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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

José Willian Bezerra Pereira

A IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO COMO BASE PARA O


CONTROLE EXECUTIVO E FINANCEIRO DE OBRA, PARA
O PLANEJAMENTO E TOMADA DE DECISÕES NAS
EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Guarulhos
2º Semestre 2010
José Willian Bezerra Pereira
A IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO COMO BASE PARA O
CONTROLE EXECUTIVO E FINANCEIRO DE OBRA, PARA O
PLANEJAMENTO E TOMADA DE DECISÕES NAS EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de conclusão de curso avaliado


na disciplina “Projeto Integrado de Final
de Curso II”, da grade curricular do
Curso de Engenharia Civil da
Universidade Guarulhos como requisito
para a obtenção do grau de Engenheiro
em Engenharia Civil

Orientador: Profº. Miguel Inácio da Silva

Guarulhos
2º Semestre 2010
.
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

A Banca Examinadora do Trabalho de Graduação Interdisciplinar - disciplina Projeto


Integrado de Final de Curso II, intitulado “A IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO COMO
BASE PARA O CONTROLE EXECUTIVO E FINANCEIRO DE OBRA, PARA O
PLANEJAMENTO E TOMADA DE DECISÕES NAS EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL”, apresentado pelo aluno JOSÉ WILLIAN BEZERRA PEREIRA
em sessão pública realizada em 07 de Dezembro de 2010, para a obtenção do grau de
Engenheiro do Curso de Engenharia Civil da Universidade Guarulhos, considerou o
candidato:

(___) APROVADO (___) REPROVADO


BANCA EXAMINADORA

1. Docente Orientador (a): Profº. Miguel Inácio da Silva

Assinatura: _________________________ Data: Guarulhos, 07 / 12/ 2010

2. Docente Avaliador (a): Profº Luiz Antonio Gonçalves Eugênio

Assinatura: _________________________ Data: Guarulhos, 07 / 12/ 2010

Guarulhos
2º Semestre 2010
Dedico este trabalho a minha esposa
Sirineide e ao meu filho Rayan, que me
apoiaram, estimularam e compreenderam
que minha falta de tempo era por um
objetivo maior, e me ajudaram na busca
desta importante conquista.
AGRADECIMENTOS

A empresa A.TONANNI, onde trabalho, que me deu a oportunidade de dar


esse importante passo em direção ao crescimento profissional.

A Universidade Guarulhos, instituição onde pude absorver conhecimento


científico, através de seu corpo docente.

Ao professor Miguel Inácio, meu orientador, que abriu mão de seu tempo em
meu favor e pela sua importante participação no desenvolvimento deste estudo.

A minha família, esposa e filho, pelo incentivo e compreensão.

Aos meus colegas de turma, pela troca de informações tão importantes, que
contribuíram para absorção do conhecimento.

A todos que contribuíram de alguma forma, direta ou indiretamente, para a


realização deste estudo.
“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre,
não se assenta primeiro a fazer as contas dos
gastos, para ver se tem com que a acabar?”

Jesus Cristo (evangelho segundo Lucas 14,28)


RESUMO

O mercado da construção civil está em franca expansão, fenômeno motivado


em parte, por ações governamentais, melhoria de renda das famílias e eventos
esportivos, tais como: Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Programa
Minha Casa Minha Vida, Copa do Mundo de Futebol FIFA em 2014 e as Olimpíadas
em 2016. Neste mercado de alta competição as empresas têm buscado cada vez
mais aprimorar os processos construtivos, tornando os empreendimentos mais
complexos de serem orçados, o que demanda orçamentos melhor detalhados e
precisos. Como resultado desse maior detalhamento e precisão nos orçamentos
tem-se uma base mais eficiente para o controle executivo e financeiro, bem como
para o planejamento e as tomadas de decisões nas obras de construção civil.
Sendo o orçamento uma antecipação e/ou previsão de atos e fatos que
acontecerão no futuro, portanto, uma previsão de quantidades de insumos (material,
mão de obra e equipamentos) e de valores a serem aplicados no empreendimento,
torna-o sem dúvida uma importante ferramenta imprescindível para o planejamento
e controle executivo e financeiro de obras e ainda fundamental para que
engenheiros e executivos do ramo da construção civil passam tomar, com mais
clareza e precisão, suas decisões de curto, médio e longo prazo.

Palavras Chaves: Planejamento – Orçamento - Decisão.


ABSTRACT

The construction market is booming, a phenomenon driven in part by


government actions, improvement of family income and sporting events such as the
Growth Acceleration Program (CAP) Program My Home My Life, World Cup FIFA
Soccer 2014 and the Olympics in 2016. In this highly competitive market, companies
have increasingly sought to improve the construction processes, making enterprises
more complex they are budgeted, which demands more detailed and accurate
budgets. As a result of greater detail and accuracy in the budgets have been a more
efficient basis for executive control and finance, as well as for planning and decision
making in construction works.
As the budget is an anticipated and / or prediction of acts and events that
happen in the future, therefore, an estimate of quantities of inputs (materials, labor
and equipment) and other assets to be invested in the venture, it certainly makes a
important essential tool for planning and executive control and financial books and
even essential for engineers and executives in the building industry are taking, with
more clarity and precision, making its short, medium and long term.

Word – key: Planning - Budget - Decision


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Fluxograma de orçamento 23

Figura 2 Modelo de interligação dos setores da empresa para formação de um


banco de dados 59

Figura 3 Exemplo de criação de uma banco de dados consistente 60

Figura 4 Representação simples de Rede PERT 65


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Planilha orçamentária 38

Tabela 2 Taxa de Leis e Encargos Sociais 48

Tabela 3 Tabela modelo de custo horário de equipamento 49

Tabela 4 Exemplo 01 de composição de custo unitário 50

Tabela 5 Exemplo 02 de composição de custo unitário 50

Tabela 6 Modelo de cronograma físico 62

Tabela 7 Modelo de cronograma físico-financeiro 63

Tabela 8 Modelo de cronograma físico e as inter-relações entre as atividades


64

Tabela 9 Modelo de relatório de curva ABC 67


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

2 OBJETIVO 13

3 JUSTIFICATIVA 14

4 ORÇAMENTO 15
4.1 Definição de orçamento 15
4.2 Importância do orçamento 15
4.3 Responsabilidade do orçamentista 16
4.3.1 Característica do Profissional 19
4.4 Fatores que influenciam no processo de orçamentação 20
4.5 Tipos de orçamento 22
4.6 Metodologia para elaboração de orçamento 23

5 ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO 24
5.1 Orçamento por estimativa 24
5.1.1 Cálculo simplificado 24
5.1.2 Orçamento estimativo 26
5.2 Orçamento detalhado ou analítico 36
5.2.1 Planilha orçamentária 37
5.2.2 Critérios de levantamento e medições 39
5.3 Formação do preço de venda 46
5.3.1 Custos diretos 46
5.3.1.1 Composição de custo unitário 46
5.3.1.2 Custo de infra-estrutura (administração local) 51
5.3.2 Cálculo do BDI 52
5.3.2.1 Despesas ou custos indiretos 52
5.3.2.2 Fatores que influenciam e podem modificar a composição da
taxa do BDI 57

6 PLANEJAMENTO 58
6.1 Conceito do planejamento 58
6.2 Vantagens do planejamento 58
6.3 A tecnologia em auxílio ao planejamento 58
6.4 A importância do orçamento no planejamento 61
6.5 Relatórios auxiliares do planejamento 61
6.5.1 Cronograma físico 61
6.5.2 Cronograma físico-financeiro 63
6.5.3 PERT/CPM 64
6.5.4 Curva ABC 66

7 CONCLUSÃO 69

8 BIBLIOGRAFIA 70
12

1. INTRODUÇÃO

O mercado da construção civil no Brasil nesse início de século está em franca


expansão. Há investimentos públicos e privados em grande escala motivados pelo
PAC - Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal, pelo Programa
Minha Casa Minha Vida, pelo advento da COPA em 2014 e as Olimpíadas em 2016,
além da melhora no nível de renda das famílias.
Os efeitos da globalização, a velocidade de informações, mudanças e crises
políticas e econômicas, a tendência de projetos com preocupação em
desenvolvimento, sustentabilidade e integração ao meio ambiente, as novas
tecnologias executivas e novos materiais, e ainda tendo o Brasil como destaque, por
gerar expectativa de um ciclo duradouro de crescimento, tem forçado empresários e
governos a reverem suas políticas de gestão para se adequarem a essa nova
realidade.
Todas essas mudanças aumentam a necessidade de orçamentos mais bem
detalhados e precisos, na medida em que também, os empreendimentos tornam-se
maiores e mais complexos de serem orçados.
O orçamento permite que as empresas conheçam o montante de capital para
arcarem com seus compromissos futuros, planejarem as entradas e saídas diárias,
mensais e/ou anuais e alocarem seus recursos dentro de um cronograma físico e
financeiro adequado. Sua realização evita situações desagradáveis que causam a
paralisação temporária e até inviabilidade definitiva da execução do projeto, como:
insuficiência de verbas, cortes no crédito junto a instituições financeiras, suspensão
da entrega de materiais na obra, problemas com pagamento a empreiteiros, atraso
na entrega da obra, etc.
Desta forma, a elaboração de um orçamento não se limita a calcular custos
de materiais e mão de obra, fazendo-se necessário desenvolver uma série de
tarefas sucessivas e ordenadas. A falta de orçamento suficientemente detalhado e
preciso, podem causar dificuldades financeiras e conseqüentemente problemas na
execução da obra, sendo certo que erro no orçamento poderá levar os responsáveis
pela gestão da empresa a tomarem decisões equivocadas podendo inviabilizar a
execução do projeto.
13

2. OBJETIVO

Todo o empreendedor antes investir em qualquer empreendimento, deseja


primeiro conhecer qual o seu custo. Com essa informação, primeiro ele saberá se
tem condições financeiras de encarar a empreitada, depois se há viabilidade do
empreendimento.
Com a globalização da economia, as empresas tem trabalhado com margens
de lucro cada vez menores, ao passo que a concorrência tem sido cada vez mais
acirrada e crescente. Dentro desse ambiente, garantir que os recursos disponíveis
sejam suficientes para chegar até a conclusão da obra não tem sido fácil.
Nesse passo, é objetivo deste trabalho demonstrar de forma acadêmica que,
para o sucesso do empreendimento é fundamental o seu planejamento através do
estudo de viabilidade econômica, advindo do orçamento, e dos cronogramas
resultante dele, para que sejam confiáveis e sirvam de parâmetro para o
acompanhamento e controle físico e financeiro e as tomadas de decisões nas
empresas de construção civil.
14

3. JUSTIFICATIVA

As constantes mudanças das conjunturas econômicas e políticas, a tendência


por redução de prazos executivos e o aumento de obras e serviços em projeto,
implantação e /ou em execução, torna-se obrigatório um melhor planejamento e
controle dos gestores do empreendimento como um todo.
Em entrevista a revista Construção e Mercado1, o gerente de orçamento da
empresa Sinco Construtora, Luis Fernando Ferreira de Castilho, observou que “No
final do mês, são os profissionais de obra que fazem a medição e fica parecendo
que o faturamento das empresas ‘entra’ somente por meio do trabalho deles”. É um
pensamento comum de que os “engenheiros de obra” que executam os serviços
fazem a medições e trazem o dinheiro para as empresas. Por este motivo, não raro,
fazem um comparativo equivocado de quanto gastou para executar os serviços e
quanto recebeu por sua execução (medição). Esquecem com isso todos os custos
administrativos da obra e da própria estrutura da empresa, que os custos de
faturamento (emissão da nota fiscal) geram impostos, por exemplo, dando a falsa
impressão de um lucro elevado, quando na verdade poderá estar-se obtendo
prejuízo.
Por esse motivo, o profissional que executa obras precisa ter um
conhecimento, suficiente do que envolve o custo de obra e/ou de um serviço. Do que
está embutido dentro do preço unitário de todos os itens (serviços) que compõem a
planilha orçamentária. Do que se tratam custos diretos e indiretos, quais são as
incidências de impostos, taxas, seguros de responsabilidade civil (e outros),
despesas financeiras, grau de risco, etc.
Um instrumento gerencial adequado é aquele que permite apoiar o processo
decisório da organização. Sem ferramentas de controle, as atitudes administrativas
são tomadas de modo empírico, o que muitas vezes não se traduz em resultados
satisfatório (FREZATTI, 1997 apud SILVANO et al., 2008). Neste contexto, o
orçamento não se traduz apenas na elaboração de custos e determinação de preço
de venda, mas também na otimização de recursos dentro da atividade em que se
aplica, de forma a alcançar um melhor desempenho. Considerando que este melhor
aproveitamento poderá lhe trazer ganhos em competitividade.
1CICHINELLI, Giseli. O Futuro dos Orçamentistas. Revista Construção e Mercado. Março de 2010,
pág. 6-9.
15

4. ORÇAMENTO

4.1. Definição de orçamento

O orçamento é a determinação do custo de um empreendimento antes de sua


realização. Também poderá ser denominado previsão de custo. Na língua espanhola
orçamento é designado por “pressupuesto” ou “pressuposto”, que significa previsão,
neste caso (GIAMUSSO, 1991).
Na engenharia de um modo simplista, pode se dizer que orçamento é o
levantamento de custos para executar uma obra ou empreendimento. Quanto mais
detalhado for o orçamento, mais ele se aproxima do custo real (SAMPAIO, M., s/d).
Destarte, podemos resumir que orçamento é uma antecipação e/ou previsão
de atos e fatos que acontecerão no futuro, relativos à quantidades de insumos
(material, mão de obra e equipamentos) e de valores a serem empregados em obras
ou serviços.

4.2. Importância do orçamento

O orçamento, seja na construção civil ou em qualquer outro setor da


economia, tem por objetivo determinar o custo ou preço de um determinado bem ou
serviço. Assim, faz-se sempre necessário fazer um orçamento. Saber o quanto custa
ou custará uma obra, por exemplo, permite ao proprietário ou investidor, saber se
terá recursos financeiros para realizá-la.
Querendo ainda demonstrar a importância do orçamento como medida de
prudência e precaução financeira, o autor Giamusso (1991) cita uma passagem
bíblica, o evangelho de São Lucas (capítulo 14, versículo 28): “Quem de vós,
querendo fazer uma construção (em alguns textos ‘edificar uma torre’), antes não se
senta para calcular gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-
la”.
O orçamento na construção civil tem grande importância do ponto de vista
financeiro. Por uma questão óbvia, para se adquirir qualquer insumo e ou serviço
para execução de um empreendimento, é necessário ter um capital (dinheiro), ou
16

seja, precisam dos recursos financeiros para se pagar os recursos materiais, mão de
obra e equipamentos, etc.
Em geral, na elaboração do orçamento, não há previsão de sobra de capital.
Os empresários, por sua vez, fazem suas reservas financeiras para aportar em um
empreendimento, quer seja capital próprio ou de financiamento, apenas com o
necessário para compromisso assumido.
Isso porque, do ponto de vista econômico, em casos de sobra ou falta de
recursos sempre há prejuízo. Caso haja sobre de capital, essa sobra poderia ter sido
investida em outro empreendimento ou outro tipo de investimento que daria um
retorno maior. No caso de falta de recurso, a empresa poderá ter de recorrer à
terceiros para financiar o restante da obra, reduzindo ou anulando sua margem de
lucro, sem contar os problemas com atraso da obra e até possível perda da
qualidade.

4.3. Responsabilidade do orçamentista

Não há como se falar na importância do orçamento, sem antes pensar na


importância do orçamentista na sua elaboração e, principalmente, nas
responsabilidades deste profissional.
O engenheiro Tisaka (2006), discorre sobre a responsabilidade do
orçamentista perante a legislação brasileira, cuja a íntegra se encontra abaixo
descrita.
“De acordo com os Arts. 7º, 8º, 13º, 14º e 15º da Lei Federal nº 5.194/66, o
ORÇAMENTO ESTIMATIVO do órgão que acompanha o edital de licitação, previsto
na alínea II §2º do item XVII do Art. nº 40 da Lei nº 8.666/ 93 (Lei ), deverá ter a sua
autoria devidamente identificada no documento, com o nome completo do
orçamentista, profissão de engenheiro civil ou arquiteto e o número de Registro no
CREA.

A Lei Federal nº 5.194, de 24.12.66, estabelece o seguinte:

‘Art. 7 - As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do


arquiteto e do engenheiro agrônomo consistem em:
17

a) desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais,


paraestatais, autárquicas, de economia mista e privada.’

‘Art. 8 - As atividades e atribuições enunciadas nas alíneas 'a', 'b', 'c', do


artigo anterior são da competência de pessoas físicas, para tanto legalmente
habilitadas.’

‘Art. 12 - Na União, nos Estados e nos Municípios, nas entidades autárquicas,


paraestatais e de economia mista, os cargos e funções que exijam
conhecimentos de Engenharia, Arquitetura e de Agronomia, relacionados
conforme o disposto na alínea "g" do Art. 27, somente poderão ser exercidos por
profissionais habilitados de acordo com esta Lei.’

‘Art. 13 - Os estudos, plantas, projetos, laudos e qualquer outro trabalho de


engenharia, de arquitetura e de agronomia, quer público, quer particular, somente
poderão ser submetidos ao julgamento das autoridades competentes e só terão
valor jurídico quando seus autores forem profissionais habilitados de acordo
com a lei.’

‘Art. 14 - Nos trabalhos gráficos, especificações, orçamentos, pareceres,


laudos e atos judiciais ou administrativos, é obrigatória, além da assinatura,
precedida do nome da empresa, sociedade, instituição ou firma a que
interessarem, a menção explícita do título do profissional que os subscreve e o
número da carteira referida no art. 56.’

A falta dessa identificação poderá ensejar um Auto de Infração contra a


empresa ou órgão licitante por parte da fiscalização do CREA ou até anulação da
licitação por descumprimento dos dispositivos legais.

‘Art. 15 - São nulos de pleno direito os contratos referentes a qualquer


ramo da engenharia, arquitetura ou da agronomia, inclusive a elaboração de
projeto, direção ou execução de obras, quando firmados por entidade pública ou
particular com pessoa física ou jurídica não legalmente habilitada a praticar a
atividade nos termos desta lei.’
18

Pelos Artigos 1º ao 14º da Resolução nº 425 de 18/12/98 do CONFEA,


combinada com o Parágrafo 1 º dos Arts. 2º e 4º da Lei nº 6.496/77, é obrigatório o
recolhimento de ART - Anotação de Responsabilidade Técnica pela execução do
orçamento e pelo ocupante de cargo e função de orçamentista, ficando sujeito
às penalidades da lei pelo seu não cumprimento.

LEI Nº 6.496/77

‘Art. 2o - A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo


empreendimento de engenharia, arquitetura e agronomia.’

‘§ 1º A ART será efetuada pelo profissional ou pela empresa no Conselho


Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), de acordo com
Resolução própria do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(CONFEA).'

‘Art. 3o - A falta de ART sujeitará o profissional ou a empresa à multa prevista


na alínea 'a' do Art. 73 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e demais
cominações legais.’

O autor do orçamento deverá recolher ART - Anotação de


Responsabilidade Técnica, específico para cada obra objeto da licitação,
atestando a sua autoria.
Além disso, o órgão contratante deverá recolher ART - Anotação de
Responsabilidade Técnica de Cargo e Função do seu orçamentista, sob pena
de autuação pela fiscalização do CREA.

RESOLUÇÃO nº 425 de 18 de dezembro de 1998 do CONFEA

‘Art. 6º - O desempenho de cargo ou função técnica, seja por nomeação,


ocupação ou contrato de trabalho – tanto em entidade pública ou privada -, obriga
a Anotação de Responsabilidade Técnica, no CREA, em cuja jurisdição for
exercida a atividade. ’
19

À omissão injustificada e deliberada de custos que venham a causar prejuízos


à contratada ou ao colega engenheiro ou arquiteto, o profissional responsável pela
elaboração do orçamento poderá ser enquadrado na Resolução nº 1.002/02, que
regulamentou o Código de Ética Profissional.”

4.3.1. Características do profissional

A profissão de Orçamentista tem passado por um processo de valorização e


mudanças que tem, sobretudo, lançado novos desafios e demandado um novo perfil
do profissional da área.
Além de conhecimento de obras e experiência em canteiro, e as já difundidas
outras características inerentes a quase todas as profissões como, dinamismo,
senso crítico e capacidade de trabalhar sob pressão, as empresas tem demandado
outros pré-requisitos aos profissionais do orçamento tais como:

 Capacidade analítica;
 Conhecimento na lei de licitação, e em editais de licitação pública;
 Conhecimento do que é e de como criar tabela de Composição de Custos
Unitários de Serviços e Planos de Contas (Descritivo do Orçamento);
 Conhecimento, ou facilidade de absorvê-los, em sistemas informatizados de
orçamentos, planejamento e gestão;
 Conhecimento em softwares como Excel, Power Point e AutoCad;
 Noção de elaboração e apresentação de propostas de preços.

Em entrevista a revista Construção e Mercado2, o Engº. Pedrinho Goldman,


diretor da Perkman Engenharia, acredita que apesar de haver uma
valorização nos processos de orçamentos, de um modo geral a valorização do
orçamentista ainda é incipiente.
Essa falta de reconhecimento do profissional se reflete nos salários
pagos. Mesmo com a carga de pressão redobrada sobre o orçamentista,
ainda são menos valorizados que os profissionais de canteiro.

2CICHINELLI, Giseli. O Futuro dos Orçamentistas. Revista Construção e Mercado. Março de 2010,
pág. 6-9.
20

Contudo há um movimento gradativo no mercado da construção civil de


reconhecimento do papel do orçamento, que está deixando de ser apenas
uma estimativa de custos e meta a alcançar para se tornar uma importante e
eficiente ferramenta de gestão.

4.4. Fatores que influênciam no processo de orçamentação

Para elaboração do orçamento faz-se necessário ter conhecimento prévio de


alguns fatores que influenciam diretamente no resultado do custo final do
empreendimento. Estes fatores, em regra geral, deverão estar definidos em projeto
arquitetônico, nas especificações técnicas e de acabamento, e ainda em projetos
complementares (estrutura, instalações elétricas, instalações hidráulicas, fundações,
etc.).
Mas não são só essas questões que influenciam no processo de
orçamentação. O tipo de contratação é um fator que vai definir o tipo de
recebimento, por exemplo, na contratação por Empreitada Por Preço Unitário, o
recebimento é definido pela quantidade executada em cada item de serviços ou
etapa de trabalho, Já na contratação por Empreitada Por Preço Global, o
recebimento ocorre através de parcelas ajustadas em data ou etapas estabelecidas
no contrato.
Antes de iniciar um orçamento é necessário tem em mente qual a sua
finalidade. Uma análise crítica deverá determinar o tipo de orçamento a ser
executado e qual a metodologia a ser aplicada no orçamento.
É necessário também identificar se o orçamento será feito para particulares
ou para órgão público.
Há uma diferença no tratamento em razão de se ter maior flexibilidade e
liberdade de negociação, quando o orçamento é feito para particular. Neste caso, o
predominante poderá ser o relacionamento entre contratante e contratado, a
experiência profissional do eventual contratado, além, claro, do preço aceitável pelas
partes.
Já no caso de orçamento para órgão público, há uma regra geral inerentes a
todas as contratações em todos os níveis de governos, onde se é obrigado a seguir
21

a Lei Federal de Licitações nº 8.666/933. Pela lei não há flexibilidade nem liberdade
de negociação, uma vez apresentada a proposta de preços, não poderá haver
alegações de erros ou arrependimentos, sob o risco de sofrer pesadas multas e o
impedimento de participar de outras licitações por um período de até 05 (cinco)
anos.
É preciso conhecer também, alguns critérios para definição do que é custo
direto e indireto, leis sociais e encargos da mão de obra e BDI.
De acordo Tisaka (2006), pela atual legislação contábil e trabalhista, os
encargos como refeições, transporte, EPI, incluindo uniformes, ferramentas manuais
necessários para o exercício de sua atividade, seguro de vida em grupo, diretamente
relacionados com a mão-de-obra, devem ser calculados e acrescidos às Leis Sociais
como Encargos Complementares de Mão-de-Obra.
Lembra ainda que, todos os custos que compõem a infra-estrutura da obra
como a Instalação do Canteiro de Obra, custos da Administração Local, Mobilização
e Desmobilização, etc., devem compor os Custos Diretos, e não o BDI.
O BDI – Benefícios (ou Bônus) e Despesas Indiretas, uma das partes mais
importantes do orçamento, pois é onde se aloca a remuneração do profissional ou
da empresa, deverá conter todos os itens relativos aos Custos Indiretos da
administração central, eventuais taxas de riscos do empreendimento pela falta de
uma definição clara do projeto, custos financeiros do capital de giro, todos os tributos
federais e municipais, custos de comercialização e a pretensão ou previsão de lucro.
A elaboração do orçamento deve refletir fielmente todos os serviços e/ou
materiais a serem aplicados na obra de acordo com o projeto básico e
complementares referentes a obra ou serviço a ser executado. Ele deve ser
elaborado a partir do levantamento dos quantitativos físicos do projeto e da
composição dos custos unitários de cada serviço, obedecidas rigorosamente as Leis
Sociais e Encargos Trabalhistas e todos os demais Custos Diretos, sendo estes
devidamente planilhados.

3 Lei de Licitações 8.666/93: Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e
locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da Administração direta, os
fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.
22

4.5. Tipos de orçamentos

Existem vários tipos de orçamento, e o padrão escolhido depende da


finalidade da estimativa e da disponibilidade de dados. Os orçamentos para de
viabilidade do empreendimento podem ser iniciados ainda com o projeto
arquitetônico em fase de anteprojeto, mesmo com as especificações técnicas e de
acabamentos totalmente indefinidas e, ainda com os projetos complementares
(estrutura, instalações especiais) por fazer. Assim, dependendo das fases de
elaboração de um projeto – estudo preliminar, anteprojeto e projeto executivo – o
orçamento pode ter as seguintes terminologias:

 Avaliação: avaliação de custo com base na área de construção, no padrão de


acabamento, no custo unitário de uma obra semelhante ou no CUB 4. Margem de
erro de 20% a 30% (MUTTI, 2006 apud BELTRAME, 2008).

 Estimativa de Custo: avaliação de custo feita através de estimativa de


quantidades de materiais e serviços, com aplicação de porcentagens estimativas ou
correlações, efetuada na etapa de estudo preliminar (SAMPAIO, s/d). Margem de
erro de 15% a 20% (MUTTI, 2006 apud BELTRAME, 2008).

 Orçamento Preliminar: avaliação de custos obtida com o levantamento de


estimativas das quantidades de materiais e serviços, com pesquisas de preços
médios, na etapa de anteprojeto (SAMPAIO, s/d). Margem de erro de 10% a 15%
(MUTTI, 2006 apud BELTRAME, 2008).

 Orçamento detalhado: avaliação do custo obtida através de levantamento de


quantidades de materiais e de serviços e da composição de preços unitários,
efetuada na etapa de projeto executivo (SAMPAIO, s/d). Margem de erro 5% a 10%
(MUTTI, 2006 apud BELTRAME, 2008).

 Orçamento Analítico: igual ao orçamento detalhado, juntamente com o


planejamento da obra. Margem de erro 1% a 5% (MUTTI, 2006 apud BELTRAME,
2008).

4CUB – Custo Unitário Básico – Índice que reflete a variação mensal dos custos de materiais e mão
de obra, publicado mensalmente pelos Sindicatos da Construção Civil (SINDUSCON’s) de cada
Estado, atendendo os métodos da NBR 12.721/99 da ABNT.
23

4.6. Metodologia para elaboração de orçamento

A metodologia para elaboração de um orçamento precisa ser bem definida,


afinal é a fase em que se determinam os grupos de atividades afins, chamados
também de etapas ou fases construtivas.
Estando bem definida, a metodologia para elaboração de orçamentos é o
caminho para o planejamento executivo, uma vez que podemos dividir o
empreendimento em atividades do qual denominamos fases e etapas.
Cada etapa ou fase é subdividida em serviços. Os serviços, por sua vez, são
compostos de insumos (mão de obra, materiais e equipamentos), a partir do qual os
custos ou preços unitários são calculados.
O valor obtido através dos serviços executados são chamados de custos
diretos, que devem ser acrescidos dos custos indiretos e do lucro (também chamado
de BDI). O resultado é o preço de venda ou comercialização do empreendimento,
construção ou obra.
O fluxograma da fig. 1 ilustra as atividades no orçamento.

Figura 1: Fluxograma de um orçamento


Fonte: Giamusso, 1991, p. 18.
24

5. ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO

5.1. Orçamento por estimativa

Entre os objetivos deste trabalho está o de demonstrar a importância do


orçamento nas tomadas de decisão das empresas de construção civil.
Muitas empresas, para estudo de viabilidade, ou mesmo com o intuito de
conseguir financiamentos públicos (Caixa Econômica Federal, BNDES, etc,),
necessitam de um orçamento estimativo, como alternativa para que o empresário
construtor e parceiro financiador não fique desprovido de informação.
O orçamento por estimativa não dispõe dos aspectos de ordem técnica por
ainda não estarem definidos, uma vez que o mesmo se encontra ainda na fase de
anteprojeto. A falta de elementos técnicos trás um certo de grau de incerteza que
deve ser considerada no estudo de viabilidade do empreendimento.
Entre as várias alternativas viáveis do orçamento por estimativa para o cálculo
do custo da construção, citemos duas formas possíveis para se obtê-la extraídas do
livro de Goldman (2004):

 Cálculo Simplificado: obtido pelo custo unitário do metro quadrado da


construção;

 Cálculo Estimativo: considera os principais serviços da construção, calculando


seus custos de maneira rápida e simplificada.

5.1.1. Cálculo Simplificado

Trata-se de um orçamento estimativo, obtido através da multiplicação de dois


fatores:

1.º) área equivalente de construção: É a somatória das áreas equivalentes de


todos os pavimentos da construção.
A Norma Brasileira, NBR 12721 (Avaliação de custos unitários e preparo de
orçamento de construção para incorporação de edifício em condomínio), antiga NB
25

140, estabelece critérios para o cálculo de transformação de áreas reais de padrões


diferentes em áreas equivalentes correspondentes a um mesmo padrão.

2.º) Custo unitário do metro quadrado de construção: É o custo unitário obtido


de revistas técnicas, sindicatos da construção e empresas de consultoria, que
fornecem mensalmente o custo por metro quadrado de área equivalente de
construção para os diversos casos de edificação, inclusive para os variados padrões
de especificação. De acordo com o disposto no item 4.2.3.4 da NBR 12721, até o
dia 5 de cada mês os Sindicatos Estaduais de Construção Civil divulgam os valores
dos Custos Unitários Básicos (CUB), correspondentes aos diversos projetos-padrão.
O presente trabalho escolheu para estudo de caso de orçamento por
estimativa um empreendimento residencial no padrão R8-N, conforme Tabela 1 do
8.2 da NBR 12721.

O empreendimento é composto de:

a) Composição do edifício:

Garagem, pilotis e oito pavimentos tipo.

b) Descrição dos pavimentos:

 Garagem;
 Escada, elevadores, sessenta e quatro vagas de garagem cobertas, cômodo
de lixo depósito e instalação sanitária;
 Pilotis;
 Escada, elevadores, hall de entrada, salão de festas, copa, dois banheiros,
central de gás e guarita.

c) Pavimento tipo:

Hall de circulação, escada, elevadores e quatro apartamentos por andar com


três dormitórios, sendo um suíte, sala estar / jantar, banheiro social, cozinha e área
de serviço com banheiro e varanda.
26

d) Área Real: 5.998,73 m2

A edificação apresenta uma área real total de 5.998,73 m2 e uma área


equivalente de construção correspondente a 4.799,49 m2, e tem um total de 32
unidades residenciais.

Estimando-se o custo por metro quadrado de área equivalente de construção


para o padrão correspondente a este empreendimento, conforme CUB publicado
pelo Sindicato da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP) em setembro/2010,
com o valor de R$ 904,63/m2 (novecentos e quatro reais e sessenta e três centavos
por metro quadrado), foi calculado o valor do custo da construção desta edificação:

1º) Área Equivalente de construção: 4.799,49 m2

2º) Custo por metro quadrado de construção: R$ 904,63/m2

a) Custo da construção total: 4.799,49 m2 x R$ 904,63/m2 = R$ 4.341.762,64

b) Custo médio por apartamento: R$ 4.341.762,64 / 32 apartamentos = R$


135,680,08 por apartamento

5.1.2. Orçamento Estimativo

Consideram-se os principais serviços de construção, calculando-se seus


custos de maneira simplificada e rápida. Neste caso, faz-se necessário um arquivo
com valores unitários e atuais, a fim de que os cálculos unitários não sejam
trabalhosos. Os valores podem ser retirados de banco de dados da própria
construtora ou de publicações reconhecidas no mercado.
Para o presente estudo de caso, foi seguido o exemplo do livro de Goldman
(2004), do qual descrevo na integra.

Obtenção do orçamento estimativo:

1 – Projetos
27

O cálculo deste é obtido através da multiplicação da área real total da


construção pelo custo por metro quadrado dos projetos.

2 – Instalação da obra

O cálculo estimado do custo deste item é obtido através da área total do


terreno multiplicada pelo custo unitário desta mesma área.

3 – Serviços gerais

O valor estimado do custo de serviços gerais é obtido através do custo


unitário mensal do item pelo prazo total da obra.

4 – Trabalhos em terra

Pode ser estimado com base numa estimativa em volume de escavação


mecânica multiplicada pelo preço unitário do metro cúbico de escavação.

5 – Fundação

O custo estimado deste item é obtido através do custo unitário de concreto


armado multiplicado pelo volume estimado de concreto para fundação.

6 – Estrutura

O custo em estrutura é obtido da multiplicação do custo unitário do metro


cúbico de concreto pelo valor estimativo do volume total da estrutura.

7 – Instalações
O valor estimado deste item é obtido pela multiplicação do número de
unidades existentes em projeto pelo valor unitário de instalações (material e mão-de-
obra) correspondente à unidade. Caso haja elevadores, pode-se calcular o custo
unitário da parada de elevador multiplicado pelo número de paradas existentes.
28

8 – Alvenaria

O valor estimativo de alvenaria pode ser feito através da multiplicação do


custo unitário de alvenaria pelo quantitativo estimado.

9 – Cobertura

O cálculo do custo da cobertura é feito através do custo unitário do serviço


multiplicado pela quantidade estimada.

10 – Tratamentos

O cálculo estimado para a obtenção dos custos de tratamentos se faz através


da multiplicação do custo unitário do serviço pela quantidade estimada.

11 – Esquadrias

O valor das esquadrias é obtido através das estimativas de quantidades


multiplicadas por seus respectivos custos unitários.

12 – Revestimentos

O cálculo deste item é feito através de estimativas de quantidades


multiplicadas por seus respectivos custos unitários. Outra alternativa é a de ser
comparada a custos de outros serviços, levando-se em conta a proporção de custos,
como por exemplo, as esquadrias.

13 – Pavimentação

O custo deste item é obtido através da estimativa de quantidades


multiplicadas pelos correspondentes custos unitários.

14 – Rodapé, soleira e peitoril


29

Uma alternativa para estimativa deste item é através da avaliação de um


percentual de custos em relação a outros serviços, por exemplo, pavimentação.

15 – Ferragens

Pode-se calcular o custo deste item pela multiplicação do número de


unidades do empreendimento pelo seu custo unitário.

16 – Pintura

Calcula-se o valor estimativo da pintura, multiplicando-se o preço por unidade


do serviço pelo total de unidades do empreendimento.

17 – Vidros

Multiplicando-se a quantidade total de vidros pelos custos unitários


correspondentes, obtemos, portanto, o seu custo estimado.

18 – Aparelhos

O custo pode ser obtido pela multiplicação do custo de aparelhos por


apartamento pelo número de unidades do empreendimento.

19 – Complementação

Em função do padrão da obra estima-se uma verba para as despesas com


complementação da obra.

20 – Limpeza

Para a avaliação deste serviço multiplica-se o número de unidades do


empreendimento pelo custo de limpeza por apartamento.

21 – Remuneração da construtora
30

Quando não fornecido, o percentual de remuneração em relação ao custo da


construção é estimado em função da área da obra, do porte da construtora e do
volume de dinheiro envolvido.

Exemplo:

Seja um prédio com as seguintes áreas reais:

a) Térreo – 500 m2;


b) Pilotis – 300 m2;
c) 1.º ao 5.º tipo – 250 m2 (três apartamentos com sala e dois quartos por
andar);
d) Telhado – 250 m2.

Considerando ainda:

1– O item Projetos custa R$ 18,00/m2 de área real;


2– O item instalações da obra custa R$ 60,00/m2 de área do terreno;
3– O prazo da obra é de 20 meses e o custo de Serviços Gerais é de
R$11.000,00/mês;
4– A Escavação Mecânica (trabalhos em terra) será executada até 1,50 metros
de profundidade do nível do terreno, em 80% de sua área;
5– O volume da fundação direta é de 25% da área do terreno;
6– A laje média da estrutura é 0,18. O total da área estrutural é de 1.800,00 m2;
7– O custo dos materiais e da mão-de-obra de instalações é de
R$15.000,00/apartamento. O prédio tem 14 paradas de elevadores;
8– O projeto apresenta um consumo de alvenaria da ordem de 250 m2 meia vez
por apartamento;
9– A cobertura será executada 80% de sua área em madeiramento e telhamento
fibrocimento;
10 – A área a ser impermeabilizada representa 25% da área total real do prédio;
11 – O prédio apresenta o seguinte consumo de esquadrias:
31

a) 13 portas por apartamento;


b) 20 m2 de esquadrias de alumínio por apartamento.

12 – O revestimento o prédio representa cerca de 100% a mais que o valor das


esquadrias;
13 – A área a ser pavimentada (pavimentação) apresenta uma metragem da
ordem de 130 m2 por apartamento;
14 – Rodapé, soleira e peitoril representam 20% do custo da pavimentação;
15 – O custo de ferragens é de R$ 1.000,00 por apartamento;
16 – A pintura tem um custo de R$ 6.800,00 por apartamento;
17 – Os vidros apresentam um consumo de 20,00 m2 por apartamento;
18 – O valor de louças e metais é de aproximadamente R$ 3.500,00 por
apartamento;
19 – Estima-se uma verba de serviços complementares da ordem de R$45.000,00.
20 – A limpeza final apresenta um custo de R$ 600,00 por apartamento;
21 – A remuneração da construtora é de 15% do valor total da obra;
22 – Data-Base: outubro de 2003.

Dados complementares:

 Custo/m3 de escavação mecânica: R$ 16,00/m3;


 Custo/m3 de fôrma, concreto e armação para fundação: R$ 760,00/m3;
 Custo/m3 de concreto, fôrma e armação para estrutura: R$ 950,00/m3;
 A composição de alvenaria meia vez apresenta um custo de R$ 25,00/m2;
 O custo de madeiramento e telhamento de fibrocimento é de R$ 44,00/m2;
 Custo por m2 de impermeabilização: R$ 35,00/m2;
 Os preços médios para esquadrias são:

a) Portas: R$ 240,00 por unidade;


b) Esquadria de alumínio: R$ 300,00 por metro quadrado.
c) O preço médio de pisos por metro quadrado é de R$ 48,00/m2;
d) O preço unitário do vidro é de R$ 44,00 por metro quadrado;
32

Cálculos:

ITEM 1

1 – Projetos

Custo unitário: R$ 18,00/m2


Área real total:
500 m2 - térreo
300 m2 - pilotis
5x 250 m2 – 1º ao 5º tipo
250 m2 – telhado
2.300,00 m2 – total
Custo de projetos = R$ 18,00/m2 x 2.300 m2 = R$ 41.400,00

2 – Instalações da obra

Área real total do terreno: 500 m2


Custo unitário: R$ 60,00/m2
Custo de instalações da obra: 500,00 m2 x R$ 60,00/m2 = R$ 30.000,00

3 – Serviços Gerais

Custo unitário: R$ 11.000,00/mês


Prazo da obra: 20 meses
Custo de Serviços Gerais = R$11.000,00/mês x 20 meses = R$ 220.000,00

4 – Trabalhos em Terra

Volume de escavação: 1,5 metros x 500 m2 terreno x 80% = 600 m3


Custo/m3 escavação: R$ 13,00/m3
Custo de trabalho em Terra: R$ 13,00/m3 x 600 m3 = R$ 7.800,00

5 – Fundação
33

Volume do concreto: 25% x 500 m2 = 125 m3


Custo unitário para fundação: R$ 630,00/m3
Custo de Fundação: 125 m3 x R$ 630,00/m3 – R$ 78.750,00

6 – Estrutura

Volume de concreto: 0,18 m x 1.800 m2 = 324,00 m3


Custo por m3 de concreto armado: R$ 795,00/m3
Custo da Estrutura: 324 m3 x R$ 795,00/m3 = R$ 257.580,00

7 – Instalações

Custo do material e mão-de-obra por unidade: R$ 15.000,00/apartamento


Total de apartamentos: 5 pavimentosx3 apartamentos/pavimento = 15
apartamentos.
Número de parada de elevadores:14
Custo de elevadores por parada: R$ 7.000,00/parada
Custo de instalações: R$ 15.000,00/apartamento x 15 apartamentos + 14
paradas x R$ 7.000,00/parada = R$ 323.000,00

8 – Alvenaria

Quantidade de alvenaria: 250 m2/apartamento x 15 apartamentos = 3.750 m2


Custo unitário da alvenaria: R$ 17,70/m2
Custo de Alvenaria: 3.750 m2 x R$ 17,70/m2 = R$ 66.375,00

9 – Cobertura

Quantidade de telhamento: 80% x 250 m2 = 200m2


Custo de telhamento: R$ 37,00/m2
Custo da Cobertura: 200 m2 x R$ 37,00/m2 = R$ 7.400,00

10 – Tratamentos
34

Quantidade de impermeabilização: 0,25 x 2.300 = 575 m2


Custo unitário de impermeabilização: R$ 29,00/m2
Custo de Impermeabilização: 575 m2 x R$ 29,00/m2 = R$ 16.675,00

11 – Esquadrias

Quantidade de esquadrias:

a 13 portas/apartamento x 15 apartamentos = 195 portas


b 20 m2 de esquadrias de alumínio/apartamento x 15 apartamentos = 300m2
esquadria

Custos unitários:

a) Portas: R$ 200,00/unid.
b) Esquadria de alumínio: R$ 275,00/m2
Custos de Esquadrias: 195 portas x R$200,00/unidade + 300 m2 esquadrias x
R$275,00/m2 = R$ 121.500,00

12 – Revestimentos:

Valor da esquadria: R$ 121.500,00


Custo de Revestimento: 2 x R$ 121.500,00 = R$ 243.000,00

13 – Pavimentação

Quantidade de pavimentação: 140 m2/unid. X 15 unidades = 2.100 m2


Custo unitário de pavimentação: R$ 40,00/m2
Custo de Pavimentação: 2.100 m2 x R$40,00/m2 = R$ 84.000,00

14 – Rodapé, soleira e peitoril

Valor da pavimentação: R$ 84.000,00


35

Custo de rodapé, soleira e peitoril: 20% x R$ 84.000,00 = R$ 16.800,00

15 – Ferragens

Quantidade: 15 unidades
Custo/unidade: R$ 1.000,00/unidade
Custo de Ferragens: 15 unidades x R$ 1.000,00/unid. = R$ 15.000,00

16 – Pintura

Quantidade: 15 apartamentos
Custo unitário: R$ 6.800,00/apartamento
Custo de Pintura: 15 apart. X R$ 6.800,00/apart. = R$ 102.000,00

17 – Vidros

Quantidade de vidros: 15 unidades x 20 m2/apart. = 300 m2


Custo unitário do vidro: R$ 37,00/m2
Custo do Vidro: 300 m2 x R$ 37,00/m2 = R$ 11.100,00

18 – Aparelhos

Quantidade: 15 unidades
Custo/apartamento: R$ 3.500,00/apartamento
Custo de Aparelhos: 15 unidades x R$ 3.500/unidade = R$ 52.500,00

19 – Complementação

Custo de complementação: R$ 45.000,00

20 – Limpeza

Quantidade: 15 apartamentos
Custo unitário: R$ 600,00/apart.
36

Custo de Limpeza: 15 apart. X R$ 600,00/aprt. = R$ 9.000,00

21 – Remuneração da Construtora

Valor total da obra = Somatório dos Serviços = R$ 1.748.880,00


Percentual de remuneração: 15%
Valor de Remuneração da Construtora: 15% x R$ 1.748.880,00 =
R$262.332,00

ITEM 2

Custo global da obra: R$ 1.748.880,00 + 262.332,00 = R$ 2.011.212,00

ITEM 3

Área equivalente de construção: 80% x 2.300 m2 = 1.840 m2


Custo global da obra: R$ 2.011.212,00
Custo da obra por m2 de construção: R$ 2.011.212,00/1.840 m2 =
R$1.093.05/m2.

5.2. Orçamento detalhado ou analítico

Para o orçamento detalhado ou analítico o custo é avaliado através do


levantamento de quantidades de materiais e de serviços, a partir do projeto
executivo e da composição dos seus respectivos preços unitários.
O orçamento detalhado deve ser apresentado numa planilha orçamentária,
que é uma listagem dos serviços necessários para a execução de uma obra. Esta,
só podem ser realizados após a conclusão do projeto, com as discriminações
técnicas, memoriais, projetos gráficos (arquitetônico, estrutural, hidráulico, elétrico e
outros) e detalhamentos, segundo critérios que atendam às necessidades do
construtor ou do contratante.
O orçamento, além de ser é o início do planejamento financeiro, é também o
ponto de partida para planejamento executivo. Por isso deve ser bem estruturado, a
depender do porte da obra e do grau de detalhamento que ela exige.
37

A planilha orçamentária objetiva apresentar o roteiro a ser seguido, para que


não sejam omitidos nenhum dos serviços a serem executados durante a construção,
como também aqueles necessários ao pleno funcionamento e utilização da
edificação.

5.2.1. Planilha orçamentária

A planilha orçamentária é também chamada de Descriminação Orçamentária,


aliás, é o nome técnico correto. Pois bem, para começar a entender o que significam
os componentes de uma planilha ou discriminação orçamentária (tab. 1), será
demonstrado um modelo de orçamento elaborado por Gonzalez (2008), que se
refere a uma caixa de drenagem de 1 x 1 x 1,2m (dimensões externas) construída
em alvenaria de tijolos maciços, de espessura nominal 10 cm, com reboco interno,
fundo em concreto magro de 5 cm, e com grade composta de barras de aço d=3/4"
soldadas. O solo é firme (permite a escavação sem talude), mas a escavação deve
ser realizada com escoramento.
A primeira etapa é relacionar todos os serviços a serem realizados. Em
seguida, devem-se calcular as quantidades a serem executadas e seus custos
unitários (custo para executar uma unidade de cada serviço em questão).
Os produtos de quantidades por custos unitários fornecem os custos totais
parciais, a soma destes é o custo total do orçamento. Acrescendo-se o BDI,
obtemos o preço total do orçamento (o preço a ser apresentado ao cliente).
As questões sobre definições de Custos Unitários e BDI, serão estudadas em
tópicos posteriores.

Assim, para o exemplo apresentado teremos:

 Medição de quantidades e suas unidades

a) Escavação = 1,2 x 1,2 x 1,2 = 1,728 m3


b) Remoção de solo = 1,2 m3
c) Compactação do fundo = 1 x 1 = 1m2
d) Fundo em concreto = 1 x 1 x 0,05 = 0,05 m3
e) Alvenaria = (1+1+0,8+0,8) x 1,15 = 4,14 m2
38

f) Reboco interno = 0,8 x 4 x 1,15 = 3,68 m2


g) Grade = 1 un
h) Reaterro = 0,528 m3

Tabela 01 – Planilha Orçamentária

Fonte: González, 2008.

Pela organização da planilha orçamentária (tab. 1), podemos dizer que os


ITENS 1, 2, 3, 4 e 5 são as ESTAPAS a serem executadas e os seus SUBITENS
são os serviços.
A NBR 12721 é a Norma Brasileira que define os critérios para a descrição
das unidades e para o orçamento na incorporação de edificações em condomínio,
constante do Anexo B da NBR.
Outras estruturas de planilha orçamentária também são utilizadas no mercado
pelos orçamentistas como as do TCPO da Editora PINI, as da Tabalas da Prefeitura
do Município de São Paulo, publicadas através da Secretaria de Infra-Estura Urbana
e Obras (SIURB / EDIF), e ainda as da Sabesp, CDHU, CPOS, entre outras.
39

5.2.2. Critérios de levantamento e medições

Como se sabe as quantidades dos serviços devem ser levantadas a partir dos
projetos e das especificações do obra, que indicam o que e onde usar. O
levantamento das quantidades de serviços e de aplicação dos materiais é feito
utilizando-se das medidas e dimensões das plantas e desenhos dos projetos.
Vários critérios podem ser adotados para o levantamento. Sampaio (s/d)
adotou os seguintes critérios, dos quais descrevo na integra:

00 – PROJETO

Obedecerão à legislação pertinente e às determinações dos órgãos de classe.

01 – SERVIÇOS GERAIS

Medição pelas quantidades, comprimentos e áreas reais.

02 – PREPARAÇÃO DO TERRENO

Medição pelas quantidades, comprimentos, áreas e volume definidos nos


projetos e nas especificações.

I. Limpeza do terreno:

a) Medição por unidade, para corte, destocamento e remoção de árvores com


diâmetro superior a 0,15m, tomado a 1,00 do solo.

II. Escavação:

a) Considerado nas escavações de subsolos e garagens subterrâneas um


acréscimo de 1,00m nas dimensões de comprimento e largura, para efeito de formas
laterais e execução de impermeabilização de paredes.

03 – FUNDAÇÕES
40

Medição pelas quantidades, comprimentos, áreas, volumes e pesos definidos


nos projetos e nas especificações.

I. Formas:

a) Não serão descontadas áreas de interseção no caso de cruzamentos ou


interferências.

II. Armadura:

a) Medição pelo levantamento das diversas bitolas constantes do projeto de


fundações, em peso nominal, acrescentando-se 10% (dez por cento), a título de
perdas e desbitolamento.

III. Concreto:

a) Os volumes comuns a várias peças serão computados uma só vez;


b) Na medição de tubulões e estacas a trado, os volumes nominais serão
acrescidos de 10% (dez por cento), a título de irregularidades na escavação.

04 – ESTRUTURA

Medição pelos comprimentos, áreas, volumes e pesos definidos nos projetos


e nas especificações.

I. Formas:

a) Não foram descontadas áreas de interseção, no caso de cruzamentos ou


interferências;
b) Nos elementos estruturais, serão integralmente descontadas áreas de vazios
previstos no projeto estrutural;
c) Nas formas laterais das escadas, não serão deduzidas as áreas dos vazios
triangulares dos degraus.
41

II. Armadura:

a) Medição pelo levantamento das diversas bitolas constantes do projeto


estrutural, em peso nominal, acrescentando-se 10% (dez por cento), a título de
perdas e desbitolamento.

III. Concreto:

a) Os volumes comuns a várias peças serão computados uma só vez;


b) Nos elementos estruturais, será descontado integralmente o volume
resultante dos vazios previstos no projeto estrutural.

05 – INSTALAÇÕES

Medição pelas quantidades, comprimentos e áreas reais.

06 – ELEVADORES

Medição pelas quantidades e conjuntos definidos nos projetos e nas


especificações.

07 – PAREDES

Medição pelas quantidades, comprimentos, áreas e volumes reais.

I. Alvenaria de tijolos maciços ou furados, blocos de concreto e placas de


concreto celular:

a) Serão descontadas integralmente áreas de “apertos” ou de elementos


estruturais que interfiram nas alvenarias;
b) Nos demais casos, serão descontadas, apenas no que exceder a 2,00m2,
áreas de vazios ou interferências.
42

II. Alvenaria de pedra:

a) Serão descontados integralmente os volumes resultantes de vazios e


interferências.

III. Alvenaria de pedra:

a) De elementos vazados e de blocos de vidro: serão descontadas integralmente


os volumes resultantes de vazios e interferências;
b) Divisórias: medição pela área delimitada por montantes extremos, rodapés e
vergas de cada conjunto de painéis, sem considerar desconto algum.

08 – COBERTURA

Medição pela área de projeção no plano horizontal.

I. Estrutura de telhado em madeira ou metálica:

a) Medição pela área de projeção horizontal, calculada a partir do perímetro


formado pelas peças destinadas a suportar as telhas.

II. Domos:

a) Medição pela área de projeção horizontal, calculada a partir do perímetro da


peça.

09 – ESQUADRIAS

Medição pelas quantidades, comprimentos e áreas reais. Podem ser


levantados em metros quadrados ou em unidades.

10 – REVESTIMENTOS

Medição pelas quantidades, comprimentos e áreas reais.


43

I. Argamassas e chapiscos:

a) Será descontado, apenas no que exceder a 2,00m2, áreas de vazios ou


interferências.

II. Pastilhas:
a) Serão descontadas integralmente áreas de vazios ou interferências existentes
nos panos.

III. Materiais cerâmicos e sintéticos:

a) Os vazios, cujas superfícies de topo que o delimitem não sejam revestidas,


terão suas áreas descontadas no que exceder a 1,00m2 e, quando revestidas, não
sofrerão desconto algum.

IV. Litóides, madeiras, laminados e metais:

a) A medição será pela área efetivamente revestida.

11 – RODAPÉS, SOLEIRAS E PEITORIS

Medição pelos comprimentos reais.

12 – FERRAGENS

Medição pelas quantidades e comprimentos reais.

13 – VIDROS

Medição pelas áreas definidas no projeto e nas especificações.

14 – TRATAMENTOS
44

Medição pelas quantidades, comprimentos e áreas reais.

I. Acústico, térmico, vibratório, impermeabilizante:

a) Tratamento do respaldo do embasamento: medição pelo desenvolvimento da


área de capeamento;
b) Não serão descontadas áreas de intersecção de alvenarias;
c) No tratamento impermeabilizante, a medição será pelo desenvolvimento da
área tratada, considerando-se os dobramentos verticais, descontadas, apenas no
que exceder a 0,30m2, áreas de vazios ou interferências;
d) Em juntas de dilatação tratadas com mastique elástico, a medição será pelo
volume real empregado.

15 – PAVIMENTAÇÃO

Medição pelos comprimentos e áreas reais.

I. Contra pisos, argamassas de regularização e revestimento de pisos:

a) Será descontado, apenas no que exceder a 0,50m2, áreas de vazios ou


interferências.

II. Material monolítico em degraus e escadas:

a) A medição será pelo desenvolvimento da área.

III. Material não monolítico em degraus de escada:

a) A medição será o somatório dos comprimentos dos pisos de cada degrau


(unidade piso/espelho).

16 – PINTURAS (tintas, resinas, vernizes, etc.)

Medição pelos comprimentos e áreas reais.


45

I. Paredes, tetos e pisos:

a) Foram descontadas, apenas no que exceder a 2,00m2, áreas de vazios ou


interferências (não computadas áreas de topos, filetes, molduras, rodapés baguetes
quando tratados com o mesmo material);
b) Topos, filetes, molduras, rodapés e baguetes quando tratados com material
diverso do das paredes, tetos ou pisos, serão medidos pelo comprimento,
descontada toda e qualquer interferência.

II. Esquadrias:

a) Simples – quando incluir os marcos, multiplicar a área do conjunto por 3; se


excluir, o multiplicador será 2;
b) Venezianas e persianas de enrolar – quando incluir os marcos, multiplicar a
área do conjunto por 5; se excluir, o multiplicador será 4;
c) Portas – medição pela área da folha; quando pintada nas duas faces,
multiplicá-la por 2,5;
d) Chapeadas, onduladas (de enrolar), pantográficas e grades treliçadas ou
articuladas – medição pela área do conjunto multiplicada por 2,5;
e) Cercas, grades e alambrados – medição pela área de projeção do conjunto no
plano vertical, contada uma só vez.

III. Estruturas:

a) Plana para telhado, terças e elementos de sustentação – medição pela área


de projeção no plano horizontal multiplicada por 2;
b) Em arco para telhado – medição pela área de projeção no plano horizontal
multiplicada por 2,5.

IV. Diversos:

a) Armários totalmente tratados (portas e interiores) – medição da área de portas


multiplicada por 5;
46

b) Telhamentos – medição pelo desenvolvimento da área tratada.

17 – APARELHOS

Medição pelas quantidades e conjuntos definidos nos projetos e nas


especificações.

18 – ELEMENTOS DECORATIVOS

Medição pelas quantidades e conjuntos definidos nos projetos e nas


especificações.

19 – LIMPEZA

Medição pelas quantidades e áreas reais.

5.3. Formação do Preço de Venda

5.3.1. Custos diretos

O custo direto é a soma de todos os custos unitários de cada unidade de


serviços necessários para execução de um empreendimento, que são multiplicados
pelas respectivas quantidades, e somados aos custos da infra-estrutura
(administração local) necessária para a realização da obra.

5.3.1.1. Composição de custo unitário

Como já dito anteriormente, o custo direto é a soma de todos os CUSTOS


UNITÁRIOS de cada unidade de serviços necessários para execução de um
empreendimento, que são multiplicados pelas respectivas quantidades, e somados
aos custos da infra-estrutura (administração local) necessária para a realização da
obra.
47

Para calcular os CUSTOS UNITÁRIOS de cada unidade de serviço, é


necessário saber a sua COMPOSIÇÃO.
Uma composição de custos unitários é constituída pela definição da
especificação do serviço a ser executado, sua unidade de medida e a identificação
dos insumos (materiais, mão de obra e equipamentos) a serem utilizados,
necessários à sua execução, associados às respectivas unidades e coeficientes de
consumo, para executar uma quantidade unitária do serviço.
A composição de custo unitário possui os seguintes componentes:
a. Índices ou coeficientes de aplicação de materiais;
b. Índices ou coeficientes de produção ou de aplicação de mão-de-obra;
c. Índices de aplicação de equipamentos com o seu custo horário;
d. Preços unitários de materiais;
e. Preços unitários de mão-de-obra;
f. Taxas de encargos sociais;
g. Benefícios e despesas indiretas (BDI).

Os insumos que compõem o custo unitário de cada unidade de serviços são:

I. Mão de obra

É representado pelo consumo de horas ou fração de horas de trabalhadores


para a execução de uma determinada unidade de serviço multiplicado pelo custo
horário de cada trabalhador. Sendo que o custo horário do trabalhador, nada mais é
que o seu salário medido por hora, acrescido dos encargos sociais (TISAKA, 2006).
O Salário hora dos trabalhadores deve ser obtido através do sindicato laboral
da região onde a obra será executada.
Os encargos sociais, por sua vez, são provenientes de Leis Trabalhistas
Federais associados a Leis Sociais e acordos sindicais.
Os Encargos Sociais dividem-se em três níveis:

 Encargos Básicos e Obrigatórios: como o nome diz são obrigatórios,


determinado nominalmente em Lei:
 Encargos Incidentes: correspondem às remunerações recebidas por dias em
que não há prestação de serviços. Por serem pagas diretamente ao empregado
recebem a incidência dos Encargos Sociais Básicos.
48

 Encargos Ligados à Demissão do Trabalhador: São encargos que indenizam


o trabalhador em caso de demissão. Esses encargos são diferentes em cada
empresa, uma vez que a incidência de concessão de aviso prévio ou demissões por
justa causa pode ser maior ou menor, por exemplo.
 Encargos Complementares: corresponde aos encargos concedidos através de
acordo sindical e segurança do trabalho como o vale transporte, alimentação e
uniformes e Epi’s.
Abaixo um modelo de leis e encargos sociais (tab. 2) aplicados à construção
civil.

Tabela 2: Taxa de Leis e Encargos Sociais

Fonte: Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-


SP), set. 2010.
49

a) Materiais

É representado pelo consumo de materiais a serem utilizados para a


execução de uma determinada unidade de serviço, multiplicado pelo preço unitário
de mercado (TISAKA, 2006).

b) Equipamentos

São representados pelo número de horas ou fração de horas necessárias


para a execução de uma unidade de serviço, multiplicado pelo custo horário do
equipamento (TISAKA, 2006).
O custo horário de um equipamento pode ser obtido através do preço de
mercado, no caso de locação, ou composto pela empresa, no caso de equipamento
próprio.
No caso de elaboração do custo horário de equipamento próprio, deve-se
considerar vários componentes como (tab. 3): custo de aquisição, tempo de vida do
equipamento (vida útil), valor residual após o tempo de vida útil, depreciação de
capital, combustível, pneus, energia elétrica, custo com operador, etc.

Tabela 3: Modelo de custo horário de equipamento

Fonte: MUDRIK, Chaim, 2006, p.


50

Os consumos dos insumos para cada unidade de serviços a ser executado


são obtidos pela experiência de cada empresa do ramo da construção, através dão
armazenamento e organização de informação de obras executadas, de onde se
obtêm os coeficientes de produtividade na execução de cada unidade de serviço.
Pode ser obtido também através da Tabela de Composição de Custos de
Orçamentos, entre elas a TCPO da Editora PINI, Tabela SIURB/EDIF da Prefeitura
do Município de São Paulo, FDE, etc. Esses tópicos serão melhor explicados nos
tópicos mais adiante.

Exemplos de composição de custo:


Tabela 4: Exemplo 01 de composição de custo unitário

Fonte: TCPO. Ed. Pini, 1999.

Tabela 4: Exemplo 02 de composição de custo unitário

Fonte:TCPO. Ed. Pini, 1999.


51

5.3.1.2. Custos da infra-estrutura (administração local)

Pela atual legislação contábil e fiscal, todos os custos que compõem a infra-
estrutura da obra como a Instalação do Canteiro, Administração Local, Mobilização e
Desmobilização, etc, devem compor os Custos Diretos (TISAKA, 2006).
As despesas de infra-estrutura ou administração local, são decorrentes da
montagem e manutenção da estrutura administrativa no local de execução da obra
para atender às necessidades de direção e fiscalização técnica, programação,
controle de custos e de qualidade.

São componentes dos custos de infra-estrutura:

 Construção de barracões, alojamento e escritórios, bem como a infra-


estrutura de montagem (regularização do terreno, estradas de acesso, instalações
provisórias, etc). As estruturas administrativas também podem ser alugadas;
 Veículos e equipamentos de para locomoção na obra e serviços
administrativos, bem como as despesas de consumo (energia elétrica e
combustível);
 Ligações de água, luz e telefone, bem como as despesas de consumo (contas
mensais);
 Medicina e segurança do trabalho e controle tecnológico;
 Salários dos engenheiros, apontador, almoxarife, vigias, auxiliares
administrativos, etc.

Outras despesas inerentes e em decorrências da execução e manutenção da


infra-estrutura como: deslocamento de pessoal, despesas de viagens, alimentação e
estadias, etc., ta,bem devem ser computadas.
Estes custos estão diretamente relacionados com o porte da empresa
construtora e/ou da obra a ser executada.
52

5.3.2. Cálculo do BDI

O BDI é uma sigla que significa “B” de Benefícios que é o lucro e “DI”
Despesas Indiretas que são os custos específicos da administração central (Sede da
empresa) através de rateio, taxa de risco, custo financeiro, taxa de comercialização
e tributos.
A taxa de BDI pode ser inserida na composição de custos unitários, como
pode ser aplicada diretamente no final do orçamento, incidindo sobre os custo direto
total.

5.3.2.1. Despesas ou custos indiretos

São todas aquelas que não fazem parte dos insumos da obra, ou seja, não
depende da quantidade de serviços mas que são necessários para que eles sejam
executados.

a) Administração central

São todas as despesas necessárias ao desempenho do escritório central


(Sede) da empresa. Essas despesas são resultantes da soma das seguintes itens,
não se limitando a eles:

 Custo de propriedade ou aluguel do imóvel sede da empresa e toda a


estrutura de apoio como almoxarifado central, oficinas, garagens, etc.;
 Custo de manutenção com estrutura administrativa;
 Custo de água, luz, telefone, internet, materiais de escritório, informática, etc;
 Honorários de diretores, gerentes e sócios;
 Impostos e taxas relacionadas à administração (IPTU, taxas cartoriais, etc.),
bem como seguros prediais, etc.;
 Serviços terceirizados como acessórias contábeis e jurídicas, motoboys,
segurança, etc.
53

Os custos com a administração central, por se tratar de uma estrutura única


que contribui para diversas obras, devem ser rateadas, podendo ser em função do
próprio valor da obra, por exemplo. Contudo deve ser considerada outras
determinantes em função da complexidade da obra.

b) Custos financeiros

Os custos financeiros são decorrentes de antecipação das despesas em


relação aos recebimentos.
O empreendedor ou empresa podem executar uma obra com recursos
próprios ou buscando financiamento em instituições financeiras, ou a terceiros
através de empréstimos. Ainda, como uma terceira hipótese, pode-se utilizar um
misto de capital próprio e capital resultante de empréstimos, quando o empresário
possui capital de giro insuficiente para execução da obra.
Quando um empresário utiliza recursos próprios está se deixando de fazer
outro tipo de investimento. Dessa forma é preciso considerar os juros incidentes
sobre esse capital caso estivesse em outras aplicações rentáveis, considerando,
claro, o prazo da obra.
Na situação de quando o empresário recorre a utilização empréstimos a
terceiros ou a instituição financeiras, considerar o percentual de juros ofertados pelo
financiador sobre o capital.
Já na terceira hipótese deve-se considerar os prazos de recebimento pela
execução da obra, através de uma análise do cronograma físico financeiro, afim de
verificar minuciosamente o fluxo financeiro, para viabilizar o resultado final do
empreendimento.

c) Custos ou despesas comerciais

Divide-se em (GIAMUSSO, 1991): proposta, divulgação e publicidade,


corretores e comissões.
Assim, evidencia-se que, as despesas comerciais estão relacionadas com os
custos da equipe de orçamentação, que geralmente são os que elaboram as
propostas com os preços finais de venda, custos com o propaganda e marketing do
empreendimento, e por fim, com os profissionais de venda.
54

Em resumo os custos ou despesas comerciais aqueles relacionados à


determinação do preço final e venda do empreendimento.

d) Taxa de riscos

Em todo o orçamento de obra são feitas considerações às condições normais


de sua execução, no que concerne a situações imprevisíveis mas que podem ser
estimadas através de índices históricos.
Essas situações de riscos podem ser: época de chuva, aumento da inflação
ou taxa de juros de mercado, atrasos nos recebimentos, problemas na fundação,
greves, interferências não previstas, índices de reajustes contratuais, etc.

e) Tributos

Os tributos são divididos em impostos e taxas de contribuição. Estes por sua


vez, tem incidência sobre o valor total da nota fiscal (valor do empreendimento) ou
sobre o lucro obtido.
Os percentuais de incidências são diferentes de acordo com o regime de
tributação em que as empresas optaram para se enquadrar. Esse regime pode ser
por Lucro Real ou Presumido.

 PIS – Taxa do Programa de Integração Social

Para o Lucro Presumido esta taxa é de 0,65% sobre a totalidade do


faturamento, incidindo em cascata sobre todos os faturamentos parciais das
empresas (Tisaka, 2006).
Para o Lucro Real a alíquota é de 1,65% (Lei nº. 10.637, de 2002, art. 8º. e IN
SRF nº. 247, de 2002, art. 3º.). Neste caso a pessoa jurídica está submetida à
incidência não-cumulativa da taxa e poderá se creditar de algumas despesas
conforme o art. 3º. da Lei nº. 10.637, de 2002. Ou seja, a taxa é incidente sobre o
valor do faturamento (valor do empreendimento), descontados as despesas
previstas em lei.
55

 COFINS – Taxa de Contribuição para o Fundo de Investimento Social

Para o Lucro Presumido esta taxa é de 3,00% sobre a totalidade do


faturamento, incidindo em cascata sobre todos os faturamentos parciais das
empresas (TISAKA, 2006).
Para o Lucro Real a alíquota é de 7,60% (Lei nº. 10.833, de 2003, art. 10º. e
IN SRF nº. 247, de 2002, art. 3º.). Neste caso a pessoa jurídica está submetida à
incidência não-cumulativa da taxa e poderá se creditar de algumas despesas
conforme o art. 3º. da Lei nº. 10.833, de 2003. Ou seja, a taxa é incidente sobre o
valor do faturamento (valor do empreendimento), descontados as despesas
previstas em lei.

 ISS – Imposto Sobre Serviços

O ISS é um imposto municipal que incide sobra a parcela de mão de obra dos
serviços executados no município e sua alíquota foi fixada pela Lei Federal
Complementar nº. 116/2003 entre 2,00% e 5,00%, a serem determinadas pelos
próprios municípios.
Alguns municípios fixaram a alíquota mínima incidente sobre o valor global do
nota fiscal, outros município, como no caso de São Paulo, fixaram a alíquota máxima
de 5% (lei Lei nº 13.701/2003) podendo descontar os materiais envolvidos na
prestação dos serviços de construção civil, exceto para alguns serviços como o de
terraplenagem, por exemplo.

 RPJ – Imposto de Renda de Pessoa Jurídica

Para as empresa sob o regime de Lucro Real a alíquota é de 15% incidente


sobre o Lucro Líquido apurado no ano, mais o adicional de 10% sobre o que
ultrapassar R$ 20.000,00 (vinte mil reais) mensais(TISAKA, 2006).
Já para as empresas sob o regime de Lucro Presumido para o caso de
prestação de serviços sem aplicação de material, a alíquota é de 15% aplicado a
base de cálculo de 32% sobre o total de receita bruta (faturamento) o que resulta em
4,80% aplicado sobre faturamento (TISAKA, 2006).
56

Nas empresas sob o regime de Lucro Presumido para o caso de prestação de


serviços com aplicação de material, a alíquota é de 15% aplicado à base de cálculo
de 8,00% sobre o total de receita bruta (faturamento) o que resulta em 1,20%
aplicado sobre faturamento (TISAKA, 2006).

 CSLL – Contribuição Social sobre Lucro Líquido

Para empresas sob o regime de Lucro Real a alíquota é de 9,00% sobre o


lucro líquido apurado anualmente (TISAKA, 2006).
Para empresas sob o regime de Lucro Presumido a alíquota é de 9,00%
aplicado a base de cálculo de 32% sobre o total de receita bruta (faturamento) o que
resulta em 2,88% aplicado sobre faturamento (TISAKA, 2006).

 Benefícios ou Lucro

O benefício ou lucro é a remuneração da atividade empresarial, isto é, o


pagamento à empresa por sua prestação de serviços, que pode ser distribuído aos
seus sócios ou alocado em investimentos para o crescimento da própria.
Entretanto o BENEFÍCIO não deve ser conceituado apenas como a
expressão de lucro pretendido, mas sim como uma provisão de onde será retirado o
lucro do construtor, após descontados todos os encargos decorrentes de inúmeras
incertezas que podem ocorrer durante as obras, difíceis de serem mensuradas no
seu conjunto (TISAKA, 2006).

5.3.2.2. Fatores que influenciam e podem modificar a composição da taxa do BDI

A composição da taxa do BDI depende de vários fatores que influenciam os


custos indiretos da obra e por conseqüência o BDI, entre eles:

 O prazo de execução da obra;


 O porte da obra;
 O porte da empresa;
 O tipo da obra (serviços de terraplenagem, construções residenciais, etc.);
57

 Localização e características especiais (zona urbana ou rural, alto tráfego de


veículos, trabalho em horário noturno, etc);
 Situações conjunturais (índices de inflação, alta demanda de materiais e mão
de obra, etc.)
 Nível de qualidade exigida (exigência de alto nível de qualidade, ensaios
laboratoriais mais freqüentes e específicos, detalhamento específicos de projeto,
etc.);
 Prazo e condições de pagamento;
 O contratante (sua tradição e confiabilidade, órgão público, entidade
beneficente, burocratização da administração, etc).
58

6. PLANEJAMENTO

6.1. Conceito de Planejamento

O planejamento é uma importante ferramenta que possibilita avaliar os


caminhos e construir um referencial futuro, estruturando e reavaliando de forma
adequada todo o processo a que o planejamento se destina, organizando ações,
antecipando os resultados esperados, buscando sempre alcançar, da melhor forma
possível, alguns objetivos pré-definidos.
Com relação às empresas de construção civil, o setor de planejamento
técnico interliga-se com quase todos os outros setores da empresa (GOLDMAN,
2004).

6.2. Vantagens do Planejamento

As ações planejadas devem ser identificadas de modo a permitir que sejam


executadas de forma adequada e considerando aspectos como o prazo, custos,
qualidade, segurança, desempenho e outras condicionantes.
Um planejamento bem realizado oferece inúmeras vantagens à equipe de
projetos. Tais como (SAMPAIO, C., 2010):

 Permite controle apropriado;


 Produtos e serviços entregues conforme requisitos exigidos pelo cliente;
 Melhor coordenação das interfaces do projeto;
 Possibilita resolução antecipada de problemas e conflitos;
 Propicia um grau mais elevado de acertividade nas tomadas de decisão.

“Praparar-se para o inevitável, prevenindo o indesejável e controlando o que


for controlável” (PETER DRUCKER apud SAMPAIO, C., 2010).

6.3. A Tecnologia em Auxílio ao Planejamento

Na construção civil é evidente a necessidade de aprimorar processos de


planejamento e controle. A Tecnologia da Informação tem sido, com sua crescente e
59

contínua evolução, tem sido uma importante ferramenta no auxílio na elaboração e


manutenção desses processos.
Os softwares para as empresas de construção são as ferramentas que
integram os diversos setores de forma que os processos sejam padronizados, e as
rotinas executadas evitem retrabalho e, por conseqüência, reduzam os custos
administrativos e até construtivos.
Como exemplo, podemos citar a elaboração de um banco de dados como
ferramenta de planejamento e orçamentação. Sem o advento da informática seria
praticamente impossível sua elaboração.
A criação do banco de dados é uma função do setor de planejamento e este
se interliga com quase todos os outros setores da empresa, portanto, a alimentação
do banco de dados também deve partir dos diversos setores da empresa.

Figura 02: Modelo de interligação dos setores da empresa para


formação de um banco de dados.
Fonte: Revista Construção e Mercado, mai. 2010, pág. 6.
60

Um banco de dados bem organizado compila dados de obras passadas


refletindo informações reais da empresa, contemplando o planejamento, a gestão e
controle, facilitando a análise de resultados das diversas atividades realizadas.

Figura 03: Exemplo de criação um banco de dados consistente.


Fonte: Revista Construção e Mercado, mai, 2010, pág. 8.

Embora importante a concepção do banco de dados, deve-se ter em mente


que ele serve como fonte de pesquisa.
Tanto quanto a necessidade de alimentá-lo de forma correta e consistente, de
forma que as informações nele contido possam servir de referência para todas as
áreas envolvidas no desenvolvimento de produtos e projetos, a necessidade da área
técnica interpretar de forma correta as informações contidas também é importante.
É preciso analisar as condições em os resultados foram obtidos. Do que
adiante saber que o quanto custa um metro cúbico de brita, se não souber qual foi a
quantidade obtida para determinar aquele valor, ou não saber a região onde foi
obtida, por exemplo.
61

A grande maioria de programas de orçamentos e planejamento permitem


gerar uma variedade de relatórios que auxiliam na análise para tomadas de decisões
e na demonstração de resultados obtidos para um determinado empreendimento.
O programa VOLARE da Pini Sistemas é um deles, onde se pode obter os
seguintes relatórios:

 Planilha de Orçamento Sintético (Planilha Orçamentária);


 Planilha de Orçamento Analítica;
 Composição de Preços Unitários;
 Curva ABC de serviços e insumos (materiais, mão de obra e equipamentos);
 Cronogramas físicos, financeiros, etc.

6.4. A Importância do Orçamento no Planejamento

O planejamento é um dos principais fatores para garantir o sucesso de


qualquer empreendimento.
No que concerne ao planejamento financeiro, o orçamento é a principal
ferramenta para demonstrar e comprovar a viabilidade econômica referente aos
custos da construção, obtida através do orçamento detalhado e pelo cronograma
físico e financeiro (GOLDMAN, 2004).
No que concerne ao planejamento executivo é a partir do orçamento que se
pode definir as metas a serem alcançadas e elaborar o cronograma físico,
histograma de permanência de mão de obra e equipamentos e o PERT/COM.

6.5. Relatórios Auxiliares do Planejamento

6.5.1. Cronograma físico

O Cronograma físico (tab. 6) dispõe as etapas e/ou as diversas atividades


decorrentes dessas etapas de serviços de modo que haja uma seqüência, atrelada a
uma escala de tempo.
62

Tabela 06: Modelo de Cronograma Físico.

Fonte: O Autor

O modelo de cronograma físico acima foi elaborado a partir do programa


MSProjet, versão 2003, onde demonstra o prazo de execução de cada atividade,
também o prazo da etapa que abrange diversas atividades, bem como os dias
considerados não úteis, que não são computados na contagem de tempo para
execução dos serviços.
Nota-se que as etapas e atividades seguem o padrão estudado no tópico
Planilha Orçamentária (item 2.2.1).
63

6.5.2. Cronograma físico-Financeiro

Do Cronograma físico pode se extrair também o financeiro, uma vez que os


valores referentes a cada atividade e, por conseqüência cada etapa, devem ser
associados à mesma escala de tempo de execução.
Ressalva-se que, se houver uma desassociação entre tempo de execução e
valor em dinheiro de recebimento, fatalmente haverá quebra de caixa da obra, tendo
a empresa que financiar com recursos próprios ou recorrendo a terceiros.
Contudo, no caso de cronograma físico-financeiro (tab. 7), normalmente a
escala de tempo adotada é mensal, com a demonstração dos valores parciais, totais
e acumulados.

Tabela 07: Modelo de Cronograma Físico-Financeiro.

Fonte: SAMPAIO, M., s/d, pág. 99.


64

6.5.3. PET/COM

Nos cronogramas de obras demonstrados nos tópicos anteriores pode-se


observar o tempo, o percentual e o valor de execução de cada etapa e das
atividades que as compõem. Contudo não se observa as relações de dependências
entres as atividades.
Essas relações de dependências são capazes de definir quando se pode
começar ou não uma determinada tarefa, uma vez que uma não pode iniciar sem
que a outra termine. É possível definir, também, o caminho crítico entre as
atividades, tempo de folga, etc.
Uma das formas e recorrer ao cronograma de barras e indicar essas inter-
relações através de setas, como o exemplo a seguir (tab. 8).

Tabela 08: Modelo de Cronograma Físico e as Inter-Relações Entre as Atividades.

Fonte: O Autor.

Na tabela 8 pode-se verificar as inter-relações entre as atividades onde, por


exemplo, a instalação das esquadrias, instalações hidráulicas e elétricas não se
iniciam antes do término da execução da alvenaria, bem como as atividades de
impermeabilização e limpeza final encontra-se como tarefa crítica. Neste caso em
65

especial apenas pelo fato de estarem no limiar do tempo de 39 dias, determinado


para a execução Tarefa Principal “RESIDENCIA FAMILIAR”.
Contudo a técnica comumente utilizada é a do PERT/COM (Program
Evaluation ande Review Technique / Critical Path Method) que em tradução livre
para o português que dizer Técnica de Avaliação e Revisão de Programa / Método
do Caminhão Crítico.

No PERT/CPM, os dois elementos principais de representação são:

 As atividades: que são as diversas operações ou partes em que um projeto ou


empreendimento é desdobrado. É caracterizado como um segmento de reta
orientado.
As atividades podem ser predecessoras (o que vem antes) ou sucessoras (o que
vem depois).
 Os Eventos: que são os momentos em que se iniciam ou terminam as
atividades. É caracterizado como um ponto (nó) no tempo de encontro entre as
setas (atividades).

Esse conjunto de segmento de reta orientado e os pontos de encontro é


denominado malha ou rede PERT.

A seguir a integra de exemplo de Giamusso (1991):

Figura 04: Representação simples de Rede PERT.


Fonte: GIAMUSSO, 1991, pág. 101.

A malha pode representar a construção de caixas de madeira, onde:

A – compra de madeira;
B – corte e preparo da madeira;
C – compra da ferragem;
D – montagem das caixas.
66

No diagrama estão representadas:

I. As tarefas A e C são independentes e podem ser iniciadas simultaneamente;


II. A tarefa B depende do término de A;
III. A tarefa D depende do término de B e de C.

No caso os eventos são:

I. Início das compras da madeira (A) e das ferragens (C);


II. Término da compra da madeira(A) e início do corte e preparo da madeira (B);
III. Término da compra das ferragens, término do preparo da madeira e início da
montagem das caixas (D);
IV. Término da montagem das caixas.

Os conceitos básicos do PERT/COM são:

 Um evento só é termina quando todas as atividades que a ele concorrem


forem concluídas;
 Entre dois eventos sucessivos, só pode existir uma única atividade ligando-os
diretamente;
 Não pode haver um circuito na rede, pois caso contrário uma atividade daria
origem a si mesma;
 Todas as dependências entre eventos devem ser iniciadas por atividades
fantasmas (atividade fictícia, que não consome tempo nem recurso).

6.5.4. CURVA ABC

A curva ABC representa os insumos ou serviços em ordem de crescente de


preços. Essa técnica de baseia no princípio de Pareto, segundo o qual um pequeno
número de insumos ou serviços é responsável por uma parcela mais significativa do
custo total (GIAMUSSO, 1991).
67

Na prática o relatório de curva ABC de serviços ou insumos deve conter a


descrição dos serviços ou insumos, a unidade, o preço unitário, as quantidades, o
custo total, as porcentagens simples e as porcentagem acumuladas.
A rigor a curva ABC não é necessariamente uma representação gráfica mais
um relatório. Nada impede que seja representado por um gráfico traçado sobre um
plano cartesiano, contudo, não é o mais comum.
A seguir um exemplo de relatório de curva ABC de insumos (tab. 09).

Tabela 09: Modelo Relatório de Curva ABC.

Relatório de Curva ABC

Fonte: O Autor, adaptado de Giamusso, 1991, p. 96.

No exemplo da tabela 9 observa-se que o total dos itens computados,


representam 80,71% do total de custos diretos da obra, ou seja, a parte mais
significativa dos custos foram orçados.
Muitos orçamentistas fazem seus orçamentos baseados no conceito da curva
ABC, onde focaliza seus esforços nos serviços de maior relevância. Contudo, neste
caso, deve se ter profundo conhecimento das especificações dos serviços e
68

insumos, uma vez que o preço unitário de um determinado insumo cotado


equivocadamente, para qual não damos importância na fase de orçamento pode
representar um grande prejuízo quando da efetiva compra na fase de execução.
69

7. CONCLUSÃO

No mundo globalizado, exige que as empresas dêem resposta mais rápidas e


eficazes, sob pena de perder competitividade e, por conseqüência mercado.
A identificação antecipada de problemas, principalmente de recursos
financeiros, facilita na tomada de decisões com maior clareza e probabilidade de
acerto.
Desta forma, o orçamento, em seus diversos tipos, estimativo ou detalhado,
se mostrou, no desenvolver deste trabalho, um instrumento importante e eficaz para
auxiliar nas tomadas de decisões mais imediatas, a de investir ou não em
determinado empreendimento.
Apesar de o orçamento não ser o ponto de partida do planejamento, o cálculo
financeiro é tão importante, para e existência de uma empresa, quanto o cálculo
estrutural. Mantida as devidas proporções, um erro no cálculo financeiro pode
significar fracasso e prejuízo, tanto quanto um erro de cálculo estrutural.
Contudo, para que o orçamento possa ser instrumento eficaz no controle
executivo e financeiro, antes é necessário a elaboração de bons e detalhados
projetos de construção e que estes sejam acompanhados de projetos
complementares tais como fundações, estruturas, hidráulica, elétrica, telefonia, ar
condicionado, etc.
Segundo Maçahiko Tisaka, tem-se a Engenharia como uma atividade
chamada “ciência exata”, portando, não há possibilidade de malabarismos e
milagres orçamentários. Sendo assim, não seria difícil perceber, a partir da
observação dos preços de mercado, que em uma empresa que pratica preços muito
baixos, alguma coisa não está sendo computada, seja em insumos diretos e
indiretos, material, supervisão, tecnologia, qualidade e mão-de-obra adequada e/ou
em impostos. Principalmente nos dias de hoje em que as margens de lucro estão
diminutas, e a competitividade acirrada.
Por tudo exposto é que, um planejamento bem feito é a chave para sucesso
de qualquer empreendimento, e o orçamento assume, com certeza, um papel de
destaque dentro do planejamento.
70

8. BIBLIOGRAFIA

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