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Disponível em:
<https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,bolsonaro-cria-orcamento-secreto-em-troca-de-apoio-do-congress
o,70003708713>. Acesso em 10/5/2021.
O detalhe é que, oficialmente, o próprio Bolsonaro vetou a tentativa do
Congresso de impor o destino de um novo tipo de emenda (chamada RP9),
criado no seu governo, por “contrariar o interesse público” e estimular o
“personalismo”. Foi exatamente isso o que ele passou a ignorar após seu
casamento com o Centrão.
Os ofícios, obtidos pelo Estadão ao longo dos últimos três meses, mostram
que esse esquema também atropela leis orçamentárias, pois são os ministros
que deveriam definir onde aplicar os recursos. Mais do que isso, dificulta o
controle do Tribunal de Contas da União (TCU) e da sociedade. Os acordos
para direcionar o dinheiro não são públicos, e a distribuição dos valores não
é equânime entre os congressistas, atendendo a critérios eleitorais. Só ganha
quem apoia o governo.
Ao ler o documento, Flávia desconversou: “É tanta coisa que a gente faz que
não sei exatamente do que se trata”. Nem tudo, porém, é registrado. O
senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) admitiu que “ditou” para o ministro
Marinho onde R$ 7 milhões deveriam ser aplicados.
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Disponível em:
<https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,tratoraco-atropelou-leis-orcamentarias-e-veto-de-bolsonaro,70003
709466>. Acesso em 10/5/2021.
deputados e senadores, no final ano passado, o governo atropelou ao menos três exigências da
legislação. Veja-se:
Laços de família foram motivos também que tornaram Petrolina (PE) a nona
cidade com mais investimentos do Ministério do Desenvolvimento Regional
em 2020. O município é administrado por Miguel Coelho (MDB), filho do
senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O líder do governo no
Senado ditou a transferência de R$ 46.569.000,00 ao município por meio da
estatal Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
Parnaíba (Codevasf) em dois convênios, celebrados nos mesmos valores.
Esse tipo de exigência passou a ser previsto em 2010 nas leis orçamentárias.
“Pensamos que a medida vai ao encontro das comunidades mais
necessitadas, uma vez que essa tem maiores chances de ser beneficiada por
critérios construídos a partir de políticas públicas”, disse naquele ano o
relator da LDO 2010, Wellington Roberto (PL-PB) – por coincidência, um
dos grandes beneficiados, agora, pelo orçamento secreto. Ele conseguiu
indicar um valor total de R$ 80 milhões.
A regra deveria ter sido observada em relação aos R$ 3 bilhões que constam
no planilhão do Ministério do Desenvolvimento Regional divulgado em
janeiro pelo Estadão. A abertura desses créditos foi feita por meio dos
projetos de lei do Congresso Nacional (PLNs) de números 29, 30 e 40, por
meio de emenda de relator-geral do orçamento (a chamada RP9),
estabelecendo, apenas, os tipos de ação orçamentária que deveriam receber
os recursos.
Todos esses 8960 contratos estão em situação “normal”, o que quer dizer
que não expiraram, não foram rescindidos, não foram alvo de liminares, não
estão com cláusulas suspensivas e não estão em fase de prestação de contas.
A ausência de impedimentos contratuais é um indicativo de que pode estar
faltando recursos para a conclusão das obras, principalmente, no caso
daquelas que estão paralisadas mesmo com situação de contrato “normal”.
Mesmo naquelas obras que estão em andamento, o índice de execução
equivale a R$ 49,5% dos valores totais dos contratos.
3
Disponível em:
<https://www.oantagonista.com/brasil/entenda-em-10-pontos-o-bolsolao-que-o-antagonista-noticia-desde-2020/
>. Acesso em 10/5/2021.
1. A reportagem do Estadão teve acesso a um conjunto de 101 ofícios
enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento
Regional e órgãos vinculados, para indicar como eles preferiam usar esses
recursos públicos, sem que haja controle. Com parte desses recursos, 115
tratores foram comprados por valores até 259% acima do preço de mercado.
Não podemos coadunar com essa inversão de valores que se presta unicamente a dar
perpetuidade de poder àqueles que hoje se encontram nele. O Brasil é um país republicano,
que preza pelo primado do respeito às reais necessidades públicas. Alocação orçamentária
deve seguir critérios de necessidade científica, baseados em dados do IBGE ou outras
instituições de respeitabilidade nacional - não que haja preocupação do Sr. Presidente da
República com essa espécie de critério, na medida em que sequer o orçamento do IBGE ao
censo passou pela sua caneta de veto.
E, para além dessa situação pitoresca do ponto de vista de gestão orçamentária - que
acaba afetando o próprio accountability público -, há também grau elevado de preocupação
acerca da existência de corrupção. Com efeito, fala-se em superfaturamento de tratores e em
destinação dos maquinários para localidades bem distantes do reduto eleitoral do “dono da
verba”. Trata-se de estratégias típicas de quem está cometendo algum ilícito de índole
penal-administrativa, o que também requer a atuação desse nobre Parquet federal.