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Controle Externo TCU - TEFC e AUFC (TI e Bibliotec.

) 2014
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves - Aula 01

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AULA 01

Olá futuro(a) colega do TCU!

Bom saber que você estará conosco nessa jornada rumo à Corte de
Contas Federal!

Nosso objetivo nesta aula é cobrir os seguintes assuntos:


s Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia das
decisões.
s Tribunal de Contas da União: natureza das fiscalizações e
jurisdição.

Para tanto, seguiremos o seguinte sumário:

SUMÁRIO
T ribunais de Contas: funções, natu reza jurídica e eficácia das decisões................................. 3
Funções dos Tribunais de Contas......................................................................................................3
Natureza Jurídica dos Tribunais de Contas.................................................................................... 12
Natureza e Eficácia das decisões dos Tribunais de contas..........................................................17
A brangência do controle exercido pelo TCU................................................................................26
Natureza das fiscalizações............................................................................................................... 26
Jurisdição do TCU............................................................................................................................. 30
Mais questões de p ro v a .................................................................................................................... 49
RESUMÃO DA AULA............................................................................................................................69
Questões com entadas na A ula........................................................................................................71
G abarito................................................................................................................................................81

Ao final temos o resumo da aula e as questões que foram


comentadas, seguidas do gabarito.
Não se esqueça de ter em mãos a Constituição Federal (CF), a Lei
Orgânica (LO/TCU) e o Regimento Interno (RI/TCU), para um melhor
acompanhamento da aula.

Preparado (a)? Vamos lá!

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TRIBUNAIS DE CONTAS: FUNÇÕES, NATUREZA JURÍDICA E


EFICÁCIA DAS DECISÕES

Antes de iniciar, vale ressaltar que, embora a maior parte das


considerações apresentadas neste capítulo faça referência às
características da Corte de Contas Federal, elas também se aplicam às
funções, natureza jurídica e eficácia das decisões dos demais Tribunais de
Contas, estaduais ou municipais.

__________________ FUNÇÕES DOS TRIBUN AIS DE CONTAS__________________

As funções nada mais são que uma forma de sistematizar as diversas


competências que foram conferidas pela Constituição Federal - e também
por outras normas - ao TCU e, por simetria, aos demais Tribunais de
Contas, dando uma ideia geral da natureza das atividades exercidas pelos
órgãos de controle externo.
De acordo com publicação institucional do TCU1, as funções dos
Tribunais de Contas podem ser agrupadas da seguinte maneira:
■ Fiscalizadora
■ Judicante
■ Sancionadora
■ Consultiva
■ Inform ativa
■ Corretiva
■ Norm ativa
■ De ouvidoria
■ Pedagógica
A seguir veremos exemplos de algumas competências do TCU
abrangidas por cada uma dessas nove funções. Por ora, as referidas
competências serão apenas mencionadas, para exemplificar as
características de cada função, visto que o estudo detalhado das
atribuições do TCU será realizado nas próximas aulas.

Função fiscalizadora (ou fiscalizatória, ou de fiscalização)


A maioria das competências atribuídas ao TCU está inserida na função
fiscalizadora. As atividades dessa função caracterizam-se pelo exame de
uma situação ou condição (p.ex. a prática de um ato administrativo),

1 Conhecendo o Tribunal. Brasília: TCU, 2008.

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tendo como referência um critério ou padrão (p.ex. uma norma legal),


com o objetivo de verificar em que medida a situação ou condição está de
acordo com o critério ou padrão. A função fiscalizadora compreende a
realização de levantamentos, auditorias, inspeções, acompanhamentos e
monitoramentos, relacionados com a fiscalização de atos e contratos
administrativos em geral (CF, art. 71, IV).
O exercício da função fiscalizadora envolve ainda a apreciação da
legalidade dos atos de concessão de aposentadorias, reformas e pensões
e de admissão de pessoal (CF, art. 71, III), a fiscalização da aplicação de
recursos repassados pela União mediante convênios e outros instrumentos
congêneres a Estados, Municípios e DF (CF, art. 71, VI), assim como a
fiscalização das contas nacionais das empresas supranacionais (CF,
art. 71, V).

Função iudicante (ou jurisdicional, ou de julgamento)


O TCU exerce a função judicante quando julga as contas dos
administradores e dos demais responsáveis por bens e valores públicos
(contas ordinárias e extraordinárias), e também quando julga as contas
dos responsáveis por causar prejuízo ao erário (tomada de contas
especial) (CF, art. 71, II). Ao julgar as contas, o Tribunal decide se elas
são regulares, regulares com ressalva ou irregulares.
Perceba que, por força da parte final do art. 71, II da CF, sempre
que, na administração do patrimônio público, houver desvio de recursos
ou prática de ato de que resulte dano ao erário, o responsável pelo
prejuízo deverá ter suas contas julgadas pela Corte de Contas
competente. Se o prejuízo foi causado ao patrimônio da União, o
julgamento caberá ao TCU; se o dano atingiu o patrimônio do Estado de
Minas Gerais, o julgamento será de competência do TCE/MG, e assim por
diante.
Note também que o TCU não exerce a função judicante quando
realiza atividades de fiscalização (auditorias, inspeções etc.). O
julgamento das contas dos responsáveis ocorre sempre em processo
específico que pode ser um processo de contas ordinárias, de contas
extraordinárias ou um processo de tomada de contas especial:

Contas ordinárias
Processo de Contas Contas extraordinárias
Tomada de contas especial

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Assim, caso no curso de uma auditoria seja constatada ocorrência


que resultou em prejuízo aos cofres públicos, a auditoria (processo de
fiscalização) deverá ser convertida em processo de tomada de contas
especial (processo de contas), para aí sim ocorrer o julgamento das
contas dos responsáveis pelo desfalque e a cobrança do débito apurado
(LO/TCU, art. 47). Nesse caso, ocorre a mutação da natureza do processo,
de um processo de fiscalização para um processo de contas.

Função sancionadora (ou sancionatória, ou punitiva)


A função sancionadora surge quando da aplicação das sanções
previstas em lei, seja na LO/TCU, seja em outras leis (CF, art. 71, VIII).
Essas sanções podem compreender, isolada ou cumulativamente:
> aplicação, ao agente público, de multa proporcional ao valor do
prejuízo causado ao erário;
> cominação de multa ao responsável por contas julgadas
irregulares, por ato irregular, ilegítimo ou antieconômico, por
não-atendimento de diligência ou determinação do Tribunal, por
obstrução ao livre exercício de inspeções ou auditorias e por
sonegação de processo, documento ou informação;
> inabilitação do responsável para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança no âmbito da Administração
Pública;
> declaração de inidoneidade do responsável, por fraude em
licitação, para participar, por até cinco anos, de certames
licitatórios promovidos pela administração pública;
> afastamento provisório do cargo por obstrução a auditoria ou
inspeção;
> decretação da indisponibilidade de bens.

Três observações importantes:


(1) as sanções podem ser aplicadas tanto em processos de
fiscalização quanto em processo de contas. Assim, caso na realização
de uma auditoria ou no exame de uma prestação de contas seja
constatado que uma determinação anterior do Tribunal não tenha sido
cumprida, o gestor responsável poderá ser penalizado com multa no
âmbito do próprio processo em que o não-atendimento foi identificado,
seja este um processo de contas ou de fiscalização;

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(2) ao impor sanções o Tribunal deverá permitir o contraditório e a


ampla defesa;
(3) nos processos de contas, a eventual cobrança do prejuízo
causado ao erário (imputação de débito) tem natureza de
responsabilização civil, com a finalidade de recompor os cofres lesados
pela ação do agente público. Ou seja, cobrar débito não é impor
sanção. Logicamente, caso seja cabível, o Tribunal poderá impor sanções
juntamente à cobrança do débito.

Função consultiva (ou de consulta, ou opinativa)


A função consultiva é exercida mediante a elaboração de parecer
prévio, de caráter essencialmente técnico, sobre as contas prestadas
anualmente pelo Presidente da República, a fim de subsidiar o julgamento
a cargo do Congresso Nacional (CF, art. 71, I; art. 49, IX). Da mesma
forma, compreende a emissão de pareceres prévios sobre as contas de
governo de territórios (CF, art. 33, §2°).
Inclui também o exame, sempre em tese, de consultas feitas por
autoridades legitimadas para formulá-las, a respeito de dúvidas na
aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentes às
matérias de competência do Tribunal (LO/TCU, art. 1°, XVII).
Outro exemplo de atividade abrangida pela função consultiva é o
parecer sobre indícios de despesas não autorizadas (CF, art. 72, §1°),
emitido por solicitação da comissão de deputados e senadores prevista no
art. 166, §1° da CF - Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização (CMO).
Também se enquadram na sua função consultiva as recomendações -
de caráter não compulsório - que o Tribunal emite ao identificar
oportunidades de melhoria de desempenho, geralmente como resultado
de auditorias de natureza operacional, ocasiões nas quais atua como uma
verdadeira consultoria organizacional (RI/TCU, art. 250, III).

Função inform ativa (ou de informação)


A função informativa é exercida quando da prestação de informações
solicitadas pelo Congresso Nacional, por suas Casas ou por qualquer das
respectivas Comissões, sobre a fiscalização exercida pelo Tribunal (CF,
art. 71, VII).

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Compreende, ainda, representação ao Poder competente sobre


irregularidades ou abusos apurados (CF, art. 71, XI), assim como o
encaminhamento ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, de
relatório das atividades do Tribunal (CF, art. 71, §4°).
Inclui também a emissão de alertas destinados aos órgãos e Poderes
da União, como os alertas sobre ultrapassagem de 90% dos limites de
gastos com pessoal, endividamento, operações de crédito e concessão de
garantias e demais previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF,
art. 59, §1°).
Outro exemplo é a informação prestada ao Ministério Público Eleitoral
acerca da lista de responsáveis que tiveram suas contas julgadas
irregulares, para fins de aplicação da norma de inelegibilidade (LO/TCU,
art. 91).

Função corretiva
O TCU exerce a função corretiva ao:
> emitir determinações, de caráter compulsório, para corrigir
falhas ou impropriedades (LO/TCU, art. 18);
> fixar prazo para cumprimento da lei, se verificada ilegalidade
(CF, art. 71, IX);
> sustar ato impugnado (CF, art. 71, X).

Função normativa (ou regulamentar)


Decorre do poder regulamentar conferido ao TCU por sua Lei
Orgânica, que lhe faculta a prerrogativa de expedir instruções e atos
normativos (de cumprimento obrigatório, sob pena de responsabilização)
acerca de matérias de sua competência e a respeito da organização dos
processos que lhe devam ser submetidos (LO/TCU, art. 3°).

Função de ouvidoria (ou de ouvidor)


Reside na possibilidade de o TCU receber denúncias e representações
relativas a irregularidades ou ilegalidades que lhe sejam comunicadas por
responsáveis pelo controle interno, por autoridades ou por qualquer
cidadão, partido político, associação ou sindicato (CF, art. 74, §§ 1° e 2°).
Essa função tem fundamental importância no fortalecimento da cidadania
e na defesa dos interesses difusos e coletivos, sendo importante meio de
colaboração com o controle.

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Cabe frisar que, na apuração das denúncias e representações, o


Tribunal exerce a função fiscalizatória.

Função pedagógica
O TCU atua de forma pedagógica quando orienta e informa sobre
procedimentos e melhores práticas de gestão, mediante publicação de
manuais e cartilhas, realização de seminários, reuniões e encontros de
caráter educativo ou, ainda, quando recomenda a adoção de providências
em auditorias de natureza operacional.
O caráter educativo surge também quando da aplicação de sanções a
responsáveis por irregularidades ou práticas lesivas aos cofres públicos,
na medida em que tais punições funcionam como fator de inibição à
prática de novas ocorrências da espécie.

Antes de finalizar este tópico, cabe registrar que o TCU quase nunca
exerce apenas uma das suas funções isoladamente. O normal é que as
atuações do Tribunal associem sempre duas ou mais delas. Por exemplo,
ao julgar as contas de gestão, o Tribunal pode aplicar penalidades e/ou
fazer determinações. Assim, simultaneamente à função judicante, são
exercidas as funções sancionadora e corretiva. Outro exemplo consiste
no exercício simultâneo das funções consultiva e normativa quando o
Tribunal responde a consulta que lhe seja formulada por autoridade
competente, uma vez que, nesse caso, a resposta do Tribunal possui
caráter normativo (LO/TCU, art. 1°, XVII, §2°).
Por fim, vale salientar que o rol de funções apresentado, no total de
nove, não é imperativo ou exaustivo, embora seja uma boa referência
retirada de uma publicação institucional do TCU. Com efeito, pode-se
encontrar na doutrina sistematizações diferentes para as atribuições dos
Tribunais de Contas, mas que são apenas variações das apresentadas
anteriormente. Por exemplo, Nagel2 identifica sete grupos de funções ou
atribuições: opinativa, consultiva e informativa; investigatórias; corretivas
e cautelares; cautelares; jurisdicionais; declaratórias; e punitivas. Já Hely
Lopes Meirelles3 reduz sua análise a quatro categorias: técnico-opinativas,
verificadoras, assessoradoras e jurisdicionais administrativas.

2Apud. Lima (2011, p. 111). NAGEL, José. A fisionomia distorcida do controle externo. Revista do TCEMG,
edição n° 4, 2000.
3Apud. Lima (2011, p. 111). MEIRELES, H.L. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros
Editores, 1997.

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ESSA CAI
_^^na prova!
1. (TCU - ACE 2007 - Cespe) A função judicante é expressa quando o TCU exerce
a sua competência infraconstitucional de julgar as contas de gestão dos
administradores públicos. Entretanto, no tocante às prestações de contas
apresentadas pelo governo federal, compete ao TCU apenas apreciá-las e emitir
parecer prévio, já que compete ao Congresso Nacional julgá-las, com base na
emissão do parecer emitido pela comissão mista permanente de senadores e
deputados.
Comentário: É verdade que o TCU exerce a função judicante ao julgar as
contas de gestão dos administradores públicos. A competência para tanto
está expressa na própria Constituição (art. 71, II), sendo apenas reproduzida
na LO/TCU (art. 1°, I). Portanto, a palavra infraconstitucional torna a questão
errada. Cabe lembrar que, no tocante às contas prestadas pelo Presidente da
República, o Tribunal emite parecer prévio, não vinculante, como subsídio ao
julgamento realizado pelo Congresso Nacional (CF, art. 71, I). Nesse caso, o
TCU exerce a função consultiva. Observe ainda que, além do TCU, a comissão
mista de senadores e deputados também emite parecer sobre as contas
prestadas pelo Presidente da República (CF, art. 166, §1°, I).
Gabarito: Errado

2. (TCDF - Procurador 2002 - Cespe) Com relação aos tribunais de contas, entre
as inovações introduzidas pela LRF, encontra-se a instituição da função cautelar de
alertar os demais Poderes ou órgãos nas situações que especifique.
Comentário: Como vimos, o rol de funções que estudamos, no total de
nove, não é imperativo ou exaustivo, pois na doutrina podem-se encontrar
sistematizações diferentes para as atribuições dos Tribunais de Contas. A
questão em tela menciona a função cautelar, que incluiria os alertas previstos
na LRF. Na aula, classificamos tais alertas na função informativa. Perceba que
as duas classificações estão corretas, pois a informação prevista na LRF sob
a forma de alerta tem caráter cautelar, preventivo. A mesma atribuição poderia
ser também classificada na função assessoradora, segundo as categorias
consideradas por Hely Lopes Meirelles. Portanto, para fins de prova, o
importante é conhecer as competências do Tribunal de Contas e utilizar o
bom senso na hora de responder uma questão que as classifique em alguma
função. No caso de uma questão discursiva em que seja necessário discorrer
sobre as funções dos Tribunais de Contas, creio que a apresentação das nove
funções dadas na aula, seguidas de um ou dois exemplos, seja suficiente para
uma boa resposta.
Gabarito: Certo

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3. (TCE/ES - Procurador Especial de Contas 2009 - Cespe) Na CF, o controle


externo foi consideravelmente ampliado. Nesse sentido, as funções que os TCs
desempenham incluem a
a) sancionatória, quando se aprovam as contas dos dirigentes e responsáveis
por bens e valores públicos.
b) de julgamento, quando se emite parecer prévio sobre as contas anuais dos
chefes de poder ou órgão.
c) de ouvidor, quando se respondem e esclarecem as dúvidas de servidores
sobre a aplicação da legislação orçamentária e financeira.
d) corretiva, quando se aplicam multas e outras penalidades aos responsáveis
por irregularidades.
e) de fiscalização financeira, quando se registram os atos de admissão do
pessoal efetivo.
Comentário: Pede-se para escolher a alternativa correta. Então, vamos
analisar cada uma delas.
A letra “a” está errada, pois os Tribunais de Contas exercem a função
judicante ou de julgamento - e não a função sancionatória - quando
“aprovam” as contas dos administradores públicos. Assim, a letra “b”
também está errada. Com efeito, a emissão de parecer prévio faz parte da
função consultiva ou opinativa dos Tribunais de Contas.
Quanto à letra “c”, lembre-se que a função de ouvidor é exercida quando
o Tribunal recebe denúncias e representações sobre irregularidades que lhe
sejam comunicadas pelo controle interno, por autoridades ou por qualquer
cidadão, partido político, associação ou sindicato. Ademais, o TCU somente
decidirá sobre consultas - exercendo sua função consultiva - que sejam
formuladas pelas autoridades competentes, as quais estão elencadas do
art. 264, I a VII do RI/TCU, e que não incluem os servidores em geral. Portanto,
a alternativa “c” também está erraraa.
A função corretiva, expressa na letra “d”, é exercida quando os Tribunais
de Contas emitem deliberações com o objetivo de corrigir irregularidades ou
impropriedades existentes na Administração Pública que foram constatadas
nas atividades de controle. Assim, a assertiva está errada, pois quando
aplicam multas e outras penalidades, os Tribunais de Contas exercem a
função sancionatória.
Por fim, a letra “e” está correta, pois quando registram os atos de
admissão de pessoal, assim como outras atividades de caráter investigatório
e que envolvem análise técnica de informações e documentos, os Tribunais

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de Contas exercem a função fiscalizadora ou fiscalizatória. A professora Di


Pietro a descreve como de fiscalização financeira4, como está no quesito.
Gabarito: alternativa “e”

4. (TCE/RN - Assessor Técnico de Controle e Administração 2009 - Cespe)


Uma das funções de competência dos TCs, como definido na CF, é a de ouvidor,
caracterizada pelo recebimento de denúncias de irregularidades ou ilegalidades
formuladas tanto pelos responsáveis pelo controle interno como por qualquer
cidadão, partido político, associação ou sindicato.
Comentário: O item está perfeito. Na Constituição Federal, a função de
ouvidor exercida pelos TCs encontra-se positivada no art. 74, §§ 1° e 2°,
consistindo na possibilidade de as Cortes de Contas receberem denúncias e
representações relativas a irregularidades ou ilegalidades que lhe sejam
comunicadas por responsáveis pelo controle interno, por autoridades ou por
qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato.
Gabarito: Certo

5. (TCE/AC - ACE 2008 - Cespe) Considerando as funções dos tribunais de


contas, assinale a opção correta.
a) A função opinativa dos tribunais de contas se reveste de conteúdo vinculativo.
b) A função sancionadora ocorre quando os tribunais de contas, por exemplo,
efetuam recolhimento da multa proporcional ao débito imputado.
c) A função de fiscalização dos tribunais de contas compreende as ações relativas
ao exame e à realização de diligências relacionadas a recursos de alienação
dos ativos.
d) O julgamento das contas dos responsáveis por bens e valores públicos constitui
função corretiva dos tribunais de contas.
e) Assiste aos tribunais de contas o poder regulamentar, também chamado de
normativo, que, em certos casos, pode ir além de sua competência e jurisdição.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa:
(a) errada, pois a função opinativa dos tribunais de contas, como o
próprio nome já diz, não possui conteúdo vinculativo, podendo-se citar como
exemplo a emissão de parecer prévio sobre as contas do Chefe do Executivo;
(b) errada, pois a função sancionadora ocorre na aplicação - e não no
recolhimento - da multa. Ademais, quem a recolhe é o responsável, não o
Tribunal!
(c) certa, tendo como exemplo a fiscalização exercida pelo TCU nos

4Apud. Lima (2011, p. 111). DI PIETRO, M.S.Z. Direito Administrativo. 19â edição, Atlas, 2006.

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processos de privatização de instituições públicas federais, em que ocorre a


alienação de ativos para a iniciativa privada;
(d) errada, pois o julgamento de contas é inerente à função judicante, e
não à função corretiva. Esta, por sua vez, é exercida quando da emissão de
determinações para corrigir falhas ou impropriedades, na fixação de prazo
para o exato cumprimento da lei ou, ainda, na sustação de ato impugnado;
(e) errada, pois o poder regulamentar que assiste ao Tribunal de Contas
apenas pode ser exercido no âmbito de sua competência e jurisdição
(LO/TCU, art. 3°).
Gabarito: alternativa “c”

_____________ N A TU R EZ A JURÍDICA DOS TRIBUN AIS DE CONTAS_____________

Para estudarmos a natureza jurídica dos Tribunais de Contas, vamos


adotar como roteiro o enunciado da seguinte questão discursiva:

(TCU - ACE 2008 - Cespe) (...) discorra, de forma fundamentada e de acordo com
a Constituição Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos:
■ natureza jurídica do TCU;
■ relação entre o TCU e o Poder Legislativo;
■ eventual vinculação hierárquica da Corte de Contas com o Congresso
Nacional.

Natureza jurídica do TCU


A doutrina majoritária classifica o TCU como órgão administrativo,
autônomo e independente, de estatura constitucional (CF, art. 71).
Por ser um órgão, o TCU não possui personalidade jurídica
própria. A sua personalidade jurídica é a mesma da União, pessoa
jurídica de direito público em que está inserido.
Não obstante a ausência de personalidade jurídica própria, o TCU
possui capacidade para figurar em juízo, ativa ou passivamente, na
defesa das suas competências e direitos próprios (capacidade
postulatória). Com efeito, frequentemente são impetrados mandados de
segurança no STF contra decisões da Corte de Contas, ocasiões nas quais
ela se situa no polo passivo da lide.

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Relação entre o TCU e o Poder Legislativo - inexistência de


vinculação hierárquica
O TCU, apesar de ser um "Tribunal", não pertence ao Poder
Judiciário. Tampouco pertence ao Poder Legislativo, apesar de auxiliar o
Congresso Nacional no controle externo da Administração Pública. De fato,
o TCU não está subordinado hierarquicamente a nenhum dos três
Poderes: o Presidente do TCU não deve obediência ao Presidente do
Congresso Nacional, titular do controle externo, e muito menos ao
Presidente do STF ou ao Presidente da República. Similarmente, o
Presidente de um Tribunal de Contas Estadual também não responde ao
Presidente da Assembleia Legislativa ou ao Governador do Estado,
tampouco ao Presidente do TCU.
Por outro lado, da mesma forma que o Ministério Público, o TCU
também não constitui, por si só, um Poder. Diz-se que a tripartição
clássica dos Poderes do Estado - Executivo, Legislativo e Judiciário - não é
suficiente para abarcar o perfil institucional do TCU, órgão de estatura
constitucional que possui competências próprias e privativas voltadas para
o controle externo da Administração Pública.
No exercício do controle externo, a Constituição reservou ao TCU
atividades de cunho técnico, como a realização de auditorias e o exame e
julgamento da gestão dos administradores públicos. O Congresso
Nacional, embora titular do controle externo, não pode exercer nenhuma
das atribuições conferidas exclusivamente à Corte de Contas. O rol de
competências das Cortes de Contas é tão amplo que torna o exercício do
controle externo mais ligado a elas que aos próprios órgãos legislativos.
No campo do controle externo, cabe ao Parlamento, em regra,
atividades de cunho político, também previstas na Constituição, a
exemplo do julgamento das contas prestadas pelo Presidente da
República, porém sem qualquer relação administrativa, hierárquica ou
mesmo de coordenação com o Tribunal de Contas. Assim, por exemplo, o
Congresso Nacional não tem competência para realizar diretamente uma
auditoria contábil em um Ministério do Governo Federal. Deve solicitá-la
ao TCU. Este, por sua vez, não realizará a referida fiscalização por causa
de uma eventual subordinação ao Congresso, e sim porque tal atividade é
da sua competência privativa, conferida diretamente pela Constituição
(CF, art. 71, IV).
Dessa forma, a interpretação que deve ser dada ao caput do art. 71
da Carta Magna, é que o controle externo da Administração Pública, a

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cargo do Poder Legislativo, não poderá ser realizado senão com o auxílio
técnico do TCU, que é inafastável e imprescindível.
Para reforçar a independência do TCU, a Carta Magna lhe assegura
autonomia funcional, administrativa, financeira e orçamentária,
garantindo-lhe quadro próprio de pessoal (CF, art. 73), e estendendo-lhe,
no que couber, as atribuições relativas à auto-organização do Poder
Judiciário, previstas no art. 96 da CF, como elaborar seu Regimento
Interno e organizar sua Secretaria e demais serviços auxiliares.
Ademais, como garantia de independência e autonomia, a
Constituição assegura ao TCU a iniciativa exclusiva de projetos de lei para
propor alterações e revogações de dispositivos da sua Lei Orgânica.
Assim, não cabe ao Legislativo ou ao Executivo a iniciativa de propostas
tendentes a alterar a Lei Orgânica do TCU, sob pena de vício de iniciativa.
Todavia, para fins orçamentários e de responsabilidade fiscal, o
Tribunal está associado ao Poder Legislativo, uma vez que, nas leis
orçamentárias, as dotações relativas ao TCU constam do orçamento do
Poder Legislativo. Além disso, pela LRF, os limites de despesas de pessoal
do TCU são incluídos no âmbito do Poder Legislativo (LRF, art. 20). Isso,
contudo, não retira a autonomia orçamentária e financeira da Corte de
Contas, eis que o TCU pode movimentar livremente os recursos previstos
no seu orçamento, ter ordenador de despesas próprio, elaborar e liquidar
a folha de pagamento dos seus servidores, realizar o pagamento dos
contratos com seus fornecedores, dentre outros atos de administração
financeira e orçamentária, sem qualquer dependência em relação ao
Congresso Nacional e suas Casas.

A título de conhecimento, registre-se que há na doutrina


aqueles que consideram o TCU como órgão do Poder
Legislativo, por sua associação a este Poder nas leis orçamentárias e nos limites de
gastos com pessoal previstos na LRF, bem como pelo fato de o Tribunal estar
inserido no capítulo da Constituição que trata do Poder Legislativo. Contra tais
argumentos, além das considerações apresentadas nesta aula, geralmente opõe-se
que o texto constitucional não menciona o TCU ao tratar expressamente da
composição do Poder Legislativo, referindo-se tão somente ao Congresso Nacional,
integrado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal (CF, art. 44).

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Não obstante a existência de posições contrárias, percebe-se que


prevalece o entendimento de que o TCU é órgão administrativo
autônomo e independente, sem subordinação hierárquica ao Poder
Legislativo ou a qualquer outro órgão ou Poder.
Dito isso, voltemos à questão de prova para ver como ela poderia ser
resolvida:

6. (TCU - ACE 2008 - Cespe) (...) discorra, de forma fundamentada e de acordo


com a Constituição Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos:
■ natureza jurídica do TCU;
■ relação entre o TCU e o Poder Legislativo;
■ eventual vinculação hierárquica da Corte de Contas com o Congresso
Nacional.
Comentário: Quanto à natureza jurídica, o TCU é tido pela maioria da
doutrina como órgão administrativo, de estatura constitucional. Sua
personalidade jurídica é a da União, sem pertencer a nenhum dos três
Poderes. Não obstante, possui capacidade postulatória, podendo figurar em
juízo ativa ou passivamente.
Por disposição constitucional, o TCU auxilia tecnicamente o Poder
Legislativo no controle externo da Administração Pública. Além disso, o TCU
está associado ao Poder Legislativo para fins orçamentários e de
responsabilidade fiscal. Todavia, não há vinculação hierárquica entre a Corte
de Contas e o Congresso Nacional. O Tribunal é órgão autônomo e
independente, pois a Constituição lhe atribui competências próprias e
privativas, assim como lhe garantg autonomia funcional e financeira.
Gabarito: N/A

7. (TCE/RN - Assessor Técnico Jurídico 2009 - Cespe) O TCU faz parte do


Congresso Nacional, a quem deve auxiliar no exercício do controle externo.
Comentário: O item está errado, pois o TCU não faz parte do Congresso
Nacional, apesar de auxiliá-lo no exercício do controle externo. Com efeito, de
acordo com o posicionamento majoritário da doutrina, o TCU, assim como os
demais tribunais de contas, são órgãos autônomos e independentes, não
subordinados a nenhum outro órgão ou Poder.
Gabarito: Errado

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8. (TCE/RN - Assessor Técnico Jurídico 2009 - Cespe) Na prestação de auxílio


para o exercício do controle externo, os TCs não estão subordinados operacional
nem administrativamente às casas legislativas.
Comentário: O quesito está correto, pois os Tribunais de Contas são
órgãos administrativos autônomos e independentes, sem subordinação
hierárquica, operacional ou administrativa ao Poder Legislativo ou a qualquer
outro órgão ou Poder. Para o exercício do controle externo, o TCU possui
competências próprias e privativas retiradas da Constituição Federal, as quais
devem ser replicadas no âmbito estadual, distrital e municipal.
Gabarito: Certo
9. (TCDF - ACE 2012 - Cespe) De acordo com o princípio de autotutela e o
sistema de controle existente, o Tribunal de Contas da União e o TCDF estão
vinculados por uma relação de hierarquia, visando garantir o emprego efetivo do
recurso público.
Comentário: O quesito está incorreto. Da mesma forma que não existe
vinculação hierárquica entre os Tribunais de Contas e os órgãos do Poder
Legislativo, também não existe qualquer espécie de relação de hierarquia
entre o Tribunal de Contas da União e os demais Tribunais de Contas
Estaduais e Municipais. Cada Tribunal de Contas é um órgão autônomo e
independente que atua na respectiva esfera de competência, garantindo o
emprego regular e efetivo dos recursos públicos federais, estaduais, distritais
e municipais.
Gabarito: Errado

10. (TCU - TCE 2007 - Cespe) O TCU deve auxiliar o Congresso Nacional no
exercício do controle externo e da fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e
indireta.
Comentário: Segundo o art. 70, caput da CF, a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades
da administração direta e indireta será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo. E o art. 71, caput, consagra o papel do TCU no
exercício do controle externo, qual seja, o de auxiliar o Congresso Nacional:
"O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União (...)". Não obstante, deve-se ressaltar
que o auxílio no exercício do controle externo não significa subordinação do
TCU em relação ao Congresso. O TCU possui competências próprias e
privativas, de caráter técnico, enquanto a atuação do Congresso ocorre no
campo político.
Gabarito: Certo

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N A TU R EZ A E EFICÁCIA DAS DECISÕES DOS TRIBUN AIS DE CONTAS

Conforme aponta a maior parte da doutrina, sendo o TCU um órgão


administrativo, suas decisões também possuem natureza
administrativa. Contra o mérito dessas decisões, somente cabe recurso
ao próprio TCU, com natureza de apelação administrativa.
Assim, não existem vias recursais junto ao Judiciário ou ao
Legislativo que possibilitem a reforma do mérito de uma decisão do TCU
tomada no exercício de suas competências. Da mesma forma, não cabe
recurso ao TCU para reformar uma decisão de um Tribunal de Contas
Estadual ou Municipal. As possibilidades se esgotam no âmbito da Corte
de Contas que proferiu a decisão.
Todavia, uma vez que o ordenamento jurídico pátrio é regido pelo
princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5°, XXXV), é
possível acionar o Poder Judiciário contra uma decisão do Tribunal
de Contas. A provocação do Judiciário, contudo, não tem natureza de
recurso, pois se faz por meio de uma ação judicial nova e totalmente
independente do processo no Tribunal de Contas. Ademais, o Judiciário
não revisa as decisões da Corte de Contas, cabendo-lhe tão somente
verificar se os aspectos formais foram observados e se os direitos
individuais foram preservados. Segundo a jurisprudência do STF:

No ju lg a m e n to das contas de responsáveis p o r haveres públicos, a com petência é


exclusiva dos Tribunais de Contas, salvo nulidade por irregularidade formal grave ou
manifesta ilegalidade.

Por exemplo: suponha que o TCU, numa sessão em que não houve
quórum mínimo (irregularidade formal), tenha julgado irregulares as
contas de um administrador público, sem ainda lhe oferecer o direito ao
contraditório e à ampla defesa (manifesta ilegalidade). Nesse caso, o
Poder Judiciário poderá declarar nula a decisão do TCU. Entretanto, o
Judiciário não poderá proferir novo julgamento em relação às contas do
administrador, declarando-as regulares ou regulares com ressalva. A
matéria deverá ser submetida mais uma vez à apreciação do TCU e, este,
agora respeitando o devido processo legal, deverá julgá-las novamente.
Em suma, o Judiciário não apreciará o mérito, mas sim a legalidade e
a formalidade das decisões dos Tribunais de Contas, podendo anulá-las,
mas não reformá-las.

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A competência para processar e julgar ações contra atos dos


Tribunais de Contas, no âmbito do Judiciário, se divide da seguinte forma:

Órgão do Judiciário
Tipo de ação Contra ato do Fundamento
competente

Habeas corpus, mandado TCU Supremo Tribunal CF, art. 102, I, d, q


de segurança, Habeas data Federal (STF)
e mandado de injunção

Habeas corpus Demais TCs Superior Tribunal de CF, art. 105, I, c


Justiça (STJ)

Mandado de segurança, Demais TCs Tribunais de Justiça CF, art. 125


Habeas data dos Estados e do DF

Além disso, também é possível impetrar ações ordinárias nos


juízos de primeiro grau contra as decisões dos Tribunais de Contas. Se
postulada contra ato do TCU, a competência para julgar será dos juízes
federais; já ações ordinárias contra as decisões dos demais Tribunais de
Contas serão apreciadas pelos juízes estaduais.
Uma observação importante: segundo o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Tribunal de Contas não possui
legitimidade para recorrer dos julgados do Poder Judiciário que anulem
suas decisões administrativas. Nesse caso, como já dissemos, resta ao
Tribunal de Contas emitir nova decisão, livre dos vícios apontados pelo
Judiciário.
Compreendida a natureza, passemos a falar sobre a eficácia das
decisões do TCU.
As decisões do TCU de que resulte imputação de débito ou multa
- somente essas! - terão eficácia de título executivo (CF, art. 71, §3°;
LO/TCU, art. 19, 23, III, "b" e 24).
No geral, título executivo é um documento constituído no âmbito do
Poder Judiciário que representa uma dívida líquida e certa, permitindo
ao seu titular propor a correspondente ação executiva para fins de
cobrança. No caso de decisões do Tribunal de Contas de que resulte
imputação de débito e/ou multa, a discussão judicial torna-se
desnecessária, pois a própria decisão do Tribunal já tem essa eficácia de
título executivo. Assim, caso o responsável não comprove o

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recolhimento do débito e/ou multa no prazo determinado ou não


apresente recurso com efeito suspensivo contra a decisão do Tribunal,
não há necessidade de se rediscutir, no âmbito do Judiciário, a certeza e
liquidez da dívida, bastando que se dê início ao processo de execução
judicial. Portanto, pula-se uma etapa - a do conhecimento da dívida no
Judiciário -, uma vez que a decisão do Tribunal tem força de título
executivo.
Até mesmo a inscrição em dívida ativa é desnecessária, embora
às vezes seja feita por motivos gerenciais do órgão de cobrança. Neste
caso, constitui dívida ativa não tributária.
Por ser constituída fora do Poder Judiciário, a decisão do Tribunal de
Contas que impõe débito e/ou multa produz efeitos de título executivo
extrajudicial. Para que tal título tenha validade e eficácia, isto é, para
que seja apto a fundamentar a ação de execução, é necessário que não
reste qualquer dúvida quanto à existência da obrigação e, ainda, que não
exista qualquer óbice para que a dívida seja cobrada imediatamente.
Assim, para se revestir do caráter de título executivo extrajudicial, a
decisão do Tribunal deve conter a identificação do responsável e o
valor do débito ou multa, em moeda nacional.
Além disso, as possibilidades de recurso contra a referida decisão
devem ter sido esgotadas no âmbito do Tribunal, ou seja, a decisão deve
ser definitiva. Definitivas são as decisões contras as quais não caibam
recursos ou contra as quais tenham sido interpostos, nos prazos previstos,
os recursos cabíveis, de modo que não haja mais possibilidade legal de se
insurgir contra a decisão no próprio Tribunal.
A fim de melhor compreendermos a eficácia das decisões dos
Tribunais de Contas, vejamos um exemplo de decisão do TCU que
imputou débito e multa ao gestor público em um processo de tomada de
contas especial:

Acórdão 42/2011-Plenário5

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do


Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1 julgar irregulares as contas do Sr. (...), condenando o responsável ao pagamento


do valor de R$ 88.500,06 (...), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento desses valores aos

5 Disponível em: www.tcu.gov.br

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cofres da Caixa Econômica Federal, atualizados monetariamente e acrescidos dos


juros de mora (...);

9.2. aplicar ao Sr. (...) a multa referida no art. 57 da Lei n° 8.443, de 1992, no valor de
R$ 5.000,00 (...), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para
que comprove, perante o Tribunal, seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente (...);

(...)

9.5 autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n° 8.443, de 1992, a
cobrança judicial dos valores acima , caso não atendidas as notificações, na forma da
legislação em vigor;

Como dito anteriormente, a imputação de débito tem natureza de


responsabilização civil, para ressarcimento do prejuízo causado aos
cofres públicos. Não é uma sanção. Por isso é que, no exemplo, o Tribunal
determinou que o prejuízo apurado, no valor de R$ 88.500,06, fosse
recolhido pelo responsável aos cofres da Caixa Econômica Federal,
empresa pública que teve seu patrimônio lesado. Dessa forma, a
condenação pretende fazer com que o patrimônio público retorne ao
estado em que se encontrava antes de ter sido lesado pelo ato irregular
praticado pelo responsável.
De fato, o débito deve ser recolhido aos cofres de quem sofreu
a lesão. Se for uma entidade da administração indireta - autarquia,
fundação, empresa pública ou sociedade de economia mista - recolhe-se o
débito aos cofres da própria entidade, como no exemplo. Se for um órgão
da administração direta - suponha que ao invés da Caixa fosse o
Ministério da Educação - recolhe-se o débito diretamente aos cofres da
União, ou seja, ao Tesouro Nacional.
Já a multa sempre é recolhida aos cofres do Tesouro Nacional.
Não importa se o patrimônio lesado foi de entidade da administração
direta ou da indireta. Isso porque a multa, esta sim, é uma sanção, de
natureza pecuniária, que não visa ressarcir o prejuízo, mas penalizar
aquele que o causou. No exemplo, o Tribunal aplicou multa de R$ 5.000,
proporcional ao dano causado ao erário (LO/TCU, art. 57), valor que o
responsável deve recolher aos cofres da União, ou seja, do Tesouro
Nacional.

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E se o responsável não recolher espontaneamente os valores que lhe


foram imputados, no prazo fixado pelo Tribunal6? Então, a dívida deverá
ser cobrada judicialmente, como autorizado no item 9.5 do nosso
exemplo. Para tanto, o instrumento da decisão do Tribunal que imputou o
débito e aplicou a multa - o Acórdão - torna a dívida líquida e certa,
sendo título executivo bastante para fundamentar a respectiva ação de
execução judicial.
Todavia, a titularidade para promover a cobrança judicial não
pertence ao Tribunal de Contas. O Tribunal apenas decide sobre a
obrigação de ressarcimento e/ou sobre a cominação da multa, autorizando
a cobrança judicial da dívida. Por sua vez, o título executivo oriundo da
decisão condenatória deve ser executado pelos órgãos próprios do ente
destinatário dos valores devidos. O Ministério Público que atua junto
ao TCU (MPTCU) apenas exerce a função de intermediário nesse
processo, remetendo a documentação necessária aos órgãos executores
(LO/TCU, art. 81, III).
Assim, caso o débito deva ser recolhido aos cofres do Tesouro
Nacional, o MPTCU remete a documentação pertinente à Advocacia-Geral
da União (AGU), a quem cabe o ajuizamento da ação, por meio da
Procuradoria Geral da União. No caso de entidade que possua
procuradoria própria - como as empresas públicas e as sociedades de
economia mista federais - recairá sobre o órgão de representação judicial
dessas entidades a atribuição de deflagrar o processo de execução, após
receber a documentação do MPTCU.
Quanto à execução judicial da multa, sempre está sob
responsabilidade da AGU, vez que sempre é recolhida aos cofres da União
(Tesouro Nacional).
No nosso exemplo, se o responsável não comprovar o recolhimento
no prazo de 15 dias, competirá à procuradoria da Caixa Econômica Federal
(entidade da administração indireta com representação judicial própria) o
ajuizamento da execução relativa ao débito de R$ 88.500,06 e à AGU o
ajuizamento da execução da multa de R$ 5.000,00. O MPTCU deve
remeter a esses órgãos a documentação necessária ao processo de
execução. Por outro lado, se em um mesmo Acórdão estiverem
consignados débito e multa em razão de dano causado ao patrimônio de
órgão da administração direta, competirá à AGU a execução de ambos.

6 Segundo o art. 214, III do RI/TCU, é de quinze dias o prazo para o responsável provar, perante o
Tribunal, o pagamento do débito ou da multa. Esse prazo deve ser fixado no Acórdão condenatório.

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Por fim, face ao disposto no art. 37, §5° da CF, tem-se que,
constituído o título executivo, isto é, exarado o Acórdão, a cobrança do
d é b ito , por sua natureza de ressarcimento do dano causado, é
im prescritível. Por outro lado, a imprescritibilidade não se aplica à
cobrança da m ulta, que é uma sanção. No TCU, ante a ausência de
previsão legal a respeito do prazo a ser considerado na prescrição da
pretensão punitiva da Corte Contas, costuma-se aplicar, por analogia, o
prazo prescricional de 10 anos previsto no art. 205 do Código Civil7.

Esauem atizando:

Erário/cofres Cobrança por meio de

União (Tesouro Nacional) Advocacia-Geral da União (AGU), por meio


da Procuradoria Geral da União (PGU)

Estados e Distrito Federal Procuradorias dos Estados ou do DF

Municípios Prefeito ou procurador municipal

Entidades dotadas de personalidade Procuradorias próprias, departamentos


jurídica própria jurídicos

rova!
11. (TCU - ACE 2007 - Cespe) Todas as manifestações das cortes de contas têm
valor e força coercitiva, entretanto, só os acórdãos condenatórios têm eficácia de
título executivo, ou seja, unicamente os processos de contas, abrangendo tanto as
contas anuais quanto as contas especiais, podem ser julgados, ensejando a
constituição de título executivo e podem ter como efeito a produção de coisa
julgada.
Comentário: As decisões dos Tribunais de Contas de que resulte débito
e/ou multa terão eficácia de título executivo (CF, art. 71, §3°). É fato que
débitos só podem ser imputados em processos de contas. Entretanto, multas
podem ser aplicadas tanto em processos de contas quanto em processos de
fiscalização. Assim, a questão é falsa ao afirmar que unicamente os
processos de contas ensejam a constituição de título executivo, pois os
processos de fiscalização também podem constituí-los, caso resultem em
multa aos responsáveis.

7 Ver Acórdãos TCU 946/2013-Plenário, 2.177/2013-23 Câmara e 2.183/2013-23 Câmara.

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Além disso, também considero errada, ou no mínimo discutível, a


afirmação de que “todas as manifestações das cortes de contas têm valor e
força coercitiva”, haja vista as atribuições inerentes à função consultiva dos
Tribunais de Contas, que possuem caráter opinativo, ou seja, não vinculante.
Também não é pacífico o entendimento de que as decisões dos Tribunais
de Contas produzem efeito de coisa julgada. Alguns doutrinadores defendem
que o julgamento das contas faz coisa julgada administrativa, uma vez que a
decisão não pode ser reformada por outro órgão ou Poder; outros defendem o
contrário, pois no Brasil impera o monopólio ou unidade de jurisdição,
conferida ao Poder Judiciário, de modo que apenas decisões provenientes de
órgãos judiciais possuiriam a prerrogativa de produzir efeito de coisa julgada.
Gabarito: Errado

12. (TCU - TCE 2007 - Cespe) Considere que determinado gestor de receitas
públicas, após o devido processo legal, tenha sido condenado pelo TCU a ressarcir
o erário. Considere ainda que, na condenação, o tribunal tenha declarado
expressamente o agente responsável e o valor a ser devolvido à União. Nesse
caso, a competência para executar a decisão do tribunal é da Advocacia-Geral da
União, que deverá observar os prazos de cobrança previstos na lei, sob pena de
prescrição para atos ilícitos praticados por agente ou servidor público.
Comentário: A decisão do Tribunal da qual resulte imputação de débito
ou cominação de multa torna a dívida líquida e certa e tem eficácia de título
executivo (CF, art. 71, §3°). Nesse caso, o responsável é notificado para, no
prazo de quinze dias, recolher o valor devido (RI/TCU, 214, III). Se o
responsável, após ter sido notificado, não recolher tempestivamente a
importância devida, é formalizado processo de cobrança executiva, o qual é
encaminhado por meio Ministério Público junto ao TCU para a Advocacia-
Geral da União (AGU) ou para as unidades jurisdicionadas com procuração
judicial própria promoverem a coyprança judicial da dívida. O erro é que, nos
termos do art. 37, §5°, da CF/88, as ações de ressarcimento serão
imprescritíveis: "A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao
erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento".
Gabarito: Errado

13. (TCU - ACE 2004 - Cespe) No sistema brasileiro de controle externo, em face
das competências atribuídas pela Constituição da República ao TCU, a doutrina e a
jurisprudência são majoritárias no sentido de que as decisões daquele órgão têm
natureza jurisdicional e, por isso mesmo, não podem ser reexaminadas pelo Poder
Judiciário.
Comentário: De pronto já rechaçamos a assertiva de que as decisões do

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TCU não podem ser reexaminadas pelo Poder Judiciário, visto que, no
ordenamento jurídico pátrio, impera o princípio da inafastabilidade da tutela
jurisdicional (CF, art. 5°, XXXV). Assim, aquele que se sinta lesado por decisão
da Corte de Contas poderá sim buscar junto ao Judiciário a defesa dos seus
direitos. Todavia, lembre-se de que essa apelação se faz por meio de ação
ordinária nova e independente do processo que tramita no TCU, ou seja, não
tem natureza de recurso (apesar de comumente utilizar-se a expressão
“recorrer ao Judiciário"). Ademais, o Judiciário não pode reformar a decisão
da Corte de Contas, cabendo-lhe tão-somente decretar sua nulidade por
irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade.
Também merece destaque a afirmação de que a doutrina e a
jurisprudência são majoritárias no sentido de que as decisões do TCU têm
natureza jurisdicional. Isso não é verdade, pois o tema não é pacífico.
Os que defendem que os Tribunais de Contas não possuem jurisdição,
ou seja, que suas decisões não têm natureza jurisdicional, apoiam-se no
argumento de que o termo jurisdição pressupõe a existência de conflitos
entre partes, cabendo ao Estado, somente quando provocado, a
responsabilidade de dizer o direito, ou seja, solucionar a controvérsia.
Asseveram, então, que as atribuições conferidas ao TCU não possuem tais
características, embora o texto constitucional fale em “julgar" (CF, art. 71, II).
Segundo essa posição, a jurisdição seria privativa do Poder Judiciário.
Outros, porém, defendem a natureza jurisdicional da decisão do TCU no
julgamento das contas, decidindo a regularidade ou irregularidade, pois tal
decisão, por força de disposição constitucional, é soberana, privativa e
definitiva, não se submetendo a nenhuma outra instância revisional. Nem
mesmo ao Judiciário é permitido desconstituir o mérito do julgado do Tribunal
de Contas. Ademais, para os defensores da existência de uma jurisdição
própria e privativa do Tribunal, haveria previsão expressa para tanto no caput
do art. 73 da Constituição: “O TCU (...) tem jurisdição em todo o território
nacional (...)", o que também está presente no art. 4° da LO/TCU.
Por fim, há aqueles que sustentam uma posição intermediária, cunhando
termos como “jurisdição anômala", “jurisdição administrativa" ou “jurisdição
constitucional especializada".
Portanto, muita cautela com esse assunto na prova, principalmente em
uma eventual questão discursiva.
Gabarito: Errado

14. (TCU - TCE 2007 - Cespe) O TCU tem atribuições de natureza administrativa;
porém, quando julga as contas dos gestores e demais responsáveis por bens e
valores públicos, exerce sua natureza judicante. Mesmo assim, não há consenso na
doutrina quanto à natureza do tribunal.

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Comentário: Mais uma vez o Cespe explora a divergência doutrinária em


relação à natureza do TCU e de suas decisões. Como vimos, a maior parte da
doutrina sustenta que o TCU possui natureza administrativa, afinal, a maioria
de suas atribuições, como a realização de auditorias e inspeções, o registro
de atos de pessoal e a emissão de parecer prévio sobre as contas do
Presidente da República, situam-se na esfera administrativa. A polêmica
reside na competência própria e privativa atribuída ao TCU para julgar as
contas dos responsáveis por recursos públicos e a dos causadores de dano
ao erário. Em razão dessa competência, alguns doutrinadores defendem que o
TCU possui natureza “quase jurisdicional”, haja vista que nem mesmo o
Poder Judiciário pode rever suas decisões no julgamento de contas. Outros,
ainda, apregoam o meio termo, ou seja, o TCU possui natureza jurisdicional
quando julga contas, e natureza administrativa quando desempenha suas
demais atribuições. Enfim, como o tema não é unânime, a questão está
correta.
Gabarito: Certo

15. (TCU - ACE 2004 - Cespe) De acordo com a doutrina, a condenação de gestor
público por parte do TCU constitui título executivo de natureza judicial, por força da
competência conferida pelo art. 71 da Constituição àquele órgão, para julgar contas
de pessoas responsáveis por dinheiro público.
Comentário: Somente as decisões dos Tribunais de Contas de que
resulte débito e/ou multa terão eficácia de título executivo que, por ser
constituído fora do Judiciário, é dito extrajudicial, e não judicial, como afirma
o quesito, daí o erro.
Gabarito: Errado

16. (TCU - Procurador 2004 - Cespe) Sempre que se julgar lesado por decisão
tomada pelo TCU, o cidadão poderá recorrer ao Poder Judiciário, mas o remédio
juridicamente adequado não será a impetração de mandado de segurança contra o
ato do tribunal, seja porque as decisões deste somente podem ser desconstituídas
mediante dilação probatória, seja porque o tribunal não poderá figurar no pólo
passivo da ação mandamental.
Comentário: A via frequentemente utilizada para pleitear amparo junto ao
STF contra decisão do TCU é o mandado de segurança, ocasiões nas quais a
Corte de Contas, que possui capacidade postulatória, figura no polo passivo
da lide.
Gabarito: Errado

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17. (TCE-ES - Procurador Especial de Contas 2009 - Cespe) O julgamento das


contas dos administradores e responsáveis é atribuição peculiar dos TCs, de acordo
com a CF. Como órgãos especializados no julgamento das contas, suas decisões
não estão sujeitas a revisão do Poder Judiciário, salvo quando
a) houver observância do devido processo legal.
b) o mérito da decisão envolver questões atinentes à legitimidade dos atos
praticados pelos administradores e responsáveis.
c) o MP representar contra decisão de mérito do TC.
d) a decisão alterar o entendimento do TC até então vigente.
e) houver vício de forma, como, por exemplo, a inobservância de direitos e
garantias individuais.
Comentário: Na questão, pede-se para indicar a alternativa correta. Como
se sabe, as decisões dos Tribunais de Contas estão sujeitas à revisão do
Poder Judiciário, mas só podem ser anuladas (nunca reformadas) em caso de
irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade. Assim, compete ao
Judiciário apenas verificar se foi observado o devido processo legal e se não
houve violação de direito individual. Portanto, somente a última alternativa se
enquadra nessas condições. Perceba a “pegadinha” logo na primeira
alternativa, pois a decisão do TCU poderia ser anulada em caso de
inobservância do devido processo legal.
Gabarito: alternativa “e”

ABRANGÊNCIA DO CONTROLE EXERCIDO PELO TCU


Neste tópico, trataremos de delimitar o alcance do controle exercido
pelo TCU, apresentando, primeiramente, a natureza das suas fiscalizações
e, logo após, os sujeitos que lhe devem prestar contas, isto é, aqueles que
estão sob sua jurisdição.
_____________________ N A T U R EZ A DAS FISCALIZAÇÕES_____________________

A natureza das fiscalizações do TCU está informada no art. 70, caput,


da Constituição Federal: contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial.
Assim, suponha que o Ministério da Educação, no âmbito do
programa fictício "Livro para Todos" tenha realizado uma licitação para
adquirir livros didáticos destinados a escolas públicas e uma denúncia é
encaminhada ao TCU com elementos indicando possíveis irregularidades

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na compra. Para apurá-la, o Tribunal poderá realizar uma fiscalização que,


dependendo do objeto da denúncia, será de natureza:

Natureza da O que será fiscalizado Exemplo


fiscalização

Lançamentos e Auditoria para verificar se os eventos contábeis


Contábil escrituração contábil relacionados à aquisição dos livros foram
corretamente registrados no SIAFI.

Arrecadação de Acompanhamento para verificar se os


Financeira receitas e execução de pagamentos efetuados ao fornecedor dos
despesas livros estão de acordo com o contrato.

Elaboração e execução Inspeção para verificar a existência de previsão


Orçamentária
dos orçamentos orçamentária para a aquisição.

Processos Auditoria no Programa "Livro para Todos", a


administrativos e fim de verificar se a distribuição dos livros está
Operacional
programas de governo beneficiando os destinatários da forma e na
medida desejada pelo Programa.

Guarda e administração Auditoria para verificar se os livros adquiridos


de bens móveis e foram realmente entregues pelo fornecedor e
Patrimonial
imóveis se foram corretamente distribuídos para as
escolas cadastradas no Programa.

Geralmente, as fiscalizações que o Tribunal realiza são de natureza


múltipla, envolvendo mais de um dos atributos relacionados no art. 70 da
CF. Por exemplo, a entrega dos livros e os pagamentos realizados ao
fornecedor poderiam ser examinados na mesma auditoria; nessas
condições, a fiscalização teria natureza patrimonial e financeira.
Segundo o mesmo dispositivo da Constituição (art. 70, caput), os
aspectos a serem verificados nas fiscalizações, ou seja, os possíveis focos
do controle são: legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas. Vejamos como os três
primeiros (legalidade, legitimidade e economicidade) podem ser aplicados
ao nosso exemplo:

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Foco da Característica Exemplo


fiscalização

Verifica se a conduta do gestor Verificar: se o processo licitatório


guarda consonância com as seguiu a Lei de Licitações; se os
normas aplicáveis, de qualquer pagamentos foram realizados de
espécie - leis, regimentos, acordo com a previsão contratual; se
Legalidade resoluções, portarias etc. as regras da contabilidade pública
Geralmente, é o aspecto foram obedecidas na realização dos
predominante nas fiscalizações lançamentos contábeis.
de natureza contábil, financeira,
orçamentária e patrimonial.

Verifica se o ato atende ao Verificar se as escolas mais


interesse público, à necessitadas foram atendidas em vez
impessoalidade e à moralidade. de, ao contrário, serem privilegiadas
aquelas cujos responsáveis teriam
Legitimidade
relações políticas com o Ministro.
Nesse último caso, a aquisição seria
ilegítima, mesmo se realizada em
conformidade com a Lei de Licitações.

Analisa a relação Verificar se o preço dos livros está de


custo/benefício da despesa acordo com os referenciais de
pública, isto é, se o gasto foi mercado ou, na falta, se o valor pago é
Economicidade
realizado com minimização dos razoável, compatível com a natureza e
custos e sem comprometimento a qualidade da publicação.
dos padrões de qualidade.

Além desses aspectos, a Constituição determina expressamente a


fiscalização da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas, cujo
exame envolve avaliações de legalidade, legitimidade e economicidade.
Subvenções, de acordo com a Lei 4.320/1964, são transferências de
recursos orçamentários destinadas a cobrir despesas de custeio das
entidades beneficiadas. Classificam-se em subvenções sociais quando
destinadas a órgãos ou entidades de caráter assistencial, cultural ou de
educação; e em subvenções econômicas, quando se destinam a cobrir
déficits de empresas públicas ou privadas de caráter industrial,
comercial, agrícola ou pastoril. Assim, os beneficiários deverão prestar

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contas da aplicação das subvenções recebidas, sujeitando-se à devida


fiscalização dos órgãos de controle.
Renúncia de receita envolve benefícios que impliquem redução
discriminada de tributos, tais como anistia, remissão, concessão de
isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou alteração de base
de cálculo. Assim, o Tribunal de Contas deve fiscalizar os órgãos e
entidades que tenham atribuição de conceder, gerenciar ou utilizar
recursos provenientes de renúncia de receita. Existem também outros
casos, fora do âmbito tributário, que podem ser considerados renúncia de
receita, a exemplo da falta da cobrança do aluguel de um imóvel da
administração ou de uma multa contratual legítima em favor do erário. O
gestor que deixa de cobrar esses valores também está sujeito à
fiscalização do Tribunal de Contas em função da renúncia de receita.
Eficiência, eficácia e efetividade, estudadas na Aula 00, somam-
se a esses critérios, dada a competência atribuída ao TCU para realização
de auditorias operacionais (CF, art. 71, IV), destacando-se a eficiência,
que foi elevada à categoria de princípio constitucional da administração
pública pela EC 19/98, ao lado dos princípios da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade e da publicidade (CF, art. 37, caput).
Seguindo nosso exemplo:

Foco da Característica Exemplo


fiscalização

Analisa os meios utilizados em Verificar se os recursos dispendidos na


relação aos resultados obtidos aquisição dos livros foram otimizados, ou
pela Administração, com seja, se os livros adquiridos atendem as
Eficiência critérios de custo, prazo e necessidades das escolas, se foram
qualidade. De certa forma, se disponibilizados em quantidades
confunde com o conceito de suficientes e a custo razoável.
economicidade.

Verifica se as metas Verificar se o cronograma estabelecido


estabelecidas foram alcançadas, para a aquisição e entrega dos livros foi
ou seja, se os bens e serviços cumprido, se todas as escolas previstas
Eficácia foram providos. receberam os respectivos exemplares, ou
seja, verificar se os livros foram
realmente adquiridos e distribuídos
conforme planejado e divulgado.

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Analisa se os objetivos da ação Verificar se os livros, após distribuídos,


administrativa foram atingidos, realmente atenderam as necessidades
Efetividade
em termos de impactos sobre a das escolas, suprindo as carências que
população-alvo. motivaram a sua aquisição.

__________________________ JURISDIÇÃO DO TCU__________________________

Não obstante a polêmica sobre a existência ou não de uma jurisdição


própria dos Tribunais de Contas, emprega-se o termo "jurisdição" para
designar a abrangência do controle externo, vale dizer, a jurisdição do
TCU compreende todas as pessoas, órgãos e entidades que estão
sujeitos à sua fiscalização por determinação constitucional e legal.
O art. 73 da Constituição preceitua que o TCU tem jurisdição em
todo o território nacional. Cuidado com a interpretação desse
dispositivo: a jurisdição do TCU alberga todo o território nacional, mas
alcança apenas os responsáveis por gerir recursos públicos e federais,
isto é, provenientes do orçamento da União ou pelos quais o ente federal
responda. Assim, o TCU não tem poderes para fiscalizar, por exemplo,
empresas privadas que desempenham suas atividades sem qualquer
auxílio financeiro do Governo Federal. E também não fiscaliza aqueles que
são responsáveis por recursos públicos oriundos exclusivamente dos
orçamentos estaduais, distritais ou municipais, sem qualquer impacto nos
cofres da União; tais recursos são fiscalizados pelos Tribunais de Contas
dos Estados, dos Municípios ou Municipais, conforme o caso.
Outro detalhe importante é que a jurisdição do TCU se estende aos
responsáveis por gerir recursos públicos federais que estiverem
fora do território nacional, a exemplo dos gestores dos recursos
destinados à manutenção das embaixadas brasileiras no exterior.
Portanto, a rigor, não existe limite espacial para a jurisdição do TCU. O
fator preponderante que atrai a competência do Tribunal de Contas é tão
somente a presença de recursos públicos do orçamento da União.
Já o art. 4° da LO/TCU dispõe:

Art. 4° O Tribunal de Contas da União tem jurisdição própria e privativa, em todo o


território nacional, sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência.

Jurisdição própria e privativa significa que somente o TCU pode


dizer o direito sobre matérias de sua competência. Assim, o

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dispositivo reforça o entendimento de que o Judiciário não pode reformar


0 mérito das decisões do Tribunal de Contas.
Analisando o dispositivo por outro prisma, também se pode afirmar
que a jurisdição do TCU - isto é, sua capacidade de dizer o direito -
restringe-se apenas às pessoas e matérias sujeitas à sua
competência.
Por exemplo, se for constatado que determinado servidor desviou
para uso próprio uma televisão adquirida com recursos públicos para
equipar uma escola, o TCU poderá imputar débito ao responsável,
determinando o ressarcimento correspondente ao bem desviado, assim
como aplicar alguma sanção prevista na LO/TCU. Porém, jamais o Tribunal
poderá condená-lo pelo crime de peculato, uma vez que o julgamento da
prática de crimes não é matéria de sua competência, e sim do Poder
Judiciário.
As pessoas sujeitas à jurisdição do TCU são especificadas nos incisos
1 a IX do art. 5° da LO/TCU8, a saber:

Responsáveis por administrar recursos públicos federais

I - qualquer pessoa física, órgão ou entidade a que se refere o inciso I do art. 1°


desta Lei, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta assuma
obrigações de natureza pecuniária;

Incialmente, note que "entidade a que se refere o inciso I do art. 1°


desta Lei" são as entidades da administração indireta da União, incluídas
as fundações e as sociedades por ele instituídas ou mantidas, assim como
as empresas que, de qualquer modo, venham a integrar o patrimônio da
União ou que dela recebam contribuições, subvenções e auxílios. Trata-se,
portanto, das entidades da administração indireta e de qualquer
pessoa jurídica mantida pelo poder público federal.
Percebe-se, então, que o dispositivo guarda estreita relação com o
art. 70, parágrafo único da Constituição Federal, o qual define os
responsáveis por prestar contas: qualquer pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, que administre, de qualquer forma, recursos públicos,
isto é, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre

8 O art. 52 do RI/TCU também trata da jurisdição do TCU.

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dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou


que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
Assim, não importa a natureza da entidade, se da administração
direta ou da indireta, ou mesmo se não pertencente à Administração
Pública: o que importa é a origem dos recursos administrados, os
quais devem ser públicos e federais. As pessoas responsáveis por esses
recursos estão sob a jurisdição do TCU e, por isso, sujeitas à fiscalização
do Tribunal.
Portanto, todos aqueles que administrem recursos públicos
pertencentes à União, ou pelos quais o ente federal responda, estão sob a
jurisdição do TCU, como por exemplo:
> Gestores que ordenam, autorizam ou ratificam despesas de
recursos públicos, inclusive por delegação de competência, que
promovam a respectiva liquidação ou efetivem seu pagamento;
> Servidor que assine, em nome da União, um contrato de aquisição
de móveis para sua repartição;
> Entidades da administração indireta, como Petrobras, Banco
Central, BNDES, Banco do Brasil etc.;
> Organizações Sociais - OS - e Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público - Oscips, quanto aos recursos públicos recebidos;
> Conselhos de regulamentação profissional, tanto os Conselhos
Federais quanto os Conselhos Regionais, que também são
autarquias federais;
> Empresas beneficiárias de incentivos fiscais conferidos pela
legislação federal, a exemplo da Lei do Audiovisual e da Lei de
Incentivo à Cultura;
> Serviços sociais autônomos (Sebrae, Senai, Sesi, Sesc, Senac
etc.);
> Pessoas físicas beneficiárias de bolsas de estudos e projetos de
pesquisa patrocinados pelo CNPq e pela Capes;

Note que a jurisdição do TCU é bem abrangente, referindo-se a todo


e qualquer responsável por administrar recursos públicos federais.

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Responsáveis por provocar dano ao erário

II - aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que


resulte dano ao Erário;

Tal inciso possui relação com a competência do TCU para julgar as


contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário (CF, art. 71, inciso II,
parte final).
Assim, a jurisdição do TCU alcança a todos, mesmo aqueles não
envolvidos diretamente com a gestão de recursos públicos, mas que,
por qualquer razão, venham a ser responsáveis pela perda extravio ou
outra irregularidade de que resulte dano ao erário. "Por qualquer razão"
indica que a conduta que causou o prejuízo pode ser dolosa ou culposa,
vale dizer, independe da intenção do responsável. Tanto em uma como
noutra hipótese o Tribunal poderá atuar.
Por exemplo, o servidor da União que venha a danificar ou extraviar
um automóvel oficial do Governo deverá prestar contas ao TCU, o qual
poderá determinar o ressarcimento do prejuízo causado ainda que o
servidor não possua nenhuma responsabilidade direta em relação à gestão
financeira e patrimonial do órgão em que trabalha ou mesmo que não
tenha tido a intenção de provocar o dano: a responsabilidade decorre
apenas do fato de ter dado causa ao prejuízo ao erário.

Dirigentes de empresas sob responsabilidade da União

III - os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou sob intervenção


ou que de qualquer modo venham a integrar, provisória ou permanentemente, o
patrimônio da União ou de outra entidade pública federal;

O dispositivo nos diz que estão sob a jurisdição do TCU os dirigentes


das empresas que, de qualquer modo, venham a integrar o patrimônio da
União ou de outra entidade pública federal, provisória ou
permanentemente.
Como exemplo, o próprio inciso nos mostra as empresas que venham
a ser objeto de encampação ou de intervenção do Poder Público. Tais
institutos, nos termos da Lei 8.987/1995, são utilizados quando empresa
concessionária de serviço público não estiver prestando adequadamente o
serviço, descumprindo o contrato de concessão. A encampação é a

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retomada do serviço pelo poder concedente, de caráter definitivo,


enquanto a intervenção é temporária. O dirigente encarregado da
encampação ou da intervenção, atuando em nome da União, está
sujeito à jurisdição do TCU.
Do mesmo dispositivo da Lei Orgânica pode-se retirar que a jurisdição
do TCU também abrange os dirigentes de empresas públicas e
sociedades de economia mista constituídas com recursos da União,
ainda que tais entidades sejam de direito privado, exploradoras de
atividade econômica e que seus servidores estejam sujeitos ao regime
celetista.
Até bem pouco tempo havia polêmica em relação à submissão ou não
à jurisdição do TCU de sociedades de economia mista exploradoras de
atividade econômica - como é o caso do Banco do Brasil e da Petrobras.
Essa questão, porém, já foi resolvida, inclusive no âmbito do STF, de
modo que hoje é pacífico que a jurisdição do TCU alcança, sim, tais
entidades.
Sobre o tema, vale dar uma olhada na decisão proferida pelo
Supremo no MS 25.092/DF. Prevaleceu naquele julgado o entendimento
de que a lesão ao patrimônio da sociedade de economia mista atingiria,
além do capital privado, também o erário, em vista da participação
majoritária do Estado na composição do capital da entidade. Ressaltou-se,
ademais, que as entidades da administração indireta não se sujeitam
somente ao direito privado, já que seu regime é híbrido, mas também, e
em muitos aspectos, ao direito público, tendo em vista notadamente a
necessidade de prevalência da vontade do ente estatal que as criou,
visando ao interesse público. Sendo assim, as entidades da administração
indireta, ainda que exploradoras de atividade econômica, submetem-se ao
controle externo do Tribunal de Contas, embora a Constituição tenha
garantido certa flexibilidade administrativa para a atuação dessas
empresas no mercado.
De igual forma, as subsidiárias de empresas públicas e
sociedades de economia mista também estão sob a jurisdição do TCU,
haja vista a parte final do dispositivo (...empresas que venham a integrar
o patrimônio de outra entidade pública federal)..
Por exemplo, se o Banco do Brasil, uma sociedade de economia mista
federal, adquirir o controle acionário de um banco privado qualquer, tal
banco passará a integrar o patrimônio da União, de forma indireta, na

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qualidade de subsidiária do Banco do Brasil; por isso, seus dirigentes


também estarão sob a jurisdição do TCU.

Há uma polêmica que envolve a competência do TCU para


fiscalizar diretam ente as entidades fechadas de previdência
complementar, patrocinadas pelo poder público federal.
Exemplos dessas entidades são a PREVI, patrocinada pelo Banco do Brasil, a FUNCEF,
patrocinada pela Caixa Econômica e a Petros, patrocinada pela Petrobrás. A
discussão é se o TCU tem competência para fiscalizar tais entidades diretamente
(competência de "prim eira ordem "), ou se a fiscalização do Tribunal deve ocorrer
indiretamente, por intermédio das entidades patrocinadoras (competência de
"segunda ordem ").

O entendimento prevalecente no Tribunal é o manifestado por meio do


Acórdão 573/2006 - Plenário : "firmar o entendimento de que o Tribunal de Contas
da União é competente para fiscalizar diretamente as entidades fechadas de
previdência complementar patrocinadas pelo poder público, pelas sociedades de
economia m ista e empresas públicas federais, com petência esta, na te rm inologia do
re la to r original, denom inada de primeira ordem

Recentemente, o Tribunal negou provimento a recurso interposto contra o referido


Acórdão, decidindo por manter o entendimento acima exposto (Acórdão 2232/2011
- Plenário).

Responsáveis pelas contas nacionais de empresas supranacionais

IV - os responsáveis pelas contas nacionais das empresas supranacionais de cujo


capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo.

A inclusão de tais responsáveis na jurisdição do TCU decorre da


competência expressa no art. 71, V da CF para o Tribunal fiscalizar as
contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital a União
participe. Ressalte-se que a jurisdição do Tribunal só alcança os gestores
das verbas federais brasileiras da empresa supranacional.
Exemplos de empresas dessa natureza são a Itaipu Binacional, a
Companhia Nacional de Promoção Agrícola e a Alcântara Cyclone Space,
das quais o governo brasileiro participa juntamente com os governos do
Paraguai, do Japão e da Ucrânia, respectivamente. Cuidado para não

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confundir empresas "supranacionais" ou "binacionais" com empresas


"multinacionais". As últimas não são controladas por entes públicos, como
a Coca-Cola, Fiat, etc.
Ressalte-se que a competência do TCU para fiscalizar empresas
supranacionais somente pode ser exercida se houver disposição
específica para tanto no tratado constitutivo dessas empresas, por
força da parte final do art. 71, V da CF e do art. 5°, IV da LO/TCU. Assim,
o TCU já se declarou impossibilitado de exercer ação jurisdicional sobre a
Itaipu Binacional, em vista da ausência de previsão nesse sentido nos atos
que a regem, estando a matéria ainda em discussão no Tribunal9.

Sistema “S” e entidades de fiscalização do exercício profissional

V - os responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica de direito


privado que recebam contribuições parafiscais e prestem serviço de interesse
público ou social;

O inciso remete aos dirigentes dos serviços sociais autônomos, o


conhecido "Sistema S": Sesi, Sesc, Senai, Senat, Senac, Sebrae, Sest,
Senar e Sescoop, bem como às entidades de fiscalização do exercício
de profissões regulamentadas, como: Conselho Federal de Arquitetura
e Agronomia (Confea), Conselho Federal de Contabilidade (CFC) etc., e
seus respectivos conselhos regionais.
Perceba que todos os responsáveis pelo "Sistema S" e pelas
entidades de fiscalização do exercício profissional, inclusive os respectivos
dirigentes regionais, estão sob a jurisdição do TCU, de modo que nenhum
outro Tribunal de Contas pode fiscalizar tais entidades.

Segundo entendimento do TCU, a Ordem dos Advogados do


A ^ a te n to ! Brasil (OAB) não tem qualquer vínculo com a administração
pública e, por isso, não está sujeita à fiscalização do TCU,
embora seja entidade de regulamentação profissional e arrecade receitas de
natureza parafiscal. Tal entendimento, manifestado no Acórdão 1765/2003-TCU-
Plenário, fundamenta-se, em essência, no respeito à coisa julgada, visto que tal
matéria - a eventual submissão da OAB ao controle do TCU - já havia sido objeto de
sentença transitada em julgado, proferida pelo extinto Tribunal Federal de Recursos
no Mandado de Segurança n° 797, em maio de 1951, a qual afastou a Ordem da
jurisdição do Tribunal.

9 Ver Decisão279/95-TCU-Plenário e Acórdão 486/2011-TCU-Plenário

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Registre-se que os responsáveis pelas entidades de fiscalização


do exercício profissional não estão mais dispensados de prestar
contas ordinárias ao Tribunal. Com efeito, o art. 2°, §1° da IN TCU
63/2010 que previa tal dispensa foi revogado recentemente pela IN TCU
72/2013.
A partir dessa mudança, os conselhos de fiscalização passaram a
fazer parte do rol de entidades obrigadas a prestar contas anualmente ao
Tribunal, da mesma forma que os demais jurisdicionados. Vale lembrar
que os serviços sociais autônomos nunca foram dispensados desse
dever.
A dispensa até então conferida aos conselhos era motivada pelos
grandes esforços necessários para o julgamento anual das suas contas,
tendo em vista a grande quantidade de unidades, e a baixa materialidade
dos recursos por eles administrados.
Uma vez que, pela sistemática atual de prestação de contas, a qual
estudaremos em detalhes na Aula 05, nem todas as unidades
jurisdicionadas obrigadas a prestar contas mediante a apresentação de
relatório de gestão terão processos constituídos para fins de julgamento, o
Tribunal entendeu que não haveria mais justificativas para se dispensar os
responsáveis pelos conselhos de fiscalização profissional.
O dispositivo em análise também insere sob a jurisdição do TCU as
entidades sindicais, no tocante à gestão e aplicação das verbas
oriundas da contribuição sindical, prevista no artigo 578 da CLT e
legitimada pela parte final do artigo 8°, inciso IV, da CF.
Os sindicatos, entidades dotadas de personalidade jurídica de
direito privado, prestam serviços de interesse público e social. Ademais,
são destinatários de contribuição sindical compulsória, devida por
todos aqueles que participam de uma determinada categoria econômica
ou profissional, ou de uma profissão liberal.
Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, as
contribuições sindicais compulsórias, embora repassadas a entidade
privada, possuem natureza tributária e constituem receita pública,
estando os responsáveis sujeitos à competência fiscalizadora do TCU, cujo
controle sobre a atuação das entidades sindicais não representa violação à
respectiva autonomia assegurada na Constituição10.

10 MS 28.465/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 18.3.2014.

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Demais sujeitos à fiscalização por disposição de lei

VI - todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos à
sua fiscalização por expressa disposição de Lei;

Para dirimir dúvidas de interpretação ou para delimitar formas de


atuação (como prazos para apresentação de documentos), a lei poderá
especificar, ainda, outros sujeitos que devam prestar contas ou se
submeterem à fiscalização do TCU.
Lembrando, porém, que a regrinha básica é sempre válida: estão
sujeitos à jurisdição do TCU somente aqueles responsáveis por recursos
que sejam públicos e provenientes do orçamento da União.
Como exemplo, pode-se citar o Comitê Olímpico Brasileiro e o Comitê
Paraolímpico Brasileiro, que estão sujeitos à fiscalização do TCU por força
da Lei 9.615/1998.

Responsáveis pela aplicação de recursos pela União mediante convênio,


acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres

VII - os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos repassados pela


União, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a
Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

Ao se referir a "convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos


congêneres", o inciso trata das chamadas transferências voluntárias, que
não se confundem com as transferências constitucionais obrigatórias.
Por meio das transferências voluntárias, a União repassa recursos
financeiros federais a Estadosí Distrito Federal e Municípios, com a
finalidade de realizar obras ou serviços de interesse comum às esferas de
governo. A competência para o TCU fiscalizar a aplicação desses recursos
está expressa no art. 71, VI da CF. Ao serem aplicados por Estado ou
Município, os recursos das transferências voluntárias não deixam de
ser federais, ou seja, sujeitos à jurisdição do TCU.
Portanto, os signatários dos acordos, tanto os representantes da
União, repassadora dos recursos (concedente), como o representante do
ente que os recebe (convenente), estão sujeitos à fiscalização do TCU
devendo prestar contas a fim de demonstrar a correta destinação dos
recursos públicos recebidos.

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E isso mesmo, o representante do Estado ou Município que aplica


recursos oriundos de transferência voluntária da União está sob a
jurisdição do TCU e não do Tribunal de Contas do Estado ou do Município,
uma vez que os recursos aplicados são federais. E deve ficar claro que a
responsabilidade pela prestação de contas, nesse caso, é do gestor, e
não do Estado ou do Município.
Já os recursos oriundos das chamadas transferências
constitucionais obrigatórias, previstas no art. 159 da Constituição
Federal e também repassadas pela União, a exemplo dos recursos do
Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e do Fundo
de Participação dos Municípios (FPM), são considerados receitas originárias
do ente recebedor, ou seja, são recursos estaduais, distritais e municipais;
por isso, os responsáveis por sua aplicação estão fora da jurisdição do
TCU, sendo a responsabilidade por fiscalizá-los dos respectivos Tribunais
de Contas Estaduais ou Municipais.
Assim, por exemplo, os responsáveis pela aplicação dos recursos
repassados pela União ao Distrito Federal a título de FPE estão sob a
jurisdição do TCDF, e não do TCU.
O art. 5°, VIII do RI/TCU, reproduz o art. 5°, VII da LO/TCU, porém
acrescenta à jurisdição do Tribunal, ao lado dos Estados, DF e Municípios,
"qualquer outra pessoa, física ou jurídica, pública ou privada" que
receba transferências voluntárias da União. Eis o texto do Regimento
Interno, com destaque para a parte final:

VIII - os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos repassados pela


União, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a estado,
ao Distrito Federal, a município, e a qualquer outra pessoa, física ou jurídica,
pública ou privada.

Assim, o Regimento Interno da Corte de Contas deixa explícita a


submissão ao controle do TCU de toda e qualquer pessoa beneficiária de
recursos públicos federais destinados ao desempenho de atividades de
interesse do Estado. Aí se enquadram, por exemplo, ONGs, Organizações
Sociais, Universidades Federais, bolsistas do CNPq etc. Quem quer que
utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego na
conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades
administrativas competentes.

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Sucessores dos administradores e responsáveis

VIII - os sucessores dos administradores e responsáveis a que se refere este


artigo, até o limite do valor do patrimônio transferido, nos termos do inciso XLV
do art. 5° da Constituição Federal;

Como vimos, o TCU, nos processos de contas, pode condenar o


responsável a ressarcir o prejuízo causado ao erário; diz-se, então, que o
Tribunal imputou débito ao responsável.
Caso o responsável venha a falecer antes de recolher o débito que
lhe tenha sido imposto pelo TCU, seus sucessores deverão assumir o
prejuízo, até o limite do valor do patrimônio transferido.
Se, por exemplo, o débito imputado foi de R$ 100.000,00 e a herança
deixada de R$ 50.000,00, os herdeiros só precisarão pagar a dívida até o
valor deixado como herança, nada mais.
Observe que o inciso faz menção ao art. 5°, XLV da CF, o qual estatui
que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano ser estendida aos sucessores.
Assim, os sucessores respondem apenas pelo valor do débito, até
o limite do patrimônio transferido, eis que o débito, como vimos, não é
uma sanção, possuindo natureza de responsabilização civil para reparação
do dano causado; jamais os sucessores responderão pela multa
eventualmente aplicada pelo TCU, independente do seu valor ou do valor
do patrimônio transferido, visto que a multa, esta sim, possui natureza de
sanção, não podendo passar da pessoa do condenado.

Representantes da União na assern bleia-geral

IX - os representantes da União ou do Poder Público na assembléia geral das


empresas estatais e sociedades anônimas de cujo capital a União ou o Poder Público
participem, solidariamente, com os membros dos conselhos fiscal e de
administração, pela prática de atos de gestão ruinosa ou liberalidade à custa das
respectivas sociedades.

Os representantes da União na assembleia geral das empresas das


quais ela participe, direta ou indiretamente, têm o dever de defender o
interesse público, mediante a proteção do patrimônio das referidas
sociedades. Assim, caso venham a praticar atos de gestão ruinosa ou
liberalidade de que resultem prejuízos a essas empresas, e somente

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nesses casos, serão responsabilizados solidariamente com os membros


dos conselhos fiscal e de administração indicados pelo Poder Público.
Perceba que não é todo prejuízo suportado por essas entidades que
gera a responsabilidade dos representantes da União. Isso porque
resultados ruins são comuns para empresas que exercem atividade
econômica, uma vez que estão sujeitas às flutuações e condições do
mercado. Por isso, a lei restringe a responsabilização aos atos de gestão
ruinosa ou liberalidade à custa das respectivas sociedades.
Por exemplo, o Banco do Brasil pode perder dinheiro em um
empréstimo concedido a uma empresa agrícola, caso a safra não seja boa
naquele ano, mesmo que o Banco tenha adotado medidas de cautela,
como a constituição de garantias. Entretanto, se a operação foi autorizada
em desacordo com as normas, parâmetros técnicos e praxes aplicáveis às
operações do gênero, então os representantes da União deverão prestar
contas ao TCU pelo prejuízo causado.
Quanto a esse inciso, vale ainda conhecer o entendimento do TCU de
que "a melhor leitura a ser feita do inc. IX do art. 5° da LO/TCU é a de
que a jurisdição do TCU alcança os representantes da União nos Conselhos
de Administração e Fiscal somente das empresas em que a União participe
como acionista majoritária".
Nesse sentido, o Plenário do Tribunal decidiu que a competência para
exame dos atos praticados pelos representantes da União nos Conselhos
Fiscal e de Administração da Terracap é do Tribunal de Contas do Distrito
Federal, e não do TCU, uma vez que a participação acionária da União na
empresa é de 49%, e a Distrito Federal, 51%n .
Esse entendimento também pode ser estendido para as participações
acionárias da União detidas em empresas privadas. Por exemplo, se uma
sociedade de economia mista federal, por exemplo, a Petrobras, adquirir
participação acionária de 49% em determinada refinaria cujo restante do
capital votante, 51%, seja de propriedade privada, os representantes que
a Petrobras indicar para os conselhos da refinaria não estão sob a
jurisdição do TCU, uma vez que a participação da Petrobras na empresa é
minoritária, isto é, o sócio controlador não é uma entidade pública federal.1

11 Acórdão 1944/2011-TCU-Plenário.

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Com isso, terminamos o estudo da jurisdição do TCU, assunto


importante que deve ser bem compreendido, pois é recorrente nas
provas.
Mas lembre-se: para saber se uma pessoa ou entidade está ou não
sob a jurisdição do TCU, é só verificar se ela utiliza, arrecada, guarda,
gerencia ou administra recursos públicos federais ou pelos quais a
União responda. Caso positivo, a pessoa ou entidade está sob a
jurisdição do TCU, não importa se pessoa física ou jurídica, pública ou
privada.

Vamos então resolver mais questões!

18. (TCU - AUFC 2011 - Cespe) A jurisdição do TCU estende-se aos sucessores
de ex-dirigentes de entidades estatais que cometam irregularidades que resultem
em prejuízo para os cofres públicos, até o limite do prejuízo apurado e não
ressarcido, independentemente do patrimônio transferido.
Comentário: Os ex-dirigentes de entidades estatais que cometam
irregularidades que resultem em prejuízo aos cofres públicos estão sim sob a
jurisdição do TCU, pois esta abrange os administradores públicos da
administração indireta (LO/TCU, art. 5°, I), assim como aqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário
(LO/TCU, art. 5°, II). A jurisdição do Tribunal também alcança os sucessores
desses dirigentes, no que tange ao ressarcimento dos débitos apurados pela
Corte de Contas, só que apenas até o limite do patrimônio transferido - e não
do prejuízo apurado e não ressarcido, que pode ser maior que o patrimônio
transferido, daí o erro (LO/TCU, art. 5°, VIII).
Gabarito: Errado

19. (TCDF - ACE 2012 - Cespe, adaptada) A jurisdição do TCU abrange tanto as
pessoas físicas como as jurídicas públicas e privadas que tenham recebido
recursos públicos sob a responsabilidade da União, podendo atingir os sucessores
dos responsáveis por esses recursos.
Comentário: O quesito está correto. Está sob a jurisdição do TCU
qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, que seja responsável
pela aplicação de recursos repassados pela União (LO/TCU art. 5°, VII; RI/TCU,
art. 5°, VIII). É o caso, por exemplo, do Estado da Federação que aplica
recursos de convênio celebrado com o Governo Federal ou de uma
Associação privada que recebe repasses de programas sociais para

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desenvolver determinada atividade de interesse público. Os sucessores dos


responsáveis por esses recursos também estão sob a jurisdição do TCU, nos
termos do art. 5°, VIII da LO/TCU.
Gabarito: Certo

20. (TCU - TCE 2007 - Cespe) Considere que determinada organização civil de
interesse público, que atua na área de defesa e conservação do meio ambiente,
tenha sido contratada pela administração pública federal, por meio de termo de
parceria. Nessa situação, mesmo sendo pessoa jurídica de direito privado, essa
organização civil está sujeita à jurisdição do TCU.
Comentário: Como a organização civil tratada no comando da questão
recebe recursos federais por meio de termo de parceria para o desempenho
de atividade de interesse público (defesa e conservação do meio ambiente),
está sim sob a jurisdição do TCU (LO/TCU art. 5°, VII; RI/TCU, art. 5°, VIII).
Portanto, o quesito está correto. Não obstante, deve ficar claro que a entidade
de direito privado está sujeita à fiscalização do TCU apenas quanto à
aplicação dos recursos federais recebidos, vale dizer, a jurisdição do Tribunal
não alcança os recursos próprios da entidade.
Gabarito: Certo

21. (TCE/RO - ACE 2013 - Cespe) Apesar de abranger recursos repassados


diretamente às prefeituras pelo Poder Executivo estadual, a jurisdição do TCE/RO
não inclui organizações não governamentais (ONGs) beneficiadas por convênios
com o governo estadual.
Comentário: O quesito está errado, pois a jurisdição dos Tribunais de
Contas também abrange as ONGs, assim como qualquer outra entidade
privada, beneficiadas por recursos públicos oriundos de convênios com o
Poder Público.
Gabarito: Errado
22. (TCU - AUFC 2009 - Cespe) Se a União contratar um banco internacional para
que este tome um empréstimo, em nome da União, perante a Comunidade
Europeia, tal banco estará submetido ao dever de prestar contas à União pelo
empréstimo tomado, caso venha a concretizar a operação.
Comentário: De acordo com o parágrafo único do art. 70 da CF, prestará
contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada que assuma, em
nome da União, obrigações de natureza pecuniária. No caso, como o banco
atua em nome da União, deverá prestar-lhe contas, por intermédio dos órgãos
federais de controle interno e externo.
Gabarito: Certo

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23. (TCU - AUFC 2009 - Cespe) O cidadão que, em meio a uma manifestação
pública, for identificado como o responsável pela destruição de um veículo de uma
universidade pública constituída na forma de fundação, estará sujeito a julgamento
pelo TCU, em razão do ato que praticou.
Comentário: Essa foi uma questão polêmica. À época do certame, ainda
predominava no âmbito do TCU o entendimento de que a competência do
Tribunal para julgar contas somente alcançaria os particulares no exercício de
função pública (ex: entidade privada beneficiária de repasses por intermédio
de convênio) ou que tivessem atuado em conjunto com agente público para o
cometimento de dano ao erário (ex: conluio entre agente público e empresa
privada para fraudar licitação). Por essa última hipótese, o Tribunal não
poderia condenar isoladamente um particular. Caso a responsabilidade do
agente público fosse afastada, a do particular também teria de ser,
necessariamente.
Dessa forma, como o cidadão mencionado no comando da questão, que
participava de uma manifestação, não praticou ato administrativo danoso ao
erário no exercício de função pública, tampouco em conluio com
administrador público, poder-se-ia concluir que ele não estaria sujeito ao
julgamento do TCU em razão do ato que praticou. Nesse caso, o Estado teria
que buscar junto ao Poder Judiciário a recomposição do prejuízo sofrido. Daí
a razão da polêmica. Em vista do entendimento então vigente, a questão
estaria errada, ao contrário do gabarito da banca, fato que causou indignação
em muitos candidatos.
Ocorre que a jurisprudência do Tribunal evoluiu recentemente. Ao
prolatar o Acórdão 946/2013-Plenário, na sessão de 24/4/2013, o TCU passou a
admitir a responsabilização exclusiva de particular.
Por esse novo entendimento, o gabarito da questão seria mesmo
“Certo”, como apontou originalmente a banca, eis que o cidadão, ao destruir o
veículo da universidade, causou prejuízo ao erário e, segundo a parte final do
art. 71, inciso II da CF, compete ao TCU julgar as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário público.
Nesse caso, a Constituição exige apenas um evento específico para
ocorrer a necessidade da apresentação das contas, qual seja, a existência de
eventual prejuízo ao patrimônio público, não importando quem o tenha
causado. Agentes públicos e privados respondem da mesma forma.
É fato que o Ministro Relator Benjamin Zymler, no voto condutor do
Acórdão 946/2013-Plenário, relativizou essa competência do TCU, ao ponderar
que “pode haver situações em que a natureza da operação que provocou o
dano ao erário não justifica ou não recomenda a atuação do TCU”, no sentido
de que as ações do Tribunal devem focar situações mais relevantes, em vista

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dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.


Porém, a meu ver, para fins de prova, o entendimento que deve
prevalecer é o adotado pelo Cespe nesta questão de 2009 e confirmado pelo
Tribunal no Acórdão 946/2013-Plenário: o agente particular que tenha dado
causa a dano ao erário está sujeito à jurisdição do TCU, independentemente
de ter atuado no exercício de função pública ou em conjunto com agente
público, conforme o art. 71, inciso II, parte final, da Constituição Federal.
Veremos mais sobre esse assunto na Aula 5, ao estudarmos Tomada de
Contas Especial.
Gabarito: Certo

24. (TCU - AUFC 2009 - Cespe) Se o governo brasileiro decidir que a


PETROBRAS formará com a Bolívia uma empresa binacional de exploração de
petróleo, caberá ao TCU fiscalizar as contas nacionais dessa nova empresa.
Comentário: O quesito está correto, pois o art. 71, V da CF c/c art. 5°, IV
da LO/TCU inclui na jurisdição do TCU os responsáveis pelas contas
nacionais das empresas supranacionais de cujo capital a União participe, de
forma direta ou indireta. No caso, a União participaria indiretamente da nova
empresa binacional, por intermédio da participação acionária que detém na
Petrobras. Por oportuno, cabe relembrar que o controle externo do TCU
somente alcançaria as contas nacionais da empresa binacional, e desde que
houvesse previsão específica para tanto no tratado constitutivo.
Gabarito: Certo

25. (TCE-ES - Procurador Especial de Contas 2009 - Cespe) No que concerne à


fiscalização e ao controle interno e externo dos orçamentos, assinale a opção
correta.
a) A atuação do TCU é caracterizada pela atividade jurisdicional, cabendo a
esse órgão até mesmo apraciar a constitucionalidade de atos do poder
público.
b) A decisão do TCU faz coisa julgada administrativa, não cabendo ao Poder
Judiciário examiná-la e julgá-la.
c) As sociedades de economia mista, integrantes da administração indireta
federal, não estão sujeitas à fiscalização do TCU, haja vista seus servidores
estarem sujeitos ao regime celetista.
d) Ainda que as cerimônias festivas estejam previstas em lei orçamentária, o
dispêndio excessivo com elas pode ter sua legitimidade questionada pelo
TCU.
e) Cabe ao TCU fiscalizar a aplicação de subvenções, que são auxílios

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governamentais concedidos apenas às entidades públicas.


Comentário: Quanto à alternativa “a”, existe polêmica sobre o TCU
exercer ou não atividade jurisdicional. Porém, o entendimento majoritário é
que não exerce, uma vez que as decisões do TCU podem ser examinadas pelo
Judiciário. A parte final da alternativa, contudo, está correta, eis que o TCU,
no exercício de suas atribuições, pode sim apreciar a constitucionalidade de
atos do poder público (Súmula 347 STF12).
Em relação à alternativa “b”, é falso que não cabe ao Poder Judiciário
examinar e julgar a decisão do TCU. Entretanto, lembre-se que o Judiciário
apreciará tão-somente a observância do devido processo legai e a
preservação das garantias individuais, podendo anular a decisão TCU em
caso de irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade. O Judiciário não
entra no mérito da decisão do TCU.
Por disposição constitucional expressa (CF, art. 70, caput) as entidades
da administração indireta estão sujeitas ao controle externo. O art. 5°, I c/c
art. 1° da LO/TCU informa que a jurisdição do TCU abrange essas entidades.
Há uma decisão antiga do STF que retirava as sociedades de economia mista
exploradoras de atividade econômica da jurisdição do Tribunal. Contudo, tal
entendimento já foi superado, e a Suprema Corte reformou sua decisão,
reconhecendo a competência do TCU para fiscalizar as sociedades de
economia mista. Portanto, a alternativa “c” é falsa.
Quanto à alternativa “d”, é certo que o TCU, por força do art. 70, caput da
Constituição, pode questionar a legitimidade, assim como a legalidade e a
economicidade, dos gastos públicos.
Por fim, a alternativa “e” é falsa. Embora seja correta a afirmação de que
é competência do TCU fiscalizar a aplicação de subvenções (art. 70, caput,
CF), a Lei 4.320/1964 dispõe que elas podem ser concedidas a entidades
públicas ou privadas.
Gabarito: alternativa “d”

26. (TCDF - Auditor 2002 - Cespe) O STF já pacificou o entendimento de que


empresas públicas e sociedades de economia mista, não obstante possuam
personalidade de direito privado e seus bens não sejam públicos, submetem-se a
processo de tomada de contas especial.
Comentário: À época do certame tal entendimento ainda não estava
pacificado, pois havia posicionamentos defendendo que não caberia a
instauração de tomada de contas especial contra dirigentes de empresas

12 Súmula n° 347 do STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.

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públicas e sociedades de economia mista exploradas de atividade econômica.


Daí o gabarito oficial do Cespe apontar o quesito como errado. Porém, em
2005, no âmbito do MS 25.092/DF, o STF fixou entendimento quanto à
competência do TCU - extensível aos demais TCs - para fiscalizar tais
entidades da administração indireta, inclusive mediante a instauração e
julgamento de tomada de contas especial. Portanto, para não causar
confusão, vamos atualizar o gabarito oficial e considerar correto o quesito.
Gabarito: Certo

27. (TCDF - Auditor 2002 - Cespe) Se, para a execução de obra, o DF e a União
celebrarem convênio para o aporte de recursos federais e do próprio DF, conforme
entendimento pacífico do STF, a fiscalização da obra ficará limitada à atuação do
TCU.
Comentário: O item está errado, pois, nesse caso, a responsabilidade pela
fiscalização será de ambos, TCU e TCDF. O TCU quanto aos recursos federais
e o TCDF quanto aos recursos distritais. Caso ocorra desvio da totalidade dos
recursos, o TCU até poderá apurar a irregularidade como um todo, mas
apenas poderá exigir ressarcimento equivalente ao montante dos recursos
federais repassados, devendo o TCDF adotar as providências cabíveis para
exigir a reposição dos recursos distritais.
Gabarito: Errado

28. (TCU - TEFC 2012 - Cespe) As empresas públicas federais não estão sujeitas
à fiscalização do TCU, pois são pessoas jurídicas de direito privado.
Comentário: A afirmativa está errada. As empresas públicas federais
integram a administração indireta e possuem capital da União. Logo, estão
sob a jurisdição do TCU e, em consequência, sujeitas à fiscalização da Corte
de Contas, independentemente de serem pessoas jurídicas de direito privado,
nos termos do art. 5°, I c/c art. 1°, il ambos da LO/TCU :
Art. 5 °A jurisdição do Tribunal abrange:

I - qualquer pessoa física, órgão ou entidade a que se refere o inciso I do art.


1° desta Lei, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens
e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta
assuma obrigações de natureza pecuniária;

Art. 1 ° Ao Tribunal de Contas da União, órgão de controle externo, compete, nos


termos da Constituição Federal e na forma estabelecida nesta Lei:

I - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens


e valores públicos das unidades dos poderes da União e das entidades da
administração indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles que derem causa a

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perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao Erário;

Cabe comentar que o Cespe, ao justificar a manutenção do gabarito da


questão após os recursos, fundamentou a resposta no art. 71, V da CF, que
trata das empresas supranacionais. Porém, na minha opinião, a
fundamentação constitucional mais adequada para justificar o erro do quesito
seria o inciso ]V do mesmo art. 71, pelo qual compete ao TCU:
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
de comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas
dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas
no inciso II;
As “demais entidades referidas no inciso II” são as mesmas citadas no
art. 1°, I da LO/TCU acima transcrito, dentre elas, as entidades da
administração indireta.
Gabarito: Errado

29. (TCE/RS - OCE 2013 - Cespe, adaptada) A jurisdição do TCU sobre empresas
com sede no exterior e cujo capital seja parcialmente de propriedade de órgãos
públicos federais somente é aplicável se a administração pública for detentora da
maioria do capital.
Comentário: Embora a questão não seja clara, ao falar em “empresas
cujo capital seja parcialmente de propriedade de órgãos públicos federais", a
banca quis se referir às empresas supranacionais. Como sabemos, a
jurisdição do TCU independe do percentual de participação da União na
empresa supranacional, bastando haver previsão no tratado constitutivo da
companhia. Portanto, o erro está na afirmação de que a administração pública
necessita ser detentora da maioria do capital.
Gabarito: Errado

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MAIS QUESTÕES DE PROVA

30. (TCU - AUFC 2013 - Cespe) No uso de sua função sancionadora, pode o TCU,
no caso de ilegalidade, fixar prazo para que o órgão ou entidade adote providências
necessárias ao exato cumprimento da lei.
Comentário: A questão está errada. A fixação de prazo para o exato
cumprimento da lei constitui atribuição da função corretiva, visto que o
objetivo dessa deliberação é corrigir a ilegalidade constatada pelo Tribunal, e
não punir o gestor. Não é por outra razão que o TCU, ao fixar prazo para o
exato cumprimento da lei, deve fazer indicação expressa dos dispositivos a
serem observados, visando ao saneamento do erro. Se o gestor observar os
dispositivos indicados pelo Tribunal e corrigir a ilegalidade, não haverá
imposição de sanção alguma.
O uso da função sancionadora ocorreria apenas em momento posterior,
na hipótese de a determinação do Tribunal não ser atendida, quando então
haveria a aplicação de multa concomitantemente às providências específicas
para a sustação do ato ou contrato, conforme o caso, nos termos do art. 251
do RI/TCU:
Art. 251. Verificada a ilegalidade de ato ou contrato em execução, o Tribunal
assinará prazo de até quinze dias para que o responsável adote as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, com indicação expressa dos
dispositivos a serem observados, sem prejuízo do disposto no inciso IV do caput e
nos §§ 1° e 2° do artigo anterior.

§ 1° No caso de ato administrativo, o Tribunal, se não atendido:

I - sustará a execução do ato impugnado;

II - comunicará a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;

III - aplicará ao responsável, no próprio processo de fiscalização, a multa


prevista no inciso VII do art. 26. .
Gabarito: Errado

31. (TCU - AUFC 2013 - Cespe) Os responsáveis pela aplicação de quaisquer


recursos repassados pela União a municípios, estados e Distrito Federal, mediante
acordo, à exceção de convênio, estarão no âmbito da jurisdição do tribunal.
Comentário: O item está errado, devido à exceção apresentada. Nos
termos do art. 5°, VII da LO/TCU, a jurisdição do Tribunal abrange “os
responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos repassados pela União,
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a
Estado, ao Distrito Federai ou a Município
Gabarito: Errado

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32. (TCDF - Analista 2014 - Cespe, adaptada) Entidades dotadas de


personalidade jurídica de direito privado criadas com a finalidade de prestar serviço
de interesse público estão abrangidas, em razão de sua finalidade, pela jurisdição do
TCU.
Comentário: A jurisdição do TCU é atraída pela presença de recursos
oriundos do orçamento federal, de modo que o TCU não tem poderes para
fiscalizar empresas privadas que desempenhem suas atividades sem qualquer
auxílio financeiro do Tesouro Nacional. Portanto, entidades privadas criadas
para prestar serviço de interesse público só estarão abrangidas pela jurisdição
do TCU caso recebam contribuições pecuniárias da União para a consecução
de sua finalidade, até o limite do numerário transferido, e não apenas em razão
da sua finalidade. Se determinada entidade privada preste serviço público com
recursos próprios, a exemplo de uma universidade particular, não estará sob a
jurisdição do Tribunal de Contas. É o que se pode extrair do art. art. 5°, inciso
VIII do RI/TCU:
Art. 5° A jurisdição do Tribunal abrange:
VIII - os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos repassados pela União,
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a estado, ao Distrito
Federal, a município, e a qualquer outra pessoa, física ou jurídica, pública ou privada.

Gabarito: Errado

33. (TCE/RS - OCE 2013 - Cespe) Considere que o governo do estado do Rio
Grande do Sul tenha instituído subsídio para os eletrodomésticos de alta tecnologia,
reduzindo dois pontos percentuais na alíquota do imposto sobre operações relativas
à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS). Nessa situação, constitui
responsabilidade do TCE/RS examinar o ato de concessão do referido subsídio.
Comentário: A questão está correta. O ato de concessão do referido
subsídio constitui hipótese de renúncia de receitas, objeto da fiscalização
exercida pelos Tribunais de Contas, a teor do art. 70, caput da CF:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.

Gabarito: Certo

34. (TCE/ES - ACE 2012 - Cespe) Compete exclusivamente à Câmara dos


Deputados suspender os atos dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal
caso estes tenham exorbitado os limites do poder regulamentar das leis expedidas
pelos respectivos órgãos legislativos.

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Comentário: A questão trata do controle parlamentar/político exercido


sobre a Administração Pública diretamente pelos órgãos do Poder Legislativo.
A competência para sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa é do
Congresso Nacional e não da Câmara dos Deputados isoladamente, nos
termos do art. 49, V da CF. Ademais, o Congresso Nacional, quando for o caso,
somente pode sustar os atos do Poder Executivo federal, jamais do estadual
ou municipal. Portanto, o quesito está incorreto.
Gabarito: Errado

35. (TCE/ES - ACE 2012 - Cespe) Uma das funções precípuas do Poder Judiciário
é realizar o controle de mérito dos atos administrativos do Poder Executivo que
contribuem para o melhor interesse da sociedade.
Comentário: O quesito está errado, uma vez que o controle judicial, ao
contrário do que diz a assertiva, caracteriza-se por não realizar controle de
mérito dos atos administrativos, restringindo-se ao controle de legalidade.
Gabarito: Errado

36. (TCDF - ACE 2012 - Cespe) Caso não seja empregado o mínimo de recursos
destinados a saúde e educação no DF, poderá ocorrer o controle judicial de ofício
com vistas a garantir — mediante medida cautelar — a ocorrência dos atos
administrativos necessários para o direcionamento dessa parcela do orçamento.
Comentário: Como vimos na Aula 00, o controle judicial deve ser
necessariamente provocado, ou seja, não existe controle judicial de ofício, daí
o erro do quesito.
Gabarito: Errado

37. (TCU - ACE 2005 - Cespe) De acordo com a Constituição Federal de 1988, a
fiscalização contábil, orçamentária, financeira, operacional e patrimonial do
município será exercida pelo Legislativo municipal, mediante controle externo, e
pelos sistemas de controle interno dos poderes Executivo e Legislativo municipais,
na forma da lei. Assim, o parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as
contas que o prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão
de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
Comentário: Por simetria constitucional (CF, art. 75), a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do município será
exercida pelo Legislativo municipal, mediante controle externo, conforme
art. 31 e art. 70 da CF. Em relação ao controle interno, a Carta Magna dispõe
que a fiscalização será exercida pelos sistemas de controle interno do Poder
Executivo Municipal, na forma da lei (CF, art. 31). A Constituição não fala em
sistema de controle interno Poder Legislativo Municipal, o qual está previsto

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apenas na LRF (LRF, art. 59, caput). Mas como a questão inicia com “De
acordo com a Constituição (...)", então a afirmativa está errada. Já a segunda
frase, relativa ao parecer prévio emitido sobre as contas prestadas pelo
prefeito, está correta, pois é a transcrição do art. 31, §2°, da CF.
Gabarito: Errado

38. (TCU - AUFC 2010 - Cespe) O correto funcionamento de um sistema de


fiscalização exercida pelo controle interno de determinada empresa pública dispensa
a atuação do controle externo sobre aquela entidade.
Comentário: Não é razoável esperar que o TCU consiga fiscalizar com a
mesma efetividade todos os órgãos e entidades que administram recursos
públicos federais. Isso seria virtualmente impossível, pois a máquina pública é
gigantesca e o quadro de pessoal do Tribunal reduzido. Por isso, a Corte de
Contas direciona sua atuação para áreas em que estão presentes os atributos
de materialidade, relevância e risco. Materialidade diz respeito ao montante de
recursos públicos envolvidos, enquanto relevância se refere aos impactos
sociais e econômicos de determinada ação governamental. Risco, por sua vez,
entre outros aspectos, tem relação com o funcionamento do controle interno,
isto é, a capacidade que o órgão ou entidade fiscalizado possui para, por si só,
evitar e corrigir erros, falhas ou desvios de conduta na gestão dos recursos
públicos. Assim, o correto funcionamento do sistema de controle interno,
constatado mediante avaliações específicas, é um indicativo de que, naquele
órgão, o risco de ocorrer alguma situação danosa ao patrimônio público é
menor, de modo que o Tribunal pode direcionar seus esforços para outras
áreas. Contudo, de forma alguma o correto funcionamento do sistema de
controle interno dispensa a atuação do controle externo, cujas atribuições são
inafastáveis e intrasferíveis. O controle interno possui como finalidade apoiar
o controle externo do exercício de sua missão institucional (CF, art. 74 IV). Os
gestores das unidades que possuem um bom controle interno precisam
prestar contas e estão sujeitos à fiscalização do TCU, como qualquer outro
jurisdicionado ao Tribunal.
Gabarito: Errado

39. (TCU - ACE 2007 - Cespe) A relevância do controle externo no Brasil não se
restringe aos aspectos concernentes à eficiente gestão das finanças ou à adequada
gerência administrativa do setor público. Envolve também o equilíbrio entre os
poderes na organização do Estado democrático de direito.
Comentário: O quesito está correto. A atribuição do Poder Legislativo de
exercer o controle externo da gestão pública, com o auxílio do Tribunal de
Contas, está perfeitamente alinhada com a estrutura da divisão de poderes, ou
sistema de freios e contrapesos, delineado na Constituição Federal para

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restringir e limitar o poder dos governantes. Assim, o Legislativo é o


responsável por aprovar as políticas públicas, bem como as regras para a
arrecadação de receitas e a programação orçamentária da execução das
despesas, as quais devem ser seguidas e executadas majoritariamente pelo
Poder Executivo, mas também pelos responsáveis pelas unidades
administrativas dos demais Poderes, obedecendo aos princípios da legalidade,
legitimidade e economicidade. Buscando o equilíbrio entre os Poderes, a
Constituição definiu que a prestação de contas deve ser feita ao mesmo Poder
que definiu as regras, o Legislativo, o qual conta com o auxílio técnico
indispensável do Tribunal de Contas, que, mediante sua ação fiscalizadora,
busca garantir que a administração pública arrecade, gaste e administre os
recursos públicos dentro dos limites da lei e do interesse geral.
Gabarito: Certo

40. (TCU - ACE 2006 - ESAF) Nos termos da Constituição Federal, pode-se afirmar
que
a) o Tribunal de Contas da União - TCU - é órgão vinculado ao Senado da
República.
b) as Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos,
que serão integrados por sete conselheiros.
c) as decisões do TCU não se submetem a controle judicial.
d) os Ministros do Tribunal de Contas da União têm as mesmas garantias,
prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal.
e) a titularidade do Controle Externo, no Brasil, pertence ao Tribunal de Contas da
União.
Comentário: A alternativa “a” está errada, pois a doutrina majoritária é no
sentido de que o TCU, órgão de estatura constitucional, é autônomo e
independente, não vinculado a nenhum Poder, nos moldes do Ministério
Público. Existem, contudo, aqueles que consideram a Corte de Contas
vinculada ao Poder Legislativo, por estar inserida no capítulo da Constituição
que trata desse Poder, e por estar associada ao Legislativo nas leis
orçamentárias e nos limites de gastos com pessoal previstos na LRF. Porém,
mesmo considerando esse entendimento, não há que se falar em vinculação
específica ao Senado da República, que é apenas uma das Casas do
Congresso Nacional.
A alternativa “b” transcreve o parágrafo único do art. 75 da Constituição,
portanto está correta.

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A alternativa “c” está errada, pois as decisões dos Tribunais de Contas se


submetem a controle judicial. No caso do TCU, ao controle do STF, que pode
anulá-las (mas não reformá-las) em caso de irregularidade formal grave ou
manifesta ilegalidade. Se o STF anular uma decisão do TCU, a Corte de Contas
deverá deliberar novamente, sem os vícios apontados pelo Judiciário.
A alternativa “d” está errada, pois de acordo com o art. 73, §3° da
Constituição, os Ministros do TCU terão as mesmas garantias, prerrogativas,
impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal
de Justiça (STJ), e não do STF. Atenção: os Ministros do TCU não pertencem
ao Poder Judiciário, ainda que sejam equiparados aos Ministros do STJ!
Veremos mais sobre isso em aula específica.
A alternativa “e” está errada, pois a titularidade do controle externo no
Brasil pertence ao Poder Legislativo, que o exerce com o auxílio dos Tribunais
de Contas. No âmbito federal, o titular do controle externo é o Congresso
Nacional, auxiliado pelo Tribunal de Contas da União (CF, art. 71, caput).
Gabarito: alternativa “b”

41. (TCU - ACE 2006 - ESAF) Sobre o Controle Externo no Brasil, assinale a opção
correta.
a) Os ministros do TCU devem ser brasileiros natos.
b) Um Tribunal de Contas Estadual não poderá julgar contas relativas a município,
mesmo que este esteja dentro do território de sua Unidade da Federação.
c) Um determinado município, caso não possua Tribunal de Contas próprio, não
poderá criá-lo.
d) O auditor, ou Ministro-Substituto, do Tribunal de Contas da União é aposentado
compulsoriamente aos 75 (setenta e cinco) anos de idade.
e) Empresas de Economia Mista não se sujeitam à fiscalização do TCU.
Comentário: A alternativa “a” está errada, pois o cargo de Ministro do
TCU não está incluso no rol de cargos privativos de brasileiros natos previsto
no art. 12, §3° da Constituição.
A alternativa “b” está errada, pois o art. 31, §1° da Constituição determina
que o controle externo dos Municípios será exercido pela Câmara Municipal,
com o auxílio dos Tribunais de Contas Estaduais. Somente onde houver, o
auxílio será prestado pelos Tribunais de Contas Municipais (órgãos
municipais) ou pelos Tribunais de Contas dos Municípios (órgãos estaduais).
A alternativa “c” está correta, pois o art. 31, §4° da CF veda a criação de
novos Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais. Somente as
cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro possuem um. Todavia, lembre-se

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que não é vedada a criação de Tribunais de Contas dos Municípios, órgãos


técnicos estaduais responsáveis pelo controle externo de todos os municípios
do Estado.
A alternativa “d” está errada, pois o Auditor, agora oficialmente
denominado Ministro-Substituto pelo art. 1°, §2° do novo RI/TCU, equipara-se a
juiz de Tribunal Regional Federal (CF, art. 73, §4°), cuja aposentadoria
compulsória se dá aos 70 anos de idade (CF, art. 93, VI e art. 40, §1°, II).
A alternativa ”e” está errada, pois o controle externo abrange todas as
entidades da administração direta e indireta, aí incluídas as sociedades de
economia mista (CF, art. 70). O entendimento antigo do STF de que essas
entidades não se submetiam à fiscalização do TCU já foi superado.
Gabarito: alternativa “c”

42. (TCU - ACE 2006 - ESAF) O parecer prévio sobre as contas prestadas pelo
prefeito, elaborado pelo órgão auxiliar da Câmara Municipal, é meramente indicativo,
podendo ser rejeitado pelos vereadores, por decisão tomada pela maioria simples,
presentes à deliberação a maioria absoluta dos membros da Câmara Municipal.
Comentário: O parecer prévio emitido pelo órgão competente sobre as
contas prestadas pelo Prefeito só deixará de prevalecer por decisão de dois
terços dos membros da Câmara Municipal (CF, art. 31, §2°). Assim, é preciso
que dois terços do total de vereadores votem contrariamente ao parecer para
ele deixar de prevalecer. Não importa o quórum da sessão: o número de votos
contrários mínimos ao parecer deve ser de dois terços do total de vereadores.
Dessa forma, pode-se dizer que o parecer prévio sobre as contas do Prefeito é
quase vinculativo, e não meramente indicativo, como diz a questão.
Registre-se que a regra relativa à União e aos Estados é diferente, uma
vez que, nessas esferas, não há previsão de quórum de 2/3 para aprovar o
Decreto Legislativo sobre as contas do Chefe do Poder Executivo, estando ou
não em consonância com o parecer prévio do Tribunal de Contas.
Gabarito: Errado

43. (CGU - AFC 2012 - ESAF) Nos termos da Constituição Federal, tanto o
Congresso Nacional quanto os sistemas de controle interno de cada Poder podem
exercer fiscalizações da seguinte ordem, exceto:
a) Contábil.
b) Ambiental.
c) Patrimonial.
d) Operacional.
e) Financeira.

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Comentário: A natureza da fiscalização exercida pelos sistemas de


controle externo e interno está expressa no art. 70, caput da Constituição
Federal:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial
da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.

Portanto, a Constituição Federal não prevê que os órgãos de controle


interno e externo realizem fiscalização “ambiental”, de modo que somente a
alternativa “b” está errada.
Gabarito: alternativa “b”

44. (TCE/ES - Procurador Especial de Contas 2009 - Cespe) O controle externo,


a cargo do Poder Legislativo e do TC, classifica-se em político e técnico. Com
relação a esse assunto, à luz das disposições constantes na CF, assinale a opção
correta.
a) O controle externo, nos municípios, é exercido pelas respectivas câmaras
municipais, com o auxílio dos TCs de âmbito estadual, salvo no caso dos municípios
que têm TCs próprios.
b) A fiscalização, sob o aspecto da legitimidade, é de âmbito do controle político e,
portanto, fora do alcance do TC.
c) O controle financeiro, introduzido pela CF, permite verificar se os objetivos foram
atingidos, se os meios utilizados foram os mais adequados e se foi obtido o menor
custo possível.
d) O exame da economicidade permite verificar se uma obra ou serviço foi realizado
ao menor custo possível, diferentemente da eficiência, que tem como foco o custo
adequado, razoável e pertinente.
e) A avaliação da relação custo-benefício, pela sua transcendência, está circunscrita
ao controle político, razão pela qual ultrapassa as competências dos TCs.
Comentário: A alternativa “a” está correta, de acordo com o art. 31, §1° da
CF. Lembrando que os Tribunais de Contas de âmbito estadual podem ser os
próprios Tribunais de Contas dos Estados ou ainda os Tribunais de Contas
dos Municípios, responsáveis exclusivamente pelo controle externo dos
Municípios do Estado.
A alternativa “b” está errada, pois o TC pode apreciar a legitimidade dos
atos de gestão. É certo que o controle externo de natureza política, exercido
pelo Poder Legislativo, cuja expressão mais contundente é o julgamento das
contas prestadas pelo Chefe do Executivo, pode vir a apreciar aspectos de

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legitimidade, relacionados à moralidade e à impessoalidade das práticas


administrativas. Todavia, isso não exclui a possibilidade de que o Tribunal de
Contas, no exercício de suas atribuições técnicas de controle externo, também
examine a legitimidade dos atos praticados pelos gestores de recursos
públicos. Aliás, avaliações dessa natureza ocorrem frequentemente nas
fiscalizações realizadas pelo TCU. Tanto o controle político, a cargo do
Legislativo, quanto o técnico, a cargo do Tribunal de Contas, podem avaliar os
aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade, nos termos do art. 70,
caput, da CF.
A alternativa “c” está errada, pois se refere aos controles de eficácia e
eficiência e economicidade, respectivamente. As fiscalizações de natureza
financeira, previstas no caput do art. 70 da CF, têm por objetivo verificar,
essencialmente, a arrecadação de receitas e a execução de despesas.
A alternativa “d” está errada, pois tanto as verificações de economicidade
quanto as de eficiência buscam verificar se a obra ou serviço foi realizado a
custo adequado, razoável e pertinente. É lógico que o menor custo é sempre
desejável, porém não deve haver comprometimento dos padrões de qualidade.
Por fim, a alternativa “e” está errada, pois a avaliação da relação
custo/benefício, referente aos controles de economicidade e eficiência, é tarefa
diuturnamente realizada pelos Tribunais de Contas, estando mais afeta ao
controle técnico que ao político.
Gabarito: alternativa “a”

45. (TCU - Procurador 2004 - Cespe) Os liquidantes de empresas sob intervenção


do poder público federal são nomeados pela autoridade competente para decretar a
intervenção; nesses casos, a pessoa do liquidante não está sujeita à jurisdição do
TCU, mas sim, à da autoridade que o nomeou, pois será dela a responsabilidade
pelos atos daquele.
Comentário: O quesito está errado, pois o art. 5°, III da LO/TCU coloca sob
a jurisdição do TCU os próprios liquidantes das empresas sob intervenção,
pois eles são diretamente responsáveis pelos atos que praticarem em nome da
União.
Gabarito: Errado

46. (TCU - ACE 2004 - Cespe) Nos termos da Constituição da República, pode o
TCU, em certos casos, apreciar elementos de discricionariedade envolvidos nos atos
da administração pública e aspectos ligados à gestão das respectivas entidades e
ao desempenho das funções destas; não precisa sempre ater-se unicamente à
conformidade desses atos com as normas jurídicas aplicáveis, sob o prisma da
legalidade.

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Comentário: De acordo com o caput do art. 70 da CF, a fiscalização


contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos órgãos e
entidades da União deverá ser realizada, essencialmente, tendo como foco os
seguintes critérios: legalidade, legitimidade e economicidade. Quando se
examina a legitimidade, alguns aspectos de discricionariedade podem ser
questionados, especialmente os ligados à moralidade e à impessoalidade,
como, por exemplo, a escolha feita pelo gestor para executar determinada obra
visivelmente supérflua em detrimento de outra, sabidamente necessária para a
população. Todavia, cuidado com esse conceito: o TCU não avalia aspectos de
conveniência e oportunidade do ato administrativo que estejam dentro do
limite razoável de discricionariedade do gestor. No exemplo acima, se
existissem duas destinações legítimas para o recurso, e o gestor escolhesse
uma delas, não caberia ao TCU questionar a escolha.
Por sua vez, na avaliação da economicidade, verificam-se aspectos
ligados à gestão que podem ter como consequência a prática de atos
antieconômicos, como a interrupção de uma obra importante em função de
falhas no planejamento do gestor público.
Gabarito: Certo

47. (TCU - ACE 2004 - Cespe) Pode o TCU constituir título executivo contra
empresa privada.
Comentário: A decisão do TCU de que resulte imputação de débito e
multa terá eficácia de título executivo (CF, art. 71, §3°). Como o Tribunal pode
imputar débito e multa a empresa privada, por exemplo, caso a empresa
cometa fraude em licitação, então é correto afirmar que o TCU pode constituir
título executivo contra empresa privada.
Gabarito: Certo

48. (TCU - ACE 2000 - ESAF) O Tri p unal de Contas da União tem a sua jurisdição:
a) restrita a órgãos e entidades da Administração Pública Federal;
b) restrita aos responsáveis por bens e valores públicos;
c) extensiva aos representantes da União nas Assembleias Gerais das entidades
estatais;
d) extensiva aos dirigentes das empresas supranacionais de cujo capital a União
participe;
e) restrita a agentes públicos federais.
Comentário: Vamos ver cada alternativa: (a) errada, pois a jurisdição do
TCU abrange, por exemplo, beneficiários de bolsas de estudo do Capes
(LO/TCU, art. 5ã, I), herdeiros de administradores (LO/TCU, art. 5ã, VIII), prefeito

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que aplica recurso de convênio celebrado com a União (LO/TCU, art. 5ã, VII), os
quais não fazem parte da Administração Pública Federal; (b) errada, pois
abrange os sucessores de administradores, que não são responsáveis por
bens e valores públicos (LO/TCU, art. 5ã, VIII); (c) certa, conforme LO/TCU,
art. 5ã, IX; (d) errada, pois abrange somente os responsáveis pelas contas
nacionais, e não todos os dirigentes de empresas supranacionais de cujo
capital a União participe (LO/TCU, art. 5ã, IV); (e) errada, pois abrange agente
público estadual ou municipal que administre recursos federais repassados
mediante convênios ou outros instrumentos congêneres (LO/TCU, art. 5ã, VII).
Gabarito: alternativa “c”

49. (TCE/BA - Procurador 2010 - Cespe) A execução das decisões que resultem
em imputação de débito ou multa cabe aos tribunais de contas.
Comentário: As decisões dos tribunais de contas de que resulte
imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo (CF, art. 71,
§3°). Entretanto, a execução dessas decisões não cabe ao TC, mas sim aos
órgãos de representação judicial das entidades que tiveram os cofres lesados.
No âmbito federal, a responsabilidade por deflagrar o processo de execução
no Poder Judiciário fica a cargo da AGU ou das procuradorias próprias das
entidades.
Gabarito: Errado

50. (TCE/AC - ACE 2009 - Cespe) A CF, ao estender aos tribunais e conselhos de
contas dos estados, do Distrito Federal e dos municípios as disposições aplicáveis
no âmbito da União, destacou, como um dos aspectos objeto do controle, a
legitimidade, que envolve diversos critérios. Não faz parte dessas considerações o
exame da
a) conveniência.
b) legalidade.
c) prioridade.
d) pertinência.
e) oportunidade.
Comentário: De acordo com o caput do art. 70 da CF, a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos órgãos e
entidades da União deverá ser realizada, essencialmente, tendo como foco os
seguintes critérios: legalidade, legitimidade e economicidade. Portanto,
legalidade e legitimidade são critérios distintos, o que já nos aponta o gabarito
para a alternativa “b”. Com efeito, de forma sucinta, o controle de legalidade
consiste em verificar se o ato foi praticado em conformidade com os termos e
condições previstos na lei. Já o exame de legitimidade vai além da mera
verificação das formalidades legais, adentrando em aspectos da

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discricionariedade do gestor, como conveniência, oportunidade, prioridade e


pertinência, sempre que esses critérios ultrapassem a razoabilidade. Mas
lembre-se: o controle de legitimidade deve ser feito com cautela, para não
invadir os limites de atuação da administração. O órgão de controle não pode
substituir o gestor.
Gabarito: alternativa “b”

51. (TCE/AC - ACE 2009 - Cespe) A empresa supranacional encontra-se sob a


jurisdição dos órgãos de controle externo, desde que a União detenha, de forma
direta ou indireta, a maioria do capital social dessa empresa, nos termos do seu
tratado constitutivo.
Comentário: As contas nacionais das empresas supranacionais de cujo
capital a União participe, de forma direta ou indireta, estão sob a jurisdição do
TCU, independentemente do percentual da participação da União (LO/TCU,
art. 5°, IV), daí o erro. Mas lembre-se que o TCU somente poderá exercer suas
atribuições de fiscalização se houver previsão nesse sentido no tratado
constitutivo da empresa.
Gabarito: Errado

52. (MPOG - Analista de Planejamento e Orçamento 2008 - ESAF)


Acompanhando as mudanças do papel do Estado e dos modelos de gestão, a
função controle vem se desenvolvendo nas últimas décadas, levando ao
fortalecimento das instituições encarregadas do controle interno e externo. No Brasil,
o sistema de controle não inclui:
a) os Tribunais de Contas da União, dos Estados e dos Municípios.
b) o Congresso Nacional.
c) as agências regulatórias.
d) a supervisão ministerial.
e) o Ministério Público.
Comentário: Os Tribunais de Contas (alternativa “a”) são órgãos técnicos
que auxiliam o Poder Legislativo no controle externo da Administração
Pública. O Congresso Nacional (alternativa “b”) é o titular do controle externo
na esfera federal, exercendo o chamado controle parlamentar ou político. A
supervisão ministerial (alternativa “d”) é um dos aspectos do controle
administrativo exercido pela Administração sobre seus próprios atos; no caso,
pelos Ministérios sobre as entidades da administração indireta. Já o Ministério
Público (alternativa “e”), instituição independente, possui a função de fiscal da
lei, podendo, portanto, zelar pela correta administração da coisa pública nos
três Poderes; exerce uma espécie de controle externo, eis que não integra a
estrutura dos entes controlados. Já as agências regulatórias (alternativa “c”,

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gabarito da questão), ao contrário dos demais, não exercem controle sobre a


Administração Pública, mas regulam e supervisionam a execução dos serviços
públicos delegados à iniciativa privada.
Gabarito: alternativa “c”

53. (SUSEP - Analista Técnico 2010 - ESAF) As atribuições do Tribunal de Contas


da União têm assento constitucional e é possível constatar alguns tipos de
fiscalização a serem desempenhadas por aquela Corte de Contas. É correto afirmar
que não é tipo de fiscalização:
a) o controle da legitimidade.
b) o controle da legalidade.
c) o controle de conveniência política e oportunidade administrativa.
d) o controle de resultados, de cumprimento de programa de trabalho e de metas.
e) o controle de fidelidade funcional dos agentes da Administração responsável por
bens e valores públicos.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa, procurando identificar a que
apresenta um tipo de fiscalização que esteja fora da competência do TCU:
(a) Certa. A natureza das fiscalizações a cargo dos órgãos de controle
externo e interno está informada no caput do art. 70 da CF:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas,
será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.

Portanto, o controle de legitimidade é sim desempenhado pela Corte de


Contas.
(b) Certa, pelas mesmas razões da alternativa anterior, só que em relação
ao controle de legalidade.
(c) Errada, pois tais aspectos estão dentro da esfera de conveniência e
oportunidade dos responsáveis pela gestão dos recursos públicos, ou seja,
são aspectos ligados à discricionariedade dos gestores. Quando as decisões
tomadas com base em critérios dessa natureza não atentam contra os
princípios da Administração Pública, como moralidade e impessoalidade, não
compete ao Tribunal de Contas exercer sua ação de controle. Como já disse, o
Tribunal não pode substituir o gestor.
(d) Certa, pois o controle de resultados, de cumprimento de programa de
trabalho e de metas refere-se ao controle de eficácia, que é considerado um

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desdobramento do controle de economicidade previsto no caput do art. 70 da


CF, verificado especialmente nas auditorias de natureza operacional.
(e) Certa. Aqui a banca transcreveu o art. 75 da Lei 4.320/64:
Art. 75. O controle da execução orçamentária compreenderá:

I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da


despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;

II - a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e


valores públicos;
III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em
termos de realização de obras e prestação de serviços.

Gabarito: alternativa “c”

54. (TCE/SP - Procurador 2011 - FCC) O Tribunal de Contas da União


I. é um órgão auxiliar do Congresso Nacional, apesar de fazer parte do Poder
Judiciário.
II. exerce a função de controle externo da administração federal e dos demais
Tribunais de Contas dos Estados e Municípios, conforme previsão constitucional.
III. pode aplicar aos responsáveis por irregularidades de contas, as sanções
previstas em lei, inclusive multa proporcional ao dano causado ao erário.
Está correto o que se afirma APENAS em

a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) I e III
Comentário: Vamos analisar cada alternativa:
A assertiva I está ERRADA. O TCU, apesar de ser um “Tribunal”, não
pertence ao Poder Judiciário. Tampouco pertence ao Poder Legislativo, apesar
de auxiliar o Congresso Nacional no controle externo da Administração
Pública Federal. De fato, o TCU não está subordinado hierarquicamente a
nenhum dos três Poderes.
A assertiva II está ERRADA. Conforme previsão constitucional, o TCU
exerce a função de controle externo da administração federal, mas não dos
Tribunais de Contas dos Estados e Municípios. Estes últimos são órgãos
autônomos e independentes, com competências próprias e privativas

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relacionadas ao controle dos recursos públicos estaduais e municipais, sem


qualquer relação de subordinação ou mesmo de coordenação com o TCU.
A assertiva III está CERTA, nos termos do art. 71, VIII da CF:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade


de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações,
multa proporcional ao dano causado ao erário;

Portanto, uma vez que apenas a assertiva III é correta, o gabarito da


questão é a letra “c”.
Gabarito: alternativa “c”

55. (TCE/PR - Analista 2011 - FCC) Considere os princípios e funcionamento do


Controle da Administração Pública:
I. O controle externo da administração tem por finalidade comprovar a probidade da
administração e é exercido pelo legislativo e Tribunal de Contas.
II. No exercício dos Tribunais de Contas, são avaliados, entre outros, a obediência
da gestão em relação às políticas públicas, o cumprimento de princípios
constitucionais e da administração pública e o cumprimento de metas orçamentárias.
III. O controle técnico exercido em Tribunais de Contas vincula-se aos atos
administrativos que geram despesas ou receitas, enfocando sua legalidade,
finalidade, eficiência, legitimidade, economicidade e efetividade.
IV. A extensão do controle da administração dá-se quando este ocorre previamente,
concomitantemente ou subsequentemente ao ato administrativo.
Está correto o que se afirma APENAS em

a) I, II e IV.
b) I, II e III.
c) II, III e IV.
d) I, III e IV.
e) II e III.
Comentário: Vejamos cada alternativa:
(a) CERTA. A finalidade do controle externo não é apenas comprovar a
probidade da administração (há outras dimensões do controle, como
legalidade, economicidade, eficácia e efetividade), porém isso não invalida a
afirmativa, que não deve ser tomada como exaustiva. A parte final da
afirmativa também está correta. Embora o Tribunal de Contas seja o braço

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operacional do Legislativo no exercício do controle externo, este também


pratica diretamente atividades de controle, de caráter político, como o
julgamento das contas do chefe do Poder Executivo.
(b) CERTA. Como dito no item anterior, o controle vai além dos aspetos
legais, sendo avaliados, também, os resultados alcançados e a aderência das
ações aos princípios aplicáveis.
(c) CERTA. Essa afirmativa poderia gerar certa dúvida, pois passa o
entendimento de que os Tribunais só podem agir se o objeto analisado
envolver atos que geram receitas ou despesas. Essa é uma definição mais
clássica do papel dos Tribunais de Contas, já superada pela evolução da
doutrina e da jurisprudência.
(d) ERRADA. A classificação dada na afirmativa é quanto ao momento do
controle, e não, quanto à extensão.
Assim, apesar da dúvida quanto à afirmativa III, percebe-se que a
alternativa mais adequada é a “b”, que dá como certas as três primeiras
afirmativas.
Gabarito: alternativa “b”

56. (TCE/GO - Analista 2009 - FCC) De acordo com o art. 71 da Constituição


Federal de 1988, compete ao Tribunal de Contas da União, no exercício do controle
externo, realizar inspeções e auditorias de diversas naturezas. Supondo que o
Tribunal de Contas realize auditoria em uma entidade pública com a finalidade de
confirmar os valores apresentados nas demonstrações financeiras, ele está
realizando uma auditoria
(A) contábil.
(B) de acompanhamento de gestão.
(C) de gestão.
(D) operacional.
(E) especial.
Comentário: Uma auditoria realizada para verificar lançamentos e
escrituração das demonstrações financeiras possui natureza contábil
(alternativa “a”). As auditorias de acompanhamento de gestão (alternativa “b”)
são fiscalizações de caráter concomitante, realizadas em tempo real, com o
objetivo de coibir tempestivamente a ocorrência de irregularidades. Já as
auditorias de gestão (alternativa “c”) referem-se às fiscalizações realizadas
pelos órgãos de controle interno para subsidiar o julgamento das contas dos
administradores públicos pelo Tribunal de Contas. Quanto às auditorias de
natureza operacional (alternativa “d”), servem para avaliar a economicidade,
eficiência, eficácia e efetividade de processos administrativos e programas de

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governo. Por fim, a finalidade das auditorias especiais (alternativa “e”) é


definida nas normas próprias de cada órgão de controle. Por exemplo, na CGU,
a auditoria especial objetiva o exame de fatos ou situações consideradas
relevantes, de natureza incomum ou extraordinária. Já no TCU, não há
previsão de auditorias especiais.
Gabarito: alternativa “a”

57. (TCE/GO - Auditor 2007 - ESAF) Sobre o controle externo, a cargo do


Congresso Nacional, exercido com o auxílio do Tribunal de Contas, assinale a opção
correta.
a) Pode a Constituição estadual atribuir competência exclusiva à Assembléia
Legislativa para julgar as contas do Poder Legislativo, do Tribunal de Contas, do
Tribunal de Justiça e das Mesas Diretoras das Câmaras Municipais.
b) Ofende a Constituição da República dispositivo da Constituição Estadual que
submeta o Tribunal de Contas a controle financeiro e orçamentário pelo Poder
Legislativo.
c) As normas constitucionais, que conformam o modelo federal de organização do
Tribunal de Contas da União, não são de observância compulsória pelas
Constituições dos Estados-membros, podendo as Constituições Estaduais regular o
assunto de acordo com a realidade regional.
d) O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade de leis e atos normativos do poder público.
e) As decisões definitivas dos Tribunais de Contas, no exercício de sua competência
com jurisdição nacional, não estão sujeitas a controle pelo Poder Judiciário, somente
pelo Poder Legislativo.
Comentário: Para resolver o quesito, cumpre relembrar o já comentado
art. 75, caput, da CF, que estabelece o princípio de simetria:
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à
organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

Vamos, então, analisar cada alternativa, buscando a opção correta:


(a) Errada, pois, no plano federal, é competência do TCU, e não do
Congresso Nacional, julgar as contas dos administradores e demais
responsáveis por bens e valores públicos, incluindo as contas do próprio
Tribunal de Contas, dos Tribunais do Poder Judiciário e das Casas do
Legislativo (CF, art. 71, II). Portanto, por simetria, a Constituição estadual deve
atribuir a mesma competência ao respectivo Tribunal de Contas Estadual, e
não à Assembleia Legislativa.

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(b) Errada. Nesse item, a banca exigiu conhecimento da jurisprudência do


STF. No julgamento das ADIN 1.175-8/DF, 2.597/PA e 687/PA, o Supremo
manifestou o entendimento de que a norma da Constituição do Estado que
outorga competência à Assembleia Legislativa para o julgamento das contas
da respectiva Corte de Contas não desrespeita a Constituição Federal. Veja a
ementa da ADIN 1.175-8/DF:
TRIBUNAL D E C O N TA S - CO NTRO LE. Surge harm ônico com a Constituição Federal
diplom a revela dor do controle p elo Legislativo das contas dos órgãos que o auxiliam ,
ou seja, dos tribunais de contas.

(c) Errada. Nos termos do art. 75, caput da CF, as normas constitucionais
que conformam o modelo federal de organização do Tribunal de Contas da
União são de observância compulsória pelas Constituições dos Estados-
membros.
(d) Certa. Também aqui é necessário o conhecimento da jurisprudência
do STF. O assunto é tratado na Súmula 347 do STF:
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.

(e) Errada. O ordenamento jurídico pátrio é regido pelo princípio da


inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5°, XXXV). Portanto, as
decisões dos Tribunais de Contas estão sim sujeitas ao controle do Poder
Judiciário, o qual poderá anulá-las em caso de irregularidade formal grave ou
manifesta ilegalidade. Por outro lado, o Poder Legislativo não tem qualquer
ingerência sobre as decisões dos Tribunais de Contas.
Gabarito: alternativa “d”

58. (TCE/SE - Analista 2011 - FCC) As decisões finais do Tribunal de Contas do


Estado de Sergipe de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de
título executivo,
(A) desde que haja inscrição na dívida pública.
(B) independentemente de inscrição em dívida pública.
(C) se envolverem valores maiores que vinte salários mínimos.
(D) salvo as referentes a admissões de pessoal, aposentadorias e pensões.
(E) desde que tomadas por órgão colegiado por votação unânime.
Comentário: A questão aborda o disposto no art. 71, §3° da CF sobre a
eficácia das decisões dos Tribunais de Contas:
§3° - As decisões do Tribunal de que resulte im putação de débito ou m ulta terão
eficácia de título executivo.

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Lembrando que o comando constitucional, embora se refira ao TCU,


também é aplicável aos demais Tribunais de Contas, em razão do princípio de
simetria estabelecido no art. 75 da CF.
Após essa introdução, vamos analisar cada alternativa:
(a) ERRADA, pois a eficácia de título executivo independe da inscrição em
dívida ativa, embora possa - facultativo - ser realizada pelos órgãos
executores, para fins gerenciais;
(b) CERTA, pelas razões acima expostas;
(c) ERRADA, pois a eficácia de título executivo independe dos valores
envolvidos, seja do débito, seja da multa;
(d) ERRADA, pois quaisquer decisões do Tribunal de Contas de que
resulte imputação de débito e/ou multa terão eficácia de título executivo,
independentemente da natureza do processo ou do assunto tratado;
(e) ERRADA, pois, embora as decisões que imputem débito e multa
geralmente sejam colegiadas, a eficácia de título executivo independe do
quórum da votação.
Gabarito: alternativa “b”

59. (TCE/AP - ACE 2012 - FCC) Terão eficácia de título executivo as decisões do
Tribunal de Contas
a) de que resultem imputação de débito ou multa.
b) pela regularidade da matéria julgada.
c) que determinaram o trancamento das contas.
d) sobre as prestações de contas anuais dos Prefeitos.
e) que se refiram a operações de crédito.
Comentário: Correta a alternativa “a”, nos termos do art. 71, §3° da CF:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
(...)
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário público;
(...)

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VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade
de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações,
multa proporcional ao dano causado ao erário;
(...)
§ 3° - ^s decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão
eficácia de título executivo.
Dizer que “as decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou
multa terão eficácia de título executivo” significa que tais decisões são
instrumento hábil à propositura da ação judicial de cobrança executiva contra
o responsável. Assim, tendo a decisão transitado em julgado sem que o
responsável tenha recolhido o débito e/ou a multa no prazo determinado,
pode-se dar início ao processo de execução judicial da dívida.
Gabarito: alternativa “a”

E isso, por ora ficamos por aqui. Não esqueçam que logo a seguir
ainda tem o "Resumão da Aula". Ele pode ser uma ótima fonte de consulta
para revisar a matéria nos dias que antecedem a prova. Procurarei
sempre resumir os pontos mais importantes das aulas em, no máximo,
duas páginas, tá certo? Na próxima aula, vamos começar o estudo das
competências constitucionais do TCU, assunto muito bacana e importante.

Força na preparação, a recompensa vale a pena!

ERICK ALVES

erickalves@ estrategiaconcursos.com .br

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RESUMÃO DA AULA
TRIBUNAIS DE CONTAS: FUNÇÕES, NATUREZA JURÍDICA E EFICÁCIA DAS DECISÕES

> Funções dos Tribunais de Contas:

Funções Exemplos

Fiscalizadora Realizar auditorias e inspeções; fiscalizar recursos de convênios.

Judicante Julgar as contas dos administradores públicos ou daqueles que causarem dano ao erário.

Sancionadora Aplicar multa; inabilitar responsável para exercício de cargo em comissão.

Consultiva Emitir parecer prévio sobre as contas do Chefe do Executivo; responder a consultas.

Informativa Prestar informações solicitadas pelo Congresso Nacional; informações à Justiça Eleitoral.

Corretiva Emitir determinações; fixar prazo para o cumprimento da lei.

Normativa Expedir instruções e atos normativos sobre matérias de sua competência.

Ouvidoria Receber denúncias e representações sobre irregularidades.

Pedagógica Emitir recomendações sobre boas práticas de gestão.

• Órgãos administrativos, sem personalidade jurídica;

• De estatura constitucional, autônomos e independentes;

> Natureza jurídica dos • Não subordinados a nenhum Poder;

Tribunais de Contas • Associados ao Poder Legislativo para fins orçamentários e de


responsabilidade fiscal;

• Possuem capacidade para figurar em juízo, ativa ou passivamente;

• Decisões possuem natureza administrativa (há polêmica na doutrina);

• Decisões podem ser anuladas pelo Judiciário, apenas nos casos de vício
formal ou ilegalidade manifesta. Não podem ser reformadas;

• Decisões que imputem débito ou multa têm eficácia de título executivo


> Natureza jurídica e extrajudicial;
eficácia das decisões
• O débito deve recolhido aos cofres da entidade que sofreu o prejuízo;
dos Tribunais de
Contas • A multa sempre é recolhida aos cofres do Tesouro Nacional;

• O título executivo da decisão condenatória deve ser executado pelos


órgãos próprios do ente destinatário dos valores devidos;

• A cobrança do débito decorrente de decisão do TC é imprescritível; a


imprescritibilidade não se aplica à multa.

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ABRANGÊNCIA DO CONTROLE EXERCIDO PELO TCU

CF, art. 70. caput

Natureza das fiscalizações: Aspectos a serem verificados:


• Contábil
• Legalidade
• Financeira
• Legitimidade
• Orçamentária
• Economicidade
• Operacional
• Aplicação das subvenções
• Patrimonial
• Renúncia de receitas

> JURISDIÇÃO DO TCU: própria e privativa em todo o território nacional, sobre as pessoas e matérias sujeitas
à sua competência (LO/TCU, art. 4°).

> Para saber se uma pessoa ou entidade está ou não sob a jurisdição do TCU: verificar se ela administra, de
qualquer forma, recursos públicos federais ou pelos quais a União responda. Caso positivo, a pessoa ou
entidade está sob a jurisdição do TCU, não importa se pessoa física ou jurídica, pública ou privada.

Jurisdição do TCU (LO/TCU, art. 52; RI/TCU, art. 5°) Observações

Responsáveis por administrar recursos públicos Qualquer pessoa utilize, arrecade, guarde,
que
federais gerencie ou administre recursos públicos federais.

Deve estar em nome ou em função do Estado, ou


Responsáveis por provocar dano ao erário
causar o dano em conluio com agente público.

Encampadas e sob intervenção, assim como


Dirigentes de empresas sob responsabilidade da
empresas públicas, sociedades de economia mista e
União
suas subsidiárias, constituídas com recursos federais.

Responsáveis pelas contas nacionais de empresas Deve haver previsão sobre a fiscalização do TCU no
supranacionais tratado constitutivo da empresa supranacional.

EFEP e Sistema " s" prestam contas normalmente .


Sistema "S"; entidades de fiscalização do exercício
EFEP não estão mais dispensadas de apresentar
profissional (EFEP) e partidos políticos.
contas anuais. Sistema "S" nunca foi dispensado.

Demais sujeitos à fiscalização por disposição de lei Exemplo do Comitê Olímpico Brasileiro.

Responsáveis pela aplicação de recursos da União Refere-se às transferências voluntárias. Os recursos


repassados a E, DF ou a M, ou a qualquer pessoa, não deixam de ser federais, por isso o TCU fiscaliza a
física ou jurídica, pública ou privada aplicação.

Somente até o limite do patrimônio transferido.


Sucessores dos administradores e responsáveis
Respondem apenas pelo débito, jamais pela multa.

Respondem apenas pelos atos de gestão ruinosa ou


Representantes da União na assembleia-geral
liberalidade. Somente participações majoritárias.

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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (TCU - ACE 2007 - Cespe) A função judicante é expressa quando o TCU exerce a sua
competência infraconstitucional de julgar as contas de gestão dos administradores públicos.
Entretanto, no tocante às prestações de contas apresentadas pelo governo federal, compete
ao TCU apenas apreciá-las e emitir parecer prévio, já que compete ao Congresso Nacional
julgá-las, com base na emissão do parecer emitido pela comissão mista permanente de
senadores e deputados.

2. (TCDF - Procurador 2002 - Cespe) Com relação aos tribunais de contas, entre as
inovações introduzidas pela LRF, encontra-se a instituição da função cautelar de alertar os
demais Poderes ou órgãos nas situações que especifique.
3. (TCE-ES - Procurador Especial de Contas 2009 - Cespe) Na CF, o controle externo foi
consideravelmente ampliado. Nesse sentido, as funções que os TCs desempenham incluem
a
a) sancionatória, quando se aprovam as contas dos dirigentes e responsáveis por
bens e valores públicos.
b) de julgamento, quando se emite parecer prévio sobre as contas anuais dos chefes
de poder ou órgão.
c) de ouvidor, quando se respondem e esclarecem as dúvidas de servidores sobre a
aplicação da legislação orçamentária e financeira.
d) corretiva, quando se aplicam multas e outras penalidades aos responsáveis por
irregularidades.
e) de fiscalização financeira, quando se registram os atos de admissão do pessoal
efetivo.

4. (TCE/RN - Assessor Técnico de Controle e Administração 2009 - Cespe) Uma das


funções de competência dos TCs, como definido na CF, é a de ouvidor, caracterizada pelo
recebimento de denúncias de irregularidades ou ilegalidades formuladas tanto pelos
responsáveis pelo controle interno como por qualquer cidadão, partido político, associação
ou sindicato.

5. (TCE/AC - ACE 2008 - Cespe) Considerando as funções dos tribunais de contas,


assinale a opção correta.
a) A função opinativa dos tribunais de contas se reveste de conteúdo vinculativo.
b) A função sancionadora ocorre quando os tribunais de contas, por exemplo, efetuam
recolhimento da multa proporcional ao débito imputado.
c) A função de fiscalização dos tribunais de contas compreende as ações relativas ao
exame e à realização de diligências relacionadas a recursos de alienação dos ativos.
d) O julgamento das contas dos responsáveis por bens e valores públicos constitui função
corretiva dos tribunais de contas.
e) Assiste aos tribunais de contas o poder regulamentar, também chamado de normativo,
que, em certos casos, pode ir além de sua competência e jurisdição.

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6. (TCU - ACE 2008 - Cespe) (...) discorra, de forma fundamentada e de acordo com a
Constituição Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos:
■ natureza jurídica do TCU;
■ relação entre o TCU e o Poder Legislativo;
■ eventual vinculação hierárquica da Corte de Contas com o Congresso Nacional.

7. (TCE/RN - Assessor Técnico Jurídico 2009 - Cespe) O TCU faz parte do Congresso
Nacional, a quem deve auxiliar no exercício do controle externo.

8. (TCE/RN - Assessor Técnico Jurídico 2009 - Cespe) Na prestação de auxílio para o


exercício do controle externo, os TCs não estão subordinados operacional nem
administrativamente às casas legislativas.
9. (TCDF - ACE 2012 - Cespe) De acordo com o princípio de autotutela e o sistema de
controle existente, o Tribunal de Contas da União e o TCDF estão vinculados por uma
relação de hierarquia, visando garantir o emprego efetivo do recurso público.

10. (TCU - TCE 2007 - Cespe) O TCU deve auxiliar o Congresso Nacional no exercício do
controle externo e da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta.
11. (TCU - ACE 2007 - Cespe) Todas as manifestações das cortes de contas têm valor e
força coercitiva, entretanto, só os acórdãos condenatórios têm eficácia de título executivo,
ou seja, unicamente os processos de contas, abrangendo tanto as contas anuais quanto as
contas especiais, podem ser julgados, ensejando a constituição de título executivo e podem
ter como efeito a produção de coisa julgada.

12. (TCU - TCE 2007 - Cespe) Considere que determinado gestor de receitas públicas,
após o devido processo legal, tenha sido condenado pelo TCU a ressarcir o erário.
Considere ainda que, na condenação, o tribunal tenha declarado expressamente o agente
responsável e o valor a ser devolvido à União. Nesse caso, a competência para executar a
decisão do tribunal é da Advocacia-Geral da União, que deverá observar os prazos de
cobrança previstos na lei, sob pena de prescrição para atos ilícitos praticados por agente ou
servidor público.

13. (TCU - ACE 2004 - Cespe) No sistema brasileiro de controle externo, em face das
competências atribuídas pela Constituição da República ao TCU, a doutrina e a
jurisprudência são majoritárias no sentido de que as decisões daquele órgão têm natureza
jurisdicional e, por isso mesmo, não podem ser reexaminadas pelo Poder Judiciário.

14. (TCU - TCE 2007 - Cespe) O TCU tem atribuições de natureza administrativa; porém,
quando julga as contas dos gestores e demais responsáveis por bens e valores públicos,
exerce sua natureza judicante. Mesmo assim, não há consenso na doutrina quanto à
natureza do tribunal.

15. (TCU - ACE 2004 - Cespe) De acordo com a doutrina, a condenação de gestor público
por parte do TCU constitui título executivo de natureza judicial, por força da competência

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conferida pelo art. 71 da Constituição àquele órgão, para julgar contas de pessoas
responsáveis por dinheiro público.

16. (TCU - Procurador 2004 - Cespe) Sempre que se julgar lesado por decisão tomada
pelo TCU, o cidadão poderá recorrer ao Poder Judiciário, mas o remédio juridicamente
adequado não será a impetração de mandado de segurança contra o ato do tribunal, seja
porque as decisões deste somente podem ser desconstituídas mediante dilação probatória,
seja porque o tribunal não poderá figurar no pólo passivo da ação mandamental.

17. (TCE-ES - Procurador Especial de Contas 2009 - Cespe) O julgamento das contas
dos administradores e responsáveis é atribuição peculiar dos TCs, de acordo com a CF.
Como órgãos especializados no julgamento das contas, suas decisões não estão sujeitas a
revisão do Poder Judiciário, salvo quando
a) houver observância do devido processo legal.
b) o mérito da decisão envolver questões atinentes à legitimidade dos atos praticados
pelos administradores e responsáveis.
c) o MP representar contra decisão de mérito do TC.
d) a decisão alterar o entendimento do TC até então vigente.
e) houver vício de forma, como, por exemplo, a inobservância de direitos e garantias
individuais.
18. (TCU - AUFC 2011 - Cespe) A jurisdição do TCU estende-se aos sucessores de ex-
dirigentes de entidades estatais que cometam irregularidades que resultem em prejuízo para
os cofres públicos, até o limite do prejuízo apurado e não ressarcido, independentemente do
patrimônio transferido.

19. (TCDF - ACE 2012 - Cespe, adaptada) A jurisdição do TCU abrange tanto as pessoas
físicas como as jurídicas públicas e privadas que tenham recebido recursos públicos sob a
responsabilidade da União, podendo atingir os sucessores dos responsáveis por esses
recursos.

20. (TCU - TCE 2007 - Cespe) Consifl ere que determinada organização civil de interesse
público, que atua na área de defesa e conservação do meio ambiente, tenha sido contratada
pela administração pública federal, por meio de termo de parceria. Nessa situação, mesmo
sendo pessoa jurídica de direito privado, essa organização civil está sujeita à jurisdição do
TCU.

21. (TCE/RO - ACE 2013 - Cespe) Apesar de abranger recursos repassados diretamente
às prefeituras pelo Poder Executivo estadual, a jurisdição do TCE/RO não inclui
organizações não governamentais (ONGs) beneficiadas por convênios com o governo
estadual.
22. (TCU - AUFC 2009 - Cespe) Se a União contratar um banco internacional para que
este tome um empréstimo, em nome da União, perante a Comunidade Europeia, tal banco
estará submetido ao dever de prestar contas à União pelo empréstimo tomado, caso venha
a concretizar a operação.

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23. (TCU - AUFC 2009 - Cespe) O cidadão que, em meio a uma manifestação pública, for
identificado como o responsável pela destruição de um veículo de uma universidade pública
constituída na forma de fundação, estará sujeito a julgamento pelo TCU, em razão do ato
que praticou.

24. (TCU - AUFC 2009 - Cespe) Se o governo brasileiro decidir que a PETROBRAS
formará com a Bolívia uma empresa binacional de exploração de petróleo, caberá ao TCU
fiscalizar as contas nacionais dessa nova empresa.

25. (TCE-ES - Procurador Especial de Contas 2009 - Cespe) No que concerne à


fiscalização e ao controle interno e externo dos orçamentos, assinale a opção correta.
a) A atuação do TCU é caracterizada pela atividade jurisdicional, cabendo a esse órgão
até mesmo apreciar a constitucionalidade de atos do poder público.
b) A decisão do TCU faz coisa julgada administrativa, não cabendo ao Poder Judiciário
examiná-la e julgá-la.
c) As sociedades de economia mista, integrantes da administração indireta federal, não
estão sujeitas à fiscalização do TCU, haja vista seus servidores estarem sujeitos ao
regime celetista.
d) Ainda que as cerimônias festivas estejam previstas em lei orçamentária, o dispêndio
excessivo com elas pode ter sua legitimidade questionada pelo TCU.
e) Cabe ao TCU fiscalizar a aplicação de subvenções, que são auxílios governamentais
concedidos apenas às entidades públicas.

26. (TCDF - Auditor 2002 - Cespe) O STF já pacificou o entendimento de que empresas
públicas e sociedades de economia mista, não obstante possuam personalidade de direito
privado e seus bens não sejam públicos, submetem-se a processo de tomada de contas
especial.

27. (TCDF - Auditor 2002 - Cespe) Se, para a execução de obra, o DF e a União
celebrarem convênio para o aporte de recursos federais e do próprio DF, conforme
entendimento pacífico do STF, a fiscalização da obra ficará limitada à atuação do TCU.

28. (TCU - T EFC 2012 - Cespe) As empresas públicas federais não estão sujeitas à
fiscalização do TCU, pois são pessoas jurídicas de direito privado.

29. (TCE/RS - OCE 2013 - Cespe, adaptada) A jurisdição do TCU sobre empresas com
sede no exterior e cujo capital seja parcialmente de propriedade de órgãos públicos federais
somente é aplicável se a administração pública for detentora da maioria do capital.
30. (TCU - AUFC 2013 - Cespe) No uso de sua função sancionadora, pode o TCU, no caso
de ilegalidade, fixar prazo para que o órgão ou entidade adote providências necessárias ao
exato cumprimento da lei.

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31. (TCU - AUFC 2013 - Cespe) Os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos
repassados pela União a municípios, estados e Distrito Federal, mediante acordo, à exceção
de convênio, estarão no âmbito da jurisdição do tribunal.

32. (TCDF - Analista 2014 - Cespe, adaptada) Entidades dotadas de personalidade


jurídica de direito privado criadas com a finalidade de prestar serviço de interesse público
estão abrangidas, em razão de sua finalidade, pela jurisdição do TCU.

33. (TCE/RS - OCE 2013 - Cespe) Considere que o governo do estado do Rio Grande do
Sul tenha instituído subsídio para os eletrodomésticos de alta tecnologia, reduzindo dois
pontos percentuais na alíquota do imposto sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de
comunicação (ICMS). Nessa situação, constitui responsabilidade do TCE/RS examinar o ato
de concessão do referido subsídio.

34. (TCE/ES - ACE 2012 - Cespe) Compete exclusivamente à Câmara dos Deputados
suspender os atos dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal caso estes tenham
exorbitado os limites do poder regulamentar das leis expedidas pelos respectivos órgãos
legislativos.

35. (TCE/ES - ACE 2012 - Cespe) Uma das funções precípuas do Poder Judiciário é
realizar o controle de mérito dos atos administrativos do Poder Executivo que contribuem
para o melhor interesse da sociedade.

36. (TCDF - ACE 2012 - Cespe) Caso não seja empregado o mínimo de recursos
destinados a saúde e educação no DF, poderá ocorrer o controle judicial de ofício com
vistas a garantir — mediante medida cautelar — a ocorrência dos atos administrativos
necessários para o direcionamento dessa parcela do orçamento.

37. (TCU - ACE 2005 - Cespe) De acordo com a Constituição Federal de 1988, a
fiscalização contábil, orçamentária, financeira, operacional e patrimonial do município será
exercida pelo Legislativo municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle
interno dos poderes Executivo e Legislativo municipais, na forma da lei. Assim, o parecer
prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o prefeito deve anualmente
prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
Municipal.

38. (TCU - AUFC 2010 - Cespe) O correto funcionamento de um sistema de fiscalização


exercida pelo controle interno de determinada empresa pública dispensa a atuação do
controle externo sobre aquela entidade.

39. (TCU - ACE 2007 - Cespe) A relevância do controle externo no Brasil não se restringe
aos aspectos concernentes à eficiente gestão das finanças ou à adequada gerência
administrativa do setor público. Envolve também o equilíbrio entre os poderes na
organização do Estado democrático de direito.

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40. (TCU - ACE 2006 - ESAF) Nos termos da Constituição Federal, pode-se afirmar que
a) o Tribunal de Contas da União - TCU - é órgão vinculado ao Senado da República.
b) as Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que
serão integrados por sete conselheiros.
c) as decisões do TCU não se submetem a controle judicial.
d) os Ministros do Tribunal de Contas da União têm as mesmas garantias, prerrogativas,
impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
e) a titularidade do Controle Externo, no Brasil, pertence ao Tribunal de Contas da União.

41. (TCU - ACE 2006 - ESAF) Sobre o Controle Externo no Brasil, assinale a opção correta.
a) Os ministros do TCU devem ser brasileiros natos.
b) Um Tribunal de Contas Estadual não poderá julgar contas relativas a município, mesmo
que este esteja dentro do território de sua Unidade da Federação.
c) Um determinado município, caso não possua Tribunal de Contas próprio, não poderá criá-
lo.
d) O auditor, ou Ministro-Substituto, do Tribunal de Contas da União é aposentado
compulsoriamente aos 75 (setenta e cinco) anos de idade.
e) Empresas de Economia Mista não se sujeitam à fiscalização do TCU.

42. (TCU - ACE 2006 - ESAF) O parecer prévio sobre as contas prestadas pelo prefeito,
elaborado pelo órgão auxiliar da Câmara Municipal, é meramente indicativo, podendo ser
rejeitado pelos vereadores, por decisão tomada pela maioria simples, presentes à
deliberação a maioria absoluta dos membros da Câmara Municipal.

43. (CGU - AFC 2012 - ESAF) Nos termos da Constituição Federal, tanto o Congresso
Nacional quanto os sistemas de controle interno de cada Poder podem exercer fiscalizações
da seguinte ordem, exceto:
a) Contábil.
b) Ambiental.
c) Patrimonial.
d) Operacional.
e) Financeira.

44. (TCE/ES - Procurador Especial de Contas 2009 - Cespe) O controle externo, a cargo
do Poder Legislativo e do TC, classifica-se em político e técnico. Com relação a esse
assunto, à luz das disposições constantes na CF, assinale a opção correta.
a) O controle externo, nos municípios, é exercido pelas respectivas câmaras municipais,
com o auxílio dos TCs de âmbito estadual, salvo no caso dos municípios que têm TCs
próprios.

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b) A fiscalização, sob o aspecto da legitimidade, é de âmbito do controle político e, portanto,
fora do alcance do TC.
c) O controle financeiro, introduzido pela CF, permite verificar se os objetivos foram
atingidos, se os meios utilizados foram os mais adequados e se foi obtido o menor custo
possível.
d) O exame da economicidade permite verificar se uma obra ou serviço foi realizado ao
menor custo possível, diferentemente da eficiência, que tem como foco o custo adequado,
razoável e pertinente.
e) A avaliação da relação custo-benefício, pela sua transcendência, está circunscrita ao
controle político, razão pela qual ultrapassa as competências dos TCs.

45. (TCU - Procurador 2004 - Cespe) Os liquidantes de empresas sob intervenção do


poder público federal são nomeados pela autoridade competente para decretar a
intervenção; nesses casos, a pessoa do liquidante não está sujeita à jurisdição do TCU, mas
sim, à da autoridade que o nomeou, pois será dela a responsabilidade pelos atos daquele.

46. (TCU - ACE 2004 - Cespe) Nos termos da Constituição da República, pode o TCU, em
certos casos, apreciar elementos de discricionariedade envolvidos nos atos da
administração pública e aspectos ligados à gestão das respectivas entidades e ao
desempenho das funções destas; não precisa sempre ater-se unicamente à conformidade
desses atos com as normas jurídicas aplicáveis, sob o prisma da legalidade.

47. (TCU - ACE 2004 - Cespe) Pode o TCU constituir título executivo contra empresa
privada.

48. (TCU - ACE 2000 - ESAF) O Tribunal de Contas da União tem a sua jurisdição:
a) restrita a órgãos e entidades da Administração Pública Federal;
b) restrita aos responsáveis por bens e valores públicos;
c) extensiva aos representantes da União nas Assembleias Gerais das entidades estatais;
d) extensiva aos dirigentes das empresas supranacionais de cujo capital a União participe;
e) restrita a agentes públicos federais.

49. (TCE/BA - Procurador 2010 - Cespe) A execução das decisões que resultem em
imputação de débito ou multa cabe aos tribunais de contas.

50. (TCE/AC - ACE 2009 - Cespe) A CF, ao estender aos tribunais e conselhos de contas
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios as disposições aplicáveis no âmbito da
União, destacou, como um dos aspectos objeto do controle, a legitimidade, que envolve
diversos critérios. Não faz parte dessas considerações o exame da
a) conveniência.
b) legalidade.
c) prioridade.
d) pertinência.

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e) oportunidade.

51. (TCE/AC - ACE 2009 - Cespe) A empresa supranacional encontra-se sob a jurisdição
dos órgãos de controle externo, desde que a União detenha, de forma direta ou indireta, a
maioria do capital social dessa empresa, nos termos do seu tratado constitutivo.

52. (MPOG - Analista de Planejamento e Orçamento 2008 - ESAF) Acompanhando as


mudanças do papel do Estado e dos modelos de gestão, a função controle vem se
desenvolvendo nas últimas décadas, levando ao fortalecimento das instituições
encarregadas do controle interno e externo. No Brasil, o sistema de controle não inclui:
a) os Tribunais de Contas da União, dos Estados e dos Municípios.
b) o Congresso Nacional.
c) as agências regulatórias.
d) a supervisão ministerial.
e) o Ministério Público.

53. (SUSEP - Analista Técnico 2010 - ESAF) As atribuições do Tribunal de Contas da


União têm assento constitucional e é possível constatar alguns tipos de fiscalização a serem
desempenhadas por aquela Corte de Contas. É correto afirmar que não é tipo de
fiscalização:
a) o controle da legitimidade.
b) o controle da legalidade.
c) o controle de conveniência política e oportunidade administrativa.
d) o controle de resultados, de cumprimento de programa de trabalho e de metas.
e) o controle de fidelidade funcional dos agentes da Administração responsável por bens e
valores públicos.

54. (TCE/SP - Procurador 2011 - FCC) O Tribunal de Contas da União


I. é um órgão auxiliar do Congresso Nac onal, apesar de fazer parte do Poder Judiciário.
II. exerce a função de controle externo da administração federal e dos demais Tribunais de
Contas dos Estados e Municípios, conforme previsão constitucional.
III. pode aplicar aos responsáveis por irregularidades de contas, as sanções previstas em
lei, inclusive multa proporcional ao dano causado ao erário.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) I e III

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55. (TCE/PR - Analista 2011 - FCC) Considere os princípios e funcionamento do Controle
da Administração Pública:
I. O controle externo da administração tem por finalidade comprovar a probidade da
administração e é exercido pelo legislativo e Tribunal de Contas.
II. No exercício dos Tribunais de Contas, são avaliados, entre outros, a obediência da
gestão em relação às políticas públicas, o cumprimento de princípios constitucionais e da
administração pública e o cumprimento de metas orçamentárias.
III. O controle técnico exercido em Tribunais de Contas vincula-se aos atos administrativos
que geram despesas ou receitas, enfocando sua legalidade, finalidade, eficiência,
legitimidade, economicidade e efetividade.
IV. A extensão do controle da administração dá-se quando este ocorre previamente,
concomitantemente ou subsequentemente ao ato administrativo.
Está correto o que se afirma APENAS em

a) I, II e IV.
b) I, II e III.
c) II, III e IV.
d) I, III e IV.
e) II e III.

56. (TCE/GO - Analista 2009 - FCC) De acordo com o art. 71 da Constituição Federal de
1988, compete ao Tribunal de Contas da União, no exercício do controle externo, realizar
inspeções e auditorias de diversas naturezas. Supondo que o Tribunal de Contas realize
auditoria em uma entidade pública com a finalidade de confirmar os valores apresentados
nas demonstrações financeiras, ele está realizando uma auditoria
(A) contábil.
(B) de acompanhamento de gestão.
(C) de gestão.
(D) operacional.
(E) especial.

57. (TCE/GO - Auditor 2007 - ESAF) Sobre o controle externo, a cargo do Congresso
Nacional, exercido com o auxílio do Tribunal de Contas, assinale a opção correta.
a) Pode a Constituição estadual atribuir competência exclusiva à Assembléia Legislativa
para julgar as contas do Poder Legislativo, do Tribunal de Contas, do Tribunal de Justiça e
das Mesas Diretoras das Câmaras Municipais.
b) Ofende a Constituição da República dispositivo da Constituição Estadual que submeta o
Tribunal de Contas a controle financeiro e orçamentário pelo Poder Legislativo.
c) As normas constitucionais, que conformam o modelo federal de organização do Tribunal
de Contas da União, não são de observância compulsória pelas Constituições dos Estados-

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membros, podendo as Constituições Estaduais regular o assunto de acordo com a realidade
regional.
d) O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade de leis e atos normativos do poder público.
e) As decisões definitivas dos Tribunais de Contas, no exercício de sua competência com
jurisdição nacional, não estão sujeitas a controle pelo Poder Judiciário, somente pelo Poder
Legislativo.

58. (TCE/SE - Analista 2011 - FCC) As decisões finais do Tribunal de Contas do Estado de
Sergipe de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo,
(A) desde que haja inscrição na dívida pública.
(B) independentemente de inscrição em dívida pública.
(C) se envolverem valores maiores que vinte salários mínimos.
(D) salvo as referentes a admissões de pessoal, aposentadorias e pensões.
(E) desde que tomadas por órgão colegiado por votação unânime.

59. (TCE/AP - ACE 2012 - FCC) Terão eficácia de título executivo as decisões do Tribunal
de Contas
a) de que resultem imputação de débito ou multa.
b) pela regularidade da matéria julgada.
c) que determinaram o trancamento das contas.
d) sobre as prestações de contas anuais dos Prefeitos.
e) que se refiram a operações de crédito.
* * * **

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GABARITO

2) C 3) e 4) C 5) C 6) - 7) E 8) C
1) E
10) C 11) E 12) E 13) E 14) C 15) E 16) E
9) E
17) e 18) E 19) C 20) C 21) E 22) C 23) C 24) C

25) d 26) C 27) E 28) E 29) E 30) E 31) E 32) E

33) C 34) E 35) E 36) E 37) E 38) E 39) C 40) b

41) c 42) E 43) b 44) a 45) E 46) C 47) C 48) C


50) b 51) E 52) c 53) C 54) C 55) b 56) a
49) E
57) d 58) b 59) a

Referências:
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo. 13ã ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2007.

Almeida, G. H. de la Roque. Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União anotada:


normativos correlatos. Belo Horizonte: Fórum, 2006.

Aguiar, A. G. Aguiar, M. P. O Tribunal de Contas na ordem constitucional. 2 ed. Belo


Horizonte: Fórum, 2008.

Aguiar, U.D. Albuquerque, M.A.S. Medeiros, P.H.R. A administração Pública sob a


perspectiva do controle externo. Belo Horizonte: Fórum, 2011.

Controle externo da gestão pública: a fiscalização pelo Legislativo e


Chaves, F.E.C.
pelos Tribunais de Contas. 2 ed. Niterói: Impetus, 2009.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 20ã ed. São Paulo: Editora Atlas, 2007.

Lima, L.H. Controle externo: teoria, jurisprudência e mais de 500 questões. 4 ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2011.

Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 35 ed. São Paulo: Malheiros, 2009.

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