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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE HUMANIDADE

UNIDADE ACADÊMICA DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA

PROFESSOR: ANTÔNIO GOMES

ALUNO: DAVI MARCELINO

ARTIGO SUBMETIDO À AVALIAÇÃO FINAL DA DISCIPLINA

Abordagem sobre o conceito de “estrutura geral básica das ideias”

Dentre outros temas, claro está que o conceito de estrutura conceitual geral,
permeia toda a obra de Strawsosn “Análise e metafisica: uma introdução à filosofia”.
Por conseguinte, iremos abordar este conceito no que ele tem de mais introdutório haja
vista sua complexidade se impor diante das análises feitas pelo próprio autor referido
acima.

De acordo com os estudos apresentados na obra supracitada, Strawsosn faz


uma abordagem crítica do tema sem, contudo, oferecer uma definição cabal. A
princípio, podemos começar analisando o que nosso autor define sobre o conceito de
inevitabilidade, porquanto existe a necessidade humana de oferecer uma doutrina que
comporte o quadro geral dos conceitos nas diferentes áreas do saber. Tal doutrina
comportaria o entendimento de conceitos básicos ou a redução dos conceitos aos
elementos simples. Entendido desse modo, esta redução compreenderia o que Strawsosn
define como sendo o modelo atomista. Este modelo se contrapõe ao modelo conectivo
que iremos defini-lo na sequência. Ainda no que se refere ao modelo atomista, o
objetivo seria ganhar uma compreensão clara dos significados complexos, reduzindo-os
a significados simples, afirma Strawsosn. Quanto ao modelo conectivo, este consiste
em uma rede elaborada, um sistema de itens interligados, de conceitos tal que a função
de cada item e de cada conceito só pudesse, do ponto de vista filosófico, ser
compreendida pela percepção das suas conexões com os outros, do seu lugar no sistema.
Todavia, o modelo atomista e sua abordagem da redução básica ou derradeira dos
conceitos permanecem viáveis porquanto não se pode abrir mão de algo ser fundamental
do ponto de vista conceitual, afirma Strawson.

Para início de pesquisa, devemos procurar a estrutura geral das nossas ideias
nos conceitos pré-teóricos, afirma nosso autor. Isso significa dizer que há conceitos que
servem de base para os conceitos teóricos porquanto aqueles se encontram no uso
cotidiano das palavras feito pelo senso-comum. Por outro lado, os conceitos originados
por conceitos pré-teóricos devem, pelo menos em tese, fazer uma descrição geral do
universo inteiro, de tudo que há e como as coisas se relacionam umas com as outras. Tal
abordagem leva ao que os teóricos da filosofia analítica definem como “compromisso
ontológico”. Este, por sua vez, consiste na crença da existência dos itens a que a logica
alude. Todavia, segundo esta compreensão, tal compromisso só toma como digno de
consideração filosófica as crenças que são claras e cientificamente aceitáveis porquanto
o uso fundamental de conceitos é o uso que se faz deles quando sustentamos uma crença
haurida das investigações cientificas. Todavia, os conceitos cientificamente aceitáveis
podem nos levar a crer que estamos diante da realidade descrita em conceitos precisos,
quando na verdade estamos expressando apenas o modelo mental de nossas ideias,
analisa Strawson. Por isso, nosso filósofo analítico diz ser melhor falarmos de estruturas
do pensamento acerca do mundo em vez de falarmos diretamente acerca do mundo.

Observamos que houve uma mudança de modelo teórico assumido de início


porquanto estávamos falando de “estrutura geral das ideias” e agora nosso autor acha
mais conveniente falarmos de “estruturas do pensamento acerca do mundo”, de modo
que tal mudança enseja dois questionamentos distintos. Se antes a questão poderia ser
colocada nos seguintes termos, a saber: “quais são as espécies de coisas mais gerais que
existem e como se relacionam?”; e, agora, de acordo com este novo posicionamento, a
pergunta que se faz consiste em saber “quais são os nossos conceitos mais gerais e
penetrantes, ou conceitos-tipo de coisas e como se relacionam”. Esta mudança de
questionamento deixa claro que o que está em jogo é a relação entre juízos acerca do
mundo e a realidade, porquanto a forma fundamental do juízo afirmativo é aquele na
qual julgamos que um conceito geral se aplica a um caso particular, mas ainda estamos
no âmbito dos conceitos gerais do objetivamente real; ou conceitos de objetos
individuais na realidade; ou conceitos de coisas espaço-temporais; ou, ainda, conceitos
gerais de objetos empíricos. Desse modo, estabelecemos o entendimento de que há uma
dependência causal entre o suposto mundo objetivo e a percepção sensível, porquanto
tal dependência está contida na própria noção de experiência sensível, afirma nosso
autor.

O que Strawson nos sinaliza é que uma teoria que busque ser fiel à
“estrutura básica das ideias”, ao “sistema geral de pensamento”, deve desde logo incluir
esta noção de dependência causal, porquanto nosso autor introduz os conceitos de
espaço e tempo. Ele afirma que a estrutura básica das ideias é constituída pelos
conceitos dos modos de ocupação do espaço, pois se há a noção de espaço deve haver
necessariamente a noção de tempo porquanto é importante lembrar que nosso filósofo
analítico está em franco embate teórico com o empirismo clássico, uma vez que este
afirma que a “estrutura geral das nossas ideias” deriva de uma pequena região da
própria estrutura ligada às noções espaço-temporais. No entanto, segundo Strawson, há
dois traços gerais e fundamentais de nosso sistema de ideias: o primeiro é que somos
agentes, seres capazes de ação, o segundo é que somos seres sociais. A partir desse
ponto especificamente, nosso autor sinaliza para o entendimento do conceito de
“estrutura geral das ideias” levando em consideração os aspectos sociais em que nossas
ideias são estabelecidas e fixadas a partir da linguagem, porquanto uma compreensão de
tal estrutura básica e geral das ideias que não leve em consideração os aspectos
linguísticos, não seria, a bem da verdade, uma teoria robusta, pois as ações baseiam-se
ou tem origem na combinação de crenças e atitudes relevantes, afirma Strawsosn.

REFERÊNCIA: STRAWSON, Peter Frederick. Análise e metafísica: uma introdução


à filosofia. Trad. Armando Mora de Oliveira – São Paulo: Discurso Editorial, 2002.

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