Introdução
mudanças ocorrem em velocidade acelerada. Temas como
crise, desenvolvimento econômico, tecnologia, problemas
ambientais e climáticos, desigualdade, novas identidades,
entre outros, pautam não só as discussões acadêmicas, mas
também a vida cotidiana de cada um de nós.
Para se orientar nesse emaranhado, algumas ferramentas
adicionais são importantes. Por isso, uma introdução a alguns
às Ciências
dos conceitos e ideias fundamentais das ciências sociais tem
sobretudo a função de fornecer aos estudantes instrumentos
que lhes permitam compreender melhor nossa realidade.
É com esse propósito que este livro foi concebido.
Hoje, com a internet, um mundo de conhecimento qualificado
Sociais
pode ser facilmente acessado. Desse modo, esta obra tem o
intuito de indicar os primeiros passos de um caminho que o
próprio estudante pode trilhar ao longo de sua vida. Trata-se,
portanto, antes de tudo, de um convite à reflexão. Pensar
que as coisas são sempre mais complexas do que parecem à
primeira vista e duvidar de nossas certezas são pré-requisitos
imprescindíveis ao pensamento crítico.
VILMA AGUIAR
Vilma Aguiar
IESDE BRASIL
2020
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Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: supanut piyakanont/Shutterstock
Aguiar, Vilma
Introdução às ciências sociais / Vilma Aguiar. - 1. ed. - Curitiba [PR] :
IESDE, 2020.
108 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6641-4
4 A democracia contemporânea 67
4.1 Teorias da democracia 68
4.2 Poder político 78
4.3 Poder disciplinar e biopoder 81
Wikimedia Commons
grandes conjuntos, classes, nações, civilizações ou, utilizando uma ex-
pressão de uso corrente, sociedades globais”.
Conhecimento religioso
Figura 1 Esse conhecimento se baseia na fé. Sua origem está na busca de
A Bíblia é conhecida como
um livro sagrado. explicações para os mistérios do mundo, que tratam dos fenômenos
para os quais não se conhecem as causas naturais, como a criação
do Universo e da humanidade. As crenças ou dogmas de uma
religião são transmitidas oralmente nos cultos e nas missas,
podendo ser encontradas em livros considerados sagrados,
como a Bíblia e o Alcorão, que contêm as verdades reveladas
por santos ou profetas. Esse tipo de conhecimento não
pode ser verificado e, em vista disso, sua validação depende
exclusivamente da fé dos seus adeptos. Para os cristãos, por
exemplo, Jesus Cristo é o filho de Deus, fato que não pode ser
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confirmado nem desmentido e, por isso, depende da crença.
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Conhecimento empírico
Figura 4
Émile Durkheim 1.3.1 Durkheim e a fundação das ciências sociais
O sociólogo francês Durkheim é considerado, por muitos
estudiosos, o fundador das ciências sociais. No início de sua
carreira, foi influenciado pelo positivismo de Comte e dedicou
seus esforços para a elaboração de uma ciência que permitis-
se a compreensão dos comportamentos coletivos.
Um dos usos que Weber fez do tipo ideal foi o desenvolvimento da teo-
ria da ação social, em que lança mão dessa ideia de tipos ideais para che-
gar a quatro ações fundamentais da experiência humana em sociedade:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ciências sociais nasceram no século XIX e, desde então, são uma
importante ferramenta para a compreensão da sociedade moderna. Elas
permitem que a humanidade desenvolva um conhecimento aprofundado
sobre como se dão as relações humanas no plano coletivo, como se de-
senvolvem as instituições e como funciona o capitalismo.
Os autores, brevemente apresentados aqui, contribuíram para forjar-
mos essas ciências, criando conceitos que ainda hoje nos ajudam na tare-
fa da compreensão e da crítica social.
Algumas das ideias abordadas criaram tradições teóricas e enseja-
ram estudos e teorias capazes de nos fazer refletir sobre a experiência
humana em várias de suas dimensões, criando, inclusive, outros campos
de conhecimento.
Um dos fatores a serem levados em consideração é que o conheci-
mento social é tão científico quanto o das ciências exatas e, por isso, exige
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GABARITO
1. As transformações são várias, entre elas: mudança da distribuição democrática com
a migração do campo para a cidade; conversão de camponeses em operárias; suces-
sivas insurreições proletárias devido ao aumento do nível de pobreza e à superexplo-
ração da mão de obra fabril; problemas de organização das condições sanitárias nas
cidades devido às mudanças muito intensas e rápidas etc.
2. Considerando que Durkheim (2014, p. 40) define consciência coletiva como “o con-
junto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma
sociedade forma um sistema determinado que tem sua vida própria; poderemos cha-
má-lo: consciência coletiva ou comum”, poderíamos citar, como exemplos, um certo
consenso social de que ter uma religião é melhor do que não ter nenhuma, a ideia de
que certos comportamentos são mais adequados para homens enquanto outros para
mulheres, a visão de que a família, e não o indivíduo, é a base da sociedade etc.
3. Na obra de Marx, o conceito de luta de classe diz respeito à oposição entre capitalistas
e proletários; oposição porque seus interesses últimos são opostos. Hoje em dia, com
o declínio da produção fabril em vários países, é possível pensar em luta de classe
como a oposição entre os interesses de trabalhadores em geral e os donos do capital,
como banqueiros e grandes empresários, que concentram a renda nacional em níveis
cada vez maiores.
Quadro 1
Comparação entre os modelos de produção fordista e just-in-time
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Swyngedouw (1986 apud Harvey, 2008).
Quadro 2
Comparação entre a organização do trabalho fordista e just-in-time
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Swyngedouw (1986 apud Harvey, 2008).
Esse novo capitalismo que surge a partir da crise dos anos 1970
desemboca, nos anos 1980, no capitalismo financeiro de cunho neoli-
beral, fenômeno político e econômico marcado pela flexibilidade que
vai caracterizar não apenas as linhas de produção e a organização do
trabalho em torno delas, mas também a:
flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de tra-
balho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo
surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas
maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mer-
cados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação
comercial, tecnológica e organizacional. (HARVEY, 2008, p. 140)
Desde que a análise de Harvey foi feita, ainda no fim dos anos de
1980, esse modelo de capitalismo só se aprofundou e nos dias atuais o
capital é cada vez mais financeirizado e desregulamentado, ou seja, os
Estados nacionais foram perdendo sua capacidade regulatória sobre
o fluxo de capital. Por isso mesmo, o paradigma de crises constantes
foi agravado pelo fato de que, pela globalização da economia mundial,
elas se tornaram contagiosas, pois a partir de um país elas se alastram
e contaminam outras economias. No início da década de 1990, tivemos
as crises escandinavas e japonesas; entre 1997 e 1999, a crise asiática;
Wikimédia Commons
Nos anos de 1990, esse Estado entra em crise e, até os dias atuais,
há um embate político em torno de sua manutenção ou diminuição de
seu escopo de atuação. Entre os vários exemplos desse embate, po-
demos citar o movimento dos “coletes amarelos”, realizado na França,
Keynes (1883-1946) defendia
país que ainda mantém um dos Estados de Bem-Estar Social mais ro- a intervenção econômica
busto, em 2019/2020. Esse movimento lutou contra uma reforma da do Estado na economia,
contrariando os preceitos liberais
previdência que retirava direitos dos trabalhadores.
clássicos do capitalismo que
O fato é que, embora de maneira desigual, muitos países viram preconizam, por sua vez, que as
forças de mercado comandem
o padrão de seus empregos decair e seus trabalhadores empobre- não apenas a economia, mas
cerem. Em alguns casos, como na Inglaterra da primeira-ministra também a repartição social do
Margaret Thatcher (1925-2013), que governou o país entre 1979 e seu resultado.
Ainda nos anos de 1980, foi forjado o termo precariado para des-
crever esses novos trabalhadores sem direitos. Essa palavra vem da
O processo de precarização do mercado de trabalho formal, datado Direção: Ken Loach. Inglaterra:
Sixteen Films, 2016.
da crise do fordismo dos anos de 1970, tem se intensificado bastan-
te, principalmente, a partir da crise econômica mundial de 2008. Esse
movimento é global e atinge também os países desenvolvidos. Com Atividade 2
isso, o precariado, ou seja, os trabalhadores com empregos instáveis Aponte as diferenças
e privados de direitos trabalhistas, torna-se uma massa crescente. Um entre a terceirização e o contrato
exemplo desse processo é o trabalho intermitente. intermitente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, procuramos compreender um amplo processo de
mudanças ocorridas no mundo capitalista ocidental, iniciado a partir dos
anos 1970 e 1980 e que se estende até os nossos dias.
Esse processo implicou uma nova configuração tanto do modo de pro-
dução capitalista, com a emergência do toyotismo que passou a ter proe-
minência e substituiu o fordismo na maioria dos países mais desenvolvidos,
quanto de sua estrutura internacional, com o advento da globalização. Nes-
se amplo processo, as relações de trabalho sofreram muitas mudanças,
que, de modo geral, redundaram na precarização crescente dos postos de
trabalho bem como do mercado de trabalho como um todo.
O capitalismo globalizado de nossos dias é mais concentrado e oli-
gopolizado, possui ampla agilidade de movimentação internacional e capi-
tais anônimos e voláteis. Enquanto isso, os trabalhadores, que eram parte
fundamental para a acumulação de capital e geração de lucros, perderam
espaço para a esfera da circulação, que hoje concentra as maiores fontes
de lucros e resultados econômicos. O resultado disso tem sido concentra-
ção de renda em volumes inéditos na história, assim como crescimento da
pobreza e da desigualdade.
Este capítulo nos possibilitou analisar como nosso sistema econômico
funciona, de modo a esclarecer muitas coisas que acontecem a nossa vol-
ta e que impactam nossa vida.
GABARITO
1. Podemos apontar as seguintes características: múltiplas tarefas; pagamento pessoal
(sistema detalhado de bonificações); eliminação da demarcação de tarefas; longo trei-
namento no trabalho; organização mais horizontal do trabalho; ausência de seguran-
ça no trabalho e condições de trabalho ruins para trabalhadores temporários. Todas
essas características dizem respeito a um sistema em que o trabalhador precisa ser
adaptável a múltiplas funções e aprendizados, além de apresentar insegurança cres-
cente quanto a sua estabilidade.
2. Na terceirização, o contrato é realizado entre duas empresas, sendo uma principal e
a outra secundária. Essa segunda subcontrata os funcionários que prestarão serviço
para a primeira. Outra modalidade é aquela em que o trabalhador abre uma empresa
e presta serviço apenas para uma empresa, encobrindo uma relação direta de traba-
lho. No caso do trabalho intermitente, o trabalhador não tem jornada fixa de trabalho
e é contratado e pago de maneira avulsa, pelas horas efetivamente trabalhadas.
3. Há uma série de características, como a mobilidade e a volatilidade dos capitais, prin-
cipalmente o capital financeiro, a liberalização e desregulamentação de mercados, a
concentração e oligopolização de empresas transnacionais, a priorização da troca em
detrimento da produção, entre outros.
Assim, a tese vitoriosa na disputa foi a que defendia que para al-
cançar rapidamente um desenvolvimento condizente com o tamanho
do território, o mercado consumidor, numa palavra, as potencialida-
des do Brasil, seria necessário que o Estado capitaneasse o processo.
O caráter emancipatório deste se daria pela diminuição da depen-
dência do país aos produtos fabricados por outras economias, bem
como do capital internacional, com o fortalecimento de um capital
nacional. Sociologicamente, a consolidação da nacionalidade se daria
pela autoidentificação da população como parte de uma nação pu-
jante, preocupada com o bem-estar de seu povo e capaz de produzir
riquezas em pé de igualdade com outros países. Por isso o termo na-
cional-desenvolvimentismo se popularizou.
Para Sallum Jr. (2003, p. 37), é possível resumir em quatro tópicos
gerais as características do desenvolvimentismo. Segundo o autor, as
ideias centrais eram:
Esse segundo período da década de 1980 deu luz ao que ficou co-
nhecido como Nova República. Durante o governo Sarney, houve um
expressivo avanço do processo de democratização das instituições, cujo
cume foi a promulgação da Constituição de 1988 e o incremento da par-
ticipação popular no processo político.
Durante o governo Sarney o legado institucional autoritário
ajustou-se ao processo de democratização em curso, traduzindo as
demandas de ampliação do espaço da política e do universo de seus
participantes reconhecidos em regime político democrático. Isso
implicou tanto o rompimento dos limites institucionais impostos à
participação e à organização política das classes populares como a
expansão dos direitos básicos do cidadão. Eliminou-se, assim, na
Nova República, um dos pilares centrais do Estado varguista em
3.3 O neoliberalismo
Vídeo As ideias que fundam o chamado neoliberalismo começaram a se de-
senvolver ainda na década de 1940 concomitantemente com o Estado de
Bem-Estar Social Welfare. Dois dos seus expoentes são os economistas
Friedrich Hayek (1899-1992) e Milton Friedman (1912-2016). Apesar dis-
so, os primeiros governos claramente comprometidos com esse ideá-
rio foram eleitos apenas mais de quatro décadas depois. Em 1979, as
eleições de Thatcher na Inglaterra e, em 1980, de Reagan nos Estados
Unidos iniciam a hegemonia crescente do neoliberalismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, procuramos delinear o processo de formação do cha-
mado moderno Estado brasileiro. Esse foi o Estado responsável pela in-
dustrialização do país e pela mudança de seu estatuto de país agrário e
atrasado para o de país em desenvolvimento ou emergente – para usar-
mos a terminologia consagrada já nos anos dez do século XXI.
Este processo só pode ser compreendido a partir da história dos go-
vernos e personagens que se sucederam e também é preciso ter em
mente que os conceitos de desenvolvimentismo, dependência, capitalis-
mo nacional-dependente e, mais recentemente, neoliberalismo são cen-
trais. Sem eles, não há propriamente a formação de um Estado.
A história econômica e política brasileira está intimamente entrelaçada
com a história mundial. Mesmo durante o regime militar, em que o país
sofreu certo isolamento internacional pela própria natureza e ilegitimida-
de do regime, nossas instituições e escolhas políticas estiveram condicio-
nadas pelo cenário internacional, inclusive o dos nossos vizinhos. Como
exemplo, nos anos 1970 houve golpes de Estado em países como Argenti-
na, Chile e Uruguai, além de governos autoritários em outros países, como
México e Paraguai.
Nos dias atuais, em que o neoliberalismo dos anos de 1980 e 1990
se radicaliza e se converte em um novo ultraliberalismo, com a ascensão
da extrema-direita em muitos países do mundo, inclusive no Brasil, é ain-
da mais importante não apenas compreender como chegamos até aqui,
mas também, e principalmente, o que isso significa em termos políticos,
sociais e econômicos.
GABARITO
1. As principais características do Estado varguista/desenvolvimentista são: a) a industrializa-
ção como resposta para a superação da pobreza e do subdesenvolvimento; b) a necessida-
de de intervenção do Estado para alavancar o processo de industrialização; c) a necessidade
de um planejamento estatal; d) visão de que a participação do Estado na economia é benéfi-
ca, alocando recursos e investindo onde o investimento privado for insuficiente.
A democracia contemporânea 67
4.1 Teorias da democracia
Vídeo A ideia de democracia, assim como a própria palavra, nasceu na
Grécia Antiga, especificamente em Atenas, cerca de 500 anos antes de
Cristo. Surgiu como uma reforma política que se opunha à tirania até
então existente, criando outra forma de governo segundo a qual cada
cidadão representaria um voto e, nessa arena de cidadãos, reunidos em
assembleia, seriam decididos os destinos da cidade. Daí vem a palavra
democracia: demos (povo) + kratos (governo), ou seja, governo do povo.
Em Atenas, entretanto, o povo se resumia a homens livres e era consti-
tuído por uma minoria. Mulheres, escravos ou estrangeiros não eram
considerados cidadãos e, por isso, não estavam aptos a votar.
A democracia contemporânea 69
to ao voto em 1985. Consequentemente, no caso brasileiro, apenas a
Glossário
partir de 1985 é que se pode falar em sufrágio universal.
sufrágio: processo de escolha
por votação; eleição. Outra característica importante é que, na democracia representati-
va, os cidadãos não decidem sobre as políticas públicas, uma vez que
isso compete aos representantes. As políticas públicas definem como
o governo age a respeito de determinado tema. Por exemplo, se a edu-
cação será pública ou privada, obrigatória ou facultativa etc. Exceto no
caso de plebiscito ou referendo (quando o conjunto dos eleitores de-
cide sobre uma questão específica), em geral, as decisões cabem a de-
putados, senadores e presidente; em outras instâncias, a vereadores e
prefeitos. Isso significa que, na democracia representativa, a participa-
ção popular é indireta, mediada por representantes e instituições. Por
isso, na teoria, os eleitores elegem planos de governo, projetos políti-
cos que contenham as políticas a serem desenvolvidas. Teoricamente
porque, na prática, muitas vezes, os cidadãos acabam votando não em
programas, mas em pessoas, como ocorre frequentemente no Brasil.
Assim, gera-se um nível de indeterminação, de imprevisibilidade muito
maior, uma vez que uma pessoa pode mudar de posição muito mais
facilmente do que um grupo.
Wikimedia Commons
isso, ele coloca em questão a ideia de que este se informa e tem inte-
resse real sobre a denominada coisa pública. Esse cidadão consciente
não passa de fantasia, uma ilusão das teorias sobre a democracia.
A democracia contemporânea 71
se mobilizar em torno de um interesse. Assim, se “não podemos contar
com o governo do povo ou mesmo com o governo da maioria, pode-
mos ao menos ter um sistema político que distribua a capacidade de
influência entre muitas minorias” (MIGUEL, 2005, p. 10). Desse modo,
Dahl se inscreve na denominada tradição pluralista da teoria democrá-
tica. Para ele, as minorias concorrem entre si pela influência e pelo po-
der. Essa é uma ideia que está na base do conceito de poliarquia.
Para que uma poliarquia seja possível, Dahl enumera algumas ins-
tituições cuja existência e pleno funcionamento são imprescindíveis.
Entre elas, Pereira (2014, p. 9) aponta sete, a saber:
A democracia contemporânea 73
Isso seria possível por meio de princípios éticos, observadas al-
gumas premissas: “(1) qualquer contribuição pertinente ao debate
pode ser apresentada; (2) apenas a argumentação racional é levada
em conta; e (3) os participantes buscam atingir o consenso” (MIGUEL,
2005, p. 14). A ideia aqui, conforme Miguel (2005), é de uma comuni-
cação face a face em que cada partícipe pode dialogar livremente com
outros formando, assim, seu juízo e, consequentemente, seu voto. En-
tretanto, existem algumas amarras para que esse processo seja de
fato bem-sucedido, tendo em vista a desigualdade na identificação
dos interesses, na utilização das ferramentas discursivas e, finalmen-
te, na capacidade de universalizar (ou fazer parecer universal) os pró-
prios interesses.
Petra Costa/Netflix
funcionar precariamente, seria aprimorada com o treinamento
oferecido pela participação na base. A compreensão deste vín-
culo entre os níveis micro e macro, que recupera o caráter edu-
cativo da atividade política [...] é essencial para que o modelo
participativo ganhe sentido.
A democracia contemporânea 75
3. A representação descritiva, ligada às características que
aproximam certos indivíduos do eleitorado, como raça, gênero,
sexualidade e religião.
4. A representação substantiva, concernente aos candidatos que
representam os interesses de um grupo.
A democracia contemporânea 77
Biografia Outro autor muito importante para a discussão da democracia
é Norberto Bobbio. No livro O futuro da democracia: uma defesa das
Wikimedia Commons
regras do jogo, de 1992, o autor analisa os cenários da democracia
contemporânea e defende que a observação de regras e procedi-
mentos é importante para a validade das normas que permitirão a
pluralidade de posições e pensamentos, fomentar a participação e
garantir a liberdade dos indivíduos contra governos potencialmente
autocráticos.
Norberto Bobbio (1909-2004),
filósofo político, historiador Bobbio (2006) estabelece algumas condições a serem observadas
do pensamento político e para que a democracia funcione de maneira adequada. Em primeiro
escritor italiano, foi defensor lugar, deve haver um empenho por parte dos cidadãos para o exercício
da democracia social-liberal e
do positivismo jurídico além de da democracia, isto é, precisa haver participação massiva; em segun-
crítico de Marx e do fascismo. do, é necessário que seja obedecida a regra da obtenção e obediência
Deixou uma vasta contribuição
à maioria nas decisões políticas; em terceiro e último lugar, é preciso
para o pensamento político.
que aqueles que são chamados a decidir ou a eleger os que decidem
tenham diante de si alternativas reais e estejam em condição de poder
escolher entre estas.
Vídeo Para Bobbio (2006), há uma vinculação visceral entre a democracia
Bobbio foi um dos princi- e o Estado liberal, uma vez que na base do liberalismo estão os chama-
pais pensadores sobre a
democracia, tematizando dos direitos fundamentais, como a liberdade de expressão, de reunião,
várias questões relativas de associação etc., que são condições incontornáveis da democracia.
ao tema. Assista à entre-
vista Norberto Bobbio – o Logo, não pode funcionar em um Estado não liberal.
que é “democracia”, publi-
cado no canal André Viola, A democracia participativa, portanto, é defendida por aqueles que
e reflita sobre os dilemas procuram fugir de uma visão apenas formalista da democracia, no sen-
da democracia atual
apontados pelo autor. tido de que uma vez que eleições são realizadas e uma elite governa,
Disponível em: http://youtu.be/ a democracia está garantida. Esses autores procuram salientar os pro-
JEbMVHFAAEg. Acesso em: 8 jul.
2020. blemas que os regimes contemporâneos têm enfrentado e propõem
alternativas para contorná-los.
A democracia contemporânea 79
A ideia de contrapoderes é a de que movimentos sociais reivindicam
seus espaços e seus direitos no âmbito do Estado, reinventando as for-
mas da legitimidade.
A democracia contemporânea 81
Por isso, ele não é um ente, “alguma coisa que se adquire, se toma ou
se divide, algo que se deixa escapar” (FOUCAULT, 2000b, p. 85). O po-
der, portanto, realiza-se em relações de poder. Além disso, a fonte de
sua legitimidade e permanência não é seu caráter negativo, mas, antes,
sua capacidade produtiva. Segundo Foucault (2000b, p. 8), “o que faz
com que o poder se mantenha e que seja aceito é simplesmente que
ele não pesa só como a força que diz não, mas que de fato ele permeia,
produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso”.
Esse poder se exerce por meio daquilo que o autor chama de dis-
positivos disciplinares. Conforme Foucault (2000a, p. 244), dispositivo é
“um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, ins-
tituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis,
Michel Foucault (1926-1984), medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosó-
filósofo, historiador, sociólogo
e crítico literário, possui uma ficas, morais, filantrópicas”. O dispositivo é a rede que se pode tecer
obra que aborda diversos temas, entre estes elementos. Seus elementos são a sanção normalizadora
entre eles, loucura, sexualidade,
(o poder da norma exercido por meio de regramentos e que cria a
disciplina, poder e punição. Em
1975, lançou Vigiar e punir, obra conduta normalizada), o exame (o mecanismo que permite classificar,
seminal para o entendimento premiar ou punir os indivíduos) e a vigilância. Entre esses elementos,
sobre a sociedade moderna e sua
a vigilância é o dispositivo fundamental. De acordo com Pogrebinschi
relação com a disciplina.
(2004, p. 194), ela
contribui para automatizar e desindividualizar o poder, ao passo
que contribui para individualizar os sujeitos a ele submetidos. [...]
a vigilância produz efeitos homogêneos de poder, generaliza a dis-
ciplina, expandindo-a para além das instituições fechadas. Nesse
Quadro 1
Poder soberano e poder disciplinar
A democracia contemporânea 83
e na cidade. Trata-se de um poder coletivo, que se aplica à massa e
recobre aspectos tais como nascimentos e mortes, taxa de natalidade,
tratamento de doenças etc. O biopoder, assim como o poder discipli-
Filme nar, gera conhecimento, e a segmentação das ciências na modernidade
é decorrente disso (POGREBINSCHI, 2004). Assim, esse poder
não intervém no indivíduo, no seu corpo, como faz o poder disci-
plinar; ao contrário, intervém exatamente naqueles fenômenos
coletivos […] disso decorre que precisa estar constantemente
medindo, prevendo, calculando tais fenômenos e, para isso, o
biopoder cria alguns mecanismos reguladores que o permitam
realizar tais tarefas. (POGREBINSCHI, 2004, p. 196)
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1984.
TOCQUEVILLE, A. A democracia na América. São Paulo. Editora Martins Fontes, 2014.
WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 4. ed. Brasília:
Editora Universidade de Brasília, 2009.
YOUNG, I. M. Representação política, identidade e minorias. Lua Nova Revista de Cultura e
Política, São Paulo, n. 67, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ln/n67/a06n67.
pdf. Acesso em: 8 jul. 2020.
GABARITO
1. Para Schumpeter, as principais características dos regimes democráticos são a apatia
e o desinteresse dos cidadãos de participarem da vida pública e o fato de que a finali-
dade das eleições é a escolha de qual parte da elite irá governar.
3. 1) O poder é criador mais que repressor; 2) ele cria normas antes das leis; 3) as insti-
tuições criadas por ele têm a finalidade primordial de disciplinar os corpos, tornando
os cidadãos mais produtivos.
Outra dimensão trazida tanto pela internet quanto pelas redes so-
ciais é a de ubiquidade, ou seja, a qualidade de estar “presente” em
muitos lugares ao mesmo tempo. Quando se consulta uma rede social,
muitos têm a sensação de estar curtindo as férias dos amigos ou das
celebridades como se lá estivessem. O que acontece em qualquer lugar
do planeta chega ao nosso conhecimento de modo instantâneo. Com
isso, “uma reconfiguração do espaço e tempo está aparecendo, uma
reconfiguração que implica que a forma e o propósito da comunicação
definem o ‘público’ e ‘privado’, e não o espaço no qual a comunicação
acontece” (COOPER et al., 2002, p. 295).
Ainda assim, por que tantas pessoas fazem parte das redes sociais? Qual
é o elemento principal que nos atrai para elas? Para Recuerdo (2014, p. 215,
grifos do original),
os sites de rede social proporcionam novas formas de cone-
xão social e de manutenção dessas conexões aos atores. Por
conta disso, esses sites também são capazes de gerar valores
diferenciados específicos para os atores. Chamamos esses va-
lores de capital social. O capital social é constituído dos valo-
res negociados e embebidos na estrutura dos grupos sociais
(COLEMAN, 1988; PUTNAM, 2000; BOURDIEU, 1983). Refere-se,
assim, grosso modo, aos valores associados ao fazer parte de
redes sociais. Nesse sentido, Coleman (1988) argumenta que
toda a ação social é motivada pelos interesses individuais no
capital social. Ou seja, os atores participam de grupos e redes
porque percebem valores constituídos nessas ações, que são
acessíveis a eles. Fazer parte de uma rede, estar conectado, é
um valor por si, porque, conforme Burt (2001), os recursos que
estão disponíveis a cada ator são dependentes daqueles que
estão disponíveis a seus contatos ou conexões. Logo, quanto
mais contatos, maior a quantidade de recursos a que alguém
potencialmente tem acesso, o que justificaria a valorização das
conexões associativas nos sites de rede social.
Isso não quer dizer que uma parte da promessa trazida pela in-
ternet e mesmo pelas redes sociais tenha desaparecido. Muitos mo-
6 5
vimentos políticos importantes como o Occupy Wall Street e a
Primavera Árabe foi uma série
Primavera Árabe
6
se organizaram pelas redes. Conforme afirma
de protestos e manifestações
públicas ocorridas em 2010. A Castells (2012, p. 19):
maioria dos movimentos lutava como os meios de comunicação de massa são amplamente con-
por democracia e reformas políti-
trolados por governos e empresas de mídia, na sociedade em
cas em países do norte da África e
do Oriente Médio. Atingiu o Egito rede a autonomia de comunicação é basicamente construída nas
e a Tunísia, além de Argélia, Líbia, redes da internet e nas plataformas de comunicação sem fio. As
Síria, Jordânia, Marrocos, Líbano, redes sociais digitais oferecem a possibilidade de deliberar sobre
entre outros. e coordenar as ações de forma amplamente desimpedida.
fluidez inédita em que nada mais tem solidez, pois os modelos, os pa-
radigmas perderam suas formas, em meio a ilusões de que haveria um
ponto imutável aonde chegar ou um caminho certo por onde seguir
(BAUMAN, 2001).
Zygmunt Bauman (1925-2017), gem para a invenção pessoal. As regras e posições sociais, a família e a
sociólogo e filósofo polonês, foi classe social eram elementos delineadores bastante precisos dos cami-
responsável pelo termo moderni- nhos de cada um. Até casamentos eram arranjados e diziam respeito a
dade líquida como uma das
formas de explicar as relações conveniências sociais e alianças políticas ou econômicas.
humanas atuais. Apontou em
Mesmo na primeira metade do século XX, ainda havia uma conside-
sua obra como características da
sociedade contemporânea o in- rável solidez nas instituições e nas possibilidades para cada indivíduo.
dividualismo e o caráter efêmero No fordismo, os empregos eram estáveis, sendo muitas vezes para
nas relações interpessoais.
toda a vida produtiva, e os casamentos possuíam igual estabilidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, fizemos um passeio panorâmico por algumas das ques-
tões mais atuais do debate público no país e no mundo, que se tornam,
por isso mesmo, importantes temas de estudo para as ciências sociais.
Obviamente, há outros temas importantes, mas nos limites de uma intro-
dução, é preciso fazer algumas escolhas.
A desigualdade social é considerada por muitos o maior problema
brasileiro e fonte de uma infinidade de outros que condenam o país ao
subdesenvolvimento crônico e à injustiça social. Milhões de brasileiros
vivem na miséria e outros tantos a tangenciam em muitos momentos de
suas vidas.
O advento da internet e das redes sociais, por sua vez, revolucionou as
formas de comunicação e de sociabilidade modernas. O celular deixou de
ser um mero equipamento para significar quase uma extensão de nosso
corpo. As redes sociais nos colocam, ou nos dão a ilusão de nos colocar,
em permanente esfera pública.
A questão das identidades é de suma importância para o debate social
e político, uma vez que organiza o modo como os diferentes sujeitos se
tornam atores políticos, além de ser tornarem, elas mesmas, bandeiras
de lutas.
Finalmente, as questões relativas ao meio ambiente talvez sejam as
mais decisivas atualmente, tendo em vista que a própria sobrevivência da
espécie humana está em risco. Pensar a respeito da emergência climática
e sobre como responder a ela é nosso maior desafio.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2001
BAUMAN, Z. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2005.
CASTELLS, M. Redes de indignação e esperança. Movimentos sociais na era da internet. São
Paulo: Zahar Editora, 2012.
COOPER, G.; GREEN, N.; MURTAGH, G.M.; HARPER, R. Mobile Society? Technology, distance,
and presence. In: WOOLGAR, S. Virtual society. Oxford: Oxford Press, 2002.
GABARITO
1. Para Souza (2003), o habitus precário significa um certo tipo de socialização que pre-
dispõe os indivíduos de determinadas classes ou estratos sociais às beiradas do siste-
ma, como inadaptados ao mundo capitalista. Ele cria indivíduos sem as características
que permitem a certas pessoas poder competir no mercado de trabalho com maiores
chances de sucesso, por exemplo, sem capacidade de concentração, pensamento abs-
trato, cultura geral etc.
Introdução
mudanças ocorrem em velocidade acelerada. Temas como
crise, desenvolvimento econômico, tecnologia, problemas
ambientais e climáticos, desigualdade, novas identidades,
entre outros, pautam não só as discussões acadêmicas, mas
também a vida cotidiana de cada um de nós.
Para se orientar nesse emaranhado, algumas ferramentas
adicionais são importantes. Por isso, uma introdução a alguns
às Ciências
dos conceitos e ideias fundamentais das ciências sociais tem
sobretudo a função de fornecer aos estudantes instrumentos
que lhes permitam compreender melhor nossa realidade.
É com esse propósito que este livro foi concebido.
Hoje, com a internet, um mundo de conhecimento qualificado
Sociais
pode ser facilmente acessado. Desse modo, esta obra tem o
intuito de indicar os primeiros passos de um caminho que o
próprio estudante pode trilhar ao longo de sua vida. Trata-se,
portanto, antes de tudo, de um convite à reflexão. Pensar
que as coisas são sempre mais complexas do que parecem à
primeira vista e duvidar de nossas certezas são pré-requisitos
imprescindíveis ao pensamento crítico.
VILMA AGUIAR