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SÉRIE AUTOMAÇÃO

Manutenção de
Sistemas de
Automação e TI
SERVIÇO NACIONAL DE APREN-
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI
DA INDÚSTRIA - CNI
Conselho Nacional
Robson Braga de Andrade
Presidente Robson Braga de Andrade
Presidente
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO
E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SENAI - DEPARTAMENTO
NACIONAL

Rafael Esmeraldo Lucchesi


Ramacciotti
Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Troca de pneu furado.............................................................................................. 18
Figura 2 - Manutenção eficiente.............................................................................................. 19
Figura 3 - Substituição de processador defeituoso .............................................................. 21
Figura 4 - Transtorno da manutenção não planejada .......................................................... 21
Figura 5 - Fábrica de gelo ......................................................................................................... 23
Figura 6 - Manutenção preventiva .......................................................................................... 24
Figura 7 - Exemplo de planejamento de manutenção ......................................................... 27
Figura 8 - Substituição de RJ45 ................................................................................................ 31
Figura 9 - Troca de lâmpada .................................................................................................... 33
Figura 10 - Checklist ................................................................................................................. 34
Figura 11 - Detector de fumaça ............................................................................................... 35
Figura 12 - Gráfico de Gantt..................................................................................................... 35
Figura 13 - Previsão de recursos ............................................................................................. 38
Figura 14 - Portabilidade de software entre diferentes dispositivos................................... 40
Figura 15 - Interfaces que interagem com a manutenção................................................... 41
Figura 16 - Fluxo de criação de comentários ......................................................................... 43
Figura 17 - Indicadores de desempenho ............................................................................... 44
Figura 18 - ISO 9001 .................................................................................................................. 50
Figura 19 - Procedimento......................................................................................................... 51
Figura 20 - Manuais do fabricante ......................................................................................... 52
Figura 21 - Lubrifil ..................................................................................................................... 52
Figura 22 - Inspeção dos freios ............................................................................................... 53
Figura 23 - Meio físico e meio digital ...................................................................................... 54
Figura 24 - Exemplo um catálogo............................................................................................ 55
Figura 25 - Diagrama de cabeamento estruturado .............................................................. 56
Figura 26 - Papel e digitalização .............................................................................................. 57
Figura 27 - Interfaces de uma empresa ................................................................................ 58
Figura 28 - Diferentes recursos para diferentes tipos de usuários .................................... 60
Figura 29 - Diagrama de causa e efeito .................................................................................. 67
Figura 30 - Exemplo de diagrama de causa e efeito............................................................. 68
Figura 31 - Diagrama de Ishikawa ........................................................................................... 71
Figura 32 - Cabo de força danificado ...................................................................................... 73
Figura 33 - Software e uma placa conectada na serial ......................................................... 75
Figura 34 - Multímetro .............................................................................................................. 76
Figura 35 - Osciloscópio de bancada ...................................................................................... 77
Figura 36 - Testador de cabos ................................................................................................. 78
Figura 37 - Borne de entrada de alimentação do CLP.......................................................... 81
Figura 38 - Borne de alimentação do CLP .............................................................................. 82
Figura 39 - Borne de alimentação para as saídas do CLP .................................................... 83
Figura 40 - Análise de sinais utilizando osciloscópio ............................................................ 84
Figura 41 - Anúncio de cancelamento .................................................................................... 87
Figura 42 - Ferramentas para corte ........................................................................................ 88
Figura 43 - Procedimento troca de conector RJ45 ................................................................ 89
Figura 44 - Aplicação dos testes de continuidade................................................................. 90
Figura 45 - Esquema de uma planta industrial ..................................................................... 94
Figura 46 - Excesso de poeira em placa de circuito eletrônico ........................................... 95
Figura 47 - Lavando PCB com água ........................................................................................ 96
Figura 48 - Limpeza com pincel e soprador........................................................................... 96
Figura 49 - Gerenciamento do código-fonte.......................................................................... 98
Figura 50 - Acessando pasta .................................................................................................... 98
Figura 51 - Iniciando um repositório ...................................................................................... 99
Figura 52 - Preparando arquivos para gravar no repositório ............................................. 99
Figura 53 - Fazendo um commit ............................................................................................ 99
Figura 54 - Configurando nome e e-mail .............................................................................. 99
Figura 55 - Verificar status ....................................................................................................100
Figura 56 - Verificar status ....................................................................................................100
Figura 57 - Atualizando repositório ......................................................................................100
Figura 58 - Adicionar todos os arquivos para commit ......................................................100
Figura 59 - Histórico de commit ...........................................................................................101
Figura 60 - Tela de histórico...................................................................................................101
Figura 61 -  Histórico de commit estendido.........................................................................101
Figura 62 - Tela de histórico estendida ................................................................................102
Figura 63 - Procedimento para instalação de firmware ....................................................104
Figura 64 - Backup .................................................................................................................105
Figura 65 - Capacitor eletrolítico, face shield e óculos .......................................................109
Figura 66 - Robô antropomórfico .........................................................................................109
Figura 67 - Postura para trabalho com computador na posição sentado .......................110
Figura 68 - Uso de EPI para proteção ...................................................................................111
Figura 69 - Qualidade ambiental ...........................................................................................116
Figura 70 - Prevenção à poluição ..........................................................................................118
Figura 71 - Aquecimento global ............................................................................................119
Figura 72 - Efeito Estufa .........................................................................................................120
Figura 73 - Descarte de resíduos ..........................................................................................121
Figura 74 - Uso racional dos recursos e energias ...............................................................124
Figura 75 - Trabalho em equipe ............................................................................................130
Figura 76 - Motivação .............................................................................................................133
Figura 77 - Capacitação de equipe ........................................................................................135
Figura 78 - Avaliação de desempenho .................................................................................136
Figura 79 - Comunicação em equipe ....................................................................................137

Gráfico 1 - Gráfico de Pareto .................................................................................................... 69

Quadro 1 - Tipos de manutenção ............................................................................................ 20


Quadro 2 - Amostra dos registros ........................................................................................... 29
Quadro 3 - Exemplo de ordem de serviço .............................................................................. 30
Quadro 4 - Exemplo de lista de ferramentas ......................................................................... 32
Quadro 5 - Parâmetros do OEE ................................................................................................ 47
Quadro 6 - Atividades necessárias em um sofware de manutenção................................... 59
Quadro 7 - Causas de retrabalho............................................................................................. 69
Quadro 8 - Planilha FMEA/FMECA............................................................................................ 72
Quadro 9 - Changelog de atualização de firmware ............................................................... 79
Quadro 10 - Medindo fonte ...................................................................................................... 85
Quadro 11 - Circuito aberto e circuito fechado ..................................................................... 91
Quadro 12 - Procedimento de teste de continuidade em componentes ........................... 91
Quadro 13 - Exemplos de componentes eletrônicos ............................................................ 92
Quadro 14 - Datasheet 1N4001 ............................................................................................... 93
Quadro 15 - Backup automático ............................................................................................106
Quadro 16 - Grupos de riscos ambientais e as respectivas cores de identificação ........108
Quadro 17 - Normas para descarte de resíduos .................................................................122
SUMÁRIO
1 Introdução ............................................................................................................................... 12

2 Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) ............................................................... 18


2.1 Definição ................................................................................................................... 19
2.2 Tipos de manutenção .............................................................................................. 20
2.2.1 Corretiva ..................................................................................................... 21
2.2.2 Preditiva ..................................................................................................... 22
2.2.3 Preventiva .................................................................................................. 24
2.2.4 Evolutiva ..................................................................................................... 25
2.2.5 Adaptativa .................................................................................................. 25
2.2.6 Perfectiva.................................................................................................... 25
2.3 Plano de manutenção ............................................................................................. 26
2.3.1 Histórico de manutenção ......................................................................... 28
2.3.2 Ordens de serviço ..................................................................................... 29
2.3.3 Lista de ferramentas ................................................................................. 31
2.3.4 Procedimentos de manutenção e checklist das tarefas....................... 32
2.3.5 Cronograma ............................................................................................... 34
2.3.6 Métricas de manutenibilidade ................................................................. 36
2.3.7 Previsão de recursos ................................................................................ 37
2.4 Revisão de requisitos............................................................................................... 39
2.4.1 Áreas de melhoramentos futuros ........................................................... 39
2.4.2 Aspectos de portabilidade do software ................................................. 39
2.4.3 Interfaces que poderiam impactar a manutenção ............................... 41
2.4.4 Revisão de código ..................................................................................... 42
2.5 Indicadores de desempenho de manutenção ..................................................... 43
2.5.1 Número médio de falhas de processamento ........................................ 44
2.5.2 Pessoas-horas despendidas em cada categoria de manutenção ....... 45
2.5.3 Tempo médio de processamento para um pedido de manutenção.. 45
2.5.4 Porcentagem de pedidos de manutenção por tipo .............................. 46
2.5.5 Produtividade (OEE): disponibilidade, eficiência e qualidade ............. 47
2.6 Documentação técnica ............................................................................................ 49
2.6.1 Normas ....................................................................................................... 50
2.6.2 Procedimentos técnicos ........................................................................... 50
2.6.3 Manuais e catálogos ................................................................................. 51
2.6.4 Projetos ...................................................................................................... 56
2.7 Software de gestão de manutenção...................................................................... 57
2.7.1 Recursos ..................................................................................................... 58
2.7.2 Atalhos ........................................................................................................ 60
2.7.3 Operacionalização..................................................................................... 60
2.7.4 Indicadores ................................................................................................ 61
2.7.5 Relatórios ................................................................................................... 61

3 Execução da manutenção de sistemas de automação e TI............................................... 66


3.1 Análise de falhas ...................................................................................................... 67
3.1.1 Metodologias (Ferramentas de diagnóstico de falhas) ........................ 67
3.1.2 Procedimentos .......................................................................................... 70
3.1.3 Técnicas de execução ............................................................................... 73
3.2 instrumentos ............................................................................................................ 76
3.2.1 Multímetro ................................................................................................. 76
3.2.2 Osciloscópio ............................................................................................... 77
3.2.3 Testador de cabos .................................................................................... 78
3.3 Componentes e equipamentos dos sistemas ...................................................... 79
3.3.1 Especificações técnicas de manutenção ................................................ 79
3.3.2 Vida útil ....................................................................................................... 80
3.4 Procedimentos de manutenção ............................................................................. 80
3.4.1 Teste de circuitos de alimentação........................................................... 80
3.4.2 Análise de sinais ........................................................................................ 84
3.4.3 Reparos ou substituições ......................................................................... 86
3.4.4 Teste dos componentes e dispositivos .................................................. 89
3.4.5 Limpeza ...................................................................................................... 95
3.4.6 Alterações de códigos em software ....................................................... 97
3.4.7 Alterações de configurações..................................................................102
3.4.8 Atualização de firmware e software ....................................................103
3.4.9 Backup .....................................................................................................104
3.5 Procedimentos de segurança e sustentabilidade..............................................107
3.5.1 Riscos ocupacionais ................................................................................107
3.5.2 Normas de segurança ............................................................................108
3.5.3 Medidas de proteção ..............................................................................110
3.5.4 Descarte de resíduos ..............................................................................111

4 Qualidade ambiental ............................................................................................................116


4.1 Homem e meio ambiente .....................................................................................117
4.2 Prevenção à poluição ambiental ..........................................................................118
4.3 Aquecimento Global ..............................................................................................119
4.4 Descarte de resíduos .............................................................................................121
4.5 Uso racional de recursos e energias disponíveis ...............................................124
4.6 Energias renováveis ...............................................................................................125

5 Desenvolvimento de equipes de trabalho ........................................................................130


5.1 Níveis de autonomia nas equipes de trabalho ..................................................132
5.2 Motivação de pessoas ...........................................................................................133
5.3 Capacitação ............................................................................................................135
5.4 Avaliação de desempenho ....................................................................................136
5.5 Processos de comunicação...................................................................................137

Referências ...............................................................................................................................141

Minicurrículo dos autores .......................................................................................................143

Índice .........................................................................................................................................144
1
Prezado aluno,

É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz
o livro didático de Manutenção de Sistemas de Automação e TI.
Este livro tem como objetivo propiciar o desenvolvimento de capacidades técnicas e
socioemocionais, requeridas para atuar na Manutenção de Sistemas de Automação e TI.
Nos capítulos a seguir estudaremos planejamento e controle da manutenção e execução
da manutenção em sistemas de automação e TI.
Veremos o conceito e os tipos de manutenção. Conheceremos também novos tipos de
manutenção, assim como sua necessidade. Ainda, importantes itens abordados em um plano
de manutenção, como os indicadores utilizados na manutenção, a influência da documenta-
ção técnica na construção do plano de manutenção e os softwares de gestão de manutenção.
Abordaremos os conceitos de falha, assim como as metodologias utilizadas na análi-
se dessas falhas. Discutiremos sobre a escolha das ferramentas e instrumentos usados na
execução da manutenção. Além disso, acerca da abordagem dos procedimentos de manu-
tenção voltados para sistemas automação e TI e procedimentos de segurança e sustenta-
bilidade.
Estudaremos sobre qualidade ambiental, o que contempla noções sobre meio ambien-
te, reciclagem de resíduos, uso racional de recursos e prevenção ambiental.
Por fim, veremos fatores que afetam o desenvolvimento de equipes de trabalho e como
uma capacitação contínua pode melhorar o nosso desempenho em equipe.

1 Introdução
1 INTRODUÇÃO 13

Os tópicos abordados neste livro levarão você a desenvolver capacidades técnicas e socioemocionais,
conforme descrito a seguir.

CAPACIDADES TÉCNICAS

a) Detalhar as funções das linhas de código para registro técnico das informações dos softwares
corrigidos;
b) Identificar os procedimentos técnicos de registro e guarda de informações contidas nas instru-
ções de trabalho;
c) Aplicar ferramentas de elaboração de documentação para registro da manutenção;
d) Identificar os riscos envolvidos no processo de manutenção para adoção das medidas normati-
vas aplicáveis;
e) Identificar os requisitos normativos relacionados à manutenção para garantia do atendimento
das especificações técnicas nacionais e internacionais, de segurança, qualidade e sustentabilida-
de;
f) Identificar os tipos, periodicidade e históricos para organização das ações de manutenção;
g) Selecionar materiais, ferramentas e insumos em função das ações previstas no plano de manu-
tenção e/ou ordem de serviço, para manter o sistema de informação dos processos automatiza-
dos;
h) Aplicar procedimentos técnicos de manutenção em função das demandas previstas no plano e/
ou ordem de serviço, para manter o sistema de informação dos processos automatizados;
i) Identificar as especificações técnicas dos dispositivos para diagnóstico das falhas dos sistemas de
informação dos processos automatizados;
j) Correlacionar a equivalência de funcionalidades entre distintos dispositivos para substituições
em caso de obsolescência.

CAPACIDADES SOCIOEMOCIONAIS

a) conscientizar-se sobre o papel do trabalhador na preservação do meio ambiente e no cumpri-


mento das normas aplicadas à sustentabilidade;
b) Valorizar o planejamento e a organização do trabalho como facilitadores do desenvolvimento da
postura profissional;
c) Apresentar pensamento sistêmico, de forma organizada e consciente, no relacionamento com
as equipes de trabalho;
d) Evidenciar postura ética na tomada de decisão dos aspectos sob sua liderança, responsabilizan-
do-se pelos impactos gerados;
14 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

e) Valorizar o seu papel como coordenador de equipes e processos de trabalho, considerando seus
pares e os demais níveis hierárquicos;
f) Demonstrar postura profissional orientada à inovação, aplicando-a no planejamento e execução
das suas atividades.

É importante entender que você é o principal responsável pela sua formação, sendo assim:
a) Consulte seu professor-tutor, em caso de dúvida;
b) É recomendável realizar um planejamento de estudo;
c) Tenha autonomia para estudar;
d) Realize pausas em estudos mais longos.
1 INTRODUÇÃO 15
2
Quando um pneu fura, o motorista tem que levá-lo a uma borracharia para repará-lo, ou
quando não há mais jeito de reparar o pneu, ele precisa ser substituído. As ações emprega-
das no pneu fazem parte da manutenção do automóvel.

Figura 1 - Troca de pneu furado


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

No nosso dia a dia há muitos exemplos de manutenção, como a manutenção de carro,


televisão, residencial, etc. Mas, como são as manutenções de sistemas de automação e TI?
Você já se perguntou?
As manutenções nos sistemas de automação e TI também podem ocorrer em situações
em que seja necessário reparar ou substituir alguns elementos deste sistema para mantê-
-lo funcionando. Por exemplo, a fonte de alimentação pode sofrer avarias decorrente de
descarga atmosférica (raios) e, por isso, será necessário substituí-la ou repará-la (trocar um
diodo, por exemplo).

2 Planejamento e Controle
da Manutenção (PCM)
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 19

2.1 DEFINIÇÃO

O significado da palavra manutenção, como o próprio nome diz, está ligado ao verbo manter, ou seja,
conservar determinado sistema em funcionamento e em bom estado. Trata-se de um serviço necessário
para que seja retomado o desempenho de um sistema ou para manter o sistema funcionando sem inter-
rupções não planejadas.
Em manutenção de sistemas de TI, um exemplo de manutenção é a atualização do firmware1 de um
roteador. Essas atualizações disponibilizadas pelos fabricantes visam eliminar erros que podem ocorrer no
sistema, mas só foram detectados após o produto estar no mercado.
Agora que já sabemos o que é manutenção, podemos falar em planejamento e controle da manuten-
ção ou PCM, que são atividades que visam planejar e controlar a manutenção. Um bom PCM leva e consi-
deração o tempo, os recursos, os custos da manutenção e os integra à rotina da empresa. Logo, uma das
primeiras atividades em um PCM é elaborar um cronograma que adéque os recursos a serem utilizados ao
tempo e determine qual o melhor momento para cada manutenção.
Outra característica importante de um PCM é a padronização, que faz com que a manutenção ocorra
de forma mais rápida e precisa, até porque um dos motivos de se fazer um PCM é melhorar a efetividade e
a confiabilidade, ou seja, minimizar o tempo necessário para realizar a manutenção e garantir que, após a
realização da manutenção, o sistema permaneça sem defeitos por, no mínimo, o tempo estipulado.

Figura 2 - Manutenção eficiente


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Ninguém gosta de surpresas desagradáveis, então, imagine o caso de empresas? Evitar manutenções
aleatórias é uma das principais motivações para se fazer um PCM, porque manutenções aleatórias repre-
sentam, financeiramente, gasto de dinheiro não previsto e perda produtiva. Um PCM deve ter um relacio-
namento bem íntimo com as finanças da empresa, até porque não adianta montar um PCM onde os custos
de manutenção ocupam a maior parte da receita da empresa. Então o PCM deve ser realista e manter o
equilíbrio entre o tempo, os recursos e os custos.
O PCM também é uma ferramenta que proporciona melhoria contínua na empresa. Com um contro-
le e histórico das manutenções, pode ser visto que certos equipamentos podem ficar maior tempo sem

1 Firmware: é um tipo de software de base que contém instruções básicas para a inicialização das rotinas de funcionamento de
um equipamento ou dispositivo, sem que seja necessária a interação com o usuário.
20 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

receber uma manutenção ou que os recursos empregados estão além do necessário para a realização da
manutenção, permitindo assim ajustes no planejamento.
Nós já demos o primeiro passo para desenvolver um PCM, que é saber o que é uma manutenção. Agora,
veremos mais sobre a manutenção propriamente dita, que costuma ser explicada em tipos, e alguns serão
apresentados a seguir.

2.2 TIPOS DE MANUTENÇÃO

Com a evolução da manutenção nas empresas, surgiram novas práticas, tipos e métodos de como rea-
lizar e gerenciar a manutenção. Foram pensadas e testadas algumas maneiras de como tratar as manuten-
ções, porque o objetivo está vinculado à otimização do período da manutenção e o melhor aproveitamen-
to dos materiais utilizados.
A metodologia a ser empregada para a realização da manutenção depende da forma com que ela será
tratada, pois uma metodologia a ser seguida poderá reduzir o tempo de manutenção, evitar atividades
desnecessárias e aproveitar ao máximo a vida útil dos componentes utilizados.
Existem tipos básicos de manutenção mais utilizados, e com o avanço tecnológico e a aplicação da ma-
nutenção em softwares, surgiram novos tipos de manutenção.

TIPOS DE MANUTENÇÃO

CORRETIVA
PREVENTIVA São os três tipos de manutenção mais conhecidos e
usados pelas empresas de uma forma geral.
PREDITIVA
EVOLUTIVA
Os novos tipos de manutenção em software estão ligados
ADAPTATIVA
ao motivo da mudança que o software sofrerá.
PERFECTIVA

Quadro 1 - Tipos de manutenção


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

As nomenclaturas e a forma com que são classificadas podem variar conforme o autor, pois ainda é um
tema que está em constante crescimento, mas as manutenções adaptativa e perfectiva estão definidas
através de norma.
A seguir, vamos definir cada tipo de manutenção.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 21

2.2.1 CORRETIVA

A manutenção corretiva é realizada para corrigir falhas ocorridas inesperadamente. Esta manutenção
consiste em identificar a falha, executar a ação corretiva e realizar o teste de funcionamento, retornando o
dispositivo para condições de uso.

Figura 3 - Substituição de processador defeituoso


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Quando um equipamento falha inesperadamente, sendo necessária a aplicação de uma manutenção


corretiva, a linha de produção é interrompida até que o problema seja solucionado. Esta situação gera
consideráveis perdas produtivas no processo.

Figura 4 - Transtorno da manutenção não planejada


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.
22 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

A manutenção corretiva deve ser aplicada como uma estratégia de manutenção em equipamentos
onde não há como prever a falha.
Outra situação em que se aplica a manutenção corretiva, é quando o impacto financeiro dessa ma-
nutenção é menor que empregar outro tipo de manutenção. Os custos analisados não se resumem aos
componentes a serem substituídos, englobam também o quanto a parada de um equipamento, que está
deixando de produzir para ser reparado, irá custar.
É importante observar que, toda vez que ocorrer a manutenção, é necessário registrar, mesmo no caso
em que ela não tenha sido planejada, pois é criado um histórico do equipamento. Além de auxiliar os ou-
tros técnicos, caso o equipamento pare novamente, com os registros, é possível prever os problemas que
podem ocorrer e programar os outros tipos de manutenção.
Em relação a software, uma manutenção corretiva ocorre quando há um erro residual ou bug. O bug
pode ser um erro no design, no código ou de lógica, que ocorre após o software estar em funcionamento.
Alguns componentes são danificados com muita facilidade, e as empresas estocam esses elementos.
Podemos utilizar, por exemplo, um resistor de terminação. Quando este tipo de resistor é danificado em
uma rede DeviceNet, é feita a sua substituição por um resistor em estoque.
Quando ocorre essa situação, dizemos que houve uma manutenção corretiva controlada, pois, mes-
mo a falha sendo imprevisível, o técnico está ciente de que pode acontecer e se prepara para quando
ocorrer.

2.2.2 PREDITIVA

Com o passar dos anos surgiram técnicas que monitoram e inspecionam o sistema, indicando o estado
de determinados módulos funcionais. Por exemplo, podemos citar técnicas de análise de vibrações em
máquinas operatrizes e seus efeitos sobre a caixa de engrenagens. Assim, torna-se possível medir o estado
de uma parte do equipamento e fazer a manutenção corretiva planejada antes da falha acontecer.
A manutenção preditiva utiliza algumas técnicas de análise ou inspeção não destrutiva, ou seja, mede
alguma condição sem danificar o elemento em análise. Essa ação originará uma tomada de decisão, que
pode ser:
a) Substituição;
b) Alteração de alguma condição;
c) Programação da intervenção;
d) Alteração da periodicidade de inspeção;
e) Manter o processo de inspeção periódica, pois a análise não demonstrou qualquer evidência de
possível anomalia.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 23

Esse tipo de manutenção tem um custo financeiro relativamente alto, costuma ser aplicado em equipa-
mentos críticos, em termos de custos e/ou alta necessidade de disponibilidade.
Imagine uma fábrica de gelo, que tem suas vendas muito mais fortes em um período do ano. É mais
custoso ter uma parada da máquina embaladora de gelo no inverno ou no verão?
A reposta certa é no verão, porque é a época onde o produto é mais vendido, logo, o custo da parada
para manutenção no verão será maior do que no inverno.
Na máquina, está instalado um analisador de vibrações em seus rolamentos. Falta 1 mês para o verão
iniciar e o sistema prevê que um dos rolamentos poderá sofrer uma ruptura no meio do verão brasileiro.
Com essa informação, o gestor da manutenção pode analisar se é mais vantajoso financeiramente para
a empresa substituir o rolamento um mês antes do verão ou deixar para substituir mais próximo ao verão.
Com o histórico de grandes vendas do verão, fica viável substituir o rolamento antes da chegada dele.

Figura 5 - Fábrica de gelo


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Usando uma manutenção preditiva, é possível saber quando o equipamento poderá apresentar falha
e, assim, realizar uma manutenção corretiva planejada em um período que não comprometa, ou que
comprometa o mínimo possível a produção, que no exemplo anterior poderia ser em um dia de domingo
ou no período noturno, onde a produção é reduzida.
Os instrumentos usados para a manutenção preditiva podem ser ligados a softwares de gerenciamento,
possibilitando a transmissão automática de informações para o histórico.
Com o alto custo da manutenção preditiva, é mais comum o uso da manutenção preventiva.
24 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

2.2.3 PREVENTIVA

A manutenção preventiva, segundo Kardec e Nascif (2009, p. 42), “[...] é a atuação realizada de forma
a reduzir ou evitar a falha ou queda no desempenho, obedecendo a um plano previamente elaborado,
baseado em INTERVALOS definidos DE TEMPO.” Isto é, com esta manutenção, é possível tomar ações que
possam evitar falhas mais complexas, ou até mesmo falhas indesejáveis pela aleatoriedade no período em
que elas possam acontecer.
Não confunda manutenção preventiva com manutenção preditiva. Lembre-se de que a preditiva foca
em prever quando um equipamento irá falhar através de técnicas de monitoramento. Já a preventiva são
intervenções realizadas periodicamente para que o equipamento não tenha falhas inesperadas e tenha
sua vida útil prolongada.
A manutenção preventiva tem como um dos objetivos evitar que uma manutenção corretiva não pla-
nejada aconteça. Portanto, há necessidade de planejamento, controle e realização da manutenção de for-
ma periódica. Além disso, ela deve ser realizada quando o sistema está em condições normais de funciona-
mento, prevenindo paralisações indesejadas nas atividades da empresa.

PREVENTIVA

Figura 6 - Manutenção preventiva


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

A periodicidade da manutenção preventiva deve ser registrada no plano de manutenção. O planeja-


mento deve levar em conta alguns fatores, por exemplo, o tempo de uso e a criticidade do equipamento.
Essa manutenção pode ser feita com o sistema parado, o que pode não ser desejável, ou com o sistema
em funcionamento, como ocorre com alguns circuitos de alta tensão, onde os técnicos trabalham em linha
viva. Nesse segundo caso, ao executar a manutenção é necessário prestar atenção não somente aos requi-
sitos de segurança da manutenção, como também os requisitos de segurança do sistema.
Para software, o termo manutenção preventiva está associado a manutenções feitas no código focado
na melhora do código, seja reestruturando-o ou otimizando-o. As mudanças na documentação focadas na
melhoria também são consideradas manutenção preventiva.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 25

A seguir, veremos tipos usados em manutenção de software, que não têm um equivalente para máqui-
nas e equipamentos.

2.2.4 EVOLUTIVA

Pense em um aplicativo de mensagens de texto pertencente à empresa X e um outro aplicativo de


mensagens de texto pertencente à empresa Y. As duas empresas são concorrentes no mercado de com-
partilhamento de mensagens de texto.
A empresa Y lança uma atualização em seu aplicativo, com a possibilidade de enviar mensagens de voz
e isso está sendo bem aceito no mercado. A empresa X percebe que está perdendo consumidores. Para
que seu aplicativo continue funcional, a empresa X terá que implementar as mensagens de voz ou fazer
alguma modificação para tornar o aplicativo mais atraente. Esse tipo de alteração no software é chamado
de manutenção evolutiva.
A manutenção evolutiva é a ação de modificar o software para atender novos requisitos, solicitados por
cliente ou “forçados” pela evolução dos sistemas de software, com o intuito de mantê-lo funcional perante
as novas tendências evolutivas.

2.2.5 ADAPTATIVA

Suponha que o governo solicite que todos os softwares que contenham login devam ter uma opção de
acesso com dupla verificação. Nem todos os softwares têm essa opção. Então, para atender às leis do go-
verno, os softwares terão que ser adaptados a essa nova lei. Esse tipo de ação enquadra-se na manutenção
adaptativa.
A manutenção adaptativa é a ação de modificar um software para mantê-lo em funcionamento perante
a uma mudança de ambiente. Esse ambiente pode ser as leis governamentais, as regras de negócio e o
software ou o hardware operacionais.

2.2.6 PERFECTIVA

Imagine um software de cadastro, fornecido a um cliente, que contém os campos de nome, CPF e tele-
fone. O cliente expandiu os negócios e, agora, precisa de mais informações cadastrais dos seus consumi-
dores. O desenvolvedor terá que adicionar um novo campo de cadastro em seu programa. Essa alteração
é uma manutenção perfectiva.
A manutenção perfectiva é a ação de modificar um software através da expansão dele. Essa expansão
inclui novos recursos, novos requisitos de desenvolvimento, tudo com o intuito de melhorar o software,
focando na performance e na confiabilidade.
Agora que conhecemos os principais tipos de manutenção, podemos ver o plano de manutenção.
26 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

2.3 PLANO DE MANUTENÇÃO

Você já foi a um mercado fazer compras e, após chegar em casa, percebeu que esqueceu de comprar
algo? Isso acontece quando tentamos executar algo sem realizar um planejamento, uma simples lista de
itens a comprar poderia ter resolvido o problema. Nesse caso, o não planejamento nos causa um incômo-
do, mas o que acontece se não for feito o planejamento da manutenção em uma fábrica?
O não planejamento da manutenção pode gerar perda produtiva, de material, de tempo e ocupação
indevida de um profissional. Em resumo, essas perdas representam custos extras, que podem ser evitados
quando é feito um planejamento.
Um bom planejamento de manutenção deve contemplar informações de execução desta manutenção,
definindo as datas a serem realizadas, os técnicos responsáveis e o que será corrigido com a manutenção,
bem como as peças, manuais e catálogos que auxiliarão neste processo. O resultado deste planejamento
é o plano de manutenção, ou seja, um sistema que pode apresentar informações sobre como, quem e
quando realizar a manutenção, mostrando técnicas necessárias para a correta realização deste processo.
O plano de manutenção consiste em apresentar uma relação dos itens demandantes das manutenções,
as datas em que elas serão realizadas e as peças a serem substituídas e/ou procedimentos executados. As
informações para a manutenção são extraídas dos manuais, catálogos dos fabricantes e pelo histórico de
manutenções dos dispositivos. Outros itens devem ser preparados para a manutenção, por exemplo, as
ferramentas necessárias, os insumos e componentes, os equipamentos e acessórios essenciais para realizá-
-la, além dos EPIs necessários.
CONTROLE DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA DE MÁQUINAS COM CNC
Fabricante: Máquinas ROMEU Nº de patrimônio: 1234568
Localização: Setor 4
Tipo: Centro de usinagem Ano da compra: 2009
Modelo: Cardaline 1 Reformada em: 2012
Preencher a célula com a letra P no caso de procedimento-padrão (manutenção preventiva) ou com a letra I no caso de necessidade de intervenção (manutenção corretiva).
Ação Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Itens para
quando
necessário 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3
Condensador
pneumático
Dispositivos de

Requisitar
Estado das
manutenção
correias
corretiva.
Cabeçote móvel
pneumático
Guias, pinças e
morsas
Nível na central
Completar.

Fixação dos
Ajustar ou motores
apertar. Conexões das

Fonte: SENAI DR BA, 2016.


mangueiras
Filtro de pó do
painel elétrico
Limpar.
Limpeza da

Figura 7 - Exemplo de planejamento de manutenção


carenagem

C
C

OK
OK
OK
OK
OK
Data Ocorrência Colaborador
A imagem a seguir mostra um exemplo de planejamento de uma manutenção.

Registre nesta coluna o nome do


Registre nesta coluna a data da Descreva nesta coluna a verificação
responsável pela verificação ou
verificação ou intervenção. ou intervenção feita.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM)

intervenção.
27
28 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Em grandes empresas, há um responsável pela gestão da manutenção. O planejamento sempre será


feito em conjunto aos profissionais que lidam diretamente com os equipamentos.

2.3.1 HISTÓRICO DE MANUTENÇÃO

O histórico de manutenção é um conjunto de informações referentes às intervenções realizadas nos


equipamentos. Ele está contido no plano de manutenção, sendo muito importante para novos planeja-
mentos. A partir do histórico de manutenção poderão ser definidos os tipos de manutenção a serem apli-
cados, ferramentas, materiais, etc.
As informações que devem ser encontradas em um histórico variam de acordo com a necessidade. A
cultura e os equipamentos da empresa direcionam as informações do histórico. Informações comumente
encontradas em históricos são:
a) Grupo de falha: identifica qual grupo a falha está relacionada. Por exemplo, falha operacional,
falha na parte elétrica, etc.;
b) Descrição da falha: descreve a falha em si e a causa da falha. Por exemplo, baixo desempenho
da bomba causado por um vazamento;
c) Equipamento ou sistema envolvido: identifica o equipamento ou sistema envolvido na falha.
Por exemplo: máquina de extrusão e sistema de frenagem;
d) Tempo de manutenção: registra o tempo necessário para reparar a falha. Por exemplo, 4 horas;
e) Tempo de parada: registra quanto tempo a máquina, o sistema ou o equipamento ficou parado,
ou seja, não produziu. Por exemplo, 16 horas;
f) Data: registra as datas referentes à manutenção. O formato é adaptável à necessidade, pode ser
necessário ser bem específico marcando data a data de cada procedimento realizado ou um re-
gistro geral, por exemplo, a data em que foi solicitada a manutenção e a data da conclusão;
g) Horário: registra os horários e, assim como a data, o formato é adaptável à necessidade.

A documentação do histórico varia com a necessidade de cada empresa. Veja, no quadro a seguir, uma
amostra de registro do histórico de manutenção de uma empresa.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 29

Início da Início da Retorno às Grupo de Descrição


Item Sistema
Parada Manutenção atividades falha da falha
25/06/20 25/06/20 25/06/20 Para-
001 8:00 8:38 9:12 Ensacadora Operacional metrização
incorreta
26/06/20 26/06/20 27/06/20 Queima do
002 Triturador Elétrica CLP
14:36 16:24 08:00
28/06/20 28/06/20 28/06/20 Para-
003 Dosadora Operacional metrização
10:00 10:42 11:24
incorreta
29/06/20 29/06/20 29/06/20 Bug no
004 Seletor Software firmware
8:00 10:00 11:34
29/06/20 29/06/20 29/06/20 Fusível
005 Ensacadora Elétrica queimado
10:00 11:00 12:00

Quadro 2 - Amostra dos registros


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

O histórico de manutenção é usado também pelo setor de qualidade, com ele é possível analisar onde
empregar novos recursos para melhorar a qualidade de um processo. Pense em um cenário onde há mui-
tas paradas de manutenção por causa de quedas de energia. Analisando os custos envolvidos na manu-
tenção, pode-se concluir que é melhor para a empresa investir em equipamentos de proteção elétrica, ou
ainda, construir uma subestação.

2.3.2 ORDENS DE SERVIÇO

Para iniciar um serviço de manutenção, é necessária uma ordem de serviço - OS. Este documento é mo-
delado no plano de manutenção e contém informações referentes ao serviço a ser realizado.
CURIOSIDADES

A manutenção é um tipo de serviço, por isso, é comum também utilizar o termo or-
dem de manutenção, quando uma ordem de serviço é para esse fim.
30 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

A ordem de serviço autoriza e orienta a realização da manutenção. As informações de uma ordem de


serviço variam de acordo com a natureza do serviço a ser realizado.
Cada empresa pode desenvolver um modelo próprio para ordem de serviço. As informações básicas em
uma ordem de serviço são:
a) Data;
b) Responsável pela ordem;
c) Responsável pela execução do serviço;
d) Local onde será realizado o serviço;
e) Informações de segurança;
f) Informações do que será feito no serviço;
g) Tempo de realização de cada serviço.

Outras informações podem ser adicionadas, por exemplo, o número da última versão do firmware insta-
lado em um equipamento. Empresas que têm certificado de qualidade referenciam na ordem a documen-
tação necessária para manter a certificação. Listas de materiais e procedimentos podem ser referenciados
em uma ordem de serviço.
Os serviços de manutenção podem envolver ou serem efetuados em locais que contenham riscos. Nes-
ses casos, há a necessidade de referenciar normas que devem ser obedecidas durante a execução do servi-
ço. Por exemplo, caso o serviço seja realizado em altura, é necessário referenciar a NR 35, que é uma Norma
Regulamentadora (NR) para trabalho em altura. Somente os profissionais habilitados com essa NR poderão
efetuar esse serviço.

OS 21012001: Calibrar vacuostato 12-PI-01 do bico de


enchimento (ISO 9001) conforme IT-001
Responsável: Robson R. Rutherford
Local de instalação: 12-U-200 Ordem ZPRE
Especialidade: Automação Equipamento: 1992013
Prioridade: 2

Procedimento
10. Tarefa - Retirar 12-PI-01 Início: 8 h
Final: 9 h
Total: 1h
20. Tarefa - Calibrar vacuostato 12-PI-01 Início: 9 h
Final: 11 h
Total: 2h
30. Tarefa - Reinstalar vacuostato 12-PI-01 Início: 16 h
Final: 17 h
Total: 1h

Quadro 3 - Exemplo de ordem de serviço


Fonte: SENAI DR BA, 2020.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 31

Uma manutenção não pode ser realizada sem uma ordem de serviço, pois o documento determina as
pessoas que são responsáveis e faz parte da documentação de qualquer plano de manutenção.
Um documento que costuma ser anexado à ordem de serviço é a lista de ferramentas.

2.3.3 LISTA DE FERRAMENTAS

As manutenções podem necessitar de ferramentas para serem realizadas. Então, no momento do pla-
nejamento de manutenção, é necessário fazer uma lista de ferramentas, contendo todas as ferramentas
necessárias para a realização de um serviço.
Por exemplo, para realizar a substituição de um conector RJ45 defeituoso, vai além de um conector
novo. É preciso: um alicate de corte, um alicate de clipagem e um testador de cabo de rede compatível
com o RJ45. Se o serviço for feito em área com muito ruído, será necessário levar um protetor auricular.

Figura 8 - Substituição de RJ45


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Com o exemplo mostrado, podemos concluir que cada serviço tem uma lista de ferramentas associa-
das. Caso o serviço seja repetido, as ferramentas serão as mesmas da primeira vez. Por isso, a lista de ferra-
mentas precisa estar referenciada na ordem de serviço, isso agiliza a execução trabalho a ser feito, pois o
profissional já sabe, previamente, quais ferramentas deverão ser selecionadas.
A lista pode apresentar vários formatos, mas o correto é que ela tenha fácil leitura e não seja ambígua.
Veja o exemplo a seguir.
32 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

LISTA Nº 0312

Item Ferramenta Quantidade


1 Alicate de corte 1
2 Alicate de crimpagem 1

Item Instrumento Quantidade


1 Testador de cabo RJ45 ou RJ11 1

Item EPI Quantidade


1 Protetor auricular 1

Quadro 4 - Exemplo de lista de ferramentas


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

As listas de ferramentas são aplicadas a todos os tipos de manutenção envolvendo hardware. Até mes-
mo em uma manutenção corretiva não planejada, é necessário investir um tempo elaborando uma lista de
ferramentas, ou pelo menos registrando as ferramentas usadas durante a manutenção, pois durante uma
reunião para melhoria, esse registro pode ser usado para uma nova rotina de manutenção.

2.3.4 PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO E CHECKLIST DAS TAREFAS

Quando paramos para pensar com cuidado, é possível perceber que a maior parte das coisas que lida-
mos no dia a dia nos remete a uma série de procedimentos, desde os mais simples aos mais complexos,
eles facilitam a execução de tarefas. Por exemplo, você já parou para pensar no passo a passo que é neces-
sário para trocar uma lâmpada?
Primeiro você deve desligar a energia. Segundo, rotacionar a lâmpada no sentido anti-horário, cuida-
dosamente, para removê-la. Terceiro, encaixar a nova lâmpada no bocal e rotacionar no sentido horário,
cuidadosamente, até que a lâmpada esteja fixa. Quarto, religar a energia e certificar-se de que a lâmpada
está funcionando.
Na troca de uma lâmpada, realizar algum passo fora da ordem pode afetar a conclusão da tarefa. Esque-
cer de desligar a energia pode causar um grave acidente, por exemplo.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 33

Em manutenção, também há passos a serem seguidos para concluir uma tarefa, chamados de pro-
cedimentos de manutenção. Um procedimento de manutenção é um guia para a realização das tarefas
envolvidas no serviço.
Durante a elaboração do planejamento de manutenção são mapeados os procedimentos para a reali-
zação de cada serviço. Esses procedimentos podem já existir em um guia do fabricante para uma máquina
ou em uma norma técnica, mas a depender das condições onde o equipamento esteja instalado, pode ser
necessário adaptar o procedimento.
O procedimento de manutenção deve conter observações ou referenciar os riscos envolvidos em uma
atividade.
As informações em um procedimento são importantes para guiar o profissional que irá fazer o serviço,
além disso, deve-se considerar que a formatação do procedimento influencia no entendimento do serviço.
Lembra do nosso procedimento de troca de lâmpada? Ele foi escrito em um único parágrafo. Veja, a seguir,
o mesmo procedimento com uma apresentação mais característica.

PROCEDIMENTO PARA TROCA DE LÂMPADA

Primeiro: certifique-se de que a energia está desligada.

Segundo: rotacione a lâmpada no sentido anti-horário,


cuidadosamente, para removê-la.

Terceiro: encaixe a nova lâmpada no bocal, rotacione no sentido


horário, cuidadosamente, até que a lâmpada fique presa.

Quarto: religue a energia e certifique-se de a lâmpada está


funcionando.

Figura 9 - Troca de lâmpada


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Notou a diferença que uma boa disposição das informações faz em um documento?
Os procedimentos devem ser referenciados na ordem de serviço.
Outro documento que pode ser utilizado na realização de manutenções é o checklist, que é uma lista
onde as tarefas a serem feitas estão escritas em ordem e a formatação do arquivo permite a checagem de
cada tarefa (normalmente se usa uma checkbox). O checklist tem as ações escrita com o verbo no infinitivo.
34 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

CHECKLIST DE TAREFAS

Desligar o quadro de energia;

Medir a tensão de alimentação;

Verificar o aperto dos parafusos do quadro de energia;

Verificar se as chaves dos dispositivos não estão emperradas.

Figura 10 - Checklist
Fonte: SENAI DR BA, 2020.

O checklist é uma forma do profissional verificar se todas as tarefas foram finalizadas corretamente, ga-
rantindo que nenhuma delas foi esquecida.
Ter procedimentos e checklists documentados agiliza o serviço de manutenção, diminui o custo, auxilia
no treinamento de novos profissionais e diminui os erros cometidos em uma manutenção.

2.3.5 CRONOGRAMA

Toda manutenção deve ter um documento que relacione as tarefas a serem desenvolvidas de acordo
com o tempo disponível. Chamamos esse documento de cronograma. O cronograma, para a manutenção,
deve estar compatível com o cronograma dos outros setores da empresa. Esta exigência se deve por conta
da disponibilidade de equipamento e mão de obra. Imagine que no dia em que foi agendada a manuten-
ção de uma máquina, surja uma grande demanda para o mesmo dia. Quando os responsáveis procuram
averiguar, as duas demandas já estavam previstas, mas não houve comunicação, causando desconforto
para ambos os setores.
Vejamos outra situação? Vamos supor que precisamos realizar a substituição de um detector de fumaça.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 35

Figura 11 - Detector de fumaça


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Apesar desta ação já estar agendada no cronograma, quando você vai buscar o novo detector no almo-
xarifado, não há mais detectores disponíveis.
Em um cronograma não basta apenas relacionar a tarefa ao tempo, também é preciso analisar a dis-
ponibilidade dos recursos. Entenda recursos não só como ferramentas e insumos, mas também inclua os
profissionais necessários para a tarefa.
Uma forma gráfica de representar um cronograma é através do gráfico de Gantt, que relaciona as ta-
refas, as datas, os horários, o tempo de duração e as dependências. No exemplo do detector de fumaça, a
tarefa “instalar um novo detector” depende da tarefa “remover detector”.

TAREFAS DESCRIÇÃO DURAÇÃO DEPENDÊNCIAS


T1 Remover detector antigo 1
T2 Decapar fios do detector novo 1
T3 Instalar novo detector 2 T1, T2
T4 Testar detector 1 T3

TEMPO 1 2 3 4 5 6

T1

T2
(T1, T2)
T3
(T3) Feito
T4 A fazer

Figura 12 - Gráfico de Gantt


Fonte: SENAI DR BA, 2020.
36 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

No gráfico anterior, podemos perceber a relação de dependência entre as atividades e a duração de


cada tarefa.
O cronograma não é um documento com informações fixas, ele deve ser seguido, mas pode ser altera-
do quando necessário. Pense que no dia da manutenção preventiva de uma ensacadora, outra máquina
crítica para o processo parou de funcionar. Os recursos de manutenção serão desviados para essa máquina
e a manutenção preventiva da ensacadora terá que ser reagendada, e isso afeta o cronograma de forma
geral.

2.3.6 MÉTRICAS DE MANUTENIBILIDADE

Será que existe uma forma de medir o quão uma tarefa de manutenção é difícil? Sim, existe e é através
de métricas de manutenibilidade.
Antes de ver as métricas, temos que entender o significado de manutenibilidade, que é a facilidade que
uma parte especificada de um sistema tem para ser mantido funcional.
CURIOSIDADES

Algumas bibliografias usam o termo mantenabilidade ao invés de manutenibilidade,


mas esses termos têm o mesmo significado.

Uma métrica é um indicador quantitativo de desempenho. Em manutenção, as métricas são usadas


para análise de desempenho da manutenção.
Imagine a manutenção em um equipamento que esteja em um local confinado e que seja de difícil
desmontagem. Você acha que esse equipamento é de fácil ou difícil manutenção?
Esse equipamento é de difícil manutenção. Isso significa que ele tem uma baixa manutenibilidade.
Durante a elaboração do planejamento de manutenção, é necessário verificar a manutenibilidade de
cada tarefa e, para fazer isso, são utilizadas as métricas de manutenibilidade que são indicadores, tais como:
a) Taxa de reparo instantânea; símbolo: µ (t) é a taxa de reparo em um dado instante T;
b) Taxa de reparo média; símbolo µ (t1, t2): é a média de reparo instantâneo dado um intervalo [t1, t2];
c) Tempo médio para reparo: é o tempo médio que leva para fazer um reparo;
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 37

d) Tempo de manutenção médio em homens-hora: é a média de duração da manutenção em


relação ao homem-hora;
e) Tempo de indisponibilidade médio: é a média de tempo da indisponibilidade do item;
f) Tempo de manutenção corretiva efetiva médio: é a média da duração da manutenção corre-
tiva;
g) Tempo de restabelecimento médio: é a média duração para o restabelecimento.

As métricas de manutenibilidade estão associadas às disponibilidades dos recursos. A maior parte das
métricas citadas exigem operadores de cálculo avançados, geralmente ensinadas no nível superior.
Alguns desses índices serão vistos com maior profundidade no decorrer do livro.

2.3.7 PREVISÃO DE RECURSOS

Imagine que a cancela de um shopping não está funcionando e a administração teve que deslocar um
colaborador para fazer a abertura e o fechamento da cancela manualmente. Um técnico foi chamado para
fazer a manutenção dessa cancela automática. Ao abrir a fonte, ele detecta que o fusível está rompido,
mas a empresa não previu isso no plano de manutenção, logo, o técnico não tinha um fusível reserva dis-
ponível. Com isso, será necessário abrir uma ordem de compra para o fusível, que levará tempo para ser
comprado e a cancela ficará sem funcionar o dia todo.
Um simples fusível não deve ser um empecilho para um equipamento não estar funcionando. Por isso,
no plano de manutenção deve ser realizada a previsão dos recursos. Entenda recurso não só sendo os
insumos para realização da manutenção, mas também como ferramentas, colaboradores, instrumentos,
peças e equipamentos.
Mesmo o estoque não sendo algo desejável para nenhuma empresa, porque ele é visto como um di-
nheiro parado, em algumas ocasiões é vantajoso ter um acervo do que se pode precisar. No exemplo cita-
do, manter um fusível em estoque pode sair mais barato do que comprar com a necessidade, já que o equi-
pamento ficará parado. O gestor deve estar ciente de que levará tempo até serem realizadas: a solicitação
da compra; a entrega e conferência; para então finalmente o técnico fazer a manutenção. Enquanto isso,
um colaborador, que poderia estar fazendo outra atividade, terá que ficar abrindo e fechando a cancela.
Uma forma de prever os recursos a serem utilizados é durante a elaboração dos procedimentos para a
manutenção. Como vimos, para fazer a substituição de um circuito integrado, são necessários muitos itens,
que devem ser listados como recursos.
38 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Figura 13 - Previsão de recursos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

O cronograma também auxilia na previsão dos recursos, pois atividades de manutenção podem ocorrer
de forma paralela e os recursos precisam estar disponíveis. Por exemplo, se há dois técnicos disponíveis
para fazer manutenção, mas somente há um multímetro disponível, é necessário avaliar se é viável com-
prar outro instrumento, ou alocar um dos técnicos para uma tarefa que não seja necessário o uso do mul-
tímetro.
Imagine que somente em pouquíssimos dias do ano fosse necessário o uso simultâneo de dois instru-
mentos muito caros. Será que é vantagem para a empresa ter dois desses instrumentos? Ou ter um e alugar
o outro? Essa decisão vai depender de uma análise do custo-benefício envolvido.
A previsão de recursos tem um impacto direto nos custos de uma manutenção e deve ser realizada
com bastante cautela, pois não podemos ter em estoque muitos recursos, e ter um estoque grande é um
custo muito alto e pode gerar desperdício. Imagine estocar uma peça que só tenha validade de um ano e,
normalmente, essa peça costuma durar um ano sem problemas. Vale a pena ter duas ou mais desse tipo de
peça no estoque? Não, não vale a pena, apenas uma no estoque é o suficiente.
A previsão de recursos é uma atividade que está ligada diretamente a todos os outros tópicos relativos
a um plano de manutenção.
Você percebeu como um bom plano de manutenção é importante para uma empresa? Com ele é pos-
sível economizar e gerenciar melhor os gastos da manutenção e ainda fazer a empresa crescer, pois com
um histórico é possível analisar pontos de melhorias.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 39

2.4 REVISÃO DE REQUISITOS

Durante o desenvolvimento de um software, existem os requisitos que são partes fundamentais para a
sua estruturação. Eles descrevem as necessidades que o software deve atender.
Para validar os requisitos de software, costuma ser feita uma revisão dos requisitos. Nessa etapa, uma
equipe de revisores analisa, de forma sistemática, se o que está sendo desenvolvido está atendendo os
requisitos ou se algum requisito precisa ser reformulado.
Após o software pronto e em uso, as manutenções podem gerar uma nova necessidade de revisar os
requisitos, porque, como vimos, o software pode evoluir muito rápido, a ponto de um requisito não ser
mais relevante ou haver necessidade de novos requisitos.
Você lembra do aplicativo de mensagens de texto que sofreu uma manutenção evolutiva? Neste caso,
houve a necessidade de adicionar um novo recurso, logo, passou a existir um novo requisito para o software.

2.4.1 ÁREAS DE MELHORAMENTOS FUTUROS

Uma documentação de requisitos muito bem escrita e forte é algo desejável para os desenvolvedores
de software, porém, isso não demonstra a realidade de seu desenvolvimento. Normalmente, admite-se
que, a partir do momento em que a documentação de requisitos for concluída, ela já está ultrapassada. Isso
ocorre porque o mercado de software pode mudar de um dia para o outro e uma nova tecnologia pode
surgir a ponto de tornar um requisito irrelevante.
Para melhorar a manutenção do software, é adicionado à documentação um campo de evolução do
sistema. A ideia desse campo é ajudar o desenvolvedor a não restringir muito o sistema a ponto de que
prejudique a evolução. Por exemplo, ao desenvolver um código para o protocolo OneWire, o protocolo
tem um fluxo para conectar apenas um dispositivo ou vários dispositivos, então, pode ser interessante, no
campo de evolução, adicionar que mesmo sendo necessária a programação apenas para um sensor, que
não seja restringido apenas a esse sensor, e sim desenvolver o código para poder receber dados de vários
sensores.

2.4.2 ASPECTOS DE PORTABILIDADE DO SOFTWARE

A portabilidade é a capacidade de um software ser transferido para um outro ambiente. O profissional


técnico deve contar que esse outro ambiente pode apresentar:
a) Um sistema operacional diferente: por exemplo, haver uma transferência de um software do
Windows para uma distribuição Linux;
b) Plataformas de hardware diferentes: por exemplo, portar um aplicativo de um smartphone
para um PC;
c) Linguagens de programação diferentes: por exemplo, uma rescrita de código de Java para
Python;
40 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

d) Locais diferentes: por exemplo, um software feito para brasileiros deve ser traduzido para rodar
na Argentina.

A portabilidade é uma das propriedades de qualidade de software como pode ser visto na norma ABNT
NBR ISO/IEC 25030:2008.

100%

<
ƒx
<

A B C D E F
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12 2012 2013 2014 2015
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26

Figura 14 - Portabilidade de software entre diferentes dispositivos


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

A portabilidade leva em consideração três aspectos:


a) Adaptabilidade: que é o grau com que o software pode ser eficientemente adaptado para dife-
rentes ambientes;
b) Capacidade de ser instalado: que é o grau com que um software pode ser instalado ou desins-
talado em sistemas diferentes;
c) Capacidade de substituição: que é o grau com que o software pode ser substituído por outro
software. Tem impacto grande quando uma nova versão de um software irá substituir a antiga,
é esperado que sejam adicionados novos recursos e que isso não traga grandes impactos nos
recursos usados na versão anterior.

A manutenção de um software é afetada pela portabilidade, pois em uma atualização é desejável que
todos os ambientes possam receber a atualização.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 41

2.4.3 INTERFACES QUE PODERIAM IMPACTAR A MANUTENÇÃO

A manutenção de um software lida com várias interfaces e que podem ser divididas em gestão, análise,
design e programação.
Veja como elas se relacionam:

Gestão

Programação MANUTENÇÃO Design

Análise

Figura 15 - Interfaces que interagem com a manutenção


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Cada categoria tem uma forma de “entender” o software e trabalhar com suas características específi-
cas. Veja:
a) Gestores: são responsáveis pela tomada de decisão. O seu entendimento do programa varia de
acordo a decisão a ser tomada. Em uma manutenção, o gestor foca nos impactos financeiros que
a mudança no software irá causar;
b) Analistas: verificam os impactos que as mudanças trazem aos requisitos. Eles compreendem o
software de forma global, não têm interesse nos detalhes do código;
c) Designers: são responsáveis pela arquitetura e os detalhes do design. Na manutenção, eles ava-
liam como a alteração pode impactar na experiência do usuário com o software, além disso, eles
devem detalhar como o design deve ser feito no software;
d) Programadores: são responsáveis pela codificação, estabelecem qual linguagem será usada,
quais bibliotecas e qual tecnologia será empregada. Na manutenção, são responsáveis pela mu-
dança no código. Eles devem garantir que o código adicionado ou mudado não afete outras par-
tes do software.
42 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Sabemos que cada categoria tem a seu direcionamento, mas mudanças em uma parte específica do
software podem fazer com que categorias de profissionais diferentes trabalhem em uma mesma ordem
de manutenção. Por exemplo, uma mudança na interface gráfica pode gerar também a necessidade de
alteração na codificação, para isso, profissionais de diferentes categorias precisarão trabalhar em conjunto
para atender a esta ordem de manutenção.

2.4.4 REVISÃO DE CÓDIGO

Para melhorar a manutenibilidade de um software, é importante que ele esteja bem escrito. Códigos
duplicados, com funções longas e mal indentados2, prejudicam a manutenção de um sistema. Durante o
desenvolvimento de um software, é necessário fazer a revisão de código.
Além da correção de bugs e adição de novos recursos, o código deve ser melhorado continuamente.
Essa prática é chamada de refatoração e é focada na legibilidade do código.

CASOS E RELATOS

Correção de bug
Cid Carlos foi transferido para o setor de manutenção de código na empresa em que trabalhava.
Logo na sua primeira atividade, foi delegado a ele fazer a correção de um bug em software de geren-
ciamento de dados usado por um cliente.
Para iniciar, Cid criou vários testes para ver em quais situações o bug aparecia.
Cid estava sentido muita dificuldade em encontrar o que estava levando o código a ter um bug.
Isso ocorreu porque o código estava desorganizado, pois mesmo escrito em Java, não estava obe-
decendo as boas práticas de programação da linguagem, por exemplo, os nomes dos métodos não
usavam lowerCamelCase, não havia indentação nos “if”.
Após terminar a indentação das estruturas, Cid notou que havia trechos muito longos, repetitivos e
que tinham uma função bem definida, assim, ele extraiu métodos desses trechos.
Muitas linhas de códigos estavam comentadas, porque os atributos estavam nomeados de forma
genérica, fazendo com que a única forma de compreender a serventia do atributo era através de
comentários. Cid renomeou as variáveis com nomes mais significativos, permitindo que parte dos
comentários pudessem ser retirados, deixando o código visualmente mais limpo.
Após ter organizado o código, Cid conseguiu identificar o que estava causando o bug e fez a altera-
ção do código, gerando uma nova versão.

2 Indentação: recuo na escrita de um código usado para enfatizar a estrutura do código.


2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 43

Os códigos desenvolvidos para reparos em softwares devem ser feitos atentando para a legibilidade. O
novo código deve ser de fácil entendimento e está coerente com a codificação do sistema como um todo.
Um importante item a ser revisado são os comentários. Uma maneira de comentar o código é:

Dentro da função, comentar


Identificar todos os os trechos que estejam
objetivos que o cumprindo as metas para
software deve atingir. alcançar o objetivo.

Fazer funções que


atendam aos
objetivos.
Figura 16 - Fluxo de criação de comentários
Fonte: SENAI DR BA, 2020.

A manutenibilidade de um software é afetada diretamente pela qualidade e quantidade de comentá-


rios. Quanto mais comentários com qualidade, melhor será a manutenção do software.

2.5 INDICADORES DE DESEMPENHO DE MANUTENÇÃO

Uma boa forma de controlar e acompanhar um processo é através de indicadores de desempenho.


Esses indicadores são bastante disseminados no ramo da produtividade.
Um indicador conhecido do nosso dia a dia é o índice de desenvolvimento humano (IDH), que indica
o quão desenvolvido é um país. Esse indicador resulta em um valor numérico entre zero e um, a partir de
dados coletados em um país.
A representação numérica é o que faz um indicador ser ótimo para o controle. Porém, um indicador
deve ter um objetivo bem determinado. Você acha que o IDH de um país serve como referência para medir
o quão eficiente é o desempenho da manutenção de uma empresa? Não, o IDH não tem esse objetivo,
logo, ele não serve para uma avaliação da manutenção de uma empresa.
44 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Figura 17 - Indicadores de desempenho


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Bons indicadores de manutenção têm um objetivo bem específico e são usados para analisar, controlar
e direcionar a manutenção. Os números obtidos podem ser associados a uma escala de desempenho que
atenda à necessidade e realidade da empresa.
A seguir, veremos alguns indicadores de manutenção.

2.5.1 NÚMERO MÉDIO DE FALHAS DE PROCESSAMENTO

O número médio de falhas de processamento (M1) é a razão entre o número total de falhas ocorridas du-
rante o funcionamento de um programa (n1), e o número total de vezes que o programa foi executado (n2).

n
M1 = 1
n2

Se um programa for executado uma (n2 = 1) vez por dia e durante a execução houver duas (n1 = 2) falhas,
o número médio de falhas de processamento é dois (M1 = 2).
Esse indicador pode ser usado para decidir entre dois programas qual sofrerá manutenção primeiro.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 45

2.5.2 PESSOAS-HORAS DESPENDIDAS EM CADA CATEGORIA DE MANUTENÇÃO

A medida “pessoas-hora” mede o esforço necessário para realizar um trabalho em uma hora. Esta é uma
medida subjetiva e cada empresa deve criar seus critérios para efetuar o cálculo. Esse indicador está dire-
tamente relacionado aos custos da manutenção.
Para ter uma visão mais precisa, é calculado pessoas-hora para cada tipo de manutenção (Tm).
Mas, como fazer esse cálculo? É simples, é só calcular a razão entre a quantidade de trabalho realizado
(q) e o somatório da quantidade de horas (t1 + t2 + ... + tq) despendidas para cada tarefa.

Tm = q
t1 + t2 + ... + tq

Se foram feitas três manutenções preventivas (q = 3) e a primeira durou três horas (t1 = 3), a segunda
cinco horas (t2 = 5) e a terceira sete horas (t3 = 7), a pessoa-hora gasta na manutenção preventiva foi um
quinto (Tm = 1⁄5).
Com o valor obtido, podemos estipular quantas horas serão gastas para fazer uma certa quantidade de
trabalho.

2.5.3 TEMPO MÉDIO DE PROCESSAMENTO PARA UM PEDIDO DE MANUTENÇÃO

O tempo médio de processamento para um pedido de manutenção (M2) é a razão entre o somatório de
tempo (t1 + t2 + ... + tn) de todos os pedidos realizados em um determinado período e o número total de
pedidos (n).

t1 + t2 + ... + tn
M2 =
n

Se em um mês houve três pedidos de manutenção, o primeiro levou vinte e quatro (t1 = 24) horas para
ser finalizado; o segundo, doze (t2 = 12) horas; o terceiro, setenta e duas (t3 = 72) horas. O tempo médio de
processamento por pedido de manutenção foi de trinta e seis (M2 = 36) horas.
46 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

2.5.4 PORCENTAGEM DE PEDIDOS DE MANUTENÇÃO POR TIPO

A porcentagem de pedidos de manutenção por tipo indica o percentual de manutenções realizadas por
tipo de manutenção. Esse indicador é calculado pela seguinte expressão:

n
Px = x .100
nt

Se houver quatro pedidos de manutenção para um tipo (nx = 4) e o número total de pedidos foi de dez
(nt = 10), a porcentagem de pedidos de manutenção por tipo é de quarenta por cento (px = 40%).
Com esse indicador, é possível verificar onde os esforços de manutenção estão sendo empregados e
podem ser usados para melhoria. Imagine que oitenta por cento da manutenção em uma empresa estava
sendo corretiva não planejada, essa informação pode não ser boa, tendo o conhecimento disso, pode
ser iniciada uma análise da manutenção. Será que houve problemas no planejamento? O planejamento
é bom, será que é um problema na execução? Se sim, quais medidas tomar? Treinamento, expansão do
procedimento, etc.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 47

2.5.5 PRODUTIVIDADE (OEE): DISPONIBILIDADE, EFICIÊNCIA E QUALIDADE

E se existisse um indicador que mostrasse a eficácia de um equipamento de forma global? Bom, esse
indicador existe e é o índice de eficácia global do equipamento, ou OEE (Overall Equipment Effectiveness).
O quadro a seguir mostra as três características de um equipamento que o OEE relaciona:

É a razão entre o tempo em que o equipamento


produziu (tempo real de produção, Trp) e o tempo
útil (tempo ideal de produção, Tip).
Trp
Disponibilidade Se uma máquina produz sem paradas durante Disp =
todo o tempo estipulado de produção, isso Tip
significa que a máquina teve 100% do seu tempo
útil de produção produzindo.

É a razão entre a cadência produzida (Cp) e a


cadência nominal (Cnominal).
Cp
Eficiência Se uma máquina produziu com uma cadência de Efic =
10 peças por minuto e a cadência estipulada for Cnominal
de 10 peças por minuto, isso significa que a
máquina teve 100% de eficiência.

É a razão entre a qualidade de boas peças


produzidas (Qprod) e a quantidade de boas peças
que a máquina pode produzir (Qnominal). Qprod
Qualidade Qual =
Se uma máquina produziu 100 peças e todas as Qnominal
100 peças foram boas, a qualidade do
equipamento apresentou 100% de qualidade.

Quadro 5 - Parâmetros do OEE


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

O OEE é o produto (multiplicação) entre a disponibilidade, a eficiência e a qualidade. O OEE é apresen-


tado em porcentagem, então, o produto anterior devemos multiplicar por 100.

OEE = Disp Efic Qual 100


48 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Vamos exercitar o cálculo com um exemplo.


Imagine uma empresa que trabalha com fabricação de gelo. Os dados referentes à ensacadora de gelo são:
a) A máquina é usada dez horas por dia;
b) A produção é de trinta sacos por hora.

No dia 18/07/2020 a máquina produziu por sete horas e trinta minutos. Por causa de ajustes, a máquina
ficou três horas produzindo com metade da cadência e, dos 375 sacos, 30 não tinham condições de serem
vendidos.
A ensacadora deveria ter trabalho por 10h, mas trabalhou por um intervalo 7h30min, logo, a disponibili-
dade foi:

7,5
Disp = = 0,75
10

Isso significa que a disponibilidade do equipamento foi de 75%.


Por problemas com o ajuste da máquina, ele ficou 3 horas funcionando com a metade da cadência,
então, a cadência produzida foi:

Cproduzida = 15 3 + 30 4,5 = 24 sacos/h


7,5

Logo, a eficiência fica:

24
Efic = = 0,8
30

Isso significa que a eficiência foi de 80%.


Já a qualidade foi de:

375 - 30 345
Qual = = = 0,92
375 375

Logo, a qualidade em porcentagem foi de 92%.


2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 49

Ainda não terminamos, falta fazer o produto entre a disponibilidade, a eficiência e a qualidade:

OEE = 0,75 0,8 0,92 100 = 55,2%

Pronto! Encontramos o OEE de 55,2% da fábrica de gelo referente ao dia 18/07/2020.


Os problemas com o equipamento impactam na receita da empresa e na qualidade do serviço. Um
atraso ao entregar um produto para um cliente pode estar associado a problemas na fabricação, mas isso
acaba se refletindo no sistema de entrega.

2.6 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA

Todo profissional da área técnica necessita constantemente consultar, ler e interpretar manuais, catá-
logos, ordens de serviço, etc. Sendo assim, é importante que você saiba como eles são estruturados, como
diferenciá-los e como identificar as informações presentes em cada documento.
Desde o planejamento até a execução, a manutenção é dependente de uma série de documentação,
como:
a) Ordem de serviço;
b) Normas;
c) Lista de procedimentos;
d) Manuais;
e) Catálogos;
f) Diagramas;
g) Cronograma;
h) Lista de materiais;
i) Relatórios.

Alguns desses documentos já foram vistos neste capítulo. A seguir, vamos conferir características de
mais alguns desses documentos.
50 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

2.6.1 NORMAS

Como já vimos, as normas são padrões criados para a execução de uma atividade da melhor forma pos-
sível, e quando não há uma norma brasileira, as empresas usam as internacionais como referência.
No Brasil, temos a NBR5462, que é uma norma que define a terminologia referente à confiabilidade e
manutenibilidade. Essa norma está associada à manutenção referente à estrutura física e conceitos gerais.
Para manutenção em software, é usada a norma internacional ISO/IEC 14764, ela é uma norma de manu-
tenção que trata diretamente de software.
Uma norma bastante difundida nas empresas é a ISO 9001. Ela é uma norma que foca em qualidade e
adota o ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Action). O princípio é fazer com que a empresa esteja sempre em
melhoria contínua e isso inclui a melhoria da manutenção. A ISO 9001 gera um certificado para a empresa
que adota corretamente o cronograma de atividades feito por um especialista da norma.

Figura 18 - ISO 9001


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Além das normas referentes à manutenção, é necessário que os técnicos tenham acesso a normas téc-
nicas aplicadas a máquinas e locais onde irão realizar o serviço. A norma a ser atendida em um serviço deve
estar sinalizada na ordem de serviço e o profissional só poderá executá-la se tiver a habilitação necessária.

2.6.2 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

Um documento de procedimentos técnicos deve conter um conjunto de ações sequenciais que o técni-
co deve desenvolver para executar uma tarefa, atendendo todos os requisitos de qualidade.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 51

PROCEDIMENTO PARA TROCA DE FUSÍVEL

Primeiro: certifique-se de que a energia está desligada;

Segundo: remova o fusível queimado;

Terceiro: encaixe o novo fusível no equipamento;

Quarto: energize o circuito e verifique se ele está em


perfeitas condições de funcionamento.

Figura 19 - Procedimento
Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Esse documento é produzido durante o planejamento e deve detalhar como a manutenção deve ser
feita, sem ambiguidades. Também deve conter informações que visam a segurança das pessoas e do pa-
trimônio da empresa.

2.6.3 MANUAIS E CATÁLOGOS

Os manuais contêm informações relevantes sobre um equipamento, por isso ele deve sempre estar
disponível para consulta. Antes de iniciar a execução de uma manutenção, é preciso consultar os manuais
do fabricante do equipamento, pois além da descrição de como fazer a instalação, eles também contam
com informações sobre a manutenção e segurança. Estes documentos sempre devem ser fornecidos com
o equipamento comprado.
52 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Figura 20 - Manuais do fabricante


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

A depender do tamanho e da necessidade do produto, o fabricante pode disponibilizar vários manuais


de um mesmo produto. Um exemplo disso são os robôs antropomórficos, comumente empregados em
automação industrial. Essa é uma máquina complexa que envolve vários elementos mecânicos, elétricos e
de software, logo, para simplificar o trabalho do técnico, o fabricante disponibiliza um manual de manuten-
ção, que é feito com procedimentos e recomendações focados apenas na manutenção.
Uma característica de manuais de manutenção para robôs são as inspeções periódicas. Nesse tipo de
manual, há tópicos que abordam o que deve ser checado em cada período de forma preventiva. Por exem-
plo, todos os dias deve chegar o dreno do lubrifil.

Figura 21 - Lubrifil
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 53

Em um manual de manutenção de um robô, é comum mostrar o desenho da máquina no tópico ins-


peção trimestral dos freios, mas ao invés de discriminar cada elemento da máquina, são colocados em
evidência apenas os pontos a serem inspecionados a cada trimestre.

Freios

Figura 22 - Inspeção dos freios


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Nem todo produto tem um manual específico de manutenção. Em produtos menores, as instruções de
manutenção podem ser tratadas dentro de um manual único.
Os manuais são disponíveis principalmente em formato de livro impresso, mas hoje em dia é comum as
empresas disponibilizarem o manual por meio digital. Mesmo com esse tipo de distribuição, é recomendá-
vel que se mantenha uma versão impressa do manual, porque alguns serviços de manutenção podem ser
realizados em locais no qual não seja viável ou seguro usar o meio digital.
54 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Figura 23 - Meio físico e meio digital


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Os procedimentos de manutenção devem estar de acordo com as indicações do manual. O fabricante


fornece garantia da sua máquina ou equipamento de acordo com condições de funcionamento e manu-
tenção sinalizadas no manual.
Os principais itens abordados nos manuais são:
a) Especificação da marca, do modelo e da versão do equipamento;
b) Orientação sobre armazenamento correto e os cuidados essenciais com a segurança;
c) Instruções para o correto uso e manuseio do equipamento;
d) Detalhamento do guia de instalação ou montagem;
e) Apresentação das principais funções e configurações;
f) Indicação de prazos e condições impostas para a garantia do equipamento.

O catálogo é uma documentação que apresenta informações sobre o(s) equipamento(s) e seus com-
ponentes, com foco em suas especificações, por exemplo, de taxa de transferência, banda e número de
conexões.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 55

CATÁLOGO DE ROTEADORES

MODELO IMAGEM BANDA TAXA (Mbps) NÚMERO DE ANTENAS NÚMERO DE CONECTORES RJ45

AS03ROUTER DualBand 1734 2 6

AS07ROUTER DualBand 1900 2 6

AS10ROUTER SingleBand 1900 2 4

AX302TT SingleBand 300 1 4

Figura 24 - Exemplo um catálogo


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Os catálogos têm destaque quando é necessário substituir um equipamento, parte de um equipamen-


to ou componentes de acordo com as necessidades de manutenção.
56 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

2.6.4 PROJETOS

Um projeto, seja grande ou pequeno, exige uma gama de documentações. Entre os documentos de um
projeto, temos os desenhos e diagramas, que são especialmente significantes em manutenção.
Em sistema de TI, por exemplo, um documento bastante útil é o diagrama de cabeamento estruturado.

Bloco A Gerência Bloco B

Ca
b Fibra UTP
oU bo
TP Ca

Ca
P b
UT o
UT
bo P
Ca

Manufatura Inovação

Figura 25 - Diagrama de cabeamento estruturado


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Com esse diagrama, podemos ver como estão distribuídos os equipamentos nas instalações da empresa.
Em termos de softwares, o fluxograma é uma documentação visual importante, pois tem o fluxo da
programação e, em uma atualização ou correção de bug, pode ser usado como referência para que o con-
teúdo principal de cada função não seja alterado.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 57

2.7 SOFTWARE DE GESTÃO DE MANUTENÇÃO

Com o advento do computador, informações em papel passaram a ser cada vez mais digitalizadas. O
mesmo aconteceu com as informações referentes à manutenção.

Figura 26 - Papel e digitalização


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Empresas iniciantes e pequenas costumam usar planilhas eletrônicas para o planejamento e controle
da manutenção, mas com o crescimento da empresa fica cada vez mais difícil controlar a manutenção de
forma manual.
Normalmente, quando uma empresa cresce, ela expande em todos os setores, por exemplo, se a pro-
dução crescer, haverá uma maior necessidade de manutenção. Então, não adianta investir em software
de gerenciamento somente da produção, é necessário investir em todos os setores e isso pode gerar um
outro problema, que é a grande quantidade de soluções computacionais por setor.
Como a variedade de softwares disponíveis é grande, é difícil que a empresa tenha todos os setores
integrados. Um software pode não ser compatível com outro e isso pode gerar atrasos para uma possível
conversão. Tendo em vista esses problemas, surgiu no mercado softwares denominados ERP ou software
de planejamento de recursos empresariais (Enterprise Resource Planning).
Os ERPs são uma solução de gestão por software que integra todas as diferentes interfaces de uma
empresa.
58 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Gestão

Diretoria
ERP Manutenção

Produção

Figura 27 - Interfaces de uma empresa


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

A função de um ERP é trazer uma maior agilidade com o fluxo de informação de uma empresa. Com
dados em mãos, os administradores poderão enxergar gargalos e chances de melhoria em cada setor da
empresa.

2.7.1 RECURSOS

Durante a aquisição de um software de gestão da manutenção, é necessário listar as necessidades que


o software deverá atender para ter uma eficiente gestão. Veja, a seguir, uma lista de itens necessários em
um software de manutenção.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 59

ATIVIDADES MAPEADAS

Manutenção
Básicas
Análise Execução
Cálculo dos indicadores
Aquisição de dados através Descrição da atividade a ser
MTTR, MTBF, Taxa de Falha
de fichas configuráveis por realizada, bem como ações
e Disponibilidade do
equipamento a serem tomadas
Equipamento
Históricos das atividades de
Cadastro de atividades- Controle da manutenção
manutenção e Ordens de
padrão interna e de terceiros
Serviço
Listas mestras de Associação de parâmetros Quantidade de tempo
equipamentos e peças de para definição da alocado e consumido por
reposição periodicidade técnico em manutenção
Gerenciamento da Geração dos cronogramas
Identificação do parque de
disponibilidade de de trabalho em planilhas e
equipamentos
materiais e ferramentas gráficos de Gantt
Movimentações de Estratificação dos custos
Agendamento das
materiais, previsões de por equipamento,
manutenções preventivas e
consumo e quantidades atividade, Ordem de
preditivas
existentes Serviço e período
Sistema de aprovação
Personalização de níveis de Definição de criticidade de
eletrônica de solicitações e
acesso por usuário cada item
execuções.
Envio de pendências de
Capacidade de anexar Planejamento de execuções
execução de atividade aos
manuais, catálogos e vinculado à disponibilidade
respectivos responsáveis
procedimentos; de recursos
via e-mail
Programação, registro
e acompanhamento do
consumo de recursos
materiais e financeiros

Quadro 6 - Atividades necessárias em um sofware de manutenção


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Além dos recursos derivados diretamente da gestão da manutenção, há também a necessidade de ava-
liar os recursos tecnológicos, por exemplo, preciso que o técnico tenha essa informação em um aplicativo
de celular? Os dados devem ser armazenados em um servidor próprio ou um servidor na nuvem?
60 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

2.7.2 ATALHOS

Em um software que tem diversas configurações e ferramentas, é importante que ele tenha uma ma-
neira ágil para o usuário usar os seus recursos. Logo, os softwares contam com atalhos, normalmente feitos
com uma combinação de teclas.
Os atalhos deixam o uso do software bem dinâmico e um usuário bem treinado pode preencher uma or-
dem de serviço rapidamente. O ERP deve proporcionar uma boa experiência ao usuário, para que a apren-
dizagem seja rápida.

2.7.3 OPERACIONALIZAÇÃO

Uma vantagem em ter um software ERP é que a interface do programa é única para todos os setores,
assim, todos da empresa ficam familiarizados com o software.
Os ERPs têm seus recursos customizáveis de acordo com a necessidade da empresa. A empresa pode
adquirir alguns módulos e outros não. A escolha dos módulos varia de acordo com a necessidade de em-
presa para empresa e da viabilidade de custos.
Uma forma de melhorar a operação do software é separando os recursos disponíveis por tipo de usu-
ário. Por exemplo, um operador não precisa ter acesso aos indicadores de manutenção, essa informação
é desnecessária para o serviço que ele vai desempenhar. Quanto mais informações forem fornecidas para
ele, mais tempo o colaborador precisará ser treinado.

Fernando Gabriela
Operador Mantenedora

Indicador Indicador
Peças produzidas hoje: 7 Tempo médio de reparo: 8h
Peças produzidas no mês: 212 Tempo médio entre falhas: 15h

Abrir nota de manutenção Verificar notas em aberto

Figura 28 - Diferentes recursos para diferentes tipos de usuários


Fonte: SENAI DR BA, 2020.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 61

O software em si não irá fazer a empresa ter melhor rendimento, isso depende muito dos colaboradores
envolvidos. Todos precisam ter o treinamento adequado para usar o software.

2.7.4 INDICADORES

Como sabemos, os indicadores são importantes para o controle da manutenção, logo, eles devem estar
presentes nos softwares de gerenciamento.
Com os indicadores em um ERP, há uma maior agilidade na tomada de decisão, pois os dados estão
disponíveis em um único ambiente.
Os indicadores são gerados automaticamente a partir das entradas de manutenção no software. Por
exemplo, toda vez que é dada a entrada do início e término de uma manutenção, essa informação fica
armazenada, assim, pode ser obtido o indicador tempo médio de reparo.
Outros indicadores associados à manutenção também podem ser requisitados a partir de entradas es-
pecíficas no software.

2.7.5 RELATÓRIOS

Em um bom software de gestão, todos os dados são salvos, gerando assim um histórico automatica-
mente. Com o histórico, é possível obter informações para a construção de um relatório.
Alguns softwares geram relatórios a partir de uma especificação de período, por exemplo, determinan-
do um período entre os meses de Janeiro e Junho de 2020, o ERP gera um documento com informações
desse período, podendo abranger indicadores de manutenção e plotagem de gráficos.
Como as informações encontram-se em um único ambiente, os relatórios são produzidos rapidamente,
mesmo não usando um módulo de geração automática de relatório.
62 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, vimos o que é manutenção, os tipos de manutenção e suas características. Enten-
demos que houve a necessidade de novos tipos de manutenção que se adequassem aos softwares.
Agora sabemos que a manutenção tem um planejamento e que ele é importante para se obter efici-
ência. Foram vistos os principais itens abordados em um planejamento para manutenção.
Agora sabemos que a manutenção em software está ligada à evolução do software.
Foram apresentadas algumas métricas de manutenibilidade que ajudam no controle e na melhoria
do processo de manutenção.
Conhecemos documentos relacionados à manutenção.
Por fim, vimos recursos disponíveis em software de gestão e como um software de gestão da manu-
tenção melhora a eficiência da gestão da manutenção.
2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) 63
3
Você já conhece os tipos de manutenção, agora, vamos ver como executar a manuten-
ção de sistemas de automação e TI.
Para executar uma manutenção, temos que ter uma ordem de serviço (OS). Nela pode-
mos encontrar as primeiras informações que podem ajudar na identificação do problema.
Vamos supor que uma máquina está com defeito e esse defeito “aparente” deve ser
indicado na ordem de serviço. Indicar que “A máquina parou completamente” nos traz
informações diferentes do que se, por exemplo, “O painel da máquina está mostrando a
contagem de peças errada”. Com uma descrição mais específica do problema, já podemos
avaliar previamente a criticidade do problema e imaginar quais ferramentas devemos levar
para o local da manutenção.
Colocar o equipamento em funcionamento pode não ser o suficiente para garantir que
a falha não ocorra novamente. Por isso, temos que entender as causas que dão origem ao
defeito ou falha.
A ordem de serviço serve como um referencial inicial, para a realização da manutenção,
mas ela não é suficiente. É necessário realizar uma análise do problema, para achar as cau-
sas e partir para uma solução definitiva.
A seguir, vamos nos aprofundar nos assuntos referentes à execução da manutenção de
sistemas de automação e TI.

3 Execução da manutenção de
sistemas de automação e TI
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 67

3.1 ANÁLISE DE FALHAS

Você sabe o que é falha? Para sistemas de automação, uma falha é o término da capacidade de algum
elemento executar sua função específica. Podemos classificar a falha como um evento e não como o es-
tado em que o equipamento se encontra. Se um aparelho parou de funcionar às 12h, dizemos que houve
uma falha neste horário, o que leva o equipamento ao estado de pane.
Já uma análise de falha é um exame lógico feito de forma sistemática, para determinar todos os proble-
mas que estão ocorrendo ou, no mínimo, o modo de falha1 e o mecanismo que deu origem à falha. Este
método tenta identificar e avaliar as causas da falha, visando ações que permitam acabar ou ao menos
minimizar as ocorrências de falhas.
A seguir, veremos metodologias usadas em análise de falhas.

3.1.1 METODOLOGIAS (FERRAMENTAS DE DIAGNÓSTICO DE FALHAS)

As metodologias de detecção de falhas servem como um guia para analisar uma falha.
Um dos métodos usados em análise de falhas é o diagrama de causa e efeito, que identifica e correla-
ciona em desenho as várias causas e efeitos que estão relacionados a um problema base, com o objetivo de
prover uma visão sistêmica das causas e efeitos que dão origem a um problema. Veja como é estruturado
o diagrama:

Material Método
Mão
Causa Causa
de obra
Causa

PROBLEMA
Causa
Causa Causa
Máquina

Medida Meio
ambiente
Figura 29 - Diagrama de causa e efeito
Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Você notou como ele parece com a espinha de um peixe? Por isso, ele é chamado de diagrama de espi-
nha, de peixe e em algumas literaturas, é chamado de diagrama de Ishikawa, em homenagem ao criador.

1 Modos de falha: são as formas com que um sistema pode falhar.


68 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

CURIOSIDADES

O diagrama de causa e efeito foi aplicado pelo professor Kaoru Ishikawa, da Universi-
dade de Tóquio, em 1953, para detectar os problemas de qualidade de uma fábrica.

Veja, a seguir, um exemplo de diagrama de Ishikawa preenchido:

Mão de obra Material

Rolha trancada

Ajustes do torque
Rolamento do
rolhador trancado

Retrabalho
Esteira desarmou
motor

Rolhador não
expulsa a GRF

Rolhador não desce


Rolhador desarmou
o motor

Máquina

Figura 30 - Exemplo de diagrama de causa e efeito


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Outro método ou ferramenta normalmente utilizada em conjunto como o Diagrama de Ishikawa é o


Gráfico de Pareto.
Depois de identificadas as causas, é possível contabilizar suas ocorrências, o que permite uma visualiza-
ção estruturada em ordem de importância das causas sobre um determinado problema.
Agora, veja um quadro preenchido a partir da figura anterior:
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 69

ITEM DESCRIÇÃO DA FALHA HORAS %


1 Esteira desarmou motor 7,76 33%
2 Rolhador desarmou o motor 5,88 25%
3 Ajustes do torque 3,06 13%
4 Rolha trancada 2,82 12%
5 Rolhador não desce 1,41 6%
6 Rolamento do rolhador trancado 1,41 6%
7 Rolhador não espulsa a GRF 1,18 5%
Total 23,52 100%

Quadro 7 - Causas de retrabalho


Fonte: SENAI DR SC, 2012.

Em seguida, é possível representar graficamente os resultados, elaborando assim o Gráfico de Pareto,


demonstrado a seguir:

100%
100%
95%
89%
80%
83%
71%
60%
58%
40%
33%
20%

0%
Rolhador não espulsa a GRF
Esteira desarmou motor

Ajuste do toque

Rolhador não desce


Rolhador desarmou o

Rolha trancada

Rolamento do rolhador
trancado
motor

Gráfico 1 - Gráfico de Pareto


Fonte: SENAI DR SC, 2012.
70 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Um outro método bastante utilizado é a análise dos modos de falha e seus efeitos ou FMEA (Failure
Modes and Effects Analysis), que é normatizado pela IEC 60812.
A FMEA é usada para analisar potenciais modos de falhas dentro de um sistema e, assim, determinar
quais impactos as falhas incidem nele. A FMEA tem o objetivo de minimizar as falhas e reduzir os impactos
que as falhas podem ocasionar à segurança, ao meio ambiente e à economia das indústriais.

3.1.2 PROCEDIMENTOS

Vamos ver, agora, como utilizar as metodologias de análise de falhas.

ISHIKAWA

Costuma-se utilizar seis grandes categorias de causas no diagrama de Ishikawa, que são:
a) Mão de obra: por exemplo, colaborador não treinado;
b) Máquina: por exemplo, falta de lubrificação de um mancal;
c) Material: por exemplo, alicate de corte sem fio de corte;
d) Medida: por exemplo, falta de ajuste na balança;
e) Meio ambiente: por exemplo, espaçamento inadequado entre as áreas de trabalho;
f) Método: por exemplo, método escolhido pode estar facilitando a ocorrência de uma falha.

Essas categorias não são obrigatórias e também não são as únicas para a elaboração de um digrama de
causa e efeito.
Veja a configuração gráfica de um diagrama de Ishikawa de uma fábrica de biscoito. A empresa está
com problemas em manter a quantidade adequada de biscoito dentro do pacote.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 71

MÃO DE OBRA MATERIAL

Parametrização incorreta Nova embalagem

Pacote com
biscoitos a
menos

Mudança na fabricação Defeito com o sensor

MÉTODO MÁQUINA

Figura 31 - Diagrama de Ishikawa


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Você consegue perceber que não foram utilizadas todas as categorias sugeridas? Apesar de o exemplo
mostrar apenas uma causa para cada categoria, em problemas mais complexos, as categorias costumam
ter várias causas, chegando ao ponto em que algumas causas passam a ser classificadas como categorias.
Algumas vezes, um conjunto de causas pode ter levado à falha. Pensando nisto, podemos tomar medi-
das para minimizar a falha. Por exemplo, se a falha ocorreu porque um colaborador parametrizou a máqui-
na de forma incorreta, essa causa pode ser solucionada com o treinamento dos colaboradores envolvidos
no processo.

FAILURE MODES AND EFFECTS ANALYSIS - FMEA

A análise de modos de falhas e seus efeitos, ou a FMEA, é feita em um formato de planilha para facilita
a visualização de um problema de um item a ser analisado. Esta planilha é composta dos seguintes dados:
a) Descrição do que está sendo analisado: por exemplo, análise do sistema de segurança do robô.
b) Descrição da falha: que deve conter o modo de falha e a causa da falha, também pode-se adi-
cionar mais informações, por exemplo, algo referente à detecção de falha.
- Modos de falha: são as formas com que o item analisado pode falhar.
- Causas de falha: são as possíveis causas que podem levar a um modo de falha específico
de um item.
72 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

c) Efeitos da falha: que são as consequências geradas pela falha.


d) Medidas de segurança: que pode representar o que deve ser feito para prevenir a falha ou mini-
mizar os efeitos.
e) Indicadores: são usados para uma análise de criticidade, ou seja, para estabelecer um critério de
quão crítico o modo de falha pode ser. Quando adicionamos esses indicadores, o FMEA passa a
ser chamado de FMECA. Estabelecemos um ranking de 1 até 10 para representar os indicadores.
- Gravidade: indica o quão grave é o modo de falha. Quanto maior for a gravidade, mais
próximo de 10 fica o indicador;
- Ocorrência: indica o quão frequente o modo pode surgir. Quanto maior for a ocorrência,
mais próximo de 10 fica o indicador;
- Detecção: indica o quão fácil é a detecção da falha. Quanto menor for a facilidade de de-
tecção, mais próximo de 10 fica o indicador;
- Risco: é o produto entre todos os outros indicadores.
f) Ação para correção: que representa o que fazer para eliminar ou minimizar a ocorrência do
modo de falha.
g) A pessoa responsável: que é o nome/função de quem é responsável pelas ações corretivas.

Veja, a seguir, um exemplo de uma planilha FMEA/FMECA:

Descrição do item Descrição da falha Efeito da falha Medidas de proteção Indicadores


Responsabili-
Modo de Causa da Detecção de Prevenção Minimização Ação corretiva
Item Função Local Global G O D R dade
Falha Falha falha de falha do efeito
Não travar o Técnico em
Instalação Risco de Inspeção Refazer
robô quando Visual Nenhuma Nenhuma 10 2 5 100 Cibersistemas
indevida acidente periódica instalação
acionada
Travar robô
Cortina de
quando
Luz Travar o robô Mudar Técnico em
acionada Rompimento Parada do Gargalo no Inspeção
quando não Visual Nenhuma 6 4 4 96 posicionamento Cibersistemas
no cabo processo sistema periódica
acionada do cabeamento

Quadro 8 - Planilha FMEA/FMECA


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

No quadro anterior, temos um exemplo de uma FMECA aplicada a uma célula industrial de um robô,
onde está sendo analisado o item de segurança cortina de luz. Como pode ser visto na planilha, esse item
tem a função de travar o robô quando ele for acionado e há dois modos de falha: ser acionado e não travar
o robô, ou, travar o robô sem ser acionado.
Cada modo de falha traz efeitos diferentes. Note que um modo é mais grave que o outro. Se o robô não
parar como deve e alguém precisar atravessar a cortina, haverá um acidente. Logo, esse modo de falha tem
uma gravidade muito maior, pois oferece risco de vida a quem está trabalhando com o dispositivo.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 73

A planilha de uma FMEA não tem um formato fixo, ela pode ser modificada para cada situação.

3.1.3 TÉCNICAS DE EXECUÇÃO

Sabemos como usar as metodologias para análise de falhas, agora, vamos ver técnicas usadas para
detecção e diagnóstico de falhas.

ANÁLISE POR INSPEÇÃO VISUAL

A primeira ação que podemos tomar quando um equipamento sofre uma falha ou pane é fazer uma
inspeção visual. Por mais básico que pareça, muitas hipóteses podem surgir de uma inspeção visual.

Figura 32 - Cabo de força danificado


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Os sistemas de automação e TI são compostos por dispositivos eletrônicos, por isso, uma boa iniciativa
em uma inspeção visual é verificar por indícios de danos elétricos, folga ou conexões erradas, modelos in-
compatíveis. Então, verifique se os dispositivos de proteção, como disjuntores e fusíveis, foram acionados.
Durante a inspeção, procure por:
a) Danos na carcaça: podem passar abrasivos para a parte interna ou causar folgas no equipamento;
b) Carbonização de contatos: normalmente associado a descargas atmosféricas sobre a rede elé-
trica;
c) Danos no isolamento: pode provocar fuga de tensão ou curto-circuito.
74 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Em um laboratório, a inspeção visual é fácil de se realizar por causa da iluminação e estrutura do am-
biente, mas em serviços externos é possível fazer os primeiros diagnósticos no local. Para isso, é necessário
ter uma lanterna e uma lupa para ajudar nessa inspeção.
A inspeção visual é bastante útil para uma análise de causas e defeitos, porém, nem toda falha ou de-
feito deixa marcas visíveis, sendo necessário realizar outros tipos de inspeção. Os problemas que se apre-
sentam visualmente não significam que são unicamente a causa ou que solucionando essa anomalia, o
problema será resolvido.

ANÁLISE POR COMPARAÇÃO COM OUTRO EQUIPAMENTO

Em alguns sistemas industriais temos células que são iguais, ou seja, fazem a mesma função e têm os
mesmos equipamentos. Nessa situação, podemos analisar a falha de um equipamento comparando com
outro.
Imagine duas células iguais, ambas com mesmo modelo de motor e inversor de frequência. Se um dos
inversores de frequência apresentar falha, podemos usar o inversor da outra célula e, por comparação,
podemos verificar se os parâmetros estão iguais, por exemplo.
Uma análise por comparação entre equipamentos só é possível se houver dois iguais, inclusive nas
configurações. Além disso, um deles deve estar em perfeitas condições e sem apresentar falhas. Por exem-
plo, ao analisar por comparação dois roteadores, é interessante que eles estejam com a mesma versão de
firmware. Um atualização do softeware pode trazer correções de problemas, novas funções ou até novos
problemas novos.
É importante configurações iguais para um resultado confiável.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 75

ANÁLISE POR SOFTWARE

Os equipamentos dos sistemas de automação costumam ter sistemas embarcados, e o firmware pode
ser programado para fornecer informações que podem nos ajudar na análise de falhas.

Software de análise
de comunicação serial

Circuito analisado Notebook


Cabo de
comunicação serial

Figura 33 - Software e uma placa conectada na serial


Fonte: SENAI DR BA, 2020; SHUTTERSTOCK, 2020.

Com o software disponibilizado pelo fabricante, podemos extrair informações sobre um dispositivo e
realizar alguns testes, como:
a) Comunicação entre a placa e o dispositivo de armazenamento;
b) Verificação das memórias e se estão apresentando defeito;
c) Periféricos associados ao dispositivo.

Outros testes podem ser realizados para cada dispositivo específico. Uma outra forma de conseguir
informações para uma análise é através dos sistemas supervisórios. Apesar de não serem feitos especifi-
camente para a manutenção, eles estão diretamente instalados nos centros de controle operacionais e,
assim, disponibilizam acesso aos dados do sistema supervisório. De forma fácil, a equipe de manutenção
consegue agilizar o processo de ajuste.
Uma função importante do sistema supervisório é o gráfico de tendências, que apresenta, por exemplo,
o comportamento das grandezas físicas (tensão, corrente, vazão, entre outras) ao longo do tempo.
Com um gráfico de tendência podemos, por exemplo, verificar se uma falha está acontecendo em um
período específico do dia, como um motor que falha somente no turno da noite.
76 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

3.2 INSTRUMENTOS

Os instrumentos de medição são essenciais para tarefas que envolvam análise de falhas. A seguir, va-
mos conhecer os instrumentos de medição mais utilizados em manutenção para sistemas embarcados.

3.2.1 MULTÍMETRO

O multímetro, também chamado de multiteste, é um instrumento de medição portátil com foco em


medir grandezas elétricas. Um multímetro básico deve ser capaz de fazer as seguintes medições: ampera-
gem, resistência e voltagem.
A quantidade de grandezas medidas varia com marca e modelo. Veja, a seguir, imagem das partes de
um multímetro.

Ponteiras
de prova

Display

Seletor

Display: mostra o resultado medido;


Ponteiras de prova: condutores que entram em contato com
o circuito para obter a medida selecionada;
Seletor: chave usada para selecionar a grandeza e o range a
ser medido.

Figura 34 - Multímetro
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

O multímetro é um instrumento essencial para análise de falhas e de comportamento de um circuito


elétrico.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 77

3.2.2 OSCILOSCÓPIO

O multímetro pode não ser o instrumento mais indicado para fazer a medição de sinais em sistemas de
automação, pois ele retorna apenas valores numéricos. Em casos como a verificação de uma irregularidade
na transmissão de sinal, originado em um periférico como o Serial, exige um instrumento que proporcione
não somente valores numéricos. É também necessário ter a visualização do formato gráfico que esse sinal
possui, para isso, podemos usar um osciloscópio.
Um osciloscópio é um instrumento de medição que capta sinais elétricos e gera um gráfico. Um osci-
loscópio pode ser digital ou analógico. As principais características que precisam ser verificadas em um
osciloscópio são:
a) Quantidade de canais: determina a quantidade de sinais simultâneos;
b) Isolação dos canais: determina se os canais têm referências isoladas ou não;
c) Largura de banda: determina a faixa de frequência que o equipamento pode fazer a leitura;
d) Frequência de amostragem: determina a quantidade de amostras lidas por segundo. Quanto
maior, melhor;
e) Tempo de subida: existe a limitação do tempo de subida mínimo, que um osciloscópio é capaz
de representar graficamente. O equipamento não é capaz de realizar, corretamente, o traçado de
valor de tempos menores do que o limite mínimo;
f) Exatidão vertical e horizontal: é a incerteza dos valores apresentados nos eixos x e y da tela do
osciloscópio;
g) Faixa de medição: determina a faixa de tensão que pode ser medida.

Veja, a seguir, a imagem de um osciloscópio e como ele é dividido.

Display Seletores Canais Ponteira de prova

Figura 35 - Osciloscópio de bancada


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.
78 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Veja o que faz cada parte da estrutura de um osciloscópio:


a) Canais: conector para a ponteira de prova;
b) Display: mostra o gráfico obtido com a medição;
c) Ponteira de prova: meio pelo qual é feita a coleta;
d) Seletores: chaves e botões responsáveis pela parametrização e ajustes.

O mais comumente utilizado é o osciloscópio de bancada, mas, em alguns casos, pode ser justificado
o investimento em um osciloscópio portátil, como em casos de técnicos que prestam serviço em diversas
empresas.

3.2.3 TESTADOR DE CABOS

Os testadores de cabo são utilizados para verificar o funcionamento nos condutores dos cabos de par
trançado. Com esse instrumento é possível verificar a continuidade dos condutores, apontando falha de
algum condutor ou conexão cruzada.

LEDs indicadores

Chave para iniciar teste

Figura 36 - Testador de cabos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 79

Para testar um cabo com esse instrumento, basta colocar as extremidades do cabo em cada parte do
instrumento. Caso seja testado um cabo com conector RJ45 e todos os LEDs acenderem, significa que há
continuidade em todas as terminações do cabo. O testador também permite testes em conectores RJ11.

3.3 COMPONENTES E EQUIPAMENTOS DOS SISTEMAS

Os equipamentos de redes são cruciais para os sistemas de informação dos processos automatizados,
portanto, o técnico precisa conhecer os equipamentos de redes.
Os principais equipamentos de redes são os roteadores, switches, drives e gateways.

3.3.1 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO

O técnico necessita conhecer bem os dispositivos que passarão por manutenção. Por isso, antes de
partir para a manutenção, é importante fazer um levantamento das especificações técnicas de cada dispo-
sitivo envolvido. Este procedimento trará facilidade ao realizar uma análise e obter um diagnóstico.
Vamos utilizar, como exemplo, um roteador X42. Imagine que nosso aparelho apresenta problemas em
atribuir endereços IP automaticamente quando há mais de cinco dispositivos na rede.
Vamos analisar o problema? A partir da especificação do modelo (modelo X42) e da versão do firmware
atual instalada (versão V1), é possível saber se a falha em questão está associada ao firmware. Basta procu-
rar essa informação no suporte do fabricante.
O quadro a seguir apresenta o changelog de uma atualização do firmware para o roteador, onde pode-
mos notar as falhas que foram sanadas nesta versão do software.

Firmware versão V2 Modelo X42

Data de publicação: 19/08/2020 Idioma: português Tamanho do arquivo: 3MB

Essa atualização de firmware conta com as seguintes modificações:


1. Melhorado o controle de velocidade da ventoinha (fan).
2. Corrigido o erro que impede a atribuição automática de endereços IP
quando há mais que cinco dispositivos na rede.
3. Melhorada a estabilidade quando a velocidade 25G é forçada em interface
não suportada.

Quadro 9 - Changelog de atualização de firmware


Fonte: SENAI DR BA, 2020.
80 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Podemos perceber que saber especificações técnicas de um dispositivo facilita na análise e diagnóstico
da falha, mas existem também especificações voltadas para manutenção. Essas especificações podem ser
encontradas em manuais disponibilizados pelos fabricantes dos produtos.
Para exemplificar, podemos citar as especificações de manutenção de um robô antropomórfico2 indus-
trial, que em seu manual de manutenção é listado o que deve ser inspecionado a cada período.

3.3.2 VIDA ÚTIL

Vida útil é um termo usado para expressar a durabilidade de um produto.


Os fabricantes determinam a vida útil dos seus produtos. Essa informação é relevante para estipular
quando será necessário substituir o produto.
A garantia dos produtos costuma estar associada à vida útil, quando o fabricante fornece uma garantia
de 5 anos em uma bateria, por exemplo, significa que o produto foi feito para durar sem problemas duran-
te esse período.
A vida útil de um produto depende das condições de uso. Um produto que tem vida útil de 5 anos a
uma temperatura máxima de 50°C, caso seja submetido a uma temperatura maior, seu tempo de vida irá
diminuir. Lembrando que a garantia do fabricante só é válida se o produto for submetido às condições de
uso estipuladas.
A vida útil pode ser expressa de várias maneiras e isso depende do produto, por exemplo, lâmpadas
costumam ter sua vida útil estipulada em horas de uso, já botões costumam ter sua vida útil expressa em
quantidade de comutações.

3.4 PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO

Para fazer a manutenção de sistema de automação, temos que saber executar os procedimentos de
manutenção corretamente, bem como usar os instrumentos e ferramentas.
Os procedimentos devem constar na ordem de manutenção, e definir o que o mantenedor deve fazer
para cumprir a tarefa.
A seguir, veremos procedimentos comumente realizados na manutenção de sistemas de automação.

3.4.1 TESTE DE CIRCUITOS DE ALIMENTAÇÃO

Nos circuitos eletrônicos são utilizadas fontes de alimentação, como pilhas e baterias, com tensão elé-
trica e capacidade de corrente coerentes com a especificação do circuito. Normalmente, estas informações
se encontram no manual do equipamento.

2 Robô antropomórfico:  é um robô com formas baseadas no corpo do ser humano.


3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 81

Para realizar testes nos circuitos de alimentação, o multímetro pode ser utilizado para verificar se a car-
ga encontra-se no nível desejado.
Com o manual ou o próprio dispositivo, podemos identificar pontos para testar a alimentação de um
dispositivo. Observe a figura a seguir.

Figura 37 - Borne de entrada de alimentação do CLP


Fonte: SIEMENS, 2020.

Na figura anterior, temos o diagrama de fiação de um CLP. A marcação mostra onde e qual tipo de ten-
são é aplicado na alimentação do CLP. Então, com fios de alimentação devidamente fixados aos bornes,
podemos usar o multímetro, com a chave seletora na posição de ”tensão corrente alternada”, para verificar
se o CLP está sendo energizado.
82 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Figura 38 - Borne de alimentação do CLP


Fonte: SIEMENS, 2020.

A marcação, da figura anterior, indica que os bornes servem como uma fonte de alimentação de cor-
rente contínua e devem ter 24V.
Quando o PLC estiver ligado, esses bornes costumam ser usados para alimentar os dispositivos de en-
trada digital, como: sensores, botões e chaves. Com o CLP ligado, podemos testar se esses bornes estão
fornecendo a tensão adequada.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 83

Figura 39 - Borne de alimentação para as saídas do CLP


Fonte: SIEMENS, 2020.

As saídas desse modelo de CLP são os relés, isso nos permite ligar saída com corrente alternada ou
corrente contínua. Uma forma de testar as saídas é acioná-las via software e verificar se as saídas acionadas
estão fornecendo a tensão desejada.
84 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

3.4.2 ANÁLISE DE SINAIS

Nos sistemas de automação, existem diversos tipos de sinais elétricos, sejam de entrada ou de saída.
Para analisá-los, é necessário utilizar instrumentos de medição, como o osciloscópio.

Figura 40 - Análise de sinais utilizando osciloscópio


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Ao utilizar os recursos fornecidos por esse instrumento no momento da análise, pode-se obter infor-
mações de extrema relevância para a aplicação desejada, como os valores de tensão, frequência dos sinais
periódicos, comparação de dois sinais no circuito eletrônico, para verificar se o componente está com
defeito, etc.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 85

Para medir um sinal no osciloscópio da saída da fonte de um equipamento, devemos:

PASSOS DEMONSTRAÇÃO

Escolher um canal e conectar


a ponteira de prova;

Colocar a outra extremidade da


ponteira no sinal de
referência;

Obs.: os osciloscópios contam


com sinal de referência.

Ajustar a escala que relaciona


a tensão/div e a sec/div de
forma que o sinal fique melhor
visível;

Ajustar a posição horizontal e


vertical para que o sinal fique
melhor posicionado possível;

Retirar a ponteira do sinal de


referência e coloque na saída
da fonte;
Por fim, faça ajuste no
posicionamento e na escala do
sinal, para que o sinal fique
visível da melhor forma.

Quadro 10 - Medindo fonte


Fonte: SENAI DR BA, 2020; SHUTTERSTOCK, 2020.
86 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Osciloscópios digitais apresentam algumas configurações de medidas automáticas,por exemplo, ten-


são de pico a pico, que são mostradas mediante configuração.
Os dispositivos de automação enviam seus dados para os sistemas de TI através de redes, essas redes
estabelecem comunicação graças aos protocolos. Falhas podem ocorrer durante a transmissão dos dados
e uma forma de analisar o que está ocorrendo com os sinais é através de um analisador de protocolos.
Diferente dos osciloscópios que trazem apenas o sinal medido, os analisadores de protocolos trazem as
informações interpretadas, o que agiliza na detecção de falhas.
Para usar o analisador de protocolo, temos que isolar o equipamento que será analisado e conhecer o
sinal a ser enviado ou recebido para comparar com o sinal medido pelo analisador.
No mercado existem várias soluções e muitas delas atendem a mais de um protocolo. O preço desses
equipamentos, se comparado aos dispositivos a serem analisados, costuma ser bastante elevado.

3.4.3 REPAROS OU SUBSTITUIÇÕES

Os componentes, os equipamentos e os sistemas usados na indústria costumam ser utilizados por um


bom tempo. Porém, eles podem apresentar problemas, sendo necessário reparos ou substruções ao longo
do tempo.
Algumas vezes, contratempos acontecem como quando um item apresenta problemas e descobrirmos
que ele não é mais produzido pelo fabricante. A isto chamamos de obsolescência. Quando isso ocorre,
temos que estudar novos itens que sirvam como substitutos.
Na maioria das vezes, o fabricante indica um novo item que serve como substituto àquele obsoleto.
Mesmo assim, com indicação do fabricante, devemos ter bastante cuidado na escolha desses itens, pois
podemos sair com um conjunto de soluções que são desnecessárias para aplicação, aumentando o custo
da manutenção.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 87

Outro problema que pode acontecer com a nova indicação, é haver a necessidade de outras mudanças
no equipamento, para adaptar o novo item. Essa mudança pode elevar os custos.

Modelo: S001

CLP

Liberação para Anúncio de Cancelamento Descontinuidade


venda eliminação do do produto do produto
produto

20.02.2015 20.02.2020 17.03.2021

Figura 41 - Anúncio de cancelamento


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Alguns fabricantes anunciam quando um produto será descontinuado, como pôde ser visto na figura
anterior. Quando é anunciado o cancelamento de um produto, pode ser mais caro adquirir tal produto do
que adquirir um produto do modelo novo. Isso deve ser levado em consideração no caso de uma substi-
tuição.
Ainda assim, em alguns casos, pode ser recompensador comprar um produto com um anúncio de can-
celamento já publicado. Vamos supor que ocorra uma mudança na tecnologia, de uma impressora indus-
trial, por exemplo. Um dos dispositivos, que se conectava através de uma porta paralela, não está mais
presente na versão mais recente do produto. Provavelmente, não está prevista a troca de equipamentos
associados a esta impressora. Logo, isto forçará a compra de um conversor que pode, no final das contas,
sair mais caro que comprar o produto na versão antiga.
Para facilitar a escolha da substituição de um item que não é mais vendido, por um novo, podemos
seguir uma regra, que é evidenciar os requisitos. Por exemplo: caso seja necessário substituir um PLC com
8 entradas digitais, não adianta solicitar um equipamento com melhor processamento, mas que tenha
apenas 4 entradas digitais. Neste caso, existe um único requisito: ter 8 entradas digitais.
Existem casos em que há vários requisitos funcionais que não podemos abrir mão. Então, não adianta
ter um produto novo e tecnológico se ele não suprir um dos requisitos.
88 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

SUBSTITUINDO SENSORES

Substituir um item é bem similar a fazer uma instalação, mas a substituição tem suas peculiaridades. Por
exemplo, substituir um sensor indutivo pode exigir um maior preparo que uma instalação, como:
a) Saber desconectar mecanicamente o sensor (desparafusar, destravar ou simplesmente desencai-
xar);
b) Saber se o sensor pode ser removido energizado ou não;
c) Saber se é necessário parar toda a célula ou apenas o equipamento em questão.

Os detalhes de uma substituição podem variar com o item a ser substituído.

SUBSTITUINDO RJ45

Cada vez mais os dados estão sendo transportados por redes sem fio, mesmo assim, cabos estão pre-
sentes no dia a dia de um Técnico em Cibersistemas.
Com um testador de cabos obtemos um parecer relativo à continuidade de um cabo UDP, que é um
cabeamento usado em redes Ethernet. Para substituir um conector RJ45 macho, temos que ter as ferra-
mentas adequadas. Veja na imagem a seguir.

4
1

1 - Alicate crimpador RJ45 3 - Conector RJ45


2 - Desencapador 4 - Testador de cabos

Figura 42 - Ferramentas para corte


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 89

Para substituir um conector RJ45, temos que seguir o procedimento a seguir.

Troca de conector RJ45


1 Desconectar as extremidades do cabo dos equipamentos;
2 Cortar o cabo próximo ao conector que será substituído;
3 Decapar o cabo em 2cm;
4 Remover a trança dos pares;
5 Ordenar os fios de acordo com o padrão desejado;

6 Cortar os fios deixando 1cm de sobra;


7 Encaixar os fios de forma ordenada no conector;
8 Usar o alicate para crimpar;
9 Testar o cabo.
Figura 43 - Procedimento troca de conector RJ45
Fonte: SENAI DR BA, 2020; SHUTTERSTOCK, 2020.

Note que testar o cabo faz parte do procedimento. Mesmo que você faça tudo certo, é preciso fazer um
teste para garantir.

3.4.4 TESTE DOS COMPONENTES E DISPOSITIVOS

Durante a manutenção de um dispositivo eletrônico ou placa de circuito impresso, podem ser diagnos-
ticados componentes que possam estar com defeitos. Por isso, é necessário checar os componentes desses
dispositivos para verificar, através de testes, quais apresentam defeitos.
A funcionalidade básica de muitos componentes eletrônicos pode ser testada por meio da utilização do
teste de continuidade.
90 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

TESTE DE CONTINUIDADE

Geralmente, para detectar falhas em circuitos, são realizados testes de continuidade, que consistem em
inserir uma diferença de potencial (tensão elétrica) pequena entre dois pontos quaisquer.
O instrumento de medição mais comum em laboratórios de eletrônica, que permite realizar este tipo
de ensaio, é o multímetro.
Veja, na figura a seguir, exemplos de onde os testes de continuidade podem ser realizados.

Trilhas de placa
eletrônica

Carcaça de Pinos de
equipamentos conectores

TESTE DE
CONTINUIDADE

Pinos de
circuitos Terminais de
integrados componentes

Fios condutores

Figura 44 - Aplicação dos testes de continuidade


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Além desses exemplos, o teste pode ser aplicado em outros pontos de um sistema eletrônico, que não
estejam energizados.
As consequências de inserir uma tensão elétrica em dois pontos diferentes podem ser resumidas em
duas possíveis situações, conforme apresentado no quadro a seguir.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 91

SITUAÇÕES DESCRIÇÃO CONCLUSÃO


1ª Flui corrente elétrica entre os dois pontos, Circuito
caso eles estejam conectados eletricamente fechado (em
um com o outro funcionamento)
2ª Não flui corrente elétrica entre os dois pontos Circuito aberto
por não existir um ramo que os conecte (sem funcionar)
eletricamente

Quadro 11 - Circuito aberto e circuito fechado


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

O procedimento a seguir esclarece as etapas básicas durante o teste de continuidade de componentes


elétricos e eletrônicos.

ETAPA DESCRIÇÃO
Instalação das ponteiras do multímetro.
É convencional utilizar a ponteira vermelha para representar o sinal
1ª positivo, instalando-a na entrada de tensão (+) do instrumento.
Enquanto que a ponteira preta representa o sinal negativo,
instalando-a na entrada de referência (COM) do instrumento.
Configurar o multímetro na função de continuidade (geralmente
2ª identificado com o sinal do bipe) ou Ohmímetro. Ler esta informação
no manual, caso não seja tão evidente.
Conecta-se a ponteira vermelha (+) em um dos terminais do

componente.
4ª Conecta-se a ponteira preta (-) em outro terminal do componente.
Não encoste os dedos nos terminais dos componentes ou nas
ponteiras do instrumento, porque os dedos podem estar úmidos,

tornando-se um canal de baixa impedância, podendo alterar o
resultado da medição.
Confira a resposta do instrumento para verificar se o caminho é de
6ª baixa ou de alta impedância. O alarme sonoro, quando existir, informa
ao usuário que há um caminho de baixa impedância.
Compare os resultados obtidos com as informações na folha de dados
7ª (datasheet) e tire as conclusões pertinentes referente ao componente
ensaiado.

Quadro 12 - Procedimento de teste de continuidade em componentes


Fonte: SENAI DR BA, 2020.
92 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Devido a sua eficiência, este procedimento é uma condição necessária para a constatação do funciona-
mento de inúmeros componentes, por exemplo os que podem ser vistos no quadro a seguir.

Resistor Transistor Capacitor


eletrolítico

Toroide Fusível

Circuito Capacitor
integrado LED cerâmico

Quadro 13 - Exemplos de componentes eletrônicos


Fonte: SENAI DR BA, 2020; SHUTTERSTOCK, 2020.

Informações sobre os componentes do quadro anterior podem ser encontradas com mais detalhes na
sua folha de dados, popularmente chamada de datasheet. Esse documento pode ser encontrado facilmen-
te na internet por meio de um site de busca, bastando digitar o modelo do componente. Caso queira saber
a corrente de pico reversa de um diodo modelo 1n4001, basta procurar a informação no datasheet. Para
fins didáticos, o quadro a seguir apresenta a tradução de parte de um datasheet, mas os datasheets dos
componentes são escritos em inglês.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 93

VALORES MÁXIMOS (TA = 25ºC)


PARÂMETRO Símbolo 1N4001 1N4002 1N4003 1N4004 1N4005 1N4006 1N4007 UNIT

Tensão de
pico reserva
repetitiva
VRRM 50 100 200 400 600 800 1000 V
máxima

Quadro 14 - Datasheet 1N4001


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Caso o componente possua um comportamento adverso durante o procedimento de teste, é um grande


indício de que ele possui algum defeito e precisa ser reparado ou substituído. O datasheet do componente
pode ajudar na escolha de um novo, caso um componente com mesmo modelo não esteja disponível.

FLASH LED

Alguns dispositivos industriais contam com recursos para realização de testes. Um recurso de teste usa-
do em CLPs é o flash LED. Ele serve para identificar qual CLP de uma rede está associado a um determinado
endereço de rede. O LED do CLP fica piscando quando o recurso é ativado.
Para realizar esse tipo de teste, você precisa saber se:
a) O modelo do PLC suporta esse tipo de teste;
b) O software que você está usando faz esse tipo de teste.

Apesar de esse recurso ser comum em CLPs, os fabricantes costumam disponibilizar esses recursos para
outros tipos de dispositivos, por exemplo uma IHM.

GIGA DE TESTE

Outra forma de testar um CLP é criando um GIGA de teste, que é um dispositivo utilizado para simular
o comportamento de um sistema. Ao invés de ter todos os sensores e atuadores espalhados no chão de
fábrica, esses componentes são montado em uma bancada. Uma vantagem de utilização é que não é
preciso ter exatamente o mesmo sensor ou atuador usado no sistema. Eles podem ser substituídos por
componentes mais simples, como: potenciômetro, switchs, botões, LEDs e motores DC de baixa tensão,
mas que apresentem o mesmo comportamento de componentes mais complexos.
A estrutura física do GIGA de teste não é suficiente para testar um CLP. Para tal, também devem ser
desenvolvidos algoritmos que façam testes, tratando de todas as possíveis entradas e saídas que o CLP
precisará responder.
94 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

TESTANDO POR ETAPAS

Mesmo com muitas formas de executar testes, o técnico precisa conhecer bem o sistema e o seu com-
portamento para diversas entradas, pois testar tudo em um sistema leva muito tempo. O técnico precisa
definir quais passos tomar diante de um problema.

CLP1 CLP3 PC

Roteador

Escravo/ Escravo/
Servidor1 Servidor2

CLP2

Figura 45 - Esquema de uma planta industrial


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

A figura anterior mostra o esquema de uma planta industrial simplificada.


A partir de uma determinada temperatura, coletada pelo sensor analógico de temperatura, o motor
deve ser ligado. Mesmo chegando na temperatura, o motor não está ligando. Você sabe por onde iniciar
o teste?
Com poucas informações fornecidas, o melhor caminho é iniciar testes no motor, pois é esperado que
ele funcione quando chegar a uma determinada temperatura. Mesmo que não seja a fonte do problema,
é importante iniciar os testes com os dispositivos que estejam mais próximos de onde foi detectado o
problema.
Garantindo que o motor não está com defeito, é hora de avançar para o teste para outro ponto.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 95

3.4.5 LIMPEZA

Sabia que você pode ter perdido um eletrônico por falta de limpeza? O laptop é um dispositivo eletrô-
nico que precisa ser limpo preventivamente de período em período, mas muitas pessoas realizam essa
simples ação somente quando o dispositivo apresenta falhas.
Na indústria, a limpeza é a principal forma de manutenção preventiva. Equipamentos eletrônicos que
dissipam muita energia térmica durante a operação, como é o caso de processadores que aquecem devido
à elevada frequência de chaveamento, necessitam de limpezas frequentes em seus dissipadores e sistemas
de resfriamento, para garantir a vida útil de funcionamento.
Com o tempo, os equipamentos eletrônicos, especialmente aqueles que possuem pouca isolação com
o ambiente ou que ficam expostos a ambientes com muita poluição industrial, por exemplo, estão sujei-
tos ao acúmulo de poeiras e sujeiras, que, quando em excesso, podem afetar o comportamento elétrico e
térmico dos circuitos eletrônicos.
A sujeira pode criar caminhos de baixa impedância, que provocam correntes de fugas ou descargas elé-
tricas, o que pode prejudicar o funcionamento de componentes mais sensíveis. De outra forma, o acúmulo
de poeira pode prejudicar a transferência de energia térmica, aumentando a temperatura sobre certos se-
tores ou componentes, e, por causa disso, ser a fonte de defeitos em circuitos. A poeira, ainda, pode aderir
à placa e trilhas, provocando, em alguns casos, a corrosão destas.

Figura 46 - Excesso de poeira em placa de circuito eletrônico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Você acredita, ser possível, que o próprio ato de limpar causa danos a um equipamento? Sim, isso ocor-
re quando a limpeza é feita de forma inadequada.
Com o intuito de eliminar a falha em um sistema, um leigo pode usar água para limpar uma PCB3, mas
água não é adequada para este tipo de limpeza.
3 PCB: placa de circuito impresso.
96 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Figura 47 - Lavando PCB com água


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Por isso, precisamos realizar a limpeza dos circuitos eletrônicos empregando métodos adequados. Essa
limpeza pode ser realizada durante o processo de análise visual com a utilização de pincéis antiestáticos.
Esta ação facilita o diagnóstico visual, já que alguns defeitos podem estar encobertos pelo acúmulo de
poeira. Outras ferramentas ainda podem ser utilizadas, como sopradores (de ar frio) e aspiradores desen-
volvidos especificamente para este fim. Observe na figura a seguir.

Figura 48 - Limpeza com pincel e soprador


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

É necessário ter muito cuidado com o manuseio dos componentes durante a limpeza, para que os mes-
mos não sejam danificados.
Outro problema com a forma de limpar está relacionado à força emprega ao esfregar os componentes
com a ferramenta de limpeza. Devemos lembrar que os sistemas embarcados são componentes sensíveis
e que devem ser tratados como tal.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 97

3.4.6 ALTERAÇÕES DE CÓDIGOS EM SOFTWARE

Quando programamos dispositivos e sistemas eletrônicos, os códigos criados passam por diversas alte-
rações ao longo do tempo. Às vezes, é necessário adicionar ou retirar algumas linhas desses códigos, para
que o funcionamento esteja de acordo com o que foi requisitado.
Por isso, para que essas alterações sejam monitoradas, é necessário haver um gerenciamento do códi-
go-fonte. A cada modificação realizada no código-fonte, após a atualização, essas informações são coleta-
das, salvas e um histórico é criado, e pode ser consultado a qualquer momento.
Para criar um monitoramento da alteração de um código, você precisa seguir três passos:
a) Passo 1: fazer a alteração e concluir a alteração;
b) Passo 2: comentar as modificações realizadas;
c) Passo 3: salvar uma nova versão.

Uma forma de gerenciar as versões de um código é usando um Sistemas de Controle de Versões Distri-
buídos ou DVCS (distributed version control).
Um sistema de controle de versão costuma permitir:
a) Iniciar um repositório;
b) Atualizar arquivos;
c) Monitorar arquivos;
d) Ignorar arquivos em um repositório;
e) Voltar a versões anteriores;
f) Cadastrar os dados dos participantes do time.

Usando um sistema de controle de versão, um programador pode realizar a manutenção em um códi-


go e, após concluir a manutenção, o programador pode fazer um commit, que é o ato de subir uma nova
versão do código para um repositório4.
Quando um commit é realizado, automaticamente a versão que foi subida torna-se a principal e todos
os outros colaboradores com acesso ao repositório podem baixar a versão mais atual do código para suas
máquinas.
Supondo que a manutenção feita trouxe outros problemas, é possível voltar a uma versão anterior e,
em cima dessa versão, corrigir o problema. Vale a pena observar que não existe uma regra de quando gerar
uma nova versão do código, mas, há uma convenção:
”Só deve ser gerada uma nova versão se o código estiver funcional”
Ou seja, se você estiver trabalhando e está incompleto, não é aconselhável criar uma nova versão.

4 Repositório: em software, é o local onde ficam armazenados pacotes de software.


98 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Figura 49 - Gerenciamento do código-fonte


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Para auxiliar nosso entendimento, vamos utilizar como exemplo o git, que é um sistema de controle de
versões distribuído.
Para instalar o git, basta ir em um site e busca e buscar por Git Bash. Instale de acordo com a versão do
seu sistema operacional. As opções padrão de instalação são suficientes para executarmos nosso treino.

UTILIZANDO O GIT

Crie uma pasta no seu computador com o nome “git-treino”.


Através do aplicativo “git bash”, entre na pasta que você criou. Para entrar em uma pasta, o comando
usado tem a sintaxe:

Sintaxe: cd [caminho]

Exemplo: cd c:\git-treino

Figura 50 - Acessando pasta


Fonte: SENAI DR BA, 2020.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 99

Para iniciar um repositório, use a sintaxe:

Exemplo: git init

Figura 51 - Iniciando um repositório


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Após iniciar o repositório, crie um arquivo de texto com o nome index.html, abra o arquivo e escreva
“ola mundo”, salve e feche o arquivo.
Para que o git passe a monitorar o arquivo, use o comando:

Sintaxe: git add [nome_do_arquivo]


Exemplo: git add index.html

Figura 52 - Preparando arquivos para gravar no repositório


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

O comando anterior prepara o arquivo para ser gravado no repositório, mas o arquivo ainda não foi
salvo. Temos que fazer um commit para que as mudanças sejam gravadas no repositório:

Sintaxe: git commit - m "[mensagem]"


Exemplo: git commit - m "Projeto olá mundo iniciado"
Figura 53 - Fazendo um commit
Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Agora o nosso projeto já está gravado no repositório.


Antes de prosseguir, vamos configurar o nome do usuário do repositório e o e-mail:

Sintaxe: git config -- local user.name "Seu Nome"


git config -- local user.email "seuemail@email.com"

Figura 54 - Configurando nome e e-mail


Fonte: SENAI DR BA, 2020.
100 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Os próximos commit que fizer, ficarão como registro o seu nome e seu e-mail.
Abra o arquivo de texto, modifique o conteúdo de “ola mundo” para “Olá mundo!”. Após a modifica-
ção, verifique o status do repositório usando:

Exemplo: git status

Figura 55 - Verificar status


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Você verá na tela uma informação semelhante a que apresentamos a seguir:

Figura 56 - Verificar status


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Note que o nome do arquivo está em vermelho e há uma mensagem indicando que o arquivo foi mo-
dificado.
Para criar uma nova versão, temos que executar os seguintes comandos:

Exemplo: git add index.html


git commit - m "Correção ortográfica"

Figura 57 - Atualizando repositório


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Pronto, uma nova versão do arquivo está gravada no repositório. Note que apenas foi subido um ar-
quivo, caso tivesse mais arquivos e quiséssemos subi-los todos de uma vez, poderíamos usar o comando:

Exemplo: git add .


Figura 58 - Adicionar todos os arquivos para commit
Fonte: SENAI DR BA, 2020.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 101

Para ver o histórico dos commits, use:

Exemplo: git log


Figura 59 - Histórico de commit
Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Você verá na tela uma informação semelhante a que apresentamos a seguir:

Figura 60 - Tela de histórico


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Na figura anterior vimos algumas informações sobre as versões. Note que há um código para cada
versão, que é chamado de hash e é único para cada commit. Para visualizar mais informações sobre os
commits, usa-se:

Exemplo: git log - p


Figura 61 - Histórico de commit estendido
Fonte: SENAI DR BA, 2020.
102 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Você verá na tela uma informação semelhante a que apresentamos a seguir:

Figura 62 - Tela de histórico estendida


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Observe que temos mais informações sobre as mudanças no arquivo. De vermelho é mostrado o que
foi removido e de verde é mostrado o que foi colocado. Existem vários comandos que alteram a forma
como o histórico pode ser mostrado.

3.4.7 ALTERAÇÕES DE CONFIGURAÇÕES

Alterações de configurações nos dispositivos dos sistemas de automação podem ser necessárias para
concretizar uma manutenção. Alguns motivos para a alteração de configurações são: instalação de um
novo dispositivo, melhorias no processo e mudança de requisitos.
Para fazer uma alteração em uma configuração, é preciso seguir alguns passos:
a) Saber o que precisa ser alterado;
b) Como realizar a alteração;
c) Testar o sistema após alteração de configuração;
d) Verificar os impactos que essa configuração pode causar ao sistema de forma geral;
e) Documentar a alteração.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 103

Vejamos uma situação onde foi preciso alterar a configuração de um dispositivo do processo industrial
de uma fábrica.
Após uma análise de melhoria, foi detectado que alguns produtos estão sendo derramados na esteira
por causa do longo tempo de frenagem configurado no inversor de frequência. Foi aberta uma ordem de
serviço para mudar a configuração do inversor de frequência.
Já sabemos qual configuração precisa ser alterada, que é o tempo de frenagem do inversor de frequên-
cia. Agora precisamos saber como fazer essa alteração, para isso, devemos consultar o manual do disposi-
tivo, nele teremos as informações necessárias para realizar a alteração.
Após alterada a configuração, temos que realizar os testes, a alteração deve cumprir com o objetivo
proposto. Nesse momento, já podemos verificar como o sistema, de forma geral, está lindando com a alte-
ração. Se nada foi comprometido, podemos manter a alteração.
Por último, temos que documentar a alteração. Com uma ordem de serviço gerada, devemos preencher
de acordo com as instruções do sistema de gestão da empresa.
Informações comuns para registro de alterações são:
a) A data da modificação, normalmente usada no formato AAAA-MM-DD (Ano, mês e dia);
b) Quem modificou, nome do técnico responsável pela alteração;
c) Contato de quem modificou, contato do técnico responsável pela alteração;
d) O que foi modificado, no nosso exemplo, foi modificado o parâmetro de frenagem do motor;
e) Descrição dos objetivos da mudança, no nosso exemplo, evitar perdas de produto.

Essas informações variam de acordo com o sistema usado pela empresa.


Em alguns casos, é importante alertar a todos os envolvidos na operação do processo que parâmetros
foram alterados, contudo, dependendo da alteração e do impacto no processo, pode ser necessário reunir
todos os envolvidos para demonstrar as mudanças provocadas pelas alterações.
Consultas posteriores podem ser feitas no histórico da manutenção.

3.4.8 ATUALIZAÇÃO DE FIRMWARE E SOFTWARE

Algumas vezes, os dispositivos de automação podem falhar, mesmo que não haja uma condição ad-
versa de uso. Quando isso ocorre, a falha pode ter sido provocada por problemas no firmware ou software.
Falhas causadas por erros no firmware e software dos dispositivos podem ser resolvidas com uma atualiza-
ção. Além disso, manter os dispositivos atualizados garante uma série de vantagens, por exemplo:
a) Correções de bugs, que só foram descobertos pelo fabricante após o produto estar no mercado;
b) Melhoria na estabilidade do sistema;
104 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

c) Diminuição de brechas de segurança, que é importante, já que muitos sistemas estão conectados
à internet;
d) Habilitação de novas funções.

Devemos ter alguns cuidados com a atualização de firmware. Veja um procedimento para instalação de
firmware a seguir:

Procedimento para instalação de firmware

1. Verifique a versão atual do firmware;


2. Verifique se há versões mais recentes do firmware;
3. Obtenha o arquivo de atualização de firmware, que normalmente pode ser
encontrado no site do fabricante do dispositivo;
4. Prepare o arquivo para atualização. Os firmwares podem ser atualizados por
vários meios. Roteadores, por exemplo, podem ser atualizados pela porta
ethernet. Robôs podem ter seu firmware atualizado com o auxilio de um pen
drive;
5. Ligue o dispositivo que terá o firmware atualizado ao nobreak. Quedas de
energia durante o processo de atualização de firmware podem inutilizar o seu
dispositivo. Por isso, é importante garantir um fornecimento de energia
ininterrupto durante uma atualização de firmware;
6. Faça a atualização;
7. Teste.

Figura 63 - Procedimento para instalação de firmware


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

O procedimento apresentado é genérico e você deve se atentar para todas as peculiaridades exigidas
pelo fabricante do dispositivo.

3.4.9 BACKUP

Pela necessidade de guardar os arquivos (códigos, programas, documentos, etc.) para a formatação
do HD ou para criar uma cópia de segurança, fazemos backup. Este procedimento consiste em transferir
arquivos do disco rígido para outras unidades de armazenamento.
Para fazer um backup dos arquivos em um computador, você precisa fazer o seguinte:
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 105

Primeiro: use um dispositivo de armazenamento ou use um serviço de


armazenamento on-line
Segundo: selecione todos os seus arquivos e diretórios que deseja fazer o
backup;

Terceiro: copie os arquivos selecionados;


Quarto: cole os arquivos nos dispositivos ou na aplicação de armazenamento
on-line;
Quinto: espere todos os arquivos serem transferidos.

Figura 64 - Backup
Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Dependendo da forma com que você trabalha, é possível padronizar os intervalos de tempo entre um
backup e outro. Por exemplo, ao criar um código de programação, é bom que seja feito backup do HD se-
manalmente.

CASOS E RELATOS

Perda de dados
Para a Técnica em Cibersistemas, Ana, foi dada a nova tarefa de fazer o novo sistema supervisório da
célula de solda. A fábrica automotiva que ela trabalhava estava fazendo adequações em toda a linha,
para o novo modelo de carro que iria produzir.
A Técnica em Mecatrônica, Nadja, estava fazendo a programação do robô da linha de solda.
Ana marcou uma reunião com Nadja para discutir o andamento dos processos que ambas estavam
envolvidas, e os pontos de interferência. Durante a reunião, Nadja falou que havia finalizado a pro-
gramação do robô e Ana perguntou se ela havia feito o backup dos arquivos do novo código.
Nadja disse que não, mas que iria fazer isso imediatamente. Quando a Técnica em Mecatrônica esta-
va finalizando a cópia, como Ana havia sugerido, houve uma queda de energia.
Quando a energia elétrica voltou, Nadja viu que todo o programa que estava gravado no sistema
havia se perdido. Ao checar o backup, viu que a cópia foi realizada com sucesso, salvando o trabalho
de dias.
106 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Graças ao conselho de Ana e o susto que acabara de ter, ela aprendeu a lição e decidiu que adotaria
como boa prática sempre fazer o backup em uma mídia externa.

Vamos ver, a seguir, como configurar backup automaticamente usando a ferramenta de backup do SO
Windows 10.

Usando o atalho Win+I, abra as


configurações do Windows e clique em
Atualização e Segurança

Clique em Backup

Clique em Adicionar uma unidade

Selecione uma partição com o disco de


armazenamento separado do disco
onde está armazenado o SO

Ative e clique em Mais opções

Escolha o intervalo de tempo que deve


ser feito o backup

Quadro 15 - Backup automático


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

É importante que o backup dos arquivos seja feito em um armazenamento on-line, HD externo ou pen-
-drive. Caso você faça uma cópia no próprio computador, utilize um dispositivo de armazenamento di-
ferente do dispositivo no qual está instalado o sistema operacional. Fazer o backup em uma partição de
um dispositivo de armazenamento que contém o sistema operacional é indicado apenas se não houver
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 107

um outro dispositivo para fazer o backup, pois caso haja um problema com o dispositivo, é possível que o
backup seja perdido.
Além dos backups de arquivos, é necessário, também, ter backup de firmware. Mesmo a atualização de
firmware sendo algo recomendado, em alguns casos (raros), ela pode trazer efeitos indesejados. Alguns
dispositivos permitem o downgrade do firmware, que é a instalação de uma versão de firmware antiga em
um dispositivo com versão do firmware mais nova.
Alguns fabricantes disponibilizam as versões dos firmwares em seus sites, mas, antes de fazer uma atua-
lização de firmware, é bom certificar-se de que possui um backup do firmware atual do dispositivo.
Sabemos que equipamentos como inversores de frequência permitem uma gama de parametrizações
e configurações que também devem fazer parte do backup.
Imagine que você fez a parametrização de um inversor de frequência através do software, mas há outros
inversores que necessitam de parametrização igual a que foi realizada no inversor anterior. Ao invés de
parametrizar cada item para os novos inversores, com uma cópia das configurações é possível replicá-las
para esses novos equipamentos.

3.5 PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA E SUSTENTABILIDADE

A adoção de procedimentos de segurança é imprescindível na área de manutenção. As questões de


segurança dependem fortemente da responsabilidade do próprio profissional, pois é ele quem deve estar
atento aos perigos existentes na execução de suas tarefas e seguir as recomendações necessárias para
evitar acidentes e danos à saúde.
Além dos procedimentos de segurança, é necessário seguir alguns procedimentos de sustentabilidade,
principalmente relacionados ao descarte de resíduos advindos da manutenção.

3.5.1 RISCOS OCUPACIONAIS

Os riscos ocupacionais são fatores existentes nos locais de trabalho, que podem causar algum tipo de
dano à saúde dos trabalhadores durante o desenvolvimento de suas tarefas diárias.
Os riscos ocupacionais são classificados em 5 grupos: Físicos, Químicos, Biológicos, Ergonômicos e de
Acidentes, os quais podem agredir os trabalhadores de diferentes áreas e níveis ocupacionais. O quadro a
seguir descreve os principais riscos de cada um dos 5 grupos e as respectivas cores de identificação, con-
forme a natureza correspondente.
108 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Grupo Riscos Cor de identificação Descrição


Ruído, calor, pressões, umidade,
1 Físicos Verde radiações, ionizantes e não
ionizantes, vibrações, etc.
Poeiras, gases, vapores, névoas,
2 Químicos Vermelho
neblinas, etc.
Fungos, vírus, parasitas, bactérias,
3 Biológicos Marrom
protozoários, insetos, etc.
Esforço físico intenso,
repetitividade, jornadas de
4 Ergonômicos Amarelo trabalhos prolongadas, ritmo
excessivo, postura inadequada de
trabalho, etc.
Arranjo físico inadequado,
iluminação inadequada, incêndio
5 De Acidentes Azul
e explosão, eletricidade, quedas,
animais peçonhentos, etc.

Quadro 16 - Grupos de riscos ambientais e as respectivas cores de identificação


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Em alguns ambientes, os riscos são bem observados, enquanto em outros são praticamente impercep-
tíveis. Por exemplo, a radiação ionizante é um tipo de risco ambiental não captado por nossos sentidos
(visão, audição, tato) e, por isso, faz parte de um grupo de riscos ocupacionais considerados invisíveis, pois
o trabalhador não percebe a sua ameaça e tem a tendência de não se preocupar com a prevenção (QUA-
LIDADE, 2009).
Na área da manutenção, os profissionais estão expostos aos mais diferentes tipos de riscos, por isso, pre-
cisam ser bons conhecedores dos tipos de riscos existentes no ambiente em que executam suas funções.

3.5.2 NORMAS DE SEGURANÇA

As normas de segurança são fundamentais para manter a integridade física dos trabalhadores.
Vamos imaginar um cenário onde você esteja montando um circuito para validar uma simulação feita
em software. O circuito tem alguns capacitores eletrolíticos que têm uma polaridade bem definida. Quan-
do um capacitor eletrolítico tem sua polaridade invertida em um circuito, ele pode sofrer uma explosão.
Os estilhaços do material são projetados para todos os lados e um deles pode ir em direção ao seu olho.
Então, identificando esse risco, podemos concluir que, para a atividade de “montar e testar circuitos”, é
conveniente usar um óculos de proteção ou face shield, como indicado pela NR 6, que trata sobre EPI.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 109

Capacitor Face
Óculos
eletrolítico shield

Figura 65 - Capacitor eletrolítico, face shield e óculos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Os EPIs não são a única forma de proteger um colaborador, uma sinalização adequada também pode
salvar vidas. Em montadoras de automóveis, é bem comum o uso de robôs antropomórficos.

Figura 66 - Robô antropomórfico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Os robôs antropomórficos podem ficar horas parados em única posição a ponto de parecer que es-
tão inativos, quando, na verdade, não estão. Isso combinado com a variação do volume que eles podem
ocupar, pode se tornar um grande perigo. Se o robô ficar em uma posição que ocupe pouco volume, os
colaboradores de outros setores podem achar que o robô tem um pequeno volume de trabalho e entrar na
área do robô e, em uma movimentação rápida do robô, esse colaborador pode sofrer um acidente.
Para evitar isso, medidas para prevenção de acidente com máquinas e equipamentos são previstas na
NR 12, e uma delas é a marcação da área de trabalho dos equipamentos. Nesse caso, pode ser uma demar-
cação no chão para indicar onde o colaborador pode andar sem invadir a área do robô.
110 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Outro cenário é quando você estiver desenvolvendo um código. Achou estranho? Pois bem, enquanto
desenvolve um código, não há um risco de explosão, como no caso do capacitor ou inalação de gases,
como no caso da soldagem, mas programar é uma atividade na qual se passam muitas horas em uma mes-
ma posição e isso pode causar danos à saúde.
A NR 17 trata sobre ergonomia e um dos tópicos é sobre trabalho na posição sentado. O correto é ter
um conjunto de mesa, cadeira, monitor e teclado adequados para a função. Procure utilizar uma cadeira
que tenho certificação ABNT NBR 13962, norma que especifica as características físicas e dimensionais de
uma cadeira. E mesa que siga as especificações da ABNT NBR 13966.

Figura 67 - Postura para trabalho com computador na posição sentado


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Mesmo com os equipamentos corretos, é preciso estar atento à postura. A imagem anterior mostra a
postura adequada e uma postura não adequada para desempenhar uma função em um computador.
A empresa deve garantir ao colaborador as condições necessárias e saudáveis, mas você mesmo deve
estar atendo, porque é o responsável pela sua saúde. Cobre da empresa em que você trabalha os EPIs e
equipamentos necessários e, caso você seja um empregador, forneça as condições necessárias para seus
colaboradores.

3.5.3 MEDIDAS DE PROTEÇÃO

Para executar a manutenção, os ambientes de trabalho devem ser devidamente estruturados em ques-
tão de segurança, a fim de proteger a integridade e a saúde dos trabalhadores.
Porém, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é fundamental, mesmo em situações onde
os riscos não podem ser vistos.
Os tipos de EPIs utilizados dependem da atividade desenvolvida, do tipo de ameaça que o risco ofe-
rece à segurança ou à saúde do trabalhador e conforme a parte do corpo que se pretende proteger. No
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 111

exemplo sobre capacitores eletrolíticos, havia um risco à saúde do trabalhador, que era de sofrer danos
nos olhos em caso de explosão do capacitor. Então, os óculos protegem o colaborador de um acidente
provocado por explosão e a parte do corpo que ele protege são os olhos.
Assim, os EPIs podem oferecer proteções do tipo (PANTALEÃO, 2015): auditiva (abafadores de ruídos
ou protetores auriculares); respiratória (máscaras e filtros); visual e facial (óculos e viseiras); para a cabeça
(capacetes); para mãos e braços (luvas e mangotes); para pernas e pés (sapatos, botas e botinas) e contra
quedas (cintos de segurança e cinturões).

Figura 68 - Uso de EPI para proteção


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Agora que você já conhece os principais EPIs e em quais situações você deve usá-los, poderá trabalhar
de forma mais segura.

3.5.4 DESCARTE DE RESÍDUOS

Os resíduos gerados pelas atividades da manutenção devem ser segregados e descartados de forma
correta, a fim de que seus efeitos negativos sobre o meio ambiente sejam evitados.
Na vida do profissional de sistemas embarcados, as pilhas e baterias fazem uma forte presença. Esses
componentes têm em sua composição o mercúrio, chumbo e cádmio, por isso não podem ser descartados
de qualquer maneira. Esses metais causam impactos negativos ao meio ambiente.
No Brasil, há uma resolução do CONAMA (nº 257) que estabelece a obrigatoriedade de procedimentos
de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada para pilhas e bate-
rias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos.
As pilhas e baterias devem ser devolvidas para quem comercializou ou ao fabricante e eles devem to-
mar as medidas para o tratamento adequado do produto. Nossa responsabilidade com usuário é de devol-
112 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

ver os resíduos para o destino correto. Então, não podemos descartar pilhas ou baterias no lixo comum, ou
na lixeira dos metais.

RECAPITULANDO

Neste capítulo você aprendeu sobre análise de falhas e reconheceu a importância e onde usar cada
um dos métodos.
Para desenvolver atividades de manutenção, o técnico necessita saber usar alguns instrumentos,
como o multímetro.
Você entendeu como a especificação técnica de um produto pode fazer a diferença na compra dos
componentes.
Agora, você sabe alguns procedimentos de manutenção voltados para teste e análises de circuitos.
Os conhecimentos abordados servirão para realizar a manutenção em sistemas de automação e TI,
ou melhorar a descrição da ordem de serviço ao solicitar uma manutenção.
3 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI 113
4
Você sabe responder o que é qualidade ambiental? Muito se ouve falar a respeito do
aquecimento global, do descarte irregular de resíduos industriais, entre outros problemas
que afetam a qualidade do meio ambiente, impactando diretamente na vida dos seres vi-
vos. A qualidade ambiental se trata dos estudos das condições ambientais, relacionando
os efeitos da ação humana sobre o meio ambiente, tendo como objetivo obter o controle
sobre o meio ambiente, em busca da redução dos impactos negativos no mesmo, para
promover melhor qualidade de vida à população do planeta.

Figura 69 - Qualidade ambiental


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Neste capítulo, iremos estudar algumas questões importantes quando tratamos de


qualidade ambiental, e que um profissional deve estar atento sobre elas. Falaremos sobre
o homem e o meio ambiente, além de assuntos que são frequentemente noticiados ,como
a prevenção à poluição ambiental, o aquecimento global e o descarte de resíduos.
Quando tratamos de questões ambientais, não podemos deixar de falar sobre a recicla-
gem de resíduos, e do uso racional de recursos e energias disponíveis. Por isso, estudare-
mos a importância das energias renováveis. Este capítulo tem como objetivo conscientizar
você, futuro profissional, sobre seu papel na preservação do meio ambiente e do cumpri-
mento das normas aplicadas ao mesmo.

4 Qualidade ambiental
4 QUALIDADE AMBIENTAL 117

4.1 HOMEM E MEIO AMBIENTE

Podemos notar que há uma relação de dependência do homem com o meio ambiente, onde é dele que
o ser humano extrai os recursos necessários para viver.
Atualmente, o mundo está em um momento de desenvolvimento tecnológico constante, e para suprir
esse desenvolvimento, a extração desordenada dos recursos naturais se intensifica a cada dia. Junto com
ela, os problemas ambientais vêm aumentando, problemas esses que impactam diretamente na vida do
homem.
Tendo em vista os problemas ambientais, o conceito de desenvolvimento sustentável vem se tornando
cada vez mais forte entre as empresas. Desenvolvimento sustentável significa um conjunto de aspectos
capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem esgotar os recursos naturais, para que os mesmos
possam ser usados pelas gerações futuras.
SAIBA MAIS

Para saber mais sobre o desenvolvimento sustentável, consulte o livro: BRAGA, Bene-
dito; HESPANHOL, Ivanildo de; CONEJO, João G. Lotufo et. al. Introdução à engenha-
ria ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo; Rio de
Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 2005.

A ação do homem e os consequentes danos causados à natureza têm levado as pessoas a pensar na
preservação do meio ambiente. Uma prova real desse fato é a atuação do Direito Ambiental, que é um
ramo do Direito que orienta os seres humanos sobre a importância da preservação do meio ambiente,
além de estabelecer direitos e deveres para uso dos bens comuns na natureza. Nele é possível encontrar
justificativas para que a relação entre necessidades humanas e equilíbrio ecológico se intensifique, onde
são estudadas leis, normas de conduta e diretrizes fundamentais para proteção e conservação do meio
ambiente.
118 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

4.2 PREVENÇÃO À POLUIÇÃO AMBIENTAL

A prevenção à poluição ambiental se trata do cuidado com as ações que possam causar danos à natu-
reza, de maneira que haja conscientização sobre a conduta de proteção e cautela com o meio ambiente,
uma vez que qualquer dano ambiental é quase impossível de ser totalmente reparado.
Veja, na imagem a seguir, alguns exemplos que trazem impactos negativos ao meio ambiente e que
devem ser evitados.

Figura 70 - Prevenção à poluição


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020. (Adaptado).

Mediante os debates sobre a degradação do meio ambiente, foram criadas diversas medidas para pre-
venção à poluição ambiental, entre as quais podemos citar:
a) Despoluição de rios, córregos ou similares;
b) Consciência ambiental;
c) Reflorestamento de áreas desmatadas;
d) Cumprimento às leis de preservação ambiental.

Além dessas medidas, existe uma fundamental, que é a prevenção à poluição ambiental e que é reali-
zada por meio de ações para evitar que a fonte de poluição seja produzida e lançada no meio ambiente.
Podemos encontrar fontes de poluição em forma sólida, por exemplo, os dejetos domésticos; líquida,
onde temos resíduos industriais; e gasosa, que são os gases expelidos por chaminés de fábricas.
4 QUALIDADE AMBIENTAL 119

Algo que tem contribuído para a prevenção à poluição é a chamada teoria dos 3 Rs – Reduzir, Reutilizar,
Reciclar, que se baseia em reduzir o consumo, reutilizar quando possível e reciclar objetos. A partir dessa
teoria, é possível diminuir a poluição, pois com a redução do consumo, há redução da produção de lixo e,
consequentemente, da poluição. A degradação do meio ambiente pode ser evitada também com a reutili-
zação de objetos para outros fins e a reciclagem de produtos que anteriormente eram dados como inúteis.

4.3 AQUECIMENTO GLOBAL

O aquecimento global é um fenômeno climático, caracterizado pela elevação da temperatura média de


todo o planeta, o qual é provocado pelo acúmulo, em grande quantidade, de gases poluentes na atmosfera.

AQU
ECI
GLO MENTO
BAL

Figura 71 - Aquecimento global


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Por conta da intensificação do efeito estufa, a temperatura global do planeta vem aumentando a cada
ano, causando derretimento de geleiras e levando a seca a locais que antes não sofriam com esse proble-
ma. O efeito estufa é o fenômeno responsável pelo aquecimento térmico da terra, essencial para manter
a temperatura do planeta em condições ideais para a sobrevivência dos seres vivos. Este efeito ocorre
da seguinte maneira: quando os raios solares são transmitidos na Terra, parte é absorvido pelo planeta e
transformado em calor, enquanto a outra parte é irradiada de volta ao espaço, porém, ela é bloqueada pela
presença de gases de efeito estufa, que deixam passar a energia vinda do sol e retém a radiação terrestre.
120 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

Gases
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res
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s
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Figura 72 - Efeito Estufa


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

A crescente emissão de gases poluentes provém das atividades humanas e dos seguintes setores eco-
nômicos: na agricultura, por meio da preparação da terra para plantio e aplicação de fertilizantes; na pe-
cuária, por meio do tratamento de dejetos animais e pela fermentação entérica do gado; e na indústria,
pelos processos de produção, como cimento, ferro, aço, entre outros casos.
O aquecimento global, por ser um fenômeno de grande dimensão, traz consequências também em
larga escala. Veja, a seguir, as consequências mais notáveis do aquecimento global:
a) Derretimento de geleiras: com o aumento das temperaturas, as calotas polares desprendem-
-se, sofrendo degelo;
b) Aumento do nível dos oceanos: o aumento do nível dos oceanos está diretamente ligado com
o derretimento das geleiras. Isso porque as calotas são constituídas de milhares de toneladas de
gelo formadas há muitos anos;
c) Escassez de água em algumas regiões do planeta: embora em algumas áreas haja excesso de
água e aumento do nível de oceanos, em outras localidades pode haver escassez, devido ao au-
mento de temperatura, que faz com que a água evapore mais rapidamente;
d) Aumento de temperatura: como você já pôde perceber, o aumento da temperatura é uma das
consequências mais marcantes do aquecimento global. Com esse aumento, já está em processo
o derretimento das geleiras que aumentam a quantidade de água nos oceanos, o que pode pro-
vocar submersão de ilhas;
e) Extinção de espécies de animais: algumas espécies de animais não conseguem adaptar-se às
mudanças climáticas repentinas (mais uma consequência do aquecimento global) e, por esse fa-
tor, acabam sendo extintas.
4 QUALIDADE AMBIENTAL 121

Além dessas consequências, é possível destacar: perda de fertilidade do solo, desertificação de áreas,
aumento de chuva em algumas localidades e escassez em outras, alterações climáticas repentinas, possi-
bilidade de furacões e tornados. Faz-se necessária a tomada de medidas que minimizem seus efeitos, prin-
cipalmente a tomada de medidas conscientes, que visem a reversão das consequências do aquecimento
global.

4.4 DESCARTE DE RESÍDUOS

Muitas atitudes humanas são responsáveis pela degradação do meio ambiente e uma dessas ações é
o descarte inadequado de resíduos. Muitas vezes, isso ocorre pela falta de informação de como podemos
evitar atitudes que são nocivas ao meio ambiente. O descarte de resíduos deve ser feito de forma correta,
respeitando as particularidades de cada resíduo, a fim de garantir a segurança durante a sua coleta, trans-
porte e tratamento.

Figura 73 - Descarte de resíduos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Resíduo é todo montante sólido produzido a partir de atividades humanas e que pode ser descartado.
Um dos maiores problemas ambientais é a falta de tratamento do lixo, ou o descarte desses resíduos que
são produzidos diariamente por todo o planeta. Quando um resíduo é produzido em nossas casas, por
exemplo, nós o destinamos ao lixo, mas, a partir daí, não tomamos conhecimento sobre seu destino e é
nessa etapa que está o problema da superprodução de resíduos e seu indevido descarte.
Estes resíduos podem ser classificados de acordo com a sua origem, ou seja, onde ele é gerado, podendo ser:
a) Resíduo residencial: é aquele gerado a partir de atividades domésticas diárias. A exemplo desse
tipo de resíduo, temos os restos de comida;
122 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

b) Resíduo comercial: este resíduo é aquele produzido por estabelecimentos comerciais, como
lojas, supermercados, bares, restaurantes, etc. As características dele irão variar de acordo com o
estabelecimento que gerou o mesmo;
c) Resíduo público: resultante das atividades de varredura de ruas, recolhimento de entulhos, ca-
pina, etc. Estes podem ser móveis velhos jogados indevidamente na rua, a sujeira de praças, entre
outros;
d) Resíduo de fontes especiais: é o tipo de resíduo que requer cuidados especiais para o seu des-
carte, pois pode gerar problemas ao meio ambiente, assim como causar doenças às pessoas. Este
tipo é provindo do lixo produzido pelas indústrias e hospitais, como exemplo: seringas, gazes,
mercúrio, etc.

Quanto ao descarte e classificação dos resíduos de fontes especiais, temos as normas da ABNT apresen-
tadas no quadro a seguir.

Normas

NBR 10004:2004 Resíduos sólidos – Classificação

Procedimento para obtenção de extrato


NBR 10005:2004
lixiviado de resíduos de sólidos

Procedimento para obtenção de extrato


NBR 10006:2004
solubilizado de resíduos de sólidos

NBR 10007:2004 Amostragem de resíduos sólidos

NBR 12808:1993 Resíduos de serviços de saúde – Classificação

Produtos de petróleo – Determinação do


NBR 14598:2000 ponto de fulgor pelo aparelho de vaso

Quadro 17 - Normas para descarte de resíduos


Fonte: SENAI DR BA, 2020.

Cabe à empresa geradora de resíduos tratar ele com o intuito de diminuir o impacto negativo à saúde
humana, encaminhá-lo até as estações de descarte e, por fim, descartá-los de maneira correta. A NR 25 –
Resíduos industriais, dispõe sobre as condições de armazenagem, etiquetagem, transporte e descarte de
resíduos industriais, sejam eles nas formas sólida, líquida ou gasosa.
4 QUALIDADE AMBIENTAL 123

CASOS E RELATOS

Conhecer para descartar


Jonatas trabalha há dois meses em uma indústria no setor de coleta de resíduos. A função dele é
separar os resíduos em recipientes adequados, identificá-los quanto ao tipo de resíduo e aos riscos
que eles transmitem.
Porém, para esse cargo, Jonatas não recebeu treinamento da empresa, e, apenas observando o tra-
balho semanal do companheiro de setor Jorge, pôde dar seguimento a suas funções. Numa manhã
de coleta, Jonatas se confundiu e identificou um recipiente errado. Ele colocou a etiqueta de resíduo
semissólido onde havia resíduo líquido.
Ao chegar ao destino para descontaminação parcial, o resíduo que continha a etiqueta errada foi
despejado no local de resíduos semissólidos. Assim, o resíduo líquido que estava no recipiente foi
misturado aos resíduos semissólidos, causando a contaminação de um funcionário.
Procurado pelo gerente do setor onde trabalhava, Jonatas reconheceu o erro e explicou que come-
çou a trabalhar sem treinamento prévio. Reconhecendo a importância do treinamento, o gerente
agendou uma capacitação para o funcionário com uma equipe especializada em descarte adequado
de resíduos industriais e sobre a etiquetagem dos mesmos.
Após a capacitação, Jonatas entendeu a importância do descarte adequado e não cometeu mais
equívocos ao desempenhar suas atividades.

Os resíduos de origem industrial são altamente nocivos à população e ao meio ambiente porque pos-
suem em sua composição elementos químicos que podem contaminar o ar, a água e o solo. Por isso,
devem passar por tratamento antes de serem descartados para tornarem-se o mais neutro possível, para
evitar contaminações de pessoas e recursos naturais.
124 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

4.5 USO RACIONAL DE RECURSOS E ENERGIAS DISPONÍVEIS

O meio ambiente vem sofrendo ao longo dos anos com as atitudes antrópicas (humanas) que têm pos-
to em risco a biodiversidade do planeta. Segundo a ONU, cerca de 25% das espécies de plantas e de ani-
mais, o que corresponde a mais ou menos 1 milhão de espécies, enfrentam risco de extinção, o que pode
ocorrer nas próximas décadas, caso ações não sejam tomadas para reduzir a intensidade dos causadores
de perdas da biodiversidade.

Figura 74 - Uso racional dos recursos e energias


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

O uso racional de recursos e energias se trata de aproveitá-los de forma controlada e econômica, sem
que haja desperdício ou excessos, visando a manutenção e saúde dos recursos disponíveis no meio am-
biente. Como já vimos, o uso irracional deles tem sido um dos principais agravantes e causadores dos pro-
blemas ambientais atualmente encontrados no mundo, como a escassez de água, extinção de espécies de
plantas e animais, erosão do solo, mudança de temperatura, entre outros.
Os atuais recursos e energias disponíveis no nosso planeta são limitados, logo, se este uso irracional
continuar, uma hora eles irão faltar e uma crise devido à falta desses recursos pode vir a surgir. Por isso, é
importante que medidas sobre o uso racional desses recursos e energias venham ser implantadas no mun-
do, a fim de que estes não venham se exaurir.
Você, futuro técnico, precisa, durante a realização do seu trabalho, conscientizar-se a respeito de que
suas atividades têm impacto na natureza, seja de forma direta ou indireta. Por isso, é importante que você
administre bem os recursos disponíveis, no trabalho ou mesmo em suas atividades domésticas.
4 QUALIDADE AMBIENTAL 125

4.6 ENERGIAS RENOVÁVEIS

A energia pode ser classificada de acordo com a sua fonte de geração, dividindo em renováveis e não
renováveis. As energias não renováveis são geradas a partir de recursos, que podem ou não ser naturais,
e que não se renovam após o seu uso. Em alguns casos, geram degradação do meio ambiente, como o
petróleo, urânio, tório, carvão mineral, entre outros.
Já as energias renováveis são obtidas de recursos naturais que se renovam após o seu uso, logo, estão
quase de modo constante disponíveis para a geração de energia, como exemplo: a luz do sol, o calor da
terra, a força dos ventos, entre outros.
As energias renováveis são importantes aliadas do desenvolvimento sustentável por conta de não cau-
sarem danos ao meio ambiente em sua geração, por isso, cada vez mais, grandes empresas têm investido
em pesquisas para o desenvolvimento de novas tecnologias que possibilitem sua geração e armazena-
mento, de forma eficiente e barata. Dessa forma, conseguem diminuir expressivamente o uso das energias
não renováveis, contribuindo, assim, para a preservação do meio ambiente.
SAIBA MAIS

Atualmente vem sendo criadas novas tecnologias de energias renováveis, entre elas,
podemos destacar a tecnologia de armazenamento gravitacional. Pesquise em livros
e na internet para saber mais sobre esse assunto.

No Brasil, grande parte de sua energia elétrica é do tipo renovável, graças a sua extensa quantidade de
rios. As usinas hidrelétricas presentes em diversas partes do país utilizam desse recurso hídrico para gerar
a energia hidrelétrica, que corresponde a 70% de toda a energia utilizada no país.
126 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

RECAPITULANDO

Chegamos ao final deste capítulo, e pudemos aprender que a qualidade ambiental é o estudo das
condições ambientais, levando em consideração as ações do homem e seus impactos no meio am-
biente, com a redução dos impactos negativos no mesmo.
Para entendermos melhor sobre a qualidade ambiental, estudamos sobre a relação que o homem
tem de dependência com o meio ambiente. Tendo isso em mente, podemos perceber por que deve
ser feita a prevenção à poluição ambiental. A poluição contribui diretamente para o aquecimento
global, que tem aumentado as temperaturas do planeta por conta do efeito estufa.
Estudamos também a respeito dos cuidados que temos que ter na hora do descarte de resíduos e
também sobre a importância da reciclagem. Entendemos a necessidade de fazermos o uso racional
de recursos e energias disponíveis, levando-se em consideração que muitos têm limite e podem se
esgotar. Por fim, vimos o que são energias renováveis, aquelas que são geradas a partir de fontes
renováveis da natureza.
4 QUALIDADE AMBIENTAL 127
5
O desenvolvimento de equipe de trabalho acontece quando um grupo de pessoas se
reúne para alcançar um determinado objetivo, que pode ser a solução de um problema, a
produção de um produto, a concretização de um projeto ou até mesmo a organização de
uma empresa.
Ao reunir um grupo de pessoas para o alcance de um determinado objetivo, cada indi-
víduo deverá entender a sua função proposta, tendo um pensamento sistêmico de que ele
é uma parte importante daquele grupo. Com isso, ambos precisarão submeter seu esforço
físico e intelectual para cumprir cada etapa que levará ao objetivo comum, assim, dizemos
que foi feito um trabalho em equipe.

Figura 75 - Trabalho em equipe


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Na atualidade, o bom funcionamento de uma empresa passa essencialmente pelo bom


funcionamento das equipes de trabalho, ou seja, por grupos de pessoas que desempe-
nham suas funções de acordo com objetivos definidos, interagindo com todos da empresa,
somando conhecimento e garantindo resultados de excelência. Parte do sucesso de uma
equipe de trabalho se dá pela sua liderança, tendo em vista que a liderança define o padrão
ético de trabalho de sua equipe, além de ser função da liderança tomar a responsabilidade
da escolha dos componentes da sua equipe, assim como da coordenação das atividades a

5
serem exercidas.

Desenvolvimento de
equipes de trabalho
5 DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE TRABALHO 131

CURIOSIDADES

Um estudo publicado em abril de 2012, pela revista “Proceedings of the British Royal
Society”, afirma que o cérebro humano se desenvolve mais quando as pessoas reali-
zam as suas tarefas em cooperação, concluindo que o trabalho em equipe nos torna
mais inteligente. (Fonte: THE ROYAL SOCIETY, [20--]).

Quando o trabalho em equipe ocorre de maneira eficaz, a empresa consegue realizar seus processos de
forma ágil, cumprir suas metas e objetivos em tempo otimizado e garantir que o relacionamento interpes-
soal se torne parte da rotina de cada um.

CASOS E RELATOS

O que faz um indivíduo trabalhar em equipe e se manter nela?


José era técnico recém-contratado na empresa, mas, logo observou que a equipe em que trabalha-
va se mostrava completamente diferente das outras na mesma empresa. Uma equipe tinha ações
focadas na valorização das necessidades psicossociais do grupo, porém, não havia um suporte em
relação aos recursos necessários à realização das atividades. Isso gerava baixa produtividade, pois
sem os insumos, os funcionários não tinham como resolver problemas.
Outra equipe tinha suas ações focadas em produzir, e não se importava com as necessidades psi-
cossociais do grupo. Apesar de focados em produzir, a equipe tinha baixa produtividade por conta
da falta de suporte na resolução de problemas. Com isso, os componentes do grupo iniciavam os
projetos com ânimo, mas não se mantinham motivados.
A sua equipe, por outro lado, estava sempre motivada. Destacava-se pela preocupação da liderança
com suporte às necessidades psicossociais do grupo e com os recursos para execução das atividades.
O Técnico comentou com seu chefe, André, que achou interessante estas diferenças. André, Técnico
também, mas na posição de Supervisor, explicou que quando iniciou a gestão de sua equipe, come-
çou a estudar para exercer melhor o cargo. Ele percebeu que os fatores motivadores que levam um
indivíduo a participar em uma determinada equipe de trabalho, permanecendo nela ativo e entu-
siasmado, são emocionais.
José ficou surpreso pois isto. É bem diferente do senso comum, que diz: para que haja produção, é
necessário que o líder cobre e fiscalize seus liderados, ou que ofereça salários mais altos.
132 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

André comprovou, em sua gestão, que havia vontade dos funcionários em executar um bom serviço
e o anseio de resolver os problemas que são atribuídos. Assim, como era grande a frustração quando
ao encontrar um obstáculo, não tinham o suporte da chefia.
Vendo que tem uma carreira longa a trilhar, José percebeu que tem muito a estudar.

As habilidades de trabalhar em equipe, ou de proporcionar as condições necessárias para que uma


equipe desempenhe o seu papel, são muito valorizadas em uma organização. Pessoas com essas caracte-
rísticas garantem excluir o crescimento individual, assim como o desenvolvimento coletivo e empresarial.
Neste capítulo serão apresentados tópicos importantes relacionados ao desenvolvimento de equipes
de trabalho, como os níveis de autonomia nas equipes de trabalho, a motivação de pessoas, o papel da
capacitação, a avaliação de desempenho e, por fim, os processos de comunicação. Estes conhecimentos
contribuíram para que, quando na posição de liderança, o profissional saiba como desenvolver bem suas
equipes de trabalho.

5.1 NÍVEIS DE AUTONOMIA NAS EQUIPES DE TRABALHO

Autonomia é a capacidade que o indivíduo tem de agir, tomar decisões dentro da “liberdade de ação
e decisão” que lhe compete. No caso das equipes de trabalho, existem limites, que normalmente são deli-
mitados pela gestão da empresa.
Podemos considerar os níveis de autonomia como baixo, médio e alto. Estes níveis, dentro de equipes
de trabalho, baseiam-se em:
a) Conhecer e planejar as tarefas que serão executadas, de modo a enfatizar aquelas que de fato são
importantes para a obtenção dos resultados esperados pela empresa;
b) Selecionar o melhor colaborador para cada tarefa, ou seja, aquele colaborador que possui todas
ou grande parte das capacidades técnicas, habilidades e conhecimentos exigidos para a realiza-
ção de determinada tarefa;
c) Levar em conta a produtividade da pessoa (que é maior quanto mais satisfeita ela estiver);
d) Rotação de cargos implica o revezamento entre as pessoas envolvidas nas tarefas do sistema
produtivo;
e) Ampliação horizontal, neste caso, agrupam-se diversas tarefas, de mesma natureza, em um único
cargo;
f) Ampliação vertical é o caso onde se atribuem tarefas de diferentes naturezas (exemplo: produção,
inspeção, manutenção) a um único cargo.
5 DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE TRABALHO 133

Dentro das equipes de trabalho, os níveis de autonomia irão variar de acordo com vários fatores aos
quais eles se baseiam, onde o funcionário pode não ter autonomia no momento da instalação de um equi-
pamento, porém, o mesmo tem autonomia para realizar a manutenção das máquinas pela forma que ele
achar ser mais ágil.

5.2 MOTIVAÇÃO DE PESSOAS

A motivação é uma ação estimulante que ocorre na mente das pessoas, fazendo com que venham dar
o melhor de si para atingir os objetivos propostos. A motivação envolve aspectos emocionais, físicos e
sociais, sendo um processo que impulsiona, orienta e mantém comportamentos adequados para o cum-
primento de objetivos.

Figura 76 - Motivação
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

No trabalho em equipe, é fundamental a motivação, pois indivíduos motivados conseguem realizar o


que parece impossível. Sabemos que a motivação das pessoas para um determinado trabalho em equipe
está funcionando corretamente, quando todos os indivíduos estão engajados na busca de um mesmo
objetivo. Todos desejam e trabalham para a obtenção dos mesmos.
O mercado de trabalho tem ficado a cada dia mais exigente, e as pessoas que demonstram engaja-
mento são valorizadas na hora de conseguir um emprego. A presença de motivação movimentando os
integrantes de uma equipe fará com que a demanda tenha pleno êxito. Além disso, tornará a tarefa de
coordenar essa equipe mais fácil, pois quanto mais uma equipe estiver motivada, mais fácil será liderá-la.
134 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

SAIBA MAIS

Para melhor entender sobre como motivar as pessoas para as grandes causas, reco-
mendamos ler sobre três grandes lideranças mundiais que mudaram a história: Gan-
dhi, Mandela e Luther King. Acesse ao site da revista Exame e procure pelos nomes
dos personagens. Não deixe de ler sobre estes grandes líderes.

Existem, basicamente, dois tipos de fatores provocadores de motivação:


a) A motivação que ocorre por fatores morais ou por características pessoais: quando os indiví-
duos se motivam pela execução da atividade propriamente dita e seu objetivo, pela presença do
líder ou pela crença que deve ser realizada;
b) A motivação que ocorre pela recompensa: quando as pessoas se motivam pela possibilidade
de recompensa monetária, promoção de cargo, ou qualquer outro benefício próprio.

É importante saber que estes dois tipos de motivação são lícitos e podem ser combinados em qualquer
execução de tarefa.
5 DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE TRABALHO 135

5.3 CAPACITAÇÃO

A capacitação dos profissionais de uma empresa ou indústria é essencial para aprimorar ou desenvolver
conhecimentos técnicos dos integrantes da equipe, como também tem função fundamental na motiva-
ção. A indústria que cria oportunidade de capacitação de seus colaboradores demonstra que valoriza os
seus funcionários, tanto no campo profissional como na vida pessoal.
Em grande parte das áreas profissionais existem capacitações específicas para cada colaborador da
equipe, como certificações para os diversos processos de instalação e configuração equipamentos ele-
trônicos, inspeção de qualidade por meio de ensaios mecânicos, uso de equipamentos convencionais e
automáticos, entre outros.
Existem, também, capacitações mais genéricas, que envolvem todos os colaboradores, como os da área
de segurança do trabalho, que são muito importantes para a manutenção, a melhoria dos processos e a
prevenção dos acidentes.

Figura 77 - Capacitação de equipe


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Na imagem anterior visualizamos uma capacitação sendo ministrada para a equipe de uma empresa,
similar a uma palestra.
As capacitações qualificam os profissionais e, como consequência, trazem a melhoria das peças que são
fabricadas por eles. Sob responsabilidade da empresa, existe uma progressão da melhoria da qualidade.
Ou seja, quanto mais profissionais capacitados e certificados uma indústria possuir, melhor será a qua-
lidade de seus produtos e maior confiança do cliente em realizar novos pedidos.
136 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

5.4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Durante o desenvolvimento de qualquer equipe de trabalho, é importante fazer o acompanhamento


das atividades que estão sendo exercidas. Esse tipo de controle é importante para realizar a avaliação de
desempenho da equipe.

Figura 78 - Avaliação de desempenho


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

A avaliação de desempenho é uma ação de gestão estratégica usada por organizações para saber como
está sendo a performance de seus funcionários na execução das atividades de trabalho. Com a avaliação
de desempenho é possível perceber os pontos que precisam de melhoria, e assim adotar medidas para
que essa melhora aconteça.
Entre as medidas tomadas para que o desempenho do funcionário melhore, temos a organização e
planejamento das atividades. Organizar as atividades de acordo com seu grau de prioridade, assim como
manter um planejamento sobre as atividades do dia, da semana e do mês, contribuem para o ganho de efi-
ciência na realização das atividades. Esta ação também contribui para o desenvolvimento de uma postura
profissional, algo que é bem visto pelas empresas.
Saber usar bem a avaliação de desempenho é importante para que se possa manter o padrão de quali-
dade da organização, uma vez que se torna possível tomar decisões mais corretas na escolha de estratégias
de melhoria, com isso, uma cultura de melhoria contínua pode ser instalada na organização.
5 DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE TRABALHO 137

5.5 PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO

A comunicação é essencial em todas as atividades coletivas. Sem existir troca de informações, não exis-
te organização na equipe de trabalho, como também não há processo de decisão. Esta comunicação deve
ser realizada de modo mais ágil e adaptável, possibilitando que ocorram respostas rápidas à presença de
mudanças durante a execução.

Figura 79 - Comunicação em equipe


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2020.

Para que haja uma comunicação eficaz, é necessário que o supervisor ou gerente se comunique bem
com a sua equipe, a fim de conhecer melhor as habilidades e deficiências de todos os integrantes. Isso
ajuda a alcançar os objetivos com rapidez, qualidade e segurança.
FIQUE ALERTA

A comunicação em equipe precisa ser objetiva, simples e clara entre os membros,


seja ela feita presencialmente ou a distância. É preciso haver uma troca de ideias,
falando e ouvindo nos dois sentidos, só assim alcançaremos as soluções desejadas.

A possível falta de comunicação pode levar à ocorrência de um acidente ou um fracasso na execução de


uma tarefa, ao descontentamento do funcionário de estar naquele ambiente.
138 MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO E TI

A exemplo, podemos ter campanhas de empresas que falam sobre o meio ambiente e sustentabilidade,
que buscam transmitir e conscientizar seus colaboradores sobre a importância de cultivar a responsabili-
dade ambiental. Essas campanhas podem ser organizadas com uma forma de comunicação mais interati-
va, normalmente atingindo de forma mais eficiente a conscientização de seus funcionários.
Devemos lembrar que existem várias equipes com trabalhos em execução na mesma área. Por isso, é
imprescindível que a comunicação entre as equipes seja clara e transparente, para que se evitem possíveis
acidentes, como a colisão entre as máquinas que fazem a movimentação das cargas e outras máquinas
presentes na área, ou ainda, entre as máquinas e os profissionais que trabalham na área.
5 DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE TRABALHO 139

RECAPITULANDO

Neste capítulo foi abordado o desenvolvimento de equipes de trabalho, que acontece quando pes-
soas se reúnem para alcançar um objetivo.
Para entender melhor a respeito do desenvolvimento de equipes de trabalho, estudamos sobre
os níveis de autonomia das equipes de trabalho, que variam de baixo a alto, o que vai depender de
alguns fatores.
Continuando o aprendizado, entendemos a importância da motivação de pessoas, para que as mes-
mas se mantenham engajadas em todo o processo, assim como a capacitação, que é uma forma de
motivar as pessoas.
Por fim, entendemos o que é a avaliação de desempenho, e como ela contribui para a melhoria
do trabalho, assim como a importância dos processos de comunicação para o desenvolvimento de
equipes de trabalho.
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5462 Confiabilidade e


mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, v. Único, 1994.
CONAMA. RESOLUÇÃO CONAMA nº257. Ministério do Meio Ambiente,
1999. Disponível em: https://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_
arquivos/36_09102008040356.pdf. Acesso em: 2 jul. 2020.
DOS SANTOS, J. et al. Manutenção de sistemas elétricos. Brasília: SENAI, v.
Único, 2015.
ESTADO DE MINAS: Estudo mostra que trabalho em equipe tornou o ser
humano mais inteligente. In: THE ROYAL SOCIETY, [20--]). Belo Horizonte, 2012.
Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2012/04/11/
interna_tecnologia,288245/estudo-mostra-que-trabalho-em-equipe-tornou-o-
ser-humano-mais-inteligente.shtml. Acesso em: 22 ago. 2020.
GRUBB, P. Software maintenance: concepts and practice. 2ª. ed. Lodon: World
Scientific, v. nico, 2003.
ISO/IEC. ISO/IEC 14764. Switzerland: ISO, v. Único, 1999.
NAKAGAWA, F. H.; , G. ; LANDIN, O. Manutenção de sistemas eletroeletrônicos
Prediais. Brasília: SENAI, v. Único, 2012.
NAZARIO, C. Z. Gestão da manutenção. Brasília: SENAI, v. Único, 2012.
PANTALEÃO, S. F. EPI - equipamento de proteção individual: não basta
fornecer é preciso fiscalizar. Guiatrabalhista, 2019. Disponível em: http://www.
guiatrabalhista.com.br/tematicas/epi.htm. Acesso em: 2 jul. 2020.
PASSARELA, D. D. M.; JUNIOR, R. P. Gestão da manutenção de sistemas
eletrônicos. Brasília: SENAI, v. Único, 2016.
PASSARELA, D. D. M.; PEREIRA, P.; LORENCETTI, E. J. Manutenção de sistemas
eletrônicos. Brasília: SENAI, v. Único, 2016.
PETRY, N. Manutenção de equipamentos e dispositivos. Brasília: SENAI, v.
Único, 2012.
PRESSMAN, R. S. Engenharia de software. 7. ed. Porto Alegre: McGrawHill, v.
Único, 2011.
QUADROS, M. L. D. Manutenção de máquinas e equipamentos. Brasília: SENAI,
v. Único, 2015.
QUALIDADE. Qualidade ambiental e higiene e segurança no trabalho. Rio de
Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2009.
Relatório da ONU mostra que 1 milhão de espécies de animais e plantas
enfrentam risco de extinção. Nacões Unidas Brasil, 2019. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/relatorio-da-onu-mostra-que-1-milhao-de-especies-de-
animais-e-plantas-enfrentam-risco-de-extincao/. Acesso em: 14 maio 2020.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Departamento Nacional.
Departamento Regional da Bahia. Inovação e Tecnologias educacionais. Brasília:
SENAI DN; Salvador: SENAI DR BA, 2020.
SHUTTERSTOCK. 2020. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/. Acesso
em: 4 nov. 2020.
SOMMERVILLE, I. Engenharia de software. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall, v.
Único, 2011.
SWANSON, E. B. The dimension of maintanence. Los Angeles, v. Único, n. 1, p.
492-497, 1980.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES

BRENDA XAVIER DE OLIVEIRA


Brenda Xavier de Oliveira é Técnica em Mecatrônica, formada pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial - Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia (SENAI CI-
MATEC). Atuou como Juíza de Arena na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), etapa
Bahia, 2019. Cursou a aprendizagem industrial em Petroquímica, no SENAI/CIMATEC
- DR BA (2016). Graduanda em Engenharia de Controle e Automação pelo SENAI/CIMA-
TEC - DR BA. Atualmente, é autora de conteúdos para os cursos técnicos em Internet
das Coisas (IoT) e Cibersistemas, na Unidade de Inovação e Tecnologias Educacionais
(ITED) do Departamento Regional da Bahia (SENAI DR BA).

GEORGE NUNES OLIVEIRA


George Nunes Oliveira é Técnico em Mecatrônica, formado pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial - Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia (SENAI CI-
MATEC). Atuou como Juiz de Arena da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) nos anos
de 2018 /2019; e como Monitor do curso Técnico em Mecatrônica do SENAI CIMATEC,
2017/2019. Atualmente, é autor de conteúdos para os cursos Técnicos em Internet
das Coisas (IoT) e Cibersistemas, na Unidade de Inovação e Tecnologias Educacionais
(ITED) do Departamento Regional da Bahia (SENAI DR BA).

LUCAS SANTANA DE SOUZA


Lucas Santana de Souza é graduado em Engenharia Mecatrônica, pela Universidade
Salvador (UNIFACS), formado em 2017. Sua carreira profissional iniciou aos 16 anos,
quando começou a trabalhar como Auxiliar de Cabista, após concluir o curso de Manu-
tenção de Microcomputadores e Redes pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Indus-
trial (SENAI), em 2009. Fez o curso de Técnico em Mecatrônica pelo Campus Integrado
de Manufatura e Tecnologia (SENAI - CIMATEC), em 2011. Trabalhou na UNIFACS como
técnico de laboratório com o desenvolvimento de protótipos, em 2012. Por dois anos
consecutivos (2012 e 2013), ganhou o prêmio de Mérito Acadêmico na UNIFACS, pelo
seu excelente desempenho acadêmico. Ingressou no Departamento Regional da Bahia
(SENAI DR BA), em 2017, como Instrutor na modalidade de ensino a distância. Tem
experiência com tutoria para EAD e prototipagem de projetos. Atualmente, é autor de
conteúdos para os cursos Técnicos em Internet das Coisas (IoT) e Cibersistemas, na
Unidade de Inovação e Tecnologias Educacionais (ITED) do Departamento Regional da
Bahia.
ÍNDICE

F
Firmware 19, 30

I
Indentados 42

M
Modo de falha 67, 71, 72

P
PCB 95

R
Repositório 97, 99, 100
Robô antropomórfico 80
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Anna Christina Theodora Aun de Azevedo Nascimento


Coordenação Técnica do Programa SENAI de Recursos Didáticos

Laíse Caldeira Pedroso


Bianca Starling Rosauro de Almeida
Apoio Técnico em Produção Digital

Adriana Barufaldi
Apoio Técnico em Acessibilidade

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenação de Desenvolvimento dos Cursos a Distância

André Luiz Lima da Costa


Coordenação Técnica do Projeto

André Luiz Lima da Costa


Igor Nogueira Oliveira Dantas
Coordenação de Produção

Brenda Xavier de Oliveira


George Nunes Oliveira
Lucas Santana de Souza
Elaboração

Tiago Oliveira dos Santos


Ridis Pereira Ribeiro
Luciano Rodrigues Maia Junior
Ivan Gomes Souza
Revisão Técnica
Alexandra Carla Prazeres de Azevedo
Orientação Educacional

Alexandra Carla Prazeres de Azevedo


Kariene da Silva Simões Santos
Loraíne Michella Vivas da Anunciação
Márcia Cristina Souza Santos
Monique Ramos Quintanilha
Design Educacional

Regiani Coser Cravo


Revisão Ortográfica e Gramatical

Thalita Rafaela Gomes da Hora


Identidade Visual

Alex Ricardo de Lima Romano


Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Vinicius Vidal da Cruz
Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens

Leonardo Silveira
Diagramação, Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo

Regiani Coser Cravo


Revisão de Diagramação e Padronização

Unidade de Inovação e Tecnologias Educacionais - ITED - SENAI DR BA


Projeto Gráfico

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