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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS


POLÍTICAS PÚBLICAS E MOVIMENTOS SOCIAIS

DESIGUALDADE , LUTAS SOCIAS


E MOVIMENTOS IDENTITÁRIOS

Donny dos Santos


Tanielle Abreu
Lorena
Teresa Neumann
Rosenverck Estrela Santos
PERCURSO DA APRESENTAÇÃO

1 QUESTÕES PROBLEMATIZADORAS

2 NÚMEROS DA DESIGUALDADE NO BRASIL

3 FORMAÇÃO E LUTA DO MOVIMENTO NEGRO: transversalidades de raça,


gênero e classe

4 FORMAÇÃO E LUTA DO MOVIMENTO FEMINISTA E LGBTQIA+:


transversalidades de gênero, classe e reprodução social

5 CAPITALISMO x IDENTIDADES: Movimentos Identitários e a Luta de Classes

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS
1
QUESTÕES PROBLEMATIZADORAS

1. Qual a relação entre o 4. Os movimentos


desenvolvimento capitalista e
identitários surgem em
as desigualdades sociais e
identitárias? que condições e como se
organizam?
2. As desigualdades sociais no
Brasil são um problema de
5. Qual a relação entre as
classe ou de questões
específicas como raça e demandas dos
gênero? movimentos identitários e
o Estado?
3. Quais as relações entre raça,
classe e gênero na formação
da sociedade brasileira?
2
Números da Desigualdade
Números da Desigualdade
Números da Desigualdade
Números da Desigualdade
Números da Desigualdade

MEDALHA DE BRONZE
Brasil tem a 3ª maior população carcerária do mundo, com 726.712 mil presos

64% da população prisional é formada por pessoas negras.


Atlas da Violência 2017
- Negros e jovens são as maiores vítimas -
O QUE DIZEM OS NÚMEROS?
EVOLUÇÃO DE HOMICÍDIOS DE MULHERES

Fonte: IPEA (2019)


EVOLUÇÃO DE HOMICÍDIOS DE MULHERES POR UF

Fonte: IPEA (2019)


EVOLUÇÃO DE HOMICÍDIOS DE MULHERES NEGRAS

Fonte: IPEA (2019)


HOMICÍDIO DE MULHERES DENTRO E FORA DO DOMICÍLIO E POR ARMA DE
FOGO

Fonte: IPEA (2019)


3
FORMAÇÃO E LUTA DO
MOVIMENTO NEGRO

o No fim do século XIX: abolição da escravatura


(1888), fim do Império e início da República (1889).

Iniciava os debates sobre os


critérios de cidadania

o As Teorias raciais passaram a ser largamente


utilizadas no Brasil para pensar o povo brasileiro e
o projeto de desenvolvimento e progresso do país!
FORMAÇÃO E LUTA DO
MOVIMENTO NEGRO

o Muitos argumentavam que os negros não se


adaptariam a uma sociedade sem rei, feitor e
senhor;

o Os partidários dessa visão tinham a seu favor um


grande argumento, as teorias raciais.

o As teorias raciais foram inventadas no século XIX


na Europa e nos Estados Unidos para explicar as
origens e características de grupos humanos
FORMAÇÃO E LUTA DO
MOVIMENTO NEGRO

○ Gobineau (1853); Le Bom (1894) destacam-se


entre os deterministas raciais

○ Diziam que as raças são produtos finais e todo


cruzamento um erro. Duas consequências desse
pensamento:

1. Enaltecer a existência de tipos puros;

2. Compreender a miscigenação como


degeneração
TEORIAS RACIAIS NO BRASIL

o Essas teorias tiveram grande aceitação


no Brasil entre 1870 e 1930;

o Elas tinham por base argumentos


biológicos, convincentes na época, que
relacionavam as características físicas
dos indivíduos à capacidade intelectual.
TEORIAS RACIAIS NO BRASIL

Assim, os indivíduos da
raça “branca”, foram
decretados coletivamente
superiores aos da raça
“negra” e “amarela”;

Conseqüentemente mais
aptos para dirigir e
dominar as outras raças;
TEORIAS RACIAIS NO BRASIL

Foram basicamente quatro os argumentos das Teorias raciais

1. Haviam raças diferentes entre os homens;

2. A “raça branca” era superior à “raça negra”, ou seja, os brancos


eram biologicamente mais inclinados à civilização do que os negros;

3. Havia relação entre raça, características físicas, valores e


comportamentos;

4. As raças estavam em constante evolução, portanto era possível que


uma sociedade pudesse ir de um estágio menos desenvolvido para
outro mais adiantado
TEORIAS RACIAIS NO BRASIL

○ Implicou num ideal político =


submissão ou eliminação das raças
inferiores

EUGENIA:
Eu (boa); Genus (geração)
TEORIAS RACIAIS NO BRASIL

▪ Em 1911, durante o Congresso


Internacional das Raças realizado
em Londres, o representante
brasileiro, Batista Lacerda,
garantiu que no início do século
XXI já não haveria negros no país;

▪ É oportuno pensar as
especificidades do racismo no
Brasil = RACISMO CORDIAL
TEORIAS RACIAIS NO BRASIL

○ Trata-se de um racismo mestiço e cordial;


○ Cada brasileiro é uma ilha de democracia racial
cercado de racista por todos os lados
TEORIAS RACIAIS NO BRASIL

○ Contrariamente à ideologia racial praticada nos


Estados Unidos e que procurava assegurar a
supremacia racial branca graças ao sistema
segregacionista rígido, a elite brasileira, na sua
maioria, pensava que a solução mais segura e
definitiva só podia ser eugênica;

○ A elite brasileira, preocupada com a construção


de uma unidade nacional, de uma identidade
nacional, via esta ameaçada pela pluralidade
étnico-racial.

○A mestiçagem era para ela uma ponte para o


destino final: o branqueamento do povo brasileiro
por meio da POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO
TEORIAS RACIAIS NO BRASIL

○ Em outros países do mundo, em particular


na antiga África do Sul e nos Estados Unidos
desenvolveu-se um modelo de racismo
oposto ao do Brasil, o racismo
diferencialista. Este racismo, em vez de
procurar a assimilação dos "diferentes" pela
miscigenação e pela mestiçagem cultural,
propôs, ao contrário, a absolutização das
diferenças e, no caso extremo, o extermínio
físico dos "outros" (por ex. o nazismo).
Modesto Brocos - 1895
“Vede a aurora-criança,
como sorri e fulgura, no
colo da mulata - aurora
filha do dilúvio, neta da
noite.
Cam está redimido!
Está gorada a praga de
Noé!”
TEORIAS RACIAIS NO BRASIL

○ Essas teorias enfraqueceram a discussão


da cidadania durante o início da República;

○A década de 1930 surgiu uma positivação


da Mestiçagem (mito das três raças)

○ Gilberto Freire com Casa Grande e


Senzala (1930):
a. A mestiçagem aparece como o grande
caráter nacional;
b. Influencia a produção cultural;
c. Inventou o mito da democracia racial
TEORIAS RACIAIS NO BRASIL

A originalidade do Sistema Racial Brasileiro

É capaz de manter uma estrutura racista sem hostilidades


fortemente abertas como se observa em outros países

A explicação estaria na ideologia brasileira, profundamente


assimilativa e assimilacionista, capaz de criar constrangimento
para os grupos que procuram se manter afastados da sociedade
nacional
○ Uma observação empírica mostrada nos fatos, sem nenhuma
especulação nem mistificação, revela a posição ocupada por negros e
mestiços na estrutura social, política e econômica do Brasil;
O MOVIMENTO SOCIAL NEGRO COMO AGENTE
FUNDAMENTAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS

○ A promoção da igualdade para a população negra


só será completa numa articulação entre as
demandas de classe e as especificidades da questão
racial.

○ A condição base para a compreensão da


desigualdade social e étnico-racial da população
negra no Brasil passa assim pelo entendimento das
formas assumidas pelo trabalho, em diferentes
contextos históricos marcados pelas disputas de
poder e luta de classes.
O MOVIMENTO SOCIAL NEGRO COMO AGENTE
FUNDAMENTAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
○ As políticas públicas de cunho exclusivamente
social passaram a ser questionadas por intelectuais
ligados à causa étnico-racial e movimentos sociais
negros. Theodoro (2008, p.177) aponta que:

[...] as políticas de cunho universalista de proteção social e de


transferência de renda têm um papel importante na redução da
pobreza, mas limitado no combate à desigualdade racial. Só com
a adoção de políticas específicas – valorativas, de cotas nas
universidades, de combate ao racismo institucional e de
ampliação dos espaços para os negros no mercado de trabalho –
é que se logrará reverter o quadro de iniqüidade racial.
O MOVIMENTO SOCIAL NEGRO COMO AGENTE
FUNDAMENTAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS

○ Tais debates e políticas não têm origem atual, mas nos


remete ao conjunto das lutas e resistências da população
negra desde sua vinda para as Américas por meio do
tráfico de escravizados, onde empreendeu uma série de
formas de resistências (fugas, sabotagem da produção,
formação de quilombos, etc.) à sua escravização.

○ Teve haver com o fortalecimento dos Movimentos


Negros, a partir dos anos 1980, no processo de luta
democrática e reorganização dos movimentos populares e
sociais.
O MOVIMENTO SOCIAL NEGRO COMO AGENTE
FUNDAMENTAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS

○ Destacamos, nesse sentido:


1. A ação da imprensa negra e a Frente Negra Brasileira
(fim do século XIX e primeiras décadas do século XX);

2. Teatro Experimental do Negro, na década de 1940,


criado por Abdias do Nascimento;

3. Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação


Racial, em l978.
O MOVIMENTO SOCIAL NEGRO COMO AGENTE
FUNDAMENTAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS

○ As diversas expressões do movimento social


negro no Brasil, em especial, no período
republicano a partir da década de 1970, buscavam
combater três eixos fundamentais do racismo
brasileiro:
1. a ideologia do embranquecimento,
2. o mito da democracia racial
3. o racismo institucional.
O MOVIMENTO SOCIAL NEGRO COMO AGENTE
FUNDAMENTAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS

○ O movimento negro tem proposto uma série de medidas a fim de


garantir o combate às desigualdades raciais no campo da educação, do
mercado de trabalho e da cultura, bem como incluir o racismo e a
discriminação como critérios para se pensar a democracia e a igualdade.
○ Segundo Gomes (2012, p. 23):

O Movimento Negro é o protagonista central que conseguiu dar


maior visibilidade ao racismo e sua dinâmica de apagamento no
conjunto da sociedade, ao mito da democracia racial,
demandando a implicação do Estado para a efetivação da
paridade de direitos sociais.
O MOVIMENTO FEMINISTA NEGRO
o O Feminismo Negro é um movimento social protagonizado
por mulheres negras, com o objetivo de promover
visibilidade às suas pautas e reivindicar seus direitos;

o Grupos de mulheres negras no interior da Frente Negra na


década de 30 / Irmandades / Terreiros;

o Teatro Experimental do Negro = > Conselho Nacional de


Mulheres em 1950.

o Na década de 70, na reorganização dos movimentos sociais,


o movimento feminista negro começa a se organizar mais
ativamente.
O MOVIMENTO FEMINISTA NEGRO

o O Movimento Negro tinha sua face sexista, as


relações de gênero funcionavam como fortes
repressoras da autonomia feminina e impediam
que as ativistas negras ocupassem posições de
igualdade junto aos homens negros; por outro lado,
o Movimento Feminista tinha sua face racista,
preterindo as discussões de recorte racial e
privilegiando as pautas que contemplavam
somente as mulheres brancas.
INTERSECÇÕES
Movimento Feminista e o Movimento Feminista Negro

o ENEGRECER O o RACIALIZAÇÃO DO
FEMINISMO GÊNERO

o FEMINIZAR O o GENERIFICAÇÃO DA
MOV NEGRO RAÇA

(Sueli Carneiro) (Núbia Moreira)


O LEGADO DA COLONIZAÇÃO NO BRASIL

o Contexto de conquista e dominação => apropriação


social das mulheres como afirmação de superioridade
do ‘vencedor’;
o Violação colonial perpetrada pelos senhores brancos
contra as mulheres negras e indígenas;
o Miscigenação e o Mito da Democracia Racial;
o Violência sexual contra a mulher negra transformada
em um romance, o romance da “redenção” de um país
(pintura);
o Imaginário social brasileiro = apenas um corpo.
O LEGADO DA ESCRAVIDÃO
o Existência ofuscada pelo trabalho compulsório;
o Desprovidas de gênero para representar unidades de
trabalho lucrativo;
o Trabalhadora em tempo integral para o seu proprietário, e
mulher e mãe para a sua própria família apenas
ocasionalmente;
o Trabalhavam na lavoura e eram cobradas da força e
produtividade como os homens negros;
o Papel multidimensional no trabalho, na família e na
comunidade escrava;
o Abusos sexuais;
IDENTIDADE FEMININA DAS MULHERES NEGRAS

A UNIVERSALIZAÇÃO DA CATEGORIA ‘MULHERES’ NÃO


REPRESENTA!

o Mito da “fragilidade feminina” x Identidade de


Objeto;
o A pauta de “ganhar as ruas e trabalhar” ;
o A pauta de romper com o estereótipo de “rainha
do lar”;
o Imagem da lascividade; um corpo; antimusas.
SÉC. XXI E O MOVIMENTO FEMINISTA NEGRO

o Déc. 80/90 criação de espaços de debates – AMNB;

o Encontro Nacional de 1988 / Centenário da Abolição;


o 1997 - 10º Encontro Nacional Feminista organizado
sob responsabilidade das mulheres negras;
o A partir dos anos 2000 começa-se formular ações e
pensar a Marcha;

o 25/07/2014 é lançado a Marcha pra 2015;


SITE: GELEDÉS - INSTITUTO DA MULHER NEGRA
1ª MARCHA DAS MULHERES NEGRAS – 2015
 Pelo fim do femicídio de mulheres negras e pela visibilidade e garantia
de nossas vidas;

 Pela investigação de todos os casos de violência doméstica e


assassinatos de mulheres negras, com a penalização dos culpados;

 Pelo fim do racismo e sexismo produzidos nos veículos de comunicação


promovendo a violência simbólica e física contra as mulheres negras;

 Pelo fim dos critérios e práticas racistas e sexistas no ambiente de


trabalho;

 Pelo fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões sumárias às


mulheres negras em casas de detenções;
 Pela garantia de atendimento e acesso à saúde de qualidade às
mulheres negras e pela penalização de discriminação racial e sexual
nos atendimentos dos serviços públicos;

 Pela titulação e garantia das terras quilombolas, especialmente


em nome das mulheres negras, pois é de onde tiramos o nosso
sustento e mantemo-nos ligadas à ancestralidade;

 Pelo fim do desrespeito religioso e pela garantia da reprodução


cultural de nossas práticas ancestrais de matriz africana;

 Pela nossa participação efetiva na vida pública.


4
4.1
Movimento LGBT: breve
histórico
MOVIMENTO LGBT NO BRASIL

○ No Brasil, o movimento LGBT começou a se desenvolver a


partir da década de 1970. Nasceu em um contexto de grande
repressão e injustiça social: a Ditadura Militar, que se
estendeu de 1964 a 1985. O surgimento de algumas
publicações LGBT como os jornais Lampião da
Esquina e ChanacomChana foram fundamentais para o
crescimento e o amadurecimento do movimento no Brasil.
Movimento LGBT - objetivos

○ Criminalização da LGBTfobia;
○ Fim da criminalização da homossexualidade e das penas correlatas;
○ Reconhecimento social da identidade de gênero;
○ Fim do tratamento das identidades trans como patologias;
○ Fim dos tratamentos de “cura gay”;
○ Casamento civil igualitário;
○ Permissão para casais homoafetivos adotarem crianças;
○ Respeito à laicidade do Estado e fim da influência religiosa nos processos
políticos;
○ Políticas públicas pelo fim da discriminação;
○ Fim dos estereótipos LGBT na mídia e representatividade da comunidade nos
meios de comunicação.
Movimento LGBT: breve histórico

○ 1978 – 1979: Criado o primeiro grupo de mobilização por direitos, o "Somos -


Grupo de Afirmação Homossexual". Manifestando-se pela primeira vez durante
debate promovido pela Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP),
em 1979, abrindo caminho para que outras organizações se estruturassem nos anos
seguintes.
○ 1978 - 1979
○ "O Lampião da Esquina", editado por um grupo de intelectuais homossexuais no Rio de
Janeiro. Fazia oposição à ditadura e discutia temas relacionados à homossexualidade
masculina; trazia questões relativas ao feminismo, às mulheres, aos negros e outras
minorias. Denunciava abusos contra LGBTs, como a prisão arbitrária de lésbicas devido a
sua orientação sexual em 1980, em São Paulo ("Operação Sapatão“).
○ Lésbicas se juntam ao Somos após um debate no Departamento de Ciências Sociais da
USP e fundam uma subdivisão do grupo, a Lésbicas Feministas.
MOVIMENTO LGBT: BREVE HISTÓRICO

○Ele era também uma resposta à parte da esquerda que


associava os gays à “decadência burguesa” e via o movimento
homossexual como “um desvio da luta principal”, que era “o
fim do capitalismo”. "Era uma ideia de revolução com luta
armada, de um homem muito masculino, que pega em
armas”, afirma a ativista transfeminista e escritora Helena
Vieira, em entrevista ao Nexo.
MOVIMENTO LGBT: BREVE HISTÓRICO

○ 1980
⎯ Primeiro encontro de grupos homossexuais organizados. Apesar de a palavra
“homossexual” também referir-se a lésbicas, ele no início era para homens gays.
⎯ O Somos se divide e surge o primeiro grupo lésbico, o Grupo de Ação Lésbica
Feminista (GALF).
⎯ A ditadura realiza a "Operação Sapatão“ e faz prisões arbitrárias de lésbicas.
⎯ No início dessa década foram mapeados 22 grupos homossexuais atuantes no
Brasil - eixo Rio de Janeiro-São Paulo (Edward MacRae - antropólogo), um
documento produzido pelo Grupo Gay da Bahia falava em 7 grupos existentes em
1984 e 6 em 1985.
○1981
⎯ É fundado o ChanacomChana, primeira publicação ativista lésbica do Brasil.
Comercializado no Ferro's Bar, em 1983, os donos do bar expulsam as ativistas do
local. No dia 19 de agosto do mesmo ano, o GALF organiza um ato político no local que
resulta no fim da proibição da venda do jornal. O episódio é lembrado como o
"Stonewall brasileiro". A partir do dia 19 de agosto comemora-se o Dia do Orgulho
Lésbico no Estado de São Paulo.
⎯ O "Lampião da Esquina" deixa de ser publicado.
MOVIMENTO LGBT: BREVE HISTÓRICO

○ 1982
⎯ Surge o Grupo Gay da Bahia, em Salvador.
⎯ Confirmação do primeiro caso de Aids no Brasil e identificação da transmissão por
transfusão sanguínea. Adoção temporária do termo Doença dos 5 H - Homossexuais,
Hemofílicos, Haitianos, Heroinômanos (usuários de heroína injetável), Hookers
(profissionais do sexo em inglês).
○ 1983
⎯ O “Somos” se dissolve.
⎯ Estágios finais da ditadura.
⎯ Crise entre movimentos sociais no geral, que precisam pensar outras formas de
mobilização não pautadas no governo militar como grande inimigo;
⎯ Explosão da epidemia do vírus HIV que, no início, afetou principalmente
homossexuais homens,bissexuais, travestis e transexuais.
Movimento LGBT: breve histórico

○ 1983 - 1984
⎯ Adotado o termo "orientação sexual", de modo a deslocar a polarização acerca da
homossexualidade pensada como uma "opção" ou como uma "condição" inata".
⎯ O GGB encabeça a campanha nacional para retirar a homossexualidade do código
de doenças do sistema de saúde brasileiro.

○ 1985
⎯ Surge o grupo Triângulo Rosa, no Rio de Janeiro, que nessa nova fase, toma a
frente juntamente como ocorreu no Brasil cinco anos antes de a Organização
Mundial da Saúde (OMS) retirar a homossexualidade da Classificação Internacional
de Doenças.
○ 1987
⎯ O Grupo Triângulo Rosa defendeu a inclusão do termo orientação sexual" na
Constituinte de 1987, nos artigos que vetam a discriminação e diferença salarial.
Não obteve a inclusão; sendo posteriormente adotada em legislações municipais e
Estaduais.
⎯ Operação Tarântula, cujo objetivo era prender travestis que se prostituíam nas
ruas de São Paulo. Mesmo com a operação suspensa, travestis passaram a ser
assassinadas misteriosamente, a tiros.

○ 1990
⎯ As diversidades dentro do próprio movimento começam a ganhar mais
visibilidade com foco em demandas específicas de cada grupo.
⎯ Organização Mundial de Saúde retira homossexualidade no Catálogo
Internacional de Doenças
⎯ Travestis começam a se organizarem no início da década devido o impacto da Aids
e o consequente aumento de casos de violência.
Movimento LGBT: breve
histórico

○ 1993
⎯ inclusão das lésbicas na sigla geral do movimento (apesar de estarem na
militância desde o início), quando o evento anual passa a se chamar Encontro
Brasileiro de Homossexuais e Lésbicas.

○ 1995
⎯ As travestis reivindicam e tem aprovada, sem polêmicas, a inserção do T para os
encontros seguintes.
⎯ Fundação da primeira rede de organizações LGBT brasileiras, a Associação
Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis, ABGLT e, a partir disso, ocorre uma
multiplicação das redes nacionais.
⎯ O Rio de Janeiro recebe a 17º conferência da Associação Internacional de
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex.
MOVIMENTO LGBT: BREVE HISTÓRICO

○ 1996
⎯ Ato na praça Roosevelt, em São Paulo reúne cerca de 500 pessoas e partir de
então, começa a se planejar a primeira parada LGBT do país, que acontece no ano
seguinte, na avenida paulista

○ 1997
⎯ Acontece a primeira parada LGBT do país em São Paulo.

Final dos anos 1990 - maior visibilidade na mídia; fortalecimento dos grupos com
forte ligação à Aids; maior financiamento governamental, ABGLT; crescimento
das Paradas.
MOVIMENTO LGBT: BREVE HISTÓRICO
○ 2000
movimento se institucionaliza mais e se empodera. Agenda se volta mais para as
políticas públicas e reivindicações legislativas e políticas governamentais

o 2003
⎯ Criação da Frente Parlamentar pela Livre Expressão Sexual (hoje Pela Cidadania
LGBT) – fruto do I Seminário de Políticas Afirmativas e Direitos da Comunidade
LGBT, ocorrido em junho, promovido pela Ouvidoria da Câmara e Comissão de
Direitos Humanos

○ 2005
⎯ O 12º Encontro Brasileiro de Gays, Lésbicas e Transgêneros aprovou o uso de
GLBT, incluindo, oficialmente, a letra B como representação de bissexuais.
MOVIMENTO LGBT: BREVE HISTÓRICO

○ 2008
⎯ Conferência Nacional GLBT – “T” identifica, simultaneamente, travestis e
transexuais homens e mulheres, e posiciona a letra L em frente ao G, para dar
maior visibilidade às lésbicas.
⎯ Processo de redesignação sexual - cirurgia de "mudança de sexo" – do fenótipo
masculino para o feminino passou a ser oferecida SUS.

o 2009
– Plano Nacional LGBT

○ 2010
⎯ A cirúrgia do fenótipo feminino para o masculino pode a ser feita pelo SUS.
MOVIMENTO LGBT: BREVE HISTÓRICO

○ 2011
⎯ A união estável homoafetiva/conversão em casamento civil é reconhecida pelo
Supremo Tribunal Federal - Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 612/2011.

○ 2013
⎯ É reconhecido o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, pelo Conselho
Nacional de Justiça.

○ 2014
⎯ Enem - o uso do nome social por transexuais e travestis.

○ 2017
⎯ O Conselho Nacional de Educação – CNE aprova resolução que autoriza o nome
social em instituições de ensino.
Movimento LGBT: breve
histórico

○ 2018
⎯ Ministério da Educação - aprova resolução que autoriza o nome social em
instituições de ensino para maiores de 18 anos e aos estudantes menores de
idade, a solicitação deve ser apresentada pelos seus representantes legais.

⎯ O Tribunal Superior Eleitoral - transexuais e transgêneros, podem se


candidatar e concorrer às eleições de acordo com sua identidade de gênero
(homem ou mulher), bem como fazer uso do nome social para se identificar nas
urnas.
MOVIMENTO LGBT: BREVE HISTÓRICO

⎯ O Supremo Tribunal Federal autorizou a retificação de registro civil sem a


necessidade de ação judicial, e, a partir desta realizar a retificação de todos os
demais documentos.

⎯ A transexualidade é retirada da lista de patologias e recebe a classificação de


“condição relativa à saúde sexual”, uma maneira encontrada pela agência para
incentivar a oferta de Políticas Públicas de Saúde para a população trans.
POLÍTICAS PÚBLICAS LGBT NO BRASIL
POLÍTICAS PÚBLICAS LGBT NO BRASIL

○ A partir de 2004, direitos passam a ser assegurados a partir de seis iniciativas


consideradas principais:

⎯ Criação do Brasil Sem Homofobia (BSH) – Programa de Combate à Violência e à


Discriminação contra GLBT (até 2008) e de Promoção da Cidadania Homossexual,
em 2004;

⎯ Realização da I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e


Transexuais, com o tema Direitos Humanos e Políticas Públicas: o caminho para
garantir a cidadania de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (2008);
POLÍTICAS PÚBLICAS LGBT NO BRASIL

⎯ Lançamento do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de


Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – PNDCDH-LGBT, 2009;

⎯ Publicação do decreto que cria o programa nacional de direitos humanos 3, PNDH


3, 2009;

⎯ Criação da coordenadoria nacional de promoção dos direitos de LGBT, no âmbito


da secretaria de direitos humanos, 2010; e

⎯ Implantação do conselho nacional LGBT, em 2010, com representação paritária do


governo federal e da sociedade civil.
EMPREGABILIDADE LGBT
LGBT E O MERCADO DE TRABALHO
○ 2018 - a comunidade de LGBTQ brasileira, representava 9% da
população - 18 milhões de pessoas.

“Gays e lésbicas sofrem discriminação, mas estão no mercado de trabalho


- a questão aqui é chegar a cargos de direção.”
(Reinaldo Bulgarelli, secretário executivo do Fórum de Empresas e Direitos LGBT)

20% das empresas brasileiras não contratam gays, lésbicas, travestis e


transexuais em razão da sua orientação sexual e identidade de gênero, e
que 11% delas só contratariam se o candidato não ocupasse cargos de
níveis superiores
(Elancers)
LGBT E O MERCADO DE TRABALHO
○Estudo realizado pela consultoria Santo Caos com 230
profissionais LGBT, de diferentes áreas, mostrou que 40% já sofreu
discriminação no trabalho por sua orientação sexual e/ou
identidade de gênero.

○IMPEDIMENTOS para adentrar no mercado de trabalho: a


orientação sexual; a associação com a imagem da empresa.

○Segundo pesquisas realizadas pelo plantão Plomo no Brasil, 1 em


cada 5 empresas se recusa a contratar homossexuais com medo de
que a imagem da companhia fique associada àquele funcionário,
fazendo com que essas empresas percam seus clientes.
LGBT E O MERCADO DE TRABALHO
○Pesquisa realizada pela Elancers, demonstra também que 7% dos
entrevistados também disseram que não empregariam
homossexuais declarados em nenhum cargo.
○Quanto se trata da população transexual, as dificuldades se
aprofundam. Segundo pesquisa realizada pela Ordem dos
Advogados do Brasil - OAB, 82% dos transexuais não concluem seus
estudos. O preconceito, somado à alta taxa de evasão escolar,
agrava ainda mais o cenário.
○Assim como o IBGE não sabe quantificar os transexuais e travestis
brasileiros, e as delegacias não conseguem separar crimes de
transfobia da agressão comum, também não há nenhum dado da
escolaridade ou mercado de trabalho.
LGBT E O MERCADO DE TRABALHO

○De acordo a ONG Transgender Europe um dos maiores obstáculos


para transgêneros brasileiros é a exclusão do mercado de trabalho.
A ANTRA estima que apenas 10% do grupo trabalham registrados.

○Uma das consequências da discriminação de gênero e sexualidade


no Brasil é que 61% da comunidade LGBT escondem sua identidade
de gênero ou sua sexualidade no trabalho, segundo dados do
Instituto Center for Talent Inovation.
LGBT E O MERCADO DE TRABALHO
○Empresas brasileiras ainda têm resistência para empregar
transexuais;

○Das 28 companhias participantes do Fórum de Empresas e


Direitos LGBT, nenhuma é nacional;

○São multinacionais como Google, IBM, Carrefour e Facebook que


pretendem inserir em seus quadros minorias e seguir as
determinações das sedes fora do Brasil.

○Pesquisas do Banco Mundial demonstram que os países perdem


dinheiro por discriminação
"Sabemos que a sociedade tem formação patriarcal, machista
e ela foi na sua conformidade de ser humano criada dentro de
preceitos religiosos cristãos fundamentalistas. Com isso, o
aprendizado do preconceito foi alto e a sociedade foi
incorporando esse preconceito. Ninguém nasceu com ele,
mas aprendeu a viver a partir dessa construção social. O
homossexual não escolhe ser gay da mesma forma que a
gente não explica o gostar ou desejar do hétero”.

Édson Axé - contador, gay e militante LGBT.


4.2
EVOLUÇÃO DE HOMICÍDIOS DE MULHERES

Fonte: IPEA (2019)


EVOLUÇÃO DE HOMICÍDIOS DE MULHERES POR
UF

Fonte: IPEA (2019)


EVOLUÇÃO DE HOMICÍDIOS DE MULHERES
NEGRAS

Fonte: IPEA (2019)


HOMICÍDIO DE MULHERES DENTRO E FORA DO
DOMICÍLIO E POR ARMA DE FOGO

Fonte: IPEA (2019)


Movimento Feminista: história no contexto
contemporâneo brasileiro
FEMINISMO NO BRASIL: 1° ONDA

○Fim do século XIX –XX


até 1932: direito ao voto;
○Vertentes: Feminismo
“bem-comportado”:
Bertha Lurtz – a mulher
como sujeito de direitos
políticos
(CISNE, 2018).
Feminismo “difuso”: Francisca Senhorinha Motta
Diniz
Feminismo “malcomportado”: Maria Lacerda de
Moura;
Feminismo no Brasil: 2° onda

Refluxo do movimento feminista: 1932 a 1970;


FEMINISMO NO BRASIL: 3° ONDA
FEMINISMO NA CONTEMPORANEIDADE
○Nos anos de 1990 a institucionalização do feminismo atinge
seu auge, especialmente por meio das ONG’s;

○Tendência do feminismo profissionalizado em detrimento do


feminismo como movimento social;

○Projeto neoliberal: fragmentação dos movimentos sociais

○Após a IV Conferência Mundial da Mulher (1995) – direitos


humanos e bandeiras de lutas da violência contra mulheres;

○Nos anos 2000: Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB),


Movimento de Mulheres Camponesas (MMC); Marcha Mundial
das Mulheres
RELAÇÃO GÊNERO E CLASSE
○ Dicotomia sexo X gênero:
o Relações sociais de sexo: papeis e relações sociais entre homens e
mulheres;
o Essa dualidade obscurece o caráter histórico como sexo e corpo e
pode tendenciar a identidade, isolada de outras categorias como
classe, raça, nacionalidade, etc.

Sobre à naturalização da categoria sexo, Saffioti diz:

(...) o conceito de gênero consegue dar plena conta do caráter social


inclusive do próprio sexo. Enquanto ao trabalhar-se com gênero já se tem
nítido o caráter fundamentalmente social que lhe é imanente, ao
empregarmos a categoria sexo nos fadamos a sempre nomeá-lo com o
termo social. Dessa forma, ao se falar gênero, estamos nos referindo
necessariamente as relações sociais (SAFFIOTI, 2004).
RELAÇÃO GÊNERO E CLASSE
○ No debate crítico, o movimento feminista faz
o esforço de considerar:

o Especificidade: gênero não possui apenas sexo, mas


raça, etnia, orientação sexual, idade, etc;

o Totalidade: gênero une as mulheres; a


homossexualidade une gays e lésbicas, etc., mas a
classe irá dividi-los dentro da ordem do capital.
RELAÇÃO GÊNERO E CLASSE
Os movimentos sociais devem ter como cerne a luta de
classes, ainda que sem se limitar a essa dimensão,
tampouco desconsiderar as demais (raça, gênero,
geração, sexualidade).

A articulação entre classe e todas essas dimensões não é contraditória com


as lutas ditas específicas. Primeiro, porque dentro da ordem metabólica do
capital essas dimensões não se dão nem se encontram dissociadas de seu
metabolismo, mas dentro de sua ideologia e de sua reprodução com fins
voltados assegurar os interesses dominantes; Segundo, porque lutar pela
extinção das desigualdades, opressões e exploração, exige lutar por valores
libertários – que não cedem espaço para preconceitos e discriminações –
antes, garantem aos sujeitos sociais a livre expressão de suas
subjetividades (CISNE, 2012, p.88).
RELAÇÃO GÊNERO E CLASSE
○É necessário analisar gênero no bojo da contradição entre capital e
trabalho e das forças sociais conflitantes das classes fundamentais que
determinam essa contradição.

○A contradição é o foco das desigualdades, e o conflito a luta entre as


classes sociais. Portanto, a luta das mulheres como um movimento
legítimo contra as desigualdades, na e com a luta da classe
trabalhadora;

○O ponto a unir as mulheres deve ser a identidade de classe, uma vez


que é da contradição de classe que emergem as desigualdades,
opressões e exploração na vida das mulheres trabalhadoras;
RELAÇÃO GÊNERO E CLASSE
○O antagonismo de classe é indispensável para perceber a
importância em não generalizar, para todas as mulheres, a
mesma forma de opressão a que estão submetidas: a classe
as divide.
o A mulher burguesa não tem nada a ver com a mulher
operária e trabalhadora, com a mulher pobre da favela e
do campo. A cada dia se aprofunda o abismo entre elas, e
isso porque suas condições materiais de vida ficam cada
vez mais diferenciadas.
o Se as mulheres da classe dominante nunca puderam
dominar os homens de sua classe, puderam, por outro
lado, dispor concreta e livremente da força de trabalho de
homens e mulheres da classe dominada (SAFFIOTI, 2013).
RELAÇÃO GÊNERO E CLASSE

o As questões de gênero, raciais, geracionais, da sexualidade, etc.


passam pelo interesse econômico do capitalismo, expresso por meio
da relação capital e trabalho.
o As relações entre gênero e classe nos permitem constatar que, no
universo do mundo produtivo e reprodutivo, vivenciamos também a
efetivação de uma construção social sexuada, na qual os homens e as
mulheres que trabalham são, desde a infância e a escola,
diferentemente qualificados e capacitados para o ingresso no
mercado de trabalho. E o capitalismo tem sabido apropriar-se
desigualmente dessa divisão sexual do trabalho (ANTUNES, 1999,
p.109).
o A luta das mulheres pela superação das desigualdades pressupõe o
fim da opressão de classes, o que exige a ruptura com a ordem
sociometabólica do capital (MÉSZÁROS, 2002, p.303).
RELAÇÃO GÊNERO E CLASSE

○A Divisão Sexual do Trabalho resulta de um sistema patriarcal


capitalista que confere às mulheres em baixo prestigio social e as
submete aos trabalhos mais precarizados e desvalorizados.

○Segundo Engels (2019) a primeira divisão do trabalho foi a


existente entre mulher e homem para a procriação e (...) o primeiro
antagonismo de classe que apareceu na história coincide com o
desenvolvimento do antagonismo entre homem e mulher na
monogamia e a primeira opressão de classe coincide com a opressão
do sexo feminino pelo sexo masculino.

○A DST ANTAGONISMO DE CLASSE EXPLORAÇÃO DAS


MULHERES
RELAÇÃO GÊNERO E DIVISÃO SEXUAL DO
TRABALHO
○Papeis sociais tidos como femininos e masculinos:
○Dons ou habilidades naturais da mulher, da mãe;
o Trabalho doméstico – trabalho reprodutivo – tempo, energia,
o Trabalho não pago; desvalorizado;
o A responsabilidade com o lar e o cuidado com os filhos

“Uma vez feminilizada, a tarefa passa a ser classificada como ‘menos complexa’ (LOBO,
1991, p.150). Este ‘menos complexa’ vem a ser a justificação de desprestigio e de
desvalorização do trabalho feminino.

○A responsabilidade com as tarefas da casa e os cuidados com os filhos


reduz o tempo livre das mulheres para os espaços de poder. Ex. a
política.
○“O acesso desigual a cuidados necessários e a posição de quem cuida
compõem dimensões das desigualdades de gênero, classe e raça”
(BIROLI, 2018).
RELAÇÃO GÊNERO E DIVISÃO SEXUAL DO
TRABALHO
○As conquistas, as potencialidades positivas para a emancipação
das mulheres se encontram imbricadas nas contradições do
movimento do capital, que engendra estratégias, ao seu favor,
travestidas de bandeiras de luta das mulheres;

o Condições precárias de trabalho (globalização e reestruturação


produtiva);
o Dupla jornada de trabalho;
o Responsabilização pelos ‘desajustes’ na família;
o Salários mais baixos;

A inserção da mulher no mercado de trabalho não significou sua emancipação.


Ela continua sendo responsabiliza pelas atividades domésticas e com a
reprodução da vida social, enquanto o Estado permanece desresponsabilizado
ou sem impor esse ônus ao capital.
RELAÇÃO GÊNERO E DIVISÃO SEXUAL DO
TRABALHO
○O trabalho extradomiciliar e domiciliar requer
da mulher uma substituta na sua ausência;
o Mulheres que exploram outras mulheres.
o As mulheres da classe dominante, mesmo que exerçam
atividades extradomiciliares, não realizam trabalho
doméstico, que é executado por outras mulheres da
classe subalterna;
○Entrada no mercado de trabalho, mesmo sendo
avanço do movimento feminista, pode ser
analisado também como uma estratégia do
capital para obter mais lucros.
RELAÇÃO GÊNERO E DIVISÃO SEXUAL DO
TRABALHO

“A entrada em massa das mulheres na força de


trabalho durante o século XX, em extensão tão
significativa que hoje elas já chegam a constituir
maioria nos países de capitalismo avançado, não
resultou em sua emancipação. Em vez disso,
apareceu a tendência de generalizar para toda
força de trabalho a imposição dos salários mais
baixos a que as mulheres sempre tiveram de se
submeter” (MÉSZÁROS, 2002).
○OS GOVERNOS DO PARTIDO DOS
TRABALHADORES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS
PARA MULHERES: avanços e desafios

o Os governos Lula e Dilma sinalizam uma experiência de um


“reformismo quase sem reformas” ou governos quase sem
reformas progressistas, com contrarreformas.
AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES NO
GOVERNO PT
○ Focalizadas e de cunho compensatório, em detrimento de outras
pautadas na universalidade;
○Os programas de transferência de renda;
○Inovações na Políticas Sociais:
○- Na conjuntura ao colapso do neoliberalismo pela incapacidade de
responder às demandas do crescimento econômico e equidade social, as
propostas governamentais inserem o (neo) desenvolvimentismo.
○Valorização do salário mínimo
○Aumento do crédito ao consumidor;
○Redução de impostos de bens duráveis;
○Programas de combate à pobreza
○(Não reverte as desigualdades sociais, mas ameniza) – otimismo da
classe dominante.
AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES NO
GOVERNO PT
○Plano Plurianual (PPA 2004-2007);
○Criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) com status de
Ministério e consolidada no Gov. Dilma: propunha estratégias de
igualdade e redução das formas de discriminação de gênero;
○Realização de Conferências Nacionais – Planos Nacionais de Políticas
para Mulheres;
○Em maio de 2016, o presidente interino Michel Temer extinguiu o
MMIRDH e atribuiu suas funções ao Ministério da Justiça, que passou a se
chamar oficialmente Ministério da Justiça e Cidadania.
○No Governo Bolsonaro a pasta se transformou em Ministério da Mulher,
Família e dos Direitos Humanos.
PLANOS NACIONAIS DE POLÍTICAS PARA AS
MULHERES
4° Conferência Nacional de Políticas para as mulheres

Fonte: Senado Federal (2016)


4° Conferência Nacional de Políticas para as mulheres

Fonte: Senado Federal (2016)


○Execução de 17 bilhões na efetivação de 388
ações com mais diversas temáticas (trabalho,
direitos sexuais, violência, saúde, educação,
participação política, racismo, sexismo, lesbofobia,
etc.);
○Implementação das Secretarias Estaduais nos 27
Estados da Federação;
○Aprovação da Lei Maria da Penha em 2006;
○Ligue 180;
○Varas Especializadas;
○Rede de atendimento – Rede Amiga da Mulher
○Plano Nacional de Enfrentamento à violência contra as
Mulheres em 2007;
○Serviço da Central de Atendimento atende em Portugal,
Espanha e Itália identificou duas redes de tráfico de mulheres;
○Programa Mulher: viver sem violência;
○Casa da Mulher Brasileira;
○Campanha Mais Mulheres no Poder em 2009;
○Criação da SECADI em 2011 – política educação com
transversalidade de gênero;
○Criação em 2012 da Coordenação Geral da Diversidade;
5
CAPITALISMO X DESIGUALDADES

○ Formação e reprodução do capitalismo


○ Exploração
○ Miséria
○ Desigualdade social
○ Opressão.
○ Tráfico de escravizados na África
○ Colonização na América
○ Revolução industrial
CAPITALISMO X DESIGUALDADES

[...] é um processo complexo de violência, proibição da fala, mais


modernamente privatização do público, interpretado por alguns
com a categoria de patrimonialismo, revolução pelo alto, e
incompatibilidade radical entre dominação burguesa e
democracia; em resumo, de anulação da política, do dissenso,
do desentendimento [...]. É óbvio que sua base estrutural
constitui-se com o escravismo, o qual resume todo o anterior.

Oliveira (1999, p.58)


CAPITALISMO X DESIGUALDADES

○ Projetos de emancipação do Capital


○ Globalização
○ Liberalismo
○ Neoliberalismo
○Manutenção das estruturas institucionais
de opressão e exploração não somente
pela via econômica
CAPITALISMO X DESIGUALDADES

○ Identidade
○ Como e com quem você se reconhece
○ Demanda igualdade racial
○ Por reconhecimento: como iguais ou
diferentes
○ Não nega e nem substitui a luta de classes
○ Pode ser apropriada pelo capitalismo
○ Deve ser entendida como luta anti-opressão
CAPITALISMO X DESIGUALDADES

○ Identitarismo ou políticas identitárias


○ Liberal
○ Ressentimento e sofrimento
○ Pautado na diferença
○ Objetificação do opressor
○ Não reconhece aliados
○ Não colabora com o levante coletivo
○ Acesso seletivo, sem transformação social
CAPITALISMO X DESIGUALDADES

○ Identitarismo ou políticas identitárias


○ Desloca a luta coletiva para o corpo
individual
○ Mascara contradições
○ Facilmente cooptável pelo capital
○ Empoderamento individual
○ Luta por oportunidades
○ Desprivilegiados X Privilegiados
CAPITALISMO X DESIGUALDADES

○ Identitarismo ou políticas identitárias


○ Concessões com o capital
○ Abriu mão do reformismo e da revolução
○ Abandono da luta de classes
○ Limitam-se à visibilidade
○ Perdem de vista a perspectiva de classe
○ Políticas públicas pontuais
○ “Performam” a luta identitária
CAPITALISMO X DESIGUALDADES

○ Esquerda liberal no Brasil nos últimos anos


○ Despolitização
○ Abandono do Trabalho de base
○ Conciliação com o imperialismo
○ Encarceramento em massa
○ Punitivismo da periferia
○ Não reformista
CAPITALISMO X DESIGUALDADES

○ Movimentos identitários: Lutas anti-opressão


○ Políticas públicas como mediação
○ Dignidade e inclusão
○ Correções históricas
○ Igualdade na raiz do sistema econômico
○ Alteram o equilíbrio do debate
○ Confrontamento com a realidade material
○ Ampliam o olhar sobre as condições objetivas
○ Solidariedade
CAPITALISMO X DESIGUALDADES

○ Movimentos identitários: Lutas anti-opressão


○ Representatividade simbólica
○ Anticapitalistas
○ Reconhecer a lógica da propriedade
privada na opressão
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS

○ Nesse sentido, é fundamental desvelar as


determinações de classe, gênero e raça na
estruturação das desigualdades sociais;

○Entretanto, não se pode deixar de problematizar


como os governos têm absorvido e ressignificado as
demandas desses movimentos em interesse próprio,
tendo em vista as suas políticas atreladas ao contexto
neoliberal e de reforma do próprio Estado.
GOMES, Nilma Lino. Práticas pedagógicas de trabalho com relações étnico-raciais na escola na perspectiva da lei nº 10.639/03. Brasília: MEC;
UNESCO, 2012.

MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro I - o processo de produção do capital. trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

OLIVEIRA, Francisco de. Privatização do Público, destituição da fala e anulação da política: o totalitarismo neoliberal. In: Oliveira, Francisco de;
PAOLI, Maria Célia (orgs.). Os sentidos da democracia: políticas do dissenso e hegemonia global. Petrópolis, RJ: Vozes; Brasília: NEDIC, 1999.

SILVA, Ivone Maria Ferreira da. Questão social e serviço social no Brasil: fundamentos sociohistóricos. Cuiabá: EdUFMT, 2008.

THEODORO, Mário. À guisa de conclusão: o difícil debate da questão racial e das políticas públicas de combate à desigualdade e à discriminação
racial no Brasil. In: THEODORO, Mário (org.). As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil: 120 anos após a abolição. Brasília: IPEA, 2008.

UOL UNIVERSA. Mercado de trabalho ainda é hostil com homossexuais assumidos... - Veja mais em
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2015/09/21/mercado-de-trabalho-ainda-e-hostil-com-homossexuais-
assumidos.htm?cmpid=copiaecola. 2015.
Disponível em:<https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2015/09/21/mercado-de-trabalho-ainda-e-hostil-com- homossexuais-
assumidos.htm>. Acesso em: 18/12/2019.

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaios sobre afirmação e negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.
BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdades: os limites da democracia no Brasil. 1.ed. São Paulo: Boitempo, 2018.
CISNE, Mirla. Gênero, divisão sexual do trabalho e serviço social. 1.ed. São Paulo: Outras Expressões, 2012.
_________. Feminismo e consciência de classe no Brasil. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2018.
ENGELS, Frederich. (1820-1895). Origem da família, da propriedade privada e do Estado. São Paulo: Boitempo, 2019.
MÉSZÁROS, Istivan. Para Além do Capital. São Paulo: Cortez, 2002.

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