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CENTRO PAULA SOUZA

ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL DE ITANHAÉM

Curso Técnico em Meio Ambiente

Camilla Ribas Nunes

Fabíola Tainá de Lima

Gabriela Bernava Dias

CORANTES NATURAIS
Itanhaém

2015

Camilla Ribas Nunes

Fabíola Tainá de Lima

Gabriela Bernava Dias

CORANTES NATURAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Técnico em Meio Ambiente


da Etec de Itanhaém, orientado pelo Prof. Julio
Cesar Menezes Borges, como requisito parcial para
obtenção do título de técnico em meio ambiente.
Itanhaém
2015
DEDICÁTORIA

Dedicamos este trabalho as nossas famílias e amigos que acreditaram e


compreenderam nossos momentos de ansiedade e angústia, encorajando-nos
sempre a prosseguir, dando a certeza de que não estamos sozinhas nessa
caminhada.
AGRADECIMENTOS

Ao nosso professor e orientador deste trabalho, Júlio Borges, pelo apoio e confiança,
proporcionando o conhecimento, altruísmo e o encorajamento. Seus conselhos e
orientações para apontar-nos o melhor caminho e decisão durante todo o estudo
acadêmico foram essenciais para o nosso progresso como pessoa e acadêmica.
Nossos agradecimentos a Luísa Saraiva, pela elaboração do tema do presente
trabalho, Barbara Figueredo, pela contribuição valiosa e, ao Abraão Lincon, pelos
conselhos e a constante dedicação, amigos que, por vários motivos nos deixaram,
seguiram outros caminhos que a vida ofertou.
A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte da nossa formação, о nosso muito
obrigado.
EPIGRÁFE

O amanhã será da cor que você pintar.


Anônimo

RESUMO

Corantes são substâncias ou mistura de substâncias que quando aplicadas a um


material lhe conferem cor. Os corantes artificias, tradicionalmente usados nas
indústrias, apresentam menores custos de produção e maior estabilidade, se
comparado aos corantes naturais. Com tudo, há diversos estudos científicos que
comprovam que a ingestão dos artificiais provocam danos à saúde humana em
longo prazo. Os corantes naturais são pigmentos ou misturas extraídas de
substâncias vegetais ou animais. Já os corantes artificiais são substâncias obtidas a
partir do processo de síntese de composição química. Apesar de conveniente,
devido aos fatores favoráveis, os corantes naturais ainda são pouco conhecidos e
utilizados pelo público vigente. Sendo assim, o presente trabalho teve por objetivo
estudar as diferenças entre os corantes naturais e artificiais visando principalmente
os fatores benéficos que possam auxiliar diariamente a saúde do consumidor.

Palavras Chaves: Corantes naturais, benefícios, artificiais.


ABSTRACT

Dyes are substances or mixtures of substances which when applied to a material


giving it color. The artificial coloring agents traditionally used in the industry, have
lower production costs and higher stability compared to natural dyes. Although, there
are several scientific studies that show that the intake of artificial cause harms to
human health in the long way. Natural dyes are extracted pigments or mixtures of
vegetable or animal substances. Since the artificial dyes are substances obtained
from chemical composition of the synthesis process. Although convenient, due to
favorable factors, natural dyes are still less known and used by the current public.
Therefore, this study aimed to study the differences between natural and artificial
colors mainly targeting the beneficial factors that can help daily consumer health.

Key-Words: Natural dyes, benefits, man-made


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO8

OBJETIVO12

METODOLOGIA13

DESENVOLVIMENTO17

Testes Laboratoriais28

CONCLUSÃO49

REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS50
INTRODUÇÃO

Os corantes naturais ainda não são amplamente utilizados, pois as empresas


tendem a recorrer a meios de produção mais rápidos e rentáveis, sendo assim a
utilização de corantes naturais se torna algo irrelevante para o mercado. Mas em um
ponto de vista ecológico o uso de tais corantes seria extremamente aceito, pois seu
uso e produção não causam impactos na natureza nem ao consumidor. Assim que
decidimos comprar algo um dos fatores que influenciam na compra é a aparência do
produto,  daí a importância do uso de corantes nos mais diversos meios de produção
tanto têxtil, cosméticos etc. Isso se aplica diretamente a indústria alimentícia, já que
o  sabor está ligado à cor por isso antes de consumir determinado alimento olhamos
a coloração e o aspecto, o problema é que nem sempre a boa aparência de tal
alimento ou produto reflita diretamente sua qualidade para quem os consome. Por
isso a utilização de corantes naturais é uma opção de melhora na qualidade final de
determinado produto. Os corantes naturais podem ser extraídos de varias fontes
como cascas, flores, plantas, raízes, madeiras em geral, formando tons variáveis
assim podemos criar cores diferenciadas de acordo com o desejado. Atualmente
tingir por meio de corantes naturais é mais simples, mas pelo fato de alguns
problemas que possam surgir durante o processo de fixação e é necessária a
utilização de alguns princípios químicos, físicos e botânicos, mas o recomendável é
o uso de fixadores não tóxicos para não alterar o produto final, dependendo do
fixador e do tecido utilizados podem resultar na modificação da coloração esperada.

Os corantes são utilizados há muito tempo para os mais diversos fins, desde
cerimônias religiosas, batalha, tingimento de tecidos e cerâmicos. O uso de corantes
em tecidos surgiu na Índia, da Índia passou para a Pérsia, a Fenícia e o Egito, onde
foram encontrados tecidos tingidos em tumbas do século XVIII a.C (QUIMICA VIVA,
2011), os próprios egípcios produziam Maquiagem e essências à base de corantes.

Com a chegada da Idade Média houve uma melhora na forma com que eram
produzidos, nesse contexto pós-Idade Média com o descobrimento de novas terras,
houve um aumento na busca por novos mercados e produtos, sobretudo o uso de
corantes se manteve em sua maior parte pelos europeus já que lá se concentrava a
riqueza do mundo naquele período, na época do Brasil-colônia a primeira matéria
que extraíram foi o Pau-Brasil que servia justamente como corante por ter uma cor
vermelha muito forte, a partir daí se deu início a colonização e a exploração dos
recursos naturais do Brasil.

Com o surgimento de novos mercados consumidores houve uma demanda


maior por produtos industrializados, a Inglaterra que dominava o mercado mundial
visava manter e expandir seu domínio sobre a compra e a venda de especiarias,
cada vez mais as potências buscavam métodos para aumentar o mercado
consumidor, criando novos produtos dando origem à produção em larga escala
resultando na Revolução Industrial.

Por causa dessa modernização nos moldes de produção, houve uma queda
no consumo de corantes naturais já que a demanda de produção era muito maior e
para a obtenção de lucro, novos métodos foram criados, a coloração artificial se
tornou padrão justamente por ser mais barata, e por poder ser produzida mais
rapidamente, mas esses corantes agrediam o meio ambiente.

Com o advento da Primeira e Segunda Guerra Mundial novas tecnologias


foram sendo desenvolvidas, até chegar ao que vemos hoje desde alimentos,
cosméticos e tecidos que recebe em sua composição algum tipo de coloração, O
uso de corantes faz parte do contexto social e econômico desde os tempos mais
remotos da humanidade.

Hoje em dia em países como Estados Unidos, Japão, e Inglaterra os corantes


naturais são utilizados com grande frequência em indústrias, devido à comprovação
do Programa Nacional de Toxicologia do Instituto Nacional de Saúde dos EUA de
que corantes artificiais são cancerígenos, além de saber que o tingimento com
anilinas químicas são extremamente tóxicos, além de serem derivados do carvão
mineral e do petróleo que são altamente poluídos.

Esses corantes são muito importantes para a cultura indígena, com o ato de
tingir os cabelos e pintar o corpo, que são meios de manifestações culturais muito
antigas. Dentre os corantes utilizados podemos citar o fruto do urucuzeiro (Urucum)
que possui como principal ativo o corante bixina, um composto de 24 carbonos,
contendo ácido carboxílico e éster metílico nas extremidades (FIGURA 1).
Responsável pela coloração vermelha, o urucum tem aplicações na indústria
alimentícia como condimento e corante, na medicina como fitoterápico. Os indígenas
também utilizam uma solução de urucum para proteção contra radiação ultravioleta.
(CIENTISTA DIDÁTICO, 2012).

Figura 1: Urucum – Disponível em agenotic.wordpress.com - Acessado05/09/14

O interesse em pesquisas por corantes naturais aumentou consideravelmente


nas últimas décadas devido às severas críticas dos consumidores em relação às
restrições impostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras instituições
aos corantes sintéticos.

Alguns pesquisadores descrevem os diversos tipos de impactos ambientais


ocasionados pela síntese e uso indiscriminado de alguns destes corantes, tais como:
a poluição causada pelo descarte dos efluentes da indústria têxtil (SMITH, 1994
apud GAMARRA et al., 2009), a contaminação dos peixes (KIRSCHBAUM et al.,
2006 apud GAMARRA et al., 2009), além dos corantes elevarem o risco das
pessoas desenvolverem doenças degenerativas, como alguns tipos de câncer
(BLUHM et al., 2006; WANG et al., 1997; HARTGE et al., 1982;
GAGO-DOMINGUEZ et al., 2001 apud GAMARRA et al., 2009).

O processo de extração é uma etapa crítica, pois deve preservar as


características naturais do produto de origem, evitando o uso de produtos químicos
em grandes quantidades que possam deixar resíduos indesejáveis no produto final.
Portanto, há necessidade de se explorar esta área, assim como melhorar as
metodologias de extração.
OBJETIVO

Tem como objetivo produzir corantes naturais e fixadores não tóxicos que
possam ser utilizados na coloração de tecidos e alimentos.

Para área cosmética temos como objetivo produzir um óleo essencial à base
de limão e laranja para a obtenção de um sabonete com a essência das frutas e de
um creme hidratante para pés e mãos.
METODOLOGIA

Criação de corantes, óleos essenciais e fixadores não tóxicos próprios para


coloração de tecidos, alimentos e cosméticos a partir de três vertentes:

1. Extração dos Corantes:


Para obtenção de determinadas cores pode-se extraí-las através do
cozimento, seguida de fervura e filtração de algumas plantas, frutas e vegetais,
como nos métodos utilizados abaixo:
No processo de extração do corante da casca da cebola, deve-se retirar a
casca de 2 (duas) ou 3 (três) cebolas grandes, colocar numa vasilha e despejar uma
xícara de água morna. Aguarde durante uma hora e depois coe. Será obtida uma
coloração marrom-claro. (COLÉGIO MARISTA ROSÁRIO, s.d).
No processamento de extração do corante da beterraba, deve-se colocar de
três a quatro beterrabas, de média à grande, numa panela com um litro de água.
Deixe em banho maria em média de 30 a 40 minutos. Após a leitura da análise terá
como resultado uma coloração vermelho intenso.
Ao invés do cozimento também pode ser inserção do álcool em um recipiente
de vidro com os pedaços cortados ou ralados da beterraba e tampar, deixando-os
em média de dois a três dias. Ao final do processo será adquirido o pigmento
desejado.
Na técnica de extração da coloração do urucum, deve-se colocar cerca de dez
cachos deste em uma panela com água um pouco acima do nível médio e deixar em
banho-maria durante 45 minutos, o líquido para a coloração será de cor amarelada
ou laranja-vermelho.
Ao invés da água também pode ser utilizado o óleo mineral, que aquecido
durante 15 minutos, adquire a cor vermelha.
Outra possibilidade de extração seria inserir álcool em um recipiente de vidro
com as sementes e tampar, deixando-o curtir por cerca de dois dias, ao final deste
processo também se adquire o corante vermelho.
Na extração do corante alaranjado pode-se utilizar a cenoura. Deve-se ralar a
cenoura e colocar álcool ao nível de cobrimento completo. Após misturar, obteremos
o pigmento laranja no qual será filtrado com papel filtro. O produto gerado precisa
ficar em descanso até o álcool ser totalmente evaporado. Ao fim do tempo de espera
sobrará apenas a coloração desejada.
Para a extração do corante verde pode-se adotar a couve. Ao cortar em
pedaços menores três maços grandes deve-se fazer o trituramento em um
liquidificador ou máquina de suco com em média de 300 ml de água. Ao final coar e
obtém-se o corante verde. Se necessário armazenar em formas de gelo e deixar no
congelador para utilizações futuras.

2. Extração dos Fixadores Têxteis:


Para a fixação dos corantes nos tecidos é preciso de um fixador.
Normalmente, os fixadores utilizados nas indústrias têxteis são tóxicos, e partir disto
resolveu-se extrair fixadores naturais para a fixação dos corantes naturais. Abaixo
serão indicados alguns métodos de extração destes:
No meio de extração do fixador do umbigo da bananeira, ou coração da
bananeira popularmente chamado, deve-se aferventa-lo em uma panela com água,
após 40 minutos esperando a leitura dos resultados adquirisse o fixador.
No procedimento de extração do fixador das folhas de goiabeira, deve-se
cozinha-las em uma panela com água pela metade. Deixe em média de 5 a 10
minutos. Após este processo coe e será obtido o fixador natural.

3. Extração dos Óleos Essenciais:


No processo de extração do óleo essencial da laranja, deve-se colocar 200
(duzentas) gramas da casca da laranja no extrator já com a manta aquecedora.
Adiciona-se 500 (quinhentos) mililitros de água destilada ao processo e aguarde
uma hora até terminar a destilação. Após uma hora desligou-se o extrator e
obteve-se um óleo incolor.
No método de extração do óleo essencial da casca do limão, deve-se cortar
200 (duzentas) gramas em pedaços uniformes, seu método de extração foi obtido
através da hidrodestilação, utilizando-se um aparelho de extração, durando cerca de
duas horas. Das folhas do limão também pode se conseguir o óleo, realizando o
mesmo processo utilizado para a extração de seu óleo a partir de sua casca.
Incorporação dos Corantes aos Alimentos
Para anexar o corante na área alimentícia utilizasse de uma forma simples,
sendo que só basta acrescentar a coloração desejada ao alimento desejado. Como
por exemplo: O corante obtido da extração da beterraba pode ser adicionado após o
cozimento do arroz branco, tendo como resultado a mudança de sua cor, isto torna a
alimentação mais divertida e até mesmo educacional para uma criança.

Incorporação dos Corantes e Fixadores aos Tecidos

A realização da fixação dos corantes têxteis será a partir de duas vertentes:

1. Leitura de Análise dos Corantes:


Determinaremos o poder de tingimento, fixação e estabilidade do corante.

2. Junção dos Corantes com os Fixadores:


Após a leitura de análise, serão testados os corantes para verificar seus
respectivos fixadores, sendo a folha de goiabeira e o umbigo da bananeira.

Criação do Sabonete com o Corante


Neste processo necessita de 250 (duzentos e cinquenta) gramas de glicerina
transparente, branca ou perolada cortada em pedaços pequenos. Deve-se coloca-la
em uma panela esmaltada e deixar derreter em banho-maria em fogo brando.
Quando estiver completamente líquida retire do banho-maria. Após tal processo,
acrescente algumas gotas do corante natural e em seguida adicione 5 (cinco)
mililitros de óleo essencial e misture uniformemente. Seguidamente, despeje a
solução em uma forma e aguarde a secagem total para desinformar o sabonete.
(CANTINHO DAS ESSÊNCIAS, 2014).

Criação do Hidratante para as Mãos e Pés


Utilizou-se um recipiente médio 2 (duas) xícaras de glicerina líquida, 1 copo de 300
(trezentos) mililitros de vaselina e 1 copo de creme de Vitamina E pura, ou o
conteúdo de 15 a 20 cápsulas, os produtos foram homogeneizados em uma
batedeira em potência máxima por volta de cinco minutos, em seguida pode ser
utilizado o óleo essencial. Ao término da mistura, transferiu-se o produto para um
recipiente com tampa e armazenamos em num local ventilado que não continha
temperaturas extremas (GISLAINE RABELO, s.d.).
DESENVOLVIMENTO

A partir da informação de que os corantes artificiais são considerados tóxicos


e cancerígenos, uma grande parte da população questiona os mesmos visando à
proteção da qualidade de vida e do meio ambiente. Sendo assim, houve a
curiosidade e o interesse de uma substituição do produto artificial pelo natural.

Após pesquisas realizadas no laboratório de informática da escola na ETEC


de Itanhaém, obteve-se a concepção de criar e testar corantes naturais nos
laboratórios de química e biologia. No laboratório, os métodos utilizados foram
divididos em três partes, sendo eles a extração dos corantes, fixadores e dos óleos
essenciais. Feito isto, eles foram testados nas áreas alimentícia, cosmética e têxtil.
Com base na metodologia os corantes a serem utilizados são o urucum, casca de
cebola, cenoura, couve e a beterraba.

Tipos de Corantes

Os corantes são substâncias que conferem cor ou intensificam a cor já


existente. Corantes orgânicos apresentam uma estrutura química constituída por um
sistema de ligações duplas conjugadas, responsável pela cor, e grupos substituintes
que alteram a tonalidade, intensidade da cor e solubilidade do corante. A
estabilidade do corante ao calor, à luz e aos agentes de redução depende da
estabilidade do núcleo colorido da sua molécula (CASEY, 1961 apud COSTA, A. S.
2010). Nem sempre as moléculas dos corantes apresentam as afinidades químicas
necessárias para a sua fixação nas fibras (ARAÚJO, 2005 apud COSTA, A. S 2010).

Segundo a Resolução CNNPA nº44/97 da legislação da ANVISA, os corantes


podem ser classificados de diversas formas, descritos a seguir:

● Corante orgânico natural: aquele obtido a partir de vegetal, ou eventualmente


de animal, cujo princípio corante tenha sido isolado com o emprego de processo
tecnológico adequado.
● Corante orgânico sintético: aquele obtido por síntese orgânica mediante o
emprego do processo tecnológico adequado.
● Corante artificial: é o corante orgânico sintético não encontrado em produtos
naturais.
● Corante orgânico sintético idêntico ao natural - é o corante orgânico sintético
cuja estrutura química é semelhante à do princípio ativo isolado de corante orgânico
natural.
● Corante inorgânico: aquele obtido a partir de substâncias minerais e
submetido a processos de elaboração e purificação adequados a seu emprego em
alimento.
● Caramelo: o corante natural obtido pelo aquecimento de açúcares à
temperatura superior ao ponto de fusão.
● Caramelo (processo amônia): é o corante orgânico sintético idêntico ao
natural obtido pelo processo amônia, desde que o teor de 4-metil, imidazol não
exceda no mesmo a 200mg/kg (duzentos miligramas por quilo).

Corantes Artificiais

Os corantes artificiais podem ser classificados como orgânicos e inorgânicos.


Os corantes orgânicos são, predominantemente, compostos que contêm o grupo
azo (-N=N-), que 4 permite o deslocamento de elétrons, caracterizando-os como
cromóforos. Corantes inorgânicos são, geralmente, compostos de cádmio ou óxidos
de selênio e ferro (OLIVEIRA, 1997 apud COSTA, A. S., 2010). Atualmente, os
corantes artificiais orgânicos são os mais importantes para a indústria papeleira. A
grande maioria destes corantes são fabricados, em larga escala, a partir de produtos
como benzeno, tolueno, parafinas, antraceno e outros derivados do petróleo.
Também são utilizados compostos inorgânicos como sais, ácidos, álcalis e outros,
através de processos de síntese orgânica (COSTA, A. S., 2010).

Os corantes ácidos são obtidos a partir da inserção de grupos ácidos


auxocrômicos como: hidroxila (-OH) e carboxila (-COOH) na molécula e a sua
estrutura química fundamental é o complexo azo. Os corantes ácidos apresentam
grande quantidade de grupos solubilizantes, o que não permite uma boa ligação
entre a superfície da fibra e a molécula do corante, além disso, por serem aniônicos,
não apresentam boa afinidade com a polpa celulósica. Por isso é necessário o uso
de mordentes, como o sulfato de alumínio, para a retenção da cor no papel. São
corantes de resistência razoável à luz e apresentam cores vibrantes (SHREVE,
1980; SANDOZ, 1992 apud COSTA, A. S. 2010). Corantes básicos são, geralmente,
derivados de amina (-NH2), normalmente da classe do xanteno ou do trialrialmetano.
Formam precipitados insolúveis em certas substâncias aniônicas, são catiônicos,
geralmente puros, apresentam boa solidez na água e geram águas residuais limpas
(SHREVE, 1980; SOUZA, 1998 apud COSTA, A. S. 2010).

Corantes Naturais

Os corantes naturais são obtidos dos reinos mineral, vegetal e animal, sendo
os mais importantes extraídos de vegetais. Os corantes vegetais mais utilizados são:
extrato de urucum, beterraba, alizarina, antocianina, curcumina, páprica, clorofila,
entre outros. Os corantes minerais mais comuns são os compostos de ferro e
petróleo, como o ocre, âmbar, siena, benzeno e tolueno, que possuem um baixo
poder de pigmentação. Os corantes naturais obtidos de animais ou plantas podem
ser extraídos de diversas matérias-primas, como insetos cochonilha que conferem a
cor carmim (vermelho-escuro), cataxantina, encontradas em algas, camarões e
penas de aves, flor maravilha, a azaléia, entre outras, muito utilizados pelas
indústrias de alimentos e de cosméticos, principalmente por não causarem danos à
saúde. Não é indicada a extração de corantes a base de animais devido ao processo
de extração, que pode levar o indivíduo a morte. Deve-se tomar muito cuidado com
o inseto Cochonilha (Coccus cacti L.), pois este pode causar alergias quando seu
corante é aderido em algum alimento. Diversas plantas podem ser consideradas
corantes, podendo ser classificadas em grupos diferentes.

A tendência mundial busca por uma alimentação e uma vida mais saudável
proporcionando a uma demanda maior no consumo de corantes naturais. Estes
podem ter sua origem nas matérias-primas naturais, extratos de matérias-primas e
substâncias corantes extraídas e purificadas.

A estabilidade do corante à luz, ao calor e, aos agentes redutores e oxidantes,


também depende da estabilidade do núcleo colorido do corante. As radiações gama
e ultravioleta induzem a formação de radicais livres nos compostos orgânicos,
principalmente nas ligações π. Estas ligações acabam se tornando um ponto fraco
na estrutura molecular, pois absorvem energia provinda de qualquer fonte, como luz,
calor, etc., capaz de excitar a molécula. Ao atingir um determinado valor de energia
esta ligação rompe-se, formando compostos de degradação, coloridos ou não, que
geram um desbotamento da cor ou seu desaparecimento. As ligações π aparecem
em grande número nas clorofilas e nos carotenos, pois é a ligação característica de
compostos com duplas ou triplas ligações, e esses pigmentos contêm 11 e 14
ligações duplas, respectivamente (RAMIREZ-NIÑO, 1998; MATOS, 1999; PONTE et
al., 1999 apud COSTA, A. S. 2010).

Extrato de Urucum

O Urucum Bixina orellana é uma planta perenifólia, pioneira e característica


da Floresta Amazônica. Ocorre preferencialmente em solos férteis e úmidos de beira
de rios, produzindo anualmente grande quantidade de sementes viáveis que
possuem, também, propriedades condimentares e tintoriais. A árvore é cultivada em
muitas regiões do país para exploração de suas sementes e para ornamentação.
Além disso, pela rapidez de crescimento em ambientes abertos, pode ser plantada
em áreas degradadas de preservação permanente. O extrato de urucum é um
produto industrial obtido pela remoção dos pigmentos da semente de urucum
diluídos em solução de álcool. O extrato lipossolúvel contém vários pigmentos
coloridos, sendo a bixina o principal (DAMASCENO; MASCARENHAS e
STRINGHETA, 1998 apud ALBINO, L.F.T et al, 2000). A estrutura química da bixina
(FIGURA 2) contém 25 carbonos e grupos carboxílico e éster metílico muito
diferentes dos carotenoides usualmente presentes em alimentos (cadeia com 40
carbonos) e foi até o presente momento encontrada somente no urucum.

Figura 2: Estrutura química da Bixina – Disponível em scielo.br - Acessado 07/04/15


Extrato da Casca da Cebola

A cebola Allium cepa possui princípios químicos que têm sido utilizados com
frequência na indústria farmacêutica. Há fortes evidências do papel da cebola na
dieta alimentar em melhorar as performances mental e física, retardar o processo de
envelhecimento, auxiliar na perda de peso e na resistência a doenças, melhoria do
sistema imunológico do ser humano (EMBRAPA; 2007).
Na casca da cebola é extraído seu pigmento, sendo ele a quercetina. A
quercetina é um flavonoide natural composto de baixa massa molar com uma
estrutura base constituída por dois anéis aromáticos (A e B) ligados através de um
anel pirano (C), conforme a Figura 3 (ANJOS et al; 2013).

Figura 3: Estrutura do Flavonoide Quercetina – Disponível em scielo.br Acessado 07/04/15

Extrato da Cenoura

Do extrato da cenoura Daucus carota e obtido um pigmento denominado


betacaroteno, responsável pela coloração laranja característica da raiz e precursor
da vitamina A dentro de um organismo vivo (provitamina A). (OLIVEIRA, 1997; DIAS
et al., 2002; ARAÚJO, 2005 apud COSTA, A. S. 2010).
Figura 4: Estrutura química do Betacaroteno – Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br
Extrato da Beterraba

A beterraba constitui ótima fonte de pigmentos, algumas variedades chegam a


apresentar valores superiores a 200 mg de betacianina por 100 g do vegetal fresco,
o que representa conteúdo de sólidos solúveis maior que 2% (HENRY, 1996 apud
COSTA, A. S. 2010). O extrato de beterraba e obtido do suco da beterraba (Beta
vulgaris), por um processo de prensagem ou pela extração aquosa e posterior
purificação. O produto desta extração contém varias substâncias, corantes
pertencentes à classe das betalainas, tendo como principal cromoforo a betanina (75
a 95%) e pequenas quantidades de isobetaninas e prebetaninas, sendo solúvel em
água e insolúvel em óleo. A betanina apresenta maior poder tintorial que alguns
corantes sintéticos (OLIVEIRA, 1997 apud COSTA, A. S. 2010).

Figura 5: Estrutura química da Betanina. Fonte: CONSTANT, 2002.

Segundo a metodologia utilizada, o primeiro teste foi com o corante de


urucum com seus respectivos fixadores (umbigo de bananeira e folha de goiabeira).
O teste com o fixador de folha de goiabeira resultou primeiramente em dados
negativos, já que o tecido de algodão teve exibições de fungos por não ter sido
retirado do fixador. Após cinco dias o tecido ter ficado no fixador, foi lavado e retirado
toda matéria orgânica, logo após foi constatado que o fixador obteve sucesso. Com
o outro fixador os resultados foram positivos, por não haver proliferação de fungos.
Ao comparar os dados obtidos de cada fixador foi constatado que o poder de fixação
do corante de folha de goiabeira tem potencial mais eficiente do que o fixador de
umbigo de bananeira.
Extrato da Couve

O pigmento verde extraído da couve e de outras plantas esverdeadas e


formado por dois componentes principais: clorofila “a” e clorofila “b”, na proporção de
1:3, em peso. As clorofilas, responsáveis pela fotossíntese nas plantas, se localizam
nos cloroplastos e estão associadas a proteínas e lipídios que envolvem as
moléculas de pigmento protegendo-as. As clorofilas “a” e “b” (Figura 6) se
diferenciam estruturalmente pela existência de um grupo aldeído na clorofila “b”
(-CHO), enquanto na clorofila “a” um grupo metila (-CH3) substitui este grupo.
Ambas possuem estrutura básica tetrapirrolica, complexada com o íon magnésio e
um quinto anel, anexo ao macro ciclo porfirinico. Este anel, formado por cinco
membros, contem um grupo carbonilico de cetona, que e suficiente para caracterizar
o composto como sendo uma clorofila, independente dos estados de oxidação ou
das cadeias laterais (OLIVEIRA, 1997; SOARES, 2006).

Figura 6: Fórmulas Estruturais da Clorofila “a” e “b” – Fonte: MAESTRIN, 2009.

Fixadores Naturais

Para que o corante associasse mais fortemente às fibras (“firmar a tinta”), as


artesãs utilizavam o sal de cozinha, o alúmen (“pedra-hume”) e o tanino –
encontrado na casca da goiabeira e no umbigo de bananeira. Essas substâncias ou
materiais são denominados mordentes, que são formados por metais de transição
que podem complexar-se com grupos característicos presentes nas estruturas das
fibras (LIMA, PEREIRA e PINTO, 2007 apud GONDIM; MÓI, 2009). As moléculas do
corante então interagem com o complexo mordente-fibra e formam um produto
insolúvel com uma cor brilhante. Tanino é o nome técnico utilizado para um material
pertencente a um grupo de substâncias poli-hidroxidofenólicas diferentes,
constituído por polifenóis simples, carboidratos, aminoácidos e gomas
hidroxicoloidais (SILVA, 1999 apud GONDIM; MÓI, 2009).

Os taninos são compostos fenólicos presentes na maioria das plantas, que


podem ter sua concentração variando de acordo com tecidos vegetais, bem como
em função da idade e tamanho, da parte coletada, da época ou, ainda, do local de
coleta (MONTEIRO et al., 2005 apud BERNARDES et al, 2011).

São classificados em dois grupos principais, cujas estruturas são muito


diferentes entre si, embora todos tenham molécula poli-hidroxifenóis ou seus
derivados (BATTESTIN et al., 2004). Os pertencentes ao primeiro grupo são
denominados taninos hidrolisáveis e incluem os galitaninos e os elagitaninos,
polímeros derivados do ácido gálico e elágico (Figura 7). Este grupo de taninos pode
ser detectado em elevadas concentrações principalmente em madeiras, cascas de
árvores, folhas e galhos (MULLER-HARVEY, 2001 apud BERNARDES et al, 2011).

Figura 7: Estrutura Química dos Taninos Ácido Gálico e Ácido Elágico – Fonte: IFECT Fluminense

O outro tipo de tanino envolve os condensados (Figura 8), os quais


quimicamente compreendem um grupo do polihidroxi-flavan-3-ol e apresentam uma
estrutura semelhante aos flavonoides, com coloração variando do vermelho ao
marrom (SHOFIELD et al., 2001 apud BERNARDES et al, 2011). Possuem
importância marcante em alimentos, pois sua presença em baixas concentrações
proporciona características sensoriais desejáveis, ditas como “o corpo da fruta”. No
entanto, concentrações elevadas conferem aos frutos e outros alimentos
características adstringentes. A sensação de adstringência é gerada devido à
propriedade que os taninos apresentam em precipitar proteínas, ou seja, quando
contatos com as proteínas presentes na saliva formam um complexo insolúvel que
popularmente se caracteriza pela sensação adstringente (DEGÁSPARI et al., 2005).

Figura 8: Estrutura química da procianidina, um exemplo de tanino


condensado – Fonte: IFECT Fluminense

Conforme descrito na metodologia, salientamos que foi realizada a produção


de óleos essenciais a partir da casca da laranja e do limão para serem aplicadas na
elaboração do sabonete e creme hidratante para as mãos e pés.
Primeiramente foram aplicados para a fabricação de sabonetes líquidos que
resultou em testes negativos devido à composição da glicerina líquida. Os dados
foram analisados e a partir disto seu objetivo original foi modificado, sendo então
destinado à criação de um sabonete em barra.

Óleos Essenciais
Os óleos essenciais são utilizados como matéria-prima principalmente na
produção de cosméticos devido as suas propriedades medicinais e aromáticas,
utilizadas crescentemente na área farmacêutica.
Devido ao uso destes compostos aromáticos, pesquisas incentivando o
desenvolvimento de novos produtos, baseados nestas matérias-primas, estão sendo
cada vez mais difundidas no meio científico, comprovando suas propriedades como
moléculas biologicamente ativas (STEFFENS, 2010 apud BERNARDES et al, 2011).
Óleos essenciais (OE) são extraídos de plantas através da técnica de arraste
a vapor, na grande maioria das vezes, e também pela prensagem do pericarpo de
frutos cítricos, que no Brasil dominam o mercado de exportação (BIZZO, et al.,
2009).
Estes óleos, constituídos principalmente de monoterpenos, sesquiterpenos,
fenilpropanóides, éteres e outras substâncias de baixo peso molecular, normalmente
são usados “in natura”, isto é, como misturas, pois as propriedades organolépticas
estão associados a vários componentes, que formam o “bouquet” de cada óleo
essencial. Outra característica importante dos óleos essenciais é a volatilidade de
seus constituintes, uma propriedade derivada do processo de obtenção (CRAVEIRO
e QUEIROZ, 1993).
Há 300 OE de importância comercial no mundo, os 18 principais podem ser
vistos na Tabela 1. O Brasil tem lugar de destaque na produção de OE, ao lado da
Índia, China e Indonésia, que são considerados os 4 grandes produtores mundiais. A
posição do Brasil deve-se aos OE de cítricos, que são subprodutos da indústria de
sucos. No passado, o país teve destaque como exportador de OE de pau-rosa,
sassafrás e menta. Nos dois últimos casos, passou à condição de importador
(BIZZO, et al., 2009).

Óleo Essencial Espécie


Laranja (Brasil) Citrus sinensis (L.) Osbeck
Menta japonesa (Índia) Mentha arvensis L. f. piperascens
Manliv. ex Holmes
Eucalipto (tipo cineol) Eucalyptus globulus Labill., E.
polybractea R.T. Baker e Eucalyptus spp.
Citronela Cymbopogon winterianus Jowitt e C.
nardus (L.) Rendle
Hortelã-pimenta Mentha x piperita L.
Limão Citrus limon (L.) N.L. Burm.
Eucalipto (tipo citronela) Eucalyptus citriodora Hook.
Cravo-da-Índia Syzygium aromaticum (L.) Merr. e L. M.
Perry
Cedro (EUA) Juniperus virginiana L. e J. ashei
Buchholz
Lima destilada (Brasil) Citrus aurantifolia (Christm. & Panz.)
Swingle
Spearmint (native) Mentha spicata L.
Cedro (China) Chamaecyparis funebris (Endl.) Franco
Lavandim Lavandula intermedia Emeric ex Loisel
Sassafrás (China) Cinnamomum micranthum (Hayata)
Hayata
Cânfora Cinnamomum camphora (L.) J. Presl.
Coentro Coriandrum sativum L.
Grapefruit Citrus paradisi Macfady
Patchouli Pogostemon cablin (Blanco) Benth.
Tabela 1: Os 18 principais óleos essenciais no mercado mundial – Fonte: BIZZO, et al., 2009 –
Instituto de Química – UFRJ

Óleos Essenciais de Limão e Laranja (Cítricos)

As frutas cítricas são as mais cultivadas no mundo, sendo a laranja e o limão


os principais. A produção de laranjas e a industrialização do suco estão
concentradas em quatro países, sendo o Brasil o primeiro deles, respondendo por
um terço da produção mundial da fruta e quase 50% do suco fabricado.
Aproximadamente 70% é processado e 30% vai para o consumo interno.
O OE de laranja, extraído do pericarpo do fruto, é um subproduto da indústria
do suco. Derivados de OE de laranja são usados em perfumaria, sabonetes e na
área farmacêutica em geral, além de materiais de limpeza, em balas e bebidas. O
rendimento máximo de extração de óleos cítricos é de 0,4%, ou seja, para cada
tonelada de fruta processada são obtidos 4 kg de óleo (BIZZO, et al., 2009).
O limoneno é o principal componente do óleo essencial de citros (Figura 9). É
muito sensível à oxidação, e os hidroperóxidos produzidos são muito instáveis,
dando origem a uma mistura de compostos oxigenados.
Figura 9: Estrutura química do limoneno – Fonte: oleosessenciais.org

Testes Laboratoriais

O primeiro teste realizado em laboratório foi à obtenção do corante da casca


de cebola por meio do cozimento. Para a extração do corante da casca da cebola
foram utilizados 23 g desta em 150 ml de água. No decorrer do cozimento foram
acrescentados mais 300 ml, sendo ao todo 450 ml. Após 18 minutos de cozimento,
esperou-se em média de 10 a 15 minutos de esfriamento. Foi coado em uma
peneira de plástico em um Becker de 250 ml e depois transportado para um
Erlenmeyer de 250 ml. Ao final do processo foram obtidos 150 ml de corante da cor
marrom-escuro (Figura 10). Sendo deixado em descanso na geladeira.
Logo em seguida foram feitas a extração dos fixadores. Foram utilizados
aproximadamente 100 g de folha de goiabeira com 300 ml de água em cerca de 20
min de cozimento. Ao final foi coado e obteve-se em média de 230 ml de fixador.
O fixador de umbigo de bananeira utilizou-se 150 g, sendo em média 1
coração, em 500 ml de água para o cozimento de 20 min. Finalizando com a coação
do extrato e obtendo-se 450 ml de fixador.
Para realizar o tingimento foi utilizado dois pedaços de um tecido branco de
algodão, no qual foi cozido primeiramente junto ao corante e logo depois lavado e
cada pedaço cozido nos fixadores de umbigo de bananeira e folha de goiabeira com
cerca de 200 ml cada (Figura 11 e 11.1). A coloração do tecido não foi drasticamente
alterada devido à concentração elevada de água, no momento da extração da
pigmentação, que sobrepôs o corante, mas a coloração clara obtida foi bem fixada
em virtude do fixador utilizado (Figura 12).

Figura 10: Corante da Casca de Cebola – Fonte:


Autor
Figura 11: Cozimento do Tecido Junto ao Fixador
de Folha de Goiabeira – Fonte: Autor

Figura 11.1: Cozimento do Tecido junto ao Fixador


de Umbigo de Bananeira – Fonte: Autor
Figura 12: Resultado da Coloração com o Pigmento da Casca de Cebola – Fonte:
Autor

No mesmo período de tempo foram realizados a descamação do limão e da


laranja, sendo que esta obteve-se 92,2 g e 192 g na mesma ordem, deixada em
conserva por cerca de 7 dias em 400 ml de álcool 90° para cada (Figura 13). Após o
tempo de conserva os produtos foram coados (Figura 14). O extrato da laranja,
obtido da conserva, foi transportado para o equipamento de extração às 21h e 10min
do dia 20 de fevereiro de 2015 sendo terminado após sete dias, por ocorrer defeitos
na máquina (Figura 15). O líquido obtido foi incolor sendo considerado bem oleoso
com essência de laranja, correspondendo a um teste positivo (Figura 16). Já com o
extrato de limão também foi realizado o mesmo processo de extração, mas foi
produzido em cerca de 24h, levou-se menos tempo de produção devido a não
ocorrer problemas no equipamento (Figura 17). Também se obteve um líquido
incolor com essência de limão e bem oleoso, considerado um teste confirmatório
(Figura 18).
Figura 13: Conservação das cascas de laranja e limão – Fonte: Autor

Figura 14: Extrato da laranja e do limão coados – Fonte: Autor


Figura 15: Processo de extração do óleo essencial da
laranja – Fonte: Autor
Figura 16: Óleo essencial obtido da laranja – Fonte:
Autor

Figura 17: Processo de extração do óleo essencial do limão –


Fonte: Autor
Figura 18: Óleo essencial de limão – Fonte: Autor

Nos testes de aquisição da coloração laranja-vermelho mediu-se em média de


20 cachos com cerca de 105,38 g de urucum imersos em 200 ml de álcool 90°.
Sendo retirado após um descanso de 23 dias, adquirindo 200 ml de corante (Figura
19).
Figura 19: Extração do corante de urucum –
Fonte: Autor

Sua aplicação junto ao tecido teve-se que fervê-lo por 15 min numa panela
com 150 ml deste e dois pedaços de tecido de algodão de 7,5x8 cm. Os tecidos
foram retirados e deixados em descanso para secar. Por fim foram colocados de
molhos em 200 ml de cada fixador. Sendo que com o fixador de umbigo de
bananeira o tecido foi fervido junto a este e com o fixador de folha de goiabeira não
ferveu-se (Figura 20).
Figura 20: Fixação do Corante de Urucum com os
Fixadores de Folha de Goiabeira e Umbigo de
Bananeira – Fonte Autor

Na extração do corante da beterraba, utilizou-se 128,69 g de beterraba com


200 ml de água no processo de banho-maria por 40 min (Figura 21). Logo após foi
retirada e deixada em descanso de 15 min para esfriamento. No final foi coada e
obteve-se sua coloração (Figura 22). Os pedaços que sobraram da coação foram
levados à geladeira para serem reutilizados para novos testes.
Figura 21: Processo de extração do corante da beterraba – Fonte: Autor

Figura 22: Corante da Beterraba – Fonte: Autor


O corante da beterraba extraído foi criado com o propósito de tingir alimentos,
mas a coloração extraída da beterraba reutilizada foi criada com o objetivo de testes
de coloração de tecido. O processo de pigmentação do tecido foi o mesmo que os
demais testes de coloração. Ao final do processo não obtivemos a coloração
desejada que seria um tom de roxo, já que resultou numa coloração ocre, mas
houve uma boa fixação a partir do fixador de folha de goiabeira por ser mais
resistente (Figura 23).

Figura 23: Fixação do corante de beterraba com o


fixador de goiabeira – Fonte: Autor

Na aquisição da coloração alaranjada utilizou-se como matéria prima a


cenoura, onde se ralaram em média de três cenouras grandes tendo um peso de
169,19 g e utilizou-se o processo de banho-maria com água na mesma medida que
a quantidade da cenoura (Figura 24). Ao final a cenoura foi coada e o líquido obtido
deu negativo para corante, já que a coloração da água ficou laranja quase incolor
(Figura 25).
Figura 24: Processo de extração do corante da
cenoura – Fonte: Autor

Figura 25: Corante da Cenoura – Fonte: Autor


O processo foi realizado novamente, mas com processo de extração
modificado. Na segunda tentativa ralaram-se três cenouras grandes, sendo pesada
e obtendo um valor de 170 g, deixando-as em conserva no álcool até o nível destas
em um pote de vidro. Ao fim do processo foi constatado que não houve grande
absorção da coloração, concluindo que não há meios de extração do corante da
cenoura.
Conforme a metodologia, foi realizado o processo de fabricação do sabonete.
O processo foi feito com objetivo de introduzir os óleos essenciais a este para a
demonstração de produtos naturais. Inicialmente foram colocados 100 ml de
glicerina liquida em uma panela junto a 150 ml de corante de urucum e cinco gotas
de óleo essencial de laranja, logo em seguida levada ao fogo médio por um tempo
de 20 min. Por fim foram transportados para um recipiente de forma de frutas para
esperar o resfriamento para que os sabonetes ganhassem forma. O mesmo
processo foi realizado com o corante de casca de cebola. Os resultados deram
negativos, pois ao fim do processo os sabonetes não enrijeceram, devido à glicerina
liquida, e nem puderam ser utilizados como sabonete líquidos por não haver
presença de espuma durante o teste de higienização (Figura 27).
Figura 27: Processo de resfriamento e enrijecimento, teste
negativo – Fonte: Autor

Em relação ao primeiro teste que resultou ineficaz realizou-se então um novo


teste. Neste novo processo, utilizaram 126 g de glicerina perolada que foi derretida
em banho-maria, logo após acrescentaram 10 ml de corante de urucum e sete gotas
de essência de limão (Figura 28). A glicerina líquida obtida foi despejada nos moldes
e deixada em descanso por cerca de 1 hora (Figura 29). O teste teve êxito, já que os
sabonetes ganharam forma e sua higienização foi eficaz (Figura 30).
Figura 28: Derretimento da Glicerina em Barra e a junção do Óleo Essencial de
Limão e Corante de Urucum – Fonte: Autor

Figura 29: Moldando os Sabonetes de Corante de Urucum e Óleo Essencial de


Limão – Fonte: Autor
Figura 30: Sabonetes Moldados – Fonte: Autor

Na confecção do creme hidratante, misturaram-se sete cápsulas de vitamina


E, 1/2 xícara (150 ml) de glicerina líquida e 1/4 xícara (60 ml) de vaselina, 10 ml de
corante de urucum, nove gotas de óleo essencial de limão e um creme já pronto com
conteúdo de 200 ml (Figura 31 e 31.1). A constatação foi bem sucedida, logo após o
teste de aplicação num voluntário (Figura 32 e 32.1).
Figura 31: Ingredientes da Confecção do Creme
para Mãos e Pés – Fonte: Autor

Figura 31.1: Processo de mistura do Creme


Hidratante para Mãos e Pés – Fonte: Autor
Figura 32: Resultado final do Creme Hidratante
para Mãos e Pés – Fonte: Autor

Figura 32.1: Teste do Creme Hidratante para Mãos e Pés – Fonte: Autor
Para a fabricação dos corantes alimentícios dispostos na metodologia,
iniciou-se com a extração da beterraba. A beterraba foi batida no liquidificador,
aquecida e coada, obtendo uma coloração roxa (Figura 33).

Figura 33: Aquecimento do Corante Alimentício da


Beterraba – Fonte: Autor

Seguindo a metodologia, por fim utilizamos como matéria-prima a couve. No


processo da extração do corante, dispomos de quatro folhas de couve e 1/2 copo
(150 ml) de água filtrada misturadas num liquidificador (Figura 34). Por fim foi filtrado
e coado e o corante da cor verde foi obtido (Figura 35).
Figura 34: Couve sendo triturada no liquidificador para
extração do corante verde – Fonte: Autor
CONCLUSÃO
Depois de analisar todos os dados laboratoriais e as pesquisas referentes ao
tema, pôde-se concluir que os corantes naturais não podem ser produzidos em
escala industrial devido apresentar um grande período de produção, excluindo os
corantes alimentícios que exibem mais viabilidade que os demais corantes para a
área industrial por utilizarem menor tempo de produção.

O presente trabalho visa à sustentabilidade e a saúde do consumidor, sendo


assim, os estudos e a produção dos corantes pode ser aplicada em comércios
orgânicos de pequeno porte ou na área artesanal, garantindo o objetivo do trabalho.
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