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© 2014 David J. Ridges. Todos os direitos reservados.

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ISBN 13: 978-1-4621-1387-3
Publicado no Brasil por Deseret Brasil Bookstore Ltda, Av. Professor
Francisco Morato, 2355 – São Paulo - SP, sob licença da Cedar Fort, Inc.,
Springville, UT, EUA.
Distribuido por Deseret Brasil, www.deseretbrasil.com
Traduzido por Nívio Varela Alcover
Design da capa de Shawnda T. Craig
Design da capa © 2014 Lyle Mortimer
Editado e digitado por Emily S. Chambers
Há vários anos, ao cumprir uma designação em outro estado, assisti a uma
reunião em que o presidente da estaca local contou-nos um milagre que se
realizou após uma bênção do sacerdócio. Ocorrera recentemente em sua
estaca. Contou a respeito de um digno portador do sacerdócio que se dirigia
de carro para casa em uma importante rodovia que levava a sua cidade.
Quando se aproximava de casa, viu luzes de emergência de veículos
piscando a certa distância, onde vários carros pararam e um grupo de
pessoas se reunia. Ele diminuiu a marcha, parou o carro ao lado da rodovia
e abriu caminho até a frente das pessoas. Quando olhou por sobre os
ombros, seu coração quase parou ao pensar ter reconhecido no acostamento
a moto de seu filho. O socorro ainda não havia chegado. Seu filho jazia no
cascalho do acostamento, junto à motocicleta, o rosto congestionado e o
sangue gotejando de seu nariz e ouvidos. Estava inconsciente. O pai
ajoelhou-se no cascalho, gentilmente tomou a cabeça do filho entre as mãos
e ordenou, em nome de Jesus Cristo e pelo poder do santo Sacerdócio de
Melquisedeque que a vida de seu filho fosse preservada até que a ajuda
médica competente chegasse, a fim de prestar os primeiros socorros
necessários. Abençoou-o com plena recuperação. Os paramédicos
chegaram e o jovem foi transportado de ambulância ao hospital. Na
emergência, o médico solicitou imediatamente raios-X do pescoço do
rapaz. Eles foram feitos e indicaram uma grave fratura. Não satisfeito com
o ângulo em que os raios-X foram tirados, o médico o enviou de volta para
determinar melhor que providência deveria ser tomada. O técnico de raios-
X ficou um tanto confuso pela segunda série de resultados. Os filmes
indicavam as mesmas fraturas, mas, desta vez, a brecha estava quase
fechada. O médico e o pessoal da sala de emergência também ficaram
confusos e ele solicitou um terceiro raio-X. Desta vez, o resultado indicou
uma fratura curada. O jovem paciente logo recebeu alta e se recuperou
rapidamente.
O presidente de estaca que nos estava narrando este milagre disse que,
muitos dias depois, durante a reunião de jejum e testemunhos realizada na
ala da família, o pai agradecido foi ao púlpito e deu graças pelas grandes
bênçãos que haviam recebido. Entre outras coisa, ele disse o seguinte:
“Estou extremamente grato de que, quando tomei a cabeça de meu filho
nas mãos para exercer meu sacerdócio, não tive primeiramente que me
desculpar com o Senhor por comportamentos que teriam impedido de
exercer meu sacerdócio”.
Como vocês sabem, o “grande plano de felicidade” do Pai (Alma
42:8) inclui tornar Seu poder do sacerdócio prontamente disponível para as
bênçãos e ordenanças do evangelho aos Seus filhos aqui na Terra. Nestes
últimos dias, quando a Igreja está literalmente sendo levada para o mundo
todo, a bênção de ter portadores dignos do sacerdócio por perto é um fator
vital no fortalecimento da Igreja e no “aceleramento” da obra. Não é de
admirar que tenha havido recentemente tanta ênfase pelos nossos profetas
e apóstolos sobre aumentar o poder do sacerdócio entre aqueles de nós que
possuem a sua autoridade. De acordo com o plano, os filhos do Pai
Celestial podem orar a Ele pedindo ajuda e bênçãos e, além disso, podem
ter a presença física direta de homens dignos que possuem o sacerdócio e
representam o Pai quando impõe as mãos sobre sua cabeça. O Senhor disse
a Edward Partridge: “E imporei sobre ti minha mão, pela mão de meu
servo Sidney Rigdon” (D&C 36:2). Muito depende de nós para o
cumprimento desta parte do plano do Pai.
O PODER DO SACERDÓCIO NEM SEMPRE
ACOMPANHA A AUTORIDADE DO SACERDÓCIO
O Presidente Boyd K. Packer acentuou a importância de se ter o
“poder” do sacerdócio, assim como a “autoridade”. Em um discurso de
conferência geral, ele ensinou:
Temos feito um bom trabalho na distribuição da autoridade do sacerdócio.
Temos a autoridade do sacerdócio plantada em quase toda parte. (...) Mas
a distribuição da autoridade do sacerdócio, em minha opinião, passou à
frente da distribuição do poder do sacerdócio. O sacerdócio não tem a
força que deveria ter e não terá essa força até que o poder do sacerdócio
esteja firmemente estabelecido nas famílias, como deveria. (...) Precisamos
despertar em todo élder e sumo sacerdote, em todo quórum e grupo, e no
pai de cada lar o poder do sacerdócio do TodoPoderoso. (...) Há um
número demasiadamente grande de nossos irmãos do sacerdócio que vivem
aquém de seus privilégios e das expectativas do Senhor. (“O Poder do
Sacerdócio”, A Liahona, maio de 2010; grifo do autor).
Como declarado acima, pelo Presidente Packer, ter a autoridade não
garante, necessariamente, que tenhamos também o poder desse maravilhoso
sacerdócio. Muitas coisas nos podem ajudar a exercer esse poder em
retidão para o benefício daqueles que nos cercam. Precisamos exercê-lo
com “os olhos fitos na glória de Deus” (D&C 82:19), sem nenhuma ideia
de engrandecimento pessoal ou de nos elevar à vista dos outros.
A DIGNIDADE PESSOAL É UM QUALIFICADOR
IMPORTANTE PARA A LIBERAÇÃO DO PODER DE SEU
SACERDÓCIO.
A dignidade não implica em perfeição e nem a requer, mas
realmente significa esforçar-se para viver de acordo com os padrões do
evangelho. “Esforçar-se” é a palavra-chave. Ela inclui um desejo profundo,
simples, honesto e direto de ser digno. Significa vigilância e esforço
constantes para manter os pensamentos e ações da pessoa em harmonia
com o Senhor. Talvez vocês tenham notado que a palavra “esforço” seja
usada neste contexto na nossa entrevista de recomendação para o templo.
Embora ainda não se espere que sejamos perfeitos, nosso honesto esforço
para isso traz aperfeiçoamento e dignidade consistentes. Assim, a dignidade
é possível de ser obtida aqui e agora e devendo ser parte dos objetivos
ativos de todo portador do sacerdócio.
Essa dignidade provê a confiança no uso do sacerdócio que se
possui. Observamos essa confiança em Pedro e João. Pouco depois do rico
derramamento do Espírito no Dia de Pentecostes (Atos 2), esses humildes
apóstolos foram ao templo em Jerusalém, à cerca de três horas da tarde
(Atos 3:1). Um homem, coxo de nascença, era levado à porta Formosa
(uma das várias entradas para a área do templo) para pedir esmolas. Esse
homem os viu entrando e pediu que lhe dessem uma esmola. Pedro,
fitando os olhos nele, disse: “Olha para nós”. O homem olhou para eles,
“esperando receber deles alguma coisa” (Atos 3:4-5). Realizou-se então o
inesperado milagre da cura.
E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te
dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.
E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e
artelhos se firmaram.
E, saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no
templo, andando, e saltando, e louvando a Deus (Atos 3:6-8).

A FÉ DESEMPENHA UM IMPORTANTE PAPEL


NA LIBERAÇÃO DO PODER DO SACERDÓCIO
A fé possuída pelo portador, assim como a de quem procura uma
bênção do sacerdócio são ambos fatores importantes na manifestação do
poder do sacerdócio.
Zeezrom, o influente advogado iníquo que liderava a oposição à
pregação de Alma e Amuleque na terra de Amonia (Alma 10:31), jazia com
uma febre ardente (Alma 15:3) depois de sua conversão e tentativas
infrutíferas de cessar a animosidade que havia criado contra eles e o povo
do Senhor. Tendo sido repudiado por aqueles que haviam sido seus amigos
e companheiros, Zeezrom foi para a terra de Sidom. Ele supunha que Alma
e Amuleque já não existissem mais, e que haviam sido mortos por causa de
sua iniquidade antes de sua conversão (Alma 15:3). Mas, sem que ele
soubesse, eles haviam sido preservados pelo Senhor (Alma 14:17-29).
Quando soube que Alma e Amuleque estavam na terra de Sidom, vindos de
Amonia, enviou uma mensagem pedindo-lhes que fossem vê-lo. Eles foram
imediatamente (Alma 15:4-5). Ao lermos o relato do que aconteceu então,
vemos que tanto a fé possuída por Alma como a de Zeezrom tiveram uma
função importante nessa cura miraculosa.
E aconteceu que Alma, tomando-lhe a mão, perguntou-lhe: “Crês no
poder de Cristo para a salvação?
E ele, respondendo, disse: Sim, creio em todas as palavras que ensinaste.
E disse-lhe Alma: Se crês na redenção de Cristo, podes ser curado.
E ele disse: Sim, eu creio nas tuas palavras.
E Alma então clamou ao Senhor, dizendo: Ó Senhor, nosso Deus, tem
misericórdia deste homem e cura-o segundo sua fé em Cristo.
E tendo Alma dito estas palavras, Zeezrom deu um salto, pôs-se de pé e
começou a andar; e isto se deu para grande espanto de todo o povo; a
notícia deste acontecimento espalhou-se por toda a terra de Sidom.
(Alma 15:6-11)
Há alguns anos, eu estava trabalhando em frente a nossa casa
quando um colega sumo sacerdote de nossa ala passou. Parecia estar com
pressa, mas parou ao me ver. Explicou que estava a caminho da casa de
uma irmã idosa de nossa ala que era uma das visitas de seu distrito de
mestre familiar. Era uma conversa recente. Disse que ela acabara de
telefonar pedindo-lhe que fosse dar-lhe uma bênção, pois sentia-se doente.
Seu companheiro não podia ir e ele não havia encontrado ninguém mais
que o ajudasse, assim, decidira admistrar-lhe uma bênção, visto que era
uma questão urgente. Logo perguntou-me se eu poderia acompanhá-lo.
Levei alguns minutos para lavarme e vestir-me apropriadamente e andamos
até a casa dela. Depois de uma breve conversa, determinamos que ele faria
a unção e que eu a selaria. Conforme o fiz, expressei que essa bênção de
cura se realizaria de acordo com sua fé, ao que ela imediatamente refutou
em voz alta e firme, “Não! Não use minha fé! Não tenho muita. Use a tua!”
Um tanto surpreso e esboçando um sorriso um pouco constrangido, atendi
ao seu pedido. Ela logo se recuperou e tudo ficou bem em um ou dois dias.
Normalmente, a fé possuída pela pessoa que deseja ser abençoada
desempenha um importante papel em sua cura. Mas, obviamente, a fé
possuída por outros, inclusive os presentes na sala durante a bênção,
também pode desempenhar um importante papel. Na realidade ela possuía
fé em minha fé e, certamente essa é uma forma significativa de fé eficaz.
Minha mãe tinha o dom da “fé para serem curados” (D&C 46:19). Isso
esteve evidente em sua longa e produtiva existência. Certo dia, há muitos
anos, quando estávamos conversando sobre a administração aos enfermos,
ela me deixou surpreso dizendo que se fosse ferida em um acidente
automobilístico e os únicos portadores do Sacerdócio de Melquisedeque
disponíveis para administrar-lhe fossem dois portadores do Sacerdócio de
Melquisedeque bêbados inativos que estivessem entre os presentes curiosos
que se haviam reunido, ela os instruiria a administrar-lhe e usaria sua fé
para que a bênção tivesse eficácia. Desde aí tenho pensado que embora, a
princípio, sua declaração tenha-me causado surpresa, fora um claro
lembrete do papel que a fé possuída pelo que recebe a bênção pode
representar.
E SE NOSSA FÉ ESTIVER UM POUCO ABAIXO DO
NORMAL QUANDO FORMOS CHAMADOS PARA DAR UMA
BÊNÇÃO?
Às vezes podemos ser apanhados com nossa própria fé não tanto à
altura e um pouco fora de sintonia com o Espírito ao sermos chamados para
administrar aos doentes. Isso pode ser efeito da vida que levamos. Da
mesma forma, a pessoa que solicita a bênção pode ter menos do que sua fé
normal por causa das circunstâncias, e da agitação da vida. É encorajador
notar que a fé pode ser edificada e renovada para a ocasião. Vemos isso
com Enos, no Livro de Mórmon (Enos 1:4-11). Depois que a voz do Senhor
lhe viera à mente pelo menos duas vezes em resposta a sua oração, ele nos
diz, no versículo 11 que sua fé fora grandemente fortalecida.
Ó Senhor, tu disseste que seremos envolvidos pelas águas. Agora ouve,
ó Senhor, e não te ires contra teu servo por causa de sua fraqueza diante
de ti; pois sabemos que és santo e habitas nos céus e que somos indignos
diante de ti; por causa da queda, nossa natureza tornou-se má
continuamente; não obstante, ó Senhor, deste-nos o mandamento de
invocar-te, para que de ti recebamos de acordo com nossos desejos.
Eis que, ó Senhor, tu nos castigaste devido a nossa iniquidade e
expulsaste-nos; e durante todos estes anos temos estado no deserto; não
obstante, tens sido misericordioso para conosco. Ó Senhor, tem piedade
de mim e afasta deste teu povo tua ira e não permitas que eles cruzem
este furioso abismo na escuridão; mas olha estas coisas que fundi da
rocha.
E sei, ó Senhor, que tu tens todo o poder e que podes fazer tudo quanto
queiras para o benefício do homem; portanto, com teu dedo toca estas
pedras, ó Senhor, e prepara-as para que brilhem na escuridão; e elas nos
iluminarão nos barcos que preparamos, para que tenhamos luz enquanto
cruzamos o mar.
Eis que, ó Senhor, tu podes fazer isto. Sabemos que és capaz de mostrar
grande poder, o qual parece pequeno ao entendimento do homem. (Éter
3:2-5)
Da mesma forma, um portador do sacerdócio pode ter sua fé fortalecida
para a ocasião. Pode transferir sua atenção imediatamente dos assuntos
mundanos e perturbadores da vida diária e focalizá-la nas coisas do
Espírito. Por exemplo, ele pode fazer uma oração e, se possível, aguardar
alguns momentos para trazer o Espírito mais poderosamente para sua alma,
pela leitura das escrituras.
PREPARAÇÃO PESSOAL
Às vezes temos certo aviso antecipado quando nos pedem que
administremos aos doentes ou demos uma bênção a alguém. Quando for
esse o caso, podemos fazer um pouco mais a guisa de preparação pessoal.
Podemos, por exemplo, frequentar o templo, ler discursos relevantes da
conferência, ouvir a músicas que tendem a nos trazer o Espírito, ou o que
quer mais que possa nos ajudar a nos focalizarmos e ficarmos sensíveis à
voz do Espírito. Ao chegar o tempo determinado, podemos nos lavar,
vestirmo-nos apropriadamente, e nos prepararmos espiritualmente por meio
da oração, meditação e leitura das escrituras para a ocasião. Há muitos
anos, lembro-me de uma das Autoridades Gerais da Igreja fornecendo-nos
algumas instruções relativas à administração aos doentes, em uma reunião
de liderança do sacerdócio. Ele nos disse que sempre que tinha tempo
suficiente antes de administrar ao doente, fez com que se tornasse um
hábito “vestir roupas limpas” como parte de sua preparação pessoal para
chegar-se ao Senhor e exercer seu poder do sacerdócio. Como uma
aplicação pessoal deste princípio, sempre, quando há tempo suficiente,
lavo-me e visto roupas de domingo, antes de exercer meu sacerdócio. Isto
me ajuda quando tento ficar em sintonia com o Espírito.
ÀS VEZES NÃO HÁ TEMPO PARA UMA PREPARAÇÃO ADICIONAL
Às vezes somos chamados a atender imediatamente a uma situação
urgente para exercer nosso sacerdócio. Quando esse for o caso,
simplesmente vamos, com uma rápida oração rogando a ajuda do Senhor.
Há muitos anos, fui acordado pelo telefone mais ou menos às 2 horas da
madrugada. Era a ligação de um de meus alunos do seminário para que
fosse depressa ao hospital do lugar, a fim de administrar a outro de meus
alunos. Um portador do Sacerdócio de Melquisedeque já estava fazendo
turno no hospital e pronto para ajudar. Quando cheguei, meu jovem aluno,
um converso muito recente, estava se contorcendo em agonia. Foi-me dito
que sua dor era tal que ele já se revolvera na cama várias vezes e já caíra no
chão. A origem dessa dor horrível ainda não havia sido detectada. Quando
cheguei, ele olhou-me nos olhos com fé e gratidão, fazendo o melhor
possível para controlar a agonia o tempo suficiente para nos permitir ungi-
lo e selar a unção. Quando terminamos, seu corpo parou de se contorcer e
ele logo dormiu. Quando saí, foi com uma prece silenciosa de gratidão e
um testemunho e convicção ainda mais profundos do poder do santo
Sacerdócio de Melquisedeque.
ESFORÇAR-SE PARA MANTER A DIGNIDADE
Depois que fui chamado para servir como patriarca da estaca, há
alguns anos, tornou-se muito comum a colegas portadores do sacerdócio
chegarem-se a mim e expressarem de um modo ou outro que admiravam os
patriarcas, mas que nunca quereriam esse chamado. Alguns disseram que
não quereriam ter que manter constantemente um padrão tão alto de
dignidade. Depois de uma dessas conversas com um amigo em um
supermercado local, ocorreu-me um pensamento com muita força. “Por que
deveria haver qualquer diferença nos padrões pessoais de dignidade
mantidos por um patriarca, comparados àqueles possuídos por qualquer
outro portador do Sacerdócio de Melquisedeque?” Ao pensar a respeito do
assunto, a resposta foi claramente de que não devia haver nenhuma
diferença. Qualquer homem que leva a sério seu sacerdócio deve esforçar-
se honestamente de ser digno imediatamente para ter poder em seu
sacerdócio. A dignidade para possuí-lo e usá-lo a fim de abençoar os outros
não é algo que possa ser vestido com as indumentárias de domingo e então
tirá-lo e pendurar no guarda-roupa pelo resto da semana. Precisamos nos
esforçar para ser dignos em todas as ocasiões.
PRECISAMOS NOS ESFORÇAR PARA EVITAR
AMBIENTES RUINS
Visto que precisamos nos esforçar constantemente para sermos
dignos, segue-se que, como parte de nossos esforços, precisamos evitar
ambientes ruins tanto quanto possível. Não devemos participar
voluntariamente em comportamentos e atividades que venham a ofender o
Espírito e reduzir nossa capacidade de ter fé e ouvir a voz da inspiração ao
impormos as mãos na cabeça das pessoas.
Às vezes nos encontramos inevitavelmente em um ambiente ruim
no trabalho ou em outro lugar. Em tais casos, podemos intencionalmente
evitar participar de conversas, e risos de piadas sujas e assim por diante, e,
onde possível, podemos nos distanciar dessas atividades. Em dois verões,
um antes e outro após minha missão na Áustria, trabalhei na estrada de
ferro. Era geralmente no turno das quatro à meia-noite, ou da meia-noite às
oito. Certa noite, quando estava um frio desagradável fora, vários de nós,
trabalhadores, nos reunimos em um dos barracões do pátio enquanto
esperávamos para trabalhar no próximo trem, que ainda não havia chegado.
Eu estava perto da frente do grupo, junto à mesa de um dos trabalhadores
do pátio. Enquanto esperávamos, a conversa tornou-se muito imprópria e
começou a surgir certa pornografia. Vagarosa e com sucesso, esguerei-me
por trás dos homens e finalmente cheguei perto da porta, pronto para sair.
Nessa hora, um dos ferroviários mais idosos notou-me e disse aos outros:
“Acho que estamos deixando o rapaz sem jeito.” E estavam. Os homens
reagiram positivamente a este comentário. A conversa ficou mais limpa, a
pornografia desapareceu e fiquei na sala até a chegada do trem.
Em uma outra ocasião, vários anos depois, consegui um emprego
como soldador fabricando a moldura de metal de um assoalho giratório de
um grupo popular que se apresentava. A equipe de solda era da Califórnia e
me havia contratado, juntamente com outro residente local, para ajudar.
Como era de se esperar, havia muita linguagem pesada entre os homens.
Certo dia, eu estava ocupado soldando duas vigas de aço, com minha
proteção de solda sobre o rosto, quando um trabalhador que estava perto
deixou escapar uma enxurrada de imoralidades profanas. Para minha
surpresa, o capataz, um camarada rústico de fora do estado, em voz alta e
imponente disse: “Não blasfemem perto do bispo!” Eu não era um bispo.
Levantei minha máscara protetora e, com um largo sorriso, agradeci-lhe,
mas disse-lhe que não era bispo. Ele respondeu: “Está tudo bem, Bispo”. E
esse foi o fim das impropriedades à minha volta. Ele aparentemente havia
notado que eu não blasfemava e imaginara que eu era um mórmon. A
mudança resultante no ambiente de trabalho foi apreciada. Às vezes,
podemos gentilmente promover uma mudança no ambiente que nos ajuda a
preservar nossa dignidade para exercer o sacerdócio.
E SE NÃO VIER UMA CLARA INSPIRAÇÃO AO DARMOS UMA
BÊNÇÃO?
E se não houver pensamentos ou impressões claros que lhe venham à
mente para dizer-lhe o que proferir ao dar uma bênção do sacerdócio ou
administrar aos doentes? Quando as instruções claras do Espírito não nos
vierem à mente, é importante que não expressemos nossos próprios
pensamentos e desejos como sendo a palavra e vontade do Senhor. Isso
pode levar à confusão e mesmo ao enfraquecimento do testemunho do
recebedor da bênção, assim como dos amigos e da família. Se a vontade e
autorização do Senhor não vierem à mente daquele que está dando a
bênção, é melhor que se mantenha as coisas generalisadas. O Élder Dallin
H. Oaks deu conselhos preciosos e úteis com relação à administração aos
doentes. Disse ele, com referência às palavras usadas por um Élder ao dar
uma bênção:
Outra parte da bênção do sacerdócio são as palavras de bênção
proferidas pelo élder depois de selar a unção. Essas palavras podem ser
muito importantes, mas seu conteúdo não é essencial, (...) em uma bênção
de cura, são as outras partes da bênção --- a unção, o selamento, a fé e a
vontade do Senhor--- que são os elementos essenciais. (“Curar os
Enfermos”, A Liahona, maio de 2010)
O Élder Oaks prosseguiu, dizendo:
Em certas ocasiões especiais, vi essa certeza de inspiração em uma
bênção de cura e soube que estava exprimindo a vontade do Senhor.
Contudo, como a maioria dos que oficiam nas bênçãos de cura, geralmente
me debato com a incerteza do que devo dizer. (Ibid.)
O que o Élder Oaks disse um pouco adiante em seu discurso
provou-se muito confortante e capacitador para mim, assim como para
outros portadores do Sacerdócio de Melquisedeque que se esforçam para
ser dignos de dar bênçãos. Além disso, também contém uma importante
advertência. Ele ensinou:
Felizmente, as palavras pronunciadas em uma bênção de cura não
são essenciais para seu efeito de cura. Se a fé for suficiente e se for da
vontade do Senhor, a pessoa afligida será curada ou abençoada, quer a
pessoa que ministra a bênção diga essas palavras ou não. Por outro lado,
se a pessoa que profere a bênção ceder ao desejo pessoal ou, por
inexperiência, exceder-se nas ordens ou nas palavras de bênção em
relação ao que o Senhor deseja conceder, de acordo com a fé da pessoa,
essas palavras não serão cumpridas. (Ibid.)
A declaração acima do Élder Oaks, de que as palavras ditas
por um élder ao dar uma bênção não são essenciais para a eficácia da
bênção podem ser de grande ajuda e alívio para os portadores sinceros que
poderiam hesitar em aceitar uma solicitação de administrar aos doentes por
medo de não saber o que dizer. Ele prosseguiu, dizendo:
“Consequentemente, irmãos, nenhum élder deve jamais hesitar em
participar de uma bênção de cura por temor de não saber o que dizer”
(Ibid.).
A VONTADE DO SENHOR
Talvez uma coisa que possa causar preocupação e até confusão por
parte dos portadores fieis do sacerdócio seja esta. Em certas ocasiões, ao
dar uma bênção ou administrar aos doentes, a inspiração vem claramente.
A bênção é, assim, útil e, se necessário, até profética. Ou, no caso de
doença, a cura se realiza. É claro que a bênção estava em harmonia com a
vontade do Senhor.
No entanto, em outra ocasião posterior, quando as condições são
aparentemente semelhantes e a dignidade pessoal também se apresenta, a
límpida inspiração não vem e a cura não se realiza. Com experiências
assim, um portador do sacerdócio pode perder a confiança e hesitar em
atender a outras oportunidades de usar seu sacerdócio para abençoar outros.
Em tais casos, precisamos nos lembrar de que é a vontade do Senhor que,
em última análise, prepondera e determina o resultado, conforme declarado
pelo Élder Oaks. O Senhor sabe tudo, e nós não. Nossa responsabilidade é
sermos dignos de impor as mãos sobre a cabeça das pessoas quando nos for
pedido para fazê-lo. O resto depende do Senhor. Não devemos deixar
escapar oportunidades de servir como Jonas fez no passado, por causa de
medo de embaraço ou fracasso pessoal. Não é nossa obra. É a obra do
Senhor e, afortunadamente, Ele dirige o resultado.
QUAIS SÃO ALGUMAS OUTRAS MANEIRAS DE
“LIBERAR” O PODER DE SEU SACERDÓCIO?
Muitos portadores dignos do sacerdócio tendem a pensar na
influência e poder do seu sacerdócio principalmente em termos de dar
bênçãos. No entanto, um portador do Sacerdócio de Melquisedeque que
seja firme, consistentemente digno, fácil de tratar, gentil e um exemplo
constante do que deve ser um homem de Deus, também pode exercer seu
sacerdócio, por assim dizer, como uma influência para o bem sobre sua
família, no trabalho, e em outras partes, frequentemente sem palavras ou
ordenanças formais do sacerdócio. Em relação a este aspecto de liberar o
poder de seu sacerdócio, pode-se aplicar uma pergunta feita pelo Salvador:
“Portanto, que tipo de homens devereis ser?” (3 Néfi 27:27). A resposta de
Cristo: “Em verdade vos digo que devereis ser como eu sou” (mesmo
versículo).
Assim, viver uma existência cristã talvez seja uma das maneiras
mais eficazes de todas para “liberar o poder do seu sacerdócio”.
O poder do sacerdócio é necessário, sem dúvida, mais do que nunca
em nossos dias, a fim de proteger nosso lar e família. A pressão da
intensa investida de influências malignas resultantes do impacto
permissivo e penetrante da mídia moderna nos rodeia. Parte da liberação
do poder do seu sacerdócio inclui a dedicação de lares e outros locais de
residência como lugares de segurança e paz espirituais para a família e
outros. Isto inclui dar bênçãos paternas, proporcionar bênçãos de
conselho e conforto aos membros da família, administrar-lhes quando
ficam doentes e assim por diante.
Em alguns lares SUD, esse exercício do sacerdócio é raro demais ou
mesmo virtualmente não existente.
Portanto, uma forma de liberar mais do poder do seu sacerdócio seria
simplesmente ser mais vigilante para essas oportunidades e para falar e
ensinar mais em casa a respeito delas. Muitos homens têm achado útil e
eficaz debater isso com sua esposa e acrescentar sua ajuda para encorajar
essas coisas entre os membros da família. Ao falar a respeito do poder do
sacerdócio, o Presidente Boyd K. Packer ensinou sobre a importância de
recrutarmos a ajuda das irmãs para encorajar o uso do sacerdócio. Disse
ele:
Inclui as irmãs porque é fundamental que todos compreendam o
que é esperado dos irmãos. A menos que conclamemos a atenção das mães,
filhas e irmãs, que têm grande influência sobre o marido, o pai, os filhos e
irmãos, não conseguiremos progredir. O sacerdócio perderá grande poder
se as irmãs forem negligenciadas. (Boyd K. Packer, “O Poder do
Sacerdócio”, A Liahona, maio de 2010)
O PODER DO SACERDÓCIO PARA A
PROTEÇÃO DO LAR
Talvez o mais importante mas pouco usado aspecto de ter o poder
do sacerdócio em nossos dias é o de proteger nosso lar. O Presidente Boyd
K. Packer falou diretamente aos pais. Disse ele:
Aos homens que são pais, gostaria de lembrar a natureza sagrada
de seu chamado. Vocês têm o poder do sacerdócio diretamente do Senhor
para proteger seu lar. Haverá ocasiões em que o único escudo entre sua
família e as armadilhas do adversário será esse poder. Vocês receberão
orientação do Senhor por meio do dom do Espírito Santo. (Boyd K. Packer,
“O Poder do Sacerdócio”, A Liahona, maio de 2010)
Meu próprio pai era um homem assim. Seu poder do sacerdócio e
digna influência permearam fortemente nosso lar durante meus anos de
crescimento. Sentiamo-nos seguros em nossa casa. Em minha mente, ainda
posso ouvir sua voz pacificadora e sentir o calor e a segurança de suas mãos
sobre minha cabeça em numerosas ocasiões. Da mesma forma todos os
portadores do sacerdócio podem influenciar seus lares.
EM RESUMO
Os líderes da Igreja, sob a inspiração do Senhor, estão
recomendando com insistência o acesso e uso mais amplo do poder do
sacerdócio por nós. Ele é uma parte vital do trabalho de proteger as pessoas,
os lares, e as famílias das pressões intensas do adversário em nossos dias. É
nossa grande oportunidade e privilégio atender ao seu conselho e aprender e
aplicar tudo que pudermos a respeito de como nós, pessoalmente, podemos
aumentar o poder do sacerdócio em nosso ministério como portadores do
sacerdócio. Uma de nossas fontes mais eficazes de ajuda será a de oração
específica e focalizada solicitando instruções do alto sobre como nós
mesmos poderemos melhor responder.

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