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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

AUTORIDADES

Governador do Estado do Rio de Janeiro

Exmº Sr Wilson Witzel

Secretário de Estado de Polícia Militar

Exmº Sr Coronel PM Rogério Figueredo de Lacerda

Subsecretário de Estado de Polícia Militar

Ilmº Sr Coronel PM Márcio Pereira Basílio

Diretor-Geral de Ensino e Instrução

Ilmº Sr Coronel PM Rogério Quemento Lobasso

Comandante do CFAP 31 de Voluntários

Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Marcelo Andre Teixeira da Silva

Comandante do Centro de Educação a Distância da Polícia Militar

Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Alexandra Ferraz de Oliveira

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APRESENTAÇÃO

Estamos vivendo a era da tecnologia, na qual a informação está


cada dia mais latente e veloz em nossa rotina diária. Este curso tem por
objetivo , formar e especializar os Cabos da Polícia Militar do Estado do Rio
de Janeiro. Para tal, o Curso ocorrerá na modalidade semipresencial, pois as
disciplinas ocorrerão na modalidade EaD no ambiente virtual de
aprendizagem, por intermédio da Escola Virtual, no Centro de Educação a
Distância Cel Carlos Magno Nazaré Cerqueira (CEADPM) e as avaliações de
forma presencial no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças ( CFAP
31 Vol.).
É fundamental o seu empenho no curso, pois você terá na parte
EaD autonomia de estudos e de horários, mas também é necessário disciplina
e dedicação para o êxito dessa jornada, pois alcançar o sucesso depende do
esforço coletivo e também individual, objetivando que nossos policiais sejam
cada vez mais qualificados, bem treinados e especializados, para cumprirmos
nossa missão, buscando cada vez mais a excelência de nossas ações.
O bom treinamento envolve aspectos físicos e cognitivos, na era
da informação e da tecnologia, precisamos nos aprimorar cada vez mais a
fim de garantir uma tropa consciente, respeitosa, pautada em valores morais
e institucionais, garantindo assim o cumprimento de suas funções com
dignidade e excelência.
Esperamos que você aproveite ao máximo os conhecimentos
adquiridos através deste curso e busque uma reflexão acerca de suas funções
perante a sociedade e seus companheiros de profissão. Que seja um
momento de repensar as práticas e fortalecer seu vínculo profissional,
ampliando cada vez mais seus conhecimentos para lidar com as
particularidades de ser um Policial Militar no Estado do Rio de Janeiro.

Desejamos a todos bons estudos!

Rogério Quemento Lobasso – Coronel PM


Diretor-Geral de Ensino e Instrução

Marcelo André Teixeira da Silva – Ten Cel PM


Comandante do CFAP

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Desenvolvedores
Supervisão Geral EAD
CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva
Equipe Técnica
SUBTEN PM Wilian Jardim de Souza
3º SGT PM Marco Antônio José Ribeiro Júnior
Conteudista
Jormar Sarkis – Policial Civil – Delegacia Supervisora
2º SGT PM Márcio Batista dos Santos
Exercícios
CAP PM Ped. Patrícia Kalife
2º SGT PM Elaine Xavier de Oliveira Alves de Lima
CB PM Juliana Pereira de Carvalho

Revisor Ortográfico
CAP PM Ped. Patrícia Kalife
2º SGT PM Elaine Xavier de Oliveira Alves de Lima
CB PM Juliana Pereira de Carvalho
Diagramação
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes
3º SGT PM Ronie Camargo dos Santos
CB PM Michele Pereira da Silva de Oliveira
CB PM Alecsara Tognoc da Costa Abreu
CB PM Thiago Silva Amaral
Diagramação Interativa
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes
SD PM Leonardo da Silva Ramos
Design Instrucional
CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva
CB PM Michele Pereira da Silva de Oliveira
Vídeo e Animação
CB PM Joyce Gaspar de Almeida
Designer Gráfico
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes
SD PM Leonardo da Silva Ramos
Suporte ao aluno
2º SGT PM Anderson Inacio de Oliveira

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................... 6

CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE .................................................. 7

LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI 8.072/90 ................................... 12

LEI DE DROGAS E O TRÁFICO TRANSNACIONAL/INTERNACIONAL 31

CRIMES DO ECA (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) .... 34

CRIMES DE CONTRAVENÇÃO PENAL ............................................... 37

LEI DE ARMAS: LEI 10.826/03 ....................................................... 41

CRIME CONTRA O CONSUMIDOR .................................................... 63

CONCLUSÃO ................................................................................... 73

REFERÊNCIAS DE NORMAS JURÍDICAS, DE PUBLICAÇÕES DA PMERJ

E WEB ............................................................................................ 74

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INTRODUÇÃO

Amigo policial, você já estudou Legislação Penal


Especial?

Vamos aprender juntos?

De acordo com Fanchin (2015),


“Lei especial é a que a Constituição
confia à disciplina de matéria
determinada, v.g.: art. 37, IX: lei
estabelecerá casos de contração
por tempo determinado; art. 37,
XIX: somente por lei específica
criam-se entes da administração indireta. Merece destaque, suscitado
pelo vínculo com o tema aqui abordado, a alusão expressa às leis
especiais, contida no art. 5º, XLIII: os crimes de tortura, de tráfico de
drogas, os hediondos e o de terrorismo serão classificados como
inafiançáveis e insuscetíveis de anistia quando esta espécie normativa
disciplinar os respectivos delitos. Sua formação se dá pelo quórum
comum (art. 47).
Segundo o clássico Miranda
apud. Fanchin (2015), “A exigência
de lex specialis é expediente de
técnica legislativa, pelo qual o
legislador constituinte, ou o
legislador ordinário, que a si
mesmo traça ou traça a outro corpo
legislativo linhas de competência, subordinada a validade das regras
jurídicas sobre determinada matéria à exigência de unidade formal e
substancial (= de fundo). Determinada matéria, em virtude de tal

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exigência técnica, tem de ser tratada em toda sua inteireza e à parte


das outras matérias. A lex specialis concentra e isola, liga e afasta,
consolida e distingue. Tal concentração e tal isolamento implicam:

Que toda regra jurídica, que deveria,


para validamente se editar, constar
de lex specialis, dessa não sendo parte,
não é regra jurídica que se possa
considerar feita de acordo com as regras
jurídicas de competência;

Que a derrogação ou ab-rogação da lex


specialis tem de ser em lex specialis,
porque exigir-se a lex specialis para a
edição, e não se exigir para a
derrogação ou ab-rogação seria
contradição”. (Comentários à
Constituição de 1967, com a Emenda n.
1, de 1969, Forense, 1987, Tomo I, p.
378).

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CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE

Crime de abuso de autoridade

Você saberia explicar o que é abuso de autoridade?

Sobre o tema, devem ser feitas algumas considerações:

Esse crime no entendimento do STJ é de competência do


JECRIM estadual (juizado especial criminal, como regra),
pois a pena máxima de seis meses de detenção;

Esse crime, para parte da doutrina (entendimento


minoritário, tal como Nucci e Cezar Roberto Bitencourt)
entende de forma diversa: que não é competência do JECRIM
considerando que o sistema acusatório do crime de abuso de
autoridade é incompatível com a justiça consensual dos juizados.

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Você saberia como agir se o autor do abuso fosse


um funcionário público federal? Nesse caso, a
competência é federal se ele estiver no exercício das suas
funções. Se for em razão da função, será competência da
justiça estadual.
Exemplo: funcionário público
federal (delegado) queria
acessar um prontuário em um
hospital e fez o conhecido ato
de “carteirada” e “sabe com
quem está falando?” para a
funcionária do hospital
quando ela não deixou o homem ter acesso ao prontuário. A médica,
assim, sofreu abuso de autoridade, mas o crime ocorreu em razão do
cargo e, assim, seria da competência estadual julgar esse crime.

Vale ressaltar, que, se o crime for


cometido em face de funcionário público
federal, deve-se aplicar a súmula 147.

Exemplo1: uma defensoria pública federal,


em vistoria a um presídio, encontrou uma
irregularidade (presos nus, sem roupas
algumas). Assim, ela e sua equipe
registraram a situação por meio de máquina
fotográfica para fazer uma denúncia. Quando
do registro das imagens, a defensora e sua
equipe foram presos pelo funcionário responsável do presídio. Esse
atentado a liberdade de locomoção da defensora decorreu de um abuso
de autoridade pelo funcionário do presídio. Como a defensora estava

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no exercício das suas funções, o crime deve ser julgado pela justiça
federal.

Exemplo2: defensor público


federal, saindo de seu trabalho,
é abordado por policiais para
revista íntima e acusação que o
defensor escondia drogas,
agindo com violência e não
acreditando que se tratava
mesmo de um defensor (apesar do mesmo ter apresentado sua
carteira profissional). Competência para julgar o crime de abuso de
autoridade ao defensor é a competência da justiça estadual, pois o
defensor não estava no exercício de suas funções.

Observação: referente ao exemplo acima


citado deve-se notar uma diferença quando se
trata de crime de abuso de autoridade
cometido contra juiz federal. O STJ entende
que esse crime, quando for contra juiz federal,
deve ser de competência da justiça federal e não estadual, mesmo que
o juiz não esteja no exercício de suas funções. Neste caso, como o juiz
federal é entendido como órgão da justiça federal, o abuso ocorre com
a própria União. Neste caso, a restrição da súmula 147 deve ser
afastada e deve ser aplicado o art. 106, inciso II, CRFB.

Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:


II - os Juízes Federais.

Vale dizer que, para outros crimes comuns contra juiz federal,
não existe jurisprudência que afirme que a competência deve ser da
justiça federal, assim, em regra, não deve ser aplicada a observação
acima citada quanto aos crimes comuns cometidos contra juiz federal.

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Ainda sobre a competência da justiça federal em razão da


matéria, vale dizer que a súmula 151, STJ afasta a regra do art. 70 do
CPP.

STJ Súmula nº 151- Competência - Contrabando ou


Descaminho - Processo e Julgamento – Prevenção- A
competência para o processo e julgamento por crime de
contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do
Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo
lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a
infração se consumar fora dele, a competência será
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no
Brasil, o último ato de execução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do
território nacional, será competente o juiz do lugar em que
o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia
produzir seu resultado.
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais
jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a
infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Assim, podemos perceber que a regra para determinar a


competência, no caso acima citado, é a prevenção do juízo do local
da apreensão dos bens e objetos do crime e não o local da consumação
do crime. Ademais, nesse caso, ensina-se que a competência deve ser
da justiça federal.

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LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI 8.072/90

Você sabe o que são crimes hediondos? Sabia que existe


uma lei específica para isso?

Vamos conhecê-la:

–– LEI N.º 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990

Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos


do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição
Federal, e determina outras providências

Federal, e determina outras


providências

Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, XLIII,


da CRFB.

Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes


inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-
los, se omitirem.

Diante Do Mandamento constitucional, além dos


crimes de tráfico de entorpecentes, do terrorismo
e da tortura, o legislador adotou um CRITÉRIO
LEGAL PARA A DEFINIÇÃO DOS CRIMES
HEDIONDOS.

Você sabia que a tortura, o tráfico e o terrorismo são


crimes equiparados a hediondos pela própria Constituição
Federal? Esse diploma determinou que o legislador elaborasse um
elenco dos crimes que seriam considerados hediondos.

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Critério Legal

Adotou-se, portanto, o critério legal, isto é, é hediondo o crime


que estive no rol taxativo do art. 1º da lei 8.072/90, que será
analisado de forma pormenorizada adiante.

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes


crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7
de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou
tentados: (…)

Dessa forma, não se adotou o critério judicial, tampouco o


critério misto, no qual a lei estabeleceria alguns delitos e o juiz
também teria a liberdade de apontar como hediondas determinadas
condutas.

Portanto, a técnica utilizada pelo nosso sistema é a do


etiquetamento. O estupro na esfera militar, por exemplo, não é
hediondo, pois não foi assim definido pela lei.

Rol de Crimes Hediondos

Vamos entender
um pouco sobre
Crimes Hediondos?

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Homicídio

Lei 8.072/90, Art. 1º, I - homicídio (art. 121), quando


praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
ainda que cometido por um só agente, e homicídio
qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI e VII);

CP, Homicídio Simples

Art. 121 - Matar alguém:

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.

Homicídio Qualificado

§ 2º - Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de


recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por
motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

O caput do art. 1º da lei 8.072/90 deixa claro que os crimes


constantes do rol serão considerados hediondos tanto na forma
consumada quanto na forma tentada.

Grupo de Extermínio

A lei não definiu o que seria grupo de extermínio. A doutrina


entende, inicialmente, que deve haver, ao menos, mais de uma
pessoa em associação estável, mesmo que esta não constitua
quadrilha ou associação criminosa. Extermínio não se confunde com
genocídio, constituindo uma atividade homicida coletiva. Dessa
forma, deve haver pelo menos duas vítimas, ainda que não ao
mesmo tempo.

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Portanto, o homicídio simples praticado por grupo de


extermínio, ainda que por um só agente, exige pluralidade de
pessoas e pluralidade de vítimas. Não se exige, nesse caso, que o
homicídio seja qualificado.

O §6º do art. 121 do CP recentemente trouxe um aumento de


pena para o homicídio praticado por grupo de extermínio. Trata-se
de majorante aplicada tanto para o delito na sua forma simples
quanto qualificada.

CP, Art. 121, § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um


terço) até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio.

Homicídio Qualificado Privilegiado

A maioria entende que é compatível o homicídio qualificado


privilegiado, desde que as qualificadoras sejam objetivas, que são
aquelas constantes dos incisos III e IV do art. 121, §2º, do CP.

De acordo com o entendimento majoritário, o homicídio


qualificado privilegiado não é considerado hediondo.

Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima


(art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de
morte (art. 129, § 3o)

Federal, e determina outras


providências
Lei 8.072/90, Art. 1º, I-A - lesão corporal dolosa de
natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal

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seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra


autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de
2015);

Latrocínio

Lei 8.072/90, Art. 1º, II - latrocínio (art. 157, §


3º, in fine);
CP, Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para
si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência: (…)
§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal
grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15
(quinze) anos, além da multa; se resulta
morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30
(trinta) anos, sem prejuízo da multa.

Somente o roubo com resultado


morte é considerado hediondo,
quando o sujeito emprega violência
física, produzindo esse resultado. Se
a morte resulta da ameaça, não há
latrocínio.
Não importa, no caso, se a
morte é produzida a título de dolo ou
culpa. Vale, ainda, observar a súmula
610 do STF, que afirma estar consumado o latrocínio quando houver
morte, ainda que não se efetue a subtração dos bens da vítima.

STF, Súmula 610 – Há crimes de latrocínio, quando


o homicídio se consuma, ainda que não realize o
agente a subtração de bens da vítima.

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

O latrocínio seria tentado se, no contexto da subtração, o


sujeito deseja matar, mas a vítima sobrevive e ele não consegue
subtrair os bens.
Por outro lado, se a subtração é consumada e, após, o sujeito
pratica uma violência homicida sem sucesso, entende o STF que há
roubo consumado cumulado com homicídio tentado. Nessa hipótese,
se consegue destacar dois momentos: a subtração já consumada e
a violência praticada em momento subsequente para garantir a
posse do bem.

Extorsão Qualificada pela Morte ou Mediante Sequestro

Lei 8.072/90, Art. 1º, III - extorsão qualificada pela


morte (art. 158, § 2º);
IV - Extorsão mediante sequestro e na forma
qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º);

CP, Art. 157, § 3º - Se da violência resulta lesão


corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15
(quinze) anos, além da multa; se resulta morte, a
reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem
prejuízo da multa.

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou


grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou
para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e
multa.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante
violência o disposto no § 3º do artigo anterior.

Extorsão Mediante Sequestro


Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para
si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1º - Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é
cometido por bando ou quadrilha:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 20 (vinte) anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
grave: Pena - reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte
e quatro) anos.
§ 3º - Se resulta a morte:

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Pena - reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta)


anos.

Você sabia que na


extorsão qualificada
pela morte, aplica-se o
mesmo raciocínio do
latrocínio?

Toda extorsão mediante sequestro é hedionda, seja simples ou


qualificada. Já a extorsão genérica só será hedionda quando
qualificada pela morte.

Sequestro Relâmpago

CP, Art. 158, § 3º Se o crime é cometido mediante a


restrição da liberdade da vítima, e essa condição é
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena
é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa;
se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as
penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.

Trata-se de extorsão qualificada pela restrição


da liberdade. Na segunda parte, o dispositivo traz uma norma penal
em branco, aplicando as penas do art. 159, §§ 2º e 3º. Surge, então,
a polêmica a respeito da hediondez desse delito:

1ª corrente: o delito é hediondo, assim como toda


extorsão com morte. Se o delito menos grave, a
extorsão genérica com resultado morte, é hediondo,

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também a qualificada pela restrição da liberdade deve ser.

2ª corrente: não é crime hediondo, pois o legislador


adotou o critério legal, não tendo esse delito sido
incluído no rol. Não se pode utilizar da analogia in
malam partem.

Não há jurisprudência clara quanto ao tema.

Estupro e Estupro de Vulnerável

Lei 8.072/90, Art. 1º, V - estupro (art. 213,


caput e §§ 1º e 2º); VI - estupro de vulnerável
(art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º);

CP, Art. 213. Constranger alguém, mediante


violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de
natureza grave ou se a vítima é menor de 18
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta)
anos.
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar
outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as
ações descritas no caput com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência.
§ 2º (vetado)
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de
natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a
20 (vinte) anos.
§ 4º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta)
anos.

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

A lei 12.015/09 veio logo após a lei do “sequestro relâmpago”


e o legislador inseriu no texto da lei 8.072/90 o delito do estupro de
vulnerável. Isso reforça a 2ª corrente acerca da polêmica do
“sequestro relâmpago”, que defende que, quando o legislador
deseja, insere o delito no rol.

Antes da lei 12.015/09, havia controvérsia a respeito da


hediondez dos delitos de estupro e atentado violento ao pudor, na
sua forma simples e nas hipóteses de violência presumida. Prevalece
o entendimento no sentido de que eram delitos hediondos, sendo
essa posição pacífica na jurisprudência.

STJ, informativo 505 - DIREITO PENAL.


NATUREZA HEDIONDA. ESTUPRO E ATENTADO
VIOLENTO AO PUDOR COMETIDOS ANTES DA
LEI N. 12.015/2009. FORMA SIMPLES.
RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E
RES. N. 8/2008-STJ).

Você sabia que os crimes de estupro e


atentado violento ao pudor cometidos
antes da edição da Lei n. 12.015/2009 são
considerados hediondos, ainda que
praticados na forma simples?

O bem jurídico tutelado é a liberdade sexual, não a integridade


física ou a vida da vítima, sendo irrelevante que a prática dos ilícitos
tenha resultado lesões corporais de natureza grave ou morte. As
lesões corporais e a morte são resultados que qualificam o crime, não
constituindo, pois, elementos do tipo penal necessários ao
reconhecimento do caráter hediondo do delito, que exsurge da
gravidade dos crimes praticados contra a liberdade sexual e merecem
tutela diferenciada, mais rigorosa. Ademais, afigura-se inequívoca a
natureza hedionda do crime de estupro praticado sob a égide da Lei

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

n. 12.015/2009, que agora abarca, no mesmo tipo penal, a figura do


atentado violento ao pudor, inclusive na sua forma simples, por
expressa disposição legal, bem assim o estupro de vulnerável em
todas as suas formas, independentemente de que a conduta venha a
resultar lesão corporal ou morte. Precedentes citados do STF: HC
101.694- RS, DJe 2/6/2010; HC 89.554-DF, DJ 2/3/2007; HC 93.794-
RS, DJe23/10/2008; do STJ: AgRg no REsp 1.187.176-RS, DJe
19/3/2012, e REsp 1.201.911-MG, DJe

24/10/2011. REsp 1.110.520-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis


Moura, julgado em 26/9/2012.

Epidemia com Resultado Morte

Lei 8.072/90, Art. 1º, VII - epidemia com resultado


morte (art. 267, § 1º).

CP, Art. 267 - Causar epidemia, mediante a


propagação de germes patogênicos: Pena -
reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos.
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada
em dobro.

Esse delito é preterdoloso. Epidemia é crime de perigo comum


e o resultado morte o qualifica.

Você saberia dizer se


Sim. Trata-se de crime
Epidemia com
hediondo e, portanto,
Resultado Morte é um
inafiançável.
crime inafiançável?

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de Produto


Destinado a Fins Terapêuticos ou Medicinais

Lei 8.072/90, Art. 1º, VII-B - falsificação, corrupção,


adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A
e § 1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de
julho de 1998).
CP, Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende,
expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de
qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este
artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos
farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso
em diagnóstico.
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica
as ações previstas no § 1º em relação a produtos em
qualquer das seguintes condições:
- sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância
sanitária competente;
- em desacordo com a fórmula constante do registro
previsto no inciso anterior; III - sem as características de
identidade e qualidade admitidas para a sua
comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua
atividade; V - de procedência ignorada;
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da
autoridade sanitária competente.

Diante dessa previsão, a falsificação de um batom e a produção


de uma escova progressiva, por exemplo, seriam considerados delitos
hediondos. Dessa forma, a doutrina aponta a necessidade de
razoabilidade e de proporcionalidade no momento desse
enquadramento.

22
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração


sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável

Lei 8.072/90, Art. 1º, VIII - favorecimento da


prostituição ou de outra forma de exploração sexual de
criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B,
caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978,
de 2014)

Genocídio

Lei 8.072/90, Art. 1º, Parágrafo único. Considera-se


também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts.
1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956,
tentado ou consumado.

Lei 2.889/56, Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no


todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso,
como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de
membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de
existência capazes de ocasionar-lhe a destruição
física total ou parcial; d) adotar
medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio
do grupo; e) efetuar a transferência forçada de
crianças do grupo para outro grupo; Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso
da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, no
caso da letra b; Com as penas do art. 270, no caso da
letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Com as penas
do art. 148, no caso da letra e;
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática
dos crimes mencionados no
artigo anterior: Pena: Metade da cominada
aos crimes ali previstos.
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer
qualquer dos crimes de que trata o art. 1º:
Pena: Metade das penas ali cominadas.
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime
incitado, se este se consumar.

23
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a


incitação for cometida pela imprensa.

Esses delitos trazem tanto o


genocídio propriamente dito quanto a
quadrilha para a sua prática, que
também é considerada crime hediondo.
Diversamente, a quadrilha para a
prática de crimes hediondos em geral não é hedionda, uma vez que
esse delito não está incluído no rol do art. 1º da lei 8.072/90.

Crimes Equiparados a Hediondos: Tráfico, Terrorismo e


Tortura

Tráfico Privilegiado

Você sabia que o tráfico


privilegiado está
disciplinado no art. 33,
§4º, da lei 11.343/06?

Vejamos a seguir:

Lei 11.343/06, Art. 33. Importar, exportar, remeter,


preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento
de 500 (quinhentos) a

24
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.


§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,
insumo ou produto químico destinado à preparação de
drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
de plantas que se constituam em matéria- prima para a
preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem
a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância,
ou consente que outrem dele se utilize, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito
de drogas.
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo,
as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços,
vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde
que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se
dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa.

Surgiu teoria alegando que, se o homicídio qualificado


privilegiado não é hediondo, o tráfico privilegiado também não é. No
STF, o tema foi afetado ao Plenário.

IV STF, Informativo 690 - Tráfico privilegiado e crime


hediondo
V A 2ª Turma acolheu proposição formulada pelo Min.
Celso de Mello no sentido de afetar ao Plenário julgamento
de habeas corpus em que se discute a hediondez no crime
de tráfico privilegiado previsto no parágrafo 4º do art. 33
da Lei 11.343/2006 (...). Alega-se que o tráfico
privilegiado não seria hediondo porque não estaria
expressamente identificado no art. 2º da Lei 8.072/90
(“Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto;
II - fiança”), a prever tão somente a figura do tráfico de
entorpecentes do caput do mencionado art. 33 da Lei de
Drogas. Sustenta-se, ademais, que esse fato seria
bastante para que o paciente não sofresse as restrições

25
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

impostas pela Lei dos Crimes Hediondos. HC 110884/MS,


rel. Min. Ricardo Lewandowski, 27.11.2012. (HC-110884)

Na verdade, essa não é uma figura privilegiada, mas prevê


uma mera minorante.

O STJ, diversamente do STF, já consolidou o entendimento no


sentido de considerar o “tráfico privilegiado” crime hediondo. O
Tribunal utiliza a expressão entre aspas, por não se tratar de delito
autônomo.

STJ, AgRg no HC 249.249 - AGRAVO REGIMENTAL EM


HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL.
TRÁFICO DE ENTORPECENTES. 1. INCIDÊNCIA DA
MINORANTE DO § 4º DO ART. 33 DA LEI Nº 11.343/06.
AFASTAMENTO DA HEDIONDEZ DO CRIME.
IMPOSSIBILIDADE. 2. MODIFICAÇÃO DE REGIME
PRISIONAL. NÃO CABIMENTO. 3. RECURSO IMPROVIDO.
1. É firme a jurisprudência desta Corte Superior no
sentido de que a aplicação da causa de diminuição de pena
prevista no § 4º do art. 33 da Lei n.º 11.343/2006 não
implica no afastamento da equiparação existente entre o
delito de tráfico ilícito de drogas e os crimes hediondos,
dado que não há a constituição de novo tipo penal, distinto
da figura descrita no caput do mesmo artigo, não sendo,
portanto, o 'tráfico privilegiado' tipo autônomo.
(…)

Lei de Tortura: Lei 9.455/97

Bem Jurídico Tutelado


O principal bem jurídico tutelado
pela lei de tortura é a dignidade humana.
Esse crime é supliciante, através do qual
a vítima é reduzida a menos que um ser
humano. Não se limita ao caráter físico,
havendo também a tortura mental, através de violência moral.

Também envolve a tutela dos bens integridade física, psíquica


e a própria vida.

26
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Sujeitos Ativo e Passivo

Para a maioria da doutrina, em geral,


qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Não
se exige a qualidade de agente público para
que ocorra, não se tratando de crime
funcional. A legislação não seguiu as
convenções internacionais que vinculam o
delito à condição de agente público.

O sujeito passivo também pode


ser qualquer pessoa.

Figuras Típicas

Núcleo Constranger

Lei 9.455/97, Art. 1º Constitui crime de tortura:


I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão
da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
As espécies de tortura disciplinadas no art. 1º, I, consistem em
constranger alguém, atingindo sua liberdade de autodeterminação.
Constranger é forçar, coagir.

Mas não se trata de um constrangimento ilegal qualquer,


sendo necessário que cause sofrimento físico ou mental, o que
constitui elemento normativo do tipo. Assim, o delito é
consumado quando a vítima sofre.

27
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Ademais, devem estar presentes uma das finalidades das


alíneas a, b e c. O inciso I do art. 1º traz três modalidades
de tortura:

Tortura probatória ou inquisitiva ou inquisitorial;

Tortura-crime;

Tortura discriminatória.

ESPÉCIES de TORTURA

ART. 1º, I

TORTURA-
PROBATÓRIA DISCRIMINATÓRIA
CRIME

O tipo subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre e


consciente de infligir sofrimento físico ou mental na vítima, através
de violência ou grave ameaça.

As alíneas a e b trazem um especial fim de agir. Por isso esses


tipos são classificados pela doutrina como delitos de intenção ou de
tendência interna transcendente. Ademais, são crimes de resultado
cortado, consumando-se independentemente de se concretizar a

28
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

intenção. A tortura probatória e a tortura- crime são crimes formais,


cujo resultado não precisa ocorrer para que se consumem.

Tortura Probatória

Também chamada de tortura inquisitiva ou inquisitorial.

A doutrina faz uma distinção pouco relevante, afirmando que


informação é a comunicação ou notícia acerca de fato; enquanto
declaração é o esclarecimento, explicação ou revelação referente a
algum fato; já confissão é a admissão da prática de fato.

O crime de tortura não traz nenhuma qualificadora de violência


doméstica. O agente responderá pela tortura, sem prejuízo de ser
responsabilizado por conduta presente na lei Maria da Penha.

A tortura castigo exige uma relação de cuidado, guarda,


vigilância, o que não está presente entre o traficante e o irmão de
seu ex-comparsa. Tampouco constitui tortura do art. 1º, I. Trata-se,
portanto, de mera lesão corporal.

Tortura-Crime

Nessa modalidade, o torturado é utilizado como instrumento


do torturador, que será o autor mediato do crime.

Há controvérsia a respeito de ser a vítima utilizada como


instrumento para a prática de contravenção penal:

1ª corrente: quando o dispositivo fala em ação ou


omissão de natureza criminosa, refere-se ao gênero,
estando incluída a contravenção. Essa posição traz
clara analogia in malam partem.

29
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

2ª corrente: só admite a prática de crime. Assim, se a


vítima for utilizada para a prática de contravenção
penal, o delito será de constrangimento ilegal, de
acordo com o art. 146 do CP, sem prejuízo de o autor
mediato responder pela contravenção.

CP, Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou


grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

Aumento de Pena

§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro,


quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três
pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as
correspondentes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I -a intervenção médica ou cirúrgica, sem o
consentimento do paciente ou de seu representante legal,
se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.

Tortura Discriminatória

Também chamada de tortura preconceituosa ou racista, na


qual o agente, por motivo discriminatório, tortura a pessoa. Não há
qualquer resultado pretendido.

A discriminação sexual, por exemplo, não caracteriza o crime


de tortura. A lei só fala em discriminação racial ou religiosa. Esse é
o motivo determinante exigido legalmente.

Esse delito consuma-se com o sofrimento físico ou mental. A


doutrina diverge quanto à sua natureza formal ou material.

30
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

LEI DE DROGAS E O TRÁFICO TRANSNACIONAL /


INTERNACIONAL

O art. 70 da lei de drogas (Lei 11.343/2006) é um crime de


competência federal mesmo que a droga não chegue ao seu destino.

Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos


nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito
transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que
não sejam sede de vara federal serão processados e
julgados na vara federal da circunscrição respectiva.

Citam-se aqui os artigos mencionados no art. 70, para fins


didáticos:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,


fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento
de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,

31
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

insumo ou produto químico destinado à preparação de


drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de
plantas que se constituam em matéria-prima para a
preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou
consente que outrem dele se utilize, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de
drogas.
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de
droga: (Vide ADI nº 4.274)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100
(cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de
lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo,
as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos,
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes,
não se dedique às atividades criminosas nem integre
organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer,


vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir,
guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à
fabricação, preparação, produção ou transformação de
drogas, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento
de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de


praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento
de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo
incorre quem se associa para a prática reiterada do crime
definido no art. 36 desta Lei.

Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos


crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

32
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento


de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-
multa.
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo,
organização ou associação destinados à prática de qualquer
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento
de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.

Vale dizer que neste artigo 70, o mais


importante a ser observado é o parágrafo
único visto que até 2006 se esse crime
praticado no local onde não houvesse sede
de vara federal, o juízo competente era o
juízo estadual.

Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos


nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito
transnacional, são da competência da Justiça Federal.

Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que


não sejam sede de vara federal serão processados e
julgados na vara federal da circunscrição respectiva.

Conforme visto no parágrafo único acima citado, atualmente a


regra deve ser outra: se esse crime praticado no local onde não houver
sede de vara federal, o crime deverá ser julgado na vara federal da
circunscrição respectiva.

33
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

CRIMES DO ECA (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE)

Referente à adoção por estrangeiros sem a regularidade


brasileira, o assunto está disposto no art. 239 do ECA (Lei nº
8.069/90) e este crime é de competência federal.

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado


ao envio de criança ou adolescente para o exterior com
inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter
lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça
ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
correspondente à violência.

Outro crime previsto pelo ECA é o de pornografia infantil mas


este caso nem sempre será de competência federal.
No caso de ser uma troca de e-mails com pornografia infantil
entre dois adultos, isso não caracteriza crime federal. No entanto, esse
cenário muda se essas mensagens são trocadas entre pessoas dentro
e fora do Brasil, pois, neste caso, o crime será considerado de
competência federal.
E as imagens de menores são divulgadas também em sites de
relacionamento ou redes sociais (mesmo que haja acesso restrito por
senhas) o crime de pornografia infantil aqui também será de
competência federal.
O assunto está previsto do art. 241 ao art. 241-C do ECA.

34
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou


outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação
dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,


distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
por meio de sistema de informática ou telemático,
fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e


multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)

I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento


das fotografias, cenas ou imagens de que trata
o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata
o caput deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste
artigo são puníveis quando o responsável legal pela
prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de
desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer


meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se


de pequena quantidade o material a que se refere
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a
finalidade de comunicar às autoridades competentes a
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-
A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)

35
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

II – membro de entidade, legalmente constituída, que


inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento,
o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes
referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)

III – representante legal e funcionários responsáveis de


provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede
de computadores, até o recebimento do material relativo à
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao
Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão
manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela
Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou


adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por
meio de adulteração, montagem ou modificação de
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação
visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende,
expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga
por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material
produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei
nº 11.829, de 2008)

36
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

CRIMES DE CONTRAVENÇÃO PENAL

Esses crimes não são julgados na justiça federal mas sim na


justiça estadual.
Sobre o tema, deve-se ler a súmula 38 do STJ.

STJ Súmula nº 38 - Competência - Contravenção Penal -


Detrimento da União ou de Suas Entidades - Compete à
Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988,
o processo por contravenção penal, ainda que praticada em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
entidades.

Observação: se um juiz federal cometer esse crime, ele deverá ser


julgado no TRF (Tribunal Regional Federal) por questão de prerrogativa
de função e não em razão da infração em si. Isso vale para qualquer
pessoa que, por prerrogativa de função, deva ser julgada no TRF.

Informativo 528 do STJ

Esse informativo se refere ao conflito de competência 15/338


sobre o tema de factoring: ato de compra de cheques de comerciantes
com a contraprestação do adiantando dos valores a receber
(adiantamento feito com desconto).

37
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Nota-se o teor do informativo, divulgado na data de 23 de


outubro de 2013.
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA O
JULGAMENTO DE AÇÃO PENAL REFERENTE À PRÁTICA DE
CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL POR
MEIO DE SOCIEDADE QUE DESENVOLVA A ATIVIDADE DE
FACTORING. Compete à Justiça Federal processar e julgar
a conduta daquele que, por meio de pessoa jurídica
instituída para a prestação de serviço de factoring, realize,
sem autorização legal, a captação, intermediação e
aplicação de recursos financeiros de terceiros, sob a
promessa de que estes receberiam, em contrapartida,
rendimentos superiores aos aplicados no mercado. Isso
porque a referida conduta se subsume, em princípio, ao tipo
do art. 16 da Lei 7.492/1986 (Lei dos Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional), consistente em fazer operar,
sem a devida autorização, ou com autorização obtida
mediante declaração falsa, instituição financeira,inclusive
de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio.
Ademais, nessa hipótese, apesar de o delito haver STJ -
sido praticado por meio de pessoa jurídica criada para a
realização de atividade de factoring, deve-se considerar ter
esta operado como verdadeira instituição financeira,
justificando-se, assim, a fixação da competência na Justiça
Federal. (CC 115.338-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 26/6/2013).

Vale dizer que, em regra, a empresa de factoring não pode ser


considerada uma instituição financeira pois ela com recursos próprios.
Caso a empresa de factoring não trabalhe com recursos próprios
e sim de terceiros investidores e também não peça autorização para
trabalhar como uma instituição financeira, comete o crime previsto no
art. 16, L. 7492/86.

Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com


autorização obtida mediante declaração (Vetado) falsa,
instituição financeira, inclusive de distribuição de valores
mobiliários ou de câmbio:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

38
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Assim, com base no dispõe o inciso IV e VI do art. 109, CRFB, no


informativo, acima citado, e art. 26 da L. 7492/86, a competência
desse crime é da justiça federal, ou seja, não basta ser crime contra
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, mas deve estar
previsto em lei.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento


de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos


determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
econômico-financeira;

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida
pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.

Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de


Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro
de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários - CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de
atividade sujeita à disciplina e à fiscalização dessa Autarquia, e do
Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver sido
cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

Sobre o assunto de crimes contra sistema financeiro e a ordem


econômico-financeira, vale a leitura do art. 109, V, CRFB.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


V - os crimes previstos em tratado ou convenção
internacional, quando, iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Assim, no caso desse inciso V, para


ser competência federal deverá ter
cumulativamente crime a distância e
tratado sobre o assunto, como ocorre
com a lavagem de dinheiro internacional.
Ainda sobre o inciso VI do art. 109, CRFB, importa dizer que este
artigo deve ser correlacionado com a Lei 7942 visto que ela trata dos
crimes tributários e dos contra a ordem econômica. Esses crimes
contraordem econômica são de competência estadual visto que a lei
nada dispõe sobre o assunto (ou seja, ser de competência federal).
Outras leis que tratam do crime contraordem econômica:

Crimes contra a economia popular: lei nº 1521/51.


Esses crimes são de competência estadual e sobre o
assunto, deve-se ler a súmula 498 do STF.

STF Súmula nº 498- Competência - Processo e Julgamento


- Crimes Contra a Economia Popular- Compete a justiça dos
estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento
dos crimes contra a economia popular.

Crimes contra a ordem econômica referente aos


combustíveis: art. 1º da Lei 8176/91.

Art. 1° Constitui crime contra a ordem econômica:


I - adquirir, distribuir e revender derivados de petróleo, gás
natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado
carburante e demais combustíveis líquidos carburantes, em
desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei;
II - usar gás liquefeito de petróleo em motores de qualquer
espécie, saunas, caldeiras e aquecimento de piscinas, ou
para fins automotivos, em desacordo com as normas
estabelecidas na forma da lei.
Pena: detenção de um a cinco anos.

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

LEI DE ARMAS: LEI 10.826/03

Bem Jurídico Tutelado e Sujeitos

O bem jurídico tutelado por essa lei é a incolumidade pública, ou


seja, a segurança da coletividade. Não se protege diretamente a
integridade física. Desse modo, via de regra, o sujeito passivo será o
Estado.
O sujeito ativo, a princípio, é qualquer pessoa, mas algumas figuras
da lei irão exigir autoria determinada.

Competência

A priori, a competência é da justiça comum estadual.


Excepcionalmente, algumas situações adentrarão a competência da
justiça federal, como o tráfico internacional de armas, diante da
transnacionalidade e de disposição em tratado no sentido de que o
Brasil se compromete a combater sua prática.
Mesmo quando o delito envolve indígenas, a competência, a
princípio, será da justiça estadual. Recentemente, porém, o STJ
analisou caso em que indígena portava arma de caça e excepcionou a

41
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

súmula 140, por entender que caça é costume, que, por sua vez, é
direito indígena, o que atraía a competência para a justiça federal.

STJ, Súmula 140 – Compete à justiça comum estadual


processar e julgar crime em que o indígena figura como
autor ou vítima.

Outro caso recente, veiculado no informativo 507, envolvia


conflito de competência diante de conduta envolvendo porte de arma
de fogo e contrabando. Entendeu o STJ que competia à justiça estadual
o julgamento, uma vez que não havia conexão entre os delitos. A mera
ocorrência dos delitos no mesmo contexto não enseja conexão.

STJ, Informativo 507 - DIREITO PROCESSUAL PENAL.


COMPETÊNCIA. PORTE ILEGAL
DE ARMA DE FOGO E CONTRABANDO. Compete à Justiça
estadual processar e julgar crime de porte ilegal de arma de
fogo praticado, em uma mesma circunstância, com crime de
contrabando – de competência da Justiça Federal –, se não
caracterizada a conexão entre os delitos. A mera ocorrência
dos referidos delitos no mesmo contexto não enseja a
reunião dos processos na Justiça Federal. Precedentes
citados: CC 105.005-MG, DJe 2/8/2010, e CC 68529-MT,
DJe 24/4/2009. CC 120.630-PR, Rel. Min. Alderita Ramos
de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ-PE), julgado
em 24/10/2012.

Norma Penal em Branco

A lei de armas é norma penal em branco,


complementada pelo decreto 3.665/00 e
pelo decreto 5.123/04. Cabe ressaltar que a
norma complementar integra a principal
para todos os efeitos.

42
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Sendo assim, alterado o complemento, será alterado o


principal. Por exemplo, retirando-se uma arma do rol das armas de
fogo, ocorrerá a abolitio criminis quanto a essa. O mesmo vale para as
regras envolvendo o registro e o porte de armas.

Registro e Porte

Registro é o documento que autoriza o proprietário a manter a


arma em sua residência ou local de trabalho.
Porte, por sua vez, é a autorização para que o proprietário
conduza consigo a arma municiada.
O art. 3º da lei trata da obrigatoriedade do registro.

Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão


competente.
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão
registradas no Comando do Exército, na forma do
regulamento desta Lei.

O art. 5º, por sua vez, esclarece que o registro só permite ao


proprietário manter a arma de fogo exclusivamente em sua residência,

domicílio ou local de trabalho. Seu §1o prevê que o órgão responsável


para efetuar esse registro é o Sinarm.

o
Art. 5 O certificado de Registro de Arma de Fogo,
com validade em todo o território nacional, autoriza o
seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente
no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja
ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou
empresa.
o
§ 1 O certificado de registro de arma de fogo será
expedido pela Polícia Federal e
será precedido de autorização do Sinarm.

43
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

De sua vez, o art. 4o trata da arma de fogo de uso permitido. O


interessado, nesse caso, deve se habilitar para que o Sinarm expeça a
autorização de compra.

o
Art. 4 Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade,
atender aos seguintes requisitos:
1 - Comprovação de idoneidade, com a apresentação de
certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas
pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não
estar respondendo a inquérito policial ou a processo
criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos;
2 – Apresentação de documento comprobatório de ocupação
lícita e de residência certa;
3 – Comprovação de capacidade técnica e de aptidão
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na
forma disposta no regulamento desta Lei.
o
§ 1 O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de
fogo após atendidos os requisitos anteriormente
estabelecidos, em nome do requerente e para a arma
indicada, sendo intransferível esta autorização.
o
§ 2 A aquisição de munição somente poderá ser feita no
calibre correspondente à
arma registrada e na quantidade estabelecida no
regulamento desta Lei.

Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,


acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, no interior de sua
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

É punida a posse e a manutenção sob guarda, sendo necessário


o contato com a arma. A posse é sempre intra muros, sendo esse um
elemento espacial do tipo penal.
Nesse delito, a posse é irregular, pois o sujeito, em que pese ter
adquirido a arma licitamente, não tem o registro ou está com esse

44
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

vencido. Mesmo nesses casos, a aquisição pode ter sido lícita, como
por herança, por exemplo. Aquele que herda a arma e não a registra,
mantendo-a guardada no seu armário, comete esse delito.
Assim, é pressuposto do art. 12 a aquisição lícita.
A manutenção da arma no local de trabalho, para configurar esse
crime, deve ser pelo responsável pelo local. Caso contrário, se a
manutenção for por mero funcionário de uma empresa, por exemplo,
o delito será o do art. 14, a ser estudado mais adiante.
Em recente julgado no STJ, caminhoneiro foi flagrado com arma
de uso permitido e alegou que o veículo era seu local de trabalho. O

art. 150, §4o, do CP equipara à casa o local onde a pessoa exerce sua
profissão e, assim, a intenção era descaracterizar o crime de porte para
o de posse, que ocorre intramuros.

CP, Art. 150, § 4º - A expressão "casa " compreende:


III - compartimento não aberto ao público, onde alguém
exerce profissão ou atividade.

O STJ entendeu que o aspecto espacial


do crime do art. 12 tem como
pressuposto residência ou local de
trabalho fixos, com endereço
determinado. O caminhão é, na
verdade, um instrumento de trabalho. O
mesmo raciocínio se aplica a outros
tipos de veículo.

STJ, Informativo 496 - APREENSÃO DE ARMA EM


CAMINHÃO. TIPIFICAÇÃO. O
veículo utilizado profissionalmente não pode ser
considerado “local de trabalho” para tipificar a conduta
como posse de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da

45
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Lei n. 10.826/2003). No caso, um motorista de caminhão


profissional foi parado durante fiscalização da Polícia
Rodoviária Federal, quando foram encontrados dentro do
veículo um revólver e munições intactas. Denunciado por
porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14 do
Estatuto do Desarmamento), a conduta foi desclassificada
para posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art.
12 do mesmo diploma), reconhecendo-se, ainda, a abolitio
criminis temporária. O entendimento foi reiterado pelo
tribunal de origem no julgamento da apelação. O Min.
Relator registrou que a expressão “local de trabalho”
contida no art. 12 indica um lugar determinado, não móvel,
conhecido, sem alteração de endereço. Dessa forma, a
referida expressão não pode abranger todo e qualquer
espaço por onde o caminhão transitar, pois tal circunstância
está sim no âmbito da conduta prevista como porte de arma
de fogo. Precedente citado: HC 116.052-MG, DJe
9/12/2008. REsp 1.219.901-MG, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 24/4/2012.

Em se tratando de um trailer, se esse for


fixo, adentrará o conceito de casa. Se o
sujeito, por outro lado, mora no seu
carro, esse não é fixo e, para efeito da
lei de armas, não caracteriza residência.

O crime do art. 12 é de mera conduta, de perigo abstrato e


permanente. Assim, com a edição de lei nova mais gravosa, aplica-se
o raciocínio da súmula 711 do STF.

STF, Súmula 711 – A lei penal mis grave aplica-


se ao crime continuado ou ao crime permanente,
se a sua vigência é anterior à cesação da
continuidade ou permanência.

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Abolitio Criminis Temporária

Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de


uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu
registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante
apresentação de documento de identificação pessoal e
comprovante de residência fixa, acompanhados de nota
fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse,
pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração
firmada na qual constem as características da arma e a sua
condição de proprietário, ficando este dispensado do
pagamento de taxas e do cumprimento das demais
o
exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4
desta Lei.
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no
caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá
obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de
registro provisório, expedido na forma do § 4o do art. 5o
desta Lei.

Essa abolitio criminis temporária


aplica-se à figura do art. 12. Foi
concedido um prazo para que aqueles
que haviam adquirido suas armas de
fogo de uso permitido de forma lícita
regularizassem essa situação através
do registro. A questão também foi
chamada de vacatio legis indireta.

STJ, Informativo 506 - DIREITO PENAL. POSSE DE


MUNIÇÃO. ABOLITIO CRIMINIS
TEMPORÁRIA. É atípica a conduta de possuir munição, seja
de uso permitido ou restrito, sem autorização ou em
desconformidade com determinação legal ou regulamentar,
no período abrangido pela abolitio criminis temporária
prevista no art. 30 da Lei n. 10.826/2003, na redação
anterior à Lei n. 11.706/2008. O prazo legal para a

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

regularização do registro de arma previsto na Lei n.


10.826/2003, prorrogado pelas Leis ns. 10.884/2004,
11.118/2005 e 11.191/2005, permitiu a devolução das
armas e munições até 23 de outubro de 2005. Assim, nesse
período, houve a descriminalização temporária no tocante
às condutas delituosas relacionadas à posse de arma de
fogo ou munição. Incabível a interpretação de ser aplicada
apenas aos casos que envolvam arma de fogo e munição de
uso permitido com base na Lei n. 11.706/2008, pois a nova
redação é aplicável apenas aos crimes praticados após 24
de outubro de 2005, uma vez que a redação anterior,
conferida pela Lei n. 11.191/2005, era mais benéfica em
razão de não conter tal restrição. Precedentes citados: HC
164.321-SP, DJe 28/6/2012, e HC 78.481-RJ, DJe
23/8/2010. HC 187.023-MS, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 9/10/2012.

Nas edições anteriores, permitia-se


inclusive a regularização de armas de uso
restrito. Nessa edição, contudo, a
autorização legal restringiu-se somente
àquelas de uso permitido. Isso é
importante para fins de aplicação da lei
penal no tempo, visto que as leis
anteriores foram mais benéficas.

Como foi concedido um prazo para o registro, até esse termo,


não se poderia considerar que haveria o dolo para que o crime se
aperfeiçoasse. Por isso a hipótese foi denominada de abolitio criminis
temporária. Como tal, entendem os tribunais que ela não retroage,
tampouco tem efeitos ultrativos, aplicando-se o mesmo raciocínio das
leis temporárias. Assim, só se aplica naquele período de tempo
determinado.

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

O art. 31, por sua vez, aplica-se a qualquer arma de fogo,


visando incentivar o desarmamento, sem a fixação de prazo.

Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo


adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo,
entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização,
nos termos do regulamento desta Lei.

Já a arma quebrada, uma vez demonstrada sua imprestabilidade


pela perícia, torna o fato atípico. A presunção de perigo pode ser ilidida
por meio de perícia.

STF, HC 96.099 - EMENTA: ROUBO QUALIFICADO PELO


EMPREGO DE ARMA DE FOGO. APREENSÃO E PERÍCIA PARA
A COMPROVAÇÃO DE SEU POTENCIAL OFENSIVO.
DESNECESSIDADE. CIRCUNSTÂNCIA QUE PODE SER
EVIDENCIADA POR OUTROS MEIOS DE PROVA. ORDEM
DENEGADA. I - Não se mostra necessária a apreensão e
perícia da arma de fogo empregada no roubo para
comprovar o seu potencial lesivo, visto que tal qualidade
integra a própria natureza do artefato. II - Lesividade do
instrumento que se encontra in re ipsa. III - A qualificadora
do art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pode ser evidenciada
por qualquer meio de prova, em especial pela palavra da
vítima - reduzida à impossibilidade de resistência pelo
agente - ou pelo depoimento de testemunha presencial. IV
- Se o acusado alegar o contrário ou sustentar a ausência
de potencial lesivo da arma empregada para intimidar a
vítima, será dele o ônus de produzir tal prova, nos termos
do art. 156 do Código de Processo Penal. V - A arma de
fogo, mesmo que não tenha o poder de disparar projéteis,
pode ser empregada como instrumento contundente, apto
a produzir lesões graves. VI - Hipótese que não guarda
correspondência com o roubo praticado com arma de
brinquedo. VII - Precedente do STF. VIII - Ordem
indeferida.

De modo semelhante, a arma de brinquedo não é considerada


arma, não sendo englobada por nenhuma conduta típica da lei, uma
vez que não possui qualquer potencialidade lesiva. A arma de
brinquedo empregada no roubo não pode majorar a pena, ao contrário
do que ocorre com a arma desmunicidada. Se o réu alega que a arma

49
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

não tem potencialidade lesiva, caberá a ele comprovar, invertendo-se


o ônus da prova. A arma de brinquedo configura o roubo, por
representar ameaça, mas não pode majorá-lo.

Portanto, entendem os tribunais que não há necessidade de


realização de perícia para a comprovação da potencialidade lesiva da
arma. Nesse caso, inverte-se o ônus da prova, podendo o réu se utilizar
de perícia em seu favor, para desconstituir essa potencialidade lesiva.

STF, HC 104.273 - HABEAS CORPUS. CRIME DE ROUBO


MAJORADO. ARMA NÃO APREENDIDA E NÃO PERICIADA.
ORDEM DENEGADA. 1. A questão de direito tratada nos
autos deste habeas corpus diz respeito à possível exclusão
da causa especial de aumento de pena decorrente do uso
de arma de fogo, que não foi apreendida nem periciada. 2.
O reconhecimento da causa de aumento prevista no art.
157, § 2º, I, do Código Penal prescinde da apreensão e da
realização de perícia na arma, quando provado o seu uso no
roubo, por outros meios de prova. 3. A jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que não se
exclui a causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do
Código Penal por falta de apreensão da arma, quando
comprovado o seu uso por outro meio de prova.
Precedentes. 4. O Pleno desta Corte consolidou
entendimento de que “exigir uma perícia para atestar a
potencialidade lesiva da arma de fogo empregada no delito
de roubo, ainda que cogitável no plano das especulações
acadêmicas, teria como resultado prático estimular os
criminosos a desaparecer com elas, de modo a que a
qualificadora do art. 157, § 2º, I, do CP dificilmente poderia
ser aplicada, a não ser nas raras situações em que
restassem presos em flagrantes, empunhando o artefato
ofensivo. Precedentes. 5. Habeas corpus denegado.

Omissão de Cautela

O caput do art. 13 traz um crime culposo, o único da lei de


armas.

Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para


impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo


que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

O caput requer o resultado naturalístico do apoderamento da


arma pelo menor de dezoito ou pela pessoa portadora de deficiência
mental, por apresentar risco para a incolumidade pública. Como o
delito é de perigo abstrato, pouco importa se essa pessoa é ajuizada o
suficiente para vir a causar lesão efetiva.
Se o indivíduo é negligente com sua arma, mas ninguém a pega,
o resultado naturalístico não ocorre e o delito não se configura. Para
esse fim, considera-se qualquer arma, tanto de uso restrito quanto
permitido.
Se o menor ou deficiente mental pega a arma e efetivamente a utiliza,
cometendo um homicídio, o possuidor da arma, a princípio, responderá

pelo resultado, por ser um garantidor, nos termos do art. 13, §2 o, c,


do CP, visto que, com sua conduta anterior, criou o risco do resultado.
Naturalmente, a pessoa não responderá se não podia impedir o
resultado.

CP, Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante


quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem:
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado.

O parágrafo único do art. 13 traz tipo penal equiparado que


pouco se assemelha à figura do caput. A lei exige das pessoas nele
elencadas que comuniquem à Polícia Federal e registrem a ocorrência
de qualquer espécie de extravio de arma. Se não o fizerem no prazo
de 24 horas, esses agentes responderão pela figura do art. 13,
parágrafo único. Nesse caso, porém, a inércia deve ser dolosa, não
podendo decorrer de mera negligência.

51
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Art. 13, Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o


proprietário ou diretor responsável de empresa de
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar
ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda,
furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo,
acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas
primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

Esse sujeito deve tanto registrar a ocorrência quanto comunicar


a Polícia Federal. Se deixar de fazer uma dessas coisas, responderá
pelo fato.
Esse delito admite a transação penal, visto que apresenta pena
máxima de dois anos. Além disso, cabe a suspensão condicional do
processo.
Os delitos do art. 13, tanto do caput quanto do parágrafo único,
são figuras próprias, visto que só as pessoas neles elencadas podem
cometer os delitos.

Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em


depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver
registrada em nome do agente.

O art. 14, em que pese ser conhecido como “porte”, traz vários
outros núcleos verbais. Trata-se de tipo misto altertivo, isto é, de crime
de conteúdo variado. A prática de vários núcleos configura apenas um
crime.
O parágrafo único foi declarado inconstitucional na ADIn 3.112,
publicada no informativo 465. O delito possui pena de até quatro anos,
sendo de gravidade média, além de não ser violento. A princípio,

52
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

caberia, inclusive, a substituição da pena. O STF entendeu, assim, que


o legislador violou o princípio da proporcionalidade ao vedar a fiança
de forma absoluta nesse caso.

Núcleos Típicos

Portar – o porte ocorre extramuros. Portar é trazer a arma


consigo.

O art. 6o elenca as pessoas que podem portar arma, sem prejuízo


de legislação especial. A autorização, contudo, é para arma
determinada. O porte de arma diversa configura o crime do art. 14.

Deter – conservar a arma em seu poder, ainda que não


seja extramuros. Não há necessidade de ser possuidor ou
proprietário; Adquirir – naturalmente, a aquisição deve ser
ilícita. Inclui a aquisição através ada prática de furto;

Fornecer – envolve a entrega da arma.


Não se trata de comércio, mas o agente funciona como uma
fonte. A doutrina reconhece a possibilidade de venda da
arma, desde que não configure ato de comércio, mas conduta
esporádica;

Receber – tomar, entrar na posse da arma. Configura-se


com a tradição;

Ter em depósito – manter a arma armazenada;

53
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Transportar – deslocar a arma de um local a outro.


Portar é trazer a arma junto de si, enquanto o transporte
não exige esse fator, como levar a arma no banco do
carro, por exemplo. O fato é típico ainda que a arma esteja
desmuniciada, visto que se trata de crime de perigo abstrato.

O STF aplicava a pronta disponibilidade nesse caso, entendendo


que a arma municiada só seria típica se o sujeito tivesse a pronta
disponibilidade da munição para utilizá-la. Hoje, isso não é mais
exigido pelos Tribunais.

Ceder – ainda que gratuitamente;


Exemplo: dois policiais trocam suas armas. Nesse caso, um
fornece e o outro adquire. Trata-se de aquisição ilícita. Na
atividade efetiva, isso eventualmente pode ser meramente
irregular, não havendo o ânimo de fornecer ou adquirir.

Emprestar – confiar a coisa a alguém, gratuitamente.


O aluguel é entendido pela doutrina como comércio,
incidente no art. 17, a ser estudado adiante.

Remeter – encaminhar, enviar.


Difere do transporte, pois não é a própria pessoa que leva a
arma;

Empregar-Se a arma é empregada para a prática de


homicídio, por exemplo, o sujeito não responde pelo art.
14, aplicando-se o princípio da consunção. Ademais, o
disparo da arma de fogo, apesar de também ser uma forma de
“empregar”, configura o delito do art. 15. O disparo é mais grave,
sendo a questão resolvida pela especialidade. Dessa forma, se o
sujeito emprega a arma, sem disparar, e sem o cometimento de

54
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

crime mais grave, responderá pelo art. 14. Trata-se, portanto, de


figura subsidiária. Se o emprego for utilizado para o cometimento
de crime menos grave, como a ameaça, do art. 146 do CP, haverá
concurso formal.

No caso do constrangimento ilegal com emprego de armas, o §1o


do art. 146 apresenta acréscimo de pena menor que a punição

prevista no art. 14. O §1o será, portanto, aplicado residualmente,


quando houver o emprego de outros tipos de armas. Assim, se o
sujeito constrange com arma de fogo, responde pelo art. 146,
caput, do CP, em concurso formal próprio com o art. 14 da lei; se
constrange com outro tipo de arma, responde com o aumento do

§1o do art. 146.


a) Manter sob guarda – nesse caso, há vigilância direta, contato
com a arma. Essa expressão difere do núcleo “ter em depósito” em
razão desse contato

Além disso, a manutenção sob guarda do art. 14 distingue-se


daquela do art. 12 em razão do elemento espacial. No art. 12, a
posse é irregular, mas ocorre em residência ou em local de
trabalho pelo qual o agente seja responsável. Nos demais casos, a
manutenção sob guarda configurará o delito do art. 14.
b) Ocultar – esconder, disfarçar, encobrir.
Quando o delito de receptação tiver como objeto arma de fogo, o
agente responde pelo art. 14, aplicando-se o princípio da
especialidade. Se, além da arma de fogo, houver outros objetos,
responderá por ambos em concurso formal.

O art. 14 é crime de mera conduta e de perigo abstrato. Assim,


se configura mesmo estando a arma desmuniciada, bem como com o
porte da munição. Houve caso em que o sujeito foi encontrado com
apenas uma munição, que pegou de lembrança do quartel,

55
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

caracterizando-se, a princípio, o tipo penal. Em outro caso, o sujeito


cometeu o crime de ameaça somente com a munição vazia, tendo o
tribunal entendido que somente subsistiu esse último delito, esvaziada
a potencialidade lesiva com relação à munição.

Disparo de Arma de Fogo

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar


habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em
direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
inafiançável.

Disparar é atirar projéteis. Teoricamente, é possível acionar


munição sem arma.

A conduta engloba qualquer arma


de fogo ou munição.
O crime envolve um elemento
espacial, devendo ocorrer em lugar
habitado ou adjacências, isto é, onde
residam ou se encontrem pessoas. Requer-se, portanto, a presença
humana, mas não há necessidade da efetiva presença no momento do
disparo, visto que se trata de crime de perigo abstrato. Pode ser
também cometido em via pública ou em direção a ela, consistindo em
local de acesso a qualquer pessoa.
O sujeito que efetua disparos em local privado, isolado,
totalmente inabitado, não comete esse delito. Deve haver o risco para
um número indeterminado de pessoas.
O crime é doloso, sendo punido o disparo consciente de arma de fogo.
A lei não pune o disparo acidental, sem prejuízo da punição de eventual
resultado decorrente da conduta.

56
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

O art. 15 prevalece em relação ao art. 14, mas sucumbe em face do


art. 16.
O delito é de mera conduta e instantâneo, consumando-se com o
disparo. Admite-se a tentativa, visto que é permitido o fracionamento
do iter criminis. Não procede a afirmação de que o crime de mera
conduta não admite tentativa.
Exemplo: alguém segura a mão do sujeito ou a arma falha no
momento do disparo.
De acordo com a parte final do art. 15, caput, esse só se
configura se a conduta não tiver como finalidade a prática de outro
crime. Na redação anterior, a subsidiariedade era expressa; na nova
redação, contudo, o dispositivo não especificou se a finalidade era para
a prática de crime mais ou menos grave. A doutrina entende que, ainda
assim, só se exclui o art. 15 se o objetivo for de cometer crime mais
grave. Se o outro crime for menos grave, haverá concurso formal. O
tema, contudo, não é pacífico.

Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber,


ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob
sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição
de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Todos os núcleos do art. 16 foram abordados nos crimes dos arts.


12 e 14. O objeto material é a arma de fogo de uso restrito ou proibido.
Arma de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas
ou Forças Policiais, conforme os decretos regulamentadores.

Decreto 5.123/04, Art. 11. Arma de fogo de uso restrito é


aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições

57
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas


habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do
Exército, de acordo com legislação específica.

Figuras Equiparadas

O parágrafo único do art. 16 traz as figuras equiparadas.


a) Incisos I e IV

A arma de uso permitido com identificação suprimida é


equiparada à arma de uso restrito. O inciso I pune a conduta daquele
que suprime ou altera essa identificação. O bem jurídico é a
incolumidade pública, especialmente no que toca ao controle da arma.
Aquele que porta ou possui essa arma, é enquadrado no inciso
IV. O fornecimento, nesse dispositivo, não pode caracterizar a
mercancia, o que configura o delito do art. 17.

Art. 16, IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou


fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado;

O sujeito que raspa e fornece a arma normalmente responde por


ambos os comportamentos. O tipo misto, no caso, não é alternativo,
mas cumulativo. No momento em que se raspa, o bem jurídico é
violado, nos termos do inciso I; com o fornecimento, a arma raspada
entra em circulação, ocorrendo nova violação. Ademais, não é preciso
raspar para fornecer, sendo as condutas independentes.
No porte de arma raspada, prevalece o art. 16, visto que essa
conduta é mais grave, além de ser necessário portar para raspar.

58
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

b) Inciso II

Art. 16, II – modificar as características de arma de fogo,


de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;

As características da arma de fogo de uso permitido são


alteradas, tornando-a de uso proibido ou restrito. Além disso, essas
modificações podem objetivar a prática de uma fraude processual,
prevalecendo essa figura em relação ao art. 347 do CP.

CP, Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de


processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa
ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.

c) Inciso III

Art. 16, III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato


explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar;

Essa figura diz respeito a comportamentos que envolvam


artefato explosivo, mas sem a explosão, que é um crime de perigo
comum previsto no art. 251 do CP.

CP, Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou


o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou
simples colocação de engenho de dinamite ou de substância
de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo
de efeitos análogos: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos, e multa.
Aumento de Pena

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre


qualquer das hipóteses previstas no§ 1º, I, do artigo
anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
Modalidade Culposa
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou
substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos; nos demais casos, é de
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

d) Inciso V

Art. 16, V – vender, entregar ou fornecer, ainda que


gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e

Importante distinguir essa figura da prevista no art. 242 do ECA,


que ainda possui aplicação. Esse irá prevalecer se o delito envolver a
chamada “arma branca”, subsidiariamente ao delito do art. 16,
parágrafo único, V, da lei 10.826/03.

Lei 8.069/90, Art. 242. Vender, fornecer ainda que


gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.

e) Inciso VI

Art. 16, VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem


autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição
ou explosivo.

A lei de armas autoriza, em algumas hipóteses, a recarga ou


reciclagem de munição, como ocorre em academias de polícia.

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Art. 23, § 4o As instituições de ensino policial e as guardas


municipais referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6o
desta Lei e no seu § 7opoderão adquirir insumos e máquinas
de recarga de munição para o fim exclusivo de suprimento
de suas atividades, mediante autorização concedida nos
termos definidos em regulamento.

Fora desses casos, a produção, recarregamento, reciclagem ou


adulteração configura crime.

Comércio Ilegal e Tráfico Internacional

Você sabia que a pena é a mesma tanto


para o comércio ilegal quanto para o tráfico
internacional?

O art. 17 trata especificamente do comércio interno.

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir,


ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório
ou munição, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Assim, cometidos esses núcleos, alguns repetidos nos crimes


anteriores, se é para o fim de mercancia ou atividade industrial,
prevalece o crime do art. 17.
Parte da doutrina entende que se exige uma habitualidade da
atividade comercial ou industrial. Ocorre que o crime não é habitual,
não se exigindo reiteração da conduta.

61
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

O art. 17, parágrafo único, equipara à atividade comercial


clandestina o exercício desses núcleos inclusive quando em residência.
Deve-se demonstrar, contudo, que a intenção do agente envolve a
mercancia, e não simples fornecimento.

Art. 17, Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial


ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercido em residência.

O art. 18 trata do tráfico internacional de arma de fogo,


independente de ser o uso permitido, restrito ou proibido. Um
funcionário que facilite a prática do crime também responde por esse
crime.
a. Aumento de Pena
Ressalta-se que o art. 19 prevê aumento de pena para os delitos
dos art. 17 e 18, quando tiverem como objeto arma de fogo de uso
proibido ou restrito.
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou
munição forem de uso proibido ou restrito.

O art. 20, por sua vez, traz aumento de pena, para os delitos dos
arts. 14 a 18 da lei, quando praticados pelos agentes dos órgãos ou

empresas referidos nos arts. 6o (supra) a 8o.

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18,
a pena é aumentada da metade se forem praticados por
o o
integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6 , 7
o
e 8 desta Lei.

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

CRIME CONTRA O CONSUMIDOR

Crime Contra o Consumidor

De acordo com Cunha e Neto (2016), elencamos os seguintes


apontamentos a respeito do tema:

Crimes de menor potencial ofensivo:

“contrariamente aos Crimes contra a Relação


de Consumo, previstos no art. 7. da lei
8.137, TODOS os crimes da lei 8.078/90 são
de menor potencial ofensivo, cabendo-lhes,
pois os benefícios previstos na lei 9099/95;”

63
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Crime do art. 63 da lei 8078/90:

“Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a


nocividade ou periculosidade de produtos,
nas embalagens, nos Invólucros, reci-
pientes ou pubficidade"e reporta ainda no
parágrafo I. que "incorrerá nas mesmas
penas quem deixar de alertar, mediante
recomendações escritas ostensivas, sobre
a periculosidade do serviço a ser prestado".

Para NUCCI, o art. 63 da lei 8078/90 foi derrogado pelo art. 7°, II
da lei 8.137/90, vejamos:

"vender ou expor à venda mercadoria


cuja embalagem, tipo, especificação,
peso ou composição esteja em
desacordo com as prescrições legais,
ou que não corresponda à respectiva
classificação oficiai"

Em sua forma culposa o tipo penal prevê a forma culposa (art. 63,
§ 2° da lei 8078/90), onde a pena é de 1 a 6 meses ou multa (forma
culposa).

64
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Crime do art. 64 da lei 8078/90:

'Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores


a nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja
posterior à sua colocação no mercado' e acrescenta no
parágrafo único: 'Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de
retirar do mercado, imediatamente quando determinado pela
autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na
forma deste artigo".

No crime próprio, o sujeito ativo neste ponto será sempre o


empresário que é fornecedor do bem ou produto no caso do "caput". Em
seu parágrafo único fica explicitado que o crime será praticado sempre por
aquele que receber a determinação da autoridade competente, ainda que
não seja o empresário fornecedor.
Tipificação decorrente da previsão de deveres do fornecedor na
Seção I do Capitulo IV da lei 8078/90 ("Da proteção à saúde e segurança"
do Consumidor): este tipo penal mostra-se decorrentes das previsões
legais trazidas nos arts. 8. a 10° do Código do Consumidor.

Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de


consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos
consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em
decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os
fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações
necessárias e adequadas a seu respeito. Parágrafo único. Em
se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as
informações a que se refere este artigo, através de Impressos
apropriados que devam acompanhar o produto.
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente
nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de
maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou
periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas
cabíveis em cada caso concreto.
Art. 10º fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo
produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto
grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
à 1° O fornecedor de produtos e"serviços que, posteriormente
à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento
da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato
imediatamente às autoridades competentes e aos
consumidores, mediante anúncios publicitários.

65
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo


anterior serão veiculados na Imprensa, rádio e televisão, às
expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de
produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores,
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão
Informá-los a respeito.

Crime do art. 65 da lei 8078/90:


"Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando
determinação de autoridade competente".

Por serviços de alto grau de periculosidade, a doutrina faz crítica


ferrenha à imprecisão do termo utilizado no tipo penal que é
extremamente amplo gerando dúvidas se trata-se de norma penal em
branco ou elemento normativo penal.
PRADO (2013) entede que:

"A exegese mais correta é, por sem dúvida, a que considera a


expressão mencionada ("serviços de alto grau de
periculosidade, como elemento normativo do tipo de injusto.
Trata-se de serviço de grande ou elevado risco, que se encontra
par além do normal e que pode colocarem sério perigo quem o
executa"5.

Já FILOMENO entende que:

"trata-se ainda de norma penal em branco à medida que requer


complementariedade pelas 'determinações das autoridades
competentes' que irão dizer que especificações devem ser
atendidas na execução dos serviços já por si mesmos
considerados perigosos."

Diferença entre alto grau de periculosidade do art. 65 e alto grau de


nocividade ou periculosidade do art. 10 ambos do CDC: determina o art.
10 que "O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo
produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de
nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança".
Nestes casos, portanto, será VEDADA a colocação no mercado. O
art. 65 admite a execução de serviços de alto grau de periculosidade,

66
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

desde que regulamentado pela autoridade competente. Portanto, no tipo


penal, o grau de periculosidade é inferior, embora alto, daquele previsto
no art. 10, onde inexiste possibilidade alguma do serviço ou produto
surgir para o mercado.
Aplicação da pena sem prejuízo da punição por morte ou lesão:
determina o parágrafo único do art. 65 do CDC que :

"As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das corres-
pondentes à lesão corporal e à morte".

Indica-se, desta forma, que existirá concurso de crimes no caso em


que sejam geradas lesões ou morte.
Crime do art. 66 da lei 8078/90:

"Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação


relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quanti-
dade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia
de produtos ou serviços".

De acordo com NUCCI, o crime foi


derrogado pela combinação de entendimentos
dos crimes estipulados pelo art. 7°, II e VII da lei
8.137/90'. O art. 7°, II da lei 8.137/90, o qual
dispõe que é crime "vender ou expor à venda
mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação,
peso ou composição esteja em desacordo com as
prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficiar.
Já o art. 7°, Vil reporta que é crime "induzido consumidor ou usuário a erro,
por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, quali-
dade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a
veiculação ou divulgação publicitária".
NUCCI entende que 'basta fazer a afirmação falsa enaltecendo virtude
quaisquer que o produto não possui e há, naturalmente, a indução a erro, que
não se exige seja efetivamente atingido".

67
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Patrocínio da oferta: o tipo penal pune da mesma forma aquele que


realizar o patrocínio da oferta (art. 66, § 1° da lei 8.078/90).
Forma culposa: o crime prevê forma culposa (art. 66, § 2° da lei
8.078/90).
Crime do art. 67 da lei 8.078/90:

"Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser


enganosa ou abusiva".

No artigo acima vemos que o sujeito ativo


são os profissionais que lidam com a
publicidade e aqueles que de qualquer
maneira corroboraram para que esta
publicidade enganosa ou abusiva
venha a ser veiculada, desde que
saibam ou deveriam saber assim se tratar.
Os profissionais de propaganda devem seguir um Código de
Ética, dado pela lei 4.680/65, assim aquele que ferir este Código de
Ética na produção de uma propaganda enganosa ou abusiva, comete
o delito tratado.

Publicidade enganosa: o art. 37 § 1° da lei 8078/90 diz que:

"É enganosa qualquer modalidade de informação ou


comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente
falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz
de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem,
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços".

Publicidade abusiva: o art. 37, § 2° da lei 8078/90 reporta que

"É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória


de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo

68
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e


experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial
ou perigosa à sua saúde ou segurança".

Para a lei 8078/90, Publicidade Enganosa por Omissão é:


"... quando deixar de informar sobre dado essencial do
produto ou serviço" (art. 37, § 3° da lei 8078/90).”

Crime do art. 68 da lei 8078/90:

"Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria


saber ser capaz de induzir o consumidora se comportar de
forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança".

Crime do art. 69 da lei 8.078/90:


"Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos
que dão base à publicidade"

Previsão do art. 36 da lei 8078/90:


"A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o
consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos
ou serviços, manterá, em seu podei, para informação dos
legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos
que dão sustentação à mensagem".

Assim o tipo penal apenas puniu a previsão legal do Código do


Consumidor.

Crime do art. 70 a lei 8078/90:

"Empregar na reparação de produtos, peça ou


componentes de reposição usados, sem autorização do
consumidor".

Elemento subjetivo do tipo: é o dolo. FILOMENO coloca que

"o que se visa punir, isto sim, é a troca de peças usadas


por outras também usadas, sem o consentimento do
consumidor, com evidente prejuízo para ele e ganho para o
reparador"".

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

Crime do art. 71 da lei 8078/90:


"Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação,
constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou
enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu
trabalho, descanso ou lazer".

Sobre o lançamento do nome do consumidor em serviços de proteção


de crédito temos Jurisprudência com entendido que o simples lançamento
do nome do consumidor aos serviços de proteção comercial não
constituem o ilícito tratado. Vide:

"A comunicação ao serviço de proteção ao crédito, mantido


pela Associação comercial e, consequentemente, o registro no
nome do devedor inadimplente no cadastro da mesma, não
caracteriza a violação à norma do art. 71 do Código do
Consumidor, posto que, permitindo a lei a instalação dos
denominados serviços de proteção ao crédito, como também o

uso, equiparando-os a serviço público, sua utilização pelo credor


não pode ser tida como abusiva, logo ausente a possibilidade
jurídica do pedido" (TACR1M-SP - HC 223.488, Relator Ribeiro dos
Santos, j. 29.4.92)

Na Súmula 323 STJ, temos:

"A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços


de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, inde-
pendentemente da prescrição da execução".

Crime do art. 72 da lei 8078/90:


"Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que
sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e
registros".

Quanto ao acesso a informações sobre o consumidor, o art. 43 do


Código do Consumidor prevê que:

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

"O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso


às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados
pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as
suas respectivas fontes".

Crime do art. 73 da lei 8078/90:

"Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor


constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que
sabe ou deveria saber ser inexata".

Quanto a informação inexata de cadastro, banco de dados, fichas ou


registro, o art. 43, § 3° do CDC disciplina que:

'O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados


e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o
arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos
eventuais destinatários das informações incorretas".

Crime do art. 74 da lei 8078/90:

"Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequada-


mente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo".

No que diz respeito a garantia contratual, temos:

"A garantia contratual é complementar à legal e será conferida


mediante termo escrito", é o que dispõe o art. 50 da lei 8078/90.
A omissão no cumprimento desta entrega gera o crime acima
tratado.
Circunstâncias Agravantes dos crimes contra o consumidor da lei
8078/90:

71
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

a) serem cometidos em época de grave crise econômica ou por


ocasião de calamidade;
b) ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
c) dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
d) quando cometidos:

I. por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-


social seja manifestamente superior à da vítima;
II. em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito
ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficiência
mental interditadas ou não;

e) serem praticados em operações que envolvam alimentos,


medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais.

A ação penal para todos os crimes con-


tra o consumidor será a pública incondicionada.
Em seu art. 78 há a previsão para que as penas restritivas de direito
possam ser aplicadas cumulativa ou alternativamente às penas privativas
de liberdade e de multa.
Tipos de penas restritivas de direito:
 a interdição temporária de direitos;
 a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação
ou audiência, às expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a
condenação.
 a prestação de serviços à comunidade.

72
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

CONCLUSÃO

O Policial Militar geralmente é o primeiro chegar em uma ocorrência,


portanto é fundamental o pleno conhecimento de todas as legislações em
vigor, sendo de extrema importância o conhecimento das Leis Especiais,
que geralmente estão presentes nas ocorrências atendidas.
Podemos concluir que é fundamental que o policial militar em
qualquer posto ou graduação tenha conhecimento das Legislações
existentes de modo a se resguardar quje suas atitudes sejam legalmente
amparadas.

73
LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Código de Defesa do Consumidor. Editora RDC, 1992.
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RT , 2013.
 FANCHIN, Reginaldo. O que é lei especial? Disponível em: <
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/justica-e-direito/o-
que-e-lei-especial-0jyuqgu6wmh09gpnj8bkpx80k >. Acesso em 25
Set 2015.
 BRASIL. LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003. Dispõe
sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição,
sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e dá

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LEIS ESPECIAIS – CEFC 2019

outras providências. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.826.htm>.
Acesso em 25 Set 2017.
 BRASIL. LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. Regula o Direito de
Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e
Penal, nos casos de abuso de autoridade. Dispõe sobre os crimes
hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal,
e determina outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072.htm >. Acesso em 25
Set 2017.
 BRASIL. LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.
Define os crimes de tortura e dá outras providências. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm >. Acesso em
25 Set 2017.
 BRASIL. LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006. Institui o
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad;
prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece
normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
drogas; define crimes e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm >. Acesso em 25 Set 2017.
 BRASIL. LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Dispõe sobre
o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm
>. Acesso em 25 Set 2017.

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