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1
Ronivaldo de Oliveira Rego Santos (org.)
2
Perspectivas de pesquisa em história: cultura, política e poder
2020
3
Ronivaldo de Oliveira Rego Santos (org.)
© FONTE EDITORIAL
I. Título
ISBN 978-65-80330-47-8
4
Perspectivas de pesquisa em história: cultura, política e poder
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Dedicatória
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Ronivaldo de Oliveira Rego Santos (org.)
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Perspectivas de pesquisa em história: cultura, política e poder
SUMÁRIO
PREFÁCIO.............................................................................................9
7
Ronivaldo de Oliveira Rego Santos (org.)
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Perspectivas de pesquisa em história: cultura, política e poder
PREFÁCIO
As pesquisas no âmbito da história em torno das relações entre cultura,
política e poder constituem as marcas identitárias do Programa de Pós-
Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica de Goiás
(PPGHIST/PUC Goiás), que soma mais de uma década de existência. Nesse
sentido, é marcante o engajamento dos(as) pesquisadores(as) desse programa
com o movimento de renovação metodológica que buscou não só alargar
domínios, mas também estabelecer a interdisciplinaridade como recurso de
compreensão dos múltiplos contextos e os significados atribuídos à vida
material das diferentes sociedades.
Entram em cena os homens e as mulheres a partir da reintrodução do
debate acerca de suas vidas cotidianas. Este é um testemunho dos sistemas
de relações econômicas e políticas, das ações ideológicas e simbólicas, que
permitem a reconstituição de espaços habitados, de sua organização e
elaboração pelas coletividades.
A missão epistemológica do PPGHIST/PUC Goiás foi estabelecida
em torno da apreensão da dinamicidade da cultura, fugindo do espectro
evolucionista e/ou instrumentalista. Aproximamo-nos de uma perspectiva
semiótica, pois a ‘’cultura” não é simplesmente um referente que marca uma
hierarquia de “civilização”, mas a maneira de viver total de um grupo,
sociedade, país ou pessoa (DAMATTA, 1986). Na esteira de Raymond
Williams (1969, p. 20), defende-se que a cultura seria “todo um modo de
vida que não é apenas maneira de encarar a totalidade, mas ainda a maneira
de interpretar toda a experiência comum e, à luz dessa interpretação mudá-
la”. De modo que, “cultura significava um estado ou um hábito mental ou,
ainda, um corpo de atividades intelectuais e morais; agora, significa também
todo um modo de vida”.
As pesquisas e investigações historiográficas no âmbito deste Programa
têm se valido, portanto, de interpretar os mapas culturais e cognitivos dos
sujeitos. Busca-se compreender os códigos semânticos através dos quais as
pessoas de um dado grupo pensam, classificam, se diferenciam e modificam
o mundo, bem como a si mesmas. Como indicou Clifford Geertz (1989, p.
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REFERÊNCIAS
DAMATTA, Roberto. Você tem cultura? In: Ensaios de Sociologia Interpretativa. Rio
de Janeiro; Rocco, 1986, p. 121-128.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989.
RÉMOND, René. Por que a história política? Revista Estudos Históricos. Rio de Janeiro,
volume 7, número 13, p. 7-19.1994.
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Perspectivas de pesquisa em história: cultura, política e poder
1. INTRODUÇÃO
As viagens em direção aos lugares sagrados, são notáveis, não apenas
entre os cristãos, mas em inúmeras culturas. Caracterizadas como jornadas
entremeadas de provações, as peregrinações, direcionavam os viajantes para
transformações de ordem espiritual, social, cultural, econômica e física. O
peregrino, ao sair de sua terra natal, não seria mais o mesmo ao chegar nos
lugares santos, ou mesmo ao tocar as estimadas relíquias, tornava-se outro.
Desde a Antiguidade, é possível notar o florescimento das peregrinações.
Seus objetivos poderiam ser as cidades ou os templos dedicados à recordação
da presença de uma divindade, ou pelas relíquias de um herói. “Muchas veces
la peregrinación tiene por objeto lugares naturales, ríos, fuentes, cavernas o
grutas, en cuya proximidade se han levantado, en muchos casos
posteriormente, santuarios dedicados a alguna divinidad”. (VÁZQUEZ DE
PARGA [et.al], TOMO I, 1945, p. 10).
Por sua vez, a espiritualidade da sociedade medieval encerra uma série
de responsabilidades dos fiéis. Dentre as suas principais causas, estão a
veneração aos locais santos e às relíquias sagradas. Essas viagens, possuíam
uma dual dinâmica, além de serem uma forma de penitência, eram o modo
pelo qual se tornava possível, o contato com as estimadas relíquias. Las
peregrinaciones tienen entre los cristianos dos orígenes distintos: uno, la
veneración a los Santos Lugares, […] el otro, el culto de los santos y de sus
relíquias. (VÁZQUEZ DE PARGA [et. al.], TOMO I, 1945, p. 11). O
peregrino, longe de sua casa, sentia-se realizado, um escolhido por Deus ao
se aproximar dos venráveis vestígios, pois, muitos eram os poderes atribuídos
a esses objetos. Na condição de penitente, o peregrino é sempre um
estrangeiro em terra estranha, um homem que procura a espiritualidade2,
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outra pessoa que em vida não podia empreender a viagem, eram os chamados
peregrinos por procuração.
Las razones que ponen al peregrino en camino fueron siempre, a título individual,
muy variadas. No és difícil resumirlas. En principio, la peregrinación es produto
del deseo de purificación que incluye una promessa; y su incentivo es la
imploración o la acción de gracias. En su cumplimiento, según épocas, unos
motivos pesaron más que otros. Hasta fines del siglo XI, la fe y la devoción
espontâneas fueron los estímolos más generales de lo que, muchas veces, era la
búsqueda de un milagro. El fiel lo esperaba, ante todo, del conctato con una
relíquia del santo intercessor. Así, el contrapunto necesario e inevitable del
peregrino eran el guardián o guardianes de las relíquias; normalmente, una
comunidad monástica o canonical. Dentro de ella, dos funciones decisivas. La
del custodio de la iglesia y las relíquias, encargado de recibir y acomodar a los
peregrinos. (GÁRCIA CORTÁZAR, 1993, p. 15).
[...] com efeito, a experiência religiosa não consiste apenas em crenças e num
imaginário do além e do divino e nem somente em palavras e gestos (orações,
homilias, ritos, etc.), mas consiste, também, em manipulações de objetos de
toda a espécie, cuja natureza, grau de consideração e funções são variadas
(SCHMITT, 2007, p. 280).
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Pero la cruzada como peregrinación tiene algo más: una perspectiva escatológica. La
Jerusalén terrestre, imagen de la celeste, es el lugar en que se producirá la parusia de
Cristo. Sociológicamente, es también una empresa nueva, de carácter colectivo y
universal. Una empresa, tal vez, sin retorno. Por ello, quienes participen, quienes
tomen la cruz, se beneficiarán de indulgencia plena. La pena temporal debida por sus
pecados les será perdonada. (GÁRCIA DE CORTÁZAR, 1993, p. 15).
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Desde muy pronto los santuários más célebres por los milagros que en ellos
ocurrían, o por la confianza de los fieles en el poder de la intercesión de los
santos a que ellos se rendían culto, se ha convertido en centros concurrísimos de
peregrinación, ya por fieles de la comarca, ya por gentes venidas desde lejanos
países. [...] En Occidente, el centro más visitado fué Roma. Ella era ante todo el
lugar donde se encontraban las tumbas de San Pedro y San Pablo; pero a su lado
había em Roma los sepulcros de muchísimos mártires conocidos y desconocidos.
(VÁZQUEZ DE PARGA [et. al.], I, 1945, p. 20).
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Sus discípulos, apoderándose furtivamente del cuerpo del maestro, con gran
trabajo y extraordinária rapidez lo llevan a la playa, encuentran una nave para
ellos preparada, y, embarcándose em ella, se lanzan a la alta mar, y em siete días
llegan al puerto de Iria, que está em Galicia, y a remo alcanzan la deseada tierra.
(LIBER SANCTI JACOBI, LIBRO TERCERO, CAPÍTULO I, 1951, p. 387).
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NOTAS
1
Bacharel em Administração pela Faculdade do Instituto Brasil (FIBRA); Licenciada em História
pela Universidade Estadual de Goiás (UEG); Mestra em História pela Pontifícia Universidade
Católica de Goiás (PUC-GO). É professora da Rede Estadual de Ensino de Goiás nos Ensinos
Fundamental II Fase e Médio. E-mail: lyrasley@gmail.com
2
Segundo Vauchez (1995, p. 7), a Idade Média não se ocupou em diferenciar doutrina de
disciplina e dessa forma, o termo espiritualidade não tem um sentido especificamente religioso,
a partir do século XII, tal denominação “se referia a designar a qualidade daquilo que é espiritual,
ou seja, independente da matéria”. Para este historiador “a espiritualidade é um conceito moderno,
utilizado somente a partir do século XIX”. Vauchez afirma, que para os autores, espiritualidade
“exprime a dimensão religiosa da v
ida interior e implica uma ciência da ascese, que conduz, pela mística à instauração de relações
pessoais com Deus. Quando essa experiência, depois de receber uma formulação sistemática,
passa de um mestre a seus discípulos, por meio do ensino dos textos sagrados, fala-se de
correntes espirituais ou escolas de espiritualidade”. (VAUCHEZ, 1995, p. 7).
3
Membro da tribo hebraica sacerdotal de Levi. Levita de ascendência não aarâmica, dedicado ao
serviço do Templo, com atribuições acessórias ao culto.
4
Ligado a Ordem de S. Bento, o mosteiro de Cluny, foi erguido entre os anos 909 e 910, em
terras doadas pelo Conde Guilherme de Aquitânia. A Ordem de Cluny, exerceu um importante
papel para o monarquismo ocidental. Segundo Pedro Venerável em Dispositio rei familiaris
(1047-1054), entre os anos 1147-1148, Cluny chegou a contar com 400 monges e seria “o
tesouro público da república cristã”. (COELHO DIAS, 2011, p. 123).
5
A Ordem dos Premonstratenses foi fundada por S. Norberto em 1120 e alcançou significativa
importância na Península Ibérica, principalmente em Castela, após a construção dos monastérios
de Santa María de Retuerta e Santa María de La Vid. (FUERTES, 2015, p. 21).
6
A imagem construída pela historiografia tradicional, de uma Idade Média imóvel em que o
camponês está ligado a terra e a maioria dos homens e mulheres à sua pequena pátria, com
exceção de alguns monges e viajantes e de aventureiros das cruzadas, foi recentemente substituída
pela imagem, frequentemente a caminho, in via, que encarna a definição cristã do homem como
viajante, como peregrino, homo viator. (LE GOFF, 2010, p. 97).
7
Em relação à concepção do homem penitente Le Goff (1989, p. 13) ressalva, “Mesmo que não
seja monge” – penitente por excelência – mesmo, que não seja atormentado pela ideia de que o
trabalho é uma penitencia, o homem da Idade Média, condicionado pela concepção do pecado
que lhe foi inculcada, procura na penitência o meio de assegurar a sua salvação.
8
Francisco Singul (1999, p. 57), traz uma citação com uma interessante denominação feita por
Dante Alighieri aos viajantes de Deus em suas peregrinações aos três maiores locais, a saber,
Jerusalém, Roma e Compostela. “O escritor toscano define na Vita Nuova, cap. XL (1293), que
romeiro é aquele que vai a Roma por devoção; palmeiro, o que vai a Jerusalém, para orar nos
Santos Lugares; e peregrino, o que vai à Casa de São Tiago, na Galiza, ou retorna”.
9
No mesmo período a peregrinação a Sainte-Chapelle, proporcionava aos fiéis o contato com as
relíquias da Paixão, como a coroa de espinhos. Dessa forma, os cristãos tinham um local no
Ocidente onde podiam venerar as santas relíquias.
10
Tais como: Guilherme V, duque da Aquitânia, que no século XI empreendia a viagem quase
todos os anos, ou mesmo, Canuto, o Grande, rei da Dinamarca em 1027. (SOT, 2002, p. 359).
11
São esparsas as citações em relação à Tiago, o Maior nas escrituras. Dentre as citações nos
Atos dos Apóstolos que citam o parentesco de Tiago e João destacamos: “Naquele tempo o rei
Herodes decidiu aprisionar alguns membros da Igreja, a fim de maltrata-los. Mandando degolar
São Tiago, irmão de João. (ATOS DOS APÓSTOLOS, 12, 1-2).
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REFERÊNCIAS
FONTES:
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SCHMITT, Jean-Claude. O corpo das imagens: ensaios sobre cultura visual na Idade
Média. Tradução de José Rivair Macedo. Bauru, SP: EDUSC, 2007.
SINGUL, Francisco. O caminho de Santiago: a peregrinação ocidental na Idade Média.
Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 1999.
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Perspectivas de pesquisa em história: cultura, política e poder
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este capítulo tem o objetivo de conhecer e compreender a perspectiva
de reforma abordada pelo físico catalão Arnaldo de Vilanova (1240-1311)
sobre a Igreja Cristã no medievo. O estudo baseou-se na análise documental
escrita pelo autor e fez-se uma ponderação no diálogo com a historiografia.
O primeiro tópico, intitulado Críticas ao clero no Confissió de Barcelona-
Magister Arnaldus de Vilanova Super Facto Adventus Antechristi (1305),
é uma análise dessa composição que foi lida perante a Corte real de Jaime II
(1291-1327) para expor sua doutrina sobre a reforma da igreja e se defender
dos ataques dos dominicanos catalães e dos parisienses. No segundo,
denominado A purificação da igreja nos fins dos tempos, o foco é a análise
do pensamento de Arnaldo de Vilanova acerca do modelo cronológico para
a vinda do anticristo.
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Diante de vós, muito digno e ilustre senhor D. Jaime, pela graça de nosso
Senhor Jesus Cristo, rei de Aragão, eu, mestre Arnaldo de Vilanova, declaro que
em domínio encontrei alguns homens do clero regular que se esforçam em
comprovar que tenho denunciado e continuo denunciando na Igreja de Roma
e outras partes da cristandade (AVCB 3, p.274).
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Sucedem, sob o quinto selo, as batalhas dos caldeus, e no lugar delas os novos
caldeus e a nova Babilônia irão perseguir a nova Jerusalém espiritual. [...] O
sexto selo, por sua vez, contém a derrota da Babilônia e a segunda perseguição
dos assírios, assinalada no Livro de Judite, em lugar da qual no sexto tempo da
igreja teremos um acontecimento similar [...] Segue-se, sob o mesmo selo, o
feroz assalto de Antíoco6; e, na igreja, a tribulação do Anticristo, que porá fim a
todas as batalhas (JOAQUIM DE FIORE, p. 462).
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Perspectivas de pesquisa em história: cultura, política e poder
E tenhamos em ódio nosso corpo com seus vícios e pecados; pois, quando o
corpo vive carnalmente, o diabo quer nos tirar o amor de Jesus Cristo e a vida
eterna e perder-se a si mesmo com todos no inferno. Pois, por nossa culpa,
somos fétidos, míseros e contrários ao bem; prontos, porém, e voluntariosos
para o mal [...] (REGRA NÃO-BULADA, XXII, 5, p. 55).
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Os faço saber que o dia do Juízo não virá até o filho da perdição seja revelado e
destruído pelo nosso Senhor Jesus Cristo e já sabeis pelo que vos digo e pregava
quando estava entre vós, quanto demorará sua volta. E os faço saber que sua
iniquidade, já reina escondido no povo cristão e tanto reinará que ainda no meio
dos cristãos nascerá claramente aquela iniquidade (AVCB, p.282).
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O primeiro Testamento então diz respeito a Deus Pai, pois foi através dele Deus
pai se revelou aos pais. O segundo refere-se ao Filho, porque foi através dele que
Cristo se manifestou aos filhos dos patriarcas, quer dizer, a nós. O Espírito
Santo, que é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, na verdade, foi dado aos
apóstolos de forma extraordinária no dia de Páscoa ( Cf. Jo. 20, 22 ss), de
maneira tal que eles não esperavam naquele momento em que lhes foi dado, a
não ser pela razão mística que faz com que o dia de Pentecostes marque o último
dos dias da solenidade (Cf. II Esd. 8, 18) (JOAQUIM DE FIORE, p. 454).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nota-se no estudo da obra Confissió de Barcelona que Arnaldo de
Vilanova buscou estabelecer uma cronologia dentro da visão Escatológica,
de que o Fim dos Tempos se aproximava e era preciso manter-se vigilante.
O momento em que o autor viveu despertava nele um imaginário apocalíptico,
como a crença na corrupção do clero que não era condizente com as Sagradas
Escrituras, além dos confrontos que vivenciou com os dominicanos que
questionavam o teor de seus escritos. Assim, o desejo de uma reforma na
igreja estava relacionado com o fim das iniquidades dos sacerdotes e na ideia
de que o anticristo era o personagem ideal para a purificação da instituição.
Portanto, o catalão pode ser caracterizado como um laico que não
tinha uma plena formação em Teologia e, mesmo assim, interessou-se por
temas religiosos e analisou os eventos históricos que se encontravam nas
Sagradas Escrituras em sentido alegórico, mas não fazendo nenhuma exegese
dos textos. Mesmo assim, manteve uma conduta zelosa pela doutrina cristã
ao destacar o papel espiritual frente ao material e relacionar a vinda do
anticristo como momento ideal para seu projeto sobre a reforma da igreja.
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NOTAS
1
Mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). Graduado
em História e Geografia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), Câmpus Cora Coralina.E-
mail:nabiovanutt@hotmail.com.
2
Escrito redigido em Catalão, para este estudo utilizei a tradução do professor Nachman Falbel
que encontra-se em anexo na sua tese de livre-docência intitulada Arnaldo de Vilanova, sua
doutrina reformista e sua concepção escatológica (1977).
3
A obra Confissió de Barcelona- Magister Arnaldus de Vilanova Super Facto Adventus
Antechristi, optou por utilizar o doravante chamado pela sigla -Arnaldo de Vilanova Confissió
de Barcelona (AVCB).
4
O catalão enfrentou embates com a Ordem dos Pregadores do Reino de Aragão, como o caso
do Inquisidor de Valência, Guilherme de Cotlliure, que impediu a circulação de diversos escritos
seus.
5
Os selos do livro do Apocalipse são setes: 1° O cavalo branco, 2° Cavalo Vermelho, 3° Cavalo
preto, 4° cavalo amarelo, 5° lamento dos mártires, 6° terremoto e a grande tribulação, 7° o
silêncio no céu e o toque das sete trombetas.
6
Antíoco IV Epifânio (215-162 a.C) era o helenista pertencente à dinastia dos Selêucidas, que
exercia o controle político sobre a Palestina da capital em Antioquia. Esse monarca proibiu a
religião judaica e estabeleceu a cultura helenística aos povos conquistados.
7
Em outras obras como De advento Antichristi, o catalão situou a data a vinda do anticristo em
1378.
8
Bispo de Tiro e Olímpia nasceu em 370 d.C e morreu 444 d.C. é considerado um mártim para
a Igreja. Foi lhe atribuída a obra O Apocalipse do Pseudo-Metódio de autoria por um monge que
a redigiu em Siríaco, e que depois foi traduzida para o grego.
9
Tido como doutor da Igreja Católica, viveu entre 342? -420 d.C., na Dalmácia (Croácia),
traduziu a bíblia para o latim.
10
Filósofo de orientação escolástica que viveu entre 1100 e 1160, escreveu a obra quatro Livros
das Sentenças (1155-1157).
11
Não temos informações sobre qual imperador romano o documento refere-se.
12
Eusébio de Alexandria (século X) escreveu diversas homilias sobre as práticas eclesiásticas.
13
Nasceu em Constantinopla em 1126 e morreu em 1234 e a ele foi atribuído e conferido um
Oraculum Angelicum. Era Terceiro Prior Geral da Ordem do Carmo.
14
Hildegarda de Bingen (1098-1179) foi uma monja alemã do século XII, vista como mística,
profetisa. Defendeu a reforma monástica, chegou a fundar dois mosteiros para mulheres, além
de envolver na política tratando de assuntos sobre papas e antipapas.
15
Eram personagens da mitologia greco-romana descritas como mulheres, que atuavam como
oráculos profetizando o futuro, inspiradas no Deus Apolo. A Sibila de Eritreia, na mitologia
greco-romana, era o oráculo de Apolo na cidade de Éritas, Jônia (atual Turquia). Foi pintada
pelo artista Michelangelo na Capela Sistina (Vaticano). A Sibila de Cumas, de acordo com
mitologia grega, era de Éritras, cidade jônia (atual Turquia). Ficou a maior parte de sua vida na
cidade de Cumas (Itália).
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REFERÊNCIAS
FONTES IMPRESSAS
ARNALDO DE VILANOVA. Confissió de Barcelona/ Super Facto Adventus Antechristi
(1305). In: FALBEL, Nachman. Arnaldo de Vilanova, sua doutrina reformista e sua
concepção escatológica. 1977. Tese (Livre-Docência em História) – Departamento de
História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1977.p.251-298.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. O ano 1000: Tempo de medo ou de esperança? São Paulo:
Companhia das Letras, 1999. 110 p.
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