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ÍNDICE

INTRODUÇÃO...................................................................1
Indicações gerais sobre o programa............................. 3
Redação sobre liderança................................................6
Networking......................................................................8
Por que Reino Unido..................................................... 10
Plano de Carreira............................................................12
Entrevista final................................................................ 14
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INTRODUÇÃO
O programa de bolsas Chevening, criado pelo governo do Reino Unido, é velho
conhecido em terras brasileiras. Lançada em 1983, a iniciativa oferece apoio financeiro
para que jovens líderes façam mestrado em universidades britânicas. Desde então,
todos os anos, o Foreign and Commonwealth Office (FCO) seleciona mais de mil
bolsistas ao redor do mundo.

Para ter uma ideia da dimensão do programa, basta observar os números: são, ao todo,
144 países participantes, espalhados pela Ásia, África e Américas. Na última edição,
foram 1650 aprovados, incluindo 64 brasileiros. Há uma estimativa de que, em mais de
trinta anos de Chevening, formaram-se cerca de 50 mil alumni.

Todos os interessados em integrar a rede precisam passar por um processo seletivo


rigoroso. Primeiro, os jovens listam três universidades britânicas às quais desejam se
candidatar. Então, enviam quatro redações temáticas e submetem informações de seu
histórico acadêmico e profissional.

Também devem encaminhar um comprovante de proficiência em inglês e o aceite das


instituições de ensino. Depois desse crivo inicial, chega o momento de convocar
os pré-selecionados para entrevistas. Após quase um ano no processo, o governo
britânico anuncia os escolhidos de cada país.

O FCO resume algumas das características necessárias para se tornar um bolsista. Nas
palavras da organização, “ambição, potencial de liderança e um excelente histórico
acadêmico” são aspectos comuns aos Cheveners.

Neste e-book, preparado com exclusividade pelo Estudar Fora, conheça o passo a
passo do processo seletivo, com dicas de bolsistas do programa para cada etapa.

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SOBRE A FUNDAÇÃO ESTUDAR SOBRE O ESTUDAR FORA


A Fundação Estudar é uma organização O EstudarFora.org é a principal fonte
sem fins lucrativos que acredita que o de informação e orientação para
Brasil será um país melhor se tivermos quem deseja estudar no exterior. No
mais jovens determinados a seguir portal, é possível encontrar rankings
uma trajetória de impacto. Criada em com as melhores universidades do
1991, a instituição tem como objetivo mundo, detalhes sobre seus processos
disseminar uma cultura de excelência seletivos, novidades sobre bolsas
e alavancar os estudos e a carreira de de estudo, ferramentas de apoio à
universitários e recém-formados por preparação e histórias inspiradoras de
meio da formação de uma comunidade jovens brasileiros que já viveram (ou
de líderes, do estímulo à experiência vivem) essa experiência.
acadêmica no exterior e do apoio à
tomada de decisão de carreira.

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INDICAÇÕES A iniciativa também solicita histórico escolar de cursos
anteriores, com o descritivo de notas. Para completar,

GERAIS SOBRE
cada estudante precisa elencar duas referências
profissionais ou acadêmicas. O papel dessas pessoas

O PROGRAMA
é, justamente, prover cartas de recomendação ao
jovem inscrito, assegurando suas competências.

O perfil de um bolsista Chevening reúne, a Outros pré-requisitos


princípio, três características: potencial liderança, Já na primeira parte da seleção também é
excelente desempenho acadêmico e ambição (pelo necessário comprovar dois anos de experiência
que lista o Foreign Office). Entretanto, há também profissional, entre trabalhos voluntários ou
pré-requisitos estabelecidos pela iniciativa que remunerados. Também nessa fase inicial, o
devem ser observados antes da application. candidato deve listar três opções de curso de
mestrado em instituições britânicas. Como regra
No momento da inscrição, o candidato precisa ter geral, tais opções devem ter duração de um ano
em mãos uma série de documentos. Um passaporte letivo e ser ministradas em período integral.
válido, que será enviado pela plataforma do
programa, assim como um certificado de conclusão Outro ponto importante diz respeito à proficiência
da graduação. Ou seja, podem ser enviados em inglês, que precisa ser atestada por provas
diplomas e documentos que atestem uma formação padronizadas. São aceitos os exames TOEFL, IELTS
em nível superior. e PTE.

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SOBRE O PROGRAMA

Só que, em vez de enviar tal documento logo Primeiro, qualidade de ensino, excelência e
de cara, os interessados no programa podem reconhecimento a nível global. Segundo, a
submetê-las depois da aprovação. Como os probabilidade de eu ser aceito no programa de
resultados são divulgados em junho, o prazo para mestrado”, explica ele. “Por fim, a compatibilidade
enviar o comprovante de proficiência costuma se da expertise dos departamentos e professores com
estender até julho. Esse é o mesmo deadline para minhas preferências dentro do ramo da Economia”.
as chamadas “unconditional offers”, ou cartas de
aceite emitidas pelas universidades do Reino Unido. Já o pernambucano Túlio Vasconcelos recorreu aos
ex-alunos de seus cursos de interesse, antes de
Essa lista longa de documentos também é usada se decidir pelo mestrado em Business Analytics,
no processo de application para o mestrado em da Universidade de Essex. Ele filtrou uma lista
si, que ocorre paralelamente e diretamente com as extensa de opções e chegou às três finais, com
instituições escolhidas. Ou seja, há uma candidatura uma estratégia que recomenda. “Eu colocaria, na
separada para a bolsa e para a instituição de primeira, uma opção mais desafiadora em relação
ensino, que tem prazos próprios. Por isso, uma ao processo seletivo. Na segunda, uma intermediária
vez concluída a primeira fase do Chevening, é e, depois, a última, menos concorrida, para não
importante dar início à candidatura aos programas arriscar”, explica ele. “Nenhuma universidade
de pós-graduação. É comum que, nas applications, é impossível, mas essa estratégia dá mais
sejam exigidos documentos semelhantes, como tranquilidade”.
histórico e cartas de recomendação.
Como regra geral, vale estabelecer qual uma lista
O ponto de partida: como escolher de fatores a serem levados em conta na decisão,
três universidades britânicas e que façam sentido para o aluno. Depois, buscar
Uma das decisões cruciais para quem deseja fazer as melhores universidades que se encaixam nos
pós-graduação diz respeito ao curso e à instituição critérios, além de checar rankings internacionais
de ensino. O currículo deve estar alinhado com as e falar com quem já estudou lá. Por fim, com as
expectativas do estudante, bem como com o perfil três opções selecionadas, chega o momento de
da universidade. Por isso, tal decisão toma tempo, já se preparar para fazer a application do programa
na primeira etapa do processo de application. Chevening e do mestrado.

Com tantas instituições britânicas bem colocadas


em rankings universitários, a escolha pode ser
acirrada. Então, vale listar os critérios que mais
importam para cada estudante. Pode ser, por
exemplo, um critério relacionado à cidade onde a
escola está localizada, mais urbanizada ou não. Há,
ainda, aspectos acadêmicos a levar em conta.

O mineiro Rafael Macedo Rubião vai embarcar para


um mestrado em Economia na University College
London (UCL), que está entre as dez melhores
universidades do mundo. “Escolhi minhas opções
com base em três fatores.

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SOBRE O PROGRAMA

Checklist inicial:
Quais são os documentos necessários para o primeiro deadline, em novembro.

- Histórico escolar da graduação (se houver alguma pós-graduação realizada, também)

- Certificado de conclusão do curso ou diploma

- Dois anos de experiência profissional comprovados, em trabalhos remunerados ou não


(ou seja, descritos com detalhes na plataforma)

- Três opções de curso de mestrado full-time no Reino Unido

- Duas referências acadêmicas ou profissionais

Checklist depois da aprovação:


Nesse caso, o prazo estabelecido vai até julho do ano seguinte ao primeiro deadline (e do mesmo ano em que o
estudante embarcará para estudar, caso aprovado). Entretanto, vale lembrar que é possível submeter tais documentos
desde o início do processo seletivo.

- Teste de proficiência em inglês aceito pelo Chevening

- “Unconditional offers” de, ao menos, uma das universidades listadas

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REDAÇÃO SOBRE Para o mineiro Brener Seixas, que embarca para
London School of Economics como bolsista do

LIDERANÇA
programa, a chave foi demonstrar envolvimento
com alguma causa ou projeto . “Nesse momento,
é importante também pensar em situações como
À primeira vista, a temática “liderança” pode voluntariados e formas de engajamento com a
assustar. Afinal, o que pode comprovar que sociedade civil”, cita ele.
alguém apresenta habilidades de liderança? Isso
se restringe a ter posições de comando listadas Na hora de elaborar o texto, também se deve evitar
no currículo? Para um programa tradicional como alguns erros clássicos. Entre eles, ficar intimidado
o Chevening, liderança faz parte do pacote entre diante dessa palavra e diminuir os próprios feitos,
os aprovados. E é por isso que há uma seção da ao usá-los no texto. Outro erro comum é optar pelo
candidatura em que o candidato deve responder caminho oposto, exagerando as contribuições
a perguntas sobre o tema, baseado em suas para um projeto ou mesmo mentindo. “Na hora da
experiências pessoais. entrevista, você será questionado a partir do que
escreveu nessa etapa”, ressalta Brener, que fará
Para contar como uma experiência válida de mestrado em Sociologia na LSE.
liderança, entretanto, não é necessário ter algum
feito conhecidos mundialmente ou um cargo
C-Level. Nesse caso, o candidato deve demonstrar
características-chave para um bom líder. Entre elas
proatividade, capacidade de engajar pessoas em
projetos e de influenciar quem está ao redor.

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LIDERANÇA

Como escrever um bom essay sobre liderança


“O mais importante foi não só ter consciência das minhas conquistas, mas principalmente do impacto que
elas tiveram”, resume o fotógrafo curitibano Tom Lisboa, também Chevener este ano. Em outras palavras,
não se trata de conquistar apenas para si mesmo, mas de saber quais efeitos estas conquistas tiveram.

Não se trata, necessariamente, de estar por trás de grandes decisões políticas ou projetos, mas sim de ter clareza
sobre como sua atuação produziu efeitos positivos para uma comunidade, instituição ou área do conhecimento.

Confira agora algumas dicas práticas para elaborar o texto.

#1 Faça um brainstorm sobre habilidades de liderança


Se o conceito de liderança ainda parece confuso o jeito é dar um passo para trás. Em um primeiro
momento, liste algumas características que associa a líderes, sejam eles conhecidos ou não. Por exemplo, a
capacidade de identificar necessidades de sua comunidade. Ou, ainda, uma aptidão para motivar a equipe,
ao mesmo tempo em que busca resultados.

A partir dessa lista, pense em quais situações de sua trajetória se encaixam em cada traço de liderança.
Os exemplos podem ser tirados da vida pessoal, do seu histórico acadêmico ou no mercado de trabalho.
Neste brainstorm inicial, não coloque nenhum filtro e preocupe-se apenas em se lembrar de todas as
experiências possíveis.

#2 Para cada item, um resultado


Ter uma noção clara dos impactos das próprias ações demanda atenção e autoconhecimento. Por isso, parta
do primeiro brainstorm para, então, refletir sobre o significado de cada experiência.

É possível listar números que indiquem o bom desempenho de um projeto, indicação a prêmios ou mesmo
aspectos que pareçam menos exatos ou mensuráveis. Atuar em advocacy em prol de uma causa, por
exemplo, pode não acarretar efeitos imediatos.

Se necessário, pergunte a colegas e amigos que possam ajudar nessa reflexão. Questione quais tipos
de impacto um membro da equipe enxergou em determinadas ações, ou converse com um amigo sobre
projetos antigos dos quais vocês participaram.

#3 Um líder do futuro
Se a ideia é conseguir uma bolsa que apoie seus estudos, nada mais justo do que esboçar os impactos
disso. Como líder, você se desenvolverá com esse período no exterior de que forma? De que maneira o
mestrado no Reino Unido se encaixa no seu plano de impactar mais pessoas?

Lembre-se, entretanto, de conectar os pontos. Ou seja, estabeleça a ligação entre os esforços passados -
em projetos, empregos e voluntariados - e os seus planos para o futuro.

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NETWORKING Para um programa como o Chevening, não é
diferente. Ano após ano, a iniciativa seleciona
milhares de líderes do mundo todo e os mantém
“Rede de contato com pessoas que ocorrem no dia
conectados como bolsistas e ex-bolsistas. Na rede
a dia para inúmeras necessidades e, especialmente,
de alumni, estão presidentes de países como a Costa
para a carreira profissional”. Essa é a definição de
Rica, ministros, empresários e artistas reconhecidos.
networking para o dicionário Michaelis, em bom
português. Em outras palavras, o termo descreve
Por isso, já na primeira etapa de seleção, espera-
a capacidade de formar conexões com pessoas e
se que cada candidato explique como está apto
mobilizá-las quando necessário.
e interessado a desenvolver networking. Também
nessa redação, vale a máxima “show, don’t tell” - ou
A relevância desses laços - e possibilidade de
seja, mostre exemplos, não diga apenas.
construí-los - é conhecida há tempos. Afinal, quem
nunca ouviu a teoria de que todo mundo está a apenas
Para a paulista Vivian Rubia, aprovada no programa
seis pessoas de “distância” de outra pessoa? Essa ideia
este ano, foi simples elencar exemplos. Ela
surgiu em 1967, com um estudo de psicologia chamado
trabalhara por anos na área de captação de
“The Small World Problem” e ganhou o mundo.
recursos para organizações do terceiro setor, e
essa habilidade fazia parte da sua job description.
Colocar as capacidades de networking em ação é
Entretanto, ela ressalta que a proposta do
aproximar dois extremos, através de pontos comuns.
Chevening vai além. “É como você usa sua rede de
Encontrar um conhecido que tenha o contato de um
contatos para aprender, para evoluir”, resume.
nome conhecido na sua indústria de interesse, por
exemplo, conta como “networking”.

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Como escrever um bom essay sobre networking


Mesmo para quem está em começo de carreira, há uma série de conexões possíveis. Do ensino técnico
à faculdade, incluindo estágios e projetos voluntários, sempre há oportunidades para conhecer novas
pessoas. Networking, então, é ter consciência dessa rede e usá-la consistentemente ao longo dos anos.

“Você precisa mostrar que, quando precisou, conseguiu mobilizar seus contatos”, explica Vivian. “Pode
ser a comunidade de alunos da sua faculdade, a sua rede de amigos”. É importante, portanto, ter clareza
das próprias experiências anteriores que apontam essa capacidade.

Exemplos mais simples, como a mobilização de uma comunidade para eventos filantrópicos, podem entrar
para a lista. Outras opções são organização de grupos de pesquisa, conferências, atuação transversal em
várias áreas de uma empresa…

Não se trata de ter um bom número de contatos na agenda para mostrar. “O Chevening não mede o
tamanho da sua rede, mas a sua capacidade de mobilizá-la e a sua capacidade de influência”.

Veja dicas práticas para elaborar o texto:

#1 Reflita sobre as pessoas envolvidas em cada conquista sua


Depois de um brainstorm inicial sobre experiências acadêmicas e profissionais, que valem para todos
os essays, esse é o momento de “filtrá-los”. Nesse caso, pelo crivo da rede. Vale circular as principais
conquistas que fazem parte da lista e refletir, então, sobre a execução delas.

Em vez de pensar isoladamente sobre seu papel, reflita sobre quem estava em volta. Precisou coordenar uma
iniciativa que mobilizou diversos setores da empresa? Teve de organizar uma rede de voluntários, ou lançou
uma campanha? Não se limite ao mercado de trabalho, e incorpore exemplos da academia e da vida pessoal.

#2 Conecte os pontos
Para redigir um texto mais completo, estabeleça relações entre suas redes. Uma das indicações de Vivian,
que embarca para o mestrado na Universidade de Westminster, é de olhar para os planos no Reino Unido.
“Tire um tempo para pesquisar as entidades com que a universidade tem relação”, exemplifica ela.

Isso ajudará não só no momento da application, mas também no período do curso no exterior. Afinal,
conexões do tipo ajudam em termos práticos, como a obtenção de estágios acadêmicos no verão.

#3 Pense no futuro
Como regra geral, é importante dar a dimensão sobre como cada habilidade será desenvolvida no futuro.
Uma pergunta inicial pode ser “de que forma a formação acadêmica no Reino Unido vai me colocar em
contato com pessoas de organizações que me interessam?”.

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POR QUE Já no formulário inicial, deve-se apontar quais são
os cursos e em quais instituições são ministrados.

REINO UNIDO
Essa escolha não pode ser alterada em outros
estágios do processo.

O ambiente acadêmico do Reino Unido tem uma Mais do que fornecer essa indicação de escolas,
fama a zelar – são muitas universidades britânicas é necessário explicar os motivos pelos quais se
figurando entre as melhores do mundo em rankings interessa pelo país - e em suas universidades de
universitários internacionais. Para ter uma ideia, a prestígio - como destino acadêmico.
última edição do ranking lançado pela Quacquarelli
Symonds elencou oito instituições britânicas entre
as 50 melhores do mundo. Já o Times Higher
Education, por sua vez, colocou sete universidades
do país entre os destaques.

Além disso, nomes conhecidos como Oxford e


Cambridge também indicam o nível de tradição,
com séculos de experiência em educação.

Com uma escolha difícil pela frente, portanto, os


candidatos ao Chevening precisam refletir antes de
selecionar suas três opções.

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REINO UNIDO

Saiba como escrever um bom essay sobre “estudar no Reino Unido”


Na descrição dada pelo Chevening, na proposta de redação, são três os aspectos principais. Primeiro,
esboçar as motivações por trás da escolha de cada instituição de ensino. Segundo, explicar como essa
decisão conecta-se com as suas experiências profissionais e acadêmicas futuras. Por fim, falar sobre
planos futuros e como se relacionam ao período de mestrado no exterior.

Para colocar em prática tais indicações, veja dois passos principais.

#1 Seja específico
Ou seja, vá além dos rankings internacionais. Já está claro que o ambiente acadêmico britânico tem boa
fama nessas classificações. Então, encontre mais motivos que levaram à sua escolha pela instituição. O
economista mineiro Rafael Rubião, que iniciou seu mestrado na UCL, sugere um critério de análise. “Pensei na
compatibilidade da expertise de departamentos e professores com minhas preferências dentro do ramo da
Economia”.

Já Tayana Ortix, de Manaus, seguiu um plano determinado em sua seleção. Primeiro, partiu das melhores
colocadas em rankings voltados a supply-chain, sua área de interesse. Depois, filtrou melhor as opções,
com base na abordagem e grade do curso, bem como a cidade em que cada instituição estava. “No meu
caso, queria estudar em uma cidade pequena, tranquila, em que eu pudesse focar nos estudos, mas sem
estar muito longe das metrópoles”, explica ela. Assim, escolheu a Universidade Cranfield, que apresenta
apenas cursos de pós-graduação e se destaca em áreas de business e management.

#2 Estabeleça os pontos em comum


De que forma o perfil das universidades se encaixa com o seu? Deixe claro como seus interesses
acadêmicos e profissionais estão representados nas opções de curso. Pode ser por meio de disciplinas
ministradas, por exemplo, ou de professores.

“Na UCL, leciona e pesquisa a professora que foi a principal referência do meu TCC de Bacharelado em
Economia”, exemplifica Rafael Rubião. Ele também considerou outros “pontos em comum” na application -
entre eles, os interesses do Reino Unido em suas relações com o Brasil.

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PLANO DE Em resumo, a redação deve considerar três pontos.
Primeiro, as experiências profissionais e acadêmicas

CARREIRA
mais relevantes devem estar bem “amarradas” aos
planos de estudo no Reino Unido. Segundo, os cursos
escolhidos devem estar conectados às suas decisões
“Como você se vê em dez anos?”. Essa é uma de carreira. Por último, é fundamental explicar como
questão feita recorrentemente em entrevistas de tais passos levarão o candidato para mais longe.
emprego. Variáveis dela também são comuns,
incluindo detalhes sobre cargos almejados ou “Acho que ajuda pensar na seguinte lógica: eu fiz
instituições onde se deseja trabalhar. Na seleção coisas bacanas, mas quero fazer mais”, resume
para o Chevening, o assunto também entra em pauta. Helyn Thami, que embarca para a Universidade de
Birmingham. Algumas perguntas podem ser feitas para
Já na primeira etapa do processo, o programa dar início ao processo de autoconhecimento de cada
solicita que o candidato esboce um plano de um. “Como o Chevening pode ajudar a chegar aonde
carreira. Como nas outras questões, as experiências desejo? Quais habilidades esses cursos podem me
listadas devem se encaixar com as intenções ajudar a desenvolver e que são necessárias para o
futuras. Ou seja, cada item destacado no currículo meu objetivo final de carreira?”, lista a carioca.
ou que apareça nos essays deve fazer sentido junto
ao restante do texto. Em resumo, é importante entender a experiência de
estudar no Reino Unido com uma bolsa Chevening
não como um fim em si só, mas como um passo
importante em direção à trajetória almejada.

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CARREIRA

Como escrever um bom essay sobre plano de carreira


Como o nome sugere, é bom ter um plano. Isso porque, por meio de uma proposta de texto como
essa, é necessário contar uma história que faça sentido aos avaliadores. Ou seja, o plano deve ter
começo, meio e fim e evidenciar quais foram os passos anteriores - e quais os futuros - do candidato.
Também é necessário entender que tipo de habilidade, oportunidade de networking e conhecimento
o mestrado agregará.

Para escrever uma boa redação, confira três passos principais.

#1 Elabore um roteiro
Para um bom plano, o primeiro passo seria um bom roteiro. Parta do brainstorm inicial de experiências
passadas e conquistas para entender melhor a sua própria trajetória. Com seus cursos de interesse em
mente, circule os itens que se encaixam. Por exemplo, se a intenção é estudar empreendedorismo, talvez
valha destacar passagens por startups, uma experiência empreendedora ou formação na área.

Lembre-se de contar a história de forma que faça sentido, elencando acontecimentos da carreira de forma
cronológica. Isso ajudará o avaliador a entender o caminho traçado e, de quebra, torna o texto mais fluido.

#2 Não se esqueça de mostrar resultados


A máxima de toda a application é “show, don’t tell” (em inglês, “mostre, não fale”). Pensando nisso, esboce
alguns dos resultados para cada “passo” dado. Podem ser citados prêmios, promoções na empresa e
mesmo impacto de campanhas e projetos sociais. “Fale sobre os momentos em que você foi melhor
sucedido, sem ser técnico ou descritivo demais, já que o espaço é bem limitado”, pontua Helyn.

Formada em Odontologia, ela atuou com pesquisa em Engenharia dos Materiais antes de enveredar pela
área de Saúde Pública. Com essa trajetória, optou por mostrar como a formação no Reino Unido a ajudaria a
vencer obstáculos que encontra enquanto profissional.

#3 Não tenha medo de decisões de carreira não tão óbvias


Assim como Helyn Thami, o paranaense André Hedlund teve uma carreira pouco linear. Atuou por anos como
professor de inglês, e decidiu se candidatar a um mestrado na área de neurociência e aprendizado. Prestes
a embarcar para a Universidade de Bristol, ele ressalta que as decisões menos óbvias de carreira também
são bem-vindas.

“Tente demonstrar como cada profissão, projeto ou experiência de vida torna você único e necessário para
o programa”, aconselha ele. Já que o Chevening busca líderes em diversas áreas, ter uma carreira não linear
pode contar pontos. “Por um lado, isso indica que se tem um repertório mais amplo”.

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ENTREVISTA A resposta é simples: um painel amistoso, sem

FINAL
pegadinhas e atento aos detalhes da trajetória de
cada candidato. Em geral, essa etapa dura até trinta
minutos e define quem será selecionado, colocado
Depois de uma leva de redações e mais uma série na lista de espera ou eliminado do processo.
de documentos a submeter, os aprovados são
convidados à segunda fase do processo. No caso Como a decisão final será tomada a partir de uma
do Chevening, a última etapa consiste em uma uma conversa breve, é comum que os candidatos
entrevista presencial em inglês. Em média, cada fiquem ansiosos. Além de meditar e manter a
candidato encara uma sala com três entrevistadores, confiança em dia, os conselhos dos aprovados são
de diferentes áreas. bastante variados.

É o momento de dar detalhes sobre as experiências Abaixo, confira três passos essenciais para se
listadas no application, expor resultados e sanar preparar para a entrevista final.
dúvidas dos avaliadores. Como qualquer conversa
do tipo, pode gerar certo nervosismo de quem se
interessa pelo programa. Afinal, o que esperar de
questionamento, vindo de um dos programas de
bolsa mais tradicionais do mundo?

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FINAL

#1 Use sua application como ponto de partida


Os questionamentos serão feitos com base nas informações fornecidas na primeira etapa da candidatura.
Ou seja, na hora agá, os entrevistadores farão anotações com base no que já sabem sobre cada um e sobre
os detalhes fornecidos.

Por isso, é importante saber de cor cada ponto tratado nos essays e apresentá-los de maneira firme. Para
isso, uma das técnicas aconselhadas é a metodologia STAR, que descreve cada item em quatro etapas:
Situação, Tarefa, Ação e Resultados, de modo a dar uma ideia mais “completa” ao entrevistador”.

#2 Prepare-se para os primeiros cinco minutos


Na fase inicial da conversa, a ansiedade pode bater à porta. Como explica Brener Seixas, recém-aprovado
no Chevening para um mestrado em Sociologia, a descarga de adrenalina aparece logo de cara. Gaguejos e
receio na hora de falar são comuns, e podem parecer sinal de despreparo.

E qual a solução para sofrer menos os efeitos disso? “Eu recomendo ter uma pequena introdução bem
memorizada, para amenizar a baixa performance que os minutos iniciais causarão”, orienta ele. “Depois
disso, tudo ficará melhor”.

#3 Pratique cada pergunta


Há uma lista de perguntas recorrentes para o Chevening, que vão de “qual o líder que você mais admira” até
assuntos tratados nos essays. Algumas das apontadas entre as mais comuns estão:

a. Why do you want to study in the UK?


b. Why did you choose to study that course / in that university?
c. Why did you think you can be a future leader?
d. Short term and long term professional goals.
e. How will the country benefit from your experience and expertise in the future?

Por isso, não tenha medo de ensaiar suas respostas. Não se trata de mentir, mas de conseguir expô-las de
forma concisa e clara, em uma língua estrangeira.

Mas as perguntas, naturalmente, vão ter como embasamento suas próprias experiências. Então certifique-se de
que você consiga falar sobre sua trajetória, seus resultados e aprendizados com clareza – e também em inglês.

Para adquirir prática, vale procurar a ajuda de amigos que saibam inglês e possam dar feedbacks sobre a
apresentação. Além disso, falar em frente ao espelho, sempre em língua inglesa, ajuda.

#4 Tenha uma carta na manga


Em termos gerais, a candidatura toda gira em torno dos essays, que revelam aspectos importantes sobre
o candidato. Então, nada mais justo do que detalhar à banca examinadora cada ponto abordado, e sanar
dúvidas que ficaram.

Mas, como carta na manga, a amazonense Tayana Ortix recomenda um “extra”. “Outros exemplos de liderança
e networking podem ser um plus na sua entrevista”, opina ela.

#5 Busque técnicas para se acalmar


A ansiedade é normal em todo tipo de processo seletivo, incluindo o Chevening. Por isso, vale recorrer a
técnicas de relaxamento nos últimos minutos antes da conversa. Entre eles estão exercícios de respiração e
recursos de linguagem corporal – como a “postura de poder”. Encontrar a alternativa que funcione melhor
pode ajudar na hora agá.

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Textos
Priscila Bellini

Edição
Nathalia Bustamante

Design
Aaron Saiki

Fundação Estudar, 2018

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