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O direito de greve é uma garantia constitucional que visa a defesa dos

interesses dos trabalhadores contra as degradantes condições no ambiente de trabalho e


abusos cometidos por empregadores.

Segundo a Lei n. 7.783, de 1989, a greve é a “suspensão coletiva,


temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregado”.

A doutrina conceitua a greve como uma manifestçaõ voltada para os


interesses coletivos dos trabalhadores:

“A greve seria a paralisação coletiva provisória, parcial ou total, das


atividades dos trabalhadores em face de seus empregadores ou tomadores de
serviços, com o objetivo de exercer-lhes pressão, visando à defesa ou
conquista de interesses coletivos, ou com objetivos sociais mais amplos.”
(DELGADO, 2017, p. 1617)

No presente caso, as reivindicações naõ são direccionadas ao empregador e


sim ao poder público contra a privatização da eletrobrás, fazendo a greve ganhar caráter
político.

Através do acórdão, o TST reconheceu a abusividade da greve e há de se


verificar os fundamentos e os argumentos que levaram os membros a darem provimento
aos Embargos Infringentes.

O fundamento que o Tribunal tomou como base para a decisão de tornar


ilegal a greve foi o desvirtuamento da mesma deixando de ser laboral para se tornar uma
modalidade de lobby e instrumentos de manisfestação política no qual as empresas e a
sociedade que necessita das prestações de serviço saem prejudicadas.

Além disso, a Constituição Federal de 1988 vai discipinar a competência da


Justiça do trabalho no que se refere ao direito de greve:

“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada


pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores.” (BRASIL, 1988, Art. 114)

A Lei nº 7.783/1989 fixa requisitos para o direito de greve tanto formal


quanto materialmente. Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades
essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras
providências.

É relevante destacar sobre a abusividade da greve no qual: “Constitui abuso


do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a
manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da
Justiça do Trabalho”. (BRASIL, lei nº 7.783/1989, Art. 14).

Algumas correntes doutrinárias e jurisprudenciais defendem que a greve


política é lícita, na medida em que visa preservar a qualidade das relações de trabalho,
no sentido de se proteger contra as arbitrariedades que decorrem de alguma
privatização, por exemplo. Enquanto outra corrente (majoritária) considera a greve
política ilícita, uma vez que não se dirige ao empregador.

A jurisprudência, como no exemplo abaixo, na maioria das vezes considera


abusiva as greves de caráter porque o empregador, embora diretamente afetado, não tem
como negociar para pacificar o conflito:

RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO SINDICATO PATRONAL.


GREVE. RODOVIÁRIOS. PARALISAÇÃO DE ÂMBITO NACIONAL
EM PROTESTO ÀS REFORMAS TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA.
PROTESTO COM MOTIVAÇÃO POLÍTICA. 1. Firme, nesta Seção, o
entendimento segundo o qual a greve com caráter político é abusiva, na
medida em que o empregador, conquanto seja diretamente por ela afetado,
não dispõe do poder de negociar e pacificar o conflito. É o caso dos autos, no
qual a categoria dos trabalhadores rodoviários do Estado do Espírito Santo
aderiu à paralisação de âmbito nacional, em protesto às reformas trabalhista e
previdenciária. 2. Conquanto evidente o descumprimento da liminar para
assegurar metade da frota de ônibus em circulação na data da paralisação, os
fatos justificam a real impossibilidade de cumprimento da ordem judicial.
Recurso Ordinário parcialmente provido.
PROCESSO Nº TST-RO-196-78.2017.5.17.0000, Data do julgamento em
12/03/2018 , Relatora: Relatora: Ministra Maria de Assis Calsing, Seção
Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: 02/04/2018
Tem se defendido a jurisprudência majoritária ao qual a greve que não foi
dirigida ao empregador não se pode exigir dele alguma ação própria que possa
solucionar o impasse, na forma em que foi conduzido. A relatora que julgou o caso
sustenta que é sob essa perspectiva, puramente pragmática, que se consolidou a
jurisprudência calcada no reconhecimento da abusividade da greve, uma vez que o
empregador não dispõe do poder de negociar e pacificar o conflito, dirigido claramente
aos Poderes Constituídos (Executivo e Legislativo

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