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Dimensão Crítica e Simbólica- O DOIDO E A MORTE

Sr.Milhões: Homem consciente da realidade e da condição humana


Governador Civil: Homem inconsciente e preocupado com o estatuto social e o talento
Mulher: Demonstra a emancipação da mulher
O Doido e a Morte é uma obra-prima do nosso teatro e do teatro da literatura que retrata os problemas
existenciais, pela conceção e pelo clima tenso de lirismo. Esta farsa apresenta-se em tons contrastantes de grande
intensidade e distorção. Ligado ao expressionismo e pela expectativa inquietante e emocional com o teatro
simbólico- até porque as personagens - apesar de alguns traços de realismo verosimilhante- são símbolos da
inconsciência alienada e vulgar de viver- que têm relutância, mesmo perante a morte, em encarar a verdade.
(Existencialismo: No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude
existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo. O ser humano
está submerso nas condições da sua existência. O ser humano confronta-se com o problema da morte, do sentido da sua existência
e do destino da sua alma. É na morte que o individuo se confronta com a sua própria condição humana.)

Existente um contraste entre a mentira das máscaras sociais no cumprimento do dever, no amor e no dia a dia e a
verdade lúcida do Doido.

A máscara surge-nos assim na dicotomia entre a essência e a aparência. A aparência do que o “eu” quer mostrar ao
outro, escondendo a sua essência. A presença da dicotomia existente entre o ser e o parecer permitem-nos abordar
a problemática existencial na obra. A peça tem características que a aproximam do teatro simbólico ,
nomeadamente as personagens porque são símbolos da inconsciência alienada e vulgar de viver de tal modo que
mesmo perante a morte têm relutância em encarar a verdade. O contraste existente entre a mentira das máscaras
sociais no cumprimento do dever, no amor e no dia a dia e lucidez do Sr Milhões que era afinal um louco. A
consciência do doido sobre a condição humana contrasta com a ausência de consciência cívica e humana do
governador civil que apesar do sucesso alcançado ao longo da sua vida, se chega à conclusão que teve uma vida
inútil, pela ausência de sentimentos verdadeiros e de sentido.

Podemos introduzir mais um tópico filosófico viver vs existir, na verdade é, precisamente, no momento em que o Sr
Milhões ameaça explodir a bomba que nos começamos a aperceber que a personagem governador civil não vive,
apenas existe, porque nunca se questionou, nem nunca questionou todos aqueles que o rodeavam e que
aparentemente o respeitavam, admiravam e até amavam, limitou-se a exercer o poder que o cargo lhe atribuía
como se este fosse um atributo inerente à sua condição humana.

“Os livros, as peças, a arte, enfim, só valem pelo que sugerem. O que está lá em regra não presta para nada; o que
cada um de nós constrói sobre a linha, a cor e o som é que é verdadeiramente superior.” Ele parece dizer que o
invisível, sugerido nas relações de forças da peça, traz à tona não um processo reflexivo, mas criativo. Essa é uma
outra resposta possível para o niilismo que se coloca na peça: diante do vazio existencial, é possível preenchê-lo, é
possível criar, é possível construir a diferença a partir do desfigurado, sem fugir da infinitude do tempo, mas indo em
busca do tempo perdido.

Prende-se com a existência humana, com o mundo a servir de lugar de exílio, de refúgio ao indivíduo. É na morte
que o indivíduo se confronta com a sua própria condição humana. O Homem apenas tem a vida, orientada para a
morte.

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