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DIREITO ADMINISTRATIVO
► OBSERVAÇÃO:
- Sentido subjetivo em sentido amplo e sentido estrito da Administração Pública: I) Administração Pública
(sentido amplo): órgãos governamentais (políticos) + órgãos administrativos; II) Administração Pública (em
sentido estrito): exclusivamente órgãos administrativos.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia)
Considerando os princípios e fundamentos teóricos do direito administrativo, assinale a opção correta.
A - As empresas públicas e as sociedades de economia mista, se constituídas como pessoa jurídica de direito privado, não
integram a administração indireta.
B - Desconcentração é a distribuição de competências de uma pessoa física ou jurídica para outra, ao passo que descentralização
é a distribuição de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica, em razão da sua organização hierárquica.
C - Em decorrência do princípio da legalidade, é lícito que o poder público faça tudo o que não estiver expressamente proibido
pela lei.
D - A administração pública, em sentido estrito e subjetivo, compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes públicos que
exerçam função administrativa.
E - No Brasil, por não existir o modelo da dualidade de jurisdição do sistema francês, o ingresso de ação judicial no Poder
Judiciário para questionar ato do poder público é condicionado ao prévio exaurimento da instância administrativa.
R: D.
Sobre a ‘E’: errada. Muito pelo contrário, justamente em razão de o Brasil adotar o modelo da unidade de jurisdição, é que, como
regra geral, o acesso ao Poder Judiciário independe do prévio exaurimento da via administrativa. A rigor, independe até mesmo
de provocação de tal via extrajudicial, bastante, isto sim, que esteja configurada alguma lesão ou ameaça a direito, o que tem
apoio no princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (CF/88, art. 5º, XXXV).
► OBSERVAÇÃO:
- Os conceitos de "Governo” e "Administração Pública” não podem ser confundidos : o Governo - ou a
forma de se governar – é sempre provisório, temporário, em virtude do Princípio Republicano, devendo
existir sempre consulta ao povo. Na tarefa de distinguir a função de governo (também chamada de função
política) da função administrativa, MARÇAL JUSTEN FILHO esclarece que a função de governo diz respeito a
competências atinentes à existência do Estado e à formulação de escolhas políticas primárias. Tanto a função de
governo como a função administrativa estão relacionadas à promoção dos direitos fundamentais, mas em níveis
diversos. Enquanto a função administrativa é instrumento de realização direta e imediata dos direitos
fundamentais, a função de governo traduz o exercício da soberania da Nação e a definição das decisões
políticas mais gerais, envolvendo, também, a realização dos direitos fundamentais, mas não como uma
medida diretamente referida a isso. Também deve ser destacadas as seguintes diferenças: a) Os atos
oriundos de função política ou de governo possuem competência extraída diretamente da Constituição e são
caracterizados por ampla margem de discricionariedade, a exemplo declaração de guerra, intervenção
federal e da escolha de Ministros. Em outras palavras, não se alocam entre as classificações de atos da
Administração Pública (Executivo, Legislativo ou Judiciário); b) Os atos da administração pública tem seu
fundamento na lei, com discricionariedade comum, sendo exemplos regulamentos, decretos, portaria e
licenças.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (2010 - MPE/GO - Promotor de Justiça Substituto) Leia as afirmativas abaixo e, em seguida, assinale a
alternativa correta:
I - Administração Pública, no sentido funcional, objetivo ou material, significa um conjunto de atividades do
Estado que auxiliam as instituições políticas no exercício de funções de governo, que organizam a realização das
finalidades públicas postas por tais instituições e que produzem serviços, bens e utilidades para a população.
II - Administração pública, no sentido orgânico, subjetivo ou formal, significa o conjunto de órgãos e pessoas
voltados para realização dos objetivos de governo.
III - A teoria do órgão, formulada por Otto Gierke, diz que as pessoas jurídicas expressam sua vontade por
intermédio de seus órgãos, titularizados por seus agentes (pessoas humanas), na forma de sua organização interna.
IV - Agentes políticos atuam com plena liberdade funcional e desempenham suas atribuições com prerrogativas e
responsabilidades próprias, estabelecidas na Constituição e em leis especiais. Nessa categoria de agentes públicos
podem ser mencionados: chefes do executivo, parlamentares, membros dos Tribunais de Contas e membros do
Ministério Público.
A - Apenas a afirmativa I é falsa.
B - Apenas as afirmativas II e IV são falsas.
C - Apenas a afirmativa III é falsa.
D - Todas as afirmativas são verdadeiras.
R: D.
Sobre a ‘III’: Correta. De acordo com a Teoria do Órgão, formulada pelo alemão OTTO GIERKE, adotada
pelo dto brasileiro, os agentes públicos integram os órgãos e realizam a vontade do Estado. A atuação do
agente público é sempre imputada ao ente estatal, pois o órgão constituirá o elo da relação do agente público
e a pessoa jurídica estatal.
Sobre a ‘IV’: Correta. Os agentes políticos são aqueles que funcionalmente estão posicionados no escalão
máximo da estrutura orgânica do Estado, possuindo ampla independência funcional e prerrogativas em sua
atuação. Os agentes políticos possuem subordinação funcional somente à CF e as leis. São exemplos,
segundo a doutrina administrativista, de agentes políticos os chefes do executivos, parlamentares, membros
dos Tribunais de Contas e membros do MP. Esse é o posicionamento de Hely Lopes Meirelles. Contudo, o
assunto é controverso.
Natureza. O Estado tem natureza de pessoa jurídica de direito público. A função típica de
administrar – gerir a coisa pública e aplicar a lei – é do Poder Executivo; cabendo ao Poder
Legislativo a função típica de legislar e ao Poder Judiciário a função típica de julgar. Em
situações específicas, será possível que no exercício de funções atípicas o Legislativo e o
Judiciário exerçam administração.
A natureza da Administração Pública é a de um múnus público para quem a exerce, como
ensina Hely Lopes MEIRELLES, um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos
bens, serviços e interesses da coletividade. Como tal, impõe-se ao administrador público a
obrigação de cumprir fielmente os preceitos do Direito e da moral administrativa. A atividade
administrativa consiste na atividade desempenhada pelo Estado, seus órgãos e agentes,
designada para concretizar seus objetivos a fim de assegurar a natureza e os fins da
administração pública, bem como a supremacia do interesse público.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2014 Banca: MPE-MG Órgão: MPE-MG Prova: MPE-MG - 2014 - MPE-MG - Promotor de
Justiça) Segundo dispõe o artigo 37, da Constituição Federal, a administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Assinale a alternativa INCORRETA no que diz respeito às restrições excepcionais ao principio constitucional da
legalidade:
A - A edição de medidas provisórias.
B - A expedição de portarias.
C - A decretação do estado de defesa.
D - A decretação do estado de sitio.
R: B. Questão baseada na doutrina de CABM. A assertiva B está incorreta porque a portaria não tem o
condão de inovar na ordem jurídica, estabelecendo direitos ou deveres não previstos na lei (WANDER
GARCIA).
impessoalidade, que exige que a atuação do administrador público seja voltada ao
atendimento impessoal e geral, ainda que venha a interessar a pessoas determinadas, não
sendo a atuação atribuída ao agente público, mas à entidade estatal a que se vincula. Os
princípios da impessoalidade possui duplo significado: 1º) Veda-se ao gente público praticar
atos para satisfazer seu interesse pessoal ou mesmo de terceiros; e 2º) Todos os atos e
provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário público que os pratica, mas
sim ao órgão ou entidade administrativa da Adm Pública;
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia) Os
princípios administrativos podem ser utilizados para fins de controle de constitucionalidade dos atos
administrativos pelo Poder Judiciário, sendo o que se observa na alternativa a seguir:
A - a nomeação de cônjuge da autoridade nomeante para o exercício de cargo em comissão ou de confiança na
Administração Pública do Estado viola a Constituição Federal.
B - o ato administrativo eivado de ilegalidade deverá ser revogado pelo administrador público, em obediência ao
princípio administrativo da discricionariedade.
C - ao titular do cargo de procurador de autarquia exige-se a apresentação de instrumento de mandato para
representá-la em juízo.
D - não é possível a autotutela sobre os atos administrativos após a sua impugnação no Poder Judiciário.
E - o princípio da pessoalidade é corolário da isonomia e da legalidade, sendo centrais à ação administrativa.
R: A. Lembrando que a Súmula em análise NÃO SE APLICA aos cargos políticos (Secretários, ministros
etc): Info 952 -"O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos de natureza política, como são
os cargos de Secretário Estadual e Municipal". Esta questão ainda não é unânime.
SV nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.
Sobre a ‘C’: SÚMULA 644/STF. Ao titular do cargo de procurador de autarquia não se exige a apresentação de
instrumento de mandato para representá-la em juízo.
- (Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE Prova: CESPE - 2017 -
Prefeitura de Fortaleza - CE - Procurador do Município) Acerca do direito administrativo, julgue o item que se
segue.
Considerando os princípios constitucionais explícitos da administração pública, o STF estendeu a vedação da
prática do nepotismo às sociedades de economia mista, embora elas sejam pessoas jurídicas de direito privado.
R: C. A proibição atinge a Administração Pública como um todo, direta e indireta, no que se incluem todas as
entidades administrativas, a exemplo das sociedades de economia mista. Ademais, também está acertado aduzir
que a inspiração desse entendimento jurisprudencial repousa em princípios constitucionais explícitos, quais sejam,
os princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade, previstos, ambos, no art. 37, caput, CF/88.
- (Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia
Substituto) Sobre os princípios da Administração Pública, é CORRETO afirmar que:
A - a efetivação de pagamento de precatório em desobediência à ordem cronológica traduz violação ao princípio
da impessoalidade, à luz do qual é vedada a atuação administrativa dissociada da moral, dos princípios éticos, da
boa-fé e da lealdade.
B - em consonância com o princípio da legalidade, estatuído no artigo 37, caput, da CR/88, a Administração
Pública pode fazer tudo o que a lei não proíbe.
C - não são oponíveis às Sociedades de Economia Mista, haja vista que essas sociedades são regidas pelo regime
de direito privado.
D - o princípio da supremacia do interesse público não se radica em dispositivo específico da CR/88, ainda que
inúmeros aludam ou impliquem manifestações concretas dele.
R: D. É expressão utilizada por Celso Antônio Bandeira de Mello para o qual: “Princípio da supremacia do
interesse público sobre o interesse privado é princípio geral de Direito inerente a qualquer sociedade. É a
própria condição de sua existência. Assim, não se radica em dispositivo específico algum da Constituição (…).
Afinal, o princípio em causa é um pressuposto lógico do convívio social”. (Curso de Direito Administrativo,
32ª edição, p. 99. Também é citado no livro do Professor Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro,
42ª edição, p. 114).
Sobre a ‘A’: errada. Isso porque o examinador confunde dois princípios diversos: impessoalidade e moralidade. De
fato, a efetivação de pagamento de precatório em desobediência à ordem cronológica traduz violação ao
princípio da impessoalidade. Contudo, o princípio da impessoalidade é aquele que orienta a busca pelo
tratamento igualitário, não discriminatório e nem com desvio de finalidade. O princípio aludido na parte
final da alternativa é o da moralidade (aquela que veda a atuação administrativa dissociada da moral, dos
princípios éticos, da boa-fé e da lealdade).
- (Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS Prova: FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Delegado de Polícia -
Bloco II) O artigo 37 da Constituição Federal de 1988 lista os princípios inerentes à Administração Pública, que
são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A incumbência desses princípios é dar
unidade e coerência ao Direito Administrativo do Estado, controlando as atividades administrativas de todos os
entes que integram a federação brasileira. Tendo por base essa ideia inicial, assinale a alternativa correta.
A - A administração não pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais.
B - Não viola o princípio da presunção de inocência a exclusão de certame público de candidato que responda a
inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado da sentença condenatória.
C - Segundo Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoalidade, referido na CF/1988 (Art. 37, caput), nada mais
é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para atingir o
objetivo indicado expressa ou virtualmente pela norma de direito, de forma impessoal.
D - Segundo o jurista Alexandre de Moraes, o princípio da moralidade é o que impõe à administração pública
direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de
forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade,
primando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para melhor utilização possível dos recursos
públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios e garantir-se maior rentabilidade social.
E - Os atos administrativos não são passíveis de controle de mérito, bem como de legalidade pelo Poder Judiciário.
R: C.
Sobre a ‘A’: errada. Conforme estabelece a Súmula 473, do STJ, "A administração pode anular seus próprios
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial".
Sobre a ‘B’: errada. O STF, no julgamento do RE 634224, entendeu que a exclusão de candidato inscrito em
concurso público pelo fato de haver contra ele um procedimento penal em andamento viola o princípio
constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da Constituição Federal).
Sobre a ‘D’: errada. Segundo Alexandre de Moraes, “O princípio da eficiência impõe à Administração Pública
direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de
forma imparcial, neutra, transparente, participativa e eficaz, sem burocracia sempre em busca da qualidade,
primando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para a melhor utilização possível dos recursos
públicos, de maneira a evitar desperdícios e garantir-se uma maior rentabilidade social. (MORAES, Alexandre de.
Direito constitucional. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2002, pag. 317)".
- (Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Delegado de Polícia Civil)
Acerca dos princípios que informam o Direito Administrativo Brasileiro, é correto afirmar que a(o):
A - nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o quarto grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia
ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
Administração Pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
B - Supremo Tribunal Federal já possui pacífica jurisprudência no sentido de que o Chefe do Poder Executivo
Estadual pode nomear parentes em linha reta, a exemplo de uma filha, para o cargo de Secretária de Estado, porque
se trata de uma escolha política e o fato do cargo de Secretário de Estado ser de natureza política torna esta
nomeação insuscetível de controle.
C - princípio da publicidade considera-se atendido sempre que houver a publicação de atos no Diário Oficial,
sendo, por conseguinte, desnecessária qualquer medida adicional por parte da Administração Pública.
D - princípio da legalidade tem idêntica aplicação para os particulares e para a Administração Pública, significando
a possibilidade de realização de atos que não sejam vedados pelo ordenamento jurídico.
E - Supremo Tribunal Federal possui entendimento no sentido de que vedar o acesso de qualquer cidadão a cargo
público tão somente em razão da existência de relação de parentesco com servidor público que não tenha
competência para o selecionar ou o nomear para o cargo de chefia, direção ou assessoramento, ou que não exerça
ascendência hierárquica sobre aquele que possua essa competência é, em alguma medida, negar um dos princípios
constitucionais a que se pretendeu conferir efetividade com a edição da Súmula Vinculante n° 13, qual seja, o
princípio da impessoalidade.
R: E. A assertiva ora analisada revela-se em sintonia com a decisão proferida nos autos da Rcl 25565 MC,
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 14/12/2016, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-268
DIVULG 16/12/2016 PUBLIC 19/12/2016, cujo trecho essencial abaixo reproduzo:
“(...) Em outras palavras, a incompatibilidade da prática enunciada na Súmula Vinculante nº 13 com o art.
37, caput, da CF/88 não decorre diretamente da existência de relação de parentesco entre pessoa designada
e um servidor público, mas da presunção de que a escolha de pessoa para ocupar cargo de direção, chefia ou
assessoramento tenha sido direcionada a pessoa com relação matrimonial, de união estável ou de parentesco
com quem tenha potencial de interferir no processo de seleção. É imprescindível, para fins de configuração
objetiva de nepotismo, a perquirição de projeção funcional do servidor de referência no PROCESSO DE
SELEÇÃO PARA CARGO de direção, chefia ou assessoramento. Dessa perspectiva, tem-se que a vedação
objetiva do nepotismo tem o condão de resguardar a isenção do processo de seleção para provimento de cargo ou
função pública de livre nomeação e exoneração, afastando eventual influência do vínculo de parentesco no
processo de escolha. Em outras palavras, a incompatibilidade da prática enunciada na Súmula Vinculante nº
13 com o art. 37, caput, da CF/88 não decorre diretamente da existência de relação de parentesco entre
pessoa designada e um servidor público, mas da presunção de que a ESCOLHA DE PESSOA PARA
OCUPAR CARGO de direção, chefia ou assessoramento tenha sido direcionada a pessoa com relação de
parentesco com quem tenha potencial de interferir no processo de seleção. Vedar o acesso de qualquer
cidadão a cargo público tão somente em razão da existência de relação de parentesco com servidor público
que não tenha competência para selecionar ou nomear para o cargo de chefia, direção ou assessoramento
pleiteado ou exercer ascendência hierárquica sobre aquele que possua essa competência é negar um dos
princípios constitucionais a que se pretendeu conferir efetividade com a edição da Súmula Vinculante nº 13,
qual seja, o princípio da impessoalidade.”
Sobre a ‘B’: É bem verdade que o STF posicionou-se razoavelmente em linha com a presente afirmativa, vale
dizer, no sentido de que, em se tratando de cargos políticos (caso, por exemplo, de Ministros e Secretários de
Estado), não incidiria a vedação ao nepotismo de que trata sua Súmula Vinculante n.º 13 . Assim, por todos:
Rcl 6.650/PR, julgado em 16.10.2008 e RE 579.951/RN, DJe de 24.10.2008.
Sem embargo, em decisões monocráticas posteriores (Rcl 12.478/RJ), o então Ministro Joaquim Barbosa fez
ressalvas a esta posição, a sustentar, sim, a possibilidade de controle jurisdicional sobre a nomeação de
parentes para cargos políticos, desde que se verificasse que o motivo da nomeação tenha sido,
exclusivamente, a relação de parentesco, notadamente nas hipóteses em que reste patenteada a absoluta
falta de qualificação do nomeado para o exercício da respectiva função pública.
No caso acima citado, o Ministro Joaquim Barbosa deferiu medida cautelar para afastar do cargo de secretário
municipal de educação de Queimados/RJ, o irmão do então prefeito. Referido processo recebeu, posteriomente,
parecer do MPF, e aguarda julgamento, sob a relatoria, atual, do Ministro Roberto Barroso.
Diante deste panorama, não é correto aduzir que O STF possui jurisprudência pacífica sobre o tema, bem
como que tais nomeações seriam insuscetíveis de controle jurisdicional. Eis aí, portanto, em que repousa o
equívoco da presente assertiva.
Atualmente o tema ainda é discutido, veja-se:
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5461726
Sobre a ‘C’: Errado. Embora a publicação do ato administrativo em diário oficial, como regra, satisfaça o
princípio da publicidade, nem sempre assim o será. Em relação, por exemplo, a determinados atos que
possuam destinatários certos, como a imposição de uma multa de trânsito, faz-se necessária a efetivação de
notificação pessoal, em ordem a permitir que o particular afetado exerça, se o quiser, os instrumentos de
defesa postos à sua disposição, dentro do prazo legal. Afinal, não é razoável exigir que todos façam a leitura
assídua de publicações oficiais em D.O, para fins de apurar se existe algum ato de seu interesse direto, como o do
exemplo acima.
- Questão controversa, porém boa para fixar conhecimento. (Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE
Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia) Tendo como referência a jurisprudência
majoritária do STF acerca dos princípios expressos e implícitos da administração pública e do regime jurídico-
administrativo, assinale a opção correta.
A - Se houver repasse de verbas federais a município, a aplicação desses recursos pelo governo municipal não será
objeto de fiscalização do órgão controlador federal, dado o princípio da autonomia dos entes federados.
B - A alteração, por meio de portaria, das atribuições de cargo público não contraria direito líquido e certo do
servidor público investido no cargo, diante da inexistência de direito adquirido a regime jurídico.
C - A administração pública não pode, mediante ato próprio, desconsiderar a personalidade jurídica de empresa
fiscalizada por tribunal de contas; a esse caso não se aplica a doutrina dos poderes implícitos.
D - Segundo o STF, a vedação ao nepotismo decorre diretamente de princípios constitucionais explícitos, como os
princípios da impessoalidade, da moralidade administrativa e da igualdade, não se exigindo a edição de lei formal
para coibir a sua prática.
E - De acordo com o princípio da eficiência, a administração pode revogar seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos. Também pode anulá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, hipótese na qual devem ser respeitados os direitos adquiridos.
R: D. Embora exista controvérsia, é a menos errada.
Sobre a ‘B’: de fato não há direito adquirido a regime jurídico, mas desde que a alteração do regime se dê
mediante lei, e não por meio de portaria: CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA
ATO DO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA. PORTARIA N. 286/2007. ALTERAÇÃO DAS
ATRIBUIÇÕES DE CARGO PÚBLICO POR MEIO DE PORTARIA. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. Contraria direito líquido e certo do servidor público a alteração, por meio de
portaria, das atribuições do cargo que ocupa. 2. A inexistência de direito adquirido a regime jurídico não
autoriza a reestruturação de cargos públicos por outra via que não lei formal. 3. Segurança concedida.
Sobre a ‘C’: Recentemente foi publicada a Lei nº 12.846/2013 (Lei Anticorrupção), a qual tem por objeto dispor
sobre a responsabilização objetiva, administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos ilícitos contra a
administração pública, nacional ou estrangeira. De acordo com a referida Lei, “a personalidade jurídica poderá
ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a
prática dos atos ilícitos nela previstos ou para provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os
efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e sócios com poderes de
administração, observados o contraditório e a ampla defesa”.
Este dispositivo legal consolida a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica, pela
Administração Pública, agora, corretamente, em razão de expressa previsão legal.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia)
Um Estado que tributasse desmesuradamente os administrados enriqueceria o Erário, com maior volume de
recursos, o que, por outro lado, tornaria a sociedade mais pobre. Tal conduta de exação excessiva viola o princípio
pelo qual deve prevalecer
A - o interesse público secundário.
B - o interesse público primário.
C - a supremacia do interesse público.
D - o interesse público como direito subjetivo.
E - o direito subjetivo individual.
R: B.
Essa releitura do interesse público relativiza a aplicação (outrora tida como absoluta) tanto da supremacia
como da indisponibilidade desse interesse público.
autotutela em que a Administração pode rever os seus próprios atos, sem precisar ser
provocada. Pode fazê-lo de ofício. Envolve dois aspectos quanto à atuação administrativa: 1º
aspecto) legalidade, em relação aos quais a Administração, de ofício, procede à revisão dos
atos ilegais; e 2º aspecto) mérito, em que reexamina atos anteriores quanto à conveniência e
oportunidade de sua manutenção ou desfazimento. Em nome, porém, do princípio da
segurança jurídica e da estabilidade das relações jurídicas, vêm sendo criados limites ao
exercício da autotutela pela Administração (ex. decadência e prescrição na Lei nº 9784/99);
► OBSERVAÇÃO:
- Revisão dos seus atos por ilegalidade (invalidação) ou por motivos de conveniência e oportunidade (revogação).
- Súmula 346/STF: a Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos; e Súmula 473/STF:
a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
- Súmula Vinculante 3: nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a
ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o
interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
OBS.: O TCU não tem prazo para registrar concessão de aposentadoria, reforma e pensão, contudo o STF vem
entendendo que se entre a concessão e a análise decorrer mais de 5 anos neste caso o TCU deve sim garantir
o contraditório e ampla defesa para o interessado (MS 26069).
indisponibilidade, em que os bens e interesses públicos não pertencem à Administração nem
a seus agentes. Cabe-lhes apenas geri-los, conservá-los e por eles velar em prol da
coletividade, esta sim a verdadeira titular dos direitos e interesses públicos. A Adm Pública
não tem a livre disposição dos bens e interesses públicos, porque atua em nome de terceiros.
Por essa razão é que os bens públicos só podem ser alienados na forma em que a lei dispuser.
Da mesma forma, os contratos administrativos reclamam, como regra, que se realize licitação
para encontrar quem possa executar obras e serviços de modo mais vantajoso para a
Administração; continuidade do serviço público, alcança toda e qualquer atividade
administrativa, já que o interesse público não guarda adequação com descontinuidades e
paralisações na Administração. Guarda pertinência com o princípio da supremacia do
interesse público. Em ambos se pretende que a coletividade não sofra prejuízos em razão de
eventual realce a interesses particulares;
► OBSERVAÇÃO:
- I) Existem situações específicas que excepcionam o princípio, permitindo-se a paralisação temporária da
atividade, como é o caso da necessidade de proceder a reparos técnicos ou a realizar obras para a expansão e
melhoria dos serviços.
- II) Por outro lado, alguns serviços são remunerados por tarifa, de caráter tipicamente negocial. Tais serviços,
frequentemente prestados por concessionários e permissionários, admitem suspensão no caso de
inadimplemento da tarifa pelo usuário, devendo ser restabelecidos tão logo seja quitado o débito (os tribunais
vêm ressalvando a impossibilidade de suspensão da energia quando se trata de serviços essenciais).
razoabilidade e proporcionalidade, sendo tratados como sinônimos pelo STF, devem ser
observados pela Administração à medida que sua conduta se apresente dentro dos padrões
normais de aceitabilidade. Se atuar fora desses padrões, algum vício estará, sem dúvida,
contaminando o comportamento estatal. Significa dizer que não pode existir violação ao
referido princípio quando a conduta administrativa é inteiramente revestida de licitude.
Encontram fundamento nos princípios da legalidade e da finalidade, como realça CELSO
ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, não se podendo supor que a correção possa invadir o
mérito administrativo, que reflete o juízo de valoração em que se baseia o administrador para
definir sua conduta. Entretanto, todas as vezes que o mérito administrativo extrapola os
limites da lei, seja por atuação que afronta expresso dispositivo legal, seja pela violação ao
princípio da razoabilidade, compete ao Judiciário, desde que provocado, sanar o vício da
conduta estatal, determinando a anulação do ato ilícito. O princípio da proporcionalidade
vem sendo aplicado, principalmente no âmbito das sanções administrativas, como uma forma
de “proibição de excesso” (verificação da necessidade, adequação e proporcionalidade entre a
reprimenda e a gravidade do ilícito que se quer reprimir ou prevenir). Segundo CARVALHO
FILHO, quando um ato for irrazoável ou desproporcional, ele inevitavelmente será ilegal.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS Prova: FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Delegado de Polícia -
Bloco II) Sobre os princípios da Administração Pública, analise as seguintes assertivas:
I. A prisão em flagrante delito de um indivíduo, sob o enfoque de não depender de prévia manifestação do poder
judiciário, é uma manifestação concreta do princípio da autotutela administrativa.
II. O uso moderado e progressivo da força, modulador da ação policial, encontra fundamento no princípio da
proporcionalidade, que tem por objetivo evitar que a atividade coercitiva do Estado seja exercida em intensidade
superior à estritamente necessária para restabelecer a ordem e a segurança pública.
III. No âmbito administrativo, o acesso à informação, por se tratar de um direito público subjetivo de envergadura
constitucional, derivado do princípio da publicidade e da transparência, não comporta sigilo como exceção.
IV. A utilização, por parte do servidor público, para fins privados, de um bem regularmente apreendido no âmbito
de uma investigação criminal caracteriza violação ao princípio da impessoalidade, sob o enfoque da finalidade,
impondo o enquadramento de tal conduta em ato de improbidade administrativa.
Quais estão corretas?
A - Apenas I.
B - Apenas I e II.
C - Apenas II e IV.
D - Apenas III e IV.
E - Apenas II, III e IV.
R: C.
Sobre a assertiva I: errada. O correto seria a relação da prisão em flagrante com os atributos do Poder de
Polícia da Autoexecutoriedade e da Coercibilidade. Súmula 397 do STF: "O poder de polícia da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o
regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito". É incontroverso que a prisão em
flagrante é exemplo de ato praticado sob o manto do princípio da autoexecutoriedade, todavia, cuidado para
não confundir poder de polícia judiciária com poder de polícia administrativa, pois nesse caso de prisão em
flagrante a polícia não está atuando como polícia administrativa (preventiva), mas sim como polícia
judiciária (repressiva).
► OBSERVAÇÃO:
- Não há hierarquia entre os princípios, mas os doutrinadores destacam quais seriam os ‘princípios
fundamentais’:
* Para CABM seriam os princípios da supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse público.
* Para DI PIETRO seriam o princípio da supremacia do interesse público e princípio da legalidade.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: FAPEMS - 2017 - PC-MS - Delegado de Polícia) De
acordo com o texto a seguir o direito público tem como objetivo primordial o atendimento ao bem-estar coletivo.
[...] em primeiro lugar, as normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual, têm o
objetivo primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar coletivo. Além disso, pode-se dizer que o direito
público somente começou a se desenvolver quando, depois de superados o primado do Direito Civil (que durou
muitos séculos) e o individualismo que tomou conta dos vários setores da ciência, inclusive a do Direito,
substituiu-se a ideia do homem como fim único do direito (própria do individualismo) pelo princípio que hoje
serve de fundamento para todo o direito público e que vincula a Administração em todas as suas decisões [...]. DI
PIETRO, Maria Sylvia. Direito Administrativo. 30.ed. Sao Paulo: Atlas, 2017, p 96.
Diante disso, as "pedras de toque" do regime jurídico-administrativo são
A - a supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a impessoalidade do interesse público.
B - a supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a indisponibilidade do interesse público.
C - a indisponibilidade do interesse público e o princípio da legalidade.
D - a supremacia da ordem pública e o princípio da legalidade.
E - a supremacia do interesse público e o interesse privado e o princípio da legalidade.
R: B. A expressão "PEDRAS DE TOQUE" foi criada por Celso Antonio Bandeira de Melo, para falar dos
princípios básicos, mais importantes do Dto Administrativo, dos quais todos os demais princípios decorrem,
quais sejam: Princípio da supremacia do interesse público e Princípio da indisponibilidade do interesse
público. Di Pietro possui posição minoritária, entendendo que as bases do regime jurídico administrativo
são os princípios da supremacia do interesse público e legalidade. Como a questão fala em "pedras de
toque", expressão utilizada por Celso Antônio Bandeira de Mello, sabe-se que é o posicionamento deste
autor que a banca pede.
► ATENÇÃO:
- L.I.M.P.E - Princípios constitucionais explícitos do Dto Administrativo:
CRFB/88. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência e, também, ao seguinte.
- C.H.A. em P.A.R.I.S - Princípios implícitos do Dto Administrativo:
C = Continuidade
H = Hierarquia
A = Autotutela
em
P = Presunção de legitimidade
A = Autoexecutoriedade
R = Razoabilidade
I = Isonomia/igualdade
S = Supremacia do interesse público
(FONTE: Livro de Sinopse, p. 76)
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2014 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2014 - MPE-SC - Promotor de Justiça -
Matutina) Responda certo ou errado:
A Administração Pública brasileira baseia-se no princípio da hierarquia, que estabelece uma relação de
subordinação entre seus órgãos e agentes. Presta-se como instrumento de organização do serviço e meio de
responsabilização dos agentes administrativos, impondo ao subalterno o dever de obediência às determinações
superiores.
R: C. Segundo Alexandre MAZZA (Manual de Direito Administrativo, 2010): o princípio da hierarquia
estabelece as relações de coordenação e subordinação entre órgãos da Administração Pública Direta. A
hierarquia é princípio imprescindível para a organização administrativa. *OBS.: de acordo com Maria Sylvia
Zanella Di Pietro, “a subordinação hierárquica só existe relativamente às funções administrativas, não em
relação às legislativas e judiciais”. Segundo a autora, dessa subordinação decorrem prerrogativas para a
Administração, como: a) rever atos dos subordinados; b) delegar e avocar competências; c) punir os
subordinados.
Centralização.
► OBSERVAÇÃO:
- Desconcentração, centralização e descentralização são técnicas de organização administrativa.
Segundo CARVALHO FILHO, “centralização ocorre quando o Estado executa suas tarefas
diretamente, ou seja, por intermédio dos inúmeros órgãos e agentes administrativos que
compõem sua estrutura funcional. Pela descentralização ele o faz indiretamente, delegando a
atividade a outras entidades. Na desconcentração desmembra órgãos para propiciar melhoria
na sua organização estrutural”.
► ATENÇÃO:
- Quando se fala em centralização, a ideia que o fato traz à tona é o do desempenho direto das atividades públicas
pelo Estado-Administração. A descentralização, de outro lado, importa sentido que tem correlação com o exercício
de atividades de modo indireto (p. 483).
Administração direta Administração centralizada
Administração indireta Administração descentralizada
Há certas funções centralizadas que, por sua relevância, merecem referência constitucional
(ex.: art. 37, XXII, da CF, considerando as administrações tributárias dos entes federativos
como atividades essenciais ao funcionamento do Estado, devendo ser exercidas por servidores
de carreiras específicas).
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Belo Horizonte - MG Prova: CESPE - 2017
- Prefeitura de Belo Horizonte - MG - Procurador Municipal) No que se refere a organização administrativa,
administração pública indireta e serviços sociais autônomos, assinale a opção correta.
A - Por execução indireta de atividade administrativa entende-se a adjudicação de obra ou serviço público a
particular por meio de processo licitatório.
B - É possível a participação estatal em sociedades privadas, com capital minoritário e sob o regime de direito
privado.
C - Desde que preenchidos certos requisitos legais, as sociedades que comercializam planos de saúde poderão ser
enquadradas como OSCIPs.
D - Desconcentração administrativa implica transferência de serviços para outra entidade personalizada.
R: B. O item B parece estranho num primeiro momento, mas o novo estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, positiva a possibilidade de entidades estatais deterem capital
minoritário em sociedades privadas, no seu art. 1º, § 7º (LEI Nº 13.303/16). Confira-se: § 7º Na participação em
sociedade empresarial em que a empresa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias não
detenham o controle acionário, essas deverão adotar, no dever de fiscalizar, práticas de governança e
controle proporcionais à relevância, à materialidade e aos riscos do negócio do qual são partícipes,
considerando, para esse fim (...)
A participação de empresas estatais como acionistas de empresas privadas que não integram a
Administração Pública é fenômeno bastante difundido. Encontra previsão no artigo 37, inciso XX, da
Constituição Federal. O dispositivo estabelece que depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de
subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior (empresas públicas e sociedades de economia mista),
“assim como a participação de qualquer delas em empresa privada”. A parte final do dispositivo contempla
justamente a participação estatal em empresas que não integram a Administração Pública. Basta pensar nos casos
práticos do dia a dia. O BNDES é empresa pública federal que possui participação em diversas outras empresas do
Brasil, através do BNDESPar (sociedade por ações e holding do BNDES). Exemplos de participações do BNDES
em empresas privadas: JBS, Eletrobras, Light, Marfrig etc. Geralmente isso é feito como forma de amortizar
dívidas ou empréstimos.
Sobre a ‘A’: “Por execução indireta da atividade administrativa entende-se a adjudicação de obra ou de serviço
público a particular por meio de processo licitatório” (CESPE/2017) (ERRADA). Justificativa: a questão
confunde os conceitos de execução indireta da atividade administrativa (DI PIETRO) com o conceito de
execução indireta de serviços públicos. DI PIETRO, ao conceituar Administração Pública em sentido
subjetivo, diz que "às vezes, a lei opta pela execução indireta da atividade administrativa, transferindo-a a
pessoas jurídicas com personalidade de direito público ou privado, que compõem a chamada Administração
Indireta do Estado." ( DI PIETRO. Direito Administrativo, 30ª edição. Forense, 02/2017)
Tal conceito não se confunde com à classificação de serviços públicos quanto às modalidades de execução: direta e
indireta. Segundo OLIVEIRA, Rafael, "O Poder Público pode prestar serviços públicos diretamente, por meio de
sua Administração Direta e Indireta, ou indiretamente, a partir de concessões ou permissões à iniciativa privada, na
forma do art. 175 da CRFB. A prestação direta dos serviços públicos será formalizada por lei que
determinará a sua prestação por órgãos da Administração Direta (desconcentração) ou por entidades da
Administração Indireta (descentralização legal). Na prestação indireta de serviços públicos, o Estado (Poder
Concedente) delega por contrato de concessão ou de permissão, precedido de licitação, o serviço
público"(OLIVEIRA, Rafael,Curso de Direito Administrativo, 5ª edição. Método, 02/2017).
Veja que a execução indireta de atividades administrativas se refere a órgãos da Administração Indireta
(que, portanto, integram a Administração Pública), enquanto a execução indireta de serviços públicos
refere-se a delegatários ou permissionários do serviço público, que não fazem parte da Administração
Pública! Essa é a pegadinha! Em suma, não se confunde execução indireta da atividade administrativa, com
o conceito de execução indireta de serviços públicos.
* O professor do QCONCURSO diz que a ‘A’ está errada pois “adjudicação” é termo incorreto, eis que se
daria por meio de contrato. Adjudicação é o ato pelo qual a Administração atribuiu ao licitante vencedor o
objeto da licitação. Também pode ser usado para descrever a última fase do processo de licitação que nada
mais é do que o ato que dá a expectativa de direito ao vencedor da licitação, ficando a Administração
obrigada a contratar exclusivamente com aquele adjudicado. Entretanto, mesmo a empresa sendo
adjudicada vencedora, não existe obrigatoriedade de contratação ou compra por parte da administração.
Organização administrativa da União. Em relação à União, vale a pena lembrar que seu
estatuto organizacional (Decreto 200/67) relaciona cinco princípios que devem nortear a
atividade na Administração Federal: o planejamento, a coordenação, a descentralização, a
delegação de competência e o controle. São esses princípios, especialmente o da
descentralização, que fundamentam a divisão da administração em direta e indireta.
Nos termos do Decreto 200/67: “Art. 4º. A Administração Federal compreende: I - A
Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios. II - A Administração Indireta, que compreende as
seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) Autarquias; b)
Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista; d) fundações públicas. Parágrafo
único. As entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério em
cuja área de competência estiver enquadrada sua principal atividade”.
► POSIÇÃO DO STF:
- Sobre as Empresas Públicas e SEM:
1) A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia mista exige autorização
legislativa e licitação. Por outro lado, não se exige autorização legislativa para a alienação do controle de
suas subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a necessidade de licitação,
desde que siga procedimentos que observem os princípios da administração pública inscritos no art. 37 da
CF/88, respeitada, sempre, a exigência de necessária competitividade. (STF. Plenário ADI 5624 MC/Ref/DF,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 6/6/2019 - INFO 943).
Por que existe esse tratamento diferenciado para a alienação do controle societário das subsidiárias e
controladas? Porque é desnecessária a autorização legislativa expressa para a criação de subsidiárias quando
houver autorização legislativa da criação de empresa pública ou sociedade de economia mista e nesta constar
permissão genérica da possibilidade de criação de subsidiárias (ADI 1649). Assim, se não se exige lei específica
para autorizar a criação de subsidiária, pelo princípio do paralelismo das formas, também não se exige lei
específica para a sua alienação.
2) EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 11.288/99 do Estado de Santa Catarina.
Estabelecimento de condições e critérios a serem observados para o exercício de cargos de direção da
administração indireta do Estado. Necessidade de prévia aprovação da Assembleia Legislativa.
Inconstitucionalidade apenas em relação às empresas públicas e às sociedades de economia mista. Artigo
173, § 1º, CF/88. Fornecimento de informações protegidas por sigilo fiscal como condição para a aprovação prévia
pelo Poder Legislativo. Mecanismo de fiscalização permanente após a exoneração dos ocupantes dos referidos
cargos. Violação do princípio da separação dos Poderes. 1. A Corte já pacificou o entendimento de que não
padece de nenhum vício constitucional a previsão de participação do Poder Legislativo na nomeação de
dirigentes de autarquias ou fundações públicas. Trata-se de aplicação aos estados-membros do parâmetro de
simetria constante do art. 52, III, f, da Constituição Federal, que submete ao crivo do Senado Federal a aprovação
prévia dos indicados para ocupar determinados cargos definidos por lei. Nesses termos, são válidas as normas
locais que subordinam a nomeação dos dirigentes de autarquias ou fundações públicas à prévia aprovação de
Assembleia Legislativa, não havendo, nesse caso, nenhuma interferência indevida do Poder Legislativo em função
típica do Poder Executivo, nem violação do princípio da separação dos Poderes. 2. Situação diversa, entretanto,
ocorre em relação à intervenção parlamentar no processo de provimento dos cargos de direção das
empresas públicas e das sociedades de economia mista da administração indireta dos estados, por serem
pessoas jurídicas de direito privado, que, nos termos do art. 173, § 1º, da Constituição Federal, estão sujeitas
ao regime jurídico próprio das empresas privadas, o que obsta a exigência de manifestação prévia do Poder
Legislativo estadual. Precedentes. 3. O art. 2º, IV, e o art. 3º da Lei nº 11.288/99 extrapolam o sistema de freios e
contrapesos autorizado pela Constituição Federal, pois, além de determinarem o fornecimento de informações
protegidas por sigilo fiscal como condição para a aprovação prévia pelo Poder Legislativo dos titulares de
determinados cargos, criam mecanismo de fiscalização permanente pela Assembleia Legislativa para após a
exoneração dos ocupantes dos referidos cargos. Esses dispositivos instituíram modalidade de controle direto pela
Assembleia Legislativa - sem o auxílio do Tribunal de Contas do Estado - que não encontra fundamento de
validade em nenhuma norma constitucional, resultando em violação ao princípio da separação dos Poderes (art. 2º,
CF/88). 4. No âmbito do Poder Legislativo, apenas as comissões parlamentares de inquérito, nos termos do art. 58,
§ 3º, da Lei Maior, pode determinar a apresentação de declaração de bens ou informações sob sigilo fiscal, o que,
evidentemente, fica ainda condicionado pela existência de um quadro fático concreto e específico e pela
apresentação de pedido com fundamentação individualizada que justifique a invasão da privacidade do
investigado. 5. Ação direta julgada parcialmente procedente. (STF - ADI: 2225 SC, Relator: Min. DIAS
TOFFOLI, Data de Julgamento: 21/08/2014, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 30-10-2014).
3) STF fixou orientação de que é inconstitucional a exigência de que os dirigentes de entidades da
Administração Indireta forneçam à Assembleia Legislativa a declaração atualizada de seus bens e
participações acionárias em empresas privadas, inclusive nos dois anos seguintes à exoneração da função,
pois não fora outorgada ao Parlamento competências para fiscalizar, de modo rotineiro e indiscriminado, a
evolução patrimonial dos ocupantes de cargos de direção da Administração Indireta e de seus ex-ocupantes, bem
como as atividades por eles desenvolvidas nos dois anos seguintes à exoneração. ( STF. Plenário. ADI 2225/SC,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21.8.2014 Info 755).
- Sobre Fundação:
1) Fundação instituída pelo Estado pode estar sujeita ao regime jurídico público ou privado, a depender do
estatuto da fundação e das atividades por ela prestadas: a qualificação de uma fundação instituída pelo Estado
como sujeita ao regime jurídico público ou privado depende: i) do estatuto de sua criação ou autorização; e ii) das
atividades por ela prestadas. As atividades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação, quando definidas
como objetos de dada fundação, ainda que essa seja instituída ou mantida pelo poder público, podem se submeter
ao regime jurídico de direito privado. (STF. Plenário. RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
7/8/2019).
- Sobre Conselhos de Fiscalização Profissional (autarquias especiais):
1) Conselhos profissionais não estão sujeitos ao regime de precatórios. Os pagamentos devidos em razão de
pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscalização (ex.: CREA, CRM, COREN, CRO) não se submetem ao
regime de precatórios (STF. Plenário. RE 938837/SP, rel. Orig. Min. Edson Fachin, red. P/ ac. Min Marco
Aurélio, julgado em 19/4/2017 - c/ repercussão geral).
► POSIÇÃO DO STF:
- É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público
próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 23/3/2017 (Info 858).
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de
Polícia Civil) Com relação à organização administrativa, julgue os itens a seguir.
I As autarquias são pessoas jurídicas com capacidade de autodeterminação, patrimônio e receitas próprias, criadas
por lei para o desempenho de atividades típicas do Estado, submetidas ao controle hierárquico pela administração
pública direta.
II As sociedades de economia mista e empresas públicas são entidades de direito privado integrantes da
administração indireta, criadas por autorização legal, para o desempenho de atividades gerais de caráter econômico
ou, em certas situações, prestação de serviços públicos.
III Por meio da contratação de consórcios públicos, poderão ser constituídas associações públicas para a realização
de objetivos de interesse comum, adquirindo tais entidades personalidade jurídica de direito público e passando a
integrar a administração indireta de todos os entes federativos consorciados.
IV Por serem entes despersonalizados, os órgãos públicos não detêm capacidade processual para a defesa de suas
prerrogativas e competências.
Estão certos apenas os itens
A - I e II.
B - I e IV.
C - II e III.
D - I, III e IV.
E - II, III e IV.
R: C.
Sobre a ‘I’: O erro está no final, pois não há controle hierárquico, o que há é o controle finalístico, em que o ente
da administração direta que a criou verifica se está sendo cumprida a finalidade pela qual foi criada a autarquia.
- (Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: FAPEMS - 2017 - PC-MS - Delegado de Polícia )
Quanto à administração pública indireta, assinale a alternativa correta.
A - As fundações públicas de direito privado devem ser criadas por lei específica.
B - As fundações públicas de direito público devem ser criadas por lei específica.
C - A imunidade tributária recíproca não se estende às fundações.
D - As sociedades de economia podem revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
E - As empresas públicas só podem explorar diretamente atividade econômica, se tal exploração for necessária à
segurança nacional ou relevante para o interesse coletivo, na forma de lei complementar.
R: B.
Sobre a ‘E’: O erro da alternativa E está em exigir Lei Complementar. Não há tal necessidade, nos termos do
artigo 173 da Constituição Federal.
- (Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: FAPEMS - 2017 - PC-MS - Delegado de Polícia)
Conforme jurisprudência dos Tribunais Superiores, acerca da Administração Direta e Indireta e das entidades em
colaboração com o Estado, é correto afirmar que
A - a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) goza de imunidade tributária recíproca mesmo quando
realiza o transporte de bens e mercadorias em concorrência com a iniciativa privada.
B - o Tribunal de Justiça não detém legitimidade autônoma para impetrar mandado de segurança contra ato do
Governador do Estado em defesa de sua autonomia institucional.
C - não é aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público
próprio do Estado, ainda que de natureza não concorrencial.
D - as entidades paraestatais gozam dos privilégios processuais concedidos à Fazenda Pública.
E - os serviços sociais autônomos estão sujeitos à observância da regra de concurso público para contratação de
seu pessoal.
R: A. Os Correios gozam de imunidade tributária porque são uma empresa pública que desempenha serviços
públicos. Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem de forma exclusiva, como é o caso da
entrega de cartas, também realizam alguns serviços em concorrência com a iniciativa privada (ex: entrega de
encomendas).
Quando os Correios realizam o serviço de transporte de bens e mercadorias, concorrendo, portanto, com a
iniciativa privada, mesmo assim eles gozam de imunidade? Ficam livres de pagar ICMS?
SIM. O STF decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT goza de imunidade tributária
recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens e mercadorias. Assim, não incide o ICMS sobre o serviço de
transporte de bens e mercadorias realizado pelos Correios. STF. Plenário. RE 627051/PE, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 12/11/2014 (Info 767). Fonte: Site do ‘Dizer o Direito’.
Mas qual o motivo de imunizar serviços que concorrem com o serviço privado?! O serviço postal vem a cada
dia passando por momentos de baixa (por conta das varias tecnologias, como a internet) tornando as cartas e
telegramas obsoletas, e como é dever da ECT “manter o serviço postal” até mesmo nas regiões mais afastadas
(onde a atividade privada não chega) o lucro deve vir de outras atividades, e para isso, para tais atividades serem
subsidiadas é necessário que as demais atividades dos Correios sejam imunizadas. É o que a Doutrina
convencionou chamar de “subsídio cruzado”.
Sobre a ‘D’: Paraestatal significa ao lado do Estado, paralelo ao Estado. Entidades paraestatais, desse modo, são
aquelas pessoas jurídicas que atuam ao lado e em colaboração com o Estado. Não obstante, vários são os sentidos
que leis, doutrinadores e tribunais têm emprestado à expressão, o que não só deixa dúvidas ao intérprete quando
com ela se depara, como também imprime indesejável imprecisão jurídica, que em nada contribui para a ciência do
Direito. Segundo CARVALHO FILHO, há juristas que entendem serem entidades paraestatais aquelas que,
tendo personalidade jurídica de direito privado (não incluídas, pois, as autarquias), recebem amparo oficial
do Poder Público, como as empresas públicas, as sociedades de economia mista, as fundações públicas e as
entidades de cooperação governamental (ou serviços sociais autônomos), como o SESI, SENAI, SESC,
SENAC etc. Outros pensam exatamente o contrário: entidades paraestatais seriam as autarquias. Alguns, a
seu turno, só enquadram nessa categoria as pessoas colaboradoras que não se preordenam a fins lucrativos,
estando excluídas, assim, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Para outros, ainda,
paraestatais seriam as pessoas de direito privado integrantes da Administração Indireta, excluindo-se, por
conseguinte, as autarquias, as fundações de direito público e os serviços sociais autônomos. Por fim, já se
considerou que na categoria se incluem além dos serviços sociais autônomos até mesmo as escolas
oficializadas, os partidos políticos e os sindicatos, excluindo-se a administração indireta. Na prática, tem-se
encontrado, com frequência, o emprego da expressão empresas estatais, sendo nelas enquadradas as
sociedades de economia mista e as empresas públicas. Há também autores que adotam o referido sentido.
Essa funda divergência acaba levando o estudioso, sem dúvida, a não empregar a expressão, por ser
destituída de qualquer precisão jurídica. Na verdade, justifica-se integralmente essa posição. Para o autor,
“seja como for, a expressão, a nosso ver, e tendo em vista o seu significado, deveria abranger toda pessoa
jurídica que tivesse vínculo institucional com a pessoa federativa, de forma a receber desta os mecanismos
estatais de controle. Estariam, pois, enquadradas como entidades paraestatais as pessoas da administração
indireta e os serviços sociais autônomos”.
Sobre a ‘E’: errada. “Os serviços sociais autônomos não estão sujeitos à observância da regra de concurso
público para contratação de seu pessoal. Deve existir um processo seletivo, mas não necessariamente um
concurso público, porque, no que diz respeito ao concurso público, não tem obrigatoriedade, porque não se
enquadra nas hipóteses do art. 37, II da Constituição Federal. Nesse sentido, a contratação de empregados
pelas entidades paraestatais ocorre na forma do seu próprio regulamento, mas mediante procedimento impessoal e
objetivo, inexistindo, por outro lado, o dever de realização de concurso público."
- (Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Delegado de Polícia Civil)
Considerando os temas da centralização e descentralização administrativa, da concentração e desconcentração
administrativa, bem como dos entes da administração indireta, assinale a alternativa correta.
A - A possibilidade de nomeação, pelo chefe do Poder Executivo, dos dirigentes das autarquias públicas, empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações é consequência da hierarquia existente entre a Administração
direta e a Administração indireta.
B - As agências reguladoras são espécies de empresas públicas. Têm por finalidade a normatização técnica de
serviços públicos e atividades econômicas.
C - Caso o Estado do Acre edite uma lei criando uma autarquia pública, fala-se em desconcentração
administrativa, mantendo-se, assim, a hierarquia entre o novo ente da Administração indireta e a Administração
direta.
D - Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar ou à lei ordinária, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação.
E - A agência executiva, autarquia de regime especial, tem por forte característica a operacionalidade e a
eficiência. Seu qualificativo como agência executiva é temporário, pois, de ordinário, depende de instrumento
firmado perante a Administração direta.
R: E.
- (Ano: 2016 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: MPE-PR - 2016 - MPE-PR - Promotor Substituto)
Analise as assertivas abaixo e, depois, responda:
I - Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
atuação. Depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no
inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada.
II - Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito público, com criação autorizada por
lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios. Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União, do
Estado, do Distrito Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras
pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
III - Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à
União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.
IV - Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, em qualquer caso que exija o
afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais,
inclusive para fins de promoção na carreira.
V - É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente
investido.
A - Todas as assertivas estão corretas;
B - Somente as assertivas I, II e III estão corretas;
C - Somente as assertivas I, II, III e V estão corretas;
D - Somente as assertivas II, III e IV estão incorretas;
E - Somente as assertivas II e IV estão incorretas.
R: E.
Sobre a ‘IV’: errada. Conforme o art. 38, inc. V, da CF, em qualquer caso em que exija o afastamento do Servidor
Público da Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional, para o exercício de mandato eletivo, seu
tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento.
Agentes públicos. A expressão agente público é bastante ampla, para determinar, de forma
específica, os sujeitos que exercem funções públicas. Assim, qualquer pessoa que age em
nome do Estado é agente público, independentemente de vínculo jurídico, ainda que atue
sem remuneração e transitoriamente.
► OBSERVAÇÃO:
- Na definição da Lei nº 8.429/92 (Lei de Improbidade): “Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta
lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
mencionadas no artigo anterior”.
- Os agentes públicos, considerados amplamente, podem figurar como autoridade coatora, para prestação
de informações em MS, somente não sendo admitida, nos moldes da lei 12.016/09, em seu art. 1º, §1°, a
impetração do mandamus contra atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas
públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.
Logo, o conceito de agente público comporta uma visão de gênero, do qual a noção de
servidor público será uma das espécies.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: TJ-PA Prova: VUNESP - 2014 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto)
Mesário convocado para as eleições gerais de 2014 pode ser classificado como
A - empregado público.
B - agente público.
C - particular em colaboração com a Administração Pública.
D - agente político.
E - servidor público lato sensu
R: C. São as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado, em vista de sua qualidade de cidadãos, mas sem
estabelecer vínculo empregatício, podendo receber ou não uma remuneração. Os mesários, a exemplo dos
jurados, podem também ser chamados de agentes honoríficos, segundo denominação proposta por outros
doutrinadores.
Sobre a ‘B’: Trata-se de questão bastante capciosa, sendo necessário um certo esforço interpretativo para não se
concluir que deveria ter sido anulada. Vejamos com atenção:
Em primeiro lugar, há que se fixar uma premissa básica de raciocínio, sem a qual, aí sim, seria inevitável se
concluir pela existência de duas alternativas corretas. Ei-la: a Banca estabeleceu, no enunciado, que deveria ser
assinalada a classificação correspondente aos mesários. Isto é importante de ser ressaltado porque toda e qualquer
pessoa que, de algum modo, realize algum trabalho em favor do Estado se enquadra no conceito amplo de agente
público. No ponto, confira-se a definição proposta por Maria Sylvia Di Pietro: “Agente público é toda pessoa física
que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta”. (Direito Administrativo, 26ª
edição, 2013, p. 585). Nada obstante, classificar pressupõe separar, agrupar, formar conjuntos de pessoas,
coisas ou situações que apresentem entre si características semelhantes, que as aproximem e que, por
conseguinte, as diferenciem das outras, em tese, similares.
Assim sendo, se todas as pessoas que, de qualquer maneira, prestem serviços ao Estado devem ser
consideradas agentes públicos, é de se concluir que, até aí, não há qualquer classificação.
É isto o que torna a alternativa “b” (agentes públicos) errada. Afinal, não se trata de uma classe, de uma
classificação, e sim do todo.
I) Agentes políticos: é uma categoria que contempla aqueles que atuam no exercício da
função política do Estado, em cargos estruturais e inerentes à organização política do país e
exercem a vontade superior do Estado. Na essência, estamos falando, em primeiro lugar, de
detentores de mandato eletivo (chefes do Poder Executivo, membros do Poder Legislativo) e
os ocupantes dos cargos de Ministros de Estado ou secretários estaduais ou municipais. Os
direitos e deveres destes agentes decorrem de leis específicas que estabelecem o seu vínculo
com o poder público e, muitas vezes, estas regras estão definidas na própria CF. Dessa forma,
são servidores estatutários, eis que não possuem vínculo contratual com o Estado.
► OBSERVAÇÃO:
- Há forte corrente doutrinária e jurisprudencial que considera agentes políticos os integrantes das magistraturas,
tanto a judicial, quanto a do Ministério Público, por exercerem funções essenciais do Estado e praticarem atos
inerentes à soberania. Não obstante se trate de matéria controversa, para fins de concursos públicos, o STF já
se manifestou no sentido de considerá-los agentes políticos (RE 228977, Rel. Min. Néri da Silveira, Segunda
Turma. Julg. 05/03/2002).
*OBS.: Segundo CABM, dentre outros, os membros do Poder Judiciário e do MP não estariam inseridos dentro
dessa classificação, justamente por faltar o elemento político no desempenho de suas funções, que são
essencialmente técnicas. Se posiciona HLM no sentido de que os primeiros escalões dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário devem ser considerados como agentes políticos, bem como os membros do MP, Tribunais
de Contas e representantes diplomáticos, devendo os integrantes de carreiras da Advocacia-Geral da União,
Procuradorias dos Estados e Municípios e Defensoria Pública serem considerados como servidores públicos e não
como agentes políticos.
II) Servidores Públicos: Podem ser II.A) servidores temporários, na forma prevista no art.
37, IX, da CF/88, os quais podem ser contratados, sem concurso, por tempo determinado
para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público. Destinam-se,
então, a suprir uma demanda específica, não permanente, dada a impossibilidade de
contratação de servidores efetivos permanentes. A contratação de servidores temporários
dependerá de lei que estabeleça os critérios para sua contratação, os limites do contrato e
as hipóteses que atendam aos requisitos constitucionais. Exercem função, sem estarem
vinculados a cargo ou emprego público. São admitidos por meio de procedimento seletivo
(não é Concurso Público).
► ATENÇÃO:
- Os servidores temporários não são contratados na forma da CLT, mas, sim, em regime administrativo
próprio: Hoje é indiscutível que as ações decorrentes de controvérsias dos servidores que possuem vínculo
temporário são de competência da justiça comum, não tendo atribuição a justiça trabalhista para analisar estas
contendas (ADIN 3395-6).
Em contraposição ao conceito de servidores temporários, tem-se o grupo de II.B) servidores
efetivos, que exercem, em caráter permanente, a condição de servidores públicos, em relação
aos quais pode haver divergência de regime, que podem ser estatutário ou celetista.
► ATENÇÃO:
- No sistema original da CF/88, o vínculo dos servidores com o Estado (em todos os níveis federativos) era
previsto como estatutário, em um regime jurídico único, mas a EC 19/98 retirou tal obrigatoriedade, permitindo a
contratação de servidores públicos submetidos às regras da CLT, que passam a ser chamados de empregados
públicos, pois submetidos ao regime celetista, com as limitações naturais do fato de exercerem serviço público. A
disposição introduzida pela EC 19/1998, entretanto, foi objeto de ADIN 2135, impugnando vício na sua
tramitação, o que deu origem a uma medida cautelar, retornando, até decisão final, a redação original do
Texto Constitucional. Por sua vez, todos os servidores que ingressaram no serviço público antes da decisão
liminar proferida na ADI 2135, sob o regime de empregos públicos, mantêm o seu vínculo inalterado, haja vista a
irretroatividade da decisão proferida. Por óbvio, o STF poderá determinar, na decisão final, a conversão do regime.
Na situação atual, no âmbito federal, a contratação de servidores públicos pelo regime celetista fica restrita aos
entes de direito privado (empresas públicas, sociedade de economia mista e fundações públicas), já que suas
relações são disciplinadas pelo dto privado, mas, novamente, com temperamento advindos do caráter público, o
que obriga a realização de concurso público para ingresso no quadro de pessoal.
III) Particulares em colaboração com o poder público: aqueles que, sem perderem a
qualidade de particulares, mesmo em caráter temporário ou ocasional, independentemente do
vínculo jurídico estabelecido, exercem função pública. JSCF cita os titulares de cartório não
oficializados e os concessionários e permissionários de serviço público. Classificam-se em:
III.a) por delegação do Poder Público; III.b) por requisição, nomeação ou designação:
também chamados agentes honoríficos são os jurados, conscritos e mesários da justiça
eleitoral, os quais não necessitam possuir vínculo com o Estado e exercem tais funções sem
remuneração (o conscrito é exceção no tocante à remuneração); ou III.c) gestores de
negócios (pessoas que assumem, de forma espontânea o desempenho de funções públicas em
situações de emergência como terremotos, inundações, epidemia etc.).
IV) Militares: são agentes públicos. Não se enquadram na categoria de agentes políticos. O
regime jurídico dos militares é regido sob os pilares da hierarquia e da disciplina, mas a
CF/88 consagra aos militares os direitos ao 13º salário; salário família; férias anuais
remuneradas, acrescida de 1/3; licença gestante; licença paternidade; além de outros previstos
em legislação específica.
Quadro sinótico: Agentes públicos
Agentes políticos -
• Servidores estatutários
Servidores públicos • Empregados públicos
• Servidores temporários
Militares -
• Por delegação
Particulares em colaboração com o Poder Público • Por requisição
• Gestores de negócios
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil) A
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Aponte a
alternativa INCORRETA.
A - A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo indeterminado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público.
B - As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
C - É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.
D - O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.
E - A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas com deficiência e definirá os
critérios de sua admissão.
R: A. Incorreta. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender à
necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, IX, CF/88). *OBS.: A contratação
temporária constitui exceção à regra do concurso público. Logo, admite-se a realização, pela administração
pública, de processo seletivo simplificado para contratar profissionais por tempo determinado para atender à
necessidade temporária de excepcional interesse público. Um exemplo real foi a contratação, pela Prefeitura de
Santos, no litoral de São Paulo, de médicos interessados em atuar no enfrentamento ao novo coronavírus.
Sobre a ‘E’: a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de
deficiência e definirá os critérios de sua admissão (art. 37, VIII, CF/88). *OBS.: não é a Constituição, mas a
lei.
- Questão mal elaborada, porém boa para fixar conteúdo. Passível de anulação. (Ano: 2019 Banca: Instituto
Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia) Com relação aos agentes
públicos em geral e seu regime jurídico, leia as afirmativas a seguir.
I - Senadores da República não são agentes públicos, mas caracterizam-se como agentes políticos.
II - Agentes públicos podem estar submetidos ao regime jurídico estatutário ou ao regime jurídico celetista.
III - A atuação como jurado é caracterizada pela ação do particular que colabora com o poder público.
IV - O servidor público só pode ser demitido após a instauração de processo administrativo disciplinar,
diferentemente do empregado público, para o qual não se aplica a regra celetista de demissão sem justa causa.
V - Empregado público, por definição, é todo agente público que trabalha em uma Empresa Estatal.
Estão corretas apenas as afirmativas:
A - II, IV e V.
B - III, IV e V.
C - I, II e III.
D - I, III, V.
E - II, III e IV.
R: E.
Sobre a ‘I’: errada. Senadores são considerados agentes públicos, na categoria de agentes políticos.
Sobre a ‘IV’: Essa questão foi muito mal elaborada, de cara eu não considerei a IV como correta o que
acabou por me fazer errar a questão. Primeiro, o agente público sob o regime estatutário pode ser demitido
por PAD, sentença judicial transitada em julgado, ou por avaliação de desempenho. Segundo, a redação dá
a entender que empregados públicos não podem ser demitidos sem justa causa (regra da CLT que não exige
a presença de falta grava por parte do empregado) o que não condiz com o entendimento do STF, que
atualmente exige motivação por parte da entidade (em respeito ao princípio da impessoalidade) mas não
exige que esteja presente a justa causa a que se referencia a CLT.
Sobre a ‘V’: errada. Empregado público é o agente que exerce função pública sob o regime da CLT.
Estágio probatório. Período de três anos de efetivo exercício no cargo, a contar da data do
início deste, durante o qual são apurados os requisitos necessários à confirmação ou não do
servidor policial no cargo efetivo para o qual foi nomeado. Os requisitos são (art. 37): i)
aprovação em curso de formação técnico-profissional específico ministrado pela Escola
Superior de Polícia Civil; ii) idoneidade moral; iii) assiduidade; iv) disciplina; v) eficiência
e produtividade; e vi) dedicação às atividades policiais.
► OBSERVAÇÃO:
- Quando o servidor policial civil em estágio probatório não preencher quaisquer dos requisitos, caberá à
autoridade avaliadora, sob pena de responsabilidade funcional, provocar, perante o corregedor de assuntos
internos, a instauração de sindicância para sua confirmação ou não no cargo.
QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2011 Banca: MPE-PB Órgão: MPE-PB Prova: MPE-PB - 2011 - MPE-PB - Promotor de Justiça)
Julgue as seguintes assertivas: I - Exige-se a aprovação prévia em concurso público para a investidura em
empregos públicos, mesmo quando se trata de pessoas jurídicas de direito privado da Administração Pública
Indireta com atividade econômica. II - A contratação de servidor, por prazo determinado, para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público, não depende de aprovação em concurso público, mas
deve estar baseada em lei que atribua ao Chefe do Poder Executivo a competência de estabelecer os casos em que
tal contratação será possível. III - O estágio probatório, a que é submetido o servidor público efetivo, tem a
duração de três anos, contando-se, para o efeito, o tempo de efetivo exercício, devendo coincidir, portanto, com o
prazo para a aquisição da estabilidade, fixado expressamente pela Constituição.
A - I, II e III estão corretas.
B - Apenas I e II estão corretas.
C - Apenas I e III estão erradas.
D - Apenas II está errada.
E - (Abstenção de resposta - Seção VIII, item 11, do Edital do Concurso).
R: D.
Sobre a ‘II’: errada. O art. 37, inc. IX, da CF, prevê que é a lei quem estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para que seja atendida a necessidade temporária e excepcional interesse público. Não será o
Chefe do Poder Executivo que terá a competência de estabelecer os casos em que tal contratação será
possível, estas deverão estar previamente fixadas em lei. No âmbito federal, a Lei nº 8.745/93 disciplina a
contratação temporária no âmbito dos órgãos da administração federal direta, bem como de suas autarquias e
fundações públicas, portanto lei esta aplicável somente na esfera federal. Ou seja, não está correto sustentar que
a lei deve atribuir à Chefia do Executivo a competência para estabelecer os casos de contratação
temporária, como equivocadamente aduzido na assertiva ora comentada. A rigor, a própria lei de regência
de cada unidade federativa é que deve elencar quais serão tais hipóteses, conforme preconiza o inciso IX do
art. 37 da CRFB/88. No ponto, confira-se: "IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público."
Estabilidade. É a situação adquirida pelo servidor policial civil, após o transcurso do período
de estágio probatório, que lhe garante a permanência no cargo, dele só podendo ser demitido
em virtude de sentença judicial ou decisão em processo disciplinar, em que se lhe tenha
assegurado ampla defesa. A estabilidade diz respeito ao serviço público e não ao cargo ou
função.
Art. 126 - O servidor policial civil somente perderá o cargo: I - quando estável, em virtude de
sentença judiciária ou processo disciplinar que haja concluído pela sua demissão depois de lhe
haver sido assegurada ampla defesa; II - em estágio probatório, quando nele não confirmado,
em decorrência do procedimento administrativo; e III - mediante procedimento de avaliação
periódica de desempenho, na forma da lei complementar federal, assegurada ampla defesa.
► OBSERVAÇÃO:
- Art. 126, § 4º - Será eliminado do curso de formação e exonerado do cargo, o servidor policial civil que
esteja em estágio probatório que for reprovado em qualquer disciplina constante da grade curricular, ou
não registrar frequência mínima de 90% (noventa por cento) às atividades escolares. (Incluído pela Lei
Complementar 89 de 25/07/2001)
§ 5º. Também será eliminado do curso e exonerado do cargo, o servidor policial civil que esteja em estágio
probatório e que não atingir percentual igual a 90% (noventa por cento) dos trabalhos relativos às aulas e
atividades escolares, em cursos de treinamento, aperfeiçoamento e especialização ministrados pela Escola Superior
de Polícia Civil, para os quais tenham sido matriculados compulsoriamente. (Incluído pela Lei Complementar 89
de 25/07/2001)
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2013 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 2013 - MPE-SP - Promotor de Justiça
Substituto) Em quais das formas de provimento (originário ou derivado) de cargo, emprego ou função públicos o
agente público investido não terá estabilidade constitucional ou vitaliciedade?
A - Por eleição e nomeação para cargo em comissão.
B - Por reversão ou readaptação.
C - Por promoção ou remoção.
D - Por recondução ou aproveitamento.
E - Por nomeação em caráter efetivo ou reintegração.
R: A. A estabilização alcança todos os servidores que exercem suas funções com caráter de permanência, não
podendo a estabilização estender-se às hipóteses não prevista na CF/88 (art. 19, § 2º, ADCT da CF). Os servidores
que desempenham cargo, emprego ou funções de confiança ou outras funções e cargos que a lei considerasse como
de livre exoneração são excluídas da garantia da estabilização. A mesma situação enquadra-se os agentes públicos
investidos por eleição. A estabilidade será adquirida ao servidor habilitado em concurso público e empossado em
cargo de provimento efetivo (art. 21 da Lei 8.112.90).
Direitos e prerrogativas. São direitos e prerrogativas dos servidores policiais civis, entre
outros: I - exercício de função correspondente à classe a que pertence; II - designação para
missões compatíveis com a hierarquia; III - assistência médico-hospitalar, de doença e
judiciária pelo Estado, quando ferido ou acidentado em objeto de serviço ou submetido a
processo, em razão do exercício do cargo ou função; IV - assistência médica ao servidor e à
sua família pelo órgão previdenciário do Estado; V - acesso a locais fiscalizados pela Polícia
Civil; VI - uso da insígnia e identificação funcionais; e VII - portar armas, mesmo quando em
inatividade.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia
Substituto) Sobre o regime constitucional atribuído à polícia civil e aos policiais civis, é CORRETO afirmar:
A - Às polícias civis, dirigidas por delegados de carreira, incumbem, sem exceção, as funções de polícia judiciária
e a apuração de infrações penais.
B - Não é possível a acumulação remunerada do cargo de policial civil com o cargo de professor, ainda que haja
compatibilidade de horários.
C - Não se garante aos policiais civis o direito à livre associação sindical, em virtude da natureza de suas
atividades.
D - Os policiais civis são remunerados por subsídio fixado em parcela única, por meio de lei de iniciativa privativa
do Governador do Estado, vedado o acréscimo de qualquer outra espécie remuneratória.
R: D. Art. 144, §9º, CF - A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste
artigo será fixada na forma do §4º do art. 39. Art. 39, § 4º, CF - O membro de Poder, o detentor de mandato
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente
por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no
art. 37, X e XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Sobre a ‘A’: errada. Art. 144, §4º, CF - Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.
Sobre a ‘C’: errada. Art. 37, VI, CF - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.
A CF veda aos MILITARES a sindicalização, aos policiais civis não se aplica essa vedação. Quem não pode
a sindicalização são os MILITARES, a civil só não pode a greve.
Civil e militar - não podem fazer greve
Só militar - não pode se associar
► POSIÇÃO DO STJ:
- Reconhecido desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes: Segundo o
entendimento do STJ “(...) na ocorrência de desvio de função por servidor público, este tem o direito de receber, a
título de indenização, as diferenças remuneratórias decorrentes de equiparação salarial com o cargo efetivamente
desempenhado, entendimento cristalizado na Súmula 378 desta Corte.” (AgInt nos EDcl no AgRg no REsp
1121935/RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª Turma, 10/03/2020).
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2014 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-AC Prova: CESPE - 2014 - MPE-AC - Promotor
de Justiça) A respeito dos agentes públicos e da improbidade administrativa, assinale a opção correta.
A - A regra da aposentadoria compulsória por idade aplica-se ao servidor público que ocupe exclusivamente cargo
em comissão.
B - Segundo entendimento do STJ, não configura ato de improbidade administrativa a conduta de professor da
rede pública de ensino que, aproveitando-se dessa condição, assedie sexualmente seus alunos.
C - Os candidatos com a deficiência denominada pé torto congênito bilateral não têm direito a concorrer às vagas
em concurso público reservadas às pessoas com deficiência, pois, segundo o STJ, tal anomalia constitui mero
problema estético, que não produz dificuldade para o desempenho de funções.
D - Caso se determine, no edital de concurso, que as comunicações com os candidatos devam ocorrer unicamente
por meio da imprensa oficial, é possível exigir que o candidato acompanhe diariamente, no diário oficial, qualquer
referência ao seu nome durante a vigência do concurso.
E - Ao servidor público é garantido o direito ao recebimento de auxílio-alimentação no período de férias.
R: E. Já decidiu o STJ em reiteradas decisões que os servidores públicos fazem jus ao recebimento do
auxílio-alimentação durante o período de férias e licenças (AgRg no REsp 1211687/RJ, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, 1ª Turma, 08/10/2013).
Sobre a ‘A’: a aposentadoria compulsória, prevista no art. 40, § 1º, inc. II, da CF, aos setenta anos de idade,
aplica-se aos servidores de cargos efetivos da U, E, DF e M. A aposentadoria compulsória não se aplica ao
servidor exclusivamente ocupante de cargo em comissão, sujeito ao regime geral da previdência social, que
não conhece essa forma de inatividade.
* OBS.: II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 88, de 2015) (Vide Lei Complementar nº 152, de 2015)
Sobre a ‘C’: já decidiu o STJ que “Os candidatos que tenham ‘pé torto congênito bilateral’ têm direito a concorrer
às vagas em concurso público reservadas às pessoas com deficiência. A mencionada deficiência física enquadra-se
no disposto no art. 4º, I, do Dec. 3.298/99” (RMS 31.861-PE, Rel. Min. Sérgio Kukina, 23/4/2019”.
► OBSERVAÇÃO:
- Acredito que a principal diferença entre o cargo público e o cargo político seja que o cargo público é criado por
lei, enquanto que o cargo político encontra-se disciplinado pela Constituição.
III) Função pública: é o conjunto de atividades atribuídas a um cargo ou emprego público.
Todo cargo ou emprego público deve ter função estipulada por lei, que corresponde às
tarefas a serem executadas pelo servidor público. A lei pode, ainda, criar funções de
confiança, desvinculada de um cargo específico, mas destinada a remunerar o servidor que
vier a assumir uma posição de direção, chefia ou assessoramento, destinadas a servidores
de carreira. Por serem de confiança, não estão submetidas a processo específico de seleção
e não asseguram direito ao seu ocupante, podendo ser livremente retiradas pela autoridade
pública. O contrário não acontece, isso porque o exercício de função pública não está atrelado
necessariamente à ocupação de um cargo público (ex.: mesário em período de eleições, no
jurado em Tribunal do Júri etc., são exemplos de cidadãos que exercem função pública sem,
necessariamente, ocuparem cargos públicos).
► ATENÇÃO:
- Todo cargo possui uma função, mas nem toda função corresponde a um cargo, como as funções criadas
para atendimento de situações excepcionais e temporárias, um mesário que exerce função pública ou um
agente político.
- Cargo em comissão pode ser exercido tanto por servidor efetivo quanto por quem não é servidor público,
enquanto que função de confiança é exclusiva de servidor público.
Função de confiança Cargo em comissão (ou cargo de confiança)
- É uma "função sem cargo", uma função isolada - É cargo cuja função que lhe foi atribuída corresponde
dentro da estrutura do serviço público. Por se tratar da a uma atividade de direção, chefia e assessoramento.
função de direção, chefia ou assessoramento e por não Sendo um cargo e não somente uma função, pode ser
estar atribuída a um cargo específico, a função de exercido por quem não possua cargo efetivo, trata-se
confiança somente pode ser exercida por alguém que do comissionado.
já esteja investido em cargo efetivo. Também pode ser exercido por servidores de cargo
efetivo. Neste caso o servidor deverá, uma vez que não
se podem acumular cargos de forma remunerada,
afastar-se do cargo efetivo (sem vagar), deixando de
ser remunerado por ele, passando a receber a
retribuição pelo exercício do cargo em comissão.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: VUNESP - 2015 - TJ-SP - Juiz Substituto) O regime
jurídico dos servidores públicos tem um amplo tratamento na Constituição Federal, além de ser disciplinado em lei
estatutária de cada ente da federação. Com relação ao regime geral dos servidores públicos, é correto afirmar que
A - no direito brasileiro é possível que um não servidor público exerça função pública sem que o agente seja
ocupante de cargo público em que tenha sido regularmente investido.
B - um servidor aposentado pelo regime de previdência do setor público somente poderá acumular os proventos
com a remuneração de cargo público se o cargo em que se aposentou e aquele posteriormente ocupado forem
acumuláveis nos termos da Constituição.
C - o servidor público estável só pode ser demitido a bem do serviço público após processo administrativo
disciplinar em que lhe seja assegurado o amplo direito de defesa exercida por meio de advogado por ele
constituído ou dativo.
D - o servidor aprovado em concurso público, após adquirir estabilidade, só pode deixar de ocupar o cargo no qual
foi investido por promoção, exoneração a pedido ou após regular processo administrativo disciplinar ou ainda
quando requerer a aposentadoria, preenchidos os requisitos legais.
R: A. A alternativa descreve a situação de um agente honorífico, por exemplo, como um jurado, um
mesário, sendo colaboradores do Estado e equiparados a agentes públicos, sem assim estarem ocupando
cargo público. Outro exemplo são os agentes políticos.
Sobre a ‘B’: a resposta é o art. 37, § 10, da CF: “É vedada a percepção simultânea de proventos de
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função
pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em
comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração”.
Sobre a ‘D’: errada, pois no art. 41, § 1º consta que: “O servidor público estável só perderá o cargo: I - em
virtude de sentença judicial transitada em julgado; II - mediante processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa; III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de
lei complementar, assegurada ampla defesa”.
- (Ano: 2016 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO - 2016 - MPE-GO - Promotor de Justiça
Substituto) Assinale a alternativa incorreta:
A - Todo cargo público tem função, posto ser inaceitável que alguém ocupe um lugar na Administração que não
tenha a predeterminação das atribuições do servidor.
B - A expressão emprego público é utilizada para identificar a relação funcional trabalhista, ressaltando-se que o
empregado público tem função, mas não ocupa cargo.
C - É possível a instituição de cargo público com funções aleatórias ou indefinidas, desde que legalmente
justificado pelo interesse público.
D - Quadro funcional consiste no conjunto de carreiras, cargos isolados e funções públicas, remuneradas,
integrantes de uma mesma pessoa federativa ou de seus órgãos internos.
R: C. "Cargo público é o lugar dentro da organização funcional da Adm Direta e de suas autarquias e
fundações públicas que, ocupado por servidor público, tem funções específicas e remuneração fixadas em lei
ou diploma a ela equivalente". Ademais, conforme mencionado no comentário da alternativa "a", todo
cargo tem funções.
Sobre a ‘B’: A expressão emprego público é utilizada para identificar a relação funcional trabalhista, assim como
se tem usado a expressão empregado público como sinônima da de servidor público trabalhista. Para bem
diferenciar as situações, é importante lembrar que o servidor trabalhista tem função (no sentido de tarefa,
atividade), mas não ocupa cargo. O servidor estatutário tem o cargo que ocupa e exerce as funções atribuídas ao
cargo.
Condições de ingresso. Para o provimento dos empregos públicos e cargos efetivos, faz-se
necessária a aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos (art. 37,
II, da CF/88). Ressalvados os cargos em comissão, declarado em lei de livre nomeação e
exoneração.
► POSIÇÃO DO STF:
- O candidato aprovado em concurso público dentro do número de vagas previstas em edital possui direito líquido
e certo à nomeação (STF, Plenário. RE 837311/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/12/15 - repercussão
geral - Info 811).
- O candidato aprovado fora do número de vagas definidas no edital do concurso não possui direito subjetivo à
nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, salvo se houver manifesto
comportamento da Administração destinado a prover tais cargos durante a validade do certame (Informativo
803, Repercussão Geral).
- Acerca do reconhecimento de direito subjetivo à nomeação dentro do prazo de validade do concurso para o
candidato aprovado dentro do número de vagas, cabe destacar que o Min. Carlos Ayres ponderou que esse
direito não é absoluto e cede diante de impossibilidades supervenientes devidamente demonstradas pela
Administração: superveniência, imprevisibilidade, gravidade e necessidade (RE 598.099/MS, Pleno, Rel.
Min. Gilmar Mendes, Repercussão Geral, 03/10/11).
► POSIÇÃO DO STJ:
- O STJ entende que a banca examinadora pode exigir conhecimento sobre legislação superveniente à publicação
do edital, desde que vinculada às matérias nele previstas.
Não há necessidade de realização de concurso para: cargos em comissão; cargos vitalícios de
Ministros ou de Conselheiros dos Tribunais de Contas; Magistrados dos Tribunais Superiores;
1/5 dos tribunais de 2ª instância; Juiz do TRE; e funções temporárias (servidores
temporários).
Os cargos e empregos públicos são acessíveis aos brasileiros e aos estrangeiros na forma da
lei. O estrangeiro pode vir a ser um servidor público, desde que a lei autorize. O dispositivo
constitucional depende de regulamentação para se tornar efetivo, o que significa que a União,
os Estados, o DF e os Municípios necessitam editar lei própria definindo quais cargos e
empregos serão acessíveis aos estrangeiros; não havendo lei reguladora, não poderá o
estrangeiro ter acesso aos cargos e empregos públicos.
► OBSERVAÇÃO:
- Já há lei autorizando o acesso de estrangeiros aos cargos e aos empregos públicos de professores de universidades
federais e de institutos federais de pesquisa científica.
1
https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6148470/apelacao-civel-ac-4567999-pr-0456799-9/inteiro-teor-12285908?ref=juris-tabs
Provimento. É o fato administrativo que retrata o preenchimento de um cargo ou função
pública. Há dois tipos de provimento: o I) originário e o II) derivado.
Ex.: Será originário o provimento para o cargo de juiz, se o nomeado for um advogado,
professor ou analista judiciário. Mas será derivado o provimento do cargo de desembargador,
salvo se pertencente ao quinto constitucional indicado pela OAB.
Formas de provimento: i) nomeação: é a mais comum, ocorre para provimento originário.
► ATENÇÃO:
- Segundo o Estatuto da PCPR, após a nomeação o servidor possui o prazo de trinta dias para tomar posse.
Admite-se posse por procuração, mas o exercício corresponde ao desempenho das funções atribuídas ao servidor e,
portanto, não admite outorga de responsabilidades.
- O exercício do cargo ou da função terá início no prazo de trinta dias contados da data (art. 33): I - da
publicação oficial do ato, no caso de reintegração e remoção; ou II - da posse, nos demais casos.
ii) promoção vertical: forma pela qual o servidor sai de seu cargo e ingressa em outro de
categoria mais elevada (na promoção horizontal o servidor não muda de categoria, mas
apenas de classe não havendo provimento, pois não gera vacância do cargo). iii)
readaptação: forma de provimento pela qual o servidor passa a ocupar cargo diverso do que
ocupava, tendo em vista a necessidade de adequar o desempenho da função pública com a
limitação física ou psíquica sofrida (na hipótese de inexistência de vaga, exercerá suas
funções como excedente); iv) recondução: é o retorno do servidor que tenha estabilidade ao
cargo que ocupava anteriormente, por motivo de sua inabilitação em estágio probatório
relativo a outro cargo ou pela reintegração de outro servidor ao cargo de que teve de se
afastar. v) reintegração: é o retorno do servidor demitido ilegalmente. vi) aproveitamento:
reingresso do servidor em disponibilidade, quando haja cargo vago de natureza e vencimento
compatíveis com o anteriormente ocupado. vii) reversão: é o retorno à atividade do servidor
aposentado e dar-se-á no interesse da Administração, ou quando cessar invalidez temporária.
► OBSERVAÇÃO:
- A disponibilidade é a garantia de inatividade remunerada assegurada ao servidor estável, em caso de ser extinto
o cargo ou declarada a sua desnecessidade. A remuneração será proporcional ao tempo de serviço.
- Apesar de não estarem contempladas no rol da Lei nº 8.112/90, a transformação e a reclassificação são formas de
provimento derivado. É o que ocorreu com os antigos cargos de procuradores das autarquias federais que
tornaram-se Procuradores Federais.
► ESTATUTO DO SERVIDOR. FUNCIONÁRIOS CIVIS DO PARANÁ LEI 6174/70 - TEXTO DA LEI.
Título III - Do Provimento Dos Cargos - Capítulo I - Disposições Preliminares.
Art. 18. Os cargos públicos são providos por: I - nomeação; II - promoção; III - acesso; IV - transferência;
V - readmissão; VI - reintegração; VII - aproveitamento; VIII - reversão; e IX - readaptação.
Observação1: Acesso é o ingresso do funcionário da classe final de uma série de classes na classe inicial de outra
de formação profissional afim, porém de escalão superior, pelos critérios de merecimento e antiguidade,
alternadamente, observadas estritamente as linhas de correlação definidas em Lei, atendidos o requisito de
habilitação profissional e o interstício na classe.
Observação2: Reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com
ressarcimento de todas as vantagens.
Observação3: A recondução não está prevista no Estatuto do Servidor do Paraná. O STJ já decidiu que não é
possível a aplicação, por analogia, do instituto da recondução previsto na Lei nº 8.112/90 a servidor público
estadual na hipótese em que o ordenamento jurídico do estado for omisso acerca desse direito. Todavia, a
recondução encontra-se prevista no art. 36, §§ 2º e 3º, CE: § 2º. Invalidada por sentença judicial a demissão
do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço. (Redação dada pela Emenda Constitucional 7 de
24/04/2000)
- É a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. Será efetivada em cargo
READAPTAÇÃO de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e,
na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
ocorrência de vaga.
- Retorno à atividade de servidor aposentado:
1) por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou
2) no interesse da administração, desde que:
REVERSÃO
(aposentadoria)
a) tenha solicitado a reversão;
as duas palavras têm b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
apenas um ‘S’. c) estável quando na atividade;
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação;
e) haja cargo vago.
- Reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua
transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento
REINTEGRAÇÃO de todas as vantagens. Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo
de origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.
- retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:
RECONDUÇÃO a)inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
b)reintegração do anterior ocupante.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2015 Banca: CEFET-BA Órgão: MPE-BA Provas: MPE-BA - 2015 - MPE-BA - Promotor de
Justiça Substituto) Em relação aos agentes públicos, é CORRETO afirmar:
A - O empregado público sujeito ao regime celetista ocupa cargos do quadro da Administração e contratá-lo
depende de prévia aprovação em concurso público.
B - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão, aplica-se o mesmo regime previdenciário dos
servidores públicos estatutários.
C - Segundo o Supremo Tribunal Federal, o servidor público estatutário tem direito adquirido ao regime jurídico
estabelecido na legislação vigente à época da sua nomeação.
D - De acordo com o Estatuto dos Servidores Públicos do Estado da Bahia (Lei nº 6.677/94), a reversão é o retorno
do servidor aposentado por invalidez, quando os motivos determinantes da aposentadoria forem declarados
insubsistentes por junta médica oficial.
E - As funções de confiança podem ser exercidas por pessoas estranhas aos quadros da Administração Pública,
desde que se destinem apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento e que sejam reservados
percentuais mínimos para servidores ocupantes de cargos efetivos.
R: D. Lembrar que a REVERSÃO E APOSENTADORIA POSSUEM APENAS UM ‘S’. Reverte: o
aposentado. Reintegra: o demitido. Aproveita: o disponível. Reconduz: o ocupante. Readapta: o limitado.
Sobre a ‘A’: Incorreta pois um empregado público ocupa um ‘emprego público’ e não um ‘cargo público’.
- (Ano: 2015 Banca: UEPA Órgão: PGE-PA Prova: UEPA - 2015 - PGE-PA - Procurador do Estado) Quanto
às formas de provimento dos cargos públicos, afirma-se que:
I. A nomeação é considerada forma originária de provimento.
II. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável ou não no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
resultante de sua transformação, quando invalidada a demissão por decisão judicial.
III. Se o cargo para o qual o servidor venha a ser reintegrado encontre-se provido, o seu eventual ocupante será
reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em
disponibilidade.
IV. A reversão se constitui hipótese de retorno à atividade de servidor que se encontrava em disponibilidade.
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
A-I
B - I e III
C - III
D - I e IV
E - II e III
R: B.
Sobre a ‘II’: errada. Só é possível a reintegração do servidor estável (Art. 28, Lei 8.112/90).
- (Ano: 2015 Banca: ESAF Órgão: PGFN Prova: ESAF - 2015 - PGFN - Procurador da Fazenda Nacional)
Analise as seguintes situações:
(I) Aurélio, servidor público aposentado por invalidez, retornou à ativa após perícia médica constatar a
insubsistência dos motivos que levaram à sua aposentação.
(II) Dionísio, servidor estável, retornou ao serviço público após a Administração ter constatado a ilegalidade do ato
que o demitiu.
(III) Clélia, servidora estável, reingressou no serviço público após ter sido colocada em disponibilidade em virtude
da extinção do cargo que ocupava.
(IV) Porfírio, reprovado no estágio probatório do cargo para o qual foi nomeado, voltou a ocupar cargo que antes
titularizava.
Essas hipóteses de provimento derivado são, respectivamente:
A - (I)aproveitamento; (II) reintegração; (III) reversão; (IV) recondução.
B - (I) reversão; (II) reintegração; (III) aproveitamento; (IV) recondução.
C - (I) readmissão; (II) reversão; (III) transposição; (IV) aproveitamento.
D - (I) reversão; (II) aproveitamento; (III) recondução; (IV) transposição.
E - (I) readmissão; (II) transposição; (III) reintegração; (IV) aproveitamento.
R: B.
Vacância. Fato administrativo pelo qual o servidor é destituído do cargo. Ocorrerá nas
seguintes situações: 1) Exoneração: a pedido ou de ofício, nos casos de cargo em comissão
ou inabilitação em estágio probatório; 2) Demissão: é a forma de sanção administrativa
aplicada pela prática de ilícito administrativo apurado em processo administrativo disciplinar;
3) Promoção; 4) Readaptação; 5) Aposentadoria; 6) Posse em outro cargo inacumulável; e
7) Falecimento.
► OBSERVAÇÃO:
- Consta do ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL DO PARANÁ (Lei Complementar 14/82): A vacância do cargo
decorrerá também de classificação definitiva no Quadro Suplementar.
- Lei Complementar 19 - 29 de Dezembro de 1983:
Art. 2º Fica instituído na Polícia Civil o Quadro Suplementar, no qual será compulsoriamente classificado o
servidor policial civil:
I - em disponibilidade;
II - contra o qual foi instaurado processo de readaptação;
III - em licença para tratar de interesse particular;
IV - que completou 35 (trinta e cinco) anos de efetivo serviço público e haja atingido a classe final da
carreira de Delegado de Polícia e não tenha direito a acesso, e
IV - que completou 35 (trinta e cinco) anos de efetivo serviço público e haja atingido a classe única ou final
da carreira.
(Redação dada pela Lei Complementar 29 de 04/04/1986)
V - que for colocado à disposição de órgão não pertencente à estrutura organizacional básica da Secretaria
de Estado da Segurança Pública.
Art. 3º. O servidor policial civil que integrar definitivamente o Quadro Suplementar, abre vaga na classe
correspondente.
§ 1º. Abrirão vagas os casos estabelecidos nos incisos I e IV, do artigo anterior.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2008 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão:Secretaria de Administração do Estado do Tocantins
UF: TO Cargo: Delegado de Polícia) Um delegado de polícia civil, ainda que já tenha adquirido a estabilidade,
poderá ser demitido por insuficiência de desempenho, conforme estabelecido em lei complementar e observada a
ampla defesa em todo o processo.
( )Certo
( ) Errado
R: E. A afirmativa proposta pelo CESPE está errada por utilizar a palavra "demissão" no lugar de
"exoneração". A demissão tem caráter punitivo, e ninguém pode ser punido por ser incapaz (ter desempenho
insuficiente). Portanto, o que cabe é a exoneração.
*OBS.: demissão é a perda do cargo por falta grave ou como efeito de sentença penal condenatória, vale
dizer, demissão sempre tem caráter punitivo (não existe, tecnicamente, a figura da "demissão a pedido" do
próprio servidor).
direitos e vantagens;
Direitos.
► ATENÇÃO:
- Consta do ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL DO PARANÁ (Lei Complementar 14 - 26 de Maio de 1982):
Vantagens. O art. 144, caput e § 9º, determinam que também devem ser remunerados por
meio de subsídio as carreiras policiais (Polícias Civis, Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal, Polícia Civil do DF): § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
O texto constitucional dispõe que: Art. 39. § 4º. O membro de Poder, o detentor de mandato
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados
exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Redação dada
pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998).
► OBSERVAÇÃO:
- Existem duas formas de remuneração dos servidores: os vencimentos e os subsídios. Os vencimentos
consistem no pagamento de uma parcela fixa (vencimento) e de uma parcela variável (composta das gratificações,
adicionais e indenizações). Já o subsídio é pago mediante uma parcela única.
- SUBSÍDIOS: Além da remuneração, a CF por meio de alteração promovida pela EC 19/98, criou outra forma de
pagamento aos servidores públicos, denominada SUBSÍDIO. O subsídio é forma de pagamento feito em parcela
única, não aceitando nenhum acréscimo patrimonial. É atribuída à parte dos cargos do serviço estatal. O
objetivo desta nova forma de remuneração é tornar mais clara e transparente a retribuição de
determinados cargos, evitando que um determinado servidor público com vencimento previsto em lei de
determinado valor receba remuneração muito acima deste padrão.
Posse e exercício conforme o Estatuto da PCPR. Art. 30. A posse terá lugar no prazo de
trinta dias da publicação, no órgão oficial de divulgação, do ato de provimento.
§ 1º. A requerimento do interessado ou de seu representante legal, o prazo para posse poderá
ser prorrogado ou revalidado pela autoridade competente, até o máximo de trinta dias, a
contar do término do prazo de que trata este artigo.
§ 2º. O prazo inicial para o funcionário em férias ou em licença, exceto no caso de licença
para tratar de interesses particulares, será contado da data em que o funcionário voltar ao
serviço.
§ 3º. Se a posse não se der dentro do prazo inicial e da prorrogação ou da revalidação, desde
que concedida, será a nomeação tornada sem efeito.
Art. 33. O exercício do cargo ou da função terá início no prazo de trinta dias contados da
data:
I - da publicação oficial do ato, no caso de reintegração e remoção; ou
II - da posse, nos demais casos.
Parágrafo único. Os prazos previstos neste artigo poderão ser prorrogados, por solicitação do
interessado e a juízo da autoridade competente, desde que a prorrogação não exceda de
trinta dias.
► OBSERVAÇÃO:
- Trata-se do mesmo prazo previsto no Estatuto do Servidor do PR. Importante guardar esse prazo, porque
conforme o ente pode variar e é muito cobrado em provas.
Prazo em que servidor poderá ausentar-se do serviço (cf. Estatuto da PCPR). Será
considerado de efetivo exercício o afastamento em virtude de, cito os principais (art. 118):
II - casamento, até oito dias;
III - luto por falecimento do cônjuge, filho, pai, mãe e irmão, até oito dias;
XIV - faltas até o máximo de três durante o mês, por motivo de doença comprovada na
forma do art. 80;
XV - licença por motivo de doença em pessoas da família: cônjuge, filhos, pai, mãe ou
irmão, até noventa dias num quinquénio;
XVII - exercício de cargo eletivo.
Da licença para trato de interesses particulares (art. 164, Estatuto da PCPR). Depois de
estável, o servidor policial civil poderá obter licença sem vencimento, para o trato de
interesses particulares. A licença não perdurará por tempo superior a dois anos contínuos e
só poderá ser concedida novamente, depois de decorridos cinco anos do término da
anterior.
regime disciplinar.
Penas disciplinares. Estatuto da PCPR: Art. 222. São penas disciplinares: I - advertência; II
- repreensão; III - suspensão ou multa; IV - destituição de função e ou remoção compulsória;
V - demissão, e VI - Cassação de aposentadoria (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
12/05/2003); e VII - Cassação da disponibilidade (Incluído pela Lei Complementar 98 de
12/05/2003).
► ATENÇÃO:
- Art. 223. Constitui circunstância que exclui sempre a pena disciplinar, a não exigibilidade de outra
conduta do servidor policial civil. Parágrafo único. São causas que excluem ou isentam o servidor policial
civil de pena disciplinar, as previstas no Código Penal Brasileiro.
Circunstâncias que atenuarão a pena, salvo nos casos de demissão: I - haver o transgressor
procurado diminuir as consequências da falta, ou haver, antes da aplicação desta, reparado o
dano; e II - haver o transgressor confessado espontaneamente a falta perante a autoridade
sindicante ou processante, de modo a facilitar a apuração daquela.
Circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam outra transgressão
disciplinar: I - reincidência; II - prática de transgressão disciplinar durante a execução de
serviço policial; III - coação, instigação ou determinação para que outro servidor policial
civil, subordinado ou não, pratique a transgressão ou dela participe; IV - impedir ou dificultar,
de qualquer maneira, a apuração da falta funcional cometida; e V - concurso de dois ou mais
agentes na prática da transgressão.
- Acarreta a perda de cinquenta por cento da remuneração, não excederá de 90
Suspensão (noventa dias). A pena de suspensão implica na retirada da arma e da insígnia do
policial durante o respectivo período.
Destituição de - Terão por fundamento a falta de exação no cumprimento do dever, ou a
função ou a inconveniência de permanecer o servidor policial civil no exercício de suas atividades
Remoção em determinada a unidade ou localidade.
compulsória
- Será cassada a aposentadoria ou disponibilidade se ficar provado que o inativo: I -
Cassação de praticou falta grave no exercício do cargo ou função; II - aceitou representação de
aposentadoria Estado estrangeiro, sem prévia autorização do Presidente da República; e III - praticou
ou disponibilidade usura em qualquer de suas formas.
Será igualmente cassada a disponibilidade do servidor policial civil, que não assumir o
exercício do cargo ou função em que for aproveitado.
► ATENÇÃO
- Havia discussão se membro do MP poderia integrar o Conselho da Policia Civil : Em data de 09.03.16, o
STF, pacificando definitivamente a matéria, considerou inconstitucional a nomeação de membros do Ministério
Público para o exercício de cargos que não tenham relação com as atividades da Instituição. A decisão foi
proferida na ADPF 388, e estabeleceu o prazo de 20 dias, a partir da publicação da ata do julgamento, para que
haja a exoneração dos membros do MP que estejam atuando perante a Administração Pública, em
desconformidade com o entendimento fixado pela Corte – ou seja, em funções fora do âmbito do próprio
Ministério Público, ressalvada uma de magistério.
- A jurisprudência do STJ estabelece que a participação de membro do Ministério Público no Conselho de
Polícia Civil, formado para processar e julgar servidor público, torna nulo o procedimento administrativo.
(AgInt no REsp 1.703.277/PR, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 21/5/2019, DJe
12/6/2019; AgInt no REsp 1.513.031/PR, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em
8/4/2019, DJe 11/4/2019; AgInt no REsp 1.636.008/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma,
julgado em 10/4/2018, DJe 19/4/2018; AgInt no Ag 1.433.411/PR, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira
Turma, julgado em 30/11/2017, DJe 5/12/2017).
Sindicância (arts. 241 e 242 do Estatuto da PCPR). Será instaurada de ofício pelo
Corregedor-Geral da Polícia Civil, ou por determinação das autoridades referidas no artigo
238 desta lei, somente para apuração de responsabilidade pela prática de fato constitutivo de
transgressão disciplinar a que se cominem as penas de I) advertência, II) repreensão, III)
suspensão, IV) destituição de função e V) remoção compulsória, observados o rito do
contraditório e ampla defesa, conhecidas a autoria e materialidade, esta se houver.
► OBSERVAÇÃO:
- A sindicância destina-se, ainda, a apurar a responsabilidade do servidor policial civil por danos de origem
culposa causados à Fazenda Estadual; e
- Mesmo procedimento será adotado com relação aos servidores policiais civis em estágio probatório, para
apuração dos requisitos previstos no artigo 37 desta Lei, com vistas à sua confirmação ou não no cargo policial
civil.
Aplica-se à sindicância, no que couber, as disposições previstas para o processo disciplinar.
A citação, que após recebida, dará início ao prazo de trinta (30) dias para a conclusão do
feito, prorrogáveis por igual período mediante despacho do Corregedor-Geral à vista de
requerimento fundamentado da autoridade sindicante, conterá: I - nome da autoridade
sindicante; II - nome do sindicado e local onde possa ser encontrado; III - descrição do fato
imputado ao sindicado; IV - individualização da conduta; V - previsão legal da sanção
aplicável; VI - data do interrogatório, com prazo mínimo de três dias; VII - menção à revelia
em conseqüência do não comparecimento à audiência; VIII - local e data da expedição.
Após o interrogatório do sindicado, que se restringirá ao fato e às suas circunstâncias, este,
através de seu defensor, poderá oferecer defesa prévia, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, juntando documentos e arrolando até duas testemunhas.
Ao sindicado revel, ou, se presente, não constituir advogado para defendê-lo, ser-lhe-á
nomeado defensor dativo.
Cumpridas as diligências, serão os autos conclusos à Autoridade Sindicante, que saneará onde
necessário e notificará o defensor do sindicado a apresentar alegações finais no prazo de três
dias. Quando não for apresentada no prazo as alegações finais, será nomeado defensor dativo
para o ato.
Apresentadas as alegações finais, a autoridade concluirá a sindicância em três dias,
indicando no relatório a descrição do ato infracional apurado, os dispositivos legais violados,
o enquadramento da conduta à norma específica e, I) opinará pela absolvição do sindicado,
II) instauração de processo disciplinar ou III) imposição da penalidade aplicável.
Com o relatório, a sindicância será enviada ao Corregedor-Geral, que o remeterá à autoridade
competente para a decisão.
► POSIÇÃO DO STJ:
- Consoante jurisprudência do STJ, incorre em impedimento para compor comissão processante o servidor
integrante de Comissão Disciplinar que também participou da Sindicância, ali emitindo juízo de valor pela
instauração do PAD (MS 7758-DF).
O processo disciplinar será presidido por Delegado de Polícia designado pelo Corregedor-
Geral da Polícia Civil, escolhido dentre Delegados de Polícia estáveis, preferencialmente da
classe mais elevada.
O acusado será citado com os requisitos do artigo 241, § 11, pessoal e individualmente, para
ser interrogado sobre as imputações contra si existentes, em data e local previamente
designados, com antecedência mínima de cinco dias, prazo este durante o qual os autos
poderão ser examinados pelo defensor, junto à presidência do processo.
Nos casos de revelia ou quando o acusado não apresentar advogado, ser-lhe-á nomeado
defensor dativo.
É assegurado ao policial civil o direito de acompanhar o processo pessoalmente, e por
intermédio de procurador, arrolar testemunhas, reinquiri-las, produzir provas e contra-provas,
formular quesitos quando tratar - se de prova pericial.
► OBSERVAÇÃO:
- O procurador ou defensor constituído poderá assistir ao interrogatório, bem como a inquirição de testemunhas,
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio da
autoridade que presidir o processo disciplinar.
A autoridade disciplinar poderá denegar, fundamentadamente, pedidos considerados
impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos
fatos.
O acusado poderá oferecer defesa prévia e arrolar até cinco testemunhas dentro de três dias
após o interrogatório e juntar documentos até as alegações finais.
O prazo para a conclusão da instrução do processo administrativo, incluído o relatório da
autoridade disciplinar, será de sessenta (60) dias, contado da citação do acusado,
prorrogável pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil por igual período, no máximo,
mediante solicitação fundamentada da autoridade que presidir o processo.
Concluída a instrução, o acusado terá cinco dias para as alegações finais, a partir da data da
notificação. Havendo mais de um acusado, o prazo contar-se-á em dobro.
Findo os prazos, a autoridade que presidir o processo disciplinar, dentro de cinco dias,
remeterá os autos do processo disciplinar ao Conselho da Polícia Civil, através da
Corregedoria Geral da Polícia Civil, com relatório minucioso e fundamentado, opinando pela
imposição da pena aplicável, absolvição do acusado ou arquivamento do procedimento
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001).
► ATENÇÃO:
- Art. 258. O servidor policial civil só poderá ser exonerado a pedido, após absolvição em processo
disciplinar a que estiver respondendo.
O julgamento será realizado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contado da data da
distribuição ao Conselheiro relator para tanto sorteado.
O servidor policial civil terá direito: I) à contagem de tempo de serviço relativo ao período em
que haja estado preso ou afastado do exercício, quando de processo disciplinar resultar
absolvição ou pena de advertência ou repreensão; e II) à contagem do período de prisão
administrativa e ao pagamento do vencimento e de todas as vantagens do exercício, desde que
reconhecida a sua inocência.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2012 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2008 - PC-GO - Delegado de Polícia) Diante do
comando da Lei n. 8.429/92, que dispõe sobre as condutas que configuram a improbidade administrativa e as
sanções aplicáveis, é CORRETO afirmar:
A - face ao princípio de proporcionalidade, as sanções de perda da função pública, a suspensão dos direitos
políticos, a proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios e
o pagamento de multa civil poderão ser aplicadas de forma isolada.
B - estão excluídos da responsabilização aqueles que não possuem vínculo efetivo ou em comissão com a
Administração Pública, diante da definição de agente público para fim de incidência da Lei de Improbidade
Administrativa.
C - a pessoa jurídica beneficiada pelo ato de improbidade não pode ser responsabilizada pelas sanções previstas,
apenas a(s) pessoa(s) que por ela respondem.
D - a aplicação das sanções previstas na Lei n. 8.429/92 aos gestores públicos está condicionada à rejeição das
contas pelo Tribunal de Contas.
R: A. Art 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica,
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato.
Responsabilidade criminal.
Estatuto da PCPR: Art. 216. A responsabilidade penal abrange as infrações penais imputadas
ao servidor policial civil nessa qualidade. § 1º. O Corregedor-Geral da Polícia Civil decidirá
fundamentadamente pelo afastamento temporário, ou não, do exercício do cargo ou das
funções, com supressão das vantagens previstas nesta lei, do servidor Policial Civil
processado criminalmente. (Redação dada pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) § 2º.
No caso de condenação, não sendo esta de natureza a determinar a demissão, passará o
servidor policial civil a prestar serviços em unidade policial onde o exercício do cargo ou
função seja compatível com as condições da suspensão condicional da pena cominada na
sentença condenatória.
► ATENÇÃO:
- O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
► POSIÇÃO STF:
- (...) A REDUÇÃO DE VENCIMENTOS DE SERVIDORES PÚBLICOS PROCESSADOS CRIMINALMENTE
COLIDE COM O DISPOSTO NOS ARTS. 5º, LVII, E 37, XV, DA CONSTITUIÇÃO, QUE ABRIGAM,
RESPECTIVAMENTE, OS PRINCÍPIOS DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E DA IRREDUTIBILIDADE DE
VENCIMENTOS. (...). [RE 482.006, REL. MIN. RICARDO LEWANDOWSKI, J. 7-11-2007, P, DJE DE 14-12-2007
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de
Polícia) Sobre os prazos referentes ao processo administrativo regido pela Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999,
assinale a alternativa INCORRETA:
A - Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, mas, para efeito de contagem, exclui-se o
dia da cientificação do ato.
B - Se o prazo for de um mês e o dia de início da contagem começar no dia 31 janeiro de 2019, o dia do
vencimento será o dia 28 de fevereiro de 2019.
C - Inclui-se, para efeito de contagem de prazos, o dia do vencimento.
D - A contagem dos prazos começa na data da cientificação oficial, incluindo-se o dia do vencimento.
E - Ocorrendo motivo de força maior comprovado, pode-se efetuar a suspensão dos prazos.
R: D. Lei 9.784/99: Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-
se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.
§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não
houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal.
§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
§ 3º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do vencimento não houver o
dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. (B)
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos processuais não se suspendem. (E)
5. Poderes administrativos:
A doutrina moderna costuma apontar 4 (quatro) espécies de poderes a serem exercidos pela
Administração Pública: o Poder Normativo (ou Regulamentar), o Poder Disciplinar, o
Poder Hierárquico e o Poder de Polícia.
► QUESTÃO DE PROVA:
- Ano: 2012 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 2012 - MPE-SP - Promotor de Justiça
São poderes da Administração inerentes ao exercício da atividade administrativa da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, em observância a suas competências constitucionais, e somente podendo ser exercidos nos
limites da lei, os poderes
A - de fomento, regulamentar, intervenção e disciplinar.
B - de fomento, hierárquico, autoexecutoriedade e de polícia.
C - regulamentar, intervenção, disciplinar e de polícia.
D - de fomento, intervenção, autoexecutoriedade e hierárquico.
E - regulamentar, disciplinar, hierárquico e de polícia.
R: E. Dentre os principais poderes administrativos descritos pela doutrina estão: o poder hierárquico; o poder
disciplinar; o poder regulamentar; e o poder de polícia. O fomento, a intervenção e autoexecutoriedade não são
considerados como poderes da Adm Pública.
Os itens "Fomento" e "intervenção" estão mais para tarefas precípuas da administração da administração
moderna, função política da administração ou função administrativa, embora em alguns destes
desdobramentos doutrinários se coloque o poder de polícia como uma função administrativa, mas ao que
parece o examinador sobrepesou tal mister do estado no rol de poderes, excluindo-o portanto de sua
“função administrativa”
O item “autoexecutoriedade”, por sua vez, é atributo comezinho dos atos administrativos.
poder hierárquico;
JSCF: Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos órgão e agentes da Administração
que tem como objetivo a organização da função administrativa. Em razão desse
escalonamento firma-se uma relação jurídica entre os agentes, que se denomina de relação
hierárquica. Efeitos específicos: poder de comando dos superiores, dever de obediência dos
subordinados (não obriga o agente a cumprir ordens manifestamente ilegais), poder de revisão
e, por fim, a delegação e avocação.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: FAPEMS - 2017 - PC-MS - Delegado de Polícia)
Quanto aos poderes da Administração Pública, assinale a alternativa correta.
A - O Poder Hierárquico é pressuposto do Poder Disciplinar.
B - O Poder Hierárquico pode ser exercido pela regulamentação de prática de ato em razão de interesse público
concernente à segurança.
C - O Poder Disciplinar pode ser exercido por meio do disciplinamento de liberdade.
D - O Poder de Polícia pode ser exercido por meio da expedição de decretos autônomos.
E - A possibilidade de delegar e avocar atribuições decorre do Poder Disciplinar.
R: A. Sendo o poder hierárquico o responsável por escalonar e distribuir as funções dos órgãos e ordenar e
rever a atuação dos agentes, acaba por conseguinte se tornando pressuposto do poder disciplinar que é o
poder pelo qual se pode punir as infrações funcionais dos agente públicos como também se dirige a outras
pessoas que mantém relação jurídica com a Administração.
Poder disciplinar;
É o poder de apurar infrações, aplicando sanções e penalidades por parte do Poder Público a
todos aqueles que possuam vínculo de natureza especial com o Estado (servidores ou não,
normalmente por relação hierárquica ou contratual).
Sendo assim, a doutrina costuma apontar que o Poder Disciplinar pode decorrer do Poder
Hierárquico, haja vista tratar-se a hierarquia de uma espécie de vinculação especial, mas
também pode decorrer dos contratos celebrados pela Administração Pública, sejam regidos
pelo direito público ou pelo direito privado.
Para o entendimento majoritário da doutrina, os atos decorrentes do Poder Disciplinar são
praticados, em regra, no exercício de competência discricionária.
Contudo, MATHEUS CARVALHO aponta que não obstante o entendimento doutrinário
tradicional, não se pode considerar que o Poder Disciplinar seja, em sua essência,
discricionário, estando as sanções previamente estipuladas para cada infração prevista em lei,
restando ao agente público, tão somente, uma certa margem de escolha no que tange à
aplicação da pena.
► OBSERVAÇÃO:
- Contratos administrativos são hipóteses de vínculo especial ensejador de aplicação de sanções disciplinares.
Quando se aplica uma multa decorrente de um descumprimento contratual, é poder disciplinar.
- O poder disciplinar pode, ainda, incidir sobre servidor aposentado. Neste sentido, vale destacar a possibilidade da
aplicação da sanção de cassação de aposentadoria e da cassação de disponibilidade.
- Em questão de concurso elaborada pelo CESPE, foi perguntado aos candidatos se estaria configurado o Poder
Disciplinar na hipótese em que a Diretora de uma escola pública aplica a penalidade de suspensão a dois alunos
faltosos. Por óbvio, trata-se de evidente caso de sanção disciplinar, haja vista o fato de que esses alunos possuem
uma vinculação especial com o município, por ostentarem a qualidade de alunos da entidade pública.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: TJ-SC Prova: FCC - 2017 - TJ-SC - Juiz Substituto) Sobre o exercício do
poder disciplinar da Administração Pública, é correto afirmar que tal poder
A - é exercido somente em face de servidores regidos pelas normas estatutárias, não se aplicando aos empregados
públicos, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.
B - admite a aplicação de sanções de maneira imediata, desde que tenha havido prova inconteste da conduta ou que
ela tenha sido presenciada pela autoridade superior do servidor apenado.
C - é aplicável aos particulares, sempre que estes descumpram normas regulamentares legalmente embasadas, tais
como as normas ambientais, sanitárias ou de trânsito.
D - é extensível a sujeitos que tenham um vínculo de natureza especial com a Administração, sejam ou não
servidores públicos.
E - não contempla, em seu exercício, a possibilidade de afastamentos cautelares de servidores antes que haja o
prévio exercício de ampla defesa e contraditório.
R: D. O poder disciplinar, de fato, destina-se a particulares (portanto, não servidores) que mantenham
vínculo jurídico específico com a Administração, bem assim aos servidores públicos. As sanções
eventualmente impingidas a delegatários de serviços públicos (multas, suspensões do direito de contratar
com a Administração etc.) têm origem, precisamente, no poder disciplinar.
Sobre a ‘A’: errada. O poder disciplinar destina-se a agentes públicos e a particulares que estabeleçam vínculo
jurídico específico com a Administração Pública. Em assim sendo, é de se reconhecer que os empregados
públicos, apesar de não ostentarem vínculo estatuário com a Administração, mas sim celetista, celebram
contrato de trabalho, o qual constitui, sim, vínculo especial, a autorizar que se submetam à disciplina
interna da Administração.
Segundo precedentes do STJ, o termo inicial do prazo prescricional da Ação Disciplinar é a
data em que o fato se tornou conhecido da Administração, mas não necessariamente por
aquela autoridade específica competente para a instauração do PAD (MS 14.159/DF, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 3ª Seção, 24/04/2011).
Poder regulamentar [poder normativo];
Também chamado de poder normativo. A CF/88 consagrou o princípio da legalidade, mas
reconheceu a competência normativa do Executivo (competência reservada ao Executivo para
produzir normas jurídicas). Ao editar as leis, o Poder Legislativo nem sempre possibilita
sejam elas executadas, cumprindo à Administração criar os mecanismos de complementação.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Belo Horizonte - MG Prova: CESPE - 2017
Prefeitura de Belo Horizonte - MG - Procurador Municipal) Em relação aos poderes e deveres da
administração pública, assinale a opção correta.
A - É juridicamente possível que o Poder Executivo, no uso do poder regulamentar, crie obrigações subsidiárias
que viabilizem o cumprimento de uma obrigação legal.
B - De acordo com o STF, ao Estado é facultada a revogação de ato ilegalmente praticado, sendo prescindível o
processo administrativo, mesmo que de tal ato já tenham decorrido efeitos concretos.
C - De acordo com o STF, é possível que os guardas municipais acumulem a função de poder de polícia de
trânsito, ainda que fora da circunscrição do município.
D - Do poder disciplinar decorre a atribuição de revisar atos administrativos de agentes públicos pertencentes às
escalas inferiores da administração.
R: A. É juridicamente possível que o Poder Executivo, no uso do poder regulamentar, crie obrigações
subsidiárias que viabilizem o cumprimento de uma obrigação legal. CARVALHO FILHO explica que é
“legítima, porém, a fixação de obrigações subsidiárias (ou derivadas) - diversas das obrigações primárias
(ou originárias) contidas na lei”. Ademais, o STF já reconheceu a possibilidade de instituição de obrigações
acessórias.
Sobre a ‘C’: errada. Sim, de acordo com o STF, é possível que os guardas municipais acumulem a função de poder
de polícia de trânsito, vejam: É constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício do poder de polícia
de trânsito, inclusive para a imposição de sanções administrativas legalmente previstas (ex: multas de trânsito).
STF. Plenário. RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
6/8/2015 (Info 793). Mas, desde que seja limitada a circunscrição do município (CTB, art. 24), a fim de não
implicar na invasão de competência doutro município, notem: CF, art. 144, § 8º Os Municípios poderão
constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
- (Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: TJ-GO Prova: FCC - 2015 - TJ-GO - Juiz Substituto) O regime jurídico
administrativo compreende um conjunto de prerrogativas e sujeições aplicáveis à Administração e expressa-se sob
a forma de princípios informativos do Direito Público, bem como pelos poderes outorgados à Administração, entre
os quais se insere o poder normativo, que
A - não se restringe ao poder regulamentar, abarcando também atos originários relativos a matéria de organização
administrativa.
B - permite a edição de atos discricionários, com base em critérios de conveniência e oportunidade e afasta a
vinculação a requisitos formais
C - autoriza a Administração a impor limites às atividades privadas em prol do interesse público.
D - é o instrumento pelo qual a Administração disciplina a execução da lei, editando normas que podem inovar em
relação ao texto legal para a criação de obrigações aos administrados.
E - compreende a aplicação de sanções àqueles ligados à Administração por vínculo funcional ou contratual.
R: A. O poder regulamentar, na essência, é o poder normativo que a Adm Pública possui para editar atos gerais
para complementar as leis e permitir sua efetiva aplicação.
Alguns doutrinadores dividem em “regulamento executivo” que se refere justamente a esta característica acima
citada e “regulamento autônomo” que diz respeito à competência para dispor sobre organização e
funcionamento da Adm e extinção de cargos e funções, cf. disciplina o art. 84, VI, CF. Isto justifica o
gabarito, de que “poder normativo, não se restringe ao poder regulamentar, abarcando também atos
originários relativos a matéria de organização administrativa”.
Sobre a ‘C’: essa assertiva fala do poder de polícia.
Decretos Decretos Autônomos
- Decretos, em sentido próprio e restrito, são atos - Decretos Autônomos, com a EC 32/2001, introduziu-se no
administrativos da competência exclusiva dos chefes do ordenamento pátrio ato normativo conhecido
Executivo, destinados a prover situações gerais ou doutrinariamente como decreto autônomo. É decreto que
individuais, abstratamente previstas de modo expresso, decorre diretamente da Constituição, possuindo efeitos
explícito ou implícito pela legislação (Hely Lopes Meirelles análogos ao de uma lei ordinária. Tal espécie normativa,
– Direito Administrativo Brasileiro). contudo, limita-se às hipóteses de organização e
funcionamento da administração federal, quando não
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos, e de extinção de funções ou cargos públicos,
quando vago (art. 84, VI, da Constituição).
► ATENÇÃO:
- NÃO CONFUNDIR:
• Decreto autônomo: delegável (art. 84, §único); e
• Decreto regulamentar: indelegável (art. 84, IV). Somente o Chefe do Poder Executivo é que pode expedir
regulamentos (art. 84, CF). Tal competência é indelegável. Os demais órgãos da administração expedem outras
medidas normativas, como por exemplo, circulares, portarias e instruções.
I) Os regulamentos de execução pressupõem a existência de uma lei, cujas normas são
objeto de sua explicitação e desenvolvimento. O regulamento de execução busca explicitar e
facilitar a aplicação de normas contidas em uma lei. O seu fundamento de validade imediato é
a norma legal. São atos inferiores à lei, devendo respeitá-la. Conforme jurisprudência do STJ:
Compete ao STJ, em recurso especial, apreciar questão relativa a decreto que, a pretexto de
regulamentar determinada lei, supostamente extrapola o âmbito de incidência da norma.
Conforme já decidido pelo STF, o tema se situa no plano da legalidade, não da
constitucionalidade. II) Os regulamentos autônomos (CARVALHO FILHO chama assim)
são aqueles desvinculados de uma lei, encontrando o seu fundamento de validade
diretamente na Constituição. CARVALHO FILHO nega a existência de regulamentos
autônomos, embora a maioria da doutrina admita. Por meio do regulamento autônomo, são
criados direitos e obrigações sem prévia existência de lei. O regulamento autônomo somente é
admitido no direito brasileiro nas hipóteses previstas no art. 84, VI, da CF/88, na redação
dada pela EC nº 32/2001: a) para organizar a estrutura administrativa federal, desde que
não implique aumento de despesa ou criação ou extinção de órgão público; b) extinguir
cargo, quando vagos. Portanto, a CF/88 expressamente prevê a possibilidade de serem
editados decretos como atos primários, isto é, atos que decorrem diretamente do texto
constitucional, decretos que não foram expedidos em função de alguma lei ou de algum
outro ato infraconstitucional, podendo ser objeto de controle de constitucionalidade (ADI
3664, 20/09/2011).
► ATENÇÃO:
- Artigos da CF/88:
• Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
• Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos
políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPE-RN Prova: CESPE - 2015 - DPE-RN - Defensor
Público Substituto) Com relação aos poderes da administração pública e aos poderes e deveres dos
administradores públicos, assinale a opção correta.
A - A cobrança de multa constitui exemplo de exceção à autoexecutoriedade do poder de polícia, razão por que o
pagamento da multa cobrada não pode se configurar como condição legal para que a administração pública
pratique outro ato em favor do interessado.
B - A autorização administrativa consiste em ato administrativo vinculado e definitivo segundo o qual a
administração pública, no exercício do poder de polícia, confere ao interessado consentimento para o desempenho
de certa atividade.
C - O desvio de finalidade é a modalidade de abuso de poder em que o agente público atua fora dos limites de sua
competência, invadindo atribuições cometidas a outro agente.
D - No exercício do poder regulamentar, é conferida à administração pública a prerrogativa de editar atos gerais
para complementar a lei, em conformidade com seu conteúdo e limites, não podendo ela, portanto, criar direitos e
impor obrigações, salvo as excepcionais hipóteses autorizativas de edição de decreto autônomo.
E - Decorre do sistema hierárquico existente na administração pública o poder de delegação, segundo o qual pode
o superior hierárquico, de forma irrestrita, transferir atribuições de um órgão a outro no aparelho administrativo.
R: D. No que se refere à possibilidade de produção de decretos autônomos, embora haja divergências
doutrinárias, parece prevalecer a posição que a admite - e que foi abraçada pela Banca nesta questão. Tal
competência tem amparo na norma do art. 84, VI, CRFB, com a redação conferida pela EC 32/2001. A corroborar
esta posição, uma vez mais, confira-se a lição de Di Pietro:
"Com a Emenda Constitucional n.º 32, altera-se o artigo 84, VI, para outorgar ao Presidente da República
competência para 'dispor, mediante decreto, sobre: (a) organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (b) extinção de funções ou
cargos públicos, quando vagos". (...)
Com a alteração do dispositivo constitucional, fica restabelecido, de forma muito limitada, o regulamento
autônomo no direito brasileiro, para a hipótese específica inserida na alínea a."
Integralmente correta, portanto, esta alternativa. O Poder Regulamentar não permite que o Chefe do Executivo
detenha a capacidade de legislar. Vale dizer, o Chefe do Executivo não tem capacidade para inovar no
mundo jurídico por meio de decreto regulamentar, razão pela qual não tem seus atos a capacidade de criar
direitos e impor obrigações, SALVO se tratando de Decreto Autônomo.
Sobre a ‘A’: A presente opção se revela em confronto com a doutrina de José dos Santos Carvalho Filho, que se
extrai do seguinte trecho de sua obra: "A despeito de a multa não ser autoexecutória, é possível que seu
pagamento se configure como condição para que a Administração pratique outro ato em favor do
interessado. Exige-se, contudo, que tal condição tenha expressa previsão em lei. Há, aqui e ali, entendimento
no sentido de que a liberação de veículo alvo da penalidade de apreensão por motivo de infração de trânsito
dispense o pagamento da multa, e isso sob o argumento de que se estaria, indiretamente, convertendo a
multa em punição autoexecutória. Não nos parece correta tal orientação. No caso, não se trata de
transformação da natureza da multa, mas sim da circunstância de ter a lei considerado a quitação da multa
como condição da prática de novo ato administrativo. Se a lei fez expressamente a previsão, não há
fundamento para impugnar a exigência."
É válido mencionar que tal entendimento conta com o endosso da jurisprudência do STJ, exigindo-se, tão
somente, que o particular tenha sido previamente notificado acerca das multas devidas, sem o respectivo
pagamento no prazo legal, como se extrai do seguinte precedente:
"RECURSO ESPECIAL – DIREITO ADMINISTRATIVO – INFRAÇÃO DE TRÂNSITO – APREENSÃO
DE VEÍCULO – EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO DAS MULTAS – CONDIÇÃO PARA RESTITUIÇÃO
AO PROPRIETÁRIO – LEGALIDADE NO CASO DE NOTIFICAÇÃO PARA DEFESA – AUTUAÇÃO
IN FACIE – NECESSIDADE DE REEXAME DE PROVAS. 1. Restringe-se a controvérsia acerca da
legitimidade do ato de autoridade que condiciona a liberação de veículo, apreendido por trafegar sem
registro e licenciamento, ao pagamento de multas e demais despesas decorrentes da apreensão. 2. Esta Corte
Superior de Justiça entende que, se as multas em cobrança já foram devidamente notificadas, restando
escoado o prazo para defesa, nada impede à autoridade de trânsito condicionar a liberação do veículo à
respectiva quitação. 3. Presume-se notificado o infrator autuado em flagrante, nos termos do art. 280, inciso
IV, do CTN. Entretanto, nesse caso, embora alegue a recorrente a ocorrência de autuação em flagrante, não
há como aferir, mediante a análise dos autos, sob pena de inaceitável reexame de provas. 4. Quanto ao
pagamento de valores referentes ao recolhimento e remoção do veículo, o acórdão recorrido encontra-se em
idêntico sentido do entendimento desta Corte, e não há interesse do recorrente em modificá-lo. 5. O veículo
apreendido pela autoridade de trânsito é removido para o depósito, lá permanecendo retido até a quitação
de todos os débitos referentes a taxas, despesas de reboque e diárias do depósito, quando então será
permitido ao proprietário a sua retirada. Recurso não-conhecido." (REsp. 881.202, 2ª Turma, rel. Ministro
Humberto Martins, DJ 11.05.2007)
SÚMULA N. 127/STJ: É ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da
qual o infrator não foi notificado.
Logo, se houve notificação, devida a exigência do pagamento da multa. Logo, incorreta esta primeira opção.
Além do decreto regulamentar, o poder normativo da Administração também expressa-se
por meio de resoluções, portarias, deliberações e instruções editadas por outras autoridades
diversas do chefe do Executivo. Acresça-se a este rol os regimentos, que são as normas
estabelecidas pelos órgãos colegiados para disciplinar seu funcionamento. Todos estes atos
estabelecem normas cujo alcance limita-se ao âmbito de atuação de seu órgão expedidor.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE Prova: CESPE - 2017 -
Prefeitura de Fortaleza - CE - Procurador do Município) Com relação a processo administrativo, poderes da
administração e serviços públicos, julgue o item subsecutivo.
O exercício do poder regulamentar é privativo do chefe do Poder Executivo da União, dos estados, do DF e dos
municípios.
R: Certo. Há quem sustente, de fato, e é esta a posição que se afigura majoritária, que o exercício do poder
regulamentar, realmente, seria privativo dos Chefes do Poder Executivo (presidente da República,
governadores e prefeitos). Seria, pois, uma espécie do gênero maior denominado poder normativo. E consiste, na
essência, na faculdade de editar atos infralegais, dotados de generalidade e abstração, com o escopo de dar fiel
execução às leis.
Neste sentido, a lição de Maria Sylvia Di Pietro: "Insere-se, portanto, o poder regulamentar como uma das
formas pelas quais se expressa a função normativa do Poder Executivo. Pode ser definido como o que cabe
ao Chefe do Poder Executivo da União, dos Estados e dos Municípios, de editar normas complementares à
lei, para sua fiel execução."
Poder Normativo Poder Regulamentar
- O poder normativo pode exercido por diversas autoridades - O poder regulamentar (espécie de
administrativas, além do próprio Chefe do Executivo. É o caso, por poder normativo), a seu turno, é
exemplo, dos Ministros de Estado que possuem a atribuição de qualificado pela doutrina
expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos, tradicional como atribuição
nos termos do art. 87, II da CF/88 ou das agências reguladoras exclusiva do Chefe do Poder
pertencentes à Administração Pública Indireta (a exemplo do Banco Executivo.
Central) que podem editar regulamentos próprios.
* OBS.: Conforme bem destacado por MATHEUS CARVALHO (2017, p.126): "A doutrina tradicional refere-
se a Poder Regulamentar como sinônimo de Poder Normativo. Ocorre que, modernamente, por se tratar de
conceituação restrita (uma vez que abarca a edição de regulamentos apenas, excluindo os outros atos normativos
próprios da atuação do Estado), o Poder Regulamentar vem sendo tratado como espécie do Poder Normativo.
Afinal, além da edição de regulamentos, o Poder Normativo abarca a edição de outros atos normativos, tais como
deliberações, instruções, resoluções. Dessa forma, nessa obra o Poder Regulamentar será tratado como
atribuição típica e exclusiva do chefe do Poder Executivo, enquanto o Poder Normativo é o poder geral
conferido às autoridades públicas de editarem normas gerais e abstratas, nos limites da legislação
pertinente".
Refira-se, todavia, que também existe corrente doutrinária que não faz tal distinção terminológica. Vale dizer, se
refere ao poder regulamentar independentemente da autoridade da qual emana, mesmo que não se trate, portanto,
da Chefia do Executivo. Sem embargo desta segunda postura da doutrina, fato é que a presente assertiva está
alicerçada na posição majoritária, ademais de ser legítimo que as Bancas professem esta ou aquela corrente,
de maneira que deve ser considerada correta a afirmativa.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2019 Banca: NC/FUNPAR/UFPR Órgão: Prefeitura de Curitiba UF: PR Cargo: Procurador)
Durante o processo constituinte, foram intensas as discussões sobre a questão da regulamentação de leis no Brasil.
Finalmente, prevaleceu a posição de autores como Celso Antônio Bandeira de Mello (2016). Sobre o assunto,
assinale a alternativa correta.
A - A posição que prevaleceu na redação originária da Constituição de 1988 implicava a previsão exclusiva de
regulamentos autônomos.
B - A Constituição de 1988, em sua redação atual, não trata mais do assunto referente à regulamentação de leis
mediante regulamentos.
C - A posição que prevaleceu na redação originária da Constituição de 1988, embora implicasse a previsão de
regulamentos autônomos, também aceitava os regulamentos executivos.
D - A atual redação constitucional prevê duas hipóteses de regulamentação por decreto pelo Presidente da
República que não estavam presentes na redação original, sendo uma delas a extinção de funções ou cargos
públicos, quando vagos.
E - A redação original da Constituição era dúbia quando afirmava que cabia ao Presidente expedir decretos e
regulamentos, restando dúvidas no texto se tal competência era apenas para a execução de leis.
R: D. O decreto autônomo apareceu na constituição com a emenda 32/2001. Pode-se dizer que, com a
Emenda Constitucional no.32, de 2001, o decreto como ato normativo primário passou a ser admitido no
ordenamento jurídico brasileiro.
Desde a promulgação da Constituição de 1988 até a promulgação da EC 32/2001 considerávamos inteiramente
banido o decreto autônomo de nosso ordenamento. O texto constitucional somente aludia à expedição de decretos
e regulamentos no seu art. 84, IV, explicitando que tais atos se prestam a assegurar a fiel execução da lei. Portanto,
o constituinte originário só parece ter albergado a figura do regulamento de execução. Todavia, a partir da EC
32/2001, passou a existir autorização expressa na Constituição (art. 84, VI) para que o Presidente da República
disponha sobre a organização e funcionamento da Administração federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos, e proceda à extinção de funções ou cargos públicos, quando
vagos, diretamente mediante decreto.
Ademais, verifica-se que as competências previstas no art. 84, VI, da Constituição Federal tratam-se de matérias
reservadas ao Poder Executivo, não podendo ser disciplinada pelo Legislativo.
Sobre a ‘E’: errada. A redação do art. 84, inc. IV, que estabelece “sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução” não causa nenhuma dúvida.
As Agências Reguladoras têm poder normativo (Poder Normativo de Conjuntura) : dada a
dinâmica das relações reguladas, não seria viável que tais matérias ficassem sujeitas ao
moroso processo legislativo. As resoluções dessas agências são atos normativos, na forma
de atos administrativos (pois decorrem de lei) .
► OBSERVAÇÃO:
- O controle da atividade regulamentar, em caso de exorbitância (ofensa ao princípio da legalidade) ou omissão,
será exercitado pelo Congresso Nacional (art. 49, V, CF – sustação de atos que exorbitem poder regulamentar)
e STF (ADI contra decreto autônomo sucedâneo de lei). Quanto à omissão, é cabível mandado de injunção
ou ADI por omissão, caso a ausência da norma regulamentadora torne inviável ao exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania (art. 5º, LXXI, CF).
- O controle judicial dos atos administrativos regulamentares dá-se de duas formas:
a) quando o ato regulamentar esteja em conflito com a lei que ele regulamenta, será viável apenas o controle de
legalidade – assim, se o ato administrativo extrapolou os limites da lei ou a contrariou, trata-se de questão de
afronta à legalidade e não de inconstitucionalidade. Não se admite ADI nesse caso; ou
b) caso o ato regulamentar (decreto autônomo) esteja em confronto diretamente com a CF, poderá ser objeto de
Ação Direta.
- A atuação normativa da Adm Pública se sujeita ao controle do próprio ente (em decorrência do princípio
da autotutela), do Poder Judiciário e também do Poder Legislativo: O art. 49, V da Constituição Federal
dispõe que compete ao CN sustar os atos administrativos normativos que extrapolem ou exorbitem o poder
regulamentar, retirando-lhes sua eficácia. O Poder Judiciário, desde que provocado, pode exercer o controle de
legalidade de todos os atos administrativos, abrangendo os atos normativos. Por fim, em decorrência do princípio
da autotutela, a própria Administração Pública pode controlar seus atos, mediante provocação ou ex officio.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2012 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: AGU Prova: CESPE - 2012 - AGU - Advogado da União)
A respeito dos limites do poder regulamentar, julgue o próximo item.
O AGU, utilizando-se do poder regulamentar previsto na CF, pode conceder indulto e comutar penas, desde que
por delegação expressa do presidente da República.
( ) Certo
( ) Errado
R: C. Muitos tentaram a anulação do item, mas a banca manteve o gabarito inicial, que aponta ser o item
correto.Vamos, então, à justificativa do CESPE: “Indeferido. A Constituição Federal, em seu art. 84, inciso XII, e
parágrafo único prevê expressamente o seguinte: “Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei. Parágrafo
único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira
parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que
observarão os limites traçados nas respectivas delegações”. Segundo José dos Santos Carvalho Filho, na obra
Manual de Direito Administrativo, 11ª edição, Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, 41, “poder regulamentar,
portanto, é a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos gerais para complementar as leis e
permitir a sua efetiva aplicação”. E acrescenta: “Por esse motivo é que, considerando nosso sistema de hierarquia
normativa, podemos dizer que existem graus diversos de regulamentação conforme o patamar em que se aloje o
ato regulamentador”. Assim, está correta a afirmação de que “o AGU, utilizando-se do poder regulamentar
previsto na CF, pode conceder indulto e comutar penas, desde que por delegação expressa do presidente da
República”. Por tais razões, indefere-se o recurso.”
O CESPE considerou esta questão como correta. No entanto, ao meu sentir, deveria ter sido anulada. É que,
primeiro, conceder indulto ou comutar penas são atos do Presidente da República no exercício do poder
político do Estado (art. 84, inc. XII), e não se confunde com o poder regulamentar previsto no art. 84, inc.
IV, (exercício da função administrativa). Ademais, conceder indulto ou comutar pena é ato concreto e não
abstrato e o decreto expedido com tal finalidade não tem por objetivo regulamentar Lei. Por fim, o poder
regulamentar é exclusivo do Chefe de Governo, sendo que o poder normativo, gênero, é que é exercido em
toda a Administração Pública.
Poder de polícia;
É o poder que a Adm Pública tem de restringir o exercício de liberdades individuais e o
uso/gozo/disposição da propriedade privada, sempre para adequá-los ao interesse público.
É uma atividade tipicamente administrativa e aplica-se a todos os particulares, sem
necessidade de demonstração de qualquer vínculo de natureza especial.
► ATENÇÃO:
- ‘Poder de polícia é indelegável’.
Assertiva incorreta, porque o poder de polícia pode ser delegado para pessoas jurídicas de direito público!
► POSIÇÃO DO STJ:
- A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em que ela poderia atuar com base em seu
poder de polícia, em razão da inafastabilidade do controle jurisdicional: Segundo entendimento do STJ nos REsp
1651622/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma, 28/03/2017; REsp 1366338/SP, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma,
14/04/2015; e REsp 1396306/PE, Min. Mauro Campbell, 2ª Turma, 14/10/2014.
- Não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por sociedade de economia mista, facultado o exercício do poder de
polícia fiscalizatório. O STJ considerou que a atividade de multar (sanção de polícia) não poderia ter sido delegada para uma
sociedade de economia mista porque se trata de pessoa jurídica de direito privado e a aplicação de sanções pecuniárias não pode
ser delegada para particulares. Por outro lado, a atividade de instalar os radares é permitida, porque se trata de fiscalização de
polícia, etapa do poder de polícia possível de delegação. O poder de polícia no trânsito divide-se em quatro grupos bem
definidos: legislação; consentimento; fiscalização; e sanção. Somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização
são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do Poder Público (STJ.
Segunda Turma. REsp 817.534/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/11/09).
- ADMINISTRATIVO. AUTO-EXECUTORIEDADE DOS ATOS DE POLÍCIA. Os atos de polícia são executados pela
própria autoridade administrativa, independentemente de autorização judicial. Se, todavia, o ato de polícia tiver como
objeto a demolição de uma casa habitada, a respectiva execução deve ser autorizada judicialmente e acompanhada por
oficiais de justiça. Recurso especial conhecido e provido. (STJ - REsp: 1217234 PB 2010/0181699-2, Relator: Ministro
ARI PARGENDLER, Data de Julgamento: 14/08/2013, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 21/08/2013)
► SÚMULAS SOBRE O PODER DE POLÍCIA:
* Súmula Vinculante 38: É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
* Súmula Vinculante 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos
comerciais do mesmo ramo em determinada área.
* Súmula 19/STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, e da competência da União.
* Súmula 312/STJ: No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação
e da aplicação da pena decorrente da infração.
* Súmula 467/STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração
Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2016 Banca: TRF - 4ª REGIÃO Órgão: TRF - 4ª REGIÃO Prova: TRF - 4ª REGIÃO - 2016 - TRF -
4ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Assinale a alternativa correta. Em se tratando de moradia residencial
erigida em área de preservação permanente, sem autorização ou licença ambiental, é possível afirmar, segundo a
jurisprudência predominante do Superior Tribunal de Justiça, que:
A - Sua demolição prescinde de ordem judicial, em decorrência da auto executoriedade dos atos administrativos.
B - Sua demolição é vedada, tendo em vista que o direito fundamental à moradia se sobrepõe ao direito à proteção
do meio ambiente.
C - Sua demolição poderá ocorrer se autorizada pelo Poder Judiciário.
D - Sua demolição só poderá ocorrer se o Poder Público oferecer alternativa de residência aos ocupantes.
E - Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
R: C. A autoexecutoriedade ficará restrita aos atos restritivos de direitos e de atividades, e não a
desfazimento de bens, exceto se houver autorização judicial.
Apesar de o poder de polícia ser autoexecutório, nos casos de irreversibilidade, como é uma demolição,
somente o Poder Judiciário poderá autorizar a sua realização, sendo gravame muito sério aos administrados
(fonte livro do Wander Garcia).
Poder de Polícia no sentido amplo e em sentido estrito: 1. Em sentido amplo: corresponde
a toda e qualquer atuação restritiva do Estado, abrangendo tanto os atos do Poder Executivo,
como também do Legislativo onde se condiciona a liberdade e propriedade em prol dos
cidadãos (p. ex. processo de criação de leis); e 2. Em sentido estrito: seria o que
denominamos polícia administrativa (poder de polícia em sentido estrito). Atuação concreta
da Administração Pública que condiciona direitos.
► OBSERVAÇÃO:
- Para fins de provas de concursos públicos, o Poder de Polícia será analisado em seu conceito amplo, abarcando
normas gerais e atos concretos, de natureza preventiva ou repressiva na limitação do exercício de direitos.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de
Polícia) Assinale a alternativa INCORRETA:
A - Autorização, permissão e concessão são formas de o Estado autorizar, permitir e conceder aos particulares a
exploração de bens e serviços públicos.
B - A legalidade administrativa é diferente da legalidade civil, uma vez que aquela dita o limite da atuação do
administrador público, conforme imposto pela lei e esta permite ao particular aquilo que a lei não proíbe.
C - O poder de polícia decorre da capacidade administrativa e concede também a prerrogativa de função legislativa
para a positivação de tipos penais em âmbito de direito penal aos agentes de estado que possuem esse poder.
D - O princípio da supremacia do interesse público, não desconsidera os interesses particulares/individuais, não
obstante informa ao agente administrativo que o interesse público prevalece sobre interesses privados.
E - São princípios de direito administrativo a moralidade administrativa, a supremacia do interesse público, a
motivação, a publicidade e transparência, a proporcionalidade e razoabilidade administrativas.
R: C. O CTN conceitua o poder de polícia como função da Administração Pública de restringir o exercício de
um direito, regulando a prática de ato ou abstenção de fatos, com fundamento no princípio da supremacia
do interesse público (e não da capacidade administrativa) sobre o privado.
Ainda, o poder de polícia não autoriza a positivação de tipos penais, uma vez que isso é atribuição privativa
da União, por meio de lei em sentido estrito, conforme o art. 22, I, CF. A função legislativa é concedida
Constitucionalmente aos que lá estão especificados para elaboração de normas penais, não é concedida pelo
poder de polícia.
- (Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Delegado de Polícia) Ao
exercício do poder de polícia são inerentes certas atividades que podem ser sumariamente divididas em quatro
grupos: I – legislação; II – consentimento; III – fiscalização; e IV – sanção. Nessa ordem de ideias, é correto
afirmar que o particular
A - pode exercer apenas as atividades de consentimento e de sanção, por não serem típicas de Estado.
B - somente pode exercer, por delegação, a atividade de fiscalização, por não ser típica de Estado.
C - pode exercer, por delegação, as atividades de consentimento e fiscalização, por não serem típicas de Estado.
D - pode exercer, por delegação, quaisquer das atividades inerentes ao poder de polícia, pois não se traduzem em
funções típicas de Estado.
E - pode exercer, por delegação, o direito de impor, por exemplo, uma multa por infração de trânsito e cobrá-la,
inclusive, judicialmente.
R: C.
- (Ano: 2016 Banca: TRF - 3ª REGIÃO Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: TRF - 3ª REGIÃO - 2016 - TRF -
3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Sobre o poder de polícia, assinale a alternativa incorreta.
A - Segundo o STF, o art. 144, § 8º, da CF (“Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à
proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei”), não impede que a guarda municipal exerça
funções adicionais à de proteção dos bens, serviços e instalações do Município, incluindo o exercício do poder de
polícia para fiscalização do trânsito, que não é prerrogativa exclusiva das entidades policiais.
B - Segundo o STF, a taxa de renovação de licença de funcionamento é constitucional, desde que haja o efetivo
exercício do poder de polícia, não bastando para sua demonstração a mera existência de órgão administrativo que
possua estrutura e competência para a realização da atividade de fiscalização.
C - A edição de atos normativos pode caracterizar a atuação de polícia administrativa, por exemplo, quando impõe
limitações administrativas ao exercício dos direitos e de atividades individuais.
D - Atos de polícia administrativa podem ser expedidos no exercício de competência discricionária ou vinculada,
conforme o caso.
R: B. O efetivo exercício do poder de polícia é demonstrado pela mera existência de órgão administrativo
que possua estrutura e competência para a realização da atividade de fiscalização. RE 856.185/2015.
* OBS.: as assertivas corretas dessa questão são muito importantes para o aprendizado da matéria.
- (Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de
Polícia) A fiscalização ambiental de determinado estado da Federação verificou que a água utilizada para o
consumo dos hóspedes de um hotel era captada de poços artesianos. Como o hotel não tinha a outorga do poder
público para extração de água de aquífero subterrâneo, os fiscais lavraram o auto de infração e informaram ao
gerente do hotel que lacrariam os poços artesianos, conforme a previsão da legislação estadual. O gerente resistiu à
ação dos fiscais, razão pela qual policiais militares compareceram ao local e, diante do impasse, o gerente,
acompanhado do advogado do hotel, e os fiscais foram conduzidos à delegacia local. O advogado alegou que os
fiscais teriam agido com abuso de autoridade, uma vez que o poder público estadual não teria competência para
fiscalizar poços artesianos, e requereu ao delegado de plantão a imediata liberação do gerente e o registro, em
boletim de ocorrência, do abuso de poder por parte dos fiscais.
A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta, considerando as regras e princípios do direito
administrativo.
A - Agentes de fiscalização não possuem poder de polícia, que é exclusivo dos órgãos de segurança pública. Por
essa razão, os fiscais não poderiam entrar no hotel, propriedade privada, sem o acompanhamento dos policiais
militares.
B - A fiscalização estadual agiu corretamente ao aplicar o auto de infração: o hotel não poderia fazer uso de poço
artesiano sem a outorga do poder público estadual. Contudo, os fiscais somente poderiam lacrar os poços se
dispusessem de ordem judicial, razão pela qual ficou evidente o abuso de poder.
C - As águas subterrâneas e em depósito são bens públicos da União, razão pela qual a fiscalização estadual não
teria competência para atuar no presente caso.
D - Os estados membros da Federação possuem domínio das águas subterrâneas e poder de polícia para precaver e
prevenir danos ao meio ambiente. Assim, a fiscalização estadual não só tinha o poder, mas também, o dever de
autuar.
E - Não é necessária a outorga do ente público para o simples uso de poço artesiano. Logo, a conduta dos fiscais
foi intempestiva e abusiva.
R: D.
Empresa de economia mista que coordena trânsito pode aplicar multas (RE 633.782, de
24/10/2020): Segundo o STF, é constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de
lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da administração pública indireta de
capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de
atuação própria do Estado e em regime não concorrencial.
► POSIÇÃO DO STF:
- É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da administração pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial: Essa foi a tese
fixada pelo Plenário virtual do Supremo Tribunal Federal, ao reformar decisão do Superior Tribunal de Justiça
para permitir que a Empresa de Transporte de Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) possa aplicar multas de
trânsito na capital mineira.
Em 2009, o STJ havia entendido que somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização são
delegáveis, já que os de sanção derivam do poder de coerção do Poder Público, este indelegável às pessoas
jurídicas de direito privado. "É temerário afirmar que o trânsito de uma metrópole pode ser considerado
atividade econômica ou empreendimento", disse o ministro Herman Benjamin, da 2ª Turma do STJ, na ocasião.
No STF, prevaleceu o voto do ministro Luiz Fux, segundo o qual a tese da indelegabilidade do poder de
polícia a pessoas jurídicas de direito privado não possui caráter absoluto e pode ser ultrapassada quando se
tratar de entidades da administração pública indireta que prestem exclusivamente serviço público de
atuação própria do Estado de capital social majoritariamente público, sem o objetivo de lucro, em regime
não concorrencial. É o caso da BHTrans, cuja composição acionária pertence 98% à Prefeitura de Belo
Horizonte, sendo os outros 2% distribuídos entre a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap),
que é uma autarquia municipal, e a Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte
(Prodabel), esta de economia mista dependente e de capital fechado. De acordo o ministro Fux, a indelegabilidade
do poder de polícia ao ente de direito privado se baseia em quatro pilares argumentativos, nenhum dos quais se
aplica ao caso da BHTrans.
► QUESTÃO DE PROVA:
-Questão polêmica. (Ano: 2017 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 2017 - MPE-SP -
Promotor de Justiça Substituto) Assinale a alternativa correta.
A - O poder de polícia tem como característica a discricionariedade, pelo que a Administração, ao expedir alvarás
de autorização ou de licença, aprecia livremente a oportunidade e conveniência da medida.
B - A autoexecutoriedade, um dos atributos do poder de polícia, permite que a Administração ponha em execução
as suas decisões sem precisar recorrer ao Poder Judiciário, independentemente de autorização legal.
C - O poder de polícia, atividade estatal que limita o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse
público, é exercido privativamente pelo Poder Executivo.
D - O poder de polícia, exercido pela polícia administrativa, não se confunde com o exercido pela polícia judiciária
porque a primeira atua preventivamente e a segunda repressivamente.
E - O poder de polícia é indelegável a pessoas jurídicas de direito privado por envolver prerrogativas próprias do
poder público, insuscetíveis de serem exigidas por particular sobre o outro.
R: E. Trata-se de assunto polêmico. Primeiramente, importante esclarecer que a grande maioria da
doutrina não admite a delegação de poder de polícia a pessoas privadas, instituídas pela iniciativa privada
(não pertencente da Adm Pública), ainda que se trata de delegatária de serviço público, Nessa esteira, o art.
4º, inc. III, da Lei das PPP, prevê a indelegabilidade do exercício do poder de polícia.
É a delegação do poder de polícia para as entidades integrantes da administração pública indireta, de
personalidade jurídica de dto privado, que possui divergência doutrinária. A doutrina tradicional, e
majoritária, orienta-se pela invalidade da delegação, pois se trata de atividade exclusiva do Estado, além de
colocar em risco o equilíbrio social. Outra parte da doutrina, minoritária, admite a delegação a entidades de
personalidade jurídica de dto privado, pelo menos a delegação de atos integrantes do ciclo de polícia, em
especial os fiscalizatórios, desde que integre a Adm Pública Indireta e a competência seja expressamente
conferida por lei.
* OBS.: Recentemente, o Plenário do STF (RE 633.782, de 24/10/2020) decidiu que é constitucional a
delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da
administração pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente
serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial.
Sobre a ‘B’: errada. A autoexecutoriedade só existe quando prevista em lei ou quando se tratar de situação de
urgência e, assim, não se faz presente em todas as medidas de polícia. Além disso, sempre é possível o
controle judicial sobre os atos administrativos, em especial no que tange à sua legalidade.
Sobre a ‘D’: incorreta. O exercício do poder de polícia tem uma finalidade de prevenção (evitar) ou obstar
(paralisar) as atividades contrárias ou nocivas aos interesses públicos sociais, podendo se manifestar tanto na forma
preventiva, como na forma repressiva. Não se pode confundir a polícia administrativa com o exercício do poder de
polícia pela Administração Pública, que incide sobre atividades dos indivíduos, com a polícia judiciária (polícia de
segurança pública), que recai sobre um indivíduo a quem se atribui a prática de uma infração penal. O poder de
polícia pode estar sujeito aos limites da ordem jurídica, pode sofrer o controle de legalidade pela própria Adm
Pública ou pelo Poder Judiciário, quando exercido com excesso ou desvio de poder.
- Polícia administrativa x Polícia judiciária: A polícia judiciária incide sobre pessoas, de
forma ostensiva ou investigativa, evitando e punindo infrações às normas penais. Por sua vez,
a polícia administrativa incide sobre bens (uso da propriedade) e direitos (exercício de
liberdades), condicionando esses bens e direitos à busca pelo interesse da coletividade.
No entanto, pode-se dizer que, nas duas hipóteses, ela está tentando impedir que o
comportamento individual cause prejuízos maiores à coletividade; nesse sentido, é certo dizer
que a polícia administrativa é preventiva. Mas, ainda assim, falta precisão ao critério, porque
também se pode dizer que a polícia judiciária, embora seja repressiva em relação ao indivíduo
infrator da lei penal, é também preventiva em relação ao interesse geral, porque, punindo-o,
tenta evitar que o indivíduo volte a incidir na mesma infração. Conforme Álvaro Lazzarini, a
linha de diferenciação está na ocorrência ou não de ilícito penal :
POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA
- Quando atua na área do ilícito puramente administrativo (preventiva ou - Quando o ilícito penal é praticado, é a
repressivamente). Regida pelo Direito Administrativo, incidindo sobre bens, polícia judiciária que age. Rege-se pelo
direitos ou atividades. A polícia administrativa se reparte entre diversos órgãos direito processual penal, incidindo sobre
da Administração, incluindo, além da própria polícia militar, os vários órgãos pessoas. A polícia judiciária é privativa de
de fiscalização aos quais a lei atribua esse mister, como os que atuam nas áreas corporações especializadas (polícia civil e
da saúde, educação, trabalho, previdência e assistência social. militar).
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-GO Prova: CESPE - 2017 - PC-GO - Delegado de
Polícia Substituto) Questão passível de anulação, mas coloquei no material pois achei importante a reflexão
do professor do QCONCURSOS. De acordo com a legislação e a doutrina pertinentes, o poder de polícia
administrativa
A - pode manifestar-se com a edição de atos normativos como decretos do chefe do Poder Executivo para a fiel
regulamentação de leis.
B - é poder de natureza vinculada, uma vez que o administrador não pode valorar a oportunidade e conveniência de
sua prática, estabelecer o motivo e escolher seu conteúdo.
C - pode ser exercido por órgão que também exerça o poder de polícia judiciária.
D - é de natureza preventiva, não se prestando o seu exercício, portanto, à esfera repressiva.
E - é poder administrativo que consiste na possibilidade de a administração aplicar punições a agentes públicos que
cometam infrações funcionais.
Gabarito oficial: C. Foi tida como o gabarito da questão e, de fato, está correta. Há casos de órgãos
competentes para o exercício da polícia judiciária, mas que também podem cumular a polícia
administrativa. A Polícia Federal, por exemplo, atua eminentemente como polícia judiciária, investigando a
prática de crimes de sua esfera de competência; todavia, a ela também compete a autorização para portar
armas de fogo de uso permitido (Lei 10.826/2003, art. 10, caput), sendo certo que referido ato administrativo
(autorização para porte de arma) constitui claro exemplo de exercício do poder de polícia administrativa,
mais precisamente, de um consentimento de polícia.
É válido registrar que a presente questão seria passível de anulação, por conter duas respostas corretas.
Analisemos, pois, cada alternativa:
a) Foi considerada errada pela Banca, mas, com a devida vênia, a assertiva não contém erro algum. De fato, o
poder de polícia pode se manifestar através da produção de atos normativos, inclusive de Decretos
expedidos pelos Chefes do Executivo. Não se trata, aliás, de adotar o conceito amplo de poder de polícia. O
chamado conceito amplo se caracteriza por englobar até mesmo os atos emanados do Poder Legislativo, isto
é, as leis em geral, bastando para tanto que pretendam restringir direitos e liberdades públicas. Mas não é
disso que se trata. Com efeito, mesmo sob o prisma do denominado conceito restrito, o poder de polícia
engloba a prática de atos normativos administrativos. Cuida-se de assertiva corriqueira, absolutamente
tranquila em nossa doutrina. Por todos, confira-se a lição de Celso Antônio Bandeira de Mello: "A polícia
administrativa manifesta-se tanto através de atos normativos e de alcance geral quanto de atos concretos e
específicos." (Curso de Direito Administrativo, 30ª edição, 2012, p. 851).
E nem se alegue que a opção "a" teria conceituado, na verdade, o poder regulamentar, no que estaria
caracterizado seu equívoco. Não. Tal ideia não se sustenta, na medida em que o exercício do poder
regulamentar pode, perfeitamente, resultar no exercício, também, do poder de polícia. Basta, para tanto,
que o decreto em questão veicule normas de condicionamento e/ou restrição de direitos e/ou liberdades
públicas dos particulares, em prol do interesse coletivo.
Reputo correta, portanto, esta alternativa "a".
Sobre a ‘B’: errada. Uma das características apontadas pela doutrina consiste, justamente, no fato de que o poder
de polícia é, predominantemente, discricionário, e não vinculado. Por exemplo, existe discricionariedade quanto ao
momento ou ao local em que se fará uma fiscalização; pode, ainda, se verificar a atuação discricionária no tocante
à imposição de sanções, bastando que a lei estabeleça mais de uma penalidade em tese cabível, de sorte que o
agente competente poderá, no caso concreto, eleger aquela que se revelar mais adequada, no que também se poderá
identificar atuação discricionária da Administração, apenas para citar dois exemplos, dentre muitos outros.
Sobre a ‘D’: errada. Embora a doutrina até sustente que o poder de polícia, em regra, se caracteriza por sua
atuação preventiva, não são raros os casos em que essa atuação se torna repressiva, como na cassação de
uma licença, por atuação em desconformidade com a legislação de regência, ou como na imposição de uma
multa pela colocação à venda de produto impróprio ao consumo etc.
Sobre a ‘E’: errada. Na verdade, aí se trata de exercício do poder disciplinar, que não se confunde com o poder de
polícia. Aquele se dirige aos agentes públicos e a particulares que possuam vínculo jurídico específico com a
Administração. Há uma relação de sujeição especial. Já o poder de polícia se volta contra os particulares em geral;
baseia-se, pois, numa relação de sujeição geral.
Conclusão: questão passível de anulação, eis que contém duas respostas corretas ("a" e "c").
- (Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2014 - TJ-RJ - Juiz Substituto) No direito
administrativo brasileiro, o poder de polícia
A - é veiculado por meio de atos concretos e específicos, jurídicos ou materiais, sendo vedado o seu exercício por
meio de atos normativos de alcance geral.
B - pode ensejar ao particular, em virtude de seu descumprimento, sanções de ordem penal, podendo responder
pelos crimes de resistência, desobediência ou desacato.
C - não autoriza a aplicação de sanções, tais como demolição de construção, fechamento de estabelecimento ou
destruição de objetos, sem a intervenção do Judiciário.
D - manifesta-se primordialmente de forma repressiva, ficando o exercício da forma preventiva a cargo da polícia
judiciária.
R: B. De fato, em havendo, por exemplo, no bojo de uma fiscalização de trânsito – típico caso de exercício
preventivo do poder de polícia – ordem para que um dado veículo pare, e este resolva descumprir o comando do
agente de trânsito, ou se, num outro exemplo, após ser parado, o motorista inicie ofensas verbais ao agente público
encarregado da operação, poderão configurar-se aí, em tese, condutas típicas, do ponto de vista penal, as quais
ensejarão as respectivas penalidades, conforme previsão própria de tal esfera do Direito. É claro que as sanções
penais não poderão ser aplicadas com base no exercício do poder de polícia. Não é isto o que está dito na questão.
Afirmou-se, tão somente, que, a partir do descumprimento de uma ordem de polícia, condutas penalmente
típicas podem vir a se configurar, o que está correto.
Sobre a ‘A’: errada. O poder de polícia também se manifesta através de atos dotados de generalidade e abstração.
São as chamadas ordens de polícia, nas quais podem ser enquadradas as próprias leis, que disponham sobre
restrições, limitações, condicionamentos de direitos cujo exercício seja potencialmente lesivo ao interesse público,
bem assim por meio de regulamentos que visem a minudenciar aquelas mesmas leis, em ordem a sua escorreita
operacionalização prática.
- Atributos do poder de polícia: A) Discricionariedade; B) Autoexecutoriedade; e C)
Coercibilidade. Essa é a corrente de pensamento adotado por HL, MSZDP e MC.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2012 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-RR Prova: CESPE - 2012 - MPE-RR - Promotor
de Justiça) Com relação aos poderes da administração pública, assinale a opção correta de acordo com o
entendimento do STJ e da doutrina.
A - O exercício do poder de polícia é passível de delegação a pessoa jurídica de direito privado, a qual somente
poderá aplicar sanções administrativas ao administrado quando o ato praticado estiver previamente definido por lei
como infração administrativa.
B - O ato administrativo decorrente do exercício do poder de polícia é autoexecutório porque dotado de força
coercitiva, razão pela qual a doutrina aponta ser a coercibilidade indissociável da autoexecutoriedade no ato
decorrente do poder de polícia.
C - A administração pública, no exercício do poder de limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do
interesse público, pode condicionar a renovação de licença de veículo ao pagamento de multa, ainda que o infrator
não tenha sido notificado.
D - O termo inicial do prazo prescricional da ação disciplinar é a data em que o fato foi praticado.
E - Nas situações em que a conduta do investigado configure hipótese de demissão ou cassação de aposentadoria, a
administração pública dispõe de discricionariedade para aplicar penalidade menos gravosa que a de demissão ou
de cassação.
R: B. O poder de polícia possui três atributos: 1) a discricionariedade; 2) a autoexecutoriedade; e 3) a
coercibilidade. A autoexecutoriedade é a prerrogativa conferida à Adm Pública para praticar atos e de
executar suas decisões através de seus próprios meios sem a necessidade de se socorrer ao Poder Judiciário.
A autoexecutoriedade pode ser dividida em dois aspectos: a) exigibilidade, pela qual o Poder Público pode se
utilizar através de meios indiretos de coação, como por exemplo, a impossibilidade de se licenciar o veículo
se não houver a quitação de multas; b) a executoriedade, onde se utiliza o Poder Público de meios diretos de
coação, como por exemplo, a destruição de bens nocivos.
Sobre a ‘D’: segundo precedentes do STJ, o termo inicial do prazo prescricional da Ação Disciplinar é a data
em que o fato se tornou conhecido da Adm, mas não necessariamente por aquela autoridade específica
competente para a instauração do PAD (MS 14.159/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes, 3ª Seção, 10/02/2012).
OBS.: A prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido (art. 142, §1º da lei 8112/90).
- Prescrição das sanções de polícia: a Lei 9.873/99, em seu art. 1º, define que "Prescreve
em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no
exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados
da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em
que tiver cessado". Ressalvadas a situação de o fato objeto da ação punitiva da
Administração também constituir crime, uma vez que, nestes casos, a prescrição reger-se-á
pelo prazo previsto na lei penal. A legislação prevê a possibilidade de prescrição
intercorrente trienal diante da inércia da Administração Pública no julgamento do processo
administrativo (art. 1º, da Lei 9.873/99).
► POSIÇÃO DO STJ:
- Se não houver lei estadual ou municipal prevendo o prazo prescricional da sanção de polícia, este prazo será de 5
anos, com base no art. 1º do Decreto 20.910/32 (STJ, 2 ª Turma, AgInt no REsp 1409267/PR, Rel. Min.
Assusete Magalhães, julgado em 16/03/17). No âmbito federal o prazo é de 5 anos, com fundamento na Lei nº
9.873/99.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2010 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-SE Prova: CESPE - 2010 - MPE-SE - Promotor de
Justiça) No que concerne à responsabilidade civil do Estado e aos poderes administrativos, assinale a opção
correta.
A - Para efeito de responsabilidade civil do Estado, considera-se agente o servidor que, em sua atuação, causar
dano a terceiros. Exclui-se, assim, dessa noção as pessoas que não têm vínculo típico de trabalho com a
administração e os agentes colaboradores e sem remuneração.
B - Direito de regresso é o assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o agente
responsável pelo dano, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo.
C - O poder regulamentar formaliza-se por meio de decretos e regulamentos. Nesse sentido, as instruções
normativas, as resoluções e as portarias não podem ser qualificadas como atos de regulamentação.
D - O poder de polícia administrativa consubstancia-se por meio de determinações de ordem pública, de modo a
gerar deveres e obrigações aos indivíduos. Nesse sentido, os atos por intermédio dos quais a administração
consente o exercício de determinadas atividades não são considerados atos de polícia.
E - Na esfera da administração pública federal, direta ou indireta, a ação punitiva, quando se tratar do exercício do
poder de polícia, prescreve em cinco anos contados a partir da data da prática do ato ou, em se tratando de infração
permanente ou continuada, a partir do dia em que esta tiver cessado.
R: E.
Questões extra.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2015 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 2015 - MPE-SP - Promotor de Justiça)
Assinale a alternativa correta sobre o poder de polícia:
A - Ele é passível de delegação a particulares.
B - Tem, como atributos exclusivos, a discricionariedade e a coercibilidade.
C - Inexiste vedação constitucional para que pessoas administrativas de direito privado possam exercê-lo na sua
modalidade fiscalizatória.
D - Qualifica-se como atividade positiva da Administração.
E - Os atos a ele inerentes não se sujeitam ao princípio da anterioridade.
R: C. Assunto polêmico na doutrina, já estudado acima, lembrando do recente julgamento do RE 633.782, pela
Pleno do STF.
Sobre a ‘D’: para alguns doutrinadores, a essência do Poder de Polícia é o seu caráter negativo, vez que ao Poder
Público incumbe evitar a ocorrência de um dano, diferente da prestação do serviço público em que a atuação do
Estado é positiva. Saliente-se que essa questão não é consenso dos doutrinadores, vez que para alguns o Poder de
Polícia também tem um caráter positivo, quando esse instrumento representa a construção de utilidade pública.
Perfeição, validade, eficácia. Ato perfeito, válido e eficaz (a única combinação que não
pode haver é imperfeito com as demais, o resto é possível ): Perfeição diz respeito à situação
do ato cujo processo de formação já está concluído; a validade, por sua vez, trata da
adequação dos atos às exigências normativas; e eficácia é a situação de disponibilidade para
produção dos efeitos típicos, próprios do ato.
Via de regra, o ato administrativo de licença não admite revogação, pois é vinculado.
Contudo, em caso de construção o STF admitiu a revogação da licença para construir - desde
que a obra não tenha iniciado.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-GO Prova: CESPE - 2017 - PC-GO - Delegado de
Polícia Substituto) Após o término de estágio probatório, a administração reprovou servidor público e editou ato
de exoneração, no qual declarou que esta se dera por inassiduidade. Posteriormente, o servidor demonstrou que
nunca havia faltado ao serviço ou se atrasado para nele chegar. Nessa situação hipotética, o ato administrativo de
exoneração é
A - nulo por ausência de finalidade.
B - anulável por ausência de objeto.
C - anulável por ausência de forma.
D - anulável por ausência de motivação.
E - nulo por ausência de motivo.
R: E. A realização de um ato administrativo tem de ser motivada e, segundo a teoria dos motivos determinantes, os
motivos declarados ao tempo da edição do ato determinam a necessidade da demonstração de sua ocorrência, sob
pena de nulidade. Tendo em vista que a falta de assiduidade no serviço não ocorreu, não poderia servir de
fundamento ao ato administrativo de exoneração.
Ato nulo e ato anulável. I) Ato nulo é aquele que tem vício insanável, isto é, há ausência ou
defeito em um dos seus elementos, especialmente nos elementos motivo, finalidade e objeto,
porque o vício de um desses requisitos não é passível de convalidação; e II) Ato anulável é
aquele que tem vício sanável quanto ao elemento competência ou quanto à forma. O ato
anulável admite convalidação pela Adm Pública, convalidação é o suprimento da invalidade
de um ato com efeitos retroativos. Convalidar é tornar válido um ato inválido, por meio de
outro ato que supre o vício sanável, com efeitos ex tunc (retroagem).
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia)
Suponha que a concessão de uma determinada permissão de instalação de empreendimento em um imóvel
dependa, conforme determinado em lei, da assinatura da autoridade administrativa em dois formulários distintos e
que, em determinado caso específico, em que pese o processo administrativo ter sido adequadamente instruído, a
autoridade competente firmou apenas um dos formulários, ordenando a publicação da autorização, apesar do vício,
o qual era desconhecido no momento da publicação. Identificado o vício após dois meses da publicação, a
autoridade administrativa deverá
A - converter a permissão em autorização, por ser esta última ato precário para o qual se exige o atendimento a um
número menor de condições.
B - evitar realizar qualquer ato adicional relativo a esse processo até que se encerre a apuração preliminar que
deverá, necessariamente, ser aberta para apurar eventual dolo na conduta da autoridade.
C - anular a autorização concedida anteriormente, pois o ato jurídico de autorização será não existente.
D - convalidar o ato, corrigindo o defeito sanável contido no ato anterior, garantindo, assim, a estabilidade das
relações já constituídas.
E - anular a autorização concedida anteriormente, pois o ato jurídico de autorização será inexistente, em face da
ausência de atendimento estrito ao previsto na legislação.
R: D. O ato adminsitrativo válido é aquele que possui todos elementos de validade, ou seja: praticado por
autoridade competente e em obediência aos demais requisitos (finalidade, forma, motivo e objeto). No caso,
todavia, não houve obediência ao requisito forma, de modo que o ato será passível de anulação. Por tratar-se de ato
anulável, será passível de convalidação pela Adm Pública.
Classificação.
- (Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Delegado de Polícia Civil
de 1a Classe) São atos administrativos ordinatórios, entre outros,
A - os Decretos, os Despachos, os Regimentos e as Resoluções.
B - os Despachos, os Avisos, as Portarias e as Ordens de Serviço.
C - os Decretos, as Instruções, os Provimentos e os Regimentos.
D - as Instruções, as Deliberações, as Portarias e os Regulamentos.
E - os Regulamentos, as Instruções, os Regimentos e as Deliberações.
R: B.
* Decretos, resoluções e os regimentos são atos normativos, porquanto constituem comandos gerais e
abstratos que visam à fiel execução das leis, o que não se coaduna com os atos ordinatórios.
* Deliberações são atos normativos ou decisórios de órgão colegiado.
Os atos ordinatórios são praticados no exercício do poder hierárquico e não atingem os particulares nem os
servidores subordinados a chefia diferente da que o expediu. São exemplos de atos administrativos ordinatórios
as instruções, as portarias, as circulares, provimentos, despachos e os avisos.
Espécies e exteriorização.
Vinculação e discricionariedade.
É a lei que, ao definir a atuação do Poder Público, determina se a atuação administrativa será
vinculada ou discricionária: I) Ato discricionário: nesse sentido, nas hipóteses em que o
comando normativo confere uma possibilidade de escolha ao administrador público, pode-
se falar no exercício de atos discricionários;
► OBSERVAÇÃO:
- Segundo CARVALHO FILHO, a valoração de conveniência e oportunidade é que reflete o que
modernamente se denomina de reserva do possível, ou seja, o conjunto de elementos que tornam possível esta
ou aquela ação governamental e, por via de consequência, o que se revela inviável de ser executado pela
Administração em certo momento e dentro de determinadas condições (p. 130).
e II) Ato vinculado: sendo o ato vinculado aquele praticado no exercício do poder
vinculado, em que a atuação administrativa está adstrita aos ditames previstos na
legislação, de forma objetiva. Neste caso, a norma legal estabelece todos os elementos do ato
administrativo, sem deixar qualquer margem de opção acerca da melhor atuação para o agente
do Estado.
Classificação.
São encontrados, na doutrina, vários critérios de classificação, sendo relevante analisar
aqueles mais importantes.
- Serviços públicos próprios e impróprios. I) Próprios: aqueles que somente podem ser
prestados pelo Estado de forma direta (pelos entes da Adm Direta ou Indireta) ou mediante
delegação a particulares, efetivada mediante a celebração de contratos de concessão e
permissão, nos moldes da legislação; e II) Impróprios: aqueles que, não obstante sejam
essenciais à coletividade e satisfaçam os interesses dos administrados, podem ser
executados por particulares sem a necessidade de delegação pelo ente estatal. São serviços
de utilidade pública, cuja execução será somente fiscalizada pela Administração Pública,
mediante a expedição de atos de consentimento que condicionam a forma de execução. Não
são, de fato, serviço público em sentido estrito. São aqueles que, embora de interesse da
coletividade, são prestados por particulares, sendo apenas autorizados, fiscalizados e
regulamentados pelo Estado. Exemplo é o serviço de táxi.
► OBSERVAÇÃO:
- Já para para HELY LOPES, i) serviços públicos próprios são aqueles que dizem respeito às atribuições
essenciais do Estado (segurança, saúde, polícia, etc), e que, por isso, só podem ser prestados diretamente, por seus
órgãos e agentes. Em suma, não podem ser delegados.
Para o autor, ainda, por sua vez os ii) serviços públicos impróprios são aqueles que tanto podem ser prestados
diretamente quanto podem ser delegados, em função de que, embora de interesse coletivo, não são essenciais.
- Serviços I) uti singuli ou individuais e serviços II) uti universi ou gerais.
- Serviços delegáveis e indelegáveis. I) Delegáveis: aqueles que o Estado pode prestar
diretamente ou por terceiros (ex.: transporte público); e II) Indelegáveis: aqueles cuja
prestação não pode ser repassada pelo Estado, a terceiros, sendo executados por seus próprios
agentes (ex.: serviço postal e correio aéreo nacional).
- Serviços administrativos, comerciais (ou industriais) e sociais: I) Administrativos:
executados pela Administração para atender as suas necessidades internas de funcionamento;
II) Comerciais (ou industriais): envolvem oferecimento de utilidades materiais necessárias
aos indivíduos, tal como água tratada, energia elétrica, telecomunicações; e III) Serviços
sociais: satisfazem necessidades de cunho social ou assistencial, tal como educação,
assistência, a seguridade.
- Serviços públicos exclusivos e não exclusivos. I) Exclusivos: o poder público deve prestá-
los de forma exclusiva. Exemplos: serviço postal e correio aéreo nacional; e II) Não
exclusivos: podem ser prestados pelo Estado ou pelo particular (mediante autorização do
Poder Público). Exemplos: saúde, previdência social, assistência social e educação.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Delegado de Polícia Civil
de 1a Classe) Quanto à classificação dos serviços públicos, é correto conceituar como serviços próprios do Estado
aqueles que
A - se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público e para a execução dos quais a Administração
usa sua supremacia sobre os administrados.
B - a Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades descentralizadas, ou delega sua
prestação a concessionários, permissionários ou autorizatários.
C - a Administração presta sem ter usuários determinados, vale dizer, atendem à coletividade no seu todo.
D - a Administração prepara para serem prestados ao público.
E - se consubstanciam em atividade econômica que só pode ser explorada diretamente pelo Poder Público.
R: A. Cuida-se de questão que aborda o tema da classificação dos serviços públicos, assunto a respeito do qual é
possível encontrar diferentes posições dentre nossos diversos doutrinadores, o que torna a tarefa do candidato
ainda mais dramática.
Neste caso, especificamente, a Banca se baseou na doutrina clássica de Hely Lopes Meirelles, que assim se
expressou acerca dos chamados serviços próprios:
"(...) são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (segurança, polícia,
higiene e saúde públicas etc.) e para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os
administrados. Por esta razão, só devem ser prestados por órgãos ou entidades públicas, sem delegação a
particulares."
Assumindo como correta esta noção conceitual, e em vistas das alternativas propostas pela Banca, não
restam dúvidas de que a única consentânea com tal lição doutrinária é aquela indicada na letra "a".
Sobre a ‘E’: errada. Os serviços públicos próprios só podem ser desempenhados pelo Poder Público, assim,
nunca serão referentes às atividades econômicas, vez que estas podem ser praticadas pelo mercado.
Regulamentação e controle;
“Como o serviço é instituído pelo Estado e almeja o interesse coletivo, nada mais natural que
ele se submeta a regime de direito público. Na verdade, não precisa que a disciplina seja
integralmente de direito público, porque, como é sabido, alguns particulares prestam
serviços em colaboração com o Poder Público. Embora nessas hipóteses incidam algumas
regras de direito privado, nunca incidirão elas integralmente, sendo necessário que algumas
normas de direito público disciplinem a prestação do serviço. Pode-se até mesmo dizer que
nesses casos o regime será híbrido, predominando, porém, o regime de direito público
quando em rota de colisão com o de direito privado. Inúmeras são as normas de direito
público aplicáveis aos serviços públicos, destacando-se a que impõe a fiscalização do
serviço; a supremacia do Estado no que toca à execução; a prestação de contas e outras do
gênero.” CARVALHO FILHO.
Remuneração.
A) Quando o serviço não possui usuário determinado, a doutrina defende que a remuneração
deve ser feita pelo pagamento normal dos tributos.
B) Quando o serviço atende direta e individualmente ao administrado, por sua vez, é possível
a exigência de contraprestação pecuniária direta, que pode se dar pelo pagamento de taxas
(compulsório) e tarifas ou preço público (facultativo): B.I) Serviço individual e compulsório:
taxa; e B.II) Serviço individual e facultativo: tarifa ou preço público.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil -
Prova Anulada) Levando em consideração o assunto serviço público, seus princípios específicos e o
posicionamento acerca do assunto nos Tribunais Superiores, marque a opção correta.
A - É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito for decorrente de suposta
fraude no medidor de consumo de energia apurada unilateralmente pela concessionária.
B - É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a inadimplência do consumidor
decorrer de débitos pretéritos, uma vez que se busca impedir o enriquecimento sem causa e também como forma
de coação ao pagamento.
C - É ilegítimo a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de
consumo.
D - Caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência motivada por
razões de ordem técnica ou de segurança das instalações.
E - Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção após prévio aviso, quando por
inadimplemento, considerado o interesse da coletividade. Sendo assim, é viável, portanto, responsabilizar-se o
atual usuário, adimplente com suas obrigações, por débito pretérito relativo ao consumo de água, por exemplo, do
usuário anterior.
R: A.
*OBS.: Jurisprudência do STJ sobre serviço público: 1) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos
essenciais quando inadimplente o usuário, desde que precedido de notificação; 2) É legítimo o corte no
fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde
que precedido de notificação; 3) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o
direito à saúde e à integridade física do usuário; 4) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos
essenciais quando inadimplente pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de notificação e a
interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis à população; 5) É ilegítimo o corte no
fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente unidade de saúde, uma vez que prevalecem os
interesses de proteção à vida e à saúde; 6) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais
quando a inadimplência do usuário decorrer de débitos pretéritos, uma vez que a interrupção pressupõe o
inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do consumo; 7) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços
públicos essenciais por débitos de usuário anterior, em razão da natureza pessoal da dívida; 8) É ilegítimo o corte
no fornecimento de energia elétrica em razão de débito irrisório, por configurar abuso de direito e ofensa aos
princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo cabível a indenização ao consumidor por danos morais; 9)
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito decorrer de irregularidade no
hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada unilateralmente pela concessionária; 10) O corte no
fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel que originou o débito, e não sobre outra
unidade de consumo do usuário inadimplente.
Intróito. CF/88. Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter
especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade,
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
► ATENÇÃO:
- Diferenciação importante: a concessão e a permissão são formas negociais da delegação de serviços públicos,
enquanto a autorização é instrumento unilateral de delegação (ato administrativo).
- O material de Adm de Sinopse da Juspdivm está excelente para revisar o tema de delegação de serv. público.
- A concessão depende de procedimento licitatório, sob a modalidade concorrência (cf. Lei nº 8.987/95). A Lei nº
9.497/97 estabeleceu, também, a adoção da modalidade leilão para diversas operações previstas no Programa
Nacional de Desestatização.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2010 Banca: FGV Órgão: PC-AP Prova: FGV - 2010 - PC-AP - Delegado de Polícia) Com relação aos
contratos de concessão de serviços públicos, analise as afirmativas a seguir:
I. Em havendo alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder
concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à alteração.
II. A tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e, somente nos casos expressamente previstos em
lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de serviço público alternativo e gratuito para o usuário.
III. A criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, inclusive os impostos sobre a renda,
após a data da assinatura do contrato, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso.
IV. O poder concedente não poderá prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de
outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, a fim de
favorecer a modicidade das tarifas para os usuários.
Assinale:
A - se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas.
B - se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
C - se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.
D - se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
E - se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas.
R: B.
Sobre a II: a tarifa não é tributo, decorre de contrato administrativo (e não de lei), possui obrigação
contratual (ex voluntate), não sujeita-se aos princípios tributários, tem autonomia de vontade, é prestação
pecuniária voluntária (ou facultativa), remunera serviços públicos facultativos (essenciais ou não essenciais,
dependendo do caso), apresenta regime jurídico de Direito Privado, é aplicada quando o Estado
desempenha atividades econômicas com o fito de lucro, é exigida por pessoas jurídicas de direito público e
de direito privado, possui receita originária de direito privado (a qual é originada do próprio patrimônio do
Estado), a cobrança é proporcional ao uso e a rescisão é permitida.
Sobre a III: errada. Art. 9, § 3º: Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de
quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto,
implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso.
III) AUTORIZAÇÃO:
Trata-se de ato administrativo unilateral, precário e discricionário, no qual o Poder Público
consente que o particular realize determinada atividade. Sem licitação. Diferentemente do que
ocorre na concessão e na permissão, na autorização prepondera o interesse privado. A CF/88
embora não se reporte à “autorização” no seu art. 175, cita esse ato administrativo
unilateral ao dispor em seu art. 21 sobre a competência federal para explorar determinados
serviços públicos (incisos XI e XII).
Para CARVALHO FILHO, a CRFB, ao referir-se à delegação de serviços públicos, refere-se
apenas à concessão e permissão (art. 175).
Já CABM diz que a controvérsia existente entre os artigos 21, incisos XI e XII e o disposto
nos artigo 175, inciso I, todos da CRFB, deve considerar que a regra é a delegação do serviço
público por meio da concessão e permissão (artigo 175, inciso I) e a expressão autorização,
que aparece nos artigos 21 XI e XII do diploma constitucional, se subsume a duas hipóteses:
A) Uma que corresponde a hipóteses em que efetivamente há serviço de telecomunicação,
como o de radio amador ou de interligação de empresas por cabos de fibras ópticas, mas não
propriamente serviço público, mas serviço de interesse privado delas próprias. Para o autor, a
palavra autorização foi utilizada no sentido de polícia administrativa, que libera alguma
conduta privada propriamente dita, mas cujo exercício depende de manifestação
administrativa aquiescente para verificação se com ela não haverá gravames ao interesse
público. B) Outra, a de abranger casos em que efetivamente está em pauta um serviço
público, mas se trata de resolver emergencialmente uma dada situação, até a adoção dos
convenientes procedimentos por força dos quais se outorga a permissão ou concessão.
► OBSERVAÇÃO:
- Exemplo de atividade autorizada: o exemplo, tradicionalmente utilizado pela doutrina, é o serviço
de táxi, considerado atividade privada exercida sob o regime de autorização. Ocorre que a lei
12.587/2012, que instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana, classificou o serviço de táxi
como transporte público individual, caracterizando-o como serviço público, prestado sob o regime de
permissão (art. 4º, VIII, e 12, Lei 12.587/2012). Todavia, em relação ao transporte privado coletivo,
definido no art. 4º, VII, como “serviço de transporte de passageiros não aberto ao público para a
realização de viagens com características operacionais exclusivas para cada linha e demanda”, o
consentimento estatal se formaliza por autorização.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES -
Investigador) A autorização de serviço público pode ser considerada um
A - contrato administrativo por prazo determinado, sendo dispensada prévia licitação.
B - ato administrativo unilateral, vinculado e precário.
C - contrato administrativo por prazo indeterminado, precedido de licitação.
D - ato administrativo unilateral, discricionário e precário.
E - contrato administrativo precário por prazo indeterminado, sendo dispensada prévia licitação.
R: D.
No exercício de suas funções, a Administração Pública sujeita-se a controle por parte dos
Poderes Legislativo e Judiciário, além de exercer, ela mesma, o controle sobre os próprios
atos. Esse controle abrange não só os órgãos do Poder Executivo, incluindo a administração
direta e a indireta, mas também os dos demais Poderes, quando exerçam função tipicamente
administrativa; em outras palavras, abrange a Administração Pública considerada em sentido
amplo.
Controle Administrativo;
Controle Judicial;
O controle judicial é realizado pelo Poder Judiciário, mediante provocação de qualquer
interessado que esteja sofrendo lesão ou ameaça de lesão em virtude de conduta ou omissão
administrativa que o atinja direta ou indiretamente. Nestes casos, o controle será exercido
somente no que tange aos aspectos de legalidade (ou legitimidade) dos atos administrativos,
ainda que se trate de ato praticado no exercício da competência discricionária, haja vista a
impossibilidade de substituição do mérito administrativo pela opção do julgador (embora
doutrinadores modernos reconheçam que o magistrado pode sim adentrar no controle do
mérito administrativo).
► POSIÇÃO DO STF:
- Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas
dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas. Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de
compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do certame. (STF. Plenário.
RE 632853, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/4/15 - repercussão geral, Info 782)
OBS.: Um exemplo dessa exceção é o julgado da 2ª Turma do STJ (RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes,
20/4/17 - Info 603) no sentido de que grave erro no enunciado - reconhecido pela própria banca
examinadora - constitui flagrante ilegalidade apta a ensejar a nulidade da questão.
► OBSERVAÇÃO:
- Tendência de tentar controlar a crescente aceitação de análise quanto à definição de políticas públicas pelo
agente público administrador. Vejamos:
DECRETO Nº 9.830, DE 10 DE JUNHO DE 2019 (Regulamenta o disposto nos art. 20 ao art. 30 do Decreto-Lei
nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, que institui a Lei de Introdução às normas do Direito brasileiro):
Análise de regularidade da decisão
Art. 13. - A análise da regularidade da decisão não poderá substituir a atribuição do agente público, dos
órgãos ou das entidades da administração pública no exercício de suas atribuições e competências, inclusive
quanto à definição de políticas públicas.
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS Prova: FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Delegado de Polícia -
Bloco II) Levando em consideração os temas “Controle da Administração Pública” e “Responsabilidade Fiscal”,
assinale a alternativa correta.
A - O exercício do controle interno pela administração pública não inclui a revogação de atos administrativos.
B - A jurisprudência contemporânea acerca do controle de legalidade tem admitido, por parte do Poder Judiciário,
a invalidação de atos administrativos discricionários em decorrência da falta de conformação deles com os
princípios da administração pública, em especial, os da razoabilidade e da proporcionalidade.
C - O controle desempenhado pela Administração Direta sobre as entidades que integram a Administração Indireta
é uma manifestação da autotutela administrativa.
D - Os Tribunais de Contas, no exercício do controle externo, têm competência para julgar as contas dos Chefes do
Poder Executivo.
E - Nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000), é nulo de pleno direito o ato de que resulte
aumento da despesa com pessoal expedido nos noventa dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo
Poder.
R: B.
Sobre a ‘C’: errada. A supervisão ministerial é um meio de controle administrativo desempenhado pela
Administração Direta sobre as entidades que integram a Administração Indireta. É também designado como
controle finallístico ou tutela administrativa.
Sobre a ‘D’: errada. O Tribunal de Contas aprecia as contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo, mediante
parecer prévio. Nestes casos, não compete ao Tribunal de Contas efetivar o julgamento das contas, que será
realizado pelos membros do Poder Legislativo.
Sobre a ‘E’: errada. O erro da assertiva consiste na indicação do prazo. Nos termos do art. 21, parágrafo único, da
Lei de Responsabilidade Fiscal, "é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal
expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder".
Controle Legislativo;
O controle legislativo é aquele executado pelo Poder Legislativo diretamente - o chamado
controle parlamentar direto - ou mediante auxílio do Tribunal de Contas. Esse poder
manifesta a vontade popular e, como tal, não poderia deixar de fiscalizar e orientar a atuação
do administrador público.
I) Controle parlamentar direto pelo Poder Legislativo: o Poder Legislativo é, em teoria,
poder de maior representatividade popular e tem a reserva do exercício fundamental do poder
que lhe é conferido pelo povo, qual seja, a criação de leis. As leis, como atos próprios do
Poder Legislativo, já constituem, por si mesmas, o instrumento de maior controle da
Administração Pública. Isso porque o administrador público deve atuar dentro dos parâmetros
fixados pelo legislador, refletindo-se no próprio princípio da legalidade administrativa.
Entretanto, o controle pelo Poder Legislativo não se esgota na elaboração de leis. Ao
contrário, existem situações em que a CF/88 permite o controle legislativo concreto sobre atos
e atividades da Adm Pública. O fundamento desse controle é eminentemente constitucional e
é denominado de controle político do Poder Legislativo, como define IRENE PATRÍCIA
NOHARA, é a fiscalização a ele outorgada pela Constituição de decidir sobre alguns aspectos
fundamentais relativos à organização e à atuação do Poder Executivo (como também do
Poder Judiciário). Seu escopo, em última análise, é o de proteger os interesses superiores do
Estado e da coletividade.
II) Controle financeiro e orçamentário: executado com o auxílio do Tribunal de Contas. Ex.
1: O Tribunal de Contas da União e dos Estados emitem parecer favorável ou não às contas
do Presidente da República e Governador de Estado e as respectivas casas legislativas é que
julgam as contas do chefe do Poder Executivo federal e estadual. Com relação aos
Municípios, os Tribunais de Contas dos Estados ou do Município emitem um parecer prévio
que prevalece, salvo decisão de dois terços dos vereadores. Ex. 2: Caso o órgão ou entidade
não adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, o Tribunal de Contas
pode sustar o ato. Contudo, tratando-se de contrato, o ato de sustação será de competência do
Congresso Nacional que, caso não venha a tomar nenhuma providência no prazo de 90 dias,
devolve a competência para o Tribunal de Contas da União.
► OBSERVAÇÃO:
- Em suma, o controle legislativo é exercido pelo Poder Legislativo sobre os atos do Poder Executivo, das
entidades da administração indireta e, também, sobre os atos administrativos do Poder Judiciário. Esse controle
abrange o controle financeiro e o controle político. O I) controle financeiro refere-se à receita, à despesa, à gestão
dos recurso públicos. O II) controle político é feito sobre os outros Poderes, quanto aos atos administrativos,
abrangendo aspectos de mérito (conveniência e oportunidade) e legalidade. Há várias hipóteses de controle político
no texto constitucional, nas quais se inclui a aprovação da escolha dos Ministros do STJ por voto secreto (CF, art.
52, III, “a” c/c art. 104, § único).
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2013 Banca: UEPA Órgão: PC-PA Prova: UEPA - 2013 - PC-PA - Delegado de Polícia) Sobre
Controle e Responsabilização da Administração Pública, assinale a alternativa correta.
A - O controle externo da Administração é o controle exercido por órgãos alheios à Administração, como o
controle parlamentar direto, o controle pelo Tribunal de Contas e o controle judicial. O controle externo, a cargo
do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete apreciar,
para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
indireta, incluídas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões.
B - O controle externo da Administração pode ser exercido por meio das comissões parlamentares de inquérito,
que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas Casas, e serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato ou pessoas
determinadas e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para
que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
C - Do ato administrativo que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao
Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, determinará que a Administração anule seu próprio ato.
D - Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de
sentença judicial, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e os débitos de
natureza alimentícia decorrentes de indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil,
em virtude de sentença judicial transitada em julgado, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos,
admitindo exceções.
E - Compete ao Tribunal de Contas da União julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por
dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade qualquer, mesmo que não resulte prejuízo ao erário público.
R: D. CF, art. 100, § 2º - “Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de
idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma
da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado
em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo
que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.” (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Sobre a ‘A’: errada. Consoante dispõe o recorte abaixo da Constituição, ficam excluídas da apreciação do TCU as
nomeações para cargo em comissão.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União, ao qual compete:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as
nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e
pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório.
Sobre a ‘B’: errada. Segundo dispõe o §3º do art. 58 da CF, a CPI somente investiga fatos determinados, não
incluindo pessoas determinadas.
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais,
além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a
apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
Sobre a ‘C’: errada. Conforme segue recorte abaixo da Constituição Federal, quem anula é o próprio STF .
Art. 103 - A. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o
ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a
aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Sobre a ‘E’: errada. Consoante o inciso II do art. 71 da CF:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União, ao qual compete:
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público
federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário público.
Constituição de 1988. “Art. 37, § 6.º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado, prestadoras de serviços públicos, responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.” Ou seja, adotou-se no Brasil, ao menos para os atos comissivos , a
teoria do risco administrativo.
Dano indenizável. É pacífico na doutrina e na jurisprudência que o dano indenizável pode ser
o material ou o moral. Recentemente, a jurisprudência ainda vem reconhecendo também o
dano pela perda de uma chance: “o objeto da reparação é a perda da possibilidade de obter
um ganho como provável, sendo que há que se fazer a distinção entre o resultado perdido e a
possibilidade de consegui-lo.” (Resp n. 1.2544.141 – PR).
► POSIÇÃO DO STF:
- Lei estadual que preveja pensão para cônjuges de mortos por crimes hediondos é inconstitucional: É
inconstitucional lei estadual (distrital) que preveja o pagamento de pensão especial a ser concedida pelo Governo
do Estado (DF) em benefício dos cônjuges de pessoas vítimas de crimes hediondos, independentemente de o autor
do crime ser ou não agente do Estado. Tal lei amplia, de modo desmesurado (irrazoável), a responsabilidade civil
do Estado prevista no art. 37, §6º, da CF/88. (STF. Plenário. ADI 1358/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 4/2/15 - Info 773).
► QUESTÃO DE PROVA:
- (Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS Prova: FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Delegado de Polícia -
Bloco II) Uma equipe da Delegacia de Polícia de Roubos e Extorsões do Departamento Estadual de Investigações
Criminais da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, a bordo de uma viatura oficial devidamente
caracterizada, na rodovia BR 290, no sentido capital-litoral, realiza perseguição a um veículo tripulado por
criminosos que, instantes antes, praticaram um assalto a uma agência bancária, com emprego de explosivos. Ao
longo da perseguição, os policiais se veem obrigados a não parar na praça de pedágio, rompendo a respectiva
cancela, de propriedade de empresa concessionária de serviço público, como única forma de não perderem os
criminosos de vista. Graças a essa atitude, a equipe se manteve no encalço dos criminosos, logrando êxito em
prendê-los em flagrante. Relacionando o caso acima com a responsabilidade extracontratual do Estado, analise as
seguintes assertivas:
I. O Estado responderá objetivamente pelo prejuízo causado à empresa concessionária de serviço público.
II. A equipe de policiais civis não poderá ser responsabilizada em ação regressiva, porque não agiu com dolo ou
culpa, mas no estrito cumprimento do dever legal.
III. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal adota, como regra geral, a teoria do risco administrativo para
fundamentar a responsabilidade objetiva extracontratual do Estado.
Quais estão corretas?
A - Apenas I.
B - Apenas II.
C - Apenas I e II.
D - Apenas I e III.
E - I, II e III.
R: E.
Sobre a ‘II’: o agente público responde somente de forma subjetiva (após a análise de dolo ou culpa) perante o
Estado em ação de regresso. No caso em tela, os policiais civis não agiram com dolo ou culpa. Ressalte-se que,
segundo a jurisprudência do STJ, a Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados
por seus agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente da ilicitude penal (REsp
1266517/PR).
Responsabilidade do Estado por atos judiciais. Afirma-se que a atividade jurisdicional não
acarreta a responsabilidade civil do Estado, com exceção das hipóteses expressamente
previstas no ordenamento jurídico. Os argumentos frequentemente invocados para afastar a
responsabilidade do Estado por atos judiciais são: a) recorribilidade das decisões judiciais
e coisa julgada; b) atuação jurisdicional como emanação da soberania estatal; e c)
independência do magistrado.
Na forma do art. 5º, LXXV e LXXVIII, da CF/88, a responsabilização do Estado por atos
judiciais pode ocorrer nas seguintes hipóteses: I) Erro judiciário: O erro judiciário que
enseja a responsabilidade civil do Estado é o erro substancial e inescusável. Para a
responsabilização, além da comprovação do erro judiciário, exige-se a desconstituição da
coisa julgada (por meio de ação rescisória ou revisão criminal). A doutrina diverge se a
responsabilização restringe-se ao erro judiciário observado na seara penal ou se também se
faz possível na esfera cível. II) Prisão além do tempo fixado na sentença: A prisão além do
tempo fixado na sentença também ocasiona a responsabilidade civil do Estado. Todavia, é
preciso pontuar que o descumprimento do prazo prisional pode decorrer da má-prestação
jurisdicional (decorrendo efetivamente da atividade jurisdicional e configurando, em última
análise, espécie de erro judiciário, aplicando-se o art. 5º, LXXV, da CF/88) ou da atividade
prestada pelo Executivo no âmbito da administração penitenciária (e aí o fundamento da
responsabilização é o art. 37, § 6º, da CF/88). III) Demora na prestação jurisdicional: A
demora na prestação jurisdicional também pode ensejar a responsabilidade do Estado, ante a
violação do direito à razoável duração do processo, previsto no art. 5º, LXXVIII, da CF/88.
No entanto, é preciso destacar que, para a responsabilização do Estado, não basta o
descumprimento de um prazo processual pelo magistrado, fazendo-se necessária a
ocorrência de um dano desproporcional ao jurisdicionado, analisado no caso concreto.
► OBSERVAÇÃO:
- Prisão cautelar e posterior absolvição: a doutrina diverge sobre a possibilidade de
responsabilização do Estado na hipótese de o sujeito preso cautelarmente ser, ao final do processo,
absolvido. A jurisprudência tem se posicionado no sentido de que o simples fato de a pessoa ser
absolvida ao final NÃO acarreta a responsabilidade civil do Estado pela prisão cautelar se esta tiver
sido regularmente decretada.
- Responsabilização pessoal do magistrado: de acordo com o art. 143, do novo CPC, aventa-se a
possibilidade de responsabilidade pessoal dos magistrados, em ação regressiva, apenas nas seguintes
situações: a) dolo ou fraude; e b) recusa, omissão ou retardamento, sem justo motivo, de providência
que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.