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Discernir a voz de Deus entre as vozes de nosso íntimo. (cf. GS, 16), para atuar no presente a sua
vontade, é um exercício contínuo ao qual os santos se submeteram docilmente. E neste exercício
contínuo, o discernimento se faz cada mais fácil porque a voz de Deus dentro nós se amplifica e se
fortalece.
Às vezes, isso não é simples, mas, se acreditarmos no amor de Deus, poderemos fazer com
tranqüilidade aquela que julgamos ser a sua vontade, com a confiança de que, se não o é, ele nos
recolocará na estrada certa.
“E nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam, daqueles que são
chamados segundo seu desígnio”, recorda São Paulo aos romanos (Rm 8, 28). E Raissa Maritain escreve:
“Os deveres de cada instante escondem, sob as obscuras aparências, a verdade da divina vontade; estes
são uma espécie de sacramento do momento presente” (Maritain, 1968, p. 146).
Orígenes deixou-nos este belo conselho:
Não devemos procurar santuário em lugar nenhum, mas nos atos, na vida e nos costumes.
Se estes estão de acordo a vontade de Deus e conforme os seus mandamentos, pouco
interessa que você esteja em casa ou na praça: o que devo dizer “na praça”? Pouco importa
que você se encontre no teatro: se você está servindo o verbo de Deus está no santuário, não
tenha nenhuma dúvida. (Orígenes, [s.d], 12,4;SC 287, 182)
Não olhar mais para trás, porém, fazer de boa vontade, com simplicidade, humildade e
decisão os deveres resultantes das circunstâncias em que me encontro, como sendo tua
vontade. Fazer logo. Fazer tudo, fazer bem. Fazer alegremente o que queres tu de mim agora,
ainda que supere imensamente as minhas forças e requeira de mim a vida. Finalmente,
[vamos] a este último momento. (Paulo VI, 1979, O.R, 5. ago., p.5)
Cada palavra, cada gesto, cada telefonema, cada decisão deve ser a coisa mais bela de nossa
vida. Reservemos a todos o nosso amor, o nosso sorriso, sem perder um segundo. Cada momento de
nosso vida seja:
O primeiro momento;
O último momento;
O único momento.
Gostaria de concluir essa meditação com uma oração de santa Faustina Kowalska.
Se olho para o futuro, o medo me investe. Mas, por que adentrar-me no futuro? Aprecio apenas o momento presente,
porque o futuro talvez não se hospede na minha alma.
O tempo que passou não está mais em meu poder, para mudar, corrigir ou acrescentar alguma coisa. Nem os sábios nem os
profetas puderam fazer isso. Confiemos, portanto, a Deus o que pertence ao passado.
Ó momento presente, tu me pertences completamente. Desejo utilizar-te naquilo que estiver a meu alcance [...].
Por isso, confiando em tua Misericórdia, lanço-me na vida como criança, e cada dia te ofereço o meu coração inflamado de
amor pela tua glória. (Kowalska, 1999, pp. 31-32)1
1
VAN THUAN, Testemunhas da esperanças. São Paulo: cidade nova, 2002. p. 69-71