fun- O curso inferior ou foz (estuário)
Uma das características desses do ou são flutuantes. Os consumidores apresenta grande variação de sali-
seres é a bioluminescência, isto é, a são representados pelo zooplâncton nidade (água salobra) e constitui uma
capacidade de emissão de luz, utili- (protozoários, pequenos crustáceos e zona de transição com o mar.
zada para atração sexual, de presas outros animais). O homem influencia decisiva-
etc. Têm visão muito sensível, capaz Outros animais que não perten- mente nas águas continentais, promo-
de responder a pequenos estímulos cem ao plâncton, como larvas de vendo drenagens, construção de
luminosos, possuem formas bizarras, peixes, moluscos e peixes adultos, açudes, usinas hidrelétricas e principal-
bocas e dentes grandes para facilitar têm como predadores aves, como a mente poluindo as águas. Assim, o
a captura das presas. garça, e mamíferos, como ariranhas e lançamento de esgotos ricos em nutrien-
lontras, que dependem do ecossis- tes orgânicos provoca uma intensa ação
3. BIOCICLO DE ÁGUA tema aquático. dos decompositores, diminuindo o su-
DOCE OU LIMNOCICLO Quando os seres vivos morrem,
primento de O2 e, consequentemente,
acumulam-se no fundo da lagoa e são
As águas continentais possuem eliminando os seres aeróbicos.
transformados por ação dos decom-
pequeno volume, cerca de 190 mil km3; Muitas vezes, os organismos
positores (bactérias e fungos).
têm pequena profundidade, raramente aquáticos são eliminados por ação de
ultrapassando 400m; sofrem varia- agrotóxicos carregados pelas en-
ções de temperatura mais intensas do ❑ Águas lóticas xurradas durante o período chuvoso,

BIOLOGIA A
que o mar, sendo, portanto, menos Essas águas compreendem ria- para lagos, lagoas e rios.

Mar – talassociclo. Lagoa ou lago – limnociclo (águas lênticas). Rio – limnociclo (águas lóticas).

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MÓDULO 30 A Poluição Ambiental

1. CONCEITO DE POLUIÇÃO ❑ Compostos nitrogenados ❑ A chuva ácida


O dióxido de nitrogênio (NO2) é o A atividade industrial e o uso de
Existe, na natureza, um equilí- poluente produzido pelas descargas automóveis provocam, por meio da
brio biológico entre todos os seres dos motores de automóveis, especial- combustão de carvão mineral, petró-
vivos. Nesse sistema em equilíbrio, os mente os movidos a óleo diesel e leo e derivados, emissão de poluen-
organismos produzem substâncias gasolina. Os óxidos de nitrogênio cons- tes, especialmente os dióxidos de
que são úteis para outros organismos tituem a névoa seca (smog fotoquímico) enxofre e nitrogênio. Na atmosfera,
e assim sucessivamente. que se forma sobre as grandes cidades esses poluentes em contato com o
A poluição vai existir toda vez que por ação das radiações solares sobre vapor de água produzem os ácidos
os resíduos produzidos pelos orga- os gases expelidos pelos veículos auto- sulfúrico e nítrico, que se precipitam
nismos não puderem ser absorvidos motores. É tóxico para as vias res- na forma de neve ou chuva.
pelo ecossistema, o que acaba provo- piratórias, provocando uma grave Essa chuva ou neve, contendo áci-
cando alterações na sobrevivência das doença, o enfisema pulmonar. Reduz a dos, provoca erosão de prédios, monu-
espécies. fotossíntese nas plantas e danifica as mentos, além da destruição de florestas
A poluição pode ser entendida pinturas, alterando as tintas. e, consequentemente, da fauna.
ainda como qualquer alteração do
equilíbrio ecológico existente. ❑ Monóxido de carbono ❑ Efeito estufa
A poluição é essencialmente O monóxido de carbono é o po- O efeito estufa é um fenômeno
produzida pelo homem e está direta- luente que aparece em menor quan- natural, sem o qual a Terra seria ina-
mente relacionada com a concentra- tidade no ar das grandes cidades. bitável. Em condições normais, esse
ção das populações. Assim, quanto Tem origem, principalmente, na com- fenômeno mantém o planeta aque-
maior for o aglomerado humano, mais bustão do petróleo e do carvão. cido. Ele é provocado por gases, es-
intensa será a poluição. No sangue humano, existe a he- pecialmente o gás carbônico (CO2),
Os agentes poluentes são os moglobina, um pigmento que, nos cujo efeito é comparável ao do vidro
mais variáveis possíveis e são capa- pulmões, se combina com o oxigênio das estufas, que deixa entrar os raios
zes de alterar a água, o ar, o solo etc. e, assim, é transportado para as cé- de sol, mas impede que o excesso de
lulas. O monóxido de carbono (CO) calor seja irradiado de volta para o
pode reagir com a hemoglobina, espaço. No efeito estufa, o vidro é
2. A POLUIÇÃO DO AR
substituindo o oxigênio; tal fato pro- substituído pelos gases que absor-
voca a morte por asfixia: muitas pes- vem a radiação infravermelha. Sem a
A poluição do ar é causada princi-
soas já morreram asfixiadas em camada de gases, a radiação infra-
palmente por compostos sulfurosos,
garagens fechadas com automóveis vermelha seria irradiada para o espa-
nitrogenados e monóxido de carbono.
em funcionamento. Seriam medidas ço e a Terra teria uma temperatura de
eficientes, no combate ao problema, – 50°C, ou seja, seria um planeta
❑ Compostos sulfurosos
a regulação de motores e, principal- gelado. A energia solar atinge a Terra
Os compostos sulfurosos são re-
mente, a diminuição do número de e é distribuída na superfície. O calor
presentados principalmente pelo dió-
automóveis circulantes. sobe novamente, mas os gases ab-
xido de enxofre (SO2) e pelo gás
BIOLOGIA A

sulfídrico (H2S), encontrados em con-


centrações variáveis no ar das gran-
des cidades. O dióxido de enxofre é
formado principalmente pela combus-
tão dos derivados de petróleo e do
carvão mineral.
Esse composto provoca problemas
no sistema respiratório e é causa de
bronquites e distúrbios como o enfise-
ma pulmonar. No ar, o dióxido de en-
xofre pode ser transformado em
trióxido de enxofre, que, para as vias
respiratórias, é ainda mais irritante que
o primeiro. Os vegetais são mais
sensíveis aos óxidos de enxofre; suas
folhas amarelecem e, em concentra-
ções maiores, chegam mesmo a
morrer.

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sorvedores do infravermelho refletem ❑ A camada de ozônio tidade de radiação ultravioleta. Entre


parte dessa energia, fazendo-a voltar O sol produz a chamada radiação os efeitos dessa radiação, aparecem:
à superfície. ultravioleta, que é perigosa para os câncer de pele, catarata, redução de
Além do gás carbônico, respon- seres vivos. O ozônio (O3) é um gás resistência a infecções, redução das
sável por 50% do efeito estufa, outros que forma, na atmosfera, um filtro colheitas. Esse é um dos grandes pro-
gases desempenham o mesmo papel. natural que impede a passagem da blemas ecológicos da atualidade,
Entre eles, citam-se os clorofluor- radiação ultravioleta. alvo de intensa campanha em prol de
carbonetos (20%), o metano (18%), os Se a camada de ozônio fosse sua preservação, já que sua destrui-
óxidos de nitrogênio (10%) e outros. destruída, a vida na Terra estaria se- ção ameaça a natureza como um
A concentração desses gases na riamente ameaçada. Mas, apesar da todo.
atmosfera está aumentando, em gravidade da ameaça, a camada de
razão principalmente da queima de ozônio vem sendo constantemente
combustíveis e de madeira, retendo agredida. Por exemplo, aeronaves su-
mais raios infravermelhos e elevando persônicas, que voam na estratosfera,
a temperatura terrestre. Isso pode liberam gases que podem reagir com
acrescentar 2°C a 4°C na temperatura o ozônio, destruindo-o.
nos próximos setenta anos. Entre os principais destruidores
As consequências previstas são da camada de ozônio, estão os clo-
catastróficas. Existe o risco de as ca- rofluorcarbonetos (CFCs), usados em
lotas polares se derreterem e ocasio- ciclos de refrigeração e nas emba-
narem um aumento no nível dos lagens do tipo aerossol.
mares. Mudarão também a circulação O CFC passou a ser usado por
atmosférica e o regime das chuvas. ser de pequeno custo, não inflamá-
vel, de baixa toxicidade e bastante
estávell, quer dizer, não se decom-
❑ A inversão térmica põe com facilidade, permanecen-
A inversão térmica é um fenô- do como é por mais de 150 anos.
meno que acontece no frio e agrava a Os CFCs sobem lentamente e
poluição atmosférica. Em condições alcançam altitudes de até 50 mil me-
normais, o solo é aquecido pela tros. É nesse ponto que, submetidas
radiação solar e, por sua vez, aquece às radiações ultravioleta, as molécu-
as camadas de ar com as quais está las de CFC são quebradas, liberando 3. A POLUIÇÃO DAS ÁGUAS
em contato. O ar aquecido, pouco o átomo de cloro. Este reage com o A poluição das águas constitui
denso, sobe para a atmosfera e dis- ozônio (O3), transformando-o em oxi- um dos mais sérios problemas ecoló-
persa os poluentes. No inverno, pode gênio molecular (O2). Sabe-se que cada gicos da atualidade.
ocorrer um rápido resfriamento do so- átomo de cloro liberado na atmosfera As fontes de poluição da água de-
lo e, consequentemente, do ar. destrói cerca de 100 mil moléculas de correm, principalmente, da atividade
Em tais condições, o ar frio, que ozônio. humana; esgotos domésticos e dejetos
é mais denso, não sobe e retém os Em 1985, foi observado por cien- industriais são alguns exemplos.
poluentes. Nas grandes cidades, o fe- tistas britânicos trabalhando na Antár-
nômeno da inversão térmica pode tida um enorme buraco na camada de ❑ O lançamento de

BIOLOGIA A
levar as autoridades a decretar ozônio que envolve a Terra. esgoto nos rios e lagos
estado de emergência, com a proibi- À medida que a camada de ozô- O material orgânico existente no
ção do funcionamento de indústrias e nio vai sendo destruída, a superfície esgoto serve de alimento para as bac-
circulação de automóveis. da Terra passa a receber maior quan- térias decompositoras.

Emissão de gases poluidores que aquecem a atmosfera

Gás Óxido de
Setor carbônico CFCs Metano Outros TOTAL
nitrogênio

Energia 35% – 4% 4% 6% 49%

Desmatamento 10% – 4% – – 14%

Agricultura 3% – 8% 2% – 13%

Indústria 2% 20% – – 2% 24%

Participação no efeito estufa 50% 20% 16% 6% 8% 100%

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Saliente-se que a bactéria é um ❑ Poluição por a decomposição, fenômeno fundamen-


organismo unicelular que se divide a fosfatos e nitratos tal para qualquer ambiente. Os fosfatos
cada vinte minutos. Graças a tão ele- Os adubos e fertilizantes usados são encontrados na maior parte dos
vada capacidade reprodutiva, a po- na agricultura contêm grandes con- detergentes e, como já vimos, provo-
pulação de bactérias aeróbias, que centrações de nitrogênio e fósforo. cam a eutroficação.
utilizam oxigênio para a respiração, Esses poluentes orgânicos consti- A poluição por óleo é feita, prin-
multiplica-se rapidamente, e esse au- tuem nutrientes para as plantas aquá- cipalmente, pelos navios petroleiros
mento excessivo de bactérias pro- ticas, especialmente as algas, que por ocasião da lavagem de seus tan-
voca a diminuição da quantidade de transformam a água em algo seme- ques. O óleo forma, na superfície da
oxigênio dissolvido na água. lhante a um caldo verde (um fenô- água, uma película impermeabilizan-
A falta de oxigênio acarreta a meno também chamado de “floração te que impede a troca de oxigênio e
morte de outros organismos aquáti- das águas”). gás carbônico entre a água e a
cos. Sendo organismos maiores, os Em alguns casos, toda a superfí- atmosfera. Isso provoca a asfixia dos
peixes necessitam de mais oxigênio cie é recoberta por um “tapete”, for- animais e impede a realização da
para a respiração. Por isso, são eles mado pelo entrelaçamento de algas fotossíntese por parte dos vegetais do
os primeiros organismos a morrer por filamentosas. Com isso, ocorre a deso- plâncton.
asfixia. xigenação (falta de oxigênio) da água. Outra forma de poluição por meio de
Finalmente, a quantidade de oxi- Pode parecer incoerente, afinal as resíduos não degradáveis é o caso dos
gênio se reduz a tal ponto que só as algas são seres que produzem o metais pesados (chumbo, alumínio, zin-
bactérias anaeróbias podem viver oxigênio durante a fotossíntese. As- co e mercúrio), entre outros que se de-
naquele ambiente. Estas não neces- sim, a quantidade de oxigênio deve- positam nos seres vivos, intoxicando-os.
sitam de oxigênio para a respiração e, ria aumentar, e não diminuir. Milhares de peixes morrem nos rios,
além disso, eliminam substâncias De fato, as algas liberam o oxigê- em virtude da aplicação de substâncias,
como o gás sulfídrico, que tem cheiro nio, mas o tapete superficial que elas como, por exemplo, sulfato de cobre.
típico, como de ovos podres. Daí o formam faz com que boa parte desse Usada como fungicida, tal subs-
odor insuportável em tais ambientes gás seja liberada para a atmosfera, tância, aplicada às lavouras, atinge os
aquáticos. sem se dissolver na água. Além disso, rios, intoxicando os peixes.
Em São Paulo, tal fato é verifi- a camada superficial de algas dificulta Os outros metais, como o mercú-
cado, tristemente, nos seus três prin- a penetração de luz. Isso impossibilita rio, sofrem efeito cumulativo ao longo
cipais rios: Tietê, Tamanduateí e a fotossíntese nas zonas inferiores, das cadeias alimentares. Esse metal,
Pinheiros. A situação é tão alarmante reduzindo a produção de oxigênio e altamente tóxico, é usado na garimpa-
que tais rios são designados como causando a morte de vegetais. gem do ouro. O cascalho, retirado do
“esgotos a céu aberto”. A decomposição dos vegetais rio, é misturado ao mercúrio. O ouro
Antes de ser despejado nos rios mortos aumenta o consumo de oxi- em pó, existente no cascalho,
ou nos mares, o esgoto deve ser tra- gênio, agravando ainda mais a deso- aglutina-se ao mercúrio. A seguir, a
tado, passando por um processo xigenação das águas. mistura mercúrio-ouro é aquecida
que elimina as substâncias tóxicas e para a separação dos dois metais.
os agentes causadores de doenças. ❑ Poluição por resíduos Durante o processo, a maior parte do
não biodegradáveis mercúrio evapora; o resto acaba
Todos os compostos orgânicos sendo atirado nos rios e absorvido
❑ Eutroficação são biodegradáveis, ou seja, podem pela cadeia alimentar.
BIOLOGIA A

É o aumento de nutrientes em ser decompostos pelas bactérias.


meio aquático, acelerando a produti- Existem, entretanto, alguns com- ❑ Poluição por
vidade primária, ou seja, intensifican- postos orgânicos sintetizados pela in- organismos patogênicos
do o crescimento de algas. Esse dústria que não são biodegradáveis. A água pode ser infectada por
fenômeno pode ser provocado por Tais compostos também podem ser organismos patogênicos, existentes
lançamento de esgotos, resíduos in- chamados de recalcitrantes ou biolo- nos esgotos. Assim, ela pode conter:
dustriais, fertilizantes agrícolas e ero- gicamente resistentes. Não sendo de- bactérias – provocam infecções
são. É fácil concluir que, em certas gradados, tais compostos vão se intestinais epidérmicas e endêmicas
proporções, a eutroficação pode ser acumulando na água, atingindo (febre tifoide, cólera, shigelose, sal-
benéfica ao ecossistema. Contudo, concentrações tão altas que geram monelose, leptospirose etc.);
em excesso, acarreta um desequilí- sérios riscos aos seres vivos. Dessas
brio ecológico, pois provoca o desen- substâncias não degradáveis, mere- vírus – causam hepatites, infec-
volvimento incontrolado de uma cem destaque os detergentes, o pe- ções nos olhos etc.;
espécie em detrimento das outras. É tróleo e os defensivos agrícolas.
o fenômeno conhecido como “flora- protozoários – são responsáveis
Mesmo não sendo providos de
ção da água”, que transforma reser- pelas amebíases e giardíases etc.;
ação tóxica acentuada, os detergentes
vatórios de águas potáveis em lagoas causam prejuízos ao meio ambiente. vermes – produzem esquistos-
e lagos imprestáveis para o uso. Destruindo as bactérias, eles impedem somose e outras infestações.
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❑ A poluição do mar de petroleiros, derrames deliberados nomia local.


Os oceanos ocupam 2/3 da su- da borra de petróleo ou lavagem dos Hoje sabemos que bactérias po-
perfície da Terra, contendo cerca de tanques dos navios. dem promover a degradação do pe-
1420 x 1015m3 de água. É uma enor- Em termos puramente físicos, tróleo. Rochas e praias que foram
me quantidade de água, sendo capaz perto de 1/3 do óleo derramado é cobertas pelo óleo se recuperaram
de absorver todos os resíduos que lhe evaporado rapidamente. Sobra na rapidamente, e a flora e a fauna foram
são lançados. Mas a poluição pode superfície da água um líquido viscoso restabelecidas graças à ação dessas
ocorrer toda vez que as substâncias contendo fenóis e outras substâncias bactérias decompositoras.
tóxicas ficam acumuladas em áreas tóxicas. Esse líquido acaba Têm-se utilizado vários tipos de
limitadas e não se dissolvem com- sufocando o fitoplâncton e o zoo- detergentes para dispersar e emulsio-
pletamente na água, ou ainda ficam plâncton. nar o óleo. Esses detergentes são
acumuladas nos organismos vivos. É O efeito da poluição por petróleo eficazes nessa tarefa, mas se mos-
o caso de baixas concentrações de em pássaros é drástico. As penas tram muito mais tóxicos para os or-
dimetilmercúrio e inseticidas organo- ficam encharcadas de óleo, impedin- ganismos vivos do que o próprio
clorados, que têm efeitos nocivos do o voo. Quando o pássaro procura petróleo.
sobre o fitoplâncton (plâncton vege- limpar as suas penas, acaba ingerin-
tal). Isso pode reduzir a população de do grandes quantidades de petróleo, ❑ Esgotos e outros resíduos
peixes. Algumas algas têm a capa- que o levam à morte por envenena- tóxicos
cidade de concentrar elementos mento. O isolamento térmico produ- Por meio dos longos emissários
como o iodo. Outro fato preocupante zido pelas penas deixa de existir, e os de descarga, esgotos não tratados
é o acúmulo de resíduos radioativos. pássaros contraem pneumonia ou são lançados ao mar. Essa matéria
Além disso, há a poluição do mar morrem de frio. orgânica será degradada, e os nu-
pelo mercúrio resultante da atividade As rochas onde se fixam as algas trientes serão reciclados, não haven-
humana. Como já sabemos, é um e moluscos e se movimentam os crus- do, portanto, objeções a essa prática.
metal de efeito cumulativo e muito táceos, quando cobertas por pe- O grande problema é quando
tóxico. tróleo, impossibilitam a permanência esses emissários lançam os resíduos
e a vida desses seres vivos. próximo às praias, gerando riscos e
❑ Poluição por petróleo Quando o petróleo atinge as danos à saúde pública.
O derrame de petróleo no mar é praias, o turismo fica altamente pre- Na avaliação do grau de poluição
consequência do naufrágio ou avarias judicado, ocasionando danos à eco- das nossas praias, utiliza-se a deter-
minação do número de coliformes fe-
cais/volume de água do mar. Como se
sabe, a bactéria Escherichia coli está
presente nas fezes humanas em
grandes quantidades.

BIOLOGIA A

– 187
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FRENTE 2 Evolução e Engenharia Genética

MÓDULO 28 O Processo de Especiação

1. ESPECIAÇÃO competição por espaço e alimento,


cada grupo de organismos tende a se
Consiste no processo de forma- expandir e ocupar diferentes
ção de espécies e obedece aos ambientes por meio de novas carac-
seguintes estágios: terísticas adquiridas. O conceito de
1.o estágio: uma população A vive irradiação adaptativa, ou seja, evolu-
em um ambiente homogêneo. ção em várias direções, partindo de
2.o estágio: uma diferenciação um ancestral comum, pode ser
ambiental provoca a migração da po- ilustrado pela estrutura dos membros
pulação para ambientes diferentes. dos mamíferos. Assim, partindo de
Assim, a população A divide-se em A1 um tipo primitivo, surgiram os voado-
e A2 que migram para ambientes dife- res, nadadores, trepadores etc.
rentes. Isoladas geograficamente e
submetidas a pressões seletivas dife- 3. CONVERGÊNCIA
rentes, tais populações passam a EVOLUTIVA OU EVO-
constituir raças geográficas ou subes- LUÇÃO CONVERGENTE
pécies.
3.o estágio: com o passar do tem- Consiste na semelhança entre
po, aumenta a diferenciação genética Estágios da especiação. organismos de origens diferentes
entre A1 e A2, provocando o isola- que, vivendo por muito tempo no
mento reprodutivo. 2. IRRADIAÇÃO mesmo ambiente, são submetidos às
4.o estágio: as raças A1 e A2 ADAPTATIVA OU mesmas pressões seletivas e acabam
coexistem novamente na mesma re- EVOLUÇÃO DIVERGENTE por se assemelhar. É o caso da
gião. Permanecendo distintas em ra- semelhança corpórea entre um ictios-
zão dos mecanismos de isolamento É o processo de evolução de uma sauro, réptil fóssil, um peixe, o tuba-
reprodutivo, que as separam, A1 e A2 espécie ancestral em uma variedade rão, e um mamífero, o golfinho; no
são reconhecidas como espécies de formas, que ocupam diferentes caso, trata-se de uma adaptação à
distintas. ambientes. Em virtude da constante vida aquática.

MÓDULO 29 Engenharia Genética I


1. OS OBJETIVOS DA 2. AS ENZIMAS G A A T T C
BIOLOGIA A

ENGENHARIA GENÉTICA DE RESTRIÇÃO C T T A A G

As enzimas de restrição, G T C G A C
Utilizando complexas e modernas C A G C T G
técnicas de laboratório, a Engenharia também chamadas de endonucleases
Genética é capaz de: de restrição, atuam como “tesouras”, As enzimas de restrição cortam
dado que são capazes de reconhecer os palíndromos, produzindo pontas
• isolar um gene e determinar a e cortar seqüências curtas de DNA. desiguais, de acordo com o esquema
sequência de seus nucleotídeos; Produzidas pelas bactérias, as a seguir:
enzimas de restrição são usadas para
• juntar nucleotídeos e produzir destruir um DNA estranho que
um gene; penetra na célula trazido, por exem-
plo, por um bacteriófago. As enzimas
• alterar a sequência nucleotí- de restrição cortam o DNA nos cha-
dica de um gene, produzindo assim mados palíndromos. Chamamos
um gene mutante; palíndromo a uma sequência de ba-
ses que tem a mesma leitura nas duas
• introduzir no DNA de um vírus cadeias de DNA, mas em sentidos
ou de uma bactéria um gene extraído opostos. Observe alguns palín-
de outro organismo. dromos:

188 –
C7_Curso A_Teoria_Tony 2012 17/05/12 12:05 Page 189

É importante salientar que cada seguinte artifício: o plasmídeo-vetor um gene de um organismo para outro.
enzima de restrição reconhece uma sempre apresenta genes resistentes Transgênico é o organismo que re-
única e mesma sequência de bases a um determinado antibiótico, de mo- cebe o gene estranho e, consequen-
(palíndromo) em qualquer tipo de do que, quando cultivados em meio temente, tem o seu genótipo alterado.
DNA. contendo um antibiótico, apenas as
células portadoras do vetor sobre- 7. PLANTAS TRANSGÊNICAS
3. O DNA RECOMBINANTE vivem e se multiplicam.
O DNA recombinante é uma mo- A transferência de um gene de
lécula obtida, em laboratório, pela um organismo para outro é feita por
união de fragmentos de DNA deriva- um elemento conhecido por vetor. Na
dos de fontes biologicamente dife- obtenção de plantas transgênicas, o
rentes. vetor mais usado é a bactéria
Assim, fragmentos de DNA oriun- Agrobacterium tumefaciens, causa-
dos de genes diferentes e obtidos dora dos tumores de galha que ocor-
pela ação das enzimas de restrição rem nos vegetais.
são unidos pela ação da enzima, for- Quando um vegetal é infectado
mando a molécula do DNA recom- pelo Agrobacterium, o T-DNA, uma
binante. parte do plasmídeo, chamado Ti, é
Acompanhe o esquema a seguir: transferida para o DNA da planta.
Contendo genes para a produção dos
hormônios vegetais – auxina e citoci-
nina –, o T-DNA provoca um desequi-
líbrio no crescimento, originando o
tumor de galha.
A Engenharia Genética é capaz
de extrair genes do T-DNA e substi-
tuí-los por genes de outros organis-
mos. O gene estranho que é
incorporado ao genoma da bactéria
Clones de bactérias. pode ser transcrito e traduzido,
4. A CLONAGEM MOLECULAR determinando o seu caráter.
5. A ENGENHARIA
O processo de clonagem mole- BACTERIANA ❑ O milho transgênico
cular consiste em construir um DNA Um gene da bactéria Bacillus
Consiste na produção de bacté- thruringiensis, enxertado no genoma
recombinante que se replica, quando
rias capazes de realizar determinadas do milho, tornou a planta resistente ao
é introduzido numa célula bacteriana.
atividades ou produzir moléculas, co- ataque das lagartas que a parasitam.
Ao observarmos a estrutura de
mo hormônios, enzimas e antibióticos. No caso, o gene bacteriano produz
uma bactéria, notamos que, além do
Assim, foram obtidas bactérias uma proteína que mata as lagartas.
DNA existente no cromossomo único,
marinhas capazes de degradar pe-
aparece o plasmídeo, uma molécula
tróleo derramado nos mares. ❑ A soja transgênica
circular de DNA que se replica e pas-

BIOLOGIA A
Outras bactérias conseguem pro- A soja comum morre quando re-
sa para as células-filhas, quando a
duzir álcool etílico, usado como com- cebe uma aplicação de Roundup, um
bactéria se divide. O plasmídeo é ex-
bustível. O gene humano responsável dos herbicidas mais usados na agri-
traído da bactéria e cortado por meio
pela produção de insulina foi introdu- cultura. A soja transgênica incorpo-
de uma enzima de restrição. A seguir,
zido em bactérias, que passaram a rou um gene bacteriano que a tornou
com o auxílio do DNA-Iigase, o plas-
secretar esse hormônio, empregado resistente ao Roundup. Deste modo,
mídeo fragmentado é ligado a um
no tratamento dos diabéticos. quando o herbicida é aplicado, ape-
fragmento de DNA de outro orga-
A mesma técnica produziu bac- nas as ervas daninhas são des-
nismo, submetido à ação da mesma
térias que sintetizam somatotrofina truídas.
enzima de restrição. Forma-se desse
(hormônio de crescimento), interferon
modo um plasmídeo, chamado vetor,
(usado contra infecções e tumores), ❑ O arroz transgênico
constituído por um DNA recombinante.
vacina contra hepatite B e ativador do A cultura do arroz comum, cha-
Agora, o vetor é introduzido na célula
plasminogênio (dissolvente de coá- mado arroz branco, é infestada pelo
bacteriana, na qual se replica.
gulos sanguíneos). arroz vermelho, impróprio para o con-
Quando o vetor é colocado num
meio de cultura, ele não é absorvido sumo. Para acabar com o arroz ver-
6. TRANSGÊNESE
por todas as bactérias. Para selecio- melho, é necessário o uso do herbicida
nar as bactérias que o incorporaram, Chamamos transgênese ao pro- Liberty, que também mata o arroz bran-
os engenheiros genéticos utilizam o cesso que permite a transferência de co. Para solucionar o problema, os
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Ambientalistas e outros pesqui-


sadores que atacam a nova tecno-
logia afirmam que os produtos
transgênicos são perigosos. Na
verdade, ainda são desconhecidos os
efeitos dos alimentos geneticamente
modificados sobre a saúde humana e
o impacto que poderiam causar ao
meio ambiente.

9. USOS POTENCIAIS DA
ENGENHARIA GENÉTICA

• Identificação e função de genes


em animais e vegetais.

• Desenvolvimento de doenças
humanas em animais, facilitando o seu
estudo e a busca de novas terapias.

• Produção de proteínas de inte-


resse médico por meio dos animais
transgênicos.

• Desenvolvimento de animais
A formação do tumor de galha. transgênicos para doação de tecidos
ou órgãos para o transplante em hu-
cientistas retiraram do solo uma bacté- 8. CONFUSÃO TRANSGÊNICA manos.
ria (Streptomyces higroscopicus) que,
inserta no DNA do arroz branco, provo- O uso de produtos transgênicos • Desenvolvimento de vegetais
ca resistência ao Liberty. está causando polêmica entre produ- mais resistentes a pragas e de melhor
Os ambientalistas, principalmen- tores, ambientalistas e cientistas. As- qualidade.
te os europeus, condenam o uso de sim, produtores e cientistas
alimentos transgênicos, dado que há defensores da nova tecnologia dizem • Desenvolvimento de raças de
muitas dúvidas sobre efeitos dos que a soja transgênica, por exemplo, animais transgênicos de crescimento
transgênicos em longo prazo. vai aumentar a produtividade e bara- mais rápido e de melhor qualidade
tear os custos do produto. para o consumo.

MÓDULO 30 Engenharia Genética II


BIOLOGIA A

1. GENOMA 2. Identificar e mapear os genes 4. TRABALHO REALIZADO


da espécie humana. PELO PGH ATÉ O
Genoma é a totalidade do material MOMENTO
genético de um organismo. No caso 3. Armazenar essas informações
da espécie humana, é constituído em bancos de dados e torná-las Em fevereiro de 2001, o PGH, um
pelo DNA existente nos 46 cromos- acessíveis para novas pesquisas consórcio formado por 16 instituições
somos, contidos no núcleo da célula. biológicas. públicas de pesquisa, e a Celera
Genomics, uma empresa de biotec-
2. O PROJETO GENOMA nologia, conseguiram sequenciar 95%
3. MAPEAMENTO E do genoma humano, composto de 3
O Projeto Genoma (PGH) é um SEQUENCIAMENTO bilhões de pares de bases. Desse
empreendimento internacional, inicia- DO GENOMA total de bases, somente 10% formam
do em 1995, com os seguintes obje- os genes, ou seja, segmentos que co-
tivos: Mapear um cromossomo é loca- dificam proteínas. Os 90% restantes
lizar nele a posição dos genes e constituem o junk DNA (DNA-lixo), que
1. Determinar a sequência de ba- determinar a sequência das bases do não apresenta função conhecida,
ses químicas que compõem o DNA DNA que o constitui. sendo interpretado como um res-
humano. quício do processo evolutivo da espé-

190 –
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cie humana. O PGH concluiu que há RNA pré-mensageiro contendo éxons cas, chamadas de DNA repetitivo.
relativamente poucos genes – so- e íntrons. Ainda no interior do núcleo, O comprimento e o número dessas
mente 30 ou 40 mil. Estimativas ante- esse RNA sofre um processo de ma- repetições são idênticos para cada
riores indicavam de 60 a 100 mil genes. turação, no qual os íntrons são elimi- indivíduo.
nados, formando-se o RNA-m, que,
5. A ESTRUTURA DOS GENES no citoplasma, será usado na tradução.

Nas células procarióticas, cada 6. O TESTE DO DNA


gene contém uma sequência contínua
de nucleotídeos que codificam todos Trata-se do teste máximo de iden-
os aminoácidos de uma determinada tificação do DNA, usado, por exemplo,
proteína. Dessa sequência, sai o em criminologia para mostrar se o
RNA-m, que, no ribossoma, participa material genético existente em uma
da tradução, formando a proteína. gota de sangue, encontrada no local
Tal processo não ocorre com o do crime, coincide com o sangue de
gene dos eucarióticos, que apresenta um suspeito; também é utilizado em A → amostra de DNA obtida do sêmen co-
o DNA dividido em dois tipos de se- caso de paternidade duvidosa. lhido na vagina de uma mulher violentada.
quências: éxons e íntrons. Cha- A técnica de fingerprinting de B e C → amostras obtidas do sangue de
mamos éxons às sequências dois suspeitos. É evidente que B é o
DNA, descoberta pelo inglês Alec
criminoso.
codificantes que, posteriormente, Jeffreys em 1984, baseia-se no fato
serão traduzidas em proteínas. de que, ao lado das sequências de No DNA extraído do sangue,
Já os íntrons são as sequências nucleotídeos correspondentes aos sêmen ou qualquer outro tecido,
intervientes que não são tradu- genes conhecidos (muito semelhan- pode-se expressar, por meio de uma
zidas em proteínas. tes em todos os indivíduos normais), complicada técnica, o DNA repeti-
Na transcrição, o DNA produz um existem outras de sequências idênti- tivo, na forma de um código de bar-

BIOLOGIA A
O código genético da criança é uma combinação entre os códigos da mãe e do pai verdadeiro (o número 1).

O gene procariótico. DNA com 4 éxons e 3 íntrons.

– 191
C7_Curso A_Teoria_Tony 2012 17/05/12 12:05 Page 192

ras que é diferente para cada indi- Clonagem é o processo de for- 1. Óvulos não fecundados foram
víduo (exceto nos gêmeos univiteli- mação de clones. O fenômeno ocor- retirados de uma ovelha A.
nos). Em criminologia, faz-se uma re normalmente quando bactérias e 2. O núcleo do óvulo foi retirado e
comparação entre o fingerprinting de outros organismos unicelulares se guardado.
DNA obtido de células (sangue, sê- reproduzem por bipartição. 3. Células da glândula mamária
men, pelos etc.) advindas do crime de uma ovelha B, de 6 anos, foram
O processo de clonagem também
com o das células do suspeito. A extraídas e mantidas em um estado
ocorre na propagação de plantas por
coincidência dos padrões identifica o de dormência. Isto foi possível com a
criminoso. Nos casos de análise de meio de mudas. Às vezes, esse é o manutenção dessas células em meio
parentesco, leva-se em conta que me- único processo de multiplicação de de cultura com poucos nutrientes.
tade das bandas que constituem o uma espécie, como é o caso da 4. Os núcleos das células da
fingerprinting de um indivíduo é her- bananeira. Nos animais como o tatu, a glândula mamária foram extraídos e
dada da mãe, e a outra do pai. Ao se poliembrionia também produz clones. implantados no óvulo retirado da
comparar as bandas do filho com as Nesses animais, como sabemos, ovelha A.
de sua mãe, pode-se eliminar as que um zigoto pode se dividir, originando 5. A nova célula assim formada
são semelhantes, restando as que de 4 a 6 gêmeos univitelinos, todos iniciou o processo de divisão, origi-
foram herdadas do pai. Se todas as machos ou todas fêmeas. Na espécie nando um embrião, que foi implan-
bandas de origem paterna coinci- humana, nascem, diariamente, gê- tado no útero de uma ovelha C.
direm com o suposto pai, a identifi-
meos univitelinos, na proporção de 4
cação da paternidade será positiva.
por 1 000 nascimentos. Também são
chamados de monozigóticos, por
serem originados de 1 zigoto, ou
7. CLONAGEM idênticos, pelo fato de possuírem o
mesmo genótipo.
A palavra clone (do grego klon,
que significa “broto”) é usada para ❑ A clonagem da ovelha Dolly
designar um conjunto de indivíduos A clonagem da ovelha Dolly, de
que se originam de outros por repro- maneira simplificada, seguiu estas
dução assexuada. etapas: A clonagem de uma bactéria.
BIOLOGIA A

1. Os cientistas pegaram um 2. O DNA retirado de uma 3. Implantado em outra ove- 4. Geneticamente, Dolly era idênti-
óvulo comum de ovelha e es- célula da região mamária de lha, o embrião se desenvolveu ca à ovelha que forneceu o DNA.
vaziaram seu núcleo, a parte uma ovelha adulta foi implan- nor malmente. A fêmea pariu Ela tinha aparência normal e era
que contém todo o material tado no óvulo. O embrião foi Dolly em julho de 1997. capaz de se reproduzir da forma
genético do animal. gerado a partir desse encon- convencional.
Obs.: Em fevereiro de 2003, a ovelha
tro.
Dolly teve de ser sacrificada, em
razão de graves doenças.

192 –
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FRENTE 3 Biologia Animal

MÓDULO 28 Embriologia do Anfioxo

1. O ANFIOXO 4. BLÁSTULA 6. FORMAÇÃO DO


TUBO NEURAL (NÊURULA)
O anfioxo é um pequeno animal Consiste numa fase embrionária
de 5 a 8cm de comprimento, trans- típica em certos animais e de difícil re- Inicialmente, as células ectoblás-
parente e pisciforme. Na extremidade ticas dorsais do embrião tornam-se
conhecimento em outros. Caracteri-
anterior, há o rostro, abaixo do qual mais alongadas e passam a constituir
se encontra a abertura bucal, rodea- za-se, de um modo geral, pela forma
globosa e por apresentar uma única a placa neural. A seguir, a placa neu-
da de cirros. Há três aberturas no
animal: boca, atrióporo e ânus, deslo- camada de células (blastoderma), de- ral invagina-se e forma o sulco ou
cado para a esquerda. limitando uma cavidade completa- goteira neural. O sulco aprofunda-se,
Em razão da transparência, ob- mente fechada (blastocela). e seus bordos unem-se, transforman-
servam-se os músculos em forma de do-se no canal neural, sobre o qual se
V nos flancos do corpo. Também as refaz o ectoblasto. O tubo neural
gônadas se distinguem muito bem possui, no início, duas aberturas: o
pela transparência; estão localizadas neuróporo, anterior, em comunicação
na região ventral do corpo. com o meio externo, e o canal neuren-
térico, que se comunica com o
arquêntero. Posteriormente, ocorre o
fechamento das duas aberturas.
Corte da blástula de um anfioxo.
Orientando-se dorsal e longitudinal-
mente entre o ectoblasto e o endo-
5. GASTRULAÇÃO blasto, o canal neural transforma-se
no sistema nervoso central. A cons-
É o processo de formação da
Anfioxo – morfologia externa. tituição do canal é a mesma para os
gástrula, estágio embrionário que se
diversos vertebrados.
inicia a partir da blástula e se ca-
2. FASES DA SEGMENTAÇÃO racteriza pela existência de duas 7. FORMAÇÃO DO
camadas celulares. MESOBLASTO
Vamos tomar por base o desen-
No anfioxo, a gastrulação é feita E DA NOTOCORDA
volvimento do anfioxo, que apresenta
por embolia. É o tipo mais primitivo de
segmentação holoblástica igual.
gastrulação. O processo começa No teto do arquêntero, o meso-
Já aprendemos que, após a fe-
com um achatamento do polo vege- derma forma três evaginações: uma
cundação, a célula sofre sucessivas
tativo que, a seguir, invagina e pe- central, que formará a notocorda, e
divisões, passando por diferentes es-
netra na blastocela, aplicando-se duas laterais, que originarão o celo-

BIOLOGIA A
tágios de desenvolvimento.
contra a face interna do polo animal. ma. As duas vesículas laterais cons-
Já vimos a fase de mórula, que só
Neste tipo de gastrulação, a blasto- tituem os somitos. Em cada um dos
ocorre na segmentação holoblástica
cela vai diminuindo progressivamente, somitos, a parede é chamada de me-
igual, e a fase de blástula.
chegando a ser apenas virtual quando soblasto ou mesoderma, enquanto a
as duas camadas celulares se encos- cavidade central representa o celoma.
3. MÓRULA tam. Do outro lado, forma-se pela A evaginação longitudinal media-
invaginação uma nova cavidade, o na transforma-se na notocorda ou
Constitui a forma embrionária en- arquêntero ou intestino primitivo, que corda dorsal, um eixo de sustentação
contrada após sucessivas divisões se comunica com o exterior através que caracteriza todo embrião de
celulares. Caracteriza-se, fundamen- de uma abertura chamada blastó- animal cordado. Cortado transversal-
talmente, pela forma esférica e por poro. Cortada longitudinalmente, a mente, o embrião apresenta, nesta
apresentar-se maci- gástrula aparece constituída por fase, as seguintes estruturas:
ça, isto é, composta dupla camada celular. A parede ex- 1 – Três folhetos germinativos: ec-
inteiramente de célu- terna é o ectoderma ou ectoblasto, e toderma, endoderma e meso-
las embrionárias. Só a interna, que reveste o arquêntero, é derma.
aparece no tipo de o mesentoderma, que irá formar o 2 – Tubo neural.
segmentação holo- endoblasto ou endoderma e o meso- 3 – Notocorda.
Mórula. blástica igual. blasto ou mesoderma. 4 – Intestino primitivo.

– 193
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8. EVOLUÇÃO DOS FOLHETOS No epiblasto, destacam-se os pla- miótomo e dermátomo, que formam,
coides sensoriais, que migram em respectivamente, o esqueleto axial, os
De cada um dos três folhetos ger- profundidade e originam as vesículas músculos estriados e a derme.
minativos – ectoderma, endoderma e olfativas, as auditivas, os cristalinos, O mesômero, situado entre o epí-
mesoderma –, derivam todas as es- os lobos anterior e intermediário da mero e o hipômero, é responsável
truturas dos animais, por meio de um hipófise. pela gênese do sistema urogenital,
processo denominado organogênese. Do neuroblasto derivam o encé- constituído por rins e gônadas.
Explicaremos, a seguir, os folhetos e as falo e a medula, que constituem o O hipômero limita o celoma e
principais estruturas deles derivadas. sistema nervoso central (SNC). apresenta duas lâminas: a somato-
pleura, colada ao ectoblasto, e a es-
9. ECTOBLASTO 10. MESOBLASTO plancnopleura, em contato com o
endoblasto.
O ectoblasto divide-se em dois O mesoblasto divide-se em três
A somatopleura dá origem aos
elementos: o epiblasto e o neuroblasto. partes: epímero (dorsal), mesômero
músculos viscerais, ao pericárdio (te-
O epiblasto origina a epiderme e (central) e hipômero (ventral).
cido que envolve o coração) e aos
os anexos epidérmicos, como glându- O epímero também se divide e
ossos e músculos dos apêndices
las, pelos, penas, garras, escamas etc. origina três estruturas: esclerótomo,
locomotores, braços e pernas.
A esplancnopleura origina os
músculos lisos, o miocárdio (muscula-
tura do coração), o endocárdio
(tecido que recobre internamente o
coração) e o endotélio (camada
celular que reveste internamente os
vasos sanguíneos).

11. ENDOBLASTO
A formação do mesoderma.
O endoblasto dá origem a dife-
rentes partes do tubo digestório e de
suas glândulas anexas, tais como o
fígado e o pâncreas. Os pulmões e a
traqueia são igualmente de origem
endodérmica.
O endoblasto só constitui o epi-
télio pulmonar interno, sendo o estro-
ma dos pulmões e a parede da
traqueia provenientes do mesoblasto.
Desenvolvimento do mesoderma e da notocorda. Também no caso do tubo digestório,
o endoblasto só forma a parte
epitelial, sendo a musculatura ori-
ginada do mesoblasto.
Veja o diagrama abaixo mostran-
BIOLOGIA A

do os três folhetos embrionários de


um embrião típico de vertebrados e
algumas das estruturas que eles
originam.

A formação do tubo neural.

Corte transversal
de um embrião de cordado.
Gastrulação em anfioxo.
194 –
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MÓDULO 29 Os Anexos Embrionários

1. GENERALIDADES 3. ÂMNIO E CÓRIO cem as dobras para formar, respecti-


vamente, o âmnio e o saco vitelínico, a
À custa de porções dos folhetos O âmnio e o cório são anexos parte posterior do intestino começa a
germinativos não utilizados na forma- embrionários encontrados em répteis, formar uma evaginação ou divertículo.
ção do embrião, constituem-se os aves e mamíferos. Observaremos o Introduzindo-se no celoma
anexos embrionários, que posterior- desenvolvimento no embrião de aves. extraembrionário, ele cresce até
mente se atrofiam com o desenvol- Inicialmente, notamos o aparecimen- atingir o cório, contra o qual se aplica,
vimento embrionário ou então são to de duas dobras amnióticas: a cefá- havendo fusão das lâminas meso-
expulsos com o nascimento do lica e a caudal, formadas por blásticas. A alantoide diferencia-se
animal. ectoderma e somatopleura. rapidamente num importante órgão
A dobra cefálica começa adiante embrionário, com o aparecimento de
Os anexos embrionários servem
da cabeça e progride para trás, reco- vasos sanguíneos no mesoblasto
para nutrição, proteção, respiração,
brindo o embrião como um capuz. A visceral que o reveste. O oxigênio que
excreção e outras funções neces-
dobra caudal forma-se posterior- passa através da casca porosa do
sárias ao desenvolvimento embrioná- mente e cresce para a frente. ovo fixa-se nos glóbulos vermelhos
rio. Como anexos, encontramos saco As duas dobras vão ao encontro que circulam nos vasos da alantoide,
vitelínico, alantoide, âmnio, cório e uma da outra e fundem-se sobre o pelos quais é transportado ao em-
placenta. embrião. brião. De maneira inversa, é eliminado
O resultado é a formação de duas o gás carbônico. Outra importante
2. O SACO VITELÍNICO paredes: uma externa, chamada có- função da alantoide é a excreção. O
rio ou serosa de Von Baer, e outra rim embrionário abre-se na porção
É o único anexo embrionário que interna, o âmnio. Este constitui a ca- terminal do intestino através dos ca-
aparece nos peixes e anfíbios, nos vidade amniótica, que se enche de lí- nais uriníferos. A urina, em vez de ser
quais a fecundação é externa, de quido e envolve o embrião. No interior expulsa para o exterior, acumula-se na
maneira que o embrião se desenvolve do líquido, o embrião apresenta, em cavidade alantoidiana durante a vida
na água, encontrando proteção intervalos irregulares, movimentos embrionária.
contra choques e desidratação, ao espasmódicos. No mesoblasto do A alantoide ainda absorve parte
mesmo tempo em que realiza com o saco amniótico, aparecem fibras mus- dos sais de cálcio da casca do ovo.
meio trocas respiratórias e eliminação culares que, por suas contrações Essas substâncias serão utilizadas na
de catabólitos. Acompanharemos a peristálticas, mantêm o embrião em construção do esqueleto. Por outro
constante movimento. O líquido am- lado, a absorção de cálcio torna a cas-
evolução do saco vitelínico no
niótico impede a dessecação do em- ca mais frágil, facilitando a eclosão.
embrião de peixe. O ovo é telolécito
brião. Nos mamíferos, o âmnio
com diferenciação polar completa. A protege o organismo embrionário
cicatrícula produz o embrião, que, 5. A ESTRUTURA
contra os choques do organismo
durante o desenvolvimento, se eleva DA PLACENTA
materno e as contrações uterinas da
na superfície do vitelo, ao mesmo gravidez. Na espécie humana, con-
tempo em que dobras do ectoblasto, No embrião dos mamíferos, há os
tém meio litro de água no fim da gra-
mesoblasto e endoblasto crescem em seguintes anexos embrionários:
videz e é vulgarmente chamado de

BIOLOGIA A
torno do vitelo, terminando por en- âmnio, cório, alantoide, saco vitelínico
bolsa-d’água, rompendo-se no início
volvê-lo completamente. Forma-se, e placenta. O anexo mais importante
do parto.
é a placenta, constituída por duas
deste modo, a vesícula ou saco vite-
partes: materna e fetal.
línico, que se une ao embrião através
A parte materna é representada
de um curto pedúnculo.
pelo endométrio, a parede interna do
As substâncias nutritivas são útero que será expulsa, com o feto, no
gradualmente transportadas ao em- momento do parto. A parte fetal é
brião através de uma rede de vasos constituída pelo cório, que gera uma
sanguíneos que se formam na parede série de expansões, as vilosidades
do saco vitelínico. coriônicas, que se insinuam na
Nos anfíbios, não se forma um parede uterina. A placenta é um
saco vitelínico típico. A pequena Embrião de ave ou réptil órgão ricamente vascularizado, isto é,
quantidade de vitelo que os anfíbios com anexos embrionários. (A linha provido de muitos vasos sanguíneos –
apresentam é envolvida pela parede pontilhada representa o mesoderma.) alguns da mãe, no endométrio, e
ventral do embrião durante a gas- outros do feto, nas vilosidades coriô-
4. ALANTOIDE
trulação. Desse modo, o saco vitelíni- nicas. Entre a placenta e o embrião,
co se restringe apenas a uma Observaremos a evolução do anexo forma-se o cordão umbilical; pelo seu
dilatação da parte ventral do embrião. no embrião de ave. Enquanto apare- interior, circulam duas artérias e uma

– 195
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veia. As artérias conduzem o sangue do embrião, além de efetuar trocas mento, hormônios e anticorpos. Do
venoso do feto para a placenta, respiratórias e a excreção. Pela estru- feto para a mãe, passam, principal-
enquanto a veia transporta o sangue tura da placenta, observa-se que o mente, gás carbônico e excretas. A
arterial em sentido oposto. sangue da mãe não se mistura com o placenta tem ainda função endócrina,
do feto; apenas os vasos de ambos produzindo a progesterona e a
6. AS FUNÇÕES DA PLACENTA se situam muito próximos e trocam gonadotrofina coriônica, hormônios
substâncias entre si. Assim, a mãe relacionados com a gestação.
A placenta assegura a nutrição envia ao feto: oxigênio, água, ali-

MÓDULO 30 As Vitaminas

1. CONCEITO (ofuscamento), xeroftalmia (ulceração • Carência


da córnea) e baixa resistência às in- A carência acarreta degeneração
Vitaminas são compostos orgâni- fecções. muscular.
cos que atuam como coenzimas, ou
seja, ativando as enzimas responsá- • Fontes • Fontes
veis pelo metabolismo celular. As principais fontes de vitamina A Os alimentos mais ricos em vita-
Agem em pequenas quantidades, são alimentos de origem animal, mina E são os óleos vegetais, as hor-
sendo obtidas por meio dos ali- como leite, manteiga, queijos, gema taliças verdes, ovos, carnes e peixes.
mentos. de ovo, fígado e óleo de fígado de
peixes. Os melhores fornecedores de ❑ Vitamina K
2. AVITAMINOSES caroteno são os vegetais verdes e • Funções
amarelos, como cenoura, milho, É a vitamina anti-hemorrágica que
Chamamos de avitaminoses ou agrião, couve, alface e espinafre. atua na coagulação sanguínea,
doenças de carência as enfermida- favorecendo a síntese de protrom-
des causadas pela falta de certas vi- bina.
taminas. Assim, por exemplo, são ❑ Vitamina D
avitaminoses: nictalopia, raquitismo e • Carência
escorbuto. • Funções
A carência provoca o retardamen-
Trata-se do calciferol ou vitami-
to da coagulação do sangue e
3. CLASSIFICAÇÃO na antirraquítica, cuja função é a
consequente hemorragia.
perfeita calcificação dos ossos e den-
As vitaminas são classificadas em tes. É ingerida na forma de provi-
• Fontes
dois grupos: tamina D que se transforma em D, na
Couve, espinafre, cenoura, ervi-
a) lipossolúveis (A, D, E e K), que pele, pela ação dos raios UV.
lha, tomates, fígado, ovos e leite.
se dissolvem apenas em óleos e gor-
duras; • Carência
A avitaminose provoca o raquitis- 5. VITAMINAS
b) hidrossolúveis (C e complexo
mo na infância, a osteomalácia (amo- HIDROSSOLÚVEIS
B), que se dissolvem em água.
lecimento geral do esqueleto) no
São as vitaminas C e o complexo
BIOLOGIA A

4. VITAMINAS adulto e a osteoporose (ossos que-


bradiços) no idoso. B, que agrupa uma série de vitami-
LIPOSSOLÚVEIS nas, não porque sejam similares na
• Fontes composição química ou nos efeitos,
❑ Vitamina A mas porque tendem a ocorrer juntas.
• Funções As fontes alimentares são os
Classifica-se em: retinol, encon- óleos de fígado de peixes (bacalhau,
atum e cação), leite, fígado, manteiga ❑ Vitamina B1
trado nos alimentos de origem animal
e ovo. • Funções
(manteiga, ovos e óleo de fígado de
É a tiamina ou aneurina, que
peixe), e provitamina A ou β-ca- atua como enzima no metabolismo
roteno, produzida pelos vegetais. É ❑ Vitamina E dos açúcares, permitindo a liberação
uma vitamina indispensável para a de energia necessária às atividades
visão, especialmente noturna, bem • Funções vitais. É conhecida como “vitamina da
como para a regeneração dos epité- É também chamada de tocofe- disposição”, graças aos efeitos bené-
lios (pele e mucosas). rol ou vitamina antiestéril, porque ficos sobre a disposição mental.
provoca, na sua ausência, esterili-
• Carência dade em ratos. No homem, tem ação • Carência
A avitaminose provoca nictalopia antioxidante, evitando a oxidação de A avitaminose produz o beribéri,
(cegueira noturna), hemeralopia compostos celulares. uma polineurite generalizada.
196 –
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• Fontes ❑ Vitamina B5 • Carência


A fonte mais rica é o lêvedo de • Funções Na ausência dessa vitamina,
cerveja. Também aparece na carne, É o ácido pantotênico, um cons- ocorre a anemia perniciosa.
fígado, ovos, cereais (arroz e trigo) e tituinte da coenzima A atuante no me-
frutas (maçã, pera, ameixa, pêssego tabolismo dos carboidratos, gordura e • Fontes
e banana). proteínas e na transferência de energia. Fígado, carne bovina e suína, lei-
Contribui para a formação de células, te, queijo e ovo.

❑ Vitamina B2 mantendo o crescimento normal, e


para o desenvolvimento do SNC. ❑ Vitamina H
• Funções
É conhecida como riboflavina,
• Carência
uma constituinte das flavoproteínas • Funções
A deficiência causa hipoglicemia,
(FAD), coenzimas que atuam como Quimicamente é a biotina, sin-
dermatite, perturbações gástricas,
transportadoras de elétrons no pro- tetizada pelas bactérias e necessária
alopecia (queda de pelos e cabelos).
cesso respiratório. para a manutenção da pele e das
mucosas.
• Carência • Fontes
A carência acarreta a glossite (in- Lêvedo, cereais, legumes, mús-
• Carência
flamação da língua) e a queilose (fis- culos e ovo.
A carência provoca dermatite.
suras nos cantos dos lábios).
❑ Vitamina B6 • Fontes
• Fontes • Funções Lêvedo, legumes, leite, carne e
Lêvedo, leite, fígado, rim, queijo, Trata-se da piridoxina, que en- peixes do mar.
verduras e peixes. tra na constituição química das tran-
saminases, enzimas atuantes na
formação de aminoácidos. ❑ Vitamina C
❑ Vitamina B3 • Funções
• Funções • Carência É conhecida como ácido as-
É a niacina ou nicotinamida A falta produz a acrodínia, doen- córbico. Atua nos processos imuno-
ou ácido nicotínico, constituinte do ça que se caracteriza pelas inflama- lógicos, estimulando a produção de
NAD e do NADP, substâncias funda- ções das extremidades do corpo anticorpos, e na prevenção de res-
mentais na bioenergética celular. (mãos e pés), convulsões e hiperirrita- friados.
bilidade.
• Carência • Carência
A avitaminose produz a pelagra • Fontes A avitaminose determina o escor-
(pele áspera), enfermidade que se Lêvedo, trigo, fígado, rim, cora- buto, moléstia que se manifesta por
caracteriza por dermatite, diarreia e ção, leite, ovo, carne e legumes. fraqueza, dores musculares e sangra-
demência; por essa razão, também é mento das gengivas.
conhecida como doença dos três Ds. ❑ Vitamina B12
• Funções • Fontes
• Fontes É a cianocobalamina, uma vi- As melhores fontes são as frutas

BIOLOGIA A
As melhores fontes são lêvedo, tamina que contém cobalto e atua na (laranja, limão, caju, goiaba e abaca-
fígado, carne (boi, vitela e porco), formação de hemácias, prevenindo a xi) e verduras (agrião e repolho)
aves e peixes. anemia. cruas.

SAIBA QUE:

• Nossa vida depende das vitaminas que extraímos dos alimentos ou dos suplementos dietéticos que
ingerimos.
• As vitaminas não são comprimidos energizantes nem substituem os alimentos.
• As vitaminas regulam o metabolismo por meio dos sistemas enzimáticos.
• A falta de uma única vitamina pode colocar em risco todo o organismo.
• O fígado é o principal órgão de armazenamento das vitaminas lipossolúveis.
• As vitaminas não funcionam nem podem ser assimiladas sem a ajuda dos minerais.
• Os minerais mais importantes são cálcio, iodo, ferro, magnésio, fósforo, selênio e zinco.
• As vitaminas podem durar de dois a três anos num recipiente bem vedado.

– 197
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FRENTE 4 Biologia Vegetal

MÓDULO 28 Raiz das Angiospermas


1. RAIZ A casca, ou córtex, é composta Em raízes de dicotiledôneas, po-
do parênquima cortical e da endo- dem estar presentes o câmbio e felo-
É o órgão vegetal destinado à gênio, que garantem o crescimento
derme, que é uma camada especial
fixação da planta ao substrato, à em espessura.
de células cujas paredes celulares
absorção de água e nutrientes mi-
aparecem impregnadas com lignina e
nerais do solo e ao acúmulo de subs-
suberina.
tâncias de reserva.
Em raízes de monocotiledôneas
❑ Coifa (milho), as células apresentam refor-
É o tecido adulto de proteção dos ços em U e células desprovidas de
meristemas que compõem o ponto reforços chamadas células de pas-
vegetativo. sagem. Em raízes de dicotiledôneas
(feijão), as células possuem estrias de
❑ Ponto vegetativo Caspary (reforço de suberina), for-
É o conjunto de meristemas mando uma espécie de fita ao redor Segmento de raiz de monocotiledônea.
primários que multiplicam as células da célula.
intensamente por mitoses, garantindo O cilindro central é composto de
a produção de novas células e o cres- células parenquimáticas que consti-
cimento longitudinal da raiz. tuem o periciclo, responsável pela
❑ Região lisa formação das raízes secundárias.
É a região em que as células pro- Todo o restante é constituído por pa-
venientes do ponto vegetativo sofrem rênquima de preenchimento, dentro
distensão longitudinal. do qual encontramos os feixes lenho-
sos e liberianos. Esses feixes estão
❑ Região pilosa (pilífera) separados e alternados. O centro da
É a região em que células da epi- raiz chama-se medula, que pode pos-
derme produzem os pelos absorven- Estrutura primária de uma raiz.
suir parênquima, xilema ou ser vazia
tes. (medula oca).
❑ Região de ramificação
É a região em que se formam as
raízes secundárias, a partir das célu-
las do periciclo. Essas raízes aumen-
BIOLOGIA A

tam a fixação do vegetal e a área da


exploração do solo.

❑ Colo
É a região de transição entre a
raiz e o caule.
Segmento de raiz de dicotiledônea.
A anatomia de uma raiz, na sua
estrutura primária, mostra fundamen-
2. TIPOS DE RAÍZES
talmente três regiões:
1 – Epiderme. ❑ Subterrâneas ou terrestres
2 – Casca ou córtex. • Raiz axial ou pivotante:
3 – Cilindro central ou vascular. apresenta um eixo principal que
A epiderme é formada, geral- penetra perpendicularmente no solo
mente, por uma única camada de cé- e emite raízes laterais secundárias em
lulas. A epiderme pluriestratificada direção oblíqua. É encontrada entre
constitui o velame das raízes de as dicotiledôneas (feijão) e gimnos-
orquídeas. permas (pinheiros).
Morfologia da raiz.
198 –
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• Raiz fasciculada: não tem • Raízes-cinturas: são encon-


um eixo principal; todas as raízes tradas em plantas epífitas (orquí-
crescem igualmente. Algumas ficam deas).
na superfície, aproveitando a água
das chuvas passageiras. Caracteriza
as monocotiledôneas (milho, capim).
• Raiz tuberosa: é a raiz mui-
to espessada, em razão do acúmulo
de substâncias de reserva. É axial,
quando a reserva é acumulada so-
mente no eixo principal, e fascicu-
lada, quando a reserva também fica
acumulada nas raízes secundárias Raízes tabulares.
(mandioca, dália etc.).
• Raízes respiratórias ou
pneumatóforos: aparecem em
plantas que vivem em lugares panta-
nosos, onde o oxigênio é consumido
Raiz-cintura de orquídea.
pela grande atividade microbiana, co-
mo ocorre no mangue. Na Avicennia
Crescem enroladas em um supor-
tomentosa (planta de mangue), essas
te, geralmente em caules de árvores.
raízes apresentam geotropismo nega-
Apresentam velame, que é uma
tivo, crescendo para fora do solo. Os
epiderme pluriestratificada, com célu-
pneumatóforos têm poros denomina-
las mortas, e que funciona como uma
dos pneumatódios, que permitem
verdadeira esponja, absorvendo a
a troca gasosa entre a planta e o meio
água que escorre pelos caules.
ambiente.

Raiz tuberosa.

❑ Raízes aéreas
• Raízes-suporte: são raízes
que partem do caule e atingem o solo.
A sua principal função é aumentar a
fixação do vegetal. Aparecem no
milho, plantas de mangue, figueiras
etc. Raiz-cintura de filodendro.

BIOLOGIA A
• Raízes estrangulantes:
são raízes resistentes, densamente Pneumatóforos em Avicennia.
ramificadas, que se enrolam no tron-
co de uma árvore que lhes serve de • Raízes grampiformes: são
suporte. Essas raízes crescem em raízes curtas que aderem profunda-
espessura e acabam determinando a mente ao substrato. Ex.: hera.
morte da planta hospedeira por • Raízes sugadoras ou
estrangulamento, pois impedem o haustórios: são raízes modificadas
crescimento e a circulação da seiva de plantas parasitas. Estas raízes pe-
elaborada. Ex.: mata-paus. netram no caule de outra planta e po-
• Raízes tabulares: são raí- dem estabelecer um contato com o
zes achatadas, geralmente encontra- xilema (lenho), de onde sugam a sei-
das em árvores de florestas densas. va bruta. Neste caso, a planta é cha-
Desenvolvem-se horizontalmente à mada semiparasita. Ex.: erva-de-pas-
superfície do solo e são bastante sarinho. Em outros casos, o haustório
achatadas. Além de realizar a fixação, atinge o floema e passa a retirar a
essas raízes são respiratórias. Ex.: seiva elaborada. A planta é chamada
Raiz-suporte ou
escora de plantas do mangue. figueiras. holoparasita. Ex.: cipó-chumbo.
– 199
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MÓDULO 29 Caule das Angiospermas

1. CAULE

É o órgão geralmente aéreo que


produz e sustenta folhas, flores e fru-
tos.
Na morfologia externa, podem-se
reconhecer:

❑ Gema apical (terminal)


É formada por um conjunto de
meristemas primários que multiplicam
as suas células e garantem o cresci-
mento em comprimento. É protegida
pelos primórdios foliares. Não possui
coifa.

❑ Gema lateral (dormente)


É constituída também por meris-
temas primários em repouso de divi-
são celular. É recoberta e protegida
por folhas modificadas chamadas Aspecto de caule de dicotiledônea com estrutura secundária.
catafilos ou escamas.
Encontram-se três regiões: epi- ma. Pode haver ainda células de
derme, casca e cilindro vascular (cen- esclerênquima.
❑ Nó tral). A função principal dessa região é
É a região do caule onde estão a reserva, mas serve também como
inseridas as folhas e as gemas late- ❑ Epiderme
uma região de transporte lateral de
rais. Provida de uma única camada de
nutrientes orgânicos, inorgânicos e
células, é originada do dermatogênio,
água e como uma região de suporte
❑ Entrenó apresentando cutícula, estômatos,
mecânico e de realização da fotossín-
É a região compreendida entre pelos etc.
tese.
dois nós. A epiderme funciona primaria-
mente como um tecido de proteção.
2. ESTRUTURA DO CAULE ❑ Casca ❑ Cilindro central
Ocupada por um tecido parenqui-
BIOLOGIA A

DAS DICOTILEDÔNEAS Ocupado pelos feixes liberolenho-


mático, localiza-se logo abaixo da epi- sos, relacionados com a condução da
É aquela obtida da atividade dos derme e deriva do periblema. Na seiva elaborada e bruta, e também por
meristemas primários localizados na parte mais periférica, esse parênqui- um tecido parenquimático de en-
gema apical. ma está transformado em colênqui- chimento, localiza-se entre os feixes e,

Cortes transversais do caule de dicotiledônea.


200 –
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conhecimento da idade das plantas.


Os anéis anuais são reconheci-
dos pelo lenho: no período favorável,
o câmbio produz vasos lenhosos com
grande calibre, relacionados com a
condução de água – é o lenho pri-
maveril; no início do período desfa-
vorável, antes de o câmbio entrar em
repouso, são produzidos vasos
lenhosos com pequeno calibre e
grande espessamento das paredes.
Esses vasos parecem estar mais
associados com a sustentação do
que com a condução de água. Tal
lenho é chamado estival.
Com o passar dos anos e com a
produção de novos elementos pelo
câmbio, a planta vai crescendo em
espessura e os elementos do lenho
vão morrendo. A parte do lenho se-
cundário que fica perto do câmbio, a
parte nova, que possui elementos pa-
renquimatosos vivos, chama-se al-
burno. A parte central, morta,
constitui o cerne, que pode apresen-
Corte transversal do caule de milho. tar diferentes colorações e é
aproveitado industrialmente.
às vezes, ocupa a região central, ❑ Câmbio
formando a medula. Muitas vezes, Seja fascicular, seja interfasci-
❑ Felogênio
podemos observar centralmente uma cular, ambos produzem, para o lado
Ao mesmo tempo, na casca, dife-
cavidade chamada medula oca. mais externo, novos elementos do
rencia-se um novo meristema – fe-
Os feixes liberolenhosos nessa líber e raios medulares e, para o lado
logênio –, que produz súber para o
região derivam do pleroma. mais interno, novos elementos do
lado mais externo e células paren-
Basicamente, o tipo de feixe mais lenho e raios medulares.
quimáticas para o lado interno.
comum, encontrado nas dicotiledô- Os chamados raios medulares
neas, é o colateral, em que os ele- são constituídos por células parenqui-
mentos do líber ocupam posição mais máticas, com seu maior comprimento 4. ESTRUTURA DO CAULE
externa e os elementos do lenho, disposto na direção horizontal. Os DAS MONOCOTILEDÔNEAS

BIOLOGIA A
posição mais interna. raios medulares são utilizados no
Fato importante nas dicotiledô- transporte rápido de substâncias da Basicamente, o caule mostra em
neas é que o lenho e o líber estão casca para o cilindro central e corte transversal, externamente, um
separados por um tecido merismático vice-versa. tecido epidérmico protetor que envol-
chamado câmbio intrafascicular. Como vimos, da atividade do ve um tecido parenquimático único.
câmbio resultam o floema e o xilema. Mergulhados dentro desse parênqui-
3. ESTRUTURA SECUNDÁRIA Na estrutura secundária, observam-se ma, encontramos os feixes liberole-
uma faixa contínua de líber externa- nhosos, difusamente dispersos. Os
É observada quando a planta mente e uma faixa contínua do lenho feixes condutores são colaterais fe-
começa a produzir novos elementos internamente; nesse instante, não po- chados, isto é, o lenho está voltado
no sentido lateral, na região do caule demos mais reconhecer o câmbio fas- para dentro e o líber para o lado
onde já cessou o crescimento lon- cicular do interfascicular. Nas plantas externo, ficando todo o conjunto en-
gitudinal. Em consequência, a planta de climas em que existem nitidamente volvido por uma bainha de esclerên-
cresce em espessura. Duas estru- uma estação favorável e outra desfa- quima.
turas são responsáveis por esse vorável, podemos perceber a forma- As monocotiledôneas, geralmen-
crescimento: felogênio e câmbio ção dos chamados anéis anuais de te, não apresentam felogênio e tam-
(intrafascicular e interfascicular). crescimento. Tais anéis permitem o re- bém não têm câmbio. Dessa maneira,
– 201
C7_Curso A_Teoria_Tony 2012 17/05/12 12:05 Page 202

não há crescimento secundário em • Escandescente ou sar - Tubérculo


espessura. Existem, é claro, exce- mentoso: quando se fixa a suporte É o caule espesso que acumula
ções, como no caso de certas mo- por meio de gavinha (uva) ou raízes reservas nutritivas. Ex.: batata-in-
nocotiledôneas dos gêneros Dracena, grampiformes (hera). glesa.
Yucca, Alloe etc. Essas plantas Os tubérculos diferem das raízes
crescem em espessura e formam ❑ Caules aéreos de tuberosas porque apresentam gemas
felogênio e câmbio. estrutura modificada e escamas, formações nunca encon-
tradas nas raízes.
Suculento
5. TIPOS DE CAULE É um caule aéreo espessado em
virtude de acúmulo de água, comum ❑ Caules subterrâneos
❑ Caules aéreos em cactáceas. Ex.: barriguda. de estrutura modificada
de estrutura normal
Cladódio e filocládio Xilopódio
Tronco São caules aéreos achatados É o órgão subterrâneo espessado
É um caule desenvolvido, de es- com aspecto de folhas. Diferem das e resistente que acumula água.
trutura lenhosa, apresentando sempre folhas verdadeiras porque têm gemas No xilopódio, entram também par-
ramificações; caracteriza árvores e que podem produzir flores, o que não tes da raiz, ou seja, não há distinção
arbustos. acontece com as folhas. nítida entre raiz e caule. Caracteriza
O termo cladódio designa ra- as malváceas e é encontrado em
mos longos, achatados e verdes, com
Haste plantas do cerrado.
crescimento indefinido (opúncia). O
É um caule pouco desenvolvido,
termo filocládio refere-se a ramos
de consistência herbácea; caracteriza
laterais, afilados, de crescimento defi-
ervas e subarbustos. Bulbo
nido. Ex.: aspargo.
É o órgão subterrâneo de estru-
Estipe tura complexa, no qual o caule, pro-
É caule cilíndrico, não ramificado, Espinho
priamente dito, é representado por
típico das palmeiras. É o ramo caulinar atrofiado, curto
e pontiagudo. Ex.: laranjeira e limoei- uma porção basal chamada prato.
ro. Na parte inferior, o prato emite raízes
Colmo adventícias. Na parte superior, existe
É um caule nitidamente dividido uma gema protegida por folhas
em nó e entrenó; é típico das gramí- Gavinhas
São estruturas filamentosas que modificadas chamadas catafilos.
neas. O colmo pode ser maciço
(cana) ou oco, fistuloso (bambu). se enrolam em suportes e sustentam
caules escandescentes. Ex.: mara- O bulbo pode ser:
cujá.
Estolão ou estolho
BIOLOGIA A

É um caule aéreo rastejante, arti-


Pseudobulbo • Tunicado: o prato é revestido
culado em nó e entrenó; dos nós
É o bulbo aéreo que aparece, por totalmente por escamas desenvolvi-
partem raízes e ramos aéreos. Ex.:
exemplo, nas orquídeas. das, formando túnicas superpostas
morangueiro, grama.
(cebola).
Alado
Volúvel Resulta da expansão lateral do
É um caule que, por meio de um caule, em forma de lâmina. Ex.: car-
movimento chamado circunutação, • Escamoso: o prato é revesti-
queja.
cresce, enrolando-se num suporte. do totalmente por escamas imbrica-
❑ Caules subterrâneos das, pouco desenvolvidas (lírio).
Pode ser: de estrutura normal
• Dextrorso: quando a ponta
se volta para a direita (feijão). Rizoma • Sólido: o prato é bastante de-
É o caule rastejante subterrâneo senvolvido, acumulando reservas (tu-
• Sinistrorso: quando a ponta que produz ramos aéreos e raízes ad- lipa, gengibre), com escamas
se volta para a esquerda (lúpulo). ventícias. Ex.: bananeira, samambaia. reduzidas.
202 –
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MÓDULO 30 Folha das Angiospermas

1. FOLHA a) epiderme superior (ventral); • Parênquima lacunoso


pouco desenvolvido ou ausente.
b) epiderme inferior (dorsal);
A folha é um órgão laminar, com
grande superfície, rica em cloroplas- c) mesófilo, no qual podemos re-
tos, altamente adaptada para a reali- conhecer os parênquimas clorofilia- • Estômatos pequenos com
zação de fotossíntese. Além dessa nos paliçádico e lacunoso; movimentos rápidos de abertura e
função, é um importante órgão de fechamento e geralmente localizados
transpiração e respiração (trocas d) nervuras que representam os em covinhas (criptas estomatíferas),
gasosas). tecidos condutores de seiva (floema na epiderme inferior da folha. É muito
e xilema). comum a abertura estomática durante
o período noturno, quando a planta
2. MORFOLOGIA absorve e fixa o gás carbônico do ar
e perde pouca água por transpiração.
4. A FOLHA E O Durante o dia, os estômatos fecham-se
Na folha, podemos observar: MEIO AMBIENTE e a fotossíntese realiza-se com a
utilização do CO2 fixado à noite.
– limbo (lâmina foliar);
❑ Folhas xeromórficas
– nervura (feixes liberolenhosos);
• Esclerênquima desenvol-
São folhas com adaptações mor-
– pecíolo (eixo de sustentação); vido provavelmente para reduzir os
fológicas para proteção contra a per-
efeitos da seca.
da de água. Caracterizam as plantas
– bainha (expansão basal que
xerófilas (xero = seca).
articula a folha com o caule);
Algumas adaptações notáveis
nestas plantas são:
– estípula (expansão filiforme da • Trico, que são pelos epidér-
base do pecíolo). micos, abundantes em muitas
xerófitas, possivelmente agindo
• Redução da superfície
Quanto ao padrão de nervuras, contra o aquecimento excessivo da
foliar e às vezes transformação total
geralmente podemos reconhecer dois superfície foliar.
da folha em espinho.
tipos:

BIOLOGIA A
a) folhas com nervuras paralelas
• Cutículas espessas. ❑ Folhas higromórficas
(monocotiledôneas);

b) folhas com nervuras ramifica- São folhas com grande superfície,


• Hipoderma (parênquima
das ou reticuladas (dicotiledôneas). cutículas delgadas, estômatos gran-
aquífero) situado logo abaixo da
epiderme. des e lentos no mecanismo de
abertura e fechamento, geralmente
3. ANATOMIA localizados na epiderme inferior. O
• Parênquima paliçádico parênquima lacunoso é muito desen-
Uma folha apresenta normal- muito desenvolvido reduzindo o volvido, e o parênquima paliçádico
mente: volume dos espaços intercelulares. geralmente está ausente.

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