Por
Alan Modesto de Oliveira
Vinícius Prata Barbosa
1. Introdução.................................................................................................................. 3
2. Objetivo ..................................................................................................................... 3
3. Gás SF6 ..................................................................................................................... 3
4. Aplicabilidade e Benefícios do Gás SF6 ................................................................... 4
4.1. Transformadores de Potência Imersos em SF6 ................................................. 5
4.2. Disjuntores Isolados a Gás SF6 ........................................................................ 6
5. Subestações de Energia Elétrica ................................................................................ 8
5.1. Subestações Isoladas a Ar ................................................................................. 9
5.2. Subestações Isoladas a Gás SF6 ....................................................................... 9
6. Subestações Isoladas a Gás SF6 .............................................................................. 10
6.1. Estrutura da Subestações Isoladas a Gás SF6 ................................................ 10
7. Impactos Socioambientais e Socioeconômicos ....................................................... 12
7.1. Área para implantação .................................................................................... 12
7.2. Aspectos Socioambientais ................................................................................ 13
7.3. Aspectos Técnicos ............................................................................................ 14
7.4. Custos............................................................................................................... 14
8. Caso Real................................................................................................................. 15
8.1. Caso 1: Subestação de Grajaú ........................................................................ 15
8.2. Caso 2: Subestação Olímpica .......................................................................... 16
8.3. Caso 3: Subestação Primária da Linha 4 do Metrô do Rio ............................ 17
9. Conclusão ................................................................................................................ 17
10. Bibliografia .......................................................................................................... 18
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1. INTRODUÇÃO
A energia elétrica para ser conduzida, desde a geração até o consumo, necessita de
meios para ser orientada adequadamente. Por meio de conexões é possível manobrar as
linhas de transmissão e os alimentadores de forma mais confiável, além das manobras
temos que ter meios de modificar a tensão e regular seus níveis objetivando melhor
atender às necessidades dos vários consumidores de energia elétrica.
As operações de variação e regulação dos níveis de tensão são realizadas através
das Subestações de energia elétrica, o que possibilita enviar adequadamente esses blocos
de energia de um ponto a outro. Historicamente as Subestações apresentam um alto índice
de longevidade, no entanto, muitas destas não sofreram ampliações ou modernizações,
em relação ao seu projeto inicial, em toda a sua vida útil.
Observando o cenário atual da sociedade onde o consumo de energia elétrica é
realizado de forma unânime, para suprir essa demanda gigantesca e ininterrupta de
energia, o Sistema de Energia Elétrica, por meio de uma grande e complexa estrutura de
usinas, subestações e linhas de transmissão requer cada vez mais ser aprimorado e
ampliado.
Essa tendência em aprimorar e ampliar o Sistema de Energia Elétrica fica evidente
quando contrastado com a expansão dos centros urbanos, pois o aumento na demanda de
energia está associado a este processo de urbanização. Consequentemente, faz-se
necessário a implantação de novas Subestações de energia elétrica para atender a essa
nova demanda, porém a expansão dos centros urbanos, aliado aos altos valores associados
à especulação imobiliária nesses locais, torna escasso as áreas disponíveis para
implantação de Subestações do tipo convencional (isoladas a ar atmosférico).
A soma desses fatores torna atrativo instalação de Subestações Isoladas a Gás,
devido a pequena área utilizada para construção da mesma, quando comparado a
subestações convencionais, reduzindo os custos associados a construção. Essas vantagens
relacionadas a construção são diretamente proporcionais, e cada vez mais significativas,
ao aumento da tensão do sistema, uma vez que as subestações convencionais de alta
tensão tendem a possuírem áreas consideravelmente maiores devido as longas distâncias
necessárias para o isolamento a ar atmosférico.
2. OBJETIVO
Analisar o desempenho de uma Subestação Isolada a Gás (GIS) em comparação a
uma Subestação Isolada a Ar (AIS), comparando as vantagens e desvantagens dessas duas
tecnologias nos aspectos técnicos, socioeconômicos e socioambientais, e como estes
relacionam-se com a sociedade.
3. GÁS SF6
O Hexafluoreto de Enxofre (SF6), é um composto químico inorgânico dos
elementos químicos enxofre e flúor, sendo assim um gás sintético formado por um átomo
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de enxofre, rodeado por 6 átomos de flúor. Possui grande eletronegatividade, devido a
isto é utilizado principalmente na indústria elétrica, como meio isolante e extintor de arco
elétrico, desde o início de 1960.
Esta sua formulação proporciona uma série de características desejáveis em um
dielétrico, além de outras que o tornam muito interessante para ser utilizado em
equipamentos elétricos. O SF6 é quimicamente e termicamente estável, inerte, possui
excelente isolação elétrica, não oferece toxicidade, não é inflamável e ainda é auto
regenerável (recomposição das moléculas).
Foram estudadas aplicações de outros gases para serem utilizados como dielétrico,
mas apesar de alguns apresentarem capacidades até melhores para algumas características
necessárias, nenhum apresenta o conjunto de vantagens do SF6 (“IEEE Guide for Sulphur
Hexaflouride (SF6) Gas Handling for High-Voltage (over 1000 Vac) Equipment”, 2012).
Alternativas tecnológicas sem SF6 não são livres de potenciais impactos ambientais além
de oferecerem menor eficiência operacional, maiores custos e maiores riscos para
segurança do equipamento (Biasse, Otegui e Tilwitz-von Keiser, 2010). Desta forma,
tecnicamente, a sua adoção exclusiva como dielétrico gasoso pela indústria de
equipamentos elétricos é facilmente justificável.
Em resumo, o gás é quimicamente inerte, incolor, inodoro, insípido (sem sabor),
não é inflamável, não é corrosivo e não é tóxico. Também é cerca de cinco vezes mais
denso do que o ar, em temperatura ambiente, com uma densidade de 6,139 g/L. Devido a
essas características, essencialmente o gás não oferece riscos a vida humana, no entanto,
instalações totalmente fechadas não são recomendadas, devido ao fato de ser mais denso
do que o ar, o possibilitando expulsar o oxigênio do ambiente, podendo assim oferecer
risco de asfixia ao ser humano caso um vazamento ocorra.
O SF6 é usado nas GIS em pressões de 400 a 600 kPa absoluto. Essa pressão é
escolhida de forma que o gás não condense em um líquido, à temperatura mais baixas
quando em contato com os equipamentos. Sua capacidade isolante, comparado com o ar,
é aproximadamente três vezes maior, e cerca de cem vezes melhor para interrupção de
arcos elétricos. É usado normalmente em subestações de médias para altas tensões,
substituindo os meios mais antigos de isolantes: óleo e o ar atmosférico.
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utilizam o gás como meio isolante são compactos e quase livres de manutenção, sendo
extremamente seguro de ser operado.
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Figura 1 – Transformador de Potência imerso em SF6.
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Figura 3 - Disjuntor isolado a gás SF6
O princípio de interrupção dos disjuntores isolados a gás, conforme apresenta a
figura 3, baseia-se nas técnicas de compressão e autogeração para obter as melhores
prestações a todos os valores de corrente de interrupção, com tempos mínimos de arco,
extinção gradual. Desta forma, a interrupção ocorre seguindo o processo descrito abaixo
e ilustrado pela figura 4.
Desconexão dos contatos principais: nenhum arco elétrico se estabelece porque a
corrente flui através dos contatos quebra arco. Durante o seu curso para baixo, o
equipamento móvel comprime o gás contido na câmara inferior. O gás
comprimido flui da câmara inferior à câmara superior levando ambas à mesma
pressão.
Desconexão dos contatos quebra arco: a corrente flui graças ao arco elétrico que
se estabelece entre os contatos quebra arco. O gás não pode sair através do orifício
porque o furo ainda está fechado pelo contato quebra arco fixo, e nem pode sair
através da parte interna do contato quebra arco móvel porque o arco elétrico o
fecha (clogging effect):
i. Com correntes de pouca entidade, quando a corrente passa pelo seu zero
natural e o arco se extingue, o gás flui através dos contatos; a baixa
pressão atingida não pode estirar a corrente e a quantidade reduzida de
gás comprimido é suficiente para restabelecer a rigidez dielétrica entre os
dois contatos impedindo um reengate na frente de saída da tensão de
retorno.
ii. Com correntes de curto-circuito elevadas, a onda de pressão gerada pelo
arco elétrico fecha a válvula entre as duas câmaras, assim, o interruptor
começa a funcionar como um “puro selfblast” (autogeração); a pressão
aumenta, no volume superior, graças ao aquecimento do gás e à
dissociação molecular devido à alta temperatura. O aumento de pressão
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gerado é proporcional à corrente de arco e garante a extinção na primeira
passagem pelo zero da corrente.
Disjuntor aberto: o arco foi interrompido, e a pressão autogerada no volume
superior se reduz porque o gás está fluindo através dos contatos. A válvula se
reabre, e, assim, um novo fluxo de gás fresco aflui na câmara de interrupção, desse
modo, o aparelho está pronto para o restabelecimento e a interrupção até o nível
máximo.
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5.1. Subestações Isoladas a Ar
As subestações que utilizam o ar atmosférico como meio isolante entre os
equipamentos presente na instalação são conhecidas como AIS, abreviação do termo
inglês Air Insulated Substation, que em tradução livre significa Subestação Isolada a Ar.
Neste caso, o ar atmosférico é o responsável pela isolação elétrica entre os
equipamentos de pátio. Todos os equipamentos, com exceção do Sistema de Proteção,
Controle e Supervisão que se encontram dentro da Casa de Comando, são expostos a
degradações ao ar livre, conforme apresenta a figura 5.
Devido a forma como a isolação entre os equipamentos é realizado, níveis mínimos
de distanciamento entre as partes energizadas precisam ser estabelecidos, além disto é
necessário observar e prever áreas para a circulação de pessoas e equipamentos.
Portanto, em regiões internas a SE, as distâncias de segurança resultam da soma de
dois valores: distanciamento referente aos afastamentos mínimos necessários para a
passagem de pedestres, veículos e equipamentos em áreas energizadas; distanciamento
referente aos afastamentos mínimos necessários para a realização de trabalho e
manutenções por operadores, considerando as dimensões médias de uma pessoa.
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meio isolante e a sua aplicação. Em uma subestação isolada a gás, o seu meio isolante é
geralmente o SF6. A principal aplicação deste tipo de projeto é permitir instalações em
ambiente com pouco espaço disponível e crítico com relação à segurança, como por
exemplo, no centro de uma grande cidade; e algumas instalações podem ser subterrâneas.
Mesmo considerando que uma subestação blindada é idêntica, em funcionalidade,
a uma subestação tradicional, existem diversas particularidades construtivas ou
operacionais que as diferem.
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Figura 6 – Subestação Isolada a Gás SF6 (GIS) de 138KV
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Figura 8 – Layout de uma GIS
7.4. Custos
Segundo (JACOBSEN, 2001) o custo de implantação de uma GIS é em média de
60% a 70% maior em relação a AIS, devido a sua alta complexidade tecnológica. Porém
nessa comparação não está contemplado o valor do m² do terreno. Quando se trata de um
terreno em um centro urbano, Cenário II, o preço do m² pode ser elevado, quando
localizados em regiões valorizadas, justificando a implantação de GIS. Desconsiderando
esse cenário de centros urbanos com elevado preço do m² do terreno, AIS possuem grande
vantagem em relação aos custos totais de implantação de um SE. Existem casos em que
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foram realizadas substituições de AIS existentes por GIS, onde a venda do terreno ajudou
nos custos de investimentos. Trata-se de duas subestações, uma localizada no bairro
Leblon do Rio de Janeiro, e outra em Copacabana, também na mesma cidade.
8. CASO REAL
8.1. Caso 1: Subestação de Grajaú
Localizada no bairro do Grajaú, Zona Norte do Rio de Janeiro-RJ, é estratégica
para o abastecimento de energia elétrica deste município. É responsável por cerca de 60%
de toda a energia consumida pelos cariocas, sendo energizado pela primeira vez em 1977.
É pioneira no Sistema de Transmissão de FURNAS como uma subestação
blindada a gás SF6 (GIS) de operação em 500 KV, interligando a transmissão ao sistema
de distribuição de alta tensão da distribuidora carioca LIGHT S/A. Sua principal função
é abaixar o nível de tensão de 500 KV para 138 KV através de 4 bancos de
transformadores isolados a óleo com capacidade total de 2.400 MVA, possuindo, ainda,
dois compensadores síncronos de 200 MVAr cada.
Além dos equipamentos acima mencionados, o conjunto dos demais
equipamentos da Subestação são isolados a gás SF6 e estão abrigados em prédios, que
são denominados como:
Setor blindado a SF6 de 500 KV: comportam 2 linhas trifásicas de 500 kV,
quatro saídas de banco de trafos e sete disjuntores.
Setor blindado a SF6 de 138 KV: comportam 16 linhas de 138 kV, sendo
quatro de cabo a óleo, totalizando 26 vãos com 26 disjuntores.
Por ser pioneira no Sistema Elétrico Brasileiro como Subestação Isolada a Gás
de Alta Tensão, ela apresenta processos inovadores, como o ressuprimento de SF6 com a
subestação energizada, garantindo boa confiabilidade por evitar interrupções da operação.
Foi construída em uma área total de 33.000 m². De acordo com gerentes
administrativos, seria necessária uma extensão até 10 vezes maior se a Subestação de
Grajaú fosse do tipo convencional (AIS). Esta unidade de FURNAS sofre com espaço
reduzido devido a urbanização desordenada no seu entorno, sendo totalmente cercada por
bairros residenciais populares, o que tornou a escolha pela GIS ainda mais apropriada.
Com isso, a administração desta SE precisa manter boa relação com as comunidades
vizinhas, de forma a evitar riscos à segurança das instalações e dos próprios moradores.
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Figura 10 – Vista aérea da Subestação de Grajaú
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Um aspecto notório da Subestação Olímpica é a área reduzida da construção, que
é totalmente abrigada em galpão fechado, proporcionando baixo impacto visual na
paisagem do Parque Olímpico para os visitantes e moradores do entorno, além de maior
segurança às pessoas e instalações da subestação. Também se destaca a operação remota
da subestação por redes de comunicação, o que reduz a quantidade de trabalhadores
presenciais da concessionária de energia na instalação.
9. CONCLUSÃO
Percebemos vários desafios para a construção de subestações de alta e média tensão
em grandes centros urbanos, tais como disponibilidade de área, aumento de preços por
especulação imobiliária, condições climáticas e até atividades sísmicas. Diante desses
fatores, a opção pelas SEs blindadas a gás SF6 tem sido cada vez mais levada em
consideração, pois esta tecnologia garante uma operação tão robusta quanto de uma SE
convencional, porém com mais versatilidade e confiabilidade e maior nível de segurança.
Uma notória desvantagem é que os custos dos equipamentos ainda são maiores que
dos equipamentos isolados a ar. A razão disso é que necessitam de quantidades maiores
de liga metálica para encapsulamento do gás e blindagem eletromagnética, além do
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emprego adicional de aparelhos de medição da pressão e temperatura do gás SF6, entre
outros.
Soma-se o fato de que o Brasil ainda não possui fabricação nacional de
equipamentos blindados. Somente grandes fabricantes de máquinas elétricas como
General Electric, Siemens, Toshiba e ABB dominam o conhecimento de fabricação da
tecnologia aqui discutida. Logo, os projetistas brasileiros precisam importar esses
componentes para posterior montagem da subestação, e o custo final de aquisição
dependerá da variação de câmbio do dólar e do euro.
Independentemente dos pontos aqui levantados, a tecnologia de isolação a gás SF6
se torna uma opção viável de atendimento ao crescimento da demanda de energia elétrica
no mundo, inclusive nas regiões mais desfavoráveis à vida útil de instalações elétricas.
10. BIBLIOGRAFIA
JACOBSEN, Ricardo Silva; NAKANO, Nelson Shingo. Estudo Comparativo entre
Subestações Blindadas a Gás SF6 e Subestações Convencionais. In: SEMINÁRIO
NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, 16,
2001, Campinas, São Paulo. Disponível em:
<http://www.mfap.com.br/pesquisa/arquivos/20081219104146-GSE-001.pdf>. Acesso
em: 20 de agosto de 2020.
MUZY, Gustavo Luiz Castro de Oliveira. Subestações Elétricas. 2012, 108f. Trabalho de
conclusão de curso (bacharelado - Engenharia Elétrica) - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.Disponível em:
<http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10005233.pdf>. Acesso em: 20 de
agosto de 2020.
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Rede Nacional do Esporte, notícia “Conheça a estrutura que garante o suprimento de
energia para os Jogos”. Disponível em: <http://www.rededoesporte.gov.br/pt-
br/noticias/fornecimento-e-suprimento-de-energia-eletrica-estao-garantidos-para-os-
jogos-rio-2016>. Acesso em: 23 de outubro de 2020.
Brasil Engenharia, notícia “Sistemas de energia entre a Linha 1 e a Linha 4 do Metrô Rio
já estão sendo conectados”. Disponível em:
<http://www.brasilengenharia.com/portal/noticias/destaque/11713-sistemas-de-energia-
entre-a-linha-1-e-a-linha-4-do-metro-rio-ja-estao-sendo-conectados>. Acesso em: 23 de
outubro de 2020.
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