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AO JUÍZO DA VARA 

 ___ DA COMARCA DE  ____.

NOME COMPLETO, Estado Civil, Profissão, inscrito no CPF sob nº


___, Endereço Eletrônico, residente e domiciliado na ( Endereço Completo ),
vem à presença de Vossa Excelência, por seu representante constituído
propor

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS -ERRO


MÉDICO,
em face de

NOME DO MÉDICO, Estado Civil, Profissão, inscrito no CPF sob


nº ____, Endereço Eletrônico, residente e domiciliado na ( Endereço
Completo ),

PRELIMINAR - DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA

Inicialmente cumpre esclarecer que o Autor é pessoa idosa, contando


com mais de 60 (sessenta) anos conforme prova que faz em anexo, razão
pela tem direito à prioridade da tramitação da presente demanda, nos
termos da Lei nº 10.741/2013 (Estatuto do Idoso) e do art. 1.048, inciso I,
do CPC.

DOS FATOS - ERRO MÉDICO

Em (Data), o Autor foi submetido a  (Relatar os Fatos)

Após XX dias da cirurgia, o Autor permanecia com fortes dores,


retornando várias vezes ao médico obtendo sempre a mesma resposta, de
que “seriam dores normais pós cirurgia”.

Ocorre que após acentuar as dores, o Autor buscou novo médico


que submeteu o Autor a novos exames, nos quais foram constatados a
ocorrência de ( Informar o Erro ).

Da análise destes fatos, percebe-se nitidamente a conduta lesiva de


total negligência, imprudência e imperícia do Réu, o qual deixou de prestar
a atenção devida ao estado clínico do Autor, mantendo-o por mais de XX
dias com dores insuportáveis que desbordam de meros dissabores
cotidianos.

Evidentes, portanto, os danos materiais e morais que recaíram


sobre o Autor gerando o dever de indenizar.

DO DIREITO 

Trata-se da aplicação direta e inequívoca do Código Civil que tratou


de prever o dever de indenizar nos casos de lesão ou ofensa à saúde:

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o


ofensor indenizará o ofendido das despesas do
tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o
ofendido prove haver sofrido.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o


ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão,
ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e
lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho
para que se inabilitou, ou da depreciação que ele
sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá


exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma
só vez.

Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-


se ainda no caso de indenização devida por aquele
que, no exercício de atividade profissional, por
negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte
do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou
inabilitá-lo para o trabalho.

Portanto, inequívoco o dever indenizatório dos Réus.

DO ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 

 A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor, define, de


forma cristalina, que o consumidor serviços deve ser abrigado de condutas
danosas de todo e qualquer fornecedor, nos termos do art 3º do referido
Código.

Assim, demonstrado o nexo de causalidade entre o dano e o réu,


deve ser indenizado:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.


CIRURGIA. ERRO MÉDICO. BISTURI ESQUECIDO NO
CORPO DO PACIENTE. DANOS MORAIS. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. MANUTENÇÃO. SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA E PROPORCIONAL. REDISTRIBUIÇÃO
DOS ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA.
1. Emergido do acervo probatório constante dos
autos, inclusive da prova pericial produzida, que
houve esquecimento de lâmina de bisturi no interior
do corpo da parte autora, por ocasião da realização
de procedimento cirúrgico conduzido pelo
réu/apelante, tem-se por configurado o nexo de
causalidade entre o erro médico apontado e os
danos morais alegados na inicial.
2. Para a fixação do quantum devido a título de
indenização por danos morais, deve o magistrado
levar em consideração a extensão do dano
experimentado, a repercussão dos fatos e a natureza
do direito subjetivo fundamental violado, não se
justificando a redução do valor arbitrado, quando
devidamente observados os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade.
3. Nos termos do artigo 21, caput, do Código de
Processo Civil, “Se cada litigante for em parte
vencedor e vencido, serão recíproca e
proporcionalmente distribuídos e compensados entre
eles os honorários e as despesas”.
4. Recurso de Apelação conhecido e parcialmente
provido. (APC 20110110730617 Relator(a): NÍDIA
CORRÊA LIMA. 1ª Turma Cível. Publicado no DJE :
15/02/2016)

Com esse postulado, o Réu não pode eximir-se das


responsabilidades inerentes à sua atividade.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Demonstrada a relação de consumo, resta consubstanciada a
configuração da necessária inversão do ônus da prova, pelo que reza o
inciso VIII do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista
que a narrativa dos fatos encontra respaldo nos documentos anexos, que
demonstram a verossimilhança do pedido, conforme disposição legal:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:


(...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos,
inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências

Trata-se da materialização exata do Princípio da Isonomia, segundo


o qual, todos devem ser tratados de forma igual perante a lei, observados
os limites de sua desigualdade, como já deliberado pelo STJ:

"(...) aos atos técnicos praticados de forma defeituosa


pelos profissionais da saúde vinculados de alguma
forma ao hospital, respondem solidariamente a
instituição hospitalar e o profissional responsável,
apurada a sua culpa profissional. Nesse caso, o
hospital é responsabilizado indiretamente por ato de
terceiro, cuja culpa deve ser comprovada pela vítima
de modo a fazer emergir o dever de indenizar da
instituição, de natureza absoluta (arts. 932 e 933 do
CC), sendo cabível ao juiz, demonstrada a
hipossuficiência do paciente, determinar a inversão do
ônus da prova (art. 6º, VIII, do CDC)" (REsp
1.145.728/MG, Relator o Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, DJe de 28.6.2011).

Assim, diante da inequívoca e presumida hipossuficiência técnica,


indisponível concessão do direito à inversão do ônus da prova, que desde já
requer.

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA DOS RÉUS

Inquestionável a responsabilidade objetiva da requerida, a qual


independe do seu grau de culpabilidade, uma vez que incorreu em uma
falha, gerando o dever de indenizar, nos termos do Código de Defesa do
Consumidor em seu artigo 14:

Art. 14. O fornecedor de serviço responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.

No mesmo sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.
PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE PASSIVA E
DENUNCIAÇÃO A LIDE AFASTADAS.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO HOSPITAL
POR ERRO MÉDICO. PROVA DOS AUTOS QUE NÃO
AFASTA, A PRIORI, A RESPONSABILIDADE DO
NOSOCÔMIO. LEGITIMIDADE PASSIVA
CONFIGURADA. A jurisprudência do Superior tribunal
de Justiça tem assentado o entendimento de ser
solidária a responsabilidade dos Hospitais para
as hipóteses de erro médico. In casu, em que pese
o Hospital recorrente alegar a inexistência de relação
jurídica com a Autora/Recorrida, deixou de juntar aos
autos a prova do quanto alegado, não
desconstituindo, neste momento processual, os
fundamentos elencados na exordial, configurando a
legitimidade do Hospital para figurar no polo passivo
da demanda. Agravo de instrumento conhecido e
negado provimento. (Classe: Agravo de
Instrumento,Número do Processo: 0000942-
95.2015.8.05.0000, Relator (a): Mário Augusto
Albiani Alves Junior, Turma Cível da Câmara Especial
do Extremo Oeste Baiano, Publicado em:
16/12/2015 )

Imperativo, portanto, que o requerente seja indenizado pelos danos


causados em decorrência do ato ilícito, em razão de ter sido vítima de
completa e total negligência da demandada, assim como seja indenizado
pelo abalo moral em decorrência do ato ilícito.

DO DANO PATRIMONIAL

A indenização material consiste na reposição de tudo quanto a


vítima teve que despender em função da falha, bem como tudo quanto ficou
impedido de ganhar, doutrinariamente chamado de lucros cessantes.

Indiscutível a condenação ao pagamento de todas as despesas


decorrentes pelos diversos exames necessários, aquisição de inúmeros
medicamentos para o tratamento, além dos gastos com a segunda
intervenção cirúrgica.

Ademais, diante das complicações pós-cirúrgicas, bem como de uma


necessária segunda cirurgia, o Autor foi impedido de exercer suas
atividades profissionais por um período de meses, aproximadamente,
deixando de perceber em média o montante de R$ por mês.

Tais despesas totalizam um valor aproximado de R$ , cujas parcelas


e provas em específico restam demonstradas na memória de cálculo, anexa
à esta inicial.

DOS DANOS MORAIS


Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que junta no
presente processo, os réus deixaram de cumprir com sua obrigação
primária de zelo e cuidado nas atividades, colocando o Autor em riscos e
pior, a passar por longos meses de incerteza sobre a própria saúde e com
fortes dores intermináveis.

Segundo a jurisprudência, dano moral é:

"Lição de Aguiar Dias: o dano moral é o efeito não


patrimonial da lesão de direito e não a própria lesão
abstratamente considerada. Lição de Savatier: dano
moral é todo sofrimento humano que não é causado
por uma perda pecuniária. Lição de Pontes de
Miranda: nos danos morais, a esfera ética da pessoa é
que é ofendida; o dano não patrimonial é o que, só
atingindo o devedor como ser humano, não lhe atinge
o patrimônio." ( TJRJ. 1a c. - Ap . - Rel. Carlos Alberto
Menezes - Direito , j. 19/11/91-RDP 185/198).

A Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça elucida o tema:

"O dano moral alcança prevalentemente valores


ideais, não goza apenas a dor física que geralmente o
acompanha, nem se descaracteriza quando
simultaneamente ocorrem danos patrimoniais, que
podem até consistir numa decorrência de sorte que as
duas modalidades se acumulam e tem incidências
autônomas." 

Trata-se de dano que independe de provas, conforme entendimento


dos tribunais:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO.


DANO MORAL. - AGRAVO RETIDO.(...).  - CULPA
DAS RÉS. A questão já foi decidida. Trânsito em
julgado. Não há mais espaço para se rediscutir fatos
já decididos. Eficácia preclusiva da coisa julgada (art.
474). - DANO MORAL. O indispensável para a
indenização não é a prova do dano moral em si,
isto é, do aborrecimento, do abalo à pessoa
física no seio da sociedade: basta a prova dos
fatos ilícitos que sejam por si só aptos a gerar
dano moral na vítima (dano in re ipsa). - VALOR
DO DANO MORAL. MINORAÇÃO. No caso concreto,
revela-se adequado e proporcional o valor de
R$250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais). O
montante não causa enriquecimento indevido ao
autor, nem exagerado fardo financeiro às rés. Juros a
partir da citação, pela excepcionalidade (demora no
ajuizamento) e correção monetária a partir do
presente julgamento. - HONORÁRIOS. Muito embora
tenha havido a reforma parcial da sentença, deve ser
levado em conta que o autor decaiu de parte mínima
do pedido, ficando, portanto, mantidos os ônus da
sucumbência. O valor fixado pelo magistrado a quo
não se mostra exagerado, como aduz a ré, pois de
acordo com o disposto no art. 20, § 3º, do CPC. Dá-se
PROVIMENTO EM PARTE aos recursos das rés. (APL
00734997220048260100 SP 0073499-
72.2004.8.26.0100 Relator(a): Enio Zuliani 4ª
Câmara de Direito Privado:14/09/2015)

RECURSOS DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
DECORRENTE DE ERRO MÉDICO - MORTE DE
RECÉM-NASCIDO - ERRO MÉDICO – AUSÊNCIA DE
DIAGNÓSTICO NO HOSPITAL QUE REALIZOU O
PARTO - DANOS MORAIS – QUANTUM
INDENIZATÓRIO RAZOÁVEL – JUROS DE MORA A
PARTIR DA CITAÇÃO – SENTENÇA MANTIDA –
RECURSOS DESPROVIDOS. Configura-se agir culposo
a ausência de diagnóstico, por parte da equipe
médica do hospital, de patologia de recém nascido,
que recebeu alta e, levado à outros hospitais,
passando para cirurgia, veio a óbito, em razão de
diagnostico tardio. Resta caracterizado o dever de
indenizar o genitor pelos danos morais
decorrentes do mencionado falecimento. O
quantum indenizatório por danos morais deve
ser fixado em consonância com os precedentes
do colendo STJ. O entendimento do Superior
Tribunal de Justiça é de que os juros moratórios são
contados da data da respectiva citação nas hipóteses
de responsabilidade contratual, como no caso dos
autos. (Ap 141701/2016, DES. SEBASTIÃO BARBOSA
FARIAS, PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, Julgado em
21/02/2017, Publicado no DJE 24/02/2017)

Portanto, o arbitramento justo do dano moral é medida que se


impõe.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O Autor encontra-se desempregado, não possuindo condições


financeiras para arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu
sustento e de sua família, conforme declaração de hipossuficiência, cópia
dos seus contracheques e certidão de nascimento dos filhos que junta em
anexo.

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição


Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a AJG ao requerente.

DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, REQUER:

1. A concessão da Justiça Gratuita, nos termos do art. 98 do


Código de Processo Civil;
2. A citação do Réu para responder, querendo, 
3.  A total procedência da ação para condenar os réus à
indenização material estimado no valor de R$ , bem como
em danos morais a serem estimados por este Juízo;
4. A produção de todas as provas admitidas em direito, em
especial a   
5. Manifestar o interesse na realização de audiência
conciliatória;
6. A condenação do réu ao pagamento de honorários
advocatícios nos parâmetros previstos no art. 85, §2º do
CPC;

Dá-se à causa o valor de R$

Nestes termos, pede deferimento

Local e Data

Advogado
OAB

ANEXOS

1. Documentos de identidade do Autor


2. Procuração
3. Declaração de Pobreza
4. Provas da ocorrência
5. Provas da tentativa de solução direto com o réu
6. Provas da negativa de solução

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