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ANÁLISE, ATRAVÉS DO VALUE INVESTING, DE POTENCIAIS AÇÕES

SUBVALORIZADAS E COM GRANDE POTENCIAL DE VALORIZAÇÃO NA BM&F


BOVESPA

Régis Augusto Meotti1


Lucio Scheuer2

RESUMO
Falar dos objetivos, da metodologia e dos resultados deste trabalho.
O resumo deverá seguir a NBR6028 de 2003 – Resumo. De acordo com a norma, a extensão
indicada para resumo de trabalhos acadêmicos é de 150 a 500 palavras, devendo ser redigido em
parágrafo único (sem recuo de parágrafo) empregando-se letra normal (da mesma fonte do texto do
artigo, porém com tamanho de fonte reduzida). O resumo tem por finalidade fornecer uma visão geral
do conteúdo escrito, para que o leitor possa decidir pela continuidade ou não da sua leitura. O resumo
precisa, necessariamente, ser fiel ao trabalho. Ele não pode conter informações extras não constadas
no texto integral. No resumo não constam as citações de autores, as tabelas, nem as figuras. A
primeira frase do resumo deve ser significativa e explicar o tema principal do trabalho. A sequência de
frases consiste na síntese dos pontos relevantes do texto, em linguagem clara, direta, concisa e
objetiva. Deve indicar a natureza do problema estudado, o método utilizado, as principais teorias
citadas, os resultados mais importantes alcançados e as principais conclusões a que se chegou. Pelo
resumo o leitor pode apreender o sentido geral do trabalho. Espacejamento entre linhas simples.
Fonte Arial 10.

Palavras-chave: Palavra/expressão 1. Palavra/expressão 2. Palavra/expressão 3. Palavra/expressão


4. Palavra/expressão 5. (Usar no máximo cinco palavras/expressões chave).

INTRODUÇÃO

O mercado de capitais é de suma importância no sistema financeiro brasileiro. A


partir da estabilização econômica, ocorrida com o plano Real houve uma consolidação deste
mercado, permitindo a população uma mudança nos planos para aplicação de suas
reservas.
Empresas viram na bolsa de valores uma forma adicional de financiamento para dar
continuidade em seus planos de expansão, que iam além dos recursos disponíveis em caixa
e também dos que eram fornecidos pelo governo federal, grandes bancos e agências de
fomento. A captação de dinheiro por meio do lançamento de ações passou a ser uma
alternativa às altas taxas de juros cobradas pelas instituições.
Pinheiro (2001. P. 98), afirma que, “quando uma empresa precisa fortalecer sua base
de capital próprio, nem sempre os atuais acionistas são capazes de subscrever as ações de
uma nova emissão. Nesse caso é preciso que mais gente se associe àquela empresa”.
Os investidores pessoa física, por muito tempo, tiveram uma visão de que a
aplicação de recursos em bolsa de valores era exclusivamente para que tinha altas quantias
1
Especialista em Gestão Financeira, Contábil e Controladoria (UNIVEL 2018)
2
Doutorando em Administração PUCPR
de dinheiro, empresas e investidores profissionais. O mercado de investimentos, colaborava
para esta ideia, visto que os custos das transações eram mais elevados e não havia muita
informação para os pequenos investidores.
Com o advento da internet e o aumento da quantidade de informações, sobre o
mercado e também das empresas fez com que os pequenos poupadores se interessassem
pelo mercado de capitais, como alternativa mais rentável que os investimentos tradicionais
disponibilizados pelos bancos.
No entanto, encontrar empresas que tenham um valor de mercado alto, mas que
suas ações ainda estejam com o preço baixo é o grande sonho de todo investidor.
Encontrando papéis com esta discrepância de valor faz com que o investidor tenha a
possibilidade de conseguir uma rentabilidade muito elevada no longo prazo, podendo atingir
elevados percentuais na valorização de seu patrimônio.
O conceito de Investimento de Valor (Value Investing), foi criado pelos professores
da Columbia Business School, Benjamim Graham e David Dodd, no ano de 1928, e foi
publicada no ano de 1934 no livro Security Analysis.
Warren Buffet, ex-aluno de Benjamin Grahan, tornou-se um dos homens mais ricos
do mundo utilizando o conceito do Value Investing, fato que o tornou o principal divulgador
desse conceito.
Para entendermos, de uma forma mais prática o conceito de Value Investing, temos
que entender a diferença entre valor e preço. Valor: uma empresa possui um valor intrínseco
baixo ou alto, dependendo da qualidade dela como organização, independentemente de seu
preço atual. Preço: é o valor monetário que o mercado atribui a uma organização naquele
momento e ele pode ser maior ou menor que o valor real da empresa.
É fundamental ao investidor de valor ao fazer a análise de uma empresa, que a faça
como se estivesse avaliando a possibilidade de ser sócio de uma grande empresa, líder de
mercado.
A decisão de investir em ações deve ser precedida de uma análise das
expectativas dos rendimentos a serem obtidos ao longo do prazo de
permanência com a posição acionária. Dessa forma, a principal tarefa do
investidor está na avaliação do retorno esperado em conjunto com o risco
assumido devido ao capital aplicado. (ARTUSO; CHAVES NETO, 2014.
p.7).

Existem diversas variáveis que podem influenciar diretamente no preço das ações,
sendo eles ligados a macroeconomia ou a microeconomia na qual a empresa está inserida e
também relativo a expectativa dos agentes inseridos no mercado financeiro.
Uma forma de construir um portfólio de ações é o método de múltiplos da escola
fundamentalista, que é baseada em indicadores econômico-financeiros e de mercado, que
buscam encontrar ações que estão com seus preços defasados em relação as concorrentes
de mercado.
A análise fundamentalista tende a avaliar a saúde financeira das empresas
baseando-se em projeções de resultados futuros para determinar o preço justo das ações.
Para ter um resultado mais adequado o analista deve levar em consideração fatores macro
e microeconômicos que podem influenciar de forma positiva ou negativa os resultados da
empresa.
Sendo assim fica a pergunta: Como encontrar empresas com ações subvalorizadas
na BM&F Bovespa por meio do Value Investing?
Para responder à pergunta serão aplicados indicadores financeiros, como o ROE
(retorno sobre patrimônio), EV/EBITDA, Preço/Lucro (P/L), e Fluxo Descontado de Caixa
2
para encontrar ações com preço considerado abaixo de mercado na Bolsa de ações
brasileira.
Atualmente a B³ – Bolsa, Brasil, Balcão – possui aproximadamente 400 empresas
que tem suas ações negociadas diariamente no pregão. Dentre essas empresas muitas
estão com seu valor de mercado acima do valor intrínseco, sendo que a rentabilidade
proporcionada por elas não atingirá a expectativa dos investidores dispostos a aplicar seu
dinheiro nelas.
Em contrapartida existem diversas empresas que ainda possuem um potencial
enorme de valorização, possibilitando uma rentabilidade muito maior aos acionistas no longo
prazo.
Por meio da aplicação de indicadores financeiros é possível chegar a um valor
aproximado ao que a empresa realmente vale.
Desta forma o presente artigo busca a análise, através do Value Investing, de
potenciais ações subvalorizadas e com grande potencial de valorização na BM&F Bovespa.
Para atingir este objetivo serão desdobrados três objetivos específicos: a) encontrar
o ROE (Return on equity) – em português, retorno sobre o patrimônio; b) Identificar o
preço/lucro (P/L) da empresa; c) Especificar o valor justo das ações a serem analisadas.

REFERENCIAL TEÓRICO

Mercado de Capitais

O mercado de capitais consiste de um sistema que possibilita a distribuição de


valores mobiliários com a finalidade de viabilizar a capitalização de empresas por meio dos
títulos por elas emitidos (ex.: ações, debêntures, opções sobre ações, etc.).
É constituído basicamente por agentes de econômicos, como: corretoras de valores,
bolsas de valores e instituições financeiras autorizadas.
A principal missão desses agentes econômicos é viabilizar recursos de poupança
das pessoas físicas, empresas, fundos de pensões, dentre outros, que possuam excedentes
financeiros como intuito de investir estes recursos fazendo com que as operações das
empresas sejam financiadas.
O mercado é um mecanismo em que você distribui valores monetários para
gerar valores líquidos com os títulos que são comprados e vendidos. Assim,
as empresas podem conseguir capital para investimentos e para realização
de projetos. Essa é uma das maneiras mais comuns de realização e
capitalização de grandes companhias. (Financeiro, Instituto Coach, 2018).

O Mercado de capitais pode ser classificado em mercado primário e mercado


secundário, como veremos a seguir.

Mercado Primário

É onde todo o processo dentro do mercado de capitais inicia, quando uma empresa
precisa de recursos para que suas atividades sejam financiadas, pode ser realizada por
meio de um IPO (Initial Public Offering), sigla em inglês para Oferta Pública Inicial, que é o
meio utilizado para que as ações de uma empresa sejam oferecidas aos investidores na
bolsa pela primeira vez.

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O mercado primário de ações é onde se negocia a subscrição (venda) de
novas ações ao público, ou seja, no qual a empresa obtém recursos para
seus empreendimentos. [...] Nessa etapa ocorre a primeira negociação da
ação e o dinheiro da venda vai para a empresa. (Pinheiro, 2001. p. 97).

Mercado Secundário

É o local onde acontece a venda do títulos diretamente entre os investidores, por


meio do Home Broker, ambiente virtual disponibilizado pelas corretoras, afim de receber
ordens de compra e venda de ações de seus clientes, por meio dessa transação o capital é
transferido de um investidor para o outro e não mais para a empresa que emitiu os títulos.
O mercado secundário de ações é onde se transferem títulos entre
investidores e/ou instituições. [...] Podemos concluir que a função do
‘mercado secundário’ é dar liquidez ao investidor possibilitando que, no
momento de realizar uma operação de venda exista o comprador e vice-
versa [...]. (Pinheiro, 2001. p. 97).

Com isso podemos afirmar que quando um investidor está montando uma carteira de
ações ele está realizando suas operações no mercado secundário, visto que ele faz a
compra de outro acionista que está querendo fazer a venda dos papeis detidos por ele, pois
julga que o valor alcançado por aquele ativo já atingiu suas expectativas

O Que é uma Ação?

Ação, também conhecida como papel, é a menor parcela do capital social de uma
empresa, ou seja, são pedaços de uma empresa. Quando a empresa é aberta, em seu
contrato social fica definida a sua forma de constituição que pode ser, mais comumente
encontrado, por quotas ou ações, mais encontradas em empresas de sociedade anônima
(S.A.) ou negociadas em bolsa.
Ações são títulos de participação negociáveis, que representam parte do
capital social de uma sociedade econômica, que confere ao seu possuidor o
direito de participação nos resultados da mesma. [...] O acionista é,
portanto, proprietário de uma parcela da empresa, correspondente ao
número de ações que possui. (Pinheiro, 2001. p. 111).

As ações podem se dividir em dois tipos, Preferências e Ordinárias, elas possuem


características próprias que as diferenciam. Elas são negociadas da mesma forma na bolsa
de valores, tendo pequenas alterações no que diz respeito ao volume negociado e a liquidez
das mesmas.

Tipos de Ação

Preferencial: as ações preferenciais tem como maior diferencial a prioridade no


pagamento dos dividendos ou seu reembolso de capital em caso de liquidação da empresa.
Segundo Pinheiro (2001, p. 112), “as ações preferenciais tem como característica
fundamental a prioridade sobre as ações ordinárias na recebimento de dividendos, e de
receber, no caso de dissolução da sociedade, a sua parte”.
O acionista detentor de ações preferenciais, possuem prioridade ao receber os
dividendos, sendo que geralmente eles possuem o pagamento de um percentual mais
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elevado que o atribuído a acionistas detentores de ações ordinárias, também existe a
preferência no reembolso do capital no caso da dissolução da companhia.
Ordinária: as ações ordinárias dão direito a voto nas assembleias de acionistas. A lei
das S.A. prevê que, caso a empresa seja vendida por seu controlador, os acionistas
minoritários têm o direito de receber, por parte do comprador uma quantia não inferior a 80%
do valor pago por ação aos controladores.
Pinheiro (2001, p. 114.) diz que “ações ordinárias tem como característica principal o
direito a voto. Numa sociedade anônima é por meio do voto que o acionista tem direito legal
de controle da organização”.
O investidor que possui ações ordinárias, além de ser sócio da empresa, pode
participar de forma ativa na tomada de decisões por meio do uso do voto nas assembleias.
Apesar de conferir esse direito aos acionistas, as ações ON, como são conhecidas, não tem
preferência na distribuição de dividendos e, em caso de dissolução da empresa, a
restituição de valores investidos.

O que é a Bolsa de Valores?

A bolsa de valores é o local onde ocorrem as negociações, onde os investidores


podem comprar e vender os títulos emitidos pelas empresas. Toda a negociação ocorre por
meio de um intermediário financeiro, uma corretora de valores. O principal objetivo das
bolsas de valores é configurar um ambiente seguro e organizado para que aconteçam esses
tipos de negociações, para garantir que os investidores recebam os papéis comprados de
forma segura e eficiente.
As bolsas de valores constituem-se como associações civis, sem fins
lucrativos, ou sociedades anônimas, e tem por objetivo social, entre outros,
manter local adequado ao encontro de seus membros e a realização, entre
eles, de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliário em
mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado por seus
membros, pela autoridade monetária e, em especial pela CVM. (Cavalcanti
Filho e Misumi, 2001. p. 34).

A principal bolsa de valores brasileira é a B³ – Brasil, Bolsa, Balcão – empresa


formada pela união da Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa – BM&F – Bolsa de
Mercadorias e Futuros e Cetip S/A.

Análise de Ações

No mercado acionário existem duas formas de analisar uma ação, a análise técnica
ou análise gráfica e a análise qualitativa ou como definida por Benjamin Graham, Vallue
Investing (em uma tradução livre Investimento em Valor).

Análise Técnica
Mais comumente utilizada por investidores que buscam fazer negociações rápidas,
por diversas vezes comprando e vendendo no mesmo dia (daytrade). É uma ferramenta
muito poderosa e muito eficaz para ganhar dinheiro com oportunidades de curto prazo.
É ideal para mostrar o cenário mais provável a acontecer com o preço das ações em
determinado dia. Esta identificação só é possível pois a análise técnica se baseia em uma
das premissas mais conhecidas de qualquer mercado, a lei da oferta e da procura.
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No entanto, a análise técnica sabe que o mercado de ações é formado por seres
humanos, e que os seres humanos têm por natureza seguir alguns padrões de
comportamento e se comportar de acordo com tendências (Toro Radar p. 5).
Sendo assim, a análise técnica procura estudar a influência mútua entre
compradores e vendedores para conhecer qual o lado com mais poder de barganha e poder
tomar a decisão de comprar ou vender as ações em seu poder.

Análise Fundamentalista

A análise fundamentalista faz a avaliação da situação financeira de uma empresa,


buscando fatores micro e macroeconômicos que podem impactar nos futuros resultados da
empresa. Desta forma, consegue identificar o valor justo das ações de uma empresa e
consequentemente seu valor de mercado.
Alguns outros fatores podem influenciar na performance das ações, além de sua
própria situação, tais como: PIB, inflação, taxas de juros, governança coorporativa, estatal
ou controle privado, se é setor regulado, dentre outros fatores.
O objetivo principal deste tipo de análise é processar e interpretar as informações
disponíveis para que seja possível chegar ao preço justo da empresa estudada. Para que se
tenha êxito neste trabalho não basta ter as informações, é imprescindível o uso correto dos
dados, para que o processo de avaliação leve em consideração o maior número de
variáveis, fazendo com que o resultado da análise efetivamente auxilie o investidor a
determinar o quanto vale a empresa em questão.
Existem diversas variáveis de suma importância para que seja possível entender a
análise fundamentalista e montá-la em relação a uma empresa. Também, não pode ser
deixado de lado as análises qualitativas e quantitativas em relação as pessoas que fazem
sua gestão.
É possível destacar duas abordagens da análise fundamentalista, Top-Down, em
inglês, de cima para baixo, ou seja, olhar em primeiro lugar o setor no qual a empresa está
inserida e suas perspectivas. Em seguida, avaliação do histórico evolutivo da empresa, sua
governança coorporativa. Avaliação das margens operacionais, rentabilidade, nível de
endividamento; e, por fim, o Valuation, análise da atratividade em termos de preço pelo valor
que a empresa está sendo negociada na bolsa.
A análise Top Down (de cima para baixo) baseia-se na tese de que a
influência básica do valor de uma ação advém predominantemente de
valores macroeconômicos que influenciam diretamente no desempenho da
companhia [...]. É importante ressaltar que todas as observações Top Down
são inteiramente pertinentes e fundamentais na mensuração do ‘preço justo’
de uma companhia. (Povoa, 2007. p. 19).

Outra abordagem, a Bottom-up, as análises fundamentalistas tem seu foco inicial nos
aspectos microeconômicos, ou seja, de dentro para fora, onde serão primeiramente
analisados os números da empresa, os números do setor e posteriormente os dados da
macroeconomia.
De acordo como Povoa (2007. p. 19), “a análise Bottom-Up (de baixo para cima) usa
todas as variáveis disponíveis para, dentro de um modelo determinado, calcular o valor justo
de uma companhia”.
Como base da análise fundamentalista temos as demonstrações financeiras que são
o balanço patrimonial e a DRE – Demonstração do Resultado do Exercício.

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O balanço patrimonial mostra uma representação da posição contábil e financeira da
empresa ao final de determinado período, para empresas listadas na Bovespa essa
demonstração deve ser apresentada 4 vezes ao ano, no fechamento de cada trimestre.
A DRE é uma representação das atividades operacionais e não operacionais da
empresa. É o documento no qual podem ser vistas as receitas com vendas, custos dos
produtos e serviços, resultado financeiro e o lucro ou prejuízo.
Ao analisar o balanço da empresa o investidor, caso tenha lhe agradado as
informações das demonstrações contábeis, deve analisar os múltiplos, para ter certeza que
não existem outras empresas que atuam no mesmo setor em situação financeira melhor que
possa pagar uma remuneração maior sobre o capital aplicado.
Dentre os diversos múltiplos existentes podemos citar: P/L (preço ação / lucro por
ação): É o múltiplo mais usado para fazer a comparação entre empresas, visto que ele
representa qual o período necessário para que o acionista tenha o retorno de seu
investimento. EV/Ebitda (Valor total da empresa (ações + dívidas) / Ebitda (Resultado
operacional + depreciação + amortização): Outro múltiplo muito utilizado, que muitas vezes
pode ser mais utilizado que o P/L pois acrescenta ao cálculo as dívidas da empresa. Uma
empresa pode parecer mais barata que outra pelo P/L, no entanto este fato pode estar
distorcido pelo montante da dívida da empresa. ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido):
múltiplo onde pode-se obter qual o retorno que os sócios da empresa estão tendo em
relação ao dinheiro que foi investido na empresa.
A análise por meio do Fluxo de Caixa Descontado tem por objetivo encontrar o preço
da companhia no momento atual, considerando as projeções futuras do resultado da
empresa.
Segundo Povoa (2007, p. 108) o fluxo de caixa descontado tem como objetivo “[...]
projetar a futura geração de caixa de uma empresa, trazendo estes valores ao tempo
presente, utilizando uma taxa de desconto”.
O uso dessa ferramenta demanda, por parte do investidor, um vasto conhecimento
dos cenários econômicos, prováveis e do negócio da empresa, para que, ao utilizar a taxa
de desconto, essa não seja escolhida de forma errônea e venha a comprometer a análise.
Como cita Damodaram (1997, p. 13) “o valor da empresa é obtido descontando-se os
fluxos de caixa esperados para a empresa, ou seja, os fluxos de caixa residuais após a
realização de todas as despesas operacionais e impostos”.
A grande dificuldade do uso dessa ferramenta cabe a escolha da taxa de desconto
adequada a ser utilizada. Uma previsão muito otimista pode fazer com o que o investidor
opte por empresas não tragam o retorno esperado pelo resultado da análise. Da mesma
forma uma previsão demasiadamente negativa pode manter fora da carteira de ações do
investidor papeis com excelentes oportunidades de ganhos.

Ponto de vista sobre a análise fundamentalista

Partindo do pressuposto verificado pelo estudo até o momento é possível perceber


que a Análise Fundamentalista pode ser praticada seguindo duas linhas de raciocínio
distintas. O investidor pode considerar os dados da economia de forma ampla e confrontar
as informações com os dados da empresa ou fazer uma análise profunda dos números da
empresa para, então, analisar os dados da macroeconômicos.
De acordo com pinheiro (2001, p. 244), “o desenvolvimento da Análise
Fundamentalista segue dois métodos ou enfoques distintos. O primeiro enfoque utilizado é a

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análise Top Down (de cima para baixo); em contraposição com ele, há a análise Botton-Up
(de baixo para cima)”.
São abordagens com olhar distinto, mas que não são excludentes, sendo que o
investidor pode usá-las de forma complementar em suas análises. É possível que uma das
abordagens tenha maior peso que a outra durante o processo de precificação, porém fazer
uma análise complementar com a outra percepção, faz com que se tenha uma certeza maior
no resultado da análise.
Em momentos de crise alguns setores da economia tendem a se fortalecer,
proporcionando crescimento e expansão de negócios, este fato faz com que o investidor que
seguir a linha da análise Top Down veja grandes oportunidades de investimento. Pelo
mesmo motivo um investidor que fazer uso do enfoque Bottom-Up verá com certo receio o
momento de entrada (compra de ações) de uma mesma companhia estudada por ambos.
Povoa (2007, p. 20), diz que, “muitos analistas costumam fazer uma dicotomia
desnecessária entre o conceito Bottom-Up e Top Down, como se fossem diametralmente
excludentes, o que não é absolutamente verdade. As variáveis de análise Top Down irão
alimentar os modelos Bottom-UP [...]”.
Assim conclui-se que as duas abordagens são complementares no processo de
análise de empresas, oferecendo informações importantes para o processo de tomada de
decisão sobre a compra de ativos.

Risco

Ações são ativos de renda variável, desta forma, é impossível afirmar se teremos
lucro ou prejuízo com determinado ativo. Frente a este fato podemos afirmar que o
investimento em ações possui dois riscos definidos, risco sistemático e o risco não
sistemático.
A palavra “Risco” assusta muitos investidores, no entanto por confiar em demasia
nos gerentes de bancos e por buscar uma “segurança”, que nada mais é do que um sintoma
psicológico, imposto pelos grandes agentes financeiros, acabam por não perceber que com
a inflação, acumulada em 3,75% em 2018, acaba por corroer grande parte dos ganhos
obtidos por aplicações como a poupança, que paga apenas 4,53% ao ano, ou seja, o
aplicador terá um ganho real de apenas 0,78% ao ano.
Ross, Westerfield e Jaffe (2007, p. 189) citam que, “os investidores só aplicarão num
título com risco se seu retorno esperado for suficientemente elevado para compensar esse
risco”.
Em se tratando de aplicações em ativos listados na B³, apenas como exemplo, a
maior empresa brasileira, Petrobras teve uma valorização de seus ativos, atingindo uma
valorização de 29,79% nos últimos 360 dias (dia atual 30/01/2019).
É possível minimizar os riscos existentes e ofertar uma maior segurança ao
investidor no momento da tomada de decisões. Certas pessoas são mais tolerantes ao
risco, fato que faz com que elas aceitem um risco maior em busca de rentabilidade maior,
como também existem pessoas com perfil mais conservador, que buscam a segurança da
renda fixa (aplicações com taxas de juros pré-definidas no momento da aplicação), a qual
oferece uma rentabilidade reduzida, no entanto, com risco menor.
No entanto, é imprescindível destacar que não existe uma opção de investimento
totalmente segura e sem riscos, como veremos a seguir.

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Risco Sistemático

O risco sistemático, também conhecido como risco de mercado, incide sobre um


grande número de ativos, sendo que não é possível eliminá-lo por meio da diversificação
(técnica que possibilita a redução dos riscos por meio da aplicação em vários papéis de
empresas e setores diferentes).
Fatores como o PIB (Produto Interno Bruto), alterações nas taxas básicas de juros
brasileira e de grandes potências mundiais, alterações nas previsões futuras para a inflação,
dentre outros que possam ter um impacto direto na economia, faz com que o risco
sistemático se agrave ou melhore em praticamente todos os setores.
Um Risco Sistemático é qualquer risco que afeta um grande número de
ativos, cada um com maior ou menor intensidade. [...] A incerteza a respeito
de condições econômicas, gerais, tais como PNB, taxas de juros ou
inflação, é um exemplo de risco sistemático. Essas condições afetam
praticamente todas as ações de alguma maneira [...] Essas forças às quais
todas as empresas são suscetíveis formam a essência do risco sistemático.
(Ross, Westerfield e Jaffe, 2007. P242).

A globalização, a integração e a formação de blocos econômicos traz grande


importância para o risco sistemático. Um exemplo muito claro foi a Crise dos
Subprimes, ocorrida entre 2007 e 2008, que se iniciou com a falência do branco de
investimentos Lehman Brothers, que foi fundado em 1850.

Risco Não Sistemático

É uma espécie de risco diversificável, visto que ele atua especificamente


sobre uma empresa, setor de atuação, economia, mercado ou país. Desta forma é
possível diminuir os riscos de percas por meio da alocação de valores menores em
vários ativos. Como exemplo prático para este tipo de risco vale a lembrança do
ditado que nos lembra de nunca colocar todos os ovos em uma única sexta.
Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2007, p. 242), “um risco não sistemático é
um risco que afeta especificamente um único ativo ou um pequeno grupo de ativos”.
Informações sobre a inflação, crescimento da renda dos trabalhadores,
aumento do preço do barril do petróleo e do minério de ferro, indicares da
construção civil, impactam apenas algumas empresas ou grupos de empresas que
possuem suas ações negociadas no mercado. A volatidade de informações afetará
apenas ramos específicos da economia e não a economia como um todo. Este é o
chamado risco não sistemático, diversificável, ou ainda Específico e pode ser
minimizado por meio de uma distribuição correta da carteira.
Investidores que aplicam suas reservas em ações de uma única empresa
estão expostos aos riscos do setor escolhido, neste sentido não se justifica o risco,
visto que se o dinheiro for alocado em diversas empresas de ramos diferentes as
percas oriundas de determinadas empresas serão compensadas pela valorização
das demais ações que compõem aquela carteira, garantido ao investidor uma
rentabilidade estável e que lhe traga segurança.
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METODOLOGIA

A metodologia a ser adotada, será uma pesquisa exploratória, buscando fontes


primárias e secundárias. Como fontes primárias serão explorados os documentos contábeis
de dez empresas listadas na B³, artigos científicos publicados por pesquisadores anteriores
em periódicos, visto que segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 159), “O periódico é
considerado a fonte primária mais relevante para a comunidade científica. Por intermédio do
periódico científico, a pesquisa é formalizada, o conhecimento torna-se público e
promovemos a comunicação entre os cientistas”.
Como fontes secundárias serão buscados livros e documentos que servirão de
referência para as análises a serem adotadas. De acordo com a JCU (PRIMARY, 2006), as
fontes secundárias são “interpretações e avaliações de fontes primárias”.
Serão selecionadas as ações de empresas negociadas na B³, com o intuito de obter
uma conclusão sobre a utilização da Análise Fundamentalista para a montagem de uma
carteira de ativos.
Para que seja possível reduzir o risco não sistemático, conforme relatado no
referencial teórico, foram escolhidas empresas de diversos setores da economia para que
seja possível obter uma melhor diversificação de risco.
A composição do portfólio seguiu os seguintes critérios de seleção, volume financeiro
negociado; indicadores descritos pela análise fundamentalista; e perspectivas de
crescimento.
Os títulos das empresas que apresentaram os melhores índices econômico e
financeiro por meio do uso dos múltiplos comparativos a serem analisados. Quanto ao
volume negociado, seguindo os dados obtidos após o primeiro critério comparativo, foram
selecionados ativos de empresas que possuem grande volume financeiro em negociações,
visto que apresentam maior liquidez.
As informações para os cálculos serão obtidas da página na rede mundial de
computadores, Internet, da B3 e também de sites especializados, como por exemplo,
Investing.com e Infomoney, visto que são empresas que prestam um serviço confiável e
também pelo grande número de informações disponíveis nestes sites.
A carteira prevista para este estudo será composta por 10 ações, sendo o
desempenho da carteira mensurado através do ganho de capital do investidor.
Os indicadores a serem utilizados para a análise serão: ROE, EV/EBITDA,
Preço/Lucro (P/L) e Fluxo Descontado de Caixa.
Estes indicadores foram escolhidos pois são utilizados por analistas de mercado,
apresentam praticidade na mensuração dos resultados e são ferramentas confiáveis para a
tomada de decisão no momento do investimento.

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REFERÊNCIAS

Seguir as normas da NBR 6023/2002 para exposição das referências que foram
utilizadas no texto.

ARTUSO, Alysson Ramos; CHAVES NETO, Anselmo. ANÁLISE DISCRIMINANTE E


REGRESSÃO LOGÍSTICA – RECONHECIMENTO DE PADRÕES PARA A SELEÇÃO DE
PORTFÓLIOS NO MERCADO ACIONÁRIO BRASILEIRO. Revista da Estatística da
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Mg, v. 3, n. 1, p.7-29, fev. 2014.
Disponível em: <http://www.cead.ufop.br/jornal/index.php/rest/article/view/463/596>. Acesso
em: 28 jul. 2018.

https://www.coachfinanceiro.com/portal/mercado-de-capitais/

CAVALCANTE FILHO, Francisco da Silva; MISUMI, Jorge Yoshio. Mercado de Capitais.


Rio de Janeiro. Campus, 2001.

DAMODARAN, Aswath. Avaliação de Investimentos: ferramentas e técnicas para a


determinação de valor de qualquer ativo. Tradução de Bazán Tecnologia e Linguística
(Carlos Henrique Trieschmann e Ronaldo de Almeida Rego). Rio de Janeiro: Qualitymark,
1997.

PÓVOA, Alexandre. Valuation – Como Precificar Ações. São Paulo. Campus, 2008.

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercados de Capitais: fundamentos e técnicas. São Paulo.


Globo. 2007.

PRIMARY, Secondary & Tertiary Sources. James Cook University. Atualizado em: ago.
2006. Disponível em: <http://www.library.jcu.edu.au/LibraryGuides/primsrcs.shtml>. Acesso
em: 03 fev. 2019.

ROSS, Stephen; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F. Administração


Financeira. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. 2 ed. São Paulo. Atlas, 2007.

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