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Viseu, 2003
Nota Prévia
O Professor
TESTE DA FIGURA COMPLEXA DE REY-OSTERRIETH
1 - Autores:
A. Rey
P. A Osterrieth
2 - Utilização:
Utiliza-se como avaliação da percepção, actividade perceptiva analítica e
organizadora e memória visuais. Esta prova é ainda importante para estudar os seguintes
aspectos:
- desenvolvimento mental: através da observação dos diferentes tipos de cópia
e a riqueza ou pobreza de representação gráfica nas diferentes idades, obtêm-
se elementos acerca do grau de desenvolvimento ou de atraso do indivíduo,
3 - Idades de aplicação:
A partir dos quatro anos de idade. Existe um segundo teste de reprodução visual
e de memória de uma figura geométrica mais simples (Modelo B) que a prova original
(Modelo A) que iremos apresentar. Esta forma “B” destina-se a examinar crianças entre
os quatro e os sete anos. Com o Modelo “B” os progressos tornam-se insignificantes a
partir dos sete anos. A prova “B” pode igualmente ser aplicada aos adultos nos quais se
supõe uma forte deterioração intelectual.
4 - Material necessário:
6 - Tempo de Aplicação:
Não há limite de tempo, nem para a cópia nem para a reprodução de memória.
Deve-se contudo cronometrar e registar o tempo gasto. O próprio examinando dirá
quando terminou.
7 - Normas de Aplicação:
A prova divide-se em duas partes, cópia e memória, que devem ser separadas por
um intervalo de cerca de três minutos. A cópia dá-nos indicações sobre a apreensão e
representação gráfica dos dados visuais - supõe portanto uma visão correcta, certo nível
de estruturação da actividade perceptiva e a capacidade de atenção suficiente. A
reprodução de memória faz apelo à memória imediata - exige uma capacidade mnésica
suficiente e sem perturbações.
A. CÓPIA
A lâmina com o modelo a copiar apresenta-se horizontalmente e com o pequeno
losango terminal para a direita e com a ponta virada para baixo.
Dá-se ao examinando uma folha de papel branco liso e um lápis (por exemplo o
vermelho).
Apresenta-se a figura ao examinando e diz-se:
“Vê este desenho? Vai copiá-lo para esta folha. Não é necessário fazer
uma cópia perfeita, basta prestar atenção às proporções e sobretudo não
esquecer nada. Não é necessário trabalhar à pressa. Comece com este
lápis .”
Verificação:
A prova pode ser completada por uma verificação, nos casos em que o
examinando trabalhou de modo primitivo ou pouco racional. Quando terminar pergunta-
se se não haverá uma forma melhor de copiar a figura. Poderá fazer-se a seguinte
pergunta:
“Para que cada pormenor esteja colocado no seu devido lugar como é
que se deve começar o desenho? Trace aqui as linhas que melhor
possam servir de ponto de partida.” (Esta pergunta deve ser adaptada à
compreensão e vocabulário das crianças, como por exemplo: “Por onde
é que devias ter começado para que este desenho ficasse mesmo bem?”)
B. REPRODUÇÃO DE MEMÓRIA
Depois de uma pausa de três minutos em que se conversou com o examinando
sobre coisas alheias à prova, passa-se à segunda parte.
Sobre uma nova folha o examinando será convidado a desenhar de memória a
figura anteriormente apresentada. Também a técnica dos lápis de cores diferentes é
vantajosa pois permite-nos contactar ou não um melhoramento do processo de
construção em relação à cópia. Marca-se o tempo. Não há limite de tempo para a
reprodução, é o próprio sujeito que indicará quando terminou. No final, escreve-se
memória nesta folha da prova.
8-Correcção e Pontuação:
A correcção da Figura Complexa de Rey, é feita em função de três variáveis,
válidas para a Reprodução Visual e Reprodução de Memória:
1- O tipo de construção
2- A precisão e a riqueza da reprodução
3- A rapidez do trabalho
TIPO VIII
Poderá falar-se num tipo VIII, ou combinação dos tipos I e II. Baseados sobre o
rectângulo central, servindo de armação ao desenho. O sujeito começa pela cruz e, de
seguida, faz o rectângulo e as diagonais, etc. Presente em todas as idades, esta reacção
mostra um lento crescimento até aos dez anos, passa a ser dominante aos treze, depois
de ter rivalizado com o tipo IV aos onze, doze anos. Continua a progredir para atingir o
seu máximo.
Idade Percentis
(anos) 10 25 50 75 100
4 15 10 8 7 4
5 12 10 8 7 3
6 15 11 9 7 6
7 18 11 9 7 5
8 11 10 7 6 5
9 8 7 6 5 4
10 10 9 8 4 3
11 6 5 4 3 2
12 8 5 4 4 3
13 5 5 4 3 2
14 5 5 4 4 1
15 6 4 4 3 2
Adultos 6 5 4 3 2
Quadro 6:tabela dos tempos de cópia (em minutos)
Põe-se o cronómetro a funcionar no momento em que o sujeito começa a
trabalhar e para-se quando este dá por terminada a prova; o tempo de execução é
arredondado sempre para o minuto seguinte; assim os tempos 2,15 e 2,50 arredondam-
se, em ambos os casos, para 3 e este valor lê-se “entre 2 e 3 minutos”.
B- Reprodução da Memória
Para avaliar os resultados da fase de reprodução posterior à cópia, ter-se-ão em
conta as mesmas variáveis que para a primeira fase da prova, isto é, o tipo de
construção, a exactidão e riqueza da reprodução e a rapidez do trabalho.
1- TIPO DE CONSTRUÇÃO:
Seguidamente incluem-se as tabelas construídas por Osterrieth Quadro 7).
Idade Percentis
(anos) 10 25 50 75 100
4 VII VI III/V II II
5-6 VI V III IV II
7-10 V III IV II II
12-12 V/II IV II I II
13-Adultos III/IV II I I II
Quadro 7:Tabela dos tipos de reprodução de memória
3- RAPIDEZ DO TRABALHO:
Uma tipificação da duração do processo de reprodução de memória não
apresenta apenas interesse prático; há sujeitos escrupulosos que prolongam o seu
esforço enquanto outros, expeditos, pensam rapidamente que a sua recordação está
esgotada. Basta referir que, dos quatro aos quinze anos, a mediana das distribuições
progride de 6 a 3 minutos para voltar a ser de 4 minutos no grupo dos adultos.
9-Apreciação qualitativa
A- Reprodução Visual(cópia)
1- Processo de Cópia nitidamente Inferior
1.1- tempo de cópia longo:
- sujeito provavelmente pouco evoluído sob o ponto de vista intelectual;
- dispraxia de construção gráfica;
- percepção visual confusa;
- sincretismo;
- dificuldade de análise visuo-espacial.
Nas crianças muito jovens estas dificuldades são normais. Deve-se ter em conta
o meio cultural, o treino escolar, o valor dado pela escola e pela família ao desenho
livre.
1.2- tempo de cópia anormalmente curto:
- incapacidade de análise (provavelmente mais acentuada que no caso
precedente). O pouco tempo resulta da cópia de um só elemento fácil ou em
contentar-se o examinando com um gatafunho rápido.
2- Processo de Cópia nitidamente Superior
2.1 a cópia é precisa e rica (executada num tempo normal, por vezes
um pouco longo):
- neste caso estamos perante um examinando aplicado, preciso e estruturando
racionalmente os dados visuo-espaciais.
2.2- a cópia é pouco precisa (há esquecimentos, o tempo de execução é
muitas vezes curto):
- estaremos em presença de um examinando com tendência a atabalhoar, a não
tomar a prova a sério.
- Por vezes uma certa falta de habilidade gráfica de execução (apesar da
elaboração perceptiva global evoluída)
B- Reprodução de Memória
1- Se o processo de cópia é normal ou superior e apesar disso a
reprodução de memória é nitidamente insuficiente, a percepção e a
organização dos dados a fixar não estão em causa, a pobreza da
reprodução de memória traduz bem a da recordação visual.
Neste caso, pensar-se-á então:
- num bloqueio possível por escrupolosidade exagerada;
- no interesse que poderia ter o sujeito em simular um “déficit mnésico”
2- Se o processo de cópia era nitidamente inferior, a reprodução de
memória é muito pobre:
- neste caso, não se pode esperar mais da recordação que da percepção (a
insuficiência da reprodução de memória confirma o nível inferior da
elaboração visuo-espacial; no entanto, se a pobreza da reprodução de
memória é muito pronunciada, mesmo em vista de uma cópia má, será de
pensar em amnésia. Há casos em que o tipo de cópia melhora quando se
passa à segunda parte da prova. Poderá então tratar-se de uma certa lentidão
do examinando para se orientar num complexo visuo-espacial).
B- Crianças normais
Quando os resultados a este teste são muito inferiores aos dos outros testes de
inteligência, pode ser sinal de dificuldades na estruturação da percepção.
Nas crianças normais de inteligência, mas com dificuldades de carácter, há
resultados e tipos de produção médios. Na reprodução de memória aparecem porém
coisas estranhas, detalhes a mais, espaços vazios preenchidos de traços, etc.
C- Adultos
1- nos afásicos:
- verifica-se pobreza de detalhes na cópia e ainda mais na reprodução de
memória
- chegam a ser incapazes de reproduzir o desenho de memória por terem
perdido o sentido do geométrico que lhes permitia encarar o conjunto da
figura e centrá-la.
11-Bibliografia
- BOURGÊS, S. (1979); Approche Génétique et Psychanalytique de l`Enfant,
Delachaux et Niestlé, Neuchátel, Paris
- REY, A. (1959); Manuel du test de Copie d`une Figure Complex; Centre de
Psychologie Apliqué
- REY, A.; Exame Psicológico nos casos de Encefalografia Traumática,
Arquivos de Psicologia, Vol XXVIII, nº 112
Pe Idade
rc
en
til 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
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20 2 8 18 15 23 25 27 30 29 28
25 2 11 19 17 27 28 27 30 30 29
30 2 12 20 20 29 28 27 30 30 29
40 3 10 22 21 29 28 29 32 31 30
50 8 19 23 22 30 30 30 33 32 30
60 8 19 24 23 31 33 32 34 33 32
70 9 21 24 27 32 34 32 35 34 34
75 10 21 25 27 32 34 32 35 34 34
80 11 22 26 28 33 34 33 35 35 34
90 15 26 26 31 33 34 34 36 35 35
100 19 31 27 31 35 36 36 36 36 36
Médi