Você está na página 1de 119

ANAIS DA II SEMANA DE PSICOLOGIA DO UNINTA

Profa. Ma. Germana Albuquerque Torres Cavalcante

Profa. Ma. Ana Karine Sousa Cavalcante

Profa. Ma. Ana Mara Farias Melo

Profa. Ma. Ana Ramyres Andrade de Araújo

Profa. Ma. Bruna Clézia M. Neri

Prof. Me. Francisco Eliandro S. do Nascimento

Profa. Ma. Gabriela Maria de Sousa Vieira

Prof. Me. Henrique Riedel Nunes

Prof. Me. Marcelo Franco e Souza

Profa. Ma. Nathássia Matias de Medeiros

Prof. Me. Túlio Kércio Arruda Prestes

Organizadores

A revisão conceitual do conteúdo dos resumos destes anais bem como a responsabilidade
intelectual neles contida é de inteira responsabilidade dos autores.

Sobral, CE.

2019

2
ORGANIZAÇÃO
CURSO DE PSICOLOGIA
Coordenadora Ma. Germana Albuquerque Torres Cavalcante
Gestora de Pesquisa Ma. Bruna Clézia M. Neri

COMITÊ AVALIADOR
Profa. Ma. Germana Albuquerque Torres Cavalcante
Profa. Ma. Ana Karine Sousa Cavalcante
Profa. Ma. Ana Mara Farias Melo
Profa. Ma. Ana Ramyres Andrade de Araújo
Profa. Ma. Bruna Clézia M. Neri
Prof. Me. Francisco Eliandro S. do Nascimento
Profa. Ma. Gabriela Maria de Sousa Vieira
Prof. Me. Henrique Riedel Nunes
Prof. Me. Marcelo Franco e Souza
Profa. Ma. Nathássia Matias de Medeiros
Prof. Me. Túlio Kércio Arruda Prestes

CORREÇÃO ORTOGRÁFICA
Profa. Esp. Silvana Maria Cândido de Sousa

3
CIP - Catalogação na Publicação
Ficha Catalográfica Elaborada Pela Biblioteca –
Profa. Maria Carmelita Moura Viana Rodrigues

4
INSTITUTO SUPERIOR DE TEOLOGIA APLICADA – Centro universitário

INTA - UNINTA

Reitor: Dr. Oscar Rodrigues Junior

PRÓ-REITORIA EXECUTIVA INSTITUCIONAL – PROEX

Pró-Reitor: Prof. Me. Daniel Rontgen Melo Rodrigues

PRÓ-REITORIA ADMINISTRATIVA – PROAD

Pró-Reitora: Profa. Me. Ingrid Soraya de Oliveira Sá

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROPESP

Pró-Reitora: Profa. Dra. Chrislene Carvalho dos Santos Pereira Cavalcante

PRÓ-REITORIA DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL – PRODI

Pró-Reitora: Profa. Ma. Graça Maria de Morais Aguiar e Silva

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO – PRODEG

Pró-Reitor: Prof. Dr. Rômulo Carlos de Aguiar

PRÓ-REITORIA DE DIÁLOGO E SUPERVISÃO INSTITUCIONAL – PRODISI

Pró-Reitora: Profa. Esp. Francisca Neide Camelo Martins Rodrigues

PRÓ-REITORIA EXECUTIVA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – PROEAD

Pró-Reitor: Prof. Esp. Lindomar Jémison Moura Rodrigues

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL –

PRODERES

Pró-Reitora: Profa. Esp. Regina Maria Aguiar Alves

PRÓ-REITORIA DE CARREIRAS MÉDICAS E ODONTOLÓGICAS –

PROMEO

Pró-Reitor: Prof. Dr. José Klauber Roger Carneiro

PRÓ-REITORIA DE CARREIRAS DA SAÚDE – PROCARES

Pró-Reitora: Profa. Me. Michelle Alves Vasconcelos

5
PRÓ-REITORIA DE CARREIRAS DE ARQUITETURA E ENGENHARIAS –

PROAE

Pró-Reitor: -

PRÓ-REITORIA DE CARREIRAS DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, HUMANAS,

SOCIAIS E TECNOLÓGICAS – PROHUSA

Pró-Reitora: Profa. Esp. Eliza Angélica Rodrigues Ponte

SISTEMA DE BIBLIOTECAS – SIB - GRUPO GORJ

Coordenador: Esp. Germano Gil Furtado Moreira – CRB-3/1456

PROCESSAMENTO TÉCNICO

Bibliotecária: Mestranda Maria Aparecida Nascimento Ferreira – CRB3/1546

6
APRESENTAÇÃO ANAIS II SEMANA DE PSICOLOGIA

Apresentamos à comunidade acadêmica da cidade de Sobral, com imensa satisfação, os


Anais da II Semana de Psicologia do Curso de Graduação em Psicologia do Centro
Universitário INTA – UNINTA.
Findar um evento como esse, concretizando-o por meio da construção desse documento
é abrir as portas para um mundo de possibilidades, aprendizados e descobertas, que certamente
serão fundamentais para a formação dos futuros psicólogos e para o aperfeiçoamento do
trabalho desenvolvido pelos profissionais já formados.
Organizar o evento, pensando em cada detalhe, analisando nomes de grandes
profissionais a serem convidados para compor as atividades, e principalmente compartilhar com
alunos e professores essa construção, foi fantástico. A possibilidade de ajudar na formação de
profissionais que poderão adentrar no mercado de trabalho com uma visão ampla e crítica de
como sua atuação poderá contribuir para o estabelecimento de uma sociedade mais empática,
compromissada e menos adoecedora, é motivador.
Desde o título do evento: “As fronteiras da práxis em Psicologia: enfrentamentos e
potencialidades”, cada detalhe foi pensado sempre tendo como foco, proporcionar aos
participantes uma visão ampla dos vários campos de atuação do psicólogo. Diante disso os
discentes em formação terão a possibilidade de futuramente decidir que rumo profissional
tomar, tendo consciência crítica das inúmeras possibilidades que a Psicologia oferece.
Precisamos atentar para o fato de que a nossa área contempla uma grande variedade de atuação,
para que, possamos nos colocar no mercado de trabalho propiciando a quem nos assiste
entender que somos muito valiosos nos diversos cenários de prática.
Nossa Programação contou com uma Palestra Magna de abertura, ministrada pela
renomada Profa. Dra. Magda Dimenstein, 18 minicursos, 3 mesas-redondas, 2 atividades de
extensão, apresentações de trabalho tanto na modalidade comunicação oral como pôster e
apresentações culturais durante duas noites, com grande participação dos alunos do próprio
curso, bem como convidados da região, mostrando seus talentos. Contamos com profissionais e
professores conceituados da Psicologia e de áreas interdisciplinares tanto de Sobral quanto de
outras cidades do estado, ministrando minicursos e participando das mesas-redondas. Ao total
foram 395 inscrições no evento. Tivemos 85 trabalhos inscritos na II Semana de Psicologia do
UNINTA, sendo 19 na modalidade pôster e 66 na modalidade comunicação oral. Desses foram
aprovados 60 na modalidade comunicação oral e 15 na modalidade pôster.
Atualmente nosso curso encontra-se no sexto semestre de funcionamento e vem
ofertando aos estudantes de Sobral e da região Norte a possibilidade de cursar uma graduação
que contempla dentro de sua matriz curricular, as inúmeras possibilidades de atuação prática do
profissional psicólogo no mercado de trabalho.
Diante de tudo o que já foi exposto, concluo dizendo que é um honra fazer parte do
corpo docente de uma instituição tão comprometida com a educação ofertada a seus alunos e
encerrar um grande evento como o ocorrido com a confecção desse material, tão importante
para a comunidade acadêmica. É um prazer estar nesse lugar privilegiado de conduzir um curso
sério e comprometido com a formação de novos psicólogos e principalmente exercer essa
função ao lado de uma equipe de professores capacitados, compromissados e acima de tudo que
tem como pilar de suas ações o extremo dever de levar educação de qualidade a seus
educandos.
Aproveito para agradecer a toda equipe do Centro Universitário INTA-UNINTA, em
nome do nosso Magnífico Reitor Dr. Oscar Rodrigues Junior e da Profa. Ma. Eliza Angélica
Rodrigues Ponte, nossa diretora de centro pelo apoio diário e pela atenção dispensada à
concretização desse evento tão importante para o curso de Psicologia.

Germana Albuquerque Torres Cavalcante


Coordenadora do Curso de Psicologia do Centro Universitário INTA- UNINTA

7
RESUMOS
MESA- REDONDA

8
EMPREENDEDORISMO EM PSICOLOGIA: NOVAS PERSPECTIVAS DE
ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Denise de Lima Oliveira Vilas Boas


Edclaudio Melo Albuquerque
Lara Aguiar Arruda Grangeiro
Marcelo Franco e Souza

É possível pensar a psicologia de modo empreendedor, tornando-a um negócio


sustentável no campo clínico, dentro do modelo de consultório particular? Para
responder a essa pergunta, a partir de suas próprias experiências como empresários e
empreendedores dessa área, a mesa se compõe de um psicólogo e uma psicóloga da
cidade de Sobral-CE e uma psicóloga da cidade de Fortaleza-CE. Com foco nas
dificuldades e oportunidades do empreendedorismo na psicologia, seus limites éticos,
conciliação da prática com a responsabilidade social, divulgação e marketing a
discussão incentiva e motiva os estudantes e profissionais a pensarem a oferta da
psicologia como serviço e produto da saúde mental. Pensando em como, numa
contemporaneidade que cada vez mais procura e necessita de cuidados psicológicos,
pode-se atuar dentro de uma perspectiva de atendimento particular e privado.
Respeitando os limites éticos e a natureza histórica da psicologia como engajada na
transformação da realidade social, mas também entendida como uma profissão da saúde
que pode, por lei e por definição, oferecer seus serviços de forma privada à parcela da
população interessada nesse tipo de produto. Para tanto, psicólogos e psicólogas
empreendedores precisam conhecer a ética inerente à profissão, legislação específica da
clínica psicológica junto ao Conselho Federal e Regional, legislação geral sobre
empresas, conhecimento sobre administração e gestão, além, claro, de competências
clínicas, isto é, conhecimentos técnicos e científicos na área da psicologia.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Atuação em Psicologia. Consultório.

9
ESPECTRO AUTISTA NA CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE: DIÁLOGOS
INTERDISCIPLINARES

Ana Ramyres Andrade de Araújo


Cleinilda Alves Medeiros
Francisca Denisa Oliveira de Paula
Luis Achilles Rodrigues Furtado
Trícia Feitosa Nogueira Silva

As discussões em torno do Transtorno do Espectro Autista (TEA), têm suscitado em


diversos autores, uma série de questionamentos que impulsionam o estudo acerca da
temática nas mais diversas especialidades. No recorte sobre a práxis do psicólogo, tema
escolhido para a II Semana de Psicologia do Centro Universitário Inta - UNINTA, trazer
à luz problematizações sobre os diversos saberes psi (Psiquiatria, Psicologia e
Psicopedagogia), além de convocar uma mãe de criança autista para falar sobre sua
trajetória e itinerário terapêutico com o filho, tem relevância por proporcionar uma rica
experiência para os acadêmicos do curso de Psicologia. Questionar o que pode o
psicólogo diante do autismo, bem como conhecer brevemente o histórico e o manejo
clínico da psiquiatria assim como o da psicopedagogia, favorece a postura crítica e ética
ao aprender a partir do contato com os profissionais da área e o treino de uma escuta,
com o relato da mãe. As discussões da mesa-redonda podem instigar o processo de
formação e busca do conhecimento dos participantes do evento acadêmico além de
convocá-los a construir novos saberes que possam contribuir para a qualidade de vida
de sujeitos autistas e suas famílias.

Palavras – chave: Transtorno do Espectro Autista; Psicologia; Práxis.

10
POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL: AVANÇOS E/OU
RETROCESSOS

Ana Lígia Assunção Livalter


Mikkael Duarte dos Santos
Paulo Henrique Dias Quinderé
Mediadora: Ana Mara Farias de Melo

Esta mesa-redonda se configura como um espaço de reflexão sobre as transformações


na Política de Saúde Mental implantadas no Brasil e seus impactos no cotidiano das
instituições. Para alcançar este objetivo, primeiramente, foi realizado um percurso
histórico e epistemológico do Movimento de Reforma Sanitária e de Reforma
Psiquiátrica, esses movimentos foram instrumentos legais de luta social e responsáveis
pela mudança do posicionamento do Estado em relação ao modelo de atenção e gestão
praticado no âmbito da Saúde Mental, ao qual possibilitou uma mudança de paradigma
de assistência, priorizando a oferta dos serviços de base comunitária em detrimento ao
modelo manicomial outrora praticado. Além disso, foi ressaltado o protagonismo dos
trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e produção de
tecnologias de cuidado. As modificações proporcionadas pelos movimentos citados
possibilitaram a criação de uma rede de dispositivos substitutivos, como os Centros de
Atenção Psicossociais (CAPS) que desempenham a função de articuladores da rede de
atendimento em saúde mental e visa oferecer aos seus usuários um tratamento que alia
tratamento clínico e reintegração social. Embora tenham ocorridos avanços na Política,
foram apontadas, em um segundo momento da mesa, as modificações no atual governo
e seus impactos no modelo assistencial, ressaltando a retomada de práticas que
atravessam o modelo manicomial, como a utilização da eletroconvulsoterapia (ECT)
como forma de tratamento e o retorno do financiamento em leitos de hospitais
psiquiátricos. Outro ponto discutido da mudança na Política de Saúde Mental foi a
organização das práticas de assistência às pessoas com quadro de uso nocivo e
dependência de substâncias psicoativas (álcool, cocaína, crack e outras drogas). A
mesa se posicionou contrária à utilização das comunidades terapêuticas como forma
de tratamento. Por fim, as mudanças na Política de Saúde Mental apresentaram-se
como um certo retrocesso, pois, a compreensão de cuidado em saúde mental pressupõe
liberdade em contraposição a exclusão, acolhimento em contraposição a protocolos
padronizados e, principalmente, construção coletiva através do debate amplo com a
sociedade e seus atores.

Palavras-chave: Política de Saúde mental. Reforma Psiquiátrica. Participação social.

11
RESUMOS
MINICURSO

12
A HISTÓRIA DA LOUCURA EM MICHEL FOUCAULT

Michelle Ferreira Maia

O presente resumo faz uma breve discussão sobre a clássica obra História da Loucura
do autor Michel Foucault. O livro foi publicado pela primeira vez em 1961 com o título
Folie et Déraison pela editora Plon, depois como Histoire de la folie à l’âge classique,
em 1972, pela editora Gallimard. Em 1978, foi traduzido no Brasil por José Teixeira
Coelho Neto. O livro retrata o desejo do autor em desvendar como a loucura era
compreendida desde o século XVII ao XIX, assim nos oferece a percepção de quem era
considerado louco. Os mendigos, pobres e miseráveis e os portadores de doenças
venéreas foram os primeiros a serem enclausurados em espaços fora da cidade, o
sistema de reclusão e isolamento começam a nascer. Segundo Michel Foucault, isso
ocorria como uma forma de solucionar os problemas advindos com a situação social e
econômica. O autor dialoga como funcionava institucionalmente o internamento e quais
os procedimentos utilizados em cada época em busca do tratamento do “louco”. O
estudo apresenta quais eram os conceitos de cidadão útil e inútil, e de como a loucura no
outro é apontada por este prisma. O louco é o descontrolado, aquele sem razão, sem
lógica, o que não segue o padrão de cada período. Como lidar com as experiências da
loucura? Segundo Foucault, buscando ter o controle sobre os loucos, seja com o auxílio
da reclusão ou com o uso da medicação. Na modernidade a loucura é alvo de pesquisas,
é necessário precisar o tipo de doença, as causas e consequências, e principalmente
especificar o tratamento adequado, surge a importância da medicina, do médico e da
medicação na busca da cura da loucura.

Palavras-Chave: Loucura. Razão. Medicalização

REFERÊNCIAS

FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. 9ª Edição. Editora


PERSPECTIVA, Coleção ESTUDOS, V.61. 2010.

VIEIRA, Priscila Piazentini. Reflexões sobre A História da Loucura de Michel


Foucault. Revista Aulas. ISSN 1981-1225 Dossiê Foucault N. 3 – dezembro
2006/março 2007 Organização: Margareth Rago & Adilton Luís Martins.

13
A POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS NO BRASIL - ÁLCOOL E
OUTRAS DROGAS, UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

Claudine Carneiro Aguiar

A Redução de Danos (RD) teve origem na Inglaterra em 1926 como forma mais adequada
de tratar dependentes de heroína e morfina. O primeiro programa de troca de seringas,
estratégias usadas pela RD a princípio, aconteceu na Holanda, tendo sido implantado em
1984, e logo depois se espalhou pelo resto do continente europeu. A RD estava voltada a
princípio para a prevenção de doenças de transmissão sanguínea entre usuários de drogas
injetáveis. No Brasil, a prefeitura de Santos em 1989 anunciou um serviço de troca de
seringas entre os usuários de drogas injetáveis com o objetivo de conter a disseminação do
vírus da AIDS. Somente durante a década de 90, com a atuação das organizações civis, a
RD se afirmará, gradativamente, como política governamental. Em 2005 é criada a
portaria nº 1.028 que determina as ações da RD nas políticas da saúde. Apontamos nesse
contexto três dimensões da estratégia RD: a dimensão do cuidado, da educação permanente
e das políticas públicas. Na dimensão do cuidado podemos afirmar que a RD é uma
estratégia que busca minimizar as consequências adversas do consumo de drogas onde
implica intervenções singulares, que podem envolver o uso protegido, a diminuição do uso
da droga, a substituição por substâncias que causem menos agravos ou até mesmo a
abstinência. Realizar RD enquanto prática de saúde inclui a construção dos aspectos da
autonomia, na medida em que planos de ação sejam traçados priorizando qualidade de
vida. A RD aponta a construção de vínculo do profissional com o usuário como estratégia
fundamental para elaboração do projeto terapêutico. A RD tem se apresentado como um
novo paradigma na saúde que também pode ser compreendida como uma ação do campo
da educação, inclusive na perspectiva da educação permanente em saúde. O Ministério da
Saúde em 2010 lança proposta de formação nessa área, incentivando implantação de
Escolas de Redutores de Danos do SUS em todo o País. A Escola de Redutores de Danos
do SUS constituiu-se como processo de formação profissional em serviço que procura
viabilizar a atenção à saúde dos usuários de substâncias, de populações marginalizadas ou
excluídas e cerceadas de seus direitos sociais. A formação é fundamental para a
compreensão da estratégia e consequentemente ampliação da clínica do usuário de
substâncias. Para finalizar, o aspecto política publica se apresenta para a RD enquanto
ideia de que a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as
condições indispensáveis ao seu pleno exercício ao promover para o usuário serviços de
proteção e recuperação. A RD realiza fóruns de discussão antiproibicionista, sobre o
encarceramento em massa da população negra e periférica por consequência da
desigualdade social e uso de substâncias, e o real sentido da guerra às drogas nesse
contexto no Brasil.

Palavras – chave: Redução de Danos. Saúde Pública. Álcool e outras drogas

REFERÊNCIAS

BASTOS, F.I. Redução de Danos e Saúde Coletiva: Reflexões a propósito das


experiências internacional e brasileira. In Cristiane Sampaio e Marcelo Campos (org.).
Drogas, dignidade e inclusão social. A lei e a prática de redução de danos. Rio de Janeiro:
ABORDA, 2003, pp. 15- 44.
BRASIL . A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral ao Usuário de Álcool
e outras Drogas/ Ministério da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde. 2003.

14
BRASIL. Manual de Redução de Danos. Ministério da Saúde. Coordenação Nacional de
DST e Aids. Saúde e Cidadania. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

NIEL, M; SILVEIRA, D.X. Drogas e Redução de Danos: uma cartilha para profissionais
de saúde. São Paulo, 2008.

15
A PSICANÁLISE E O CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO EM
ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS

Ana Ramyres Andrade de Araújo

A formação em psicologia, como uma formação generalista, apresenta inúmeras áreas


de atuação do psicólogo, entre elas, está a assistência social, onde se destacam os
espaços abertos para a psicologia nos Centros de Referência em Assistência Social –
CRAS, Serviços de acolhimento institucional e o Centro de Referência Especializado
em Assistência Social – CREAS. Assim como são múltiplos são os caminhos de
trabalho, são diversas as abordagens escolhidas e há, muitas vezes, certa estigmatização
sobre o perfil que a abordagem escolhida, pelo então estudante, apresenta estabelecendo
uma dissimetria entre a área de trabalho e a abordagem escolhida. É comum que a
psicanálise seja alvo de uma série de discussões que apontam a inadequação do
psicanalista em um ambiente de assistência social. É neste sentido, que o minicurso
repousa sua importância, ao relacionar e desconstruir a suposta impossibilidade de uma
intervenção com base na psicanálise, dentro do espaço do CREAS, utilizando como
base o relato de experiência da facilitadora do minicurso como psicóloga de um CREAS
na região Norte do Ceará. Os desafios e as possibilidades de intervenção podem
contribuir para repensar a práxis da psicologia e evitar os estigmas em torno dos espaços
de trabalho apresentando para os participantes, a importância de reinventar-se enquanto
profissional.

Palavras – chave: Psicanálise; Psicologia; Centro de Referência Especializado em


Assistência Social.

REFERÊNCIAS

FREUD, S. O mal-estar na civilização. In: Edição Standard Brasileira das obras


psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1929. Vol. XXI,
p.67-73.

______. O interesse Sociológico da Psicanálise. In: Edição Standard Brasileira das


obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1913. Vol.
XIII, p.189-190.

PAULA, F.O.Q.; PAIVA, J. Possibilidades de atuação do psicanalista no Centro de


Referência de Assistência. Vínculo – Revista do NESME. v.12, n. 1, p. 41 – 50. 2015.

ROSA, M. D., A pesquisa psicanalítica dos fenômenos sociais e políticos: metodologia


e fundamentação teórica. Revista mal-estar e subjetividade. Fortaleza, v. 4, n. 2, p.
329 – 348. Set. 2004

SCARPARO, M.L.D.E. POLI, M. C. Psicanálise e Assistência Social. In: CRUZ, L. R.


GUARESCHI, N. (Orgs). Políticas Públicas e Assistência Social: Diálogo com as
práticas psicológicas. Petrópolis, RJ: Vozes,2009. p. 124-151

16
AS POSSIBILIDADES DO PSICÓLOGO NA DOCÊNCIA:
(DE)FORMAÇÃO DE SABERES, EXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS

Bruna Clézia Madeira Neri

A docência é um lugar comum em todas as profissões, pois sempre há um profissional


específico que forma os demais. Enquanto locus de atuação, destacam-se, aqui, as
possibilidades de se pensar a docência dentro de uma área de saberes específica: a
Psicologia. Nos perguntamos sobre quem forma o formador, pois há, por exemplo,
excelentes psicólogos clínicos que não encontram a mínima didática para transmitir com
entusiasmo a uma plateia a forma como atuam dentro do setting terapêutico; existem
também grandes psicólogos organizacionais que não conseguem explicar de forma clara
como aplicam uma avaliação psicológica, e por aí vão muitos outros casos de
profissionais gabaritados no que fazem, mas incapazes de transmitir de maneira clara
como o fazem. Pensando neste cenário, nos questionamos? Há mesmo a necessidade de
uma boa “transmissão de conhecimento” para se falar em uma boa aula de Psicologia?
Perscrutamos, a partir destas questões, algumas possibilidades de tensionamento sobre
os saberes da docência em Psicologia através da análise de espaço específico de
aprendizagem: a sala de aula. Entretanto, acreditamos que uma reflexão coerente sobre
este lugar atravessa a desconstrução do binarismo ensino-aprendizagem. Nos propomos
a tratar, agora, do processo de ensinagem, em que a ação de ensinar é definida na
relação com a ação de aprender e a aula não é mais compreendida como algo dado ou
assistido, mas sim construído na ação conjunta de professores e alunos. A aula, o
conteúdo e o aluno fazem parte de uma espiral processual que o professor deve
conduzir, de modo a produzir nos sujeitos incômodos inquietantes que os movam para
novas descobertas. O professor, na prática de ensinagem da Psicologia, deve trabalhar a
resiliência em sala de aula, um desafio constante de aprender a aprender, o que requer
uma superação de conteúdos e questionamento de paradigmas. Outrossim, o professor
de psicologia, ao reconstruir o percurso tradicional da produção de novos conteúdos,
diante de conceitos tão abstratos e, muitas vezes, intragáveis pelos alunos, deve arriscar
mais e sair do tradicional método expositivo dialogado. O grande desafio dos tempos
atuais reside em como produzir conteúdo atrativo quando tudo está ao alcance dos
dedos, uma vez que é preciso buscar estratégias de sedução para o aluno que tem acesso
a todas as informações. Dito isso, reafirmamos a importância de pensar a sala de aula
como um espaço vivo, ativo e transformador, onde há a possibilidade de ensinar a
pensar, não apenas pela via professor-aluno, mas também fazendo o caminho inverso,
através de uma reflexão sobre o que os alunos têm a ensinar a partir de suas
experiências.

Palavras-chave: Docência. Ensinagem. Sala de aula.

REFERÊNCIAS:

ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos; ALVES, Leonir Pessate. (Org.) Processos
de Ensinagem na Universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula.
10 ed. Joinvile, SC: Editora Univille, 2015.

DEMO, Pedro. Pesquisa: Princípio científico e educativo 14 ed. São Paulo: Cortez,
2012.

17
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO
ORGANIZACIONAL
Ana Karine Sousa Cavalcante

A Avaliação Psicológica é um processo técnico e científico que requer um planejamento


prévio e metodologias específicas de acordo com cada área de conhecimento. Segundo a
Cartilha de Avaliação Psicológica publicada pelo Conselho Federal de Psicologia, a
Avaliação Psicológica constitui fonte de informações de caráter explicativo sobre os
fenômenos psicológicos, com a finalidade de subsidiar os trabalhos nos diferentes
campos de atuação do psicólogo (CFP, 2013). Para a realização de uma Avaliação
Psicológica, um profissional da psicologia pode e deve basear-se, obrigatoriamente, em
métodos, técnicas e instrumentos reconhecidos cientificamente, utilizando-as como
fontes fundamentais de informação. Contudo, para serem usados de forma profissional,
os testes precisam passar por uma série de avaliações de qualidade técnico-científica
realizadas pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) para que
possam ser validados e então comercializados. No contexto organizacional, os testes
psicológicos podem prover informações altamente valiosas para a seleção de
candidatos, aplicando um caráter mais científico ao processo. Para Dalbosco e Consul
(2011), a avaliação psicológica permite ao profissional da psicologia conhecer mais a
fundo o potencial de cada indivíduo trabalhador, observando suas capacidades e
limitações, compreendendo o que pode vir a motivá-lo e investir nessa descoberta,
aumentado tanto a qualidade do trabalho desse funcionário, quanto proporcionando a
esse indivíduo uma atividade laboral que o agrade e o motive a estar sempre crescendo.

Palavras – chave: Avaliação psicológica. Psicologia organizacional. Testes


psicológicos.

REFERÊNCIAS:

Conselho Federal de Psicologia. (2013). Cartilha avaliação psicológica. Brasília, DF:


Autor.

DALBOSCO, S. N. P.; CONSUL, J. S. A Importância da Avaliação Psicológica nas


Organizações. Revista de Psicologia da Faculdade Meridional – IMED. Porto
Alegre: v. 3, no. 2, p. 554- 558. Nov. 2011.

18
CARTOGRAFIA E PESQUISA-INTERVENÇÃO NO TERRITÓRIO
ESCOLAR

Mauro Michel El Khouri

O minicurso tem como objetivo discutir a experiência de uma pesquisa-intervenção de


base cartográfica em uma escola pública de Fortaleza, realizada durante o doutoramento
em Psicologia pelo Departamento de Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará
– UFC. Primeiramente, busca-se apresentar os conceitos básicos da pesquisa-
intervenção como método de pesquisa qualitativa, assumindo as contribuições da
filosofia da diferença de Deleuze e Guattari e da Análise Institucional de base francesa
(RODRIGUES; LEITÃO; BARROS, 1992). A pesquisa-intervenção como prática
interventiva nas Ciências Humanas e Sociais busca a transformação da realidade
discutindo a relação entre produção de conhecimento e dispositivo (DELEUZE, 1990)
de transformação política e social (GUATTARI; ROLNIK, 1986; FOUCAULT, 1979),
assumindo a cartografia como orientação investigativa (AGUIAR; ROCHA, 2008). A
cartografia é um dos termos do rizoma, conceito fundamental de Deleuze e Guattari
(1995) que representa a estrutura do conhecimento, em oposição à metáfora tradicional
da árvore como forma de produção do saber, em que há uma única raiz que se ramifica
gerando todo o conhecimento. No âmbito do conhecimento, o rizoma aponta para uma
produção em que não há raízes, ou seja, proposições fundamentais ou primeiras. A
cartografia surge como orientação investigativa, ressaltando o aspecto processual e
produtivo da pesquisa (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2010). Assim sendo,
assume-se a postura de que os dados não são coletados, mas produzidos no campo a
partir do encontro entre pesquisadores e participantes da pesquisa, considerando o
contexto histórico, social e institucional da realidade estudada (KASTRUP, 1993). São
abordados conceitos ferramenta como implicação, analisador e restituição. A análise de
implicação considera as condições de pesquisa as quais os pesquisadores são
submetidos, incluindo a posição que assumem no campo, as relações que estabelecem
com os sujeitos de pesquisa e os efeitos dessas relações (PAULON, 2005). O analisador
é concebido como acontecimento que ressalta aspectos institucionais contraditórios em
determinados fenômenos (LOURAU, 1993). Ele comanda a análise, produzindo dados e
apontando temas-conflito. Destaca-se no processo de intervenção na medida em que
propicia a análise das situações de tensão, funcionando como instrumento de análise não
apenas do pesquisador, mas do coletivo que participa da realidade investigada. Por fim,
a restituição como conceito-ferramenta utilizado na pesquisa-intervenção se distingue
da devolutiva. Esta se apresenta normalmente ao final da pesquisa. A restituição, no
entanto, não busca a verdade dos fatos. Tampouco está relacionada a gentilezas ou
caridades (LOURAU, 1993). Restituir consiste em criar, ao longo de todo o processo de
investigação, dispositivos de análise coletiva da situação que envolve o grupo e a
instituição em questão, colocando em evidência os analisadores e, com isso,
promovendo a problematização das práticas instituídas, considerando os sujeitos
implicados no contexto de pesquisa.

Palavras – chave: Pesquisa-intervenção. Cartografia. Escola.

REFERÊNCIAS

19
AGUIAR, Katia Faria; ROCHA, Marisa Lopes. Micropolítica e o exercício da pesquisa-
intervenção: Referenciais e Dispositivos em análise. Revista Psicologia Ciência e
Profissão do CFP, n. 4, ano 27, 2008.

DELEUZE, Gilles. O que é um dispositivo? In: Michel Foucault, filósofo. Barcelona:


Gedisa, 1990, pp. 155-161. Tradução de Wanderson Flor do Nascimento.

_______. Mil platôs - capitalismo e esquizofrenia; tradução de Aurélio Guerra Neto e


Celia Pinto Costa. 1. ed. São Paulo: Ed. 34, 1995. (Coleção TRANS).

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Ed. 22. Rio de Janeiro: Edições Graal.
1979.

GUATTARI, Félix e ROLNIK, Suely. Micropolítica: Cartografias do desejo.


Petrópolis: Vozes, 1986.

KASTRUP, Virgínia. O Método da cartografia e os quatro níveis da pesquisa-


intervenção. In: Pesquisa Intervenção na Infância e Juventude. CASTRO, L.;
BESSET, V.L. [orgs.]. Nau Editora, Faperj. Rio de Janeiro, 2008, p. 465-489.
LOURAU, René. Análise institucional e práticas de pesquisa. Rio de Janeiro. UERJ,
1993.

PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; ESCÓSSIA, Liliana. Pistas do método da


cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina,
2010.

PAULON, Simone Mainieri. A análise de implicação como ferramenta na pesquisa-


intervenção. Revista Psicologia e Sociedade, n. 3, ano 17, 2005.

RODRIGUES, Heliana de Barros Conde; LEITÃO, Maria Beatriz Sá; BARROS,


Regina Duarte Benevides de. Grupos e instituições em análise. Rio de Janeiro: Rosa
dos tempos, 1992. 251p.

20
CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NOS CENÁRIOS DA ATENÇÃO
PRIMÁRIA EM SAÚDE

Germana Albuquerque Torres Cavalcante

A assistência à saúde prestada pelo Serviço Único de Saúde (SUS), acontece em 3


níveis: primário, secundário e terciário. No primário temos a atenção básica que atua em
nível de promoção e prevenção da saúde, por meio das equipes de saúde da família que
ficam nas Unidades Básicas e Saúde (UBS) e que atuam em conjunto com o NASF
(Núcleo Ampliado de Saúde da Família). Esse nível foi o foco do presente trabalho.
Essa atenção básica é o eixo estruturante do SUS, é a sua porta de entrada, que tem
como desafios: ampliar o acesso com melhoria de qualidade e resolutividade. O usuário
deve primeiramente procurar a sua UBS para que por meio dela possa ter acesso aos
outros dispositivos de saúde disponibilizados pela rede de saúde. Um dos principais
profissionais que farão a ponte entre usuário e UBS é o Agente Comunitário de Saúde
(ACS), que conseguirá por meio de visitas domiciliares identificar problemas de saúde
em fases iniciais e acionar os profissionais da UBS para que todos possam agir de forma
preventiva e promover assim, saúde. Dentro desse contexto, devemos ressaltar que
existe nos últimos anos uma maior valorização, por parte do Ministério da Saúde da
dimensão subjetiva dos usuários e atenção aos problemas mais graves de saúde mental
da população. Desta feita, dentro da atenção básica existe uma rede assistencial que tem
condições de dar um suporte a essa área evitando que problemas maiores sejam
instalados. De forma que se pudesse visualizar melhor como funciona esse rede de
atenção básica no que se refere aos cuidados em saúde mental foi analisado um caso de
um usuário fictício. Esse usuário teve acompanhamento desde o início de seus primeiros
sintomas, quando o agente de saúde, por meio de uma visita pôde detectar que havia um
problema de saúde mental em um membro da família e imediatamente acionou o
médico da UBS responsável pela área. Este profissional de forma assertiva movimentou
os dispositivos disponíveis no município e o usuário teve a oportunidade de ser atendido
no estágio inicial do problema, evitando que o quadro se agravasse e que fosse
necessário dessa forma que fossem acionados dispositivos da atenção secundária. No
mesmo caso, foi possível observar que a conduta ideal não ocorreu com a mãe do
usuário que, por esse motivo, não teve o mesmo atendimento, tendo seu quadro
agravado, necessitando assim ficar internada em um hospital psiquiátrico. No entanto,
percebe-se ao final do caso que tanto mãe quanto filho conseguem voltar a ter um bom
convívio social, utilizando-se dos dispositivos do SUS, nos cenários de saúde mental na
atenção básica, tendo dessa forma, uma melhora em sua qualidade de vida.

Palavras – chave: Saúde Pública. Psicologia. Atenção Básica

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Núcleo de Apoio à Saúde da Família. v. 2. Brasília:


Ministério da Saúde, 2014. (Cadernos de Atenção Básica, n. 39)

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 2.436, de 21 de


setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a
revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS). Brasília: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 2017.

21
DAS MASSAS À MULTIDÃO: PSICOLOGIA POLÍTICA DAS
RESISTÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
Michel Renan Rodrigues de Andrade

O presente minicurso tem por objetivo apresentar os resultados da pesquisa em


psicologia social e política realizada entre os anos de 2014 e 2016. Em junho de 2013,
no Brasil, se viu um acontecimento que se tornou um marco na recente história política
da nova república do país. Uma multidão tomou conta das ruas das principais cidades
do país reivindicando, em princípio, a revogação dos aumentos das passagens do
transporte público, principalmente em São Paulo. Em seguida, as reivindicações
passaram a ser sobre variados temas. Com os diversos jornais e partidos políticos
tentando apropriar significados e identidades às manifestações e aos manifestantes,
produziu-se a motivação para este trabalho. Esta pesquisa teve por objetivo fazer um
mergulho nos discursos produzidos pelos manifestantes para buscar nas suas formações
e nos seus enunciados os meandros que possibilitam marcar esse acontecimento como
algo incapaz de ser unido sobre uma identidade única, mas sim como a produção de
condições de possibilidades para a constituição de uma outra relação de poder a partir
do surgimento de novos modos de subjetivação. Assim, procuramos fazer um apanhado
das pesquisas e textos ensaios sobre as manifestações, elencar e cruzar dados, debater os
conceitos possíveis que pudessem envolver e sustentar nossa pesquisa – chegando ao
conceito de multidão -, destrinchar a ordem das formas de subjetivação contemporânea
para, assim, termos uma base, aquilo que chamamos de solo concretizado a ser
analisado. Pois é sob este solo que buscamos investigar as produções dos discursos e se
o seu produto é uma formação da ordem das subjetividades e das condições dos
substratos desse solo, ou se há um produto germinando, uma nova forma de
subjetivação capaz de estabelecer uma resistência às forças que operam nas relações de
poder. Assim, nos utilizamos do método da análise de discurso nos apropriando do
método arquegenealógico foucaultiano, mas adaptando para uma análise de um
acontecimento em vez de uma análise histórica. Concluímos que as manifestações de
junho de 2013, no Brasil, devem ser observadas como um acontecimento de ruptura na
nossa recém-história, mas não estando completamente livre das investiduras do poder.
Ela surge como uma forma de resistência, mas aos poucos o poder vai envolvendo-a e
contendo seus avanços, fazendo com que a sua produção seja subjugada. Porém, de fato,
as manifestações de junho de 2013 estabelecem condições para a produção de
resistências capazes de reformular as relações de poder e produtoras de novos modos de
subjetivação.
Palavras – chave: Manifestações de junho de 2013; Modos de subjetivação; Discurso.
REFERÊNCIAS

BIRMAN, J. (2014). O sujeito da diferença e a multidão. Revista IDE. 36 (55). 25-40.

BRAGA, R. (2013). Sob a sombra do precarizado. IN. Cidades rebeldes: passe livre
e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo.

CASTELLS, M. (2013). Redes de indignação: movimentos sociais na era da


internet. Rio de Janeiro: Zahar.

22
DARDOT, P. & LAVAL, C. (2016). A nova razão do mundo: ensaio sobre a
sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo.

FREUD, S. (2011). Psicologia das massas e analise do eu. In S. Freud, Psicologia das
massas e analise do eu e outros textos (Paulo César de Souza, trad., Vol. 15, pp. 13-
113). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1921)

FOUCAULT, M. (2008a). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense


Universitária.

_________. (2008b). Nascimento da biopolítica: Curso dado no Collège de France


(1978 – 1979). São Paulo: Martins Fontes.

_________. (2011). A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France,


pronunciada em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Edições Loyola.

_________. (2013). O sujeito e o poder. IN. Dreyfus, H. L. e Rabinow, P. (2013).


Michel Foucault – Uma trajetória filosófica: Para além do estruturalismo e da
hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

_________. (2014). Microfísica do poder. São Paulo: Paz e Terra.

GREGOLIN, M. R. (2007). Análise do discurso e mídia: a (re)produção da


identidade. Revista Comunicação, mídia e consumo, 4 (11), 11-25.

GUATARRI, F. & ROLNICK. S. (2013). Micropolítica: cartografias do desejo.


Petropolis: Editora Vozes.

HARDT, M. & NEGRI, A. (2001). Império. Rio de Janeiro: Editora Record.

HARDT, M. & NEGRI, A. (2014). Multidão: guerra e democracia na era do


Império. Rio de Janeiro: Editora Record.

JUDENSNAIDER, E. Lima, L. Pomar, M. & ORTELLADO, P. (2013). Vinte


Centavos: a luta contra o aumento. São Paulo: Veneta.

LIMA, V. A. (2013). Mídia, rebeldia urbana e crise de representação. IN. Cidades


rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo:
Boitempo.

Movimento Passe Livre. (2013). Não começou em Salvador, não vai terminar em São
Paulo. IN. Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do
Brasil. São Paulo: Boitempo.

RICCI, R. & ARLEY, P. (2014). Nas ruas: a outra política que emergiu em junho de
2013. Belo Horizonte: Editora Letramento.

SECCO, L. (2013). As jornadas de Junho. IN. Cidades rebeldes: passe livre e as


manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo.

23
SOLTO MAIOR, J. L. (2013). A vez do direito social e da descriminalização dos
movimentos sociais. IN. Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que
tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo.

VAINER, C. (2013). Quando a cidade vai às ruas. IN Cidades rebeldes: passe livre
e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo.

24
FITOTERÁPICOS NO TRATAMENTO DE DISTÚRBIOS
PSIQUIÁTRICOS
PSICOFARMACOLOGIA

Andrine Maria do Carmo Navarro

Como o próprio nome já entrega, os antidepressivos são medicamentos que podem ser
utilizados no tratamento da depressão ou para prevenir a recorrência (retorno) da
doença. Além disso, é possível que o médico prescreva esse tipo de remédio para tratar
problemas como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de ansiedade
generalizada, transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e dores crônicas de longo
prazo. Entretanto, alguns medicamentos antidepressivos podem trazer uma série de
efeitos colaterais para lá de desagradáveis. De acordo com a NHS, alguns deles são:
insônia, sonolência, diarreia, ansiedade, pouco desejo sexual, alterações no peso,
dificuldades para atingir o orgasmo, vertigem, problemas para urinar, problemas no
ritmo cardíaco e pensamentos suicidas (em casos raros), entre outros. Na esperança de
não sofrer tanto com as reações a esses remédios para tratar a depressão, alguns
pacientes podem solicitar ao médico o uso de antidepressivos fitoterápicos, ou seja,
aqueles que têm a composição à base de plantas. Um medicamento fitoterápico é aquele
alcançado de plantas medicinais, onde se utiliza exclusivamente derivados de droga
vegetais como: suco, cera, exsudato, óleo, extrato, tintura, entre outros. O simples fato
de coletar, secar e estabilizar um vegetal não o torna medicamento fitoterápico. Deste
modo, vegetais íntegros, rasurados, triturados ou pulverizados, não são considerados
medicamentos fitoterápicos, em outras palavras, uma planta medicinal não é um
fitoterápico. Assim como outros medicamentos, os fitoterápicos quando utilizados de
forma incorreta podem proporcionar problemas de saúde. Por isso, para regulamentar a
comunicação ao usuário, uma resolução da Anvisa em vigor desde 10 de março de 2010
padroniza regras para comercialização. Cada produto deve indicar para o que serve e
seus possíveis efeitos colaterais. Os dados devem estar em um folheto informativo na
embalagem ou no invólucro da planta. Objetivando a utilização e manipulação correta
das plantas medicinais para distúrbios psiquiátricos, foi realizada a demonstração do uso
adequado do processo de extração vegetal por infusão. Foram utilizados no minicurso as
folhas de maracujá (Passiflora edulis), hortelã (Mentha sp.), camomila (Matricaria
chamomilla) e cidreira (Melissa officinalis) secas e cortadas em pequenos pedaços. Em
seguida foram medidos cerca de 200ml de água filtrada, posta em placa aquecedora até
que entrasse em ebulição. Foram pesadas cerca de cinco gramas das folhas higienizadas
e adicionadas aos 200 ml de água aquecida para infusão por 10mim (abafou-se com
papel alumínio). Após os 10mim de infusão filtrou-se a folhagem para posterior
utilização do chá. Ao final obteve-se quatro chás para consumo e de ação terapêutica.

Palavras-Chave: Fitoterapia. Plantas medicinais. Infusão.

REFERÊNCIAS

KATZUNG, B. G. Farmacologia básica e clínica. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

BRUNTON, L. L; CHABNER, B. A.; KHOLLMAHN, B. C. As bases farmacológicas


da terapêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
MARTINS ER, CASTRO DM, CASTELLANI DC, DIAS JE. Plantas medicinais.
Viçosa: Ed. UFV; 2000.
25
STAHL, S. M. Psicofarmacologia – Bases Neurocientíficas e Aplicações Práticas. 4.
Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

26
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT:
ABRINDO A CAIXA DE FERRAMENTAS FOUCAULTIANA
Túlio Kércio Arruda Prestes
O filósofo francês Michel Foucault, mundialmente conhecido por sua tese de
doutoramento intitulada “História da Loucura: na Idade Clássica” (FOUCAULT, 2017),
dedicou a sua obra a estudar temas bastante caros à psicologia, como: a própria
construção social da loucura; a história de formação do campo discursivo e prático dos
saberes “psi” (psicologia, psicanálise e psiquiatria); a invenção do sujeito; o governo da
vida através de uma anátomo-política do corpo e de uma biopolítica das populações; os
modos de subjetivação como objeto de governo; etc. É pelo próprio reconhecimento da
importância da obra foucaultiana como pelo fato deste autor tratar de tantos temas
transversais à psicologia, que este tem figurado atualmente como um dos pensadores
mais citados nas pesquisas no campo da psicologia no Brasil (FERREIRA NETO et al,
2017; CAVALCANTE et al, 2016). Nesse ínterim, dada a relevância deste autor para a
psicologia e para a análise da contemporaneidade, o minicurso intitulado “Introdução ao
pensamento de Michel Foucault: abrindo a caixa de ferramentas foucaultianas” teve
como objetivo apresentar as contribuições do pensamento de Michel Foucault, e seus
desdobramentos, para que a partir desses conceitos-ferramentas possamos indicar
algumas pistas para (re)pensar o saber-fazer da psicologia e a produção de
subjetividades na contemporaneidade. Este minicurso é também uma ação do Grupo de
Estudos Foucault e a Psicologia (GEFOUP) vinculado ao curso de psicologia do Centro
Universitário Inta – UNINTA. Quanto ao termo “caixa de ferramentas” que aparece no
título do minicurso para se referir ao pensamento foucaultiano, ressaltamos ser esta uma
alcunha inventada pelo filósofo francês Gilles Deleuze ao se referir as teorizações
foucaultianas (FOUCAULT, 2007). Essa definição utilizada por Deleuze serve para
enfatizar que um bom conceito deve funcionar como uma ferramenta, um instrumento
de que nos servimos para operar nossas próprias análises. Do mesmo modo, quando esta
ferramenta já não nos serve devemos abandoná-las e ir à caça de outras ou forjar nossas
próprias ferramentas. Entre os conceitos trabalhados no minicurso destacamos:
arqueogenealogia, poder, governo, modos de subjetivação, poder disciplinar e
biopolítica. Não obstante, com este minicurso esperamos ter dado nossa contribuição
com a apresentação de algumas ferramentas foucaultianas, e de como o autor as
utilizou, mas no intuito de que aqueles que participaram possam por si mesmo inventar
novas formas de utilização, já que o uso que se fará delas dependerá em grande medida
da engenhosidade e habilidade daquele que as manipula. Ao passo em que se estas já
não lhes servem, se são limitadas, instigamos que desenvolvam as suas próprias
ferramentas.

Palavras – chave: Foucault. Psicologia. Arqueogenealogia.

REFERÊNCIAS

CAVALCANTE, L. M. et al . Foucault e a Psicologia no Brasil: interlocuções e novas


perspectivas. Rev. Polis Psique, Porto Alegre , v. 6, n. 2, p. 146-165, jul. 2016.
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2238-
152X2016000200009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 11 de junho de 2019.

27
FERREIRA NETO, J. L. et al. Usos de Foucault nos estudos de psicologia no brasil.
Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte , v. 29, e159930, 2017 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
71822017000100227&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 11 de junho de 2019.
http://dx.doi.org/10.1590/1807-0310/2017v29159930.
FOUCAULT, M. História da Loucura: na idade clássica. 11ª edição. São Paulo:
Perspectiva, 2017.
____. Microfísica do Poder. MACHADO, R. (org) 24º ed. Rio de Janeiro: Edições
Graal, 2007.

28
MINDFULNESS EM INTERVENÇÕES CLÍNICAS
Ana Mara Farias de Melo
Gabriela Maria de Sousa Vieira

As práticas de Mindfulness têm sido cada vez mais integradas na prática clínica
contemporânea, especialmente, no campo da psicoterapia. No Brasil, vem ganhando
espaço na literatura e nos congressos sobre clínica cognitiva comportamental e analítico
comportamental, nesta última, muito através das chamadas “terapias de terceira onda”,
as quais incorporam práticas de mindfulness em suas intervenções. O objetivo deste
minicurso foi conhecer teoricamente aspectos fundamentais do mindfulness, incluindo
práticas, e discutir seu uso em intervenções da clínica analítica comportamental. O
mindfulness pode ser entendido como um estado de “prestar atenção de uma forma
particular, com propósito, no momento presente e sem julgamento” (KABAT-ZINN,
1994/2005), vem de uma antiga prática budista e sua relevância tem a ver com o
despertar e viver em harmonia consigo mesmo e com o mundo. O estado de atenção
plena proposto pelas práticas de mindfulness é uma alternativa a um estado bastante
habitual nos dias de hoje, baseado no “piloto automático” e na reatividade excessiva em
situações do cotidiano. Para se experimentar e vivenciar o momento presente pode ser
utilizado nas práticas ou exercícios por meio de algumas “âncoras”, como a respiração,
sensações corporais e observação consciente. Com os exercícios é possível observar
mecanismos de ação, como a autorregulação da atenção, consciência corporal,
regulação emocional e perspectiva do eu. Estes exercícios, quando utilizados na prática
da clínica analítico comportamental, podem permitir ao cliente prestar atenção,
intencionalmente, às experiências do momento presente, sem se deixar ir por
pensamentos ou sensações que já aconteceram ou ainda poderão acontecer, mas que
envolve sofrimento por pensar antecipadamente. Espera-se que o cliente aprenda a
voltar ao observar seu comportamento no momento presente. Envolve também ter uma
postura de curiosidade acerca das diferentes reações corporais, sem atribuir valores a
elas e uma abertura a todo tipo de reação, aversiva ou não, permitindo promover a
aceitação e tolerância a eventos emocionais aversivos, à medida que o cliente se expõe
às contigências e ao subsequente processo de extinção da experiência aversiva. O
mindfulness pode ajudar ao terapeuta e ao cliente está mais sensível ao mundo sob a
pele, desenvolver a aceitação e a paciência aos eventos aversivos incontroláveis e
aprimorar uma postura não julgadora, fornecendo habilidades para cada um escolher
como reage aos eventos.

Palavras – chave: Mindfulness. Intervenções clínica. Análise do Comportamento.

REFERÊNCIAS

KABAT-ZINN, J. Wherever you go there you are: Mindfulness Meditation in


everyday life. New York: Hyperion, 1994.

KABAT-ZINN, J. Coming to our senses. Healing ourselves and the world through
mindfulness. New York, Hyperion, 601 p. 2005.

29
NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA

Marcelo Franco e Souza

A Neuropsicologia é uma das neurociências e uma das áreas de especialidade da


Psicologia. Identifica-se como ciência que estuda a relação entre cérebro,
comportamento, cognição e emoções. Seu campo clínico de atuação é abrangente e de
importante auxílio tanto em diagnósticos diferenciais como para orientação e tratamento
em processo de reabilitação, na área acadêmica e de pesquisas. Procura estabelecer as
relações existentes entre o funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC), por um
lado, e as funções cognitivas e o comportamento por outro, tanto nas condições normais
quanto nas patológicas. De caráter multidisciplinar, sustenta-se em embasamentos das
neurociências e da psicologia, e visa ao tratamento dos distúrbios cognitivos e
comportamentais decorrentes de alterações no funcionamento do SNC. Conhecer o
funcionamento cerebral em seu estado normal e em estado patológico favorece uma
melhor compreensão das mudanças e alterações cognitivas e comportamentais advindas
de lesões cerebrais. A reabilitação das funções sensitivas e cognitivas envolve
tipicamente métodos para treinar novamente as vias neurais ou treinar novas vias
neurais para recuperar ou melhorar o funcionamento neurocognitivo que foi diminuído
por doença ou trauma. Esse curso apresenta de forma introdutória e atualizada os
principais conceitos da prática neuropsicológica, incluindo o Neurofeedback. O
Neurofeedback é o treinamento por sinalização sonora e visual da atividade de
neurônios de áreas e estruturas do cérebro que tenham comprometimentos funcionais. É
uma terapia neurológica não medicamentosa e não invasiva que leva a atividade
comprometida à sua normalização. Destinado a estudantes de graduação e/ou
profissionais formados que desejam conhecer o campo de atuação do neuropsicólogo,
assim como as principais teorias e técnicas neuropsicológicas, de forma a promover
uma melhor compreensão das alterações cognitivas e comportamentais decorrentes de
lesão cerebral ou disfunção neurológica e psiquiátrica.

Palavras – chave: Neuropsicologia. Avaliação Neuropsicológica. Neurofeedback.

REFERÊNCIAS

FUENTES, D, MALLOY-DINIZ, L., CAMARGO, C. H. P., COZENZA, R.,


Neuropsicologia: teoria e prática. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

LEZAK, M. D.; HOWIESON, D. B.; BIGLER, E. D.; TRANEL, D.


Neuropsychological assessment. 5 ed. New York: Oxford University Press, 2012.

MASCARO, Leonardo. Para que medicação? O tratamento neurológico por


neurofeedback. São Paulo: Elsevier, 2011.

30
O CORPO NA PSICOMOTRICIDADE
Julyana Lima Vasconcelos Andrade

Ao longo da história o corpo foi construído sob olhares diferentes, mas havia uma
marcação do corpo em detrimento da alma, um paradigma científico que foi assinalado
principalmente pela lógica cartesiana que colocava o corpo versus a alma, onde a alma
ocupava posição de destaque nos estudos sobre o homem. Com o positivismo e o
surgimento das ciências médicas esse corpo passa a ganhar lugar de destaque e passa a
ser milimetricamente estudado e esquadrinhado, com o objetivo de compreender essa
estrutura e prever seus efeitos. Para a Psicomotricidade, o corpo surge como o próprio
homem, um homem que se constrói através da sua afetividade, suas emoções, suas
relações de amor e ódio, sua sexualidade, seus prazeres, dentre outros. Um homem que
se apropria do próprio corpo nas suas experiências de vida. Um homem que é o próprio
corpo e por isso se constrói enquanto sujeito através dele. Na Psicomotricidade, os
gestos, o tônus, a postura, o eixo corporal dizem sobre o sujeito, de forma que, o homem
fala através de seu corpo. Nesse contexto, essa ciência se inscreve em três eixos de
atuação: Educação Psicomotora na primeira infância; Avaliação Psicomotora;
Reeducação ou Terapia Psicomotora. Para intervir nesses eixos é preciso
compreendermos os subfatores do corpo, que compreendem desde a base de qualquer
movimento até os gestos mais precisos. Os subfatores são: Tonicidade, que compreende
a base do movimento e compreende o tônus muscular; Equilibração, que diz sobre o
controle postural e desenvolvimento da aquisição da locomoção; Lateralização, que é o
resultado da integração bilateral do corpo; Noção do Corpo, que compreende a
aquisição de informações táteis e quinestésicas, desenvolvendo padrões de movimento
específico da cada experiência corporal; Estruturação espaço-temporal, que surge
através da aquisição da lateralização como uma superestrutura que resulta da integração
de duas estruturas distintas e com desenvolvimento próprio. Essa superestrutura se
desenvolve através de diferentes modalidades sensoriais, visuais e auditivas. E no topo
dos subfatores, como movimentos mais complexos, temos as praxiais globais e finas,
onde a praxia global compreende tarefas motoras globais, complexas, que exigem a
atividade conjunta de vários grupos musculares. Já a praxia fina compreende a
micromotricidade, ou seja, a perícia manual. Diz sobre as atividades preensivas e
manipulativas mais finas e mais complexas. Esse subfator é o ultimo a ser desenvolvido,
e necessita do domínio de todos os outros subafatores para o desenvolvimento destes
movimentos. Estes subfatores devem orientar o olhar do psicomotricista que se insere
nessa proposta de tomar o corpo como campo central de observação e intervenção.
Compreendendo os aspectos subjetivos e experienciais de cada sujeito que se comunica
através do corpo, pois, para essa ciência não interessa a verificação da execução de
movimentos descontextualizados e sim de uma troca entre o sujeito e seu
psicomotricista com o olhar no corpo e para o corpo.

Palavras-chaves: Corpo. Psicomotricidade. Produção de subjetividade.

31
REFERÊNCIAS

FONSECA, V. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurologica


dos fatores psicomotores. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.

LAPIERRE, A. Da psicomotricidade relacional à analise corporal da relação. 1ª Ed.


Curitiba: UFRP, 2010.

MATTOS, V. Avaliação Psicomotora: Um olhar para além do desempenho. 4 ed.


Rio de Janeiro: wak editora, 2016.

32
“O(S)ENVELHE (SER)ES: A IMPORTÂNCIA DE
COMPREENDER A SINGULARIDADE DO/NO PLURAL”.
Maria de Jesus Bastos Gomes Andrade

O minicurso teve por objetivo principal trazer uma nova forma de olhar, repensar e
construir acerca do ser que envelhece e de como ele vivencia esse envelhecimento. Foi
pensado como um espaço efetivo de partilha para estudantes e/ou profissionais
psicólogos e de áreas afins interessados em compreender e obter recursos teóricos,
metodológicos e criativos na atuação com idosos. De forma reflexiva e instigadora
foram lançados os seguintes questionamentos: O que você pensa sobre o
envelhecimento? Quais as questões que atravessam o envelhe(Ser)?, Quais as possíveis
atuações com idosos? Quais os principais desafios enfrentados pelos profissionais que
estão nesse campo?. O diálogo foi embasado pelas ideias dos seguintes autores: Simone
de Beauvoir, Guita Debert, Maria Célia de Abreu, bem como autores referências da
Gestalt-Terapia como Jorge Ponciano, Terese Tellegen e outros. Trabalhar com idosos é
de fato se lançar nas questões humanas como: finitude, dependência, fragilidade,
mudanças e história de vida. Portanto, o trabalho com o idoso necessita de adaptação,
planejamento, criatividade, cuidado (autocuidado), ética, estudo aprofundado e
especializado, compreensão de que as demandas têm suas peculiaridades e cada atuação
(seja no domicílio, no consultório, em grupo ou individual) requer uma abordagem
diferenciada, focada na integralidade do sujeito e na sua singularidade.
Palavras chaves: Envelhecimento. Idoso. Singularidade.
REFERÊNCIAS

ABREU, M.C. Velhice: uma nova paisagem. São Paulo: Ágora, 2017.

BEAUVOIR, S. A velhice e as relações com o mundo. São Paulo: Difusão Européia


do livro, 1970.

DEBERT, G. A Reinvenção da velhice: socialização e processos de reprivatização


do envelhecimento. 1ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: FAPESP,
2012.

FRAZÃO, L e FUKUMITSU, K. Coleção Gestalt-Terapia: Fundamentos e práticas


Vol.02. São Paulo: Summus,2014.

RIBEIRO, J.P. Gestalt-Terapia o processo grupal: uma abordagem


fenomenológica, da teoria do campo e holística. São Paulo: Summus, 1994.

TELLEGEN, T. Gestalt e grupos: uma perspectiva sistêmica. São Paulo: Summus,


1994.

33
O PAPEL DO PSICÓLOGO JURÍDICO NA ATUAÇÃO EM
DIVÓRCIO DE CASAIS COM FILHOS.

Amanda de Oliveira Falcão Medeiros

O casamento é uma entidade familiar estabelecida entre pessoas humanas, merecedora


de especial proteção estatal, constituída, formal e solene, formando uma comunhão de
afetos (comunhão de vida) e produzindo diferentes efeitos nos âmbitos pessoal, social e
patrimonial (FARIAS & ROSENVALD, 2017). Diante das transformações sociais
vivenciadas contemporaneidade é possível notar que a instituição casamento sofreu
alguns abalos. Desde 1977, com a lei do divórcio, o matrimônio não é mais
indissolúvel. A partir disso, é possível acompanhar um aumento progressivo nos índices
de divórcio, em 2017 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística registou a taxa de
298.676 separações consumadas no Brasil. A maior proporção das dissoluções ocorre
em famílias constituídas somente com filhos menores de idade (47,5%) e em mais de
95% dos casos esses processos vão para a justiça, pois não há consenso entre o casal. O
litígio entre as partes pode promover algumas demandas, as quais o psicólogo jurídico
pode atuar tais como: regulamentação de convivência, disputa de guarda, alienação
parental e abandono afetivo. Nesse contexto é importante que o psicólogo tenha uma
visão multifatorial que contemple a constituição singular do sujeito, a história o
contexto e as intenções que estão por trás das demandas jurídicas. Além disso, é
importante ficar advertido de que apesar de estar inserido no contexto jurídico, o
psicólogo não deve desempenhar o papel de investigador ou inquiridor judiciário,
colaborando apenas com a produção de provas. É manter a postura crítica, tendo como
amparo o Código de Ética Profissional. A ideia central é que o psicólogo jurídico
contribua com a promoção do fortalecimento e estímulo da preservação do lugar de pai
e mãe na vida da criança. É possível que as separações sejam bem sucedidas, a partir da
ressignificação do conflito. O casamento pode ser rompido, não necessariamente o
vínculo tem que ser.

Palavras – chave: Divórcio, Psicologia, Psicologia Jurídica.

REFERÊNCIAS

FARIAS, Cristiano Chaves de. ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil:


Volume 6 – Famílias. 6. ed. rev. amp. e atual., Juspodvm: Salvador. 2014.

BRASIL.. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Estatística do Registro Civil,


2017

34
PSICANÁLISE E PSICOLOGIA ANALÍTICA: INTERLOCUÇÕES
CONCEITUAIS
Francisco Eliandro S. do Nascimento
Henrique Riedel Nunes

Abordamos os principais conceitos freudianos, para que então possamos estabelecer


interlocuções com a Psicologia Analítica – de Jung – bem como discriminarmos como
se deu a relação entre os dois saberes. Desse modo, partimos de 1900, com a
“Interpretação dos Sonhos”, em que Freud expõe a concepção de inconsciente – que
funciona segundo o processo primário. Em seguida, falamos sobre a concepção
freudiana de sexualidade, a partir do texto “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”
(1905). O autor relaciona aqui a sexualidade a qualquer forma de obtenção de prazer, o
que está presente desde as primeiras experiências do infans. Fala de um
desenvolvimento psicossexual, de modo que, o funcionamento do aparelho psíquico se
pauta no denominado princípio do prazer. A partir de então, fica clara a noção de uma
energia psíquica sexual para Freud – a libido. Em seguida, a partir do texto “À guisa de
uma introdução ao narcisismo” (FREUD, 1914/2004) expomos que narcisismo se
constitui como o processo no qual se forma o eu. Há aí a ampliação em relação à
primeira concepção tópica. O eu seria mais um objeto ao qual a libido se dirige – algo
consolidado em “O eu e o isso”. Por fim, falamos de suas concepções acerca da religião
de acordo com textos tais como “Psicologia das Massas e Análise do Eu” (1920), “O
Futuro de uma Ilusão” (1927) e o “Mal-Estar na Cultura” (1930). Nesses escritos, Freud
expõe a noção de que a religião é a reatualização da lógica edipiana. Desse modo
trazemos Pommier com a formulação “o coletivo é uma formação do inconsciente”
(1989, p. 20). De acordo com Jung, a psique humana consiste nos processos psíquicos
conscientes ou inconscientes, respectivamente racionais e irracionais. A partir desta
concepção de consciente e inconsciente, tendo como ponto de partida e principal
influência a psicanálise desenvolvida por Freud e o conceito de inconsciente pessoal,
Jung irá desenvolver sua própria teoria que será denominada posteriormente de
psicologia analítica. A psicologia analítica parte do pressuposto de que a psique humana
está dividida em três partes que formam o todo mental - consciência “ego”, inconsciente
pessoal e inconsciente coletivo. A inovação que Jung desenvolve é a criação do conceito
de inconsciente coletivo. Jung sustenta a teoria de que o aparelho psíquico é formado
por uma parte impessoal que não depende da experiência individual para existir e é
adquirida de forma inata ou genética. A consciência seria o que permite ao ser humano
ter a ciência do que está à sua volta e de si mesmo. Permite ao ser humano orientar-se e
se adaptar às situações de vida. Toda experiência humana é vivida psiquicamente e o
agente da consciência é o ego, que é o seu centro. O inconsciente pessoal para Jung
seria o espaço de concentração dos conteúdos reprimidos. O inconsciente pessoal é
puramente individual e está relacionado com as experiências vividas pelo sujeito. O
inconsciente coletivo independe das experiências pessoais, estando relacionado com
uma estrutura a priori, a qual traz saberes acerca com o desenvolvimento da espécie
humana, esses saberes presentes no inconsciente coletivos são denominados de
arquétipos.

Palavras – chave: Psicanálise. Psicologia Analítica. Arquétipo

35
REFERÊNCIAS
FREUD, S. A interpretação dos sonhos (1900). In: Obras Psicológicas completas de
Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 2006. v. V e VI.

_____. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). In: Obras Psicológicas
completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 2006.
v. VII.

_____. À Guisa de uma Introdução ao Narcisismo (1914). In: Escritos sobre a


psicologia do inconsciente. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2004. v. I.
_____. Psicologia de Grupo e Análise do Ego (1920). In: Obras Psicológicas
completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 2006.
v. XVIII.

_____. O Futuro de uma ilusão (1927). In: Obras Psicológicas completas de Sigmund
Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 2006. v. XXI.
_____. Mal estar na civilização (1930). In: Obras Psicológicas completas de Sigmund
Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 2006. v. XXI.

JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 11ª ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

_____. Sincronicidade. 21ª ed. Trad. Mateus Ramalho Rocha. Petrópolis: Vozes, 2014.

PSICOLOGIA HOSPITALAR: DA CRIAÇÃO DA OFERTA AO


SURGIMENTO DA DEMANDA

36
Isabela Cedro Farias

O minicurso objetivou trazer uma breve discussão sobre o histórico da Psicologia


Hospitalar no Brasil para poder avançar na reflexão sobre o que de fato se configura
como atuação do psicólogo em contexto hospitalar. Dentro dessa proposta, a discussão
inicial foi sobre o hospital: em que momento histórico e diante de qual contexto tal
dispositivo se tornou o lugar de cura tendo o médico como seu principal representante?
Quando a Psicologia entrou no hospital? Também foi importante trazer as diferenças
existentes entre Psicologia da Saúde e Psicologia Hospitalar, uma vez que a primeira
representa muito mais o macro campo de atuação que chega a envolver, inclusive, a
segunda. Também foi importante destacar que Psicologia Hospitalar é uma categoria
que só existe no Brasil, havendo necessidade de problematizar as possíveis razões disso.
Discussão não menos importante se deu a respeito de algumas características inerentes
ao próprio contexto hospitalar como o olhar biomédico, o (difícil) trabalho em equipe, a
dor e a morte. Enquanto as temáticas iam sendo apresentadas, houve em alguns
momentos apresentação de estudos de casos a partir de relatos de situações práticas da
atuação da psicologia hospitalar. Por fim se pode avançar no entendimento de que no
hospital o percurso é contrário ao molde tradicional da atuação do psicólogo em
contexto clínico. No consultório é o paciente, juntamente com sua demanda, que busca
o psicólogo. No hospital, levando em conta a própria organização e dinâmica das
diversas enfermarias e setores, é o profissional, a partir de uma conduta ética e
consistente, que oferece seu trabalho. É ele que, na grande maioria das vezes, visita os
setores, os pacientes em seus leitos. Cria a oferta para que daí possa surgir a demanda, a
procura. Essa inversão não ocorre sem consequências, mas nem por isso inviabiliza a
atuação do profissional.
Palavras – chave: Psicologia Hospitalar. Psicologia da Saúde. Atuação profissional.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, A. O homem. Disponível em:
http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/Aluizio
Azevedo/OHomem.htm. Acesso em 23 abr. de 2019.
CHIATTONE, Heloisa Benevides de Carvalho. A Significação da Psicologia no
Contexto Hospitalar. In: Heloisa Chiatone. Psicologia da Saúde – um novo significado
para a prática clínica. 2ª Edição revista e ampliada. Cengage Learning Edições, p. 145 –
233, 2011.
MARTINS, M. H.; VIEIRA, N. M. Vivências do estágio básico em psicologia
hospitalar: novas fronteiras. ANAIS DE TRABALHOS COMPLETOS - XV
ENCONTRO NACIONAL DA ABRAPSO, 2009.
RODRIGUES, A. C. et al. Comunicando notícias difíceis: um estudo de caso. Anais
Eletrônico. VIII EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar, 2013.
SIMONETTI, A. Manual de Psicologia Hospitalar. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2004.

TRANSTORNOS ALIMENTARES SOB O OLHAR DA


PSICOLOGIA ANALÍTICA

37
Ninnyve Sotero de Oliveira Leitão

Os transtornos alimentares revelam-se no contexto social, como uma expressão


patológica diante do culto ao corpo e a busca de um padrão corporal muitas vezes
inatingível. Essa busca exacerbada ao dito “corpo perfeito” impulsiona o surgimento de
conflitos psíquicos, que podem repercutir em efeitos sobre o corpo, e vice-versa. O ato
de comer implica num valor simbólico, cercado de emoção, lembranças e sentido, e
assim, a comida pode assumir diferentes significados. Com base nessa realidade, o
estudo busca compreender de forma simbólica, o comportamento alimentar expresso em
pacientes que sofrem com transtornos alimentares à luz da Psicologia Analítica. A
estrutura simbólica do indivíduo irá definir a qualidade da relação corpo e mente. A
construção das redes simbólicas iniciam-se na infância e perduram na vida adulta,
influenciando a maneira perceptiva de cada indivíduo. Um comprometimento na
habilidade de elaboração simbólica contribui para a disseminação de diversos
transtornos, dentre estes, os transtornos alimentares. Atualmente, a temática envolvendo
questões relacionadas à alimentação vem gerando diversas discussões, abrangendo
demandas biológicas, culturais e simbólicas. Pois, alimentar-se é um ato essencial para
manutenção da vida, porém, comida é o alimento simbolizado, e comer está para além
de apenas nutrir-se. Nessa perspectiva, o que se come é tão relevante quanto ao quando
se come, onde se come e com quem se come. O ato de comer implica num valor
simbólico, cercado de emoção, lembranças e sentido, e assim, a comida pode assumir
diferentes significados (ALVARENGA; PHILIPPI, 2004). O culto exacerbado à forma
física e à associação da magreza com saúde na contemporaneidade, vêm requerendo
padrões difíceis de serem alcançados, interferindo na maneira como o indivíduo passou
a relacionar-se com o alimento. A busca pelo padrão de beleza imposto socialmente na
atualidade, tem influenciado muitas pessoas, principalmente o público feminino a
cometerem enormes sacrifícios, que por vezes, acarretam em prejuízos significativos à
saúde (CORDÁS; CLAUDINO, 2002). Levando em consideração uma série de fatores,
os transtornos alimentares vêm evidenciando-se no mundo contemporâneo, dessa forma,
observasse o elevado interesse por essas doenças nos últimos anos, talvez motivado pela
percepção que estes são distúrbios emergentes e em expansão, e dessa forma,
aumentasse o grau de preocupação de diversos profissionais devido sua morbidade e
mortalidade (GÓMEZ-CANDELA et al. 2018). Os transtornos alimentares são quadros
psiquiátricos caracterizados por profundas alterações no comportamento alimentar e
disfunções no controle de peso e forma corporal, que levam a sérios prejuízos clínicos,
psicológicos e de convívio social (OMS, 1993; APA, 2014). Tendo em vista o ritmo
acelerado da vida, a exigência de produtividade do mercado de trabalho, junto ao culto
contemporâneo à felicidade, beleza e juventude eterna, as pesquisas atuais em medicina
e psiquiatria buscam cada vez mais a cura pela supressão dos sintomas numa concepção
biomédica, deixando ausente a integralidade humana e a consideração que o homem é
um ser eminentemente subjetivo, e constituído por complexas redes simbólicas,
atravessado por relações construídas cultural e socialmente.

Palavras – chave: Psicologia Analítica. Comportamento alimentar. Transtornos


Alimentares.

REFERÊNCIAS

ALVARENGA, M.S.; PHILIPPI, S. Transtornos alimentares. Uma visão


nutricional. Barueri, SP: 2004.

38
AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of
Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association,
2014.

CORDÁS, T. A.; CLAUDINO, A. M. Transtornos alimentares: fundamentos


históricos. Revista Brasileira de Psiquiatria, n. 24, supl. III, p. 3-6, 2002.

GÓMEZ-CANDELA, C.; PALMA, S. M.; MIJÁN-DE-LA, A.T. et al. Consenso sobre


la evaluación y el tratamiento nutricional de los trastornos de la conducta
alimentaria: anorexia nerviosa, bulimia nerviosa, trastorno por atracón y otros.
resumen ejecutivo. Nutr hosp., v. 35, n.2, p. 489-494, 2018

39
PÔSTERES

A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO ESPAÇO DA ASSISTÊNCIA


SOCIAL: UMA VIVÊNCIA DE ESTÁGIO BÁSICO NO CREAS

40
Eixo Temático: Atuação e reflexão em Psicologia
Caren Daniele Meneses de Maria
Ana Mara Farias de Melo
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) é um serviço
público de abrangência municipal ou regional que tem como principal objetivo
disponibilizar acolhimento social especial, construindo-se como um lócus de referência,
para pessoas e famílias em situação de risco. Para compreender o sujeito que vai ao
CREAS, o profissional de Psicologia necessita de elementos para observar as
dificuldades vigentes no contexto de vulnerabilidade social associado a violações de
direitos, como também a maneira deste vivenciar seu contexto. Nesse sentido, o
objetivo deste trabalho é expor a visita realizada por uma aluna de Psicologia ao
CREAS, apresentando a importância do psicólogo na área de Políticas Públicas e seus
desafios. Trata-se um relato de experiência a partir da disciplina de Estágio Básico II em
Políticas Públicas, do curso de Psicologia do Centro Universitário UNINTA ao CREAS,
durante o período de setembro de 2018. A equipe do CREAS trabalha visando
proporcionar meios de melhor qualidade de vida das pessoas, contribuindo para a
eliminação de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão. Para isso oferece três serviços o Serviço de Proteção e
Atendimento Integral às Famílias e Indivíduos (PAEFI), Serviço de Medidas
Socioeducativas em Meio Aberto e Serviço de Abordagem Social. O Psicólogo neste
espaço trabalha em equipe e volta sua atividade para resgatar a autonomia, a autoestima
do sujeito vitimizado pela violência podendo utilizar-se para tanto de escuta qualificada
e de ferramentas para enfrentar os problemas sociais e pessoais que atravessam a
realidade da pessoa que busca o serviço. Na visita, pude observar que os índices de
maiores denúncias estão a violência contra o idoso, violência sexual e violência
doméstica. O CREAS não tem território fixo, assim dificultando os acompanhamentos
de todas essas demandas, pois a equipe é pequena para acompanhar todos os casos.
Pude observar que, quando chega um caso, não é só apenas o sujeito que precisa de
acompanhamento, mas todo o contexto familiar, assim, torna-se difícil trabalhar com a
aproximação da família. O sofrimento humano é ético e político e não tem origem
somente no indivíduo, mas também nas relações construídas socialmente. Assim, o
psicólogo com toda a equipe trabalha para presta maior acompanhamento das famílias,
mas que ainda representa um desafio. Essa experiência de estágio proporcionou novos
conhecimentos e aprendizagens permitindo entrar em contato direto com a realidade do
profissional inserido nas Políticas públicas e foi essencial para perceber a importância
do psicólogo no espaço do CREAS, tendo em vista, que este profissional apresenta um
olhar diferenciado, buscando atuar em equipe e proporcionar o fortalecimento das
potencialidades e autonomia do sujeito em seu contexto social.
Palavras – chave: Relato de Experiência. Políticas Públicas. CREAS.

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E SUAS IMPLICAÇÕES NO


AMBIENTE ESCOLAR

41
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Francisca Hyana Braga Vasconcelos;
Bárbara Vitória Aguiar Lima;
Sabrina Madeira Ponte;
Ana Karine Sousa Cavalcante
Atualmente o profissional de psicologia é muito solicitado no espaço escolar, porém
este especialista muitas vezes é visto apenas como um mediador de problemas
relacionados a alunos ditos “complicados” dentro da sala de aula. Todavia o papel do
psicólogo escolar vai além desta tarefa que é apontada pelo senso comum, este
profissional tem o papel de aplicar conhecimentos psicológicos na escola no que se diz
respeito ao processo de ensino-aprendizagem, além de realizar intervenções e análises
psicopedagógicas no que tange o desenvolvimento humano que estejam interligadas nas
relações sociais do aluno, família- comunidade-escola. Compreender a relação do
psicólogo escolar no processo de ensino-aprendizagem, assim como reconhecer a
importância da avaliação psicológica no ambiente escolar para uma melhor relação no
processo de ensino-aprendizagem; apontar que a avaliação psicológica não tem como
função patologizar, enquadrar ou estigmatizar o aluno. Foi realizada uma revisão de
literatura para obtenção de dados significativos da temática proposta. Para tanto, foi
utilizada a base de dados do Pepsic com os seguintes descritores: “avaliação
psicológica” e “educação”. A partir da leitura de artigos pode-se observar que ao trazer
a avaliação psicológica para o âmbito educacional abre espaço para o surgimento de
mitos sobre este processo técnico e científico que é desenvolvida pelo psicólogo.
Percebe-se, portanto, que a avaliação psicológica ainda é vista por muitos profissionais
da área educacional como um processo que vem adentrando o espaço escolar com o
objetivo apenas de enquadrar o aluno “problemático” dentro de alguma categoria e
assim “solucionar” a demanda que o mesmo apresenta. Para tanto podemos deduzir que
a metodologia da avaliação psicológica não tem como objetivo medir o grau de
mudanças do desenvolvimento do comportamento deste aluno, mas sim de avaliar de
forma mais abrangente todo o processo que o aluno vem a apresentar na esfera
educacional, com base nas relações que este está inserido. Considerando a relevância
deste trabalho de desmistificar o senso comum sobre o papel do psicólogo escolar,
podemos inferir que a avaliação psicológica busca contribuir de forma positiva para
uma ponderação menos estigmatizante e preconceituosa, devendo portanto criar
condições psicológicas favoráveis para o crescimento pessoal e escolar do referido
aluno.
Palavras – chave: Avaliação Psicológica. Psicologia. Ambiente escolar.

A PRÁTICA DA PSICOLOGIA HOSPITALAR NA ATUALIDADE

42
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia
Luiz Antonio Bispo Gomes
Michael da Silva Serafim
Girlene Oliveira Nunes
Nathássia Matias de Medeiros
O psicólogo hospitalar passou a ter sua atuação consolidada com o advento das equipes
multidisciplinares nos grandes hospitais, modelo esse que surgiu com o intuito de
quebrar o paradigma do modelo convencional de internação, visando proporcionar
conforto e humanização aos pacientes que já se encontram expostos a situação de dor,
sofrimento, trauma, esgotamento físico e mental, melhorando o atendimento e as
condições do ambiente de trabalho. A partir do questionamento acerca das
particularidades da psicologia hospitalar na atualidade, este trabalho visa compreender a
atuação do psicólogo na área hospitalar a partir de uma entrevista com uma profissional
da área. Esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, na qual utilizamos
o método da entrevista semiestruturada, que é uma entrevista em que possui um roteiro
pré-determinado, mas guarda a possibilidade de ficar aberta a alterações enquanto é
realizada. De acordo com a psicóloga hospitalar entrevistada, o psicólogo hospitalar
direciona a sua atuação a três vertentes, que são constituídas pelos pacientes, familiares
e equipe. Em relação a equipe, a entrevistada relata trabalhar orientando sobre a relação
dos profissionais com o paciente e como eles devem agir de acordo com a situação
apresentada. É necessário um trabalho de reflexão que envolva toda a equipe de saúde
para fazer com que o hospital perca seu caráter meramente curativo, para transformar-se
numa instituição que trabalhe não apenas com a reabilitação orgânica, mas também com
o restabelecimento da dignidade humana. Na interação da família com o paciente, o
profissional da psicologia hospitalar vai trabalhar a compreensão da doença e a
aceitação dos familiares perante o diagnóstico. A entrevistada relatou que o hospital
pode representar uma ameaça constante e causar situações ansiogênicas e de muito
estresse para a relação da família com o paciente, portanto, o psicólogo hospitalar
possui um papel fundamental para contornar esse tipo de situação. É necessário afirmar
que a área da psicologia hospitalar vem ganhando um grande destaque, pois o psicólogo
hospitalar acompanha o paciente durante todo o processo de adoecimento, possiblidade
de adoecimento e morte. A psicóloga comentou boa relação com a instituição em que
trabalha, mas, em alguns casos, os outros profissionais que compõem a equipe
multiprofissional não sabem descrever a real função do psicólogo hospitalar. Ela relata
que é preciso apresentar os seus limites e sua prática para que a equipe entenda o seu
propósito. Diante dessa pesquisa, pudemos averiguar a importância do profissional da
psicologia hospitalar, haja vista que suas atuações são amplas e variadas dentro do
ambiente hospitalar e todas são de suma importância. Pudemos concluir que o psicólogo
hospitalar atua na relação do paciente e da família com o processo de adoecimento, com
o fato de estar hospitalizado, diagnósticos ou até mesmo com a possibilidade de
falecimento.
Palavras – chave: Psicologia Hospitalar. Entrevista. Psicologia.

43
A PRÁTICA DOS(AS) PSICÓLOGOS(AS) EM CENTROS DE
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS): UMA ANÁLISE DO CAPS DE
SANTA QUITÉRIA-CE

Eixo: Atuação e reflexão em Psicologia


José Hélio Xerez Magalhães;
Germana Albuquerque Torres Cavalcante
A inserção dos psicólogos na saúde coletiva brasileira vem acontecendo ao longo das
ultimas três décadas, a partir das lutas iniciadas pelos profissionais do Movimento dos
Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM). No período em que o modelo
hospitalocêntrico era predominante, a participação dos psicólogos nessas instituições era
incipiente, sendo esses profissionais alocados principalmente em consultórios
particulares. Nesse contexto o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) surge como um
dispositivo de atenção à saúde mental que presta atendimento clínico em regime de
atenção diária, evitando assim as internações em hospitais psiquiátricos. É composto por
equipes multiprofissionais que atuam através de intervenções clínicas, de escuta ao
sujeito e do uso de atividades como meio de reabilitação psicossocial. É importante
destacar que, de acordo com o ministério, o trabalho em grupo é o principal eixo do
tratamento utilizado na proposta do CAPS. As atividades grupais podem distinguir-se
de acordo com seus objetivos e formação de cada técnico, sendo assim, são
caracterizadas por grupos operativos, atendimento clínico em grupo e oficinas
terapêuticas. Todavia, em alguns casos, a realidade encontrada para o psicólogo é de
uma atuação que prioriza o trabalho clínico, devido a grande demanda para esse tipo de
atendimento, o que prejudica que sua prática esteja pautada no que preconiza o
ministério. Levando em consideração tudo que foi dito, o objetivo deste trabalho foi
analisar dados documentais da prática da psicóloga que atua no CAPS, da cidade de
Santa Quitéria, de forma que fosse visto se contempla os modelos de atendimentos
preconizados pelo Ministério da Saúde para o CAPS. Para atingir o intento, com
anuência da secretaria de saúde do município, tanto para revisar documentos quanto
para divulgar os dados, foram analisados os documentos relativos aos atendimentos do
ano de 2018, efetuados pela psicóloga do local, para que fosse possível visualizar
quantos e quais tipos de atendimentos ocorreram. Os dados encontrados mostram que a
psicóloga realizou no ano de 2018, 1.045 atendimentos individuais. Segundo
informações do coordenador do local, devido à alta demanda de atendimentos
individuais, e contarem com apenas uma psicóloga para atender a todo o setor, fica
inviável a realização dos grupos. Sendo assim o setor acaba não conseguindo atender as
diretrizes propostas pelo Ministério. Conclui-se desta feita, que apesar de ser orientação
do ministério a realização de trabalhos em grupos, o atendimento clínico individual foi
o eixo principal do tratamento proposto pelo CAPS da referida cidade. Analisar a
agenda da psicóloga, tentando adequá-la de forma a contemplar o trabalho em grupo,
mesmo que em menor escala, poderia ser uma boa iniciativa para melhorar o serviço
ofertado, atendendo ao que se preconiza pelo ministério e oportunizando aos usuários
um tratamento mais completo.
Palavras – chave: Saúde pública. Psicologia. Saúde mental.

44
A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COMO ESTRATÉGIA
PARA UM DIFERENCIAL COMPETITIVO
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia
Karla Waldienia Aves Pinto
Rosymile Andrade de Moura
Ana Karine Sousa Cavalcante
A psicologia organizacional é responsável por entender o comportamento humano no
contexto empresarial e, a partir disso, desenvolver estratégias com o objetivo de
melhorar os resultados da organização sem esquecer-se de cuidar da saúde mental dos
funcionários. Promover condições dignas de trabalho, pensando na qualidade de vida
dos colaboradores, é fundamental para manter a motivação dos mesmos e com isso, a
empresa possa atingir os resultados desejados. Analisando o indivíduo como um ser que
está constantemente passando por mudanças, pensar em estratégias para melhorar a
qualidade de vida é fundamental para manter um ambiente laboral saudável. O objetivo
desta pesquisa foi estudar as iniciativas adotadas por uma empresa de serviços de
cobrança (telemarketing) para melhorar a qualidade de vida dos seus colaboradores e
melhorar a percepção dos mesmos a esse respeito. Foi realizada uma pesquisa
exploratória e descritiva, caracterizada como estudo de caso. Participaram deste estudo
duas gerentes de diferentes setores de uma empresa de serviços de cobrança
(telemarketing). Para a coleta de dados, utilizou-se uma entrevista semiestruturada,
juntamente a todos os participantes. Quando as gerentes foram questionadas sobre o
fator que motivou a empresa a pensar na qualidade de vida dos funcionários, a gerente
de Gestão de Pessoas respondeu que o pontapé inicial foi avaliar as suas práticas e
assim, saber como estavam se posicionando no mercado em relação às outras empresas
do mesmo porte. As gerentes afirmaram que, quando o foco da empresa passou a ser
cuidar da saúde mental dos colaboradores, essa atitude refletiu diretamente na melhora
dos resultados da organização. A organização estudada desenvolveu programas
direcionados ao bem-estar dos colaboradores; entre eles estão: Projeto Cegonha (uma
rede de apoio às colaboradoras que engravidavam); Minha Vida Vale (espécie de seguro
de vida criado com o intuito de tranquilizar o colaborador e seus familiares, caso
acontecesse alguma fatalidade com o mesmo); Conte Conosco (adiantamento de salário,
integral ou parcial, em caso de situação emergencial); Feijoada Com os Melhores
(Evento trimestral onde participam todos da diretoria e colaboradores podem levar os
seus familiares). Um ano após a implantação desses programas, as gerentes comemoram
o sucesso dos resultados com uma melhora na arrecadação em 55% e as mesmas dizem
que a meta é dobrar esse resultado nos anos seguintes. A pesquisa revelou que muito do
que foi investido em Qualidade de Vida no Trabalho, estava voltado ao reconhecimento
e cuidados que envolvem aspectos intangíveis. Percebeu-se que os funcionários
necessitavam ser ouvidos e reconhecidos com bônus que não envolvam apenas dinheiro,
mas sim, emoção, bem-estar e felicidade. A implantação da Qualidade de Vida no
Trabalho trouxe, além de resultados positivos na avalição dos colaboradores, a
conquista de uma posição no ranking das melhores empresas para se trabalhar no estado
do Ceará. Diante do exposto, pode-se constatar que a Qualidade de Vida no Trabalho é
a junção de aspectos físicos e emocionais que somados podem ser usados como
estratégia para o crescimento da organização.
Palavras – chave: Psicologia Organizacional. Estratégia Organizacional. Qualidade
de Vida.

45
A RELEVÂNCIA DO SUPORTE ÀS FAMILIAS E AS PESSOAS
QUE TENTARAM SUICÍDIO

Eixo Temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em


Psicologia.
Elizabeth Gomes de Araújo Mota
Tereza Cristina Nogueira Camerino
Heliandra Linhares Aragão
O suicídio é um problema mundial que vem tomando grandes proporções. No Brasil
dados recentes revelam que mais de 11 mil suicídios são cometidos por ano. Abordar
sobre a questão e sua multicausalidade traz a reflexão de que o problema não está
relacionado apenas a fatores simplistas, como acontecimentos pontuais da vida de um
indivíduo, mas é consequência final de todo um processo que pode ocorrer com pessoas
de qualquer origem, classe social, idade, origens sexuais e identidades de gêneros. Mas
que de acordo com especialistas, e em grande parte dos casos, há históricos de
transtornos mentais, identificados ou não: como depressão, ansiedade, esquizofrenia,
transtornos de personalidade e outras doenças relacionadas. Consumo abusivo de álcool
e outras drogas também estão presentes em uma parcela significativa de casos. Ademais
problemas de ordem social e econômica exercem influência para desencadear o
pensamento suicida. Contudo, identificar, entender e trabalhar a questão não voltada
apenas ao sujeito, mas ao contexto social e familiar vivenciado é um desafio para
multiprofissionais. Focando na interdisciplinaridade entre Assistentes Sociais,
Psicólogos, e outras categorias, para trabalhar na individualidade e subjetividade do
indivíduo bem como no seu engajamento social, preservando seu bem-estar, a garantia
dos seus direitos e fortalecendo os vínculos familiares. Essa rede de proteção é de suma
importância na prevenção de casos de reincidência. Refletir e contribuir sobre a
relevância da atuação interprofissional no suporte as famílias e aos indivíduos após
identificada uma tentativa de suicídio, trabalhando em uma ótica macro do problema, na
perspectiva de melhorar as condições para que o mesmo possa se reestabelecer,
prevenindo possíveis novas tentativas. Utilizamos as pesquisas de artigos tanto
científicos, como em sites relevantes como o CVV – Centro de Valorização da Vida,
entre outros, identificados do Google acadêmico. Compreendemos que, após a
identificação de um caso de tentativa de suicídio, as equipes de saúde, seja da atenção
básica através dos Centros de Saúde da Família ou da atenção secundária nos Centros de
Atenção Psicossocial, devem prestar suporte aos indivíduos e suas famílias. No que se
refere à interdisciplinaridade, pode contribuir efetivamente na situação em questão.
Deste modo contribuindo para prevenir outras tentativas e tentar diminuir o sofrimento
dos envolvidos. Os profissionais devem orientar as famílias quanto aos sinais de alerta
como mudança inesperada, humor imprevisível, expressão de ideias, isolamento, que
muitas vezes passam despercebidos, devido ao estigma social, que julga esses indícios.
Após leitura para elaboração deste trabalho acadêmico elucidou a relevância do suporte
interdisciplinar para prevenir novas tentativas, que, muitas vezes, findam-se em morte.
Direcionando a atenção não apenas ao indivíduo, mas a família que na maioria dos
casos está abalada com o evento ocorrido, buscando orientá-los quanto aos sinais de
risco e fortalecer os vínculos familiares.
Palavras – chave: Suicídio. Suporte. Interdisciplinaridade.

46
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL PSICÓLOGO NO NASF DE
SANTA QUITÉRIA-CE

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia


Maria Aparecida Bernardino Ambrósio;
Germana Albuquerque Torres Cavalcante
Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados pelo Ministério da
Saúde, em 2008, com o objetivo de apoiar a consolidação da Atenção Básica no Brasil.
Os núcleos são compostos por equipes multiprofissionais que atuam de forma integrada
com as Equipes de Saúde da Família (ESF). Esta atuação integrada deve permitir:
realizar discussões de casos clínicos, possibilitar o atendimento compartilhado entre
profissionais, tanto na Unidade de Saúde, como nas visitas domiciliares, contribuir para
construção conjunta de projetos terapêuticos de forma que amplie e qualifique as
intervenções no território e na saúde de grupos populacionais. Esses núcleos visam
elevar a resolutividade, abrangência e escopo da Estratégia Saúde da Família e para isso
se estruturam em áreas estratégicas, dentre as quais a saúde mental. Por meio dessa, os
psicólogos ocupam espaço de destaque nas equipes dos núcleos, cujo trabalho deve
priorizar o apoio matricial. O principal objetivo da área estratégica da saúde mental no
NASF é ampliar e qualificar o cuidado às pessoas com transtornos mentais com base no
território. O cuidado deve ser prestado na rede familiar, social e cultural do usuário, de
forma que os saberes e práticas estejam diretamente ligados à construção de um
processo de valorização da subjetividade. No entanto, em alguns casos, a realidade
encontrada para o profissional psicólogo é de uma atuação que, muitas vezes, prioriza o
atendimento individual dos usuários, o que acaba prejudicando o funcionamento ideal
do setor tendo em vista, que as outras formas de atendimentos preconizadas pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) para o NASF, deixam de ser contempladas.
Considerando o exposto, o objetivo deste trabalho foi analisar dados documentais da
prática profissional dos psicólogos que atuam no NASF, da cidade de Santa Quitéria, no
estado do Ceará, no que se refere aos modelos de atuação empregados e sua
consonância com os princípios do SUS. Para atingir o intento, foram analisados os
mapas de atendimentos efetuados no ano de 2018, onde foi visualizada a quantidade de
atendimentos dos quatro psicólogos que atuam no setor, por categorias quais sejam:
atividades coletivas, atendimentos compartilhados, atendimentos individuais e visitas
domiciliares. Os dados encontrados mostram que os psicólogos do setor tiveram um
total de 1502 atendimentos individuais, 30 atendimentos coletivos e 2 atendimentos
compartilhados durante todo o ano de 2018. Pode-se perceber a partir dos dados que a
atuação desse profissional prioriza o atendimento individual, não contemplando as
outras esferas de atendimento, deixando assim de cumprir os objetivos que são
preconizados pelo SUS para o setor. Conclui-se que o profissional psicólogo por ter
uma demanda de atendimento individual muito alta, acaba priorizando essa categoria,
limitando-se em muitos momentos a esse tipo de serviço o que prejudica sua atuação
nas outras esferas de atendimentos preconizadas para o NASF.
Palavras – chave: Saúde Pública. Psicologia. Atenção Básica.

47
LOUCURA E HISTÓRIA NA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA
Eixo temático: Atuação e Reflexão em Psicologia
Fernanda de Oliveira Pereira;
Nathássia Matias de Medeiros;
Principalmente desde o livro História da Loucura, de Michel Foucault, que explora as
formas como o louco é percebido pela sociedade desde a Idade Média até a
Modernidade, abrem-se portas para a discussão sobre como a loucura é historicamente
determinada. No entanto, é corriqueiro que se produza no senso comum preconceitos
acerca do que sejam as perturbações psíquicas ou acerca dos conceitos de normal e
patológico. É comum que os alunos recém-chegados em um curso de Psicologia tragam
consigo (pré) conceitos acerca da temática, a partir de óticas impregnadas de estigmas e
representações sociais. Um dos desafios do ensino em Psicologia reside justamente na
ressignificação de tais modos de pensar baseados no senso comum. A partir dessa
problemática, o presente trabalho tem como objetivo discutir a importância da reflexão
sobre a questão da loucura enquanto uma construção histórica para os alunos de
primeiro semestre de um curso de Psicologia. Este trabalho surgiu a partir da vivência
no programa de monitoria da disciplina “Introdução à Psicologia” do curso de
Psicologia do Centro Universitário INTA - UNINTA, durante a qual se apresentaram
situações semelhantes no que se refere a alunos que iniciam a graduação com
conhecimentos eminentemente baseados no senso comum sobre a temática da loucura.
Realizamos uma pesquisa qualitativa, de viés exploratório, construída a partir de uma
revisão narrativa de literatura. O levantamento de dados foi feito entre os meses de
agosto e setembro de 2018, exclusivamente no banco de dados bibliográficos de
periódicos científicos brasileiros Scientific Electronic Library Online (SciELO).
Trabalhamos com os autores: Alexandre Magno Teixeira de Carvalho, Fernando de
Almeida Silveira, Luis Claudio Figueiredo, Michel Foucault, Roberto Machado, Paulo
Amarante, Richard Theisen Simanke e Tiago Hercilio Baltazar. A partir da análise do
material bibliográfico coletado, foi possível inferir que explorar a constituição social,
cultural e histórica da loucura permite colocar em xeque os padrões de normalidade e
patologia, borrando as fronteiras entre tais conceitos. A compreensão histórica do
conceito de doença mental torna possível que os alunos recém-ingressos no curso de
Psicologia desconstruam, desde o início da graduação, os saberes trazidos do senso
comum sobre esta temática, isto é, a visão da loucura naturalizada e taxonômica.
Explorar a loucura e sua história oportuniza aos alunos entender a edificação do sujeito
louco em seus efeitos subjetivos e no seu contexto histórico, levando em consideração,
inclusive, de que houve momentos na história em que era impensável considerar a
loucura como uma patologia. Concluímos que essa reflexão é de fundamental
importância para a formação crítica e humana do psicólogo, uma vez que o permite
compreender a loucura não como uma condição inata e natural, mas sim como
construída e multideterminada.
Palavras – chave: Loucura. História. Formação do Psicólogo;

48
O USO DE REDE SOCIAL COMO FERRAMENTA PRÁTICA NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA MONITORIA DE
NEUROCIÊNCIAS II

Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em


Psicologia.
Jackson Matos de Sousa
Andrine Maria do Carmo Navarro
O avanço acelerado da tecnologia no século XXI tem afetado diretamente na relação do
indivíduo com o conhecimento. Esse avanço possibilitou velocidade na realização de
diálogos e no acesso às informações, pois a partir do advento das redes sociais, deu-se
início à interação entre os usuários, de modo que, além do acesso à informação, eles
puderam opinar, reivindicar e produzir seu próprio conhecimento, além de construírem
a capacidade de se mobilizar coletivamente. Os diversos âmbitos e contextos da
sociedade incorporaram essas redes sociais para melhorarem a qualidade e a eficiência
de seus objetivos. Diante dessa transformação contemporânea, as instituições
educacionais também têm inserido as redes sociais em seus processos metodológicos.
Com o objetivo de proporcionar uma acessibilidade didática em monitoria foi feito um
grupo no aplicativo Whatsapp. O método utilizado foi um relato de experiência em
monitoria na disciplina de Neurociências II, da turma 05 do Curso de Psicologia do
Centro Universitário Inta – UNINTA, em Sobral, no semestre 2018.2 que acontecia no
turno da noite. A ciência psicológica é considerada predominantemente como ciência
humana, sendo perceptíveis nos encontros das monitorias algumas dificuldades por
estarem lidando diretamente com uma disciplina das ciências biológicas. Além dos
encontros de monitorias, foi muito válida a criação do grupo de Whatsapp, pois muitas
pessoas não puderam participar desses encontros, tornando-se necessário a utilização
mais efetiva e frequente desse meio de comunicação. Mediante propostas da monitoria,
houve no grupo do Whatsapp as transposições de conteúdos, debates, resumos,
indicações de textos e vídeos, revisões e gabaritos de provas, muitas vezes sendo
combinado o horário de estudos para que o máximo de estudantes pudesse participar do
debate instantaneamente. Em comparação com a turma do semestre anterior, turma 04,
no semestre 2018.1, do turno da noite, obteve o mesmo número de alunos matriculados
e de reprovações, 41 e um reprovado, respectivamente, porém, houve uma diferença
bem significativa no número de estudantes que foram para NAF (Nota de Avaliação
Final), de 13 estudantes para somente um estudante. Destarte, a utilização das novas
tecnologias e das redes sociais tendem a ser impulsionadoras do conhecimento e
eficazes, se usadas de forma consciente, responsável e tendo a participação ativa dos
alunos.
Palavras – chave: Neurociência. Monitoria. Rede social.

49
RELATO DE EXPERIÊNCIA EM MONITORIA: ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO (2018.2)

Eixo Temático: Atuação e reflexão em Psicologia


Laíza Cristina Cavalcante Menezes;
João Silveira Neto Muniz;
O presente trabalho apresenta um Relato de Experiência sobre o processo de Monitoria
na disciplina Análise do Comportamento (2018.2), no Curso de Psicologia do UNINTA.
A monitoria é vista como uma modalidade de ensino-aprendizagem, dentro das
necessidades de formação acadêmica, que é de suma importância para o
desenvolvimento da/o aluna/o. Nela a/o estudante pode despertar o interesse na
docência em Ensino Superior como também na carreira acadêmica, devido às atividades
executadas estarem diretamente ligadas à aquisição de habilidades didáticas/docentes.
Relatar a experiência na Monitoria da disciplina Análise do Comportamento (Curso de
Psicologia/ UNINTA) no semestre 2018.2. A metodologia utilizada para fazer a
narrativa dos fatos ocorridos, porque plenamente eficaz para o que se propõe o presente
trabalho, será a do Relato de Experiência. Com o intuito de melhorar o desenvolvimento
de aprendizagem dos alunos na referida disciplina, a aluna-monitora disponibilizou-se a
participar da disciplina nas duas turmas em que estava sendo ofertada a unidade
curricular “Análise do Comportamento” em 2018.2 (manhã e noite), ainda que sua
obrigação fosse estar apenas na turma noturna. Optou-se, como método principal para
Monitoria, pelo plantão tira-dúvidas, que ocorria de dois modos: 1. Presencial, com
momentos da monitora junto às turmas, em dias prévios e coletivamente agendados e; 2.
Via aplicativo de celular WhatsApp, praticamente durante o semestre inteiro. Lançou-se
mão também da presença física nas aulas (alternando os turnos), participação junto aos
professores para uma melhor elaboração de possíveis dúvidas discentes e
disponibilização plena para dirimi-las, utilizando estudos com ênfase na disciplina e
buscando desenvolver tais atividades com os alunos da disciplina. Lamentavelmente foi
possível notar a pouca frequência das/ os alunas/ os nas atividades propostas. Fazendo
uma reflexão sobre a aferida ausência, propõe-se que esta emane da boa produtividade
docente em sala, visto juntamente com a grande demanda dada para o monitor de duas
turmas. Entretanto, faz-se necessário registrar o misto de frustração e desânimo
experimentado pela monitora, sobretudo em dias de atividades presenciais, dado seu
esvaziamento. O processo aqui relatado foi de suma importância para o entendimento de
como a monitoria tem seu valor, principalmente quando há interesse para a docência. A
união de professores e monitor para trabalhar conteúdos, averiguar possíveis dúvidas e
perguntas, e planejar apresentações permite uma noção mais apurada sobre o campo da
docência. Outrossim, a atividade de monitoria é enriquecedora não apenas se quisermos
seguir a carreira da docência, mas também para o nosso melhor desenvolvimento
pessoal e acadêmico.
Palavras – chave: Relato de Experiência. Monitoria. Análise do Comportamento.

50
REPENSANDO A RELAÇÃO ALUNO-PROFESSOR E A
PERSPECTIVA DO PAPEL DO PSICÓLOGO

Eixo Temático: Atuação e reflexão em Psicologia


Gabriel Victor Vasconcelos Frota de Almeida
Georgia Bezerra Gomes
O presente trabalho busca trazer uma reflexão crítica acerca do papel do psicólogo
escolar perante as demandas relacionais de aluno e professor. Tendo em vista que essa
relação é bastante fragilizada e influencia no rendimento escolar. Evidenciar o papel do
psicólogo escolar na relação aluno-professor e ressaltar a má relação no discente. A
metodologia seguiu cunho de uma pesquisa qualitativa, com base num estudo de caso
realizada em novembro de 2018, cujos dados foram obtidos a partir de uma entrevista.
A relação aluno e professor muitas vezes é perpassada por alguns conflitos, isso em
grande parte deve-se à visão apriorística que cada um tem do outro. Aliado a isso o
entrevistado ressaltou que esse distanciamento enfraquece o ensino, pois sem a relação
benéfica, não há como ter interesse nos conteúdos ministrados, aliado ao fato de que os
professores esquecem de considerar os aspectos emocionais dos alunos, ao não trazer
os sentimentos para dentro do contexto de aula e do processo de aprendizagem, onde os
mesmos são responsabilizados por suas falhas numéricas sem levar em consideração o
contexto e os sofrimentos psíquicos que estão sendo refletidos nessa nota. Deste modo,
o psicólogo deve ter um papel amplo e crítico para o fortalecimento dessa relação,
levando em conta a perspectiva do professor que também sofre com a cristalização do
ensino, que é ditado por um vestibular, e o lado que consequentemente colhe os frutos
do professor. Portanto, essa relação pode ser melhorada quebrando as concepções
tradicionais, onde o aluno é um receptáculo de conhecimento e o professor alguém que
ordena afazeres. Aliado a isso ressalta-se na fala do entrevistado as angústias, frustações
e o medo no ensino médio, que foi reiterado por esse distanciamento com os professores
e com a instituição de ensino não ter psicólogo escolar, onde poderia auxiliar nesses
momentos. Com isso pode-se ressaltar que indiretamente e diretamente os professores
podem contribuir com a saúde mental dos alunos, no caso, de uma forma não
satisfatória e a presença de um psicólogo para intermediar essa relação para ocorrer de
maneira saudável é imprescindível, tendo em vista também o caráter multisetorial do
profissional, o papel do psicólogo escolar é muito importante levando em conta a carga
emocional que um aluno de ensino médio sofre por conta da contemporaneidade e a
demanda que o professor recebe. Os jovens sofrem imensa carga emocional devido
pressões e preocupações com o futuro a ser trilhado e a má relação aluno professor e
ausência de um psicólogo escolar, como vimos, pode reiterar os atritos e as frustações,
com isso podemos relembrar a importância da efetividade do psicólogo escolar com a
sua atuação multisetorial para o benefício da saúde mental dos professores e dos alunos.
Palavras – chave: Saúde mental. Escola. Relação. Fortalecimento. Psicologia

51
PRAXIS DO PSICÓLOGO NO ÂMBITO SAÚDE MENTAL:
RELATO DE VIVÊNCIA DE ESTÁGIO NO CAPS AD DE SOBRAL

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


Cristiany David Marques Alves
Yasmin Araújo Nunes da Costa
Joel Bruno Ângelo Rocha
Germana Albuquerque Torres Cavalcante
O presente trabalho trata-se de um relato de experiência desenvolvido na disciplina de
Estágio básico I: áreas de atuações, do curso de Psicologia do Centro Universitário –
UNINTA. Nesta disciplina visitamos o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) na
modalidade AD (Álcool e Drogas), da cidade de Sobral-CE. O CAPS AD constitui-se
em uma estrutura de serviços pertencentes à gestão pública buscando garantir acesso,
atenção e acolhimento da demanda de pessoas com transtornos mentais e prejuízos
decorrentes do uso abusivo e dependente de substâncias psicoativas. É um dispositivo
que atua na perspectiva multiprofissional e compõe um dos pontos de assistência da
rede de atenção integral à saúde mental. Esse setor em Sobral iniciou suas atividades em
setembro de 2002 sendo especializado em atendimento de dependentes químicos.
Funciona de segunda a sexta feira, das 09h às 21h. Os atendimentos ocorrem por
demanda espontânea ou encaminhamentos das equipes de atenção primária à saúde.
Nesta visita, foi possível observar a atuação dos profissionais, entrevistar a psicóloga do
local, bem como conhecer como se desenvolve o trabalho do psicólogo dentro desse
setor, foco deste trabalho. O objetivo do presente trabalho é relatar a experiência de
estágio vivenciada no curso de psicologia na política de assistência em saúde mental, a
fim de identificar a importância do profissional de psicologia junto ao paciente,
atentando-se para o fato de que a atuação desse profissional deve ocorrer para além do
atendimento clínico e individualizado. Por meio das visitas feitas na disciplina de
estágio, foi possível realizar observações das ações dentro do setor, bem como
entrevistar a psicóloga que lá trabalha, tendo-se assim, uma noção de como se efetiva o
trabalho desse profissional no CAPS AD. Diante da observação e entrevista feita foi
possível perceber que a psicóloga juntamente com a equipe multiprofissional tem o
objetivo principal de efetuar um tratamento adequado ao usuário do setor, por meio de
atividades assistenciais desenvolvidas para o atendimento da demanda. Foi constatado
ainda que, a abordagem inicial ocorre por meio do acolhimento e termina com o
aconselhamento sobre qual tratamento o usuário deve seguir. Isso reflete a forma como
a equipe multiprofissional atua e desempenha seu trabalho, sempre em prol da
promoção do bem-estar e reinserção social da pessoa que está sendo acompanhada.
Conclui-se que o trabalho do psicólogo no CAPS AD, vai além do atendimento clínico,
pois prioriza o cuidado ampliado para que o paciente possa adquirir autonomia. Sendo
assim, o atendimento que esse profissional presta, também ocorre por meio de grupos
terapêuticos, estratégia preconizada pelo Ministério da Saúde e que proporciona uma
assistência integral, humanista e compromissada com os serviços ofertados.
Palavras – chave: Saúde mental. Saúde Pública. CAPS AD.

52
UM OLHAR INVESTIGATIVO SOBRE A ATUAÇÃO DO
PSICÓLOGO NO ÂMBITO HOSPITALAR

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia


Girlene Oliveira Nunes
Antonia Edla dos Santos Ferreira
Lúcia Valéria Oliveira
Nathássia Matias de Medeiros
O Conselho Federal de Psicologia determina, na resolução 002/2001, que o psicólogo
com especialização em psicologia hospitalar atua em instituições de saúde, atendendo
pacientes, familiares e membros da comunidade, sendo membro de uma equipe
multiprofissional, visando o bem-estar físico e emocional do paciente. Partindo dessa
resolução, surgiu-nos a seguinte pergunta de partida: em que consiste a prática do
psicólogo hospitalar segundo as publicações científicas? Partindo desta pergunta, o
presente trabalho tem por objetivo analisar o desenvolvimento da prática psicológica
hospitalar na atualidade, bem como propiciar o entendimento da relevância da mesma,
por meio do levantamento de informações bibliográficas acerca do tema abordado.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de viés exploratório, realizada a partir do método
de Revisão Narrativa de Literatura. De acordo com os artigos analisados, foi possível
observar que, no contexto hospitalar, a atuação do psicólogo se efetua em instituições
diretamente ligadas à saúde, no sentido de prestar um atendimento à família, equipe e
paciente para que cada um saiba lidar bem com a situação vivenciada no hospital. Na
atualidade, o profissional que atua na área tem como objetivo ajudar o paciente a
transpor a fase da internação de modo a encarar essa fase em que o mesmo se encontra
fragilizado pelo estigma que a doença acarreta. Na psicologia hospitalar o diagnóstico
envolve o conhecimento da situação existencial e subjetiva da pessoa acometida pela
doença em sua relação com a patologia. A hospitalização traz consigo uma série de
consequências, o sofrimento a qual a pessoa está exposta afeta diretamente o
psicológico causando a angústia, a incerteza e o medo. O lado humanitário do psicólogo
é algo essencial para o ambiente hospitalar e, a humanização da saúde é fundamental
para o sujeito em seus aspectos subjetivos e sociais, que se relacionam de forma direta
com a promoção da saúde. O psicólogo hospitalar procura promover mudanças na
sociedade e melhorar a qualidade de vida das pessoas que estão no âmbito hospitalar. A
humanização é algo que deve está sempre presente em seu trabalho, para que tudo
ocorra bem e o ser humano seja compreendido em sua totalidade. Foi possível concluir,
a partir da análise da literatura selecionada, que o psicólogo é uma peça fundamental no
hospital e sua atuação traz vários aspectos positivos para as instituições. A realização
desta pesquisa permitiu-nos a ampliação da visão sobre o psicólogo hospitalar, uma vez
que nos possibilitou compreender o fazer do psicólogo dentro do ambiente do hospital,
delineando-se a real dimensão da importância da presença desse profissional.
Palavras – chave: Psicologia Hospitalar. Atuação. Revisão de Literatura.

53
COMUNICAÇÃO
ORAL

54
A ADOÇÃO DO FASCISMO ENQUANTO ESTRATÉGIA DE
POLARIZAÇÃO NOS DISCURSOS ELEITORAIS BRASILEIROS
Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistências
João Victor Moreira Lima
Socorro Taynara Araujo Carvalho
Bruna Clézia Madeira Neri
Para a compreensão dos termos polarização e fascismo é fundamental pontuar que estas
palavras que estão sendo tão utilizadas atualmente no cenário político brasileiro
possuem um teor histórico, e é importante atentar-se a essas repetições em território
brasileiro que têm emergido nos últimos tempos, mas que já ocorreram em outros
lugares no globo em épocas distintas da atual, e que de alguma maneira, voltam a ter
grande força apenas agora. Exemplos como a Alemanha nazista de Hitler, bem como o
período de Guerra Fria são exemplos de polarizações e regimes fascistas ocorridos pelo
mundo em contextos distintos. Já no cenário nacional, podemos observar fatos como a
polarização, violência e um fascismo ideológico enraizado por discursos de esquerda e
direita, que são espectros políticos ideológicos herdados desde a Assembleia Nacional
Francesa estabelecida pós-revolução. Atualmente, essas cisões têm ressurgido como um
engodo, especialmente durante o período eleitoral de 2018. Discutir como ideologias do
século passado ainda podem retornar com uma nova roupagem que geram grande
influência em pleno século XXI, e compreender como esses processos simbólicos são
naturalizados e consequentemente geram violência e segregação em todo o país. Trata-
se de um estudo qualitativo e exploratório, no qual foi utilizado levantamento
bibliográfico e análise de discursos midíaticos. As pesquisas bibliográficas foram
extraídas a partir da leitura do livro ‘Como conversar com um Fascista: Reflexões sobre
o cotidiano autoritário Brasileiro’, da filósofa Marcia Tiburi (2015). A análise de
discursos midiáticos, extraído de blogs e visualizados pela vertente da Psicologia Social.
É notável que desde os primórdios o discurso fosse usado para propagação de ideologias
e afins. No período eleitoral, notou-se que indivíduos se organizaram em verdadeiras
massas seguidoras de ideologias ditas “opostas”, mas que no fim não se divergem como
acham. Já que ambas promoveram a violência e a intolerância para partes divergentes
no espectro político. A mídia foi usada como a grande ferramenta da propagação dessas
ideias de intolerância e violência, para com os sujeitos. Por fim causando a
impossibilidade da abertura ao diálogo/debate como possível medida de resolução do
conflito. É de total importância o debate sobre tais fatos, pois somente através do
diálogo e conscientização. É possível pensar avanços e superações no que tange a
questões como violência e intolerância sobre um determinado posicionamento, escolha
sendo este político ou não. Afinal, somos um único povo, que vivemos em um país
democrático, deveríamos estar unidos com o objetivo de intensificar as lutas contra o
preconceito, contra a corrupção e para que nossos direitos sejam garantidos, o combate
deve fugir de discussões que propagam o ódio e ocorrer como processo de reeducação
política, olhar mais para o coletivo e menos para os interesses individuais.
Palavras – chave: Fascismo. Polarização. Eleições

55
A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA NA FORMAÇÃO DO
ENFERMEIRO
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia
Kécio Jhons Cunha Araújo
Maria Danielle Fontele Gomes
Nayane Cordeiro Moura
Priscila Pessoa de Sousa
Francisco Freitas Gurgel Júnior
A enfermagem por ser uma área onde quase sempre tem o primeiro contato com o
paciente, necessita que o profissional esteja capacitado para atender esse público tão
eclético. Desta forma, há a necessidade de envolvimento de outros saberes,
principalmente da área da psicologia, que traz colaborações no sentido de se expressar
de uma forma adequada e perceber no paciente algum problema que o mesmo não possa
relatar e/ou se omite em dizer por algum motivo. A análise do ensino de Psicologia na
área da Enfermagem possibilita a identificação de compostos que resultam em métodos
de disciplinarização da Psicologia. O curso é constituído por um conjunto de
professores e estudantes, vinculados em um campo de conhecimentos teóricos e práticos
completamente estruturado. Destacar a importância da contribuição da psicologia nos
profissionais de enfermagem. Trata-se de um estudo bibliográfico, de cunho descritivo.
A pesquisa foi realizada durante o mês de março de 2019 nas bases de dados da BVS.
Incluídos apenas artigos com textos completos e escritos em português. Excluídos os
textos de língua estrangeira e editoriais. Foram utilizados os seguintes descritores:
psicologia, enfermagem e ensino. Do total de 17 artigos lidos, foram selecionados 4
artigos para discussão, os quais atendiam ao propósito da pesquisa. O enfermeiro
necessita ter conhecimento da psicologia para uma melhor conversa com o paciente em
momentos tristes e difíceis, entendê-los melhor, perceber o que ele está sentido mesmo
que o outro não lhe diga nada, e dessa maneira poder fazer uma abordagem qualificada
e precisa, encaminhar para a psicologia ou outra área que julgue necessário e até mesmo
elaborar um plano de cuidado com a equipe multidisciplinar. Para tais ações é preciso
que enfermeiro aplique a psicologia no processo de cuidado e atendimento ao paciente,
seja ele em qualquer esfera de atenção, primária, secundária terciária e principalmente
em situações de cuidados paliativos. Percebeu-se com esta pesquisa o quanto a
psicologia aplicada a enfermagem faz-se necessário no acompanhamento e atendimento
ao paciente em diversas situações. Restabelecendo-se com isto, a qualidade de vida do
paciente nos aspectos psicológicos, intelectual, social, físico e emocional.
Palavras – chave: Psicologia. Enfermagem. Ensino.

56
A DOENÇA DE PARKINSON E SUA DECORRÊNCIA
PATOLÓGICA EM IDOSOS, UMA REVISÃO BIBLOGRÁFICA A
PARTIR DO ESTUDO EM NEUROPSICOLOGIA
Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em
Psicologia
Rosymile Andrade de Moura
Socorro Taynara Araújo Carvalho
Karla Waldienia Aves Pinto
Marcos Eduardo Azevedo Martins
O Parkinson atua no sistema nervoso central como uma doença degenerativa e
idiopática, relacionada a morte celular dos neurônios produtores de dopamina. Tem por
agravantes a degeneração e falência de estruturas no interior do cérebro, chamadas núcleo da
base, estas por sua vez, deixam de produzir o neurotransmissor dopamina. A falta de
produção da mesma acarreta o surgimento dos sintomas físicos e psicológicos. É
observado que a que a interferência da doença na realização de atividades simples
(como amarrar o cadarço ou abotoar a camisa) acaba por desestimular o paciente que é
caracterizado em sua maioria o público masculino e da terceira idade. Portanto, o idoso
é acometido de um sentimento de angústia por não conseguir viver independentemente,
porém, a doença é passível de tratamento que proporcione uma maior qualidade de vida
e potencialidade, relacionando atividades terapêuticas e fisioterapêuticas, a fim de
garantir uma melhor vivência para o indivíduo. Este trabalho é constituído de análise
bibliográfica e pautada no estudo em neurociências e estimulada em grupo de estudo de
neuropsicologia visando verificar por meio analítico a qualidade de vida do portador da
doença de Parkinson. Foi constatada, ao longo das aulas e no aprofundamento de artigos
em neuropsicologia, a dificuldade de lidar com patologias crônicas em sua totalidade e
em ressignificação de suas vidas e rotinas. Visto que processos terapêuticos como terapia
ocupacional e atividades físicas compõem importância singular e na efetivação de
resultados positivos. O estudo e investigação de potencialidades que possam permitir
maior autonomia pessoal na fase que consta maior isolamento, que é a terceira idade,
possibilita resultados eficientes no tratamento emocional e de segurança.
Palavras – chave: Terapia. Doença Degenerativa. Neurônios.

57
A EXPERIÊNCIA COM UM GRUPO DE CRIANÇAS E SEUS
CUIDADORES, NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
(CAPS), EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DO CEARÁ.
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Francisca Valdiane Loiola Andrade
Cirila Raquel de Araújo Mendes
Kennedy Lucas de Paulo Sousa
Morgana Barroso Gomes Bastos Martins
As ideias do projeto surgiram a partir das experiências do Estágio Supervisionado em
Saúde Mental e da inquietação causada pela epidemia de diagnósticos e regulação do
comportamento infantil, baseada na prescrição farmacológica, de interesse
inconsequente de seus cuidadores. O número de crianças diagnosticadas com
transtornos mentais tem aumentado e apenas uma pequena parcela recebe tratamento
adequado. O desejo tanto por parte da escola, como por parte da família, é silenciar a
criança e “sua agitação”. Entretanto, essa medida traz sérias consequências para a vida
social da criança. O brincar, a arte, atividades motoras, de socialização, são formas de
trabalhar a linguagem a partir da qual a criança passa a se conhecer, a se apropriar, a se
perceber e se autoconstruir. A qualidade dos cuidados parentais e a oferta de um
ambiente motivacional, muitas vezes, inexistentes, também são necessários. Daí o
porquê dos cuidadores (mães), fazerem parte do processo juntamente das crianças,
experienciando, criando e colaborando com as atividades. O grupo foi pensado por duas
vertentes: possibilitar semanalmente, ações voltadas à saúde mental das crianças, de 05
a 09 anos, que estavam em atendimento no CAPS, visando reinserção social e familiar,
através de um ambiente acolhedor com espaço para a criança se expressar, acolhendo
sua espontaneidade, estimulando suas potencialidades; e a de oferecer um suporte aos
cuidadores, tanto no sentido de mostrar atividades que possam ser feitas no ambiente
familiar, como de ser um espaço para tirar dúvidas sobre o tratamento e o manejo com o
usuário desde a reabilitação dos distúrbios físicos, mentais, emocionais e sociais, e
também um espaço para que o familiar/cuidador possa ser escutado e acolhido em suas
angústias. O início do grupo até a sua consolidação foi um processo complexo,
envolvido por mudanças de comportamento, de cultura, insegurança e resistências. No
desenvolver dos grupos, cuidadores trouxeram em seu discurso temas que se mostraram
significativos e relevantes, sendo em sua maior parte, relacionados com questões de
preconceito, cansaço, estigma e solidão. O Grupo foi um espaço de amadurecimento,
trocas, aprendizagens e permissividade. No encerramento do processo percebemos que
as crianças já tinham um maior grau de empoderamento em suas relações e
fortalecimento de suas habilidades aproximando-se do tratamento ideal. Cuidadores
traziam espontaneamente depoimentos que mostram como as ações desenvolvidas
acrescentaram positivamente no tratamento de cada um, assim como, uma experiência
significativa que o grupo deixou em suas vidas e de seus filhos. Os desafios para
superar o fenômeno da medicalização são grandes. Mas podemos concluir que, com
sensibilização e prática da humanização nas relações cuidadores-usuários-profissionais,
considerando a criança com transtorno mental sujeito de direitos, capaz, produtivo e útil
na sociedade, conseguimos mudar essa realidade, contribuindo para o sucesso do
tratamento e a melhoria da qualidade de vida dos mesmos.
Palavras – chave: Saúde mental. Criança. Grupo.

58
A EXPERIÊNCIA EM EXTENSÃO PARA A FORMAÇÃO DO
ESTUDANTE: VIVÊNCIAS NO LAEDDES

Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistência


Nathan Rodrigues Ximenes Furtado
Francisca Denise Silva do Nascimento
Este resumo tem como objetivo repassar a vivência apresentada no LAEDDES
(Laboratório de Estudo das Diversidades e Desigualdades), bem como a busca pelo
firmamento do conhecimento como cidadania ativa. Ao decorrer dos encontros do
LAEDDES, passamos a vislumbrar a sociedade cada vez mais embasada pelos textos
estudados e, junto à extensão, é entendido os percalços que a educação brasileira é
atravessada. São efetuadas ações no sistema de ensino público de nível médio de Sobral,
nas quais discutimos o que é a universidade, se ela é possível, se ela é pra eles (alunos
de escolas públicas), se é o único caminho após o colégio. Isto é embasado pelos textos
que trabalhamos durante os encontros do laboratório. É perceptível a suma importância
da extensão como um dos pilares do ensino superior público, principalmente quando se
é trabalhado a educação. Principalmente quando é notável a situação delicada em que o
país vive. É estudado por Bourdieu, um dos autores que trabalhamos no grupo, a
educação e seus capitais, e o conceito de habitus. Nesta ótica proposta pelo autor, são
nítidos os desafios presentes na educação brasileira, especialmente a pública, desde a
dimensão estrutural até a dimensão relacional, o que torna a escolarização brasileira
complicada, pela escassez de terrenos férteis para a aprendizagem e oportunidades.
Destarte, estar presente na sala de aula para ampliar a visão do que é a universidade para
os estudantes de escolas públicas, nesse exercício de construir um provável caminho -
junto a eles - na tentativa de ressignificar tais questões. E, mesmo com tamanhas
dificuldades, o que é visto nas ações, é tomado como um espaço para criação e
mudança, para que continuemos nessa jornada de não exercer apenas cidadania, mas
sermos veículos de modificação, como o cantor Criolo fala na música Vai Ser Assim: “É
dizem que não é pra você essa história de vencer de sonhar e conquistar, eu digo que é
pra você essa história de vencer de sonhar e conquistar”.
Palavras – chave: Mudança. Ensino. Público.

59
A IDENTIFICAÇÃO DAS MASSAS COM DISCURSOS PRODUZIDOS NO
CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO DE 2018 SOB O OLHAR DA
PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA

Eixo temático: Movimentos Sociais, lutas e resistências


Marcos Eduardo Azevedo Martins
Francisca Liciane Marques
Socorro Taynara Araújo Carvalho
Rosymile Andrade de Moura
Bruna Clézia Madeira Neri
Durante o período de eleição presidencial do ano de 2018 no Brasil, foi perceptível uma
efervescente disputa que foi para além dos debates dos candidatos chegando até a
população brasileira de uma maneira intensa, é nesse sentido que muitos discursos
foram propagados, gerando segregações a partir de identificações das massas com
diferentes narrativas, fator esse que foi visto com muita força nas redes sociais em geral,
gerando consequentemente distorções e até mesmo “notícias” inventadas, que
influenciaram toda uma massa. O presente trabalho pretende realizar uma crítica aos
discursos propagados no cenário político brasileiro do ano de 2018, ressaltando a
identificação das massas com tais discursos, analisando a neutralidade das massas, bem
como o despertar da escuta propiciada através destes discursos. Trata-se de um estudo
de natureza qualitativa do tipo descritivo exploratório. A coleta de dados foi realizada
por meio de referências bibliográficas retiradas do livro “À sombra das maiorias
silenciosas: O fim do social e o surgimento das massas” de Jean Baudrillard (1994). As
vivências durante o período das eleições a presidenciais da república do ano de 2018
possibilitaram que as massas ganhassem um novo significado que se reflete na escuta,
estas se despertaram de sua neutralidade ao social e ao político e se posicionaram
através de redes midiáticas através discursos que possibilitavam a propagação do
preconceito e a desvalorização do humano. Discursos estes que deveriam ser
reflexivamente repreendidos pelas massas acabavam por promover uma febre de
identificação que fez com que rapidamente este sujeito se tornasse o líder das massas,
possibilitando no Brasil inúmeros movimentos que acabavam em tumultos geradores de
conflitos por parte das massas da identificação com as massas que se contrapunham
contra tais discursos. A partir da multiplicidade de movimentos e ataques em redes
sociais, como o Twitter, Facebook, WhatsApp, que defendiam brutalmente o que se era
propagado por meio dos inúmeros discursos, o que vem a ser perceptível é uma falsa
voz das massas que, no entanto, perderam o sentido do social e do político,
permanecendo neutralizadas, e continuamente exercendo o papel da maioria silenciosa
pelo fato de deixarem que a identificação se colocasse em um patamar mais alto que a
negação.
Palavras – chave: Psicologia Social. Massa. Discursos.

60
A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO ESCOLAR
DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA.
Eixo Temático: Atuação e reflexão em Psicologia
Sarah Oliveira Aguiar
Viviane Rodrigues Lima
Djully da Silva Porfirio
Georgia Bezerra Gomes
As dimensões afetivas e cognitivas encontram-se cada dia mais entrelaçadas dentro do
contexto educacional, principalmente no que tange as relações de ensino-aprendizagem
do aluno com o professor. Estudos de Henri Wallon, Jean Piaget e Lev Vygotsky são até
hoje base para compreensão das relações que se estabelecem na escola e como as
mesmas impactam o contexto de cada aluno. O que pode ser percebido em linhas atuais
é a consideração do lugar do aluno nesse processo, bem como, até que ponto suas
particularidades e potencialidades são percebidas e valorizadas. Dentro de um contexto
social em que há a necessidade de diagnósticos para justificar possíveis dificuldades,
acompanhados geralmente de medicalização, muitas vezes, a escola e a família acabam
por desconsiderar as diversas aprendizagen(s) que o aluno pode desenvolver.
Decorrente disto, o presente trabalho tem por objetivo investigar a importância da
psicologia na educação, frente as demandas de dificuldade de aprendizagem e
diagnósticos desenfreados referentes a tais dificuldades. Desta forma, realizou-se uma
revisão integrativa, utilizando a plataforma Periódicos Eletrônicos em Psicologia
PEPSIC –, a partir dos descritores: aprendizagem, psicologia escolar, publicados no
período de 2009 a 2018, sendo selecionados quatro trabalhos que contemplaram as
especificações acima. Observou-se que a psicologia da educação busca compreender o
impacto das relações entre professor e aluno, bem como, desses diagnósticos. O
psicólogo contribui para a percepção e investigação da influência de fatores intra e
extraescolares no processo de aprendizagem do aluno, indo além dos possíveis
diagnósticos referentes a dificuldades escolares. Desta forma, lança um outro olhar,
buscando investigar e compreender os motivos e eventos que circundam a vida escolar,
familiar e social do aluno, a fim de perceber se há em si uma dificuldade, como
acontece de fato a aprendizagem e os conhecimentos já adquiridos deste sujeito, já que
em muitas situações, pode haver determinados eventos que afetam o sujeito, sendo o
mesmo detentor de conhecimentos e potenciais a serem valorizados e considerados.
Nesse sentido, sendo a escola o lugar onde ocorrem as principais interações sociais no
processo de desenvolvimento e aprendizagem, o papel do psicólogo é de fundamental
importância em tal espaço, tendo em vista que há demandas que carecem de uma maior
investigação bem como um trabalho conjunto com a equipe educacional, a família e o
aluno.
Palavras – chave: Psicólogo. Escola. Dificuldades.

61
A IMPORTÂNCIA DO USO DE TESTES PSICOLÓGICOS COMO
INSTRUMENTOS DE FUNDAMENTAÇÃO NA ESCOLHA DO
PROFISSIONAL
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Thaíssa Aguiar Boto Vasconcelos
Ana Karine Sousa Cavalcante
Rayane Duarte Coêlho
Um dos grandes desafios, que os profissionais que trabalham no Departamento de
Recursos Humanos possuem, é a angústia durante o processo de Recrutamento e
Seleção. Decidir qual dos candidatos mais se adequam ao perfil da vaga, tanto em
aspectos das experiências profissionais, quanto em aspectos comportamentais, é uma
decisão que requer bastante cientificidade e responsabilidade em seu ato. Desse modo, a
experiência do psicólogo organizacional durante o processo é bastante importante,
porém, a subjetividade pode acabar por comprometer os resultados durante a escolha, e
com isso, faz-se necessária a utilização de técnicas para analisar detalhes que
possivelmente não seriam possíveis identificar apenas com uma breve entrevista. Sabe-
se que a aplicação de testes psicológicos nas áreas de seleção de pessoal advém de um
grande arcabouço histórico. Com a necessidade de escolher a pessoa certa para o lugar
certo, durante o período de Recrutamento de Militares, muitas técnicas psicométricas
foram criadas e aperfeiçoadas para selecionar os candidatos que mais se adaptariam
àquela rotina, como por exemplo, o teste de Robert Yerkes, Army Alpha e Beta, que
possui o objetivo de analisar a personalidade, bem como a capacidade de liderança,
pensamentos ágeis, e que não apresentam nenhuma psicopatologia. Dessa forma, a
proposta dessa pesquisa é de investigar as dificuldades do psicólogo em escolher o
candidato que mais se adequa ao perfil do cargo mediante a aplicação dos testes
psicológicos. Foi realizada uma revisão de literatura para obtenção de dados
significativos da temática proposta. Foi utilizada a base de dados do Scielo com os
seguintes descritores: “avaliação psicológica” e “processo seletivo”. A busca foi
realizada no mês de março de 2019, apresentando como critérios de inclusão: artigos
completos e dos últimos cinco anos. Desta forma, os artigos resultaram no total de 4. É
perceptível que com o auxílio desses instrumentos de medida, o psicólogo possui uma
maior possibilidade de analisar o fenômeno psicológico, uma vez que esses testes não
são baseados em “achismo” e sim testes estruturados cientificamente e isso acaba por
dar uma maior segurança durante o processo de seleção, otimizando assim, não apenas o
tempo gasto, como também, os resultados. Os testes psicológicos foram desenvolvidos
com o maior objetivo de conhecer o homem por completo, dentro de suas
potencialidades, sua cognição e subjetividade. Todo o processo de fundamentar um teste
psicológico, é necessário passar por um processo técnico e científico. Por meio deles, os
psicólogos conseguem sair do senso comum e adentrar em condicionantes históricos
sociais que podem comprometer alguns processos psicológicos de modo científico.
Desse modo, o que tanto causa inquietude nesses profissionais é o processo de escolha
de pessoal, pois é nele que iremos determinar o perfil organizacional da empresa, o qual
lhe propiciará todo o parâmetro para alcançar os resultados. Nesse sentido, faz-se
necessário um estudo da importância desses instrumentos de medição durante o
processo seletivo.
Palavras – chave: Avaliação psicológica. Psicologia organizacional. Testes
psicológicos. Processo Seletivo.

62
A INCLUSÃO DO ALUNO AUTISTA NA ESCOLA REGULAR: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Eixo temático: Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade em questões metodológicas
da Psicologia.
Ana Thaís Martins Silva Pereira
Rosymile Andrade de Moura
Socorro Taynara Araújo Carvalho
Ana Mara Farias de Melo
O presente trabalho, trata-se de um relato de experiência de estágio em Psicologia
realizado em uma escola municipal de ensino fundamental localizada no interior do
Ceará, no período de fevereiro a junho do ano de 2018, no qual faço um
acompanhamento de 20h semanais com um aluno de 12 anos, que apresenta diagnóstico
de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O principal objetivo desse trabalho é
relatar percepções relacionadas à inclusão da educação especial encontradas dentro da
comunidade escolar, apresentando os pontos positivos e os desafios notados durante o
estágio, fazendo conexão com referências bibliográficas. Aborda-se um estudo
qualitativo e exploratório, do tipo relato de experiência, no qual foi utilizado
levantamento de dados através de referências bibliográficas e pesquisa em campo. As
pesquisas bibliográficas foram a partir do artigo ‘Inclusão Escolar: representações
compartilhadas de profissionais da educação acerca da inclusão escolar’ de Gomes e
Rey (2007) e Revista da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva do Brasil (2008). A pesquisa em campo foi realizada através da
experiência de estágio, no qual se observou de forma minuciosa a educação especial na
escola em questão, especificamente uma criança com Espectro do Autismo. O sistema
educacional brasileiro passa por transformações para tornar-se sistemas educacionais
inclusivos. A escola em questão, possui auxílio de cuidadores, professoras de reforço e
salas de atendimento educacional especializado AEE, que são medidas consideradas
facilitadoras, porém ainda contam com alguns déficits nesse processo de inclusão,
principalmente relacionada à qualificação precária dos profissionais da instituição, que
por diversas vezes não sabem como lidar com os comportamentos da criança, além
disso inúmeras vezes a criança fica fora da sala de aula, apenas com cuidadores, sem
vínculo socioafetivo com os outros alunos. A educação é um direito de todos,
igualmente se faz o sistema educacional inclusivo que deve garantir pleno acesso às
crianças com deficiência uma instrução de qualidade. Apesar das dificuldades e falhas
ainda encontradas no sistema de ensino, é necessário garantir a presença desse educando
em instituições escolares, compreendendo as condições e habilidades do aluno e
proporcionar em suas bases o respeito, qualificação de professores e do ambiente para
acolher esta criança.
Palavras – chave: Inclusão. Autismo. Educação.

63
A MONITORIA COMO UMA FERRAMENTA NAS AULAS
PRÁTICAS DE LABORATÓRIO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em
Psicologia.
Késsia Kimberly Bezerra do Vale Sousa
Joel Bruno Angelo Rocha
Merivalda Doroteu Silva
A neurociência é a área que estuda as estruturas, bem como as funções do sistema
nervoso central. No curso de Psicologia do Centro Universitário INTA (UNINTA), esta
se divide em Neurociências I e II, no, qual a Neurociências I estuda as estruturas
anatômicas do sistema nervoso central, para assim associar suas funções. Desta forma, o
Presente trabalho apresenta um relato de experiência na qual foi desenvolvido através
das aulas práticas de monitoria da disciplina de Neurociências I. As aulas práticas foram
realizadas no Laboratório de Anatomia do Centro Universitário INTA (UNINTA), com
propósito de estabelecer uma autonomia na demanda da docência, oportunizando
saberes adquiridos na teoria para serem especificados e indenizados na prática. O
trabalho tem por objetivos analisar o desempenho da aula prática sobre o conteúdo
Sistema Nervoso Central ministrado pelo monitor, para assim, desenvolver o incentivo à
docência. Como também, estruturar e analisar os aspectos envolvendo a disciplina de
Neurociências I. O método de pesquisa utilizado é de natureza qualitativa e explicativa,
neste sentido, utilizando ferramentas do laboratório para auxílio na demanda da prática
como as peças anatômicas, das estruturas encefálicas; e slides expondo sobre o
conteúdo, assim para realizar a prática com os alunos do segundo semestre. Desta
forma, foram analisados conceitos de MACHADO (1993). A monitoria é um projeto
excelente para o incentivo à docência preparando o aluno para o ensino, a disciplina de
Neurociência I resultou em aspectos práticos das estruturas, funções, mecanismos
moleculares, dentre outros. A prática explorava as estruturas e funções do Sistema
Nervoso Central como a medula espinhal, tronco encefálico, mesencéfalo, diencéfalo e
telencéfalo. Desta forma, tornando a prática um divisor de saberes para o entendimento
das teorias com a análise de cada elemento estrutural ou funcional observado nas peças.
Nesta Perspectiva, o ambiente influencia nas demandas exigidas para melhor
aprendizado e colaboração dos conteúdos que são, de certa forma, instigantes a pesquisa
desde um sentimento até uma doença anatômica encefálica. A experiência como
monitor ministrando a aula prática caracteriza-se por ferramentas de aprendizagem
satisfatória nas demandas exigidas, juntando toda base teórica para o entendimento das
peças com localização e entendimento funcional das mesmas. Então, a monitoria prática
é de um alcance a ser atingindo com os estudos e questionamentos que se fazem
presente dentro da disciplina.
Palavras – chave: Neurociência. Monitoria. Prática.

64
A POLÍTICA SOBRE DROGAS NO BRASIL:

BIOPODER, ESTIGMATIZAÇÃO E RESISTÊNCIA

Eixo Temático: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Leandro de Jesus Araújo Júnior
Bruno Alves Frota
Esse estudo resulta da discussão de textos, entrevistas e análise de documentos sobre a
temática da construção da Política Nacional sobre Drogas - PNAD e objetiva analisá-la,
em sua construção e vigência, com foco no fenômeno da biopolítica, portanto, sob a
ótica da pesquisa foucaultiana, onde apontaremos os caminhos que levaram o consumo
abusivo de substâncias psicoativas se tornar uma preocupação do Estado, que passa a
estabelecer medidas de controle sobre este fenômeno social. Ou seja, tal prática sendo
vista como uma ameaça à vida da população e à ordem social, passa a ser, em algum
momento da história, uma preocupação do Estado, que busca formas de manter controle
sobre estes sujeitos, a priori, trancafiando em manicômios e hospitais psiquiátricos
assim como o faziam com o dito “louco”. A psiquiatria, como instituição, foi grande
aliada nos movimentos de temperança e proibicionistas do século XX, contribuindo na
criação de uma imagem da pessoa que faz uso de substâncias psicoativas como uma
pessoa fraca de caráter, doente, inapto a uma vida em sociedade. No Brasil, a
perspectiva do uso de substâncias como doença psiquiátrica vem desde a década de
1920, com a influência dos movimentos antidrogas, e das ligas de higiene mental, que
começaram sua atuação sobre a perspectiva do tratamento de usuários abusivos de
álcool. O tratamento dessas pessoas consistia da perspectiva manicomial de isolamento.
Em Sobral - CE, nos anos que compreendem de 1974 a 2000, tivemos em
funcionamento o Hospital Psiquiátrico Casa de Repouso Guararapes, principal
instituição de atendimento a saúde mental na região Norte do estado, que recebia
diversos casos de internamentos com pacientes em condição de uso de substâncias
psicoativas, a maioria deles do sexo masculino. Diante dos inúmeros registros de
violações dos direitos humanos ocorridos nessas “instituições de sequestro”, mediante o
impacto dos movimentos de reforma psiquiátricas ocorridos no Brasil a partir da década
de 1980, novas estratégicas de políticas públicas começaram a ser pensadas,
principalmente com a instituição da Magna Carta de 1988, que passassem a atender os
sujeitos etílicos de forma mais humanizada. A proposta da Política de Redução de
Danos - RD, inicialmente voltada para os sujeitos aidéticos, foi incorporada pela rede
substitutiva nos Centros de Atenção Psicossociais Álcool e Drogas CAPS - AD. Na
contramão de um atendimento antes pautado na internação compulsória e abstinência, a
RD busca acompanhar os sujeitos sem isolá-los da comunidade e sem impedir o uso da
substância. Recentemente, com o aumento da demanda das comunidades terapêuticas
que se assemelham a instituições manicomiais pelo aspecto restritivo e de isolamento
impostos aos seus usuários, e com os incentivos monetários a partir do estado, vemos
que apesar dos avanços da política nacional sobre drogas em humanizar os sujeitos
nessa situação de sofrimento, ainda existe uma força política de aprisionamento e
regulação dos corpos em nossa sociedade atual. A necessidade de reforçar um avanço de
práticas humanizadas é algo que não pode ser esquecido, pois o seu esquecimento traz à
tona o retrocesso característico da política brasileira.
Palavras – chave: Políticas Públicas. Política Nacional Antidrogas. Saúde Pública.

65
A RELEVÂNCIA DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em


Psicologia.
Kelyane Maria Nascimento Mesquita
Heliandra Linhares Aragão
A atual política educacional brasileira estabelece uma proposta de educação voltada a
todos, com premissa ao atendimento integral dos alunos, independente de suas
diferenças. Dentre os documentos que pautam essa proposta estão mudanças e
reformulações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Há nesse meio os
profissionais da área da saúde, que compõem a Equipe Multidisciplinar que estão
inseridos nas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, no intuito de
mediar e contribuir para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra efetivamente,
promovendo a inclusão. O Serviço Social constitui-se uma das profissões
essencialmente interdisciplinar, que compõem as equipes de APAEs, já que dialoga com
diversas teorias, na busca de responder às indagações oriundas da Questão Social.
Compreender a relevância das equipes multidisciplinares nas APAEs como instrumento
de apoio à educação inclusiva, com foco principal na atuação do Serviço Social. Trata-
se de uma pesquisa bibliográfica que buscou explicar o tema, a partir de referências
teóricas dentro da abordagem qualitativa que possibilita considerações variáveis
relativas ao tema que se pretende abordar. A equipe multidisciplinar é integrada por
profissionais de áreas diversas: pedagogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos,
psiquiatras e assistente sociais. Partilham dos mesmos objetivos voltados para as
necessidades do aluno, relacionando os saberes de forma a contribuir na resolução das
necessidades de cada educando. O Serviço Social caminha para a interdisciplinaridade
desde a sua formação, se constrói historicamente acompanhando a dinâmica social e se
ressignifica a cada espaço sócio-ocupacional ocupado, volta-se a identificar e atender às
demandas provenientes da questão social que perpassa o cotidiano do campo
educacional e ao desenvolvimento de ações socioeducativas junto às famílias, com
objetivo de facilitar a relação interpessoal de seus membros, sua integração na
comunidade e consequentemente a inclusão e identifica-se com a Psicologia por
reconhecer a subjetividade dos sujeitos sociais, construtores e mantenedores das
relações sociais. Diante deste estudo pode-se identificar a importância o trabalho
multiprofissional na busca da educação inclusiva, que é um grande desafio para todas as
áreas. A educação é direito de todos, mas para a inclusão ser efetiva e eficaz é preciso
muitas mudanças. Seria necessária maior capacitação dos profissionais de modo geral
com acesso à especialização na área de Educação Especial, conhecer melhor as
especificidades de cada patologia que provoca uma deficiência no desenvolvimento da
aprendizagem, e saber como agir em naquela realidade. Além disso, é fundamental que
haja uma integração entre as categorias visando o atendimento terapêutico, na educação
e nos cuidados essenciais os atendidos nas APAEs.
Palavras – chave: Serviço Social. Inclusão. Equipe Multiprofissional

66
A UTILIZAÇÃO DA ARTETERAPIA VOLTADA PARA A SAÚDE
PSICOLÓGICA DE ESTUDANTES NO ENSINO SUPERIOR

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


Rosymile Andrade de Moura
Nathássia Matias de Medeiros
A realidade universitária é caracterizada por saturação, sobrecarga, stress e ansiedade,
como produtos de uma cultura do ensino superior e de faltas de estratégias de
enfrentamento disponíveis, podendo essa realidade ser desencadeadora de patologias
físicas e psicológicas e com agravantes de riscos notórios. Diante dos diversos desafios
que lhe são impostos, nem sempre alunos e alunas encontram, no próprio ambiente
universitário, um espaço de elaboração subjetiva das vivências acadêmicas carregadas e
(re)significações de si mesmos com o mundo que o cercam. Intervir na problemática
que acomete os estudantes que é, por muitas vezes, uma ação político-pedagógica
negligenciada. Entretanto, a utilização da arteterapia mostra-se uma potente alternativa
para a ampliação da humanização no ambiente acadêmico. A Associação Brasileira de
Arteterapia a define como um trabalho que se utiliza da linguagem artística como base
da comunicação entre cliente e profissional, através da criação estética e artística em
prol da saúde. Este trabalho tem como objetivo investigar as potencialidades da
arteterapia enquanto estratégia de promoção de saúde psicológica para estudantes do
ensino superior. Trata-se de uma revisão narrativa de literatura sobre a utilização da
arteterapia como métodos terapêuticos e proposta facilitadora do processo de
individuação. Através da análise do material bibliográfico explorado, observa-se que,
com a utilização da arteterapia, torna-se possível não apenas colocar os sujeitos em
contato com seus conteúdos subjetivos, mas também se facilita o processo ensino-
aprendizagem. Esta área de atuação da psicologia mostra-se como uma potente
alternativa, uma vez que, essa modalidade terapêutica trabalha com a consciência
humana. É através da arte que é possível construir e contribuir com a subjetividade
humana. A consumação da objetivação da arteterapia no cenário acadêmico implica no
desenvolvimento da arte como ferramenta facilitadora do processo criativo e dinâmico,
promovendo a saúde mental de maneira dinâmica em um local de lazer e interatividade,
familiarizando o sujeito a uma nova condição auxiliadora da sua trajetória estudantil. A
liberdade do criar tem atribuição positiva e lógica na vivência do discente, por favorecer
um limiar importante no qual ele se encontra livre para buscar sua forma de expressão
proveniente da arte e suas adjacências. Por fim, gostaríamos de considerar que negar a
subjetividade do sujeito é negar seu sofrimento, sofrimento este que poderia, através de
estratégias sistematizadas, ser observado com a finalidade de identificar, no espaço
acadêmico, formas de lidar com condições psíquicas que são muitas vezes naturalizadas
como sendo próprias da vida acadêmica, como ansiedade, o nervosismo e o medo.
Valendo-se de técnicas criativas, a terapia pela arte surge como possibilidade de
desenvolvimento e inovação no cotidiano do estudante. Nessa perspectiva, apontamos
como uma estratégia pedagógica potente o ato de colocar em marcha ações que visem à
promoção do cuidado psicológico em articulação com o lazer, fornecendo um espaço de
convivência e mediação aliados à arteterapia.
Palavras – chave: Sofrimento Psíquico. Saúde Mental. Arteterapia.

67
ANALFABETISMO POLÍTICO COMO UM FENÔMENO DE
MASSA – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS LIMITES DO
CONFORMISMO
Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em
Psicologia.
Joel Bruno Angelo Rocha
Zuylla Margaryda Ximenes Aragao
Josiary Albuquerque Souza
Maria Idene Marques
Bruna Clésia Madeira Neri.
O presente trabalho deriva-se de um Ensaio Crítico realizado na disciplina de Psicologia
Social II Referente à análise de um fato político contemporâneo. Escolhemos, para
compor esteve breve ensaio, o fenômeno do analfabetismo político. Estima-se que o
índice de analfabetismo atinja a 8% da população de 15 anos ou mais, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao falarmos das faces do
analfabetismo percebe-se que é constituído de várias faces que abrange toda a cultura.
Neste contexto, existem três tipos de analfabetos: o analfabeto funcional, o analfabeto
digital e o analfabeto político, este último sendo explorado de diferentes formas e
contextos. OBJETIVOS: O trabalho tem por objetivo os três tipos de analfabetos, como
também, discutir diferentes assuntos como política, alienação, manipulação e
conformismo. METODOLOGIA: O método de pesquisa utilizado é de natureza
qualitativa e explicativa, neste sentido, baseando-se em bibliografia de Guareschi e
coluna de Ruffato da revista El País. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O analfabetismo
político domina todas as esferas do Brasil, não importa o sexo, nível de escolaridade,
nível social, raça, etnia, pois o desinteresse que se apresenta é visível na face dos
cidadãos, desse jeito, tudo fica controlado pela classe dirigente que manipula e empurra
a sociedade, e assim estamos deixando de lado a habilidade de pensar e questionar, tudo
isso dar-se porque, quando o indivíduo é ignorante, ele não percebe nada e tudo para ele
está bom, assim é fácil aceitar as mazelas da sociedade e ser feliz, porque pensar dói.
No entanto, temos um dispositivo que nos controla e nos mostra apenas a confirmação
do que queremos ver, o celular constrói o mapa do nosso dia, não fazemos perguntas,
apenas confirmamos algo que às vezes nem sabemos o que realmente é através de um
simples clique compartilhando que em grande parte são as famosas fake news e
continuamos com o pensamento de ser o dono da verdade, porque o errado é sempre o
outro. Consequentemente, o pior analfabeto político é aquele que estar por dentro de
informações, mas não consegue enxergar para questionar tudo ao seu redor e cobrar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: O analfabeto político tem um grande poder para uma
brusca mudança dependendo principalmente de seus pontos de vista, contudo ele não
deve se orgulhar de dizer que odeia política ou tomar partido e se fechar cegamente,
pois mostra a vergonha da ignorância política, ignorância e conformismo cujas questões
sociais são pulsadas, a pobreza extrema, menor abandonado, a violência banalizada,
desvalorização da educação e saúde e o pior de tudo é o político vigarista e corrupto que
não estabelece o papel de representatividade do povo. Enfim, rotulamos tal
comportamento como uma atitude que aborrece as nossas vidas, esquecendo-nos que o
que causa, efetivamente e verdadeiramente, o mal-estar social e cultural, é exatamente o
desinteresse pelo que acontece no mundo político.
Palavras – chave: Analfabetismo. Conformismo. Política.

68
ANÁLISE DA COMUNICAÇÃO FAMILIAR NA PROMOÇÃO DE
RELAÇÕES REFORÇADORAS

Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em


Psicologia.
Lara Laís Cunha Feitoza
Ana Mara Farias de Melo
A família está presente em todos os grupos sociais e introduz o indivíduo nas práticas
culturais que regulam a vida em sociedade. Para a Análise do Comportamento
representa uma agência controladora que regula as práticas educativas e estimula
habilidades sociais necessárias para evitar o surgimento de problemas comportamentais.
Dentro deste arcabouço teórico, a família deve ser considerada em uma perspectiva
histórica, inserida em um contexto social que envolve a política, a economia, a religião,
a educação, as tecnologias e o sistema midiático, assim, a interação entre os familiares,
considera o amplo contexto social. Por esse motivo, a importância da comunicação nas
relações familiares é atemporal e necessária no desenvolvimento de comportamentos
socialmente habilidosos, pois a comunicação permite que os responsáveis entendam
sobre como os filhos se sentem em relação ao mundo e as mudanças que os acontecem
no cotidiano, orientando-os sobre como lidar com as adversidades e emoções as quais
estão sujeitos constantemente. Dessa forma, este trabalho analisou a importância da
comunicação familiar na produção de relações reforçadoras, assim como, a correlação
entre o repertório de habilidades sociais entre responsáveis e filhos e os problemas
comportamentais a partir da falta de comunicação, tendo em vista que as relações estão
se modificando em decorrência das transformações pelas quais as famílias têm passado
na contemporaneidade. Trata-se de uma pesquisa teórica e descritiva, embasada no
referencial da Análise do Comportamento a partir em dados encontrados na literatura.
Nos textos foram observadas que as alterações na comunicação familiar estão em
função da dificuldade de conciliar rotina de trabalho e estudo, redes sociais e exposição
da criança a práticas parentais inadequadas, assim como relações escassas de
reciprocidade entre a família. O comportamento verbal, a comunicação são ferramentas
humanas muito poderosas e podem unir ou afastar, promover a cooperação ou gerar a
competição. A família opera por meio de práticas de controle, lançando técnicas de
reforço e punição. A comunicação familiar pode funcionar como reforço positivo à
medida que cria condições para construção de repertórios socialmente habilidosos e
regras claras, auxiliando a criança ou adolescente desenvolver relações sociais
saudáveis diariamente. Porém, pode funcionar também como reforço negativo,
colaborando para o desenvolvimento de problemas comportamentais, como depressão,
ansiedade, comportamentos violentos, dentre outros, resultando na construção de uma
sociedade com baixos índices de saúde mental. Portanto, a família como uma agência
controladora tem a responsabilidade de estimular a comunicação que faça sentido para
ambos e assim promover habilidades sociais por meio do reforço afetivo positivo e
consequentemente reduzir os problemas comportamentais de crianças e jovens na
contemporaneidade.
Palavras – chave: Comunicação Familiar. Habilidades Sociais. Problemas
Comportamentais

69
ANÁLISE DO FILME HAROLD E MAUDE: UMA CONCEPÇÃO
DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Eixo Temático: Atuação e Reflexão em Psicologia


Dália Paiva Lopes
Benedita Nádia Silva Pereira
Nathássia Matias Medeiros
Bruna Clézia Madeira Neri
O presente trabalho apresenta uma análise do filme “Harold e Maude: Ensina-me a
viver”, partindo de reflexões de autores da Psicologia do Desenvolvimento, a partir de
uma concepção de desenvolvimento humano em um plano social, biológico e
psicológico. O interesse pela realização deste trabalho surgiu a partir de discussões
realizadas durante a exibição do filme pelo projeto de extensão Luz, Câmera,
Psicologia!, do Centro Universitário INTA. Na película, o personagem Harold vivencia
um processo de transição da adolescência para a vida adulta, enquanto a personagem
Maude atravessa a fase da velhice, momento da vida em que o indivíduo apresenta
maior compreensão acerca da ideia de finitude, a qual Maude encara de forma
incomum, divergindo, assim, da concepção de Harold sobre a morte. OBJETIVO:
Analisar cenas apresentadas no filme e os personagens principais a partir de teorias do
Desenvolvimento Humano. METODOLOGIA: Este trabalho trata-se de uma pesquisa
qualitativa e documental, uma vez que tem como corpus um filme. Para análise dos
dados, partiu-se de uma pesquisa bibliográfica das obras de Erik Homburger, Erikson e
G. Debert. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O filme narra a história de um romance
entre um adolescente e uma idosa com perspectivas de vida e visões de mundo distintas.
Harold tem 20 anos, pertence a uma família rica e mora com a mãe viúva. Apresenta
comportamento suicida e tem como prática de lazer frequentar velórios e encenar a
própria morte. Conhece Maude em um velório de um desconhecido de ambos. Ela põe
em prática o verdadeiro significado de “carpe diem”. Foi possível compreender que a
adolescência de Harold é marcada por formas exageradas de explorar sua identidade.
Neste período da vida, existe certa predisposição a uma personalidade insegura, confusa
e perturbada, além de conflitos com os pais e demais pessoas do convívio. Contudo,
por apresentar este comportamento, o personagem acaba afastando-se do convívio
social. Maude é uma senhora de 79 anos que se encaixa muito bem na expressão “idoso
ativo”, pois está sempre feliz e valoriza suas experiências. A cada cena, ela ensina algo
a todos que se aproximam, deixando evidente atitudes de um ser ativo que ainda está
construindo sua história com entusiasmo vital. O envelhecimento é entendido a partir de
aspectos biológicos e cronológicos, sendo um processo progressivo e dinâmico, com
evidência de modificações funcionais e psicológicas. A personagem contradiz o
discurso preconceituoso que coloca a velhice em um lugar de inferioridade, bem como
representa o idoso como sujeito improdutivo e passivo ao tempo. Ao conhecer Maude
em um velório, Harold começa uma amizade que se tornou uma história de amor.
CONCLUSÃO: Pudemos concluir que a velhice pode ser caracterizada por eventos
negativos ou positivos, dependendo de aspectos sociais, culturais e psicológicos. Maude
apresenta atitudes positivas, mostrando relações dinâmicas que evidenciam um
autoconceito de sua personalidade. Já Harold, apesar de estar na “flor da idade”, pode-se
dizer que tem um “espírito de velho”, mostrando-se negativo em relação à vida.
Palavras – chave: Psicologia do Desenvolvimento. Filme. Desenvolvimento Humano.

70
AS CONTRIBUIÇÕES DOS INSTRUMENTOS PROJETIVOS NA
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


Sabrina Madeira Ponte
Barbara Vitória Aguiar Lima
Francisca Hyana Braga Vasconcelos
Ana Karine Sousa Cavalcante
A avaliação psicológica é um processo que envolve a avaliação de fenômenos
psicológicos mediante a utilização de técnicas e testes psicológicos. Diante disso, o
processo de avaliação psicológica utiliza-se dos testes que podem ser classificados
como projetivos, expressivos e psicométricos. As técnicas projetivas são voltadas para a
compreensão do indivíduo de forma peculiar e subjetiva, por meio da concepção de
projeção como uma possibilidade de avaliar o sujeito de uma forma mais dinâmica.
Investigar, por meio de uma pesquisa bibliográfica, as perspectivas dos instrumentos
projetivos na avaliação psicológica e como os resultados avaliados dos testes podem
contribuir efetivamente para indicar causas dos conflitos internos e maneiras necessárias
para auxiliar a pessoa no conhecimento mais efetivo da personalidade. Foi realizada
uma pesquisa bibliográfica integrativa nas bases de dados: Scielo, BVS e Pepsic.
Utilizou-se como descritores as seguintes palavras: “avaliação psicológica” e
“instrumentos projetivos”. Diante da leitura dos artigos e estudos feitos sobre os
instrumentos projetivos em processos de avaliação psicológica, expõe-se que os testes
projetivos são instrumentos de medidas projetivas e objetivas que se voltam para a
compreensão do sujeito de forma individual e subjetiva, na qual surge a partir de um
conceito psicanalítico de projetar no outro ou expulsar de si sentimentos que estão
internalizados e que por vezes o sujeito recusa admitir, que para Freud é uma forma do
organismo se proteger. Assim, por meio da percepção de projeção juntamente com o
que o sujeito é capaz de demonstrar com essas ações, estudiosos montaram instrumentos
capazes de ter acesso ao que é interno do indivíduo como, por exemplo: T.A.T, H.T.P,
Palográfico e Pfister, sendo capaz de compreender os sofrimentos psíquicos que
resultam de algo manifestado para fora, logo, por meio das técnicas projetivas foi
possível aprofundar os conhecimentos, pois utiliza-se da fala da pessoa, e há uma
aproximação maior do cliente com psicólogo, pois requer uma atenção voltada para a
interpretação dos testes nos aspectos singulares sejam biológicos, psicológicos, sociais e
histórico.
Palavras – chave: Avaliação Psicológica. Instrumentos Projetivos.Testes.

71
AS POSSÍVEIS MUTABILIDADES DO SER: UMA ANÁLISE A
PARTIR DA PERSPECTIVA HEIDEGGERIANA DIANTE DA
IDEIA HODIERNA DE SUBJETIVIDADE

Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em


psicologia.
Thamyles de Sousa e Silva
Ana Beatriz Carlos Barbosa
Ana Isabelle Carlos Barbosa
Túlio Kércio Arruda Prestes
O objetivo do estudo consistiu em analisar os modos como a subjetividade tem sido
descrita na contemporaneidade, através do filme-documentário “Jim & Andy: The Great
Beyond” à luz da perspectiva Heideggeriana sobre a ideia de uma subjetividade fluida e
flexível. Destarte, procurou-se selecionar no filme discursos e cenas que se
relacionavam com os conceitos de Heidegger, no que concerne as mutabilidades da
subjetividade no contexto hodierno e das possibilidades existentes de estar sendo.
Buscou-se fazer uma análise fílmica, tendo como corpus de pesquisa o filme-
documentário “Jim & Andy: The Great Beyond”. A lente teórica que orientou a análise
do filme foram os escritos de Heidegger, e de comentadores de sua obra. Apresenta-se a
relação da teoria Heideggeriana por meio de uma forma empírica através do filme-
documentário que retrata o processo de Jim Carey para compor um personagem. O
filme em questão retrata o processo experienciado por Jim Carey ao gravar um filme em
que interpreta o comediante Andy Kaufman. Durante o processo de preparação e
produção do filme, Jim Carey decide não apenas representar Andy Kaufman durante as
gravações, mas tentar viver todos os momentos do dia como se fosse o próprio Andy
Kaufman. Em um exato momento do filme, Jim Carey reflete que se lhe foi tão fácil
viver como Andy Kaufman por alguns dias, seria porque em nossa vida ordinária
também criamos personagens de quem somos. Com esta ideia, Jim Carey pretende
afirmar que da mesma forma que sua interpretação de Andy Kaufman era uma
invenção, o próprio Jim Carey, na chamada vida real também seria uma invenção. Com
efeito, construímos a falsa ideia de um eu estático, preexistente, quando a subjetividade
é fluida e (re)criada continuamente. Ao fazermos uma analogia através da óptica de
Martin Heidegger por meio de seus estudos de ser (fluxo) e de ente (findo), tem-se que
o sujeito ao assumir papéis e não agir através do ser-aí (Dasein) passa a estabilizar-se e
a limitar-se. O ator faz referência de que criamos um avatar e ao satisfazermos as
pessoas por meio dessa criação isso nos faz esquecer-se de nossos problemas e, em
decorrência disso, posteriormente, temos que nos desfazer de tal concepção, pois, esta
também não é quem somos. Em concordância a isso, utiliza-se como embasamento o
conceito de estar sendo e de ser-no-mundo que, para Heidegger, caracteriza-se na
prática do sujeito em buscar construir-se rotineiramente e não se parametrizar, tendo em
vista que ao fazer isso irá tornar-se um ente, e ainda de acordo com a perspectiva
Heideggeriana: um ser-para-a-morte. Diante disso, o propósito pretendido através do
conteúdo abordado, é o de que o sujeito possui oportunidades de mudanças, visto que
pode velar-se e desvelar-se. Ademais, que o indivíduo por meio das projeções
existenciais pode fazer questionamentos acerca do próprio ser. É desejável que o
conteúdo exposto contribua para a visão da experiência em meio às realidades repletas
de contrastes existentes e que compõem a existência humana para que o sujeito possa
ser-aí (Dasein).
Palavras – chave: Subjetividade. Heidegger. Mutabilidade.

72
ATENDIMENTO PSICOLÓGICO ONLINE: PERCEPÇÃO DOS
ESTUDANTES DE PSICOLOGIA DO UNINTA SOBRE A
RESOLUÇÃO 11/2018

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


Helane Brasil Arruda
Karla Waldienia Aves Pinto
Rosymile Andrade de Moura
Marcelo Franco e Souza
No dia 11 de maio de 2018, o Conselho Federal de Psicologia regulamentou o
atendimento psicológico a ser realizado por meios de comunicação online. O olhar
preocupado dos futuros profissionais de Psicologia do Centro Universitário UNINTA de
Sobral- CE voltou-se para essa modalidade de atendimento, à medida que se discutia em
sala de aula sobre esse tema. A finalidade desta pesquisa é retratar a percepção dos
acadêmicos de Psicologia em relação aos possíveis problemas em torno deste novo
meio de atendimento psicológico. O presente trabalho trata-se de uma pesquisa
descritiva exploratória, de natureza qualitativa com a técnica do Focus Group e
bibliográfica, na qual é debatido que as novas tecnologias se fazem cada vez mais
presentes em todos os âmbitos cotidiano, e, que assim, chegou como possibilidade de
atendimento psicológico com todas as suas implicações. Foi perceptível o incômodo por
parte dos futuros profissionais de Psicologia, uma vez que essas discussões realizadas
em sala de aula sempre se direcionam a falar sobre como o ambiente virtual
reconfigurou o modelo de relações sociais. Pode-se citar, como exemplo, o fato que as
redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter, entre outros, podem aproximar
pessoas que estão distantes fisicamente, porém é relevante refletir sobre o que essas
redes de relacionamento estão causando nas relações interpessoais dos indivíduos que
estão próximos. Assim, é questionado sobre essa separação entre o Psicólogo e o
paciente pelo atendimento online dado à necessidade do contato quando houver
determinados imprevistos e demandas, abrangendo ambos os lados, optando-se por esse
tipo de atendimento e, claro, por outro lado, suas possibilidades de ampliação de
atendimento. Essa discussão, no entanto, sempre precisa levar em conta essas novas
tecnologias de mediação social de relações. Em um mundo onde a popularidade de um
indivíduo é medida por likes, e pelo número de amigos (virtuais ou não), a Psicologia
enquanto ciência e como prática clínica se preocupa em entender as relações sociais,
inclusive as mediadas pela tecnologia e os efeitos sobre o indivíduo, que com a falta
desse contato presencial pode afetar o desenvolvimento da subjetividade e afetar a saúde
mental. Com essa transfiguração no processo de sociabilização entre o indivíduo e o
social, é possível perceber a transição no processo das relações sociais para uma relação
“superficial”, o que pode, por extensão, trazer problemas para a modalidade de
atendimento online, algo que precisa ainda de muita discussão na academia e por parte
dos profissionais de psicologia.
Palavras – chave: Clínica. Atendimento Online. Relações Sociais.

73
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E SUAS FERRAMENTAS
PSICOMÉTRICAS COMO FATOR IMPORTANTE NA
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


Rayane Duarte Coêlho
Ana Karine Sousa Cavalcante
Joel Bruno Angelo Rocha
Josiary Albuquerque Souza
Thaissa Aguiar Boto Vasconcelos
É notório que durante a trajetória humana faz-se necessário a tomada de decisões que,
de certa forma, ocasionam impactos nas relações pessoais. Sendo assim, é na
adolescência que surgem as primeiras indagações sobre a vida em sua esfera global e
principalmente acerca do contexto profissional, haja vista que é um fator de bastante
preocupação no meio juvenil. Logo, é importante que se desenvolva programas de
orientação profissional possibilitando ao orientando conhecer a si mesmo. Nas escolas
de ensino médio é comum que os jovens sejam capacitados para adentrar ao contexto
profissional, mas sem nenhum planejamento e sem experimentar conhecer as
multiplicidades das profissões. Nesse contexto, é interessante que se desenvolva com
esse público que almeja uma orientação profissional uso de testes psicométricos que
avaliem construtos de personalidade, como por exemplo, a Bateria Fatorial de
Personalidade -BFP, que avalia o sujeito em diferentes níveis possibilitando um
direcionamento para aquilo que mais se adequa as características do avaliando no
contexto profissional. O objetivo da presente pesquisa é investigar a relevância da
utilização de testes psicológicos no processo de orientação profissional e enfatizar o
papel do psicólogo com suas ferramentas de avaliação psicológica no auxílio da escolha
profissional. Foi realizada uma revisão bibliográfica para obtenção de dados
significativos da temática proposta. Utilizou-se como banco de dados o Scielo, por meio
de pesquisa com os seguintes descritores: “avaliação psicológica” e “orientação
profissional”. É evidente os altos índices de jovens e até mesmo adultos que passam por
experiências ruins no âmbito profissional, experiências estas que carregam por toda uma
vida e, por conseguinte surge as consequências de escolhas más sucedidas. Dessa forma,
por falta de conhecer o mundo a sua volta e a si mesmo, faz-se necessário a utilização
da avaliação psicológica e suas ferramentas psicométricas possibilitando assim a forma
adequada para essa tomada de decisão, evitando situações desagradáveis e processos de
não identificação com a profissão escolhida. Os testes psicológicos desempenham um
papel fundamental no contexto proposto, pois neles é perceptível avaliar o examinando
em diferentes níveis de sua totalidade, auxiliando a compreender que suas decisões
impactam não somente a si mesmo como também suas relações interpessoais. Nesse
contexto, uma escolha bem-sucedida é fundamental para tornar sujeitos deliberados com
suas decisões, proporcionando uma satisfação e diminuindo os altos níveis depreciativos
e de adoecimento psicológico presentes nos sujeitos que compõem a sociedade.
Palavras – chave: Avaliação Psicológica. Orientação Profissional. Testes
Psicométricos.

74
BACKLASH CONTRA O MOVIMENTO FEMINISTA: UMA
ANÁLISE DOS ATAQUES AO FEMINISMO NO FACEBOOK

Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistência.


Bruna Letícia Pinho Rodrigues
Lorena Kelly Moreira Lira
Socorro Taynara Araújo Carvalho
Nathássia Matias de Medeiros
O Movimento Feminista surge no século XIX, com a “Declaração dos Direitos da
Mulher e da Cidadã”, escrito pela feminista francesa Olympe de Gouges, em 1791. A
partir de então, o Feminismo espalhou-se pelo mundo ganhando novas formas e
conquistando diversos direitos. Nesse sentido, o Feminismo da contemporaneidade se
subdividiu em três ondas, cada uma delas é descrita como preocupada com diferentes
aspectos do mesmo movimento. A presente pesquisa tem por interesse elucidar os
movimentos reacionários, conhecidos como backlash, contra o Movimento Feminista
em meio às redes sociais, além de fazer recortes históricos do Feminismo, no caráter de
entender e quebrar tabus perante a sociedade. O presente trabalho possui como objetivo
apresentar discussões sobre os ataques desenfreados que o movimento feminista sofre
diante das redes sociais, analisando comentários de uma página específica,
demonstrando de forma objetiva o quanto essas falas podem ser perigosas por criar
representações sociais ao movimento que o deslegitima, além de criar estigmatizações e
categorizações que estão distantes daquilo que a luta feminista propõe. Trata-se de um
estudo qualitativo e exploratório, no qual utilizamos um estudo bibliográfico e a análise
minuciosa de comentários de uma página da mídia social Facebook. Analisamos a
página de grande visibilidade do Facebook chamada ‘Feminismo Revolucionário’, da
qual foram analisados os comentários das postagens feitas durante dois anos, no ano de
2017 e 2018, com o recorte de sete postagens, com grande número de curtidas e
comentários. Analisando as postagens da página ‘Feminismo Revolucionário’, notamos
que há diversos comentários difamatórios e que incitam a violência abertamente. Estes
comentários eram, em sua grande maioria, realizados por perfis masculinos adeptos às
ideologias políticas ou religiosas, dos quais utilizavam essas linhas de pensamento
como justificativa para suas “críticas”. São notórias as representações sociais criadas
sobre o Movimento Feminista. Aqueles que não são conhecedores do contexto histórico
e atuante do Movimento podem facilmente se deixar levar por essas falas, que se
repetem no senso comum, sendo as redes sociais não apenas uma forma de propagação
de ideias errôneas sobre o Feminismo, como também um espaço utilizado para atacar de
forma violenta os adeptos do Movimento, afinal é mais fácil fazer isso quando se está
por trás de um celular ou computador, pois isso faz com que esses sujeitos sintam-se
confortáveis ao denegrir a imagem de uma luta na qual eles não acreditam e da qual não
fazem parte. Portanto, o Feminismo nas mídias sociais sofre ataques todos os dias.
Comentários e postagens sobre o movimento, de pessoas visivelmente leigas, é algo
corriqueiramente observado. Diante disso, é fundamental que façamos uma
desconstrução e propagação daquilo que o Movimento Social Feminista propõe, fugindo
de dicotomias que enfraquecem a luta.
Palavras – chave: Movimento Feminista. Facebook. Backlash.

75
COMPORTAMENTO DE AUTOMUTILAÇÃO UMA
EXPERIÊNCIA DE SOFRIMENTO NA ADOLESCÊNCIA: UM
OLHAR REFLEXIVO E ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO

Eixo temático: Atuação e Reflexão em Psicologia.


Benedita Nádia Silva Pereira
O presente trabalho pretende despertar uma reflexão ao comportamento de
automutilação na adolescência quanto problemática de saúde pública. Enfatizando que a
automutilação é caracterizada por ação de causar cortes superficiais na pele por não
suportar grandes cargas emocionais. Conceituar como as experiências de sofrimento na
adolescência podem contribuir para os adolescentes praticarem a automutilação. E que o
ato agressivo no corpo não se configura propriamente quanto uma tentativa de suicídio,
mas sim uma expressão de sofrimento psíquico. A partir de estudo na graduação de
Psicologia que com base de leitura na obra intitulada O Psicólogo e a Escola: Uma
introdução ao estudo da Psicologia Escolar; de M. Correia e R.H Campos. Foi possível
constatar que a automutilação é resultado de frustrações decorrentes cobranças
emocionais e sociais. Sabemos que a literatura científica de Menninger descreve que
desde 1934 sobre uma visão teórica Psicanalítica que algumas pessoas utilizavam a
automutilação como uma forma de tranquilizar-se para evitar o suicídio. No ano de
1970 tornou se um assunto de interesse clínico e de pesquisa para Psicólogos e
Psiquiatras. A partir de leituras Psicanalistas em especial do autor Menninger,
entendemos que o comportamento de automutilação merece um olhar mais aprofundado
por se apresentar com cada vez mais frequência na atualidade especialmente nos
espaços escolares. Soma-se a isso o fato de que tal fenômeno era manifesto
essencialmente na adolescência, agora se constata uma maior frequência da prática da
automutilação por crianças. É definida como comportamento intencional sem intenção
suicida. Os adolescentes não conseguem com palavras expressar a dor da angústia e
sofrimento interno causado pelas cobranças da sociedade. É uma maneira disfuncional
que os adolescentes e jovens encontram para enfrentar problemas. A automutilação está
associada a outros transtornos psiquiátricos, pois existem variações psicossociais e
biológicas. Referente ao crescimento estatístico existe um apêndice no DSM-5 que
utiliza seis critérios para diagnosticar o transtorno. Existem vários transtornos mentais
que estão relacionados ao comportamento de automutilação, estando associado à
depressão, bulimia, anorexia e transtorno de personalidade borderline. Foi
compreendido que o comportamento de automutilação é uma tentativa de aliviar o
sentimento de angústia e dor causadas por tensões do meio externo e interno, pois
transforma a “dor moral” em “dor física”, dá um substrato à culpa ou à dor. A atuação
do Psicólogo frente à problemática visa ajudar o paciente a encontrar maneiras para
lidar com frustrações. Na Psicologia existem diferentes perspectivas e cada uma delas
vai propor alguma intervenção em função de sua práxis. Levando em conta que as
expressões em relação a queixas na clínica são particulares a cada sujeito, segundo a
Psicanálise a “cura pela fala” referenciada por Freud se mostra como espaço em que o
sujeito por excelência pode pôr em palavras essa dor que ora ele tendia a transformar
em atuação por meio da automutilação.
Palavras – chave: Adolescência. Automutilação. Atuação do Psicólogo.

76
DOGMATISMO OU ECLETISMO: A PERCEPÇÃO DOS
ESTUDANTES DE PSICOLOGIA SOBRE A ESCOLHA DA
ABORDAGEM

Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em


psicologia.
Karla Waldienia Alves Pinto
Helane Brasil Arruda
Rayanne Pereira Carvalho
Evanir de Freitas Maranhão
Túlio Kércio Arruda Prestes
A multiplicidade teórica é uma característica marcante da forma como a psicologia
enquanto ciência e profissão vêm sendo constituída. Em meio a essa pluralidade
recorrentemente é exigido dos acadêmicos que durante sua formação estes optem por
uma das teorias psicológicas, também denominadas de abordagens, dentre as três
grandes vertentes podemos destacar as teorias: psicanalíticas, comportamentais e
humanísticas. Diante da pressão exercida para que se escolha uma das abordagens,
Figueiredo na obra “Revisitando as psicologias” destaca que muitas vezes psicólogos e
estudantes de psicologia têm se utilizado de posturas ecléticas ou dogmáticas, em
relação às abordagens, como formas de se defender do sentimento de angústia gerado
pela necessidade da escolha. É, pois, no dilema entre o ecletismo (uso indiscriminado de
conceitos e métodos de diferentes abordagens psicológicas) e o dogmatismo (aceitação
inquestionável de apenas uma teoria psicológica e indiferença em relação às críticas
externas a essa abordagem), apesar dos inúmeros problemas que trazem consigo, que os
acadêmicos de psicologia costumam se fiar para tentar lidar com a angústia gerada
diante da multiplicidade do saber-fazer psicológico. O intuito deste estudo é analisar a
percepção dos estudantes de psicologia do 4º semestre de uma instituição de ensino de
superior sobre a necessidade de escolha de uma abordagem teórica e compreender que
sentimentos são relatados pelos estudantes em decorrência desta escolha. Foi realizada
uma entrevista estruturada através de questionário aplicado com 20 alunos que estavam
no 04º semestre do curso de psicologia. O questionário era composto por 06 perguntas
objetivas que visavam avaliar como os discentes compreendiam o ecletismo e o
dogmatismo, e 1 (uma) pergunta subjetiva, na qual os alunos teriam a oportunidade de
ficar livre para expressar seus sentimentos em relação à necessidade de escolha de uma
abordagem. Os resultados obtidos com a pesquisa demonstram a insegurança, por parte
dos estudantes, quando questionados sobre qual postura profissional seguir. Após coleta
de informações constatou-se que 63% dos estudantes relataram se sentir angustiados em
ter que escolher, ainda na graduação, uma abordagem teórica. Na pergunta subjetiva as
respostas foram similares. Os alunos que defendem a escolha de uma abordagem teórica
dizem que esta funciona como uma lente que o psicólogo usa para ver o mundo, sendo
essa escolha importante para que possam aprofundar seus conhecimentos. Os alunos
que se posicionaram contra essa escolha afirmam que essa situação deixa os alunos
confusos, pois as abordagens divergem e partem de princípios diferentes causando a
sensação de angústia e insegurança. Dada a centralidade que este assunto ocupa na
formação em psicologia, este trabalho demonstra o quanto situações de escolha podem
causar um sentimento de angústia no ser humano. Os resultados obtidos com a pesquisa
comprovam ser necessário desenvolver-se uma rede de apoio para ajudar esses
estudantes durante sua trajetória acadêmica. O saber psi vai muito além de se limitar a
escolha de uma abordagem teórica, pois a psicologia tem o papel de estimular toda e

77
qualquer forma de reflexão e, dentre tantas outras questões, auxiliar no
autoconhecimento.
Palavras – chave: Dogmatismo. Ecletismo. Psicologia.

78
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CONTO “A TERCEIRA
MARGEM DO RIO” RELACIONADOS À MELANCOLIA NA
PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em


Psicologia.
Vanessa Cunha Santiago
Paulo Alves Parente Jr
Ao trazer o conto “A terceira margem do rio” de Guimarães Rosa para análise,
buscamos entender que elementos da clínica da melancolia se atualizam na escrita de
Rosa. Ao invés de propor uma análise do autor pela obra ou dos personagens
envolvidos, intentamos entender como os elementos do texto se aproximam da
melancolia enquanto estrutura clínica. Para isso, aproximamos a estrutura de uma
análise à estrutura de uma narrativa e a partir daí estabelecemos laços que, desde Freud,
estreitam-se entre as duas disciplinas, a saber: psicanálise e literatura. Essa aproximação
entre uma análise e uma narrativa se efetiva na medida em que, no movimento mesmo
de fazer o outro se apropriar da nossa fala em análise, construímos uma história voltada
ao ouvir desse outro, respondendo perguntas e oferecendo detalhes para que o ouvinte
se aproprie da nossa narrativa. Este ensaio se propõe a investigar as relações existentes
entre a estrutura melancólica e o conto rosiano. O conto trata de um filho que está
sempre remetido à ausência de seu pai, desde sua abrupta mas decidida partida para o
rio. Contando com a metodologia em psicanálise, que se distancia da metodologia
acadêmica clássica, levantamos questões sobre a clínica da melancolia sem a pretensão
de sermos conclusivos. Para isso, pesquisamos em obras como “A morte do autor”, de
Roland Barthes; “Gradiva de Jensen”, “Introdução ao Narcisismo”, “Luto e melancolia”
de Freud; “A crueldade melancólica”, de Jacques Hassoun; “A relação de objeto”, de
Lacan, dentre outras obras que constam na bibliografia do referido trabalho. Pelo título
do conto temos que uma terceira margem reparte o rio e coexiste junto da ausência do
pai. O pai “diluso”, calado diante de qualquer interpelação, parece silencioso como o
rio. É a partida do pai para o rio que estabelece a terceira margem. A marca da canoa na
água, presente no rio e no coração do filho, inaugura também uma existência dividida
por parte deste e aponta para o que nunca poderá ser -- para a ausência, para a morte. O
que poderia ser mais melancólico que nomear a história de um sujeito com algo não
existente? A identificação com o não-ser, não-existir é de pronto melancólica. O estudo
da melancolia, embora não aprofundado, apresentou-se enquanto possibilidade de
interpretação dos afetos que se apresentam no conto e nos fazem impressão,
especificamente no que se relaciona à melancolia.
Palavras – chave: Melancolia. A terceira margem do rio. Psicanálise.

79
FASES PSICOSSEXUAIS: UMA ANÁLISE PSICANALÍTICA
SOBRE A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Josiary Albuquerque Souza
Joel Bruno Angelo Rocha
Socorro Taynara Araújo Carvalho
Zuylla Margaryda Ximenes Aragão
Nathássia Matias de Medeiros
São múltiplas as teorias sobre como ocorre o desenvolvimento das estruturas psíquicas
no sujeito. Dentre as várias abordagens existentes, temos a Psicanálise, que aposta no
papel da sexualidade enquanto balizadora da estruturação do psiquismo. O presente
trabalho tem como objetivo explorar teoricamente as fases do desenvolvimento
psicossexual infantil na teoria psicanalítica, buscando compreender a constituição do
sujeito. Este trabalho trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa e explicativa,
realizada a partir de uma Revisão Narrativa de Literatura. Neste sentido, tivemos como
base escritos de autores da Psicanálise como Freud, Klein, Lacan e Couto. Foi possível
observar que, na Psicanálise, a noção de sujeito se associa à pulsão sexual. A criança
alcança prazer com atividades que ocorrem diariamente, tais como, a sucção, a
defecação e a masturbação. O prazer da criança é polimorfo, pode ser obtido de várias
formas, pois não têm relação com a reprodução e nem com um objeto sexual. A forma
de obter prazer não é encontrado em um objeto externo, e sim no próprio corpo. O
desenvolvimento psicossexual infantil divide-se, para fins mais didáticos do que
realistas, em fases: Fase Oral, Fase Anal, Fase Fálica, Fase de Latência e Fase Genital.
A Fase Oral dá início à organização infantil. Através da boca o bebê tem o
conhecimento do que está ao seu redor e do seio da mãe, sendo a primeira pulsão
sexual. A Fase Anal tem início quando a criança começa a controlar os músculos
estriados, obtendo prazer ao defecar. A Fase Fálica se dá pela organização infantil
através da libido, quando ocorrerá a supervalorização dos órgãos genitais e o processo
do Complexo de Édipo. Na fase de Latência, o investimento aos objetos sexuais auto
eróticos diminui e a criança volta-se às atividades ligadas à cultura e socialização. Por
último, a Fase Genital que ocorre quando os objetos de excitação sexuais são as zonas
genitais, tais como, pênis e vagina, o sujeito busca o objeto de prazer fora de si. Tendo
em vista as fases psicossexuais e relacionando-as a construção do sujeito, configura-se
como a posição de objeto de desejo de outro sujeito. Em virtude da sexualidade
proposta por Freud, quando ele trouxe essas teorias no começo do século XX,
ocorreram alguns rumores que permanecem ate os dias de hoje, pois há uma dificuldade
de aceitação da sexualidade infantil. A sexualidade na infância não está ligada à
genitalidade, mas ao prazer que é obtido com atividades que acontecem diariamente.
Para a sociedade a infância é um momento de imaturidade e inocência, que fortalece a
ideia do conservadorismo das famílias tradicionais. Portanto, o desenvolvimento
psicossexual de Freud, relaciona-se que nos primeiros anos de vida, a criança tenha as
experiências sexuais infantis, para um melhor desenvolvimento. A vivência dessas fases
é inevitável, essas fases fazem parte do desenvolvimento físico e psicológico do sujeito.
Observa-se que a construção do sujeito está relacionada a si mesmo e ao outro,
cambiando a depender de cada fase psicossexual.
Palavras – chave: Psicanálise. Desenvolvimento. Sujeito.

80
IMPACTOS PSICOSSOCIAIS DAS FACÇÕES CRIMINOSAS EM
ADOLESCENTES: UMA REVISÃO DA LITERATURA ATUAL

Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Nivia Maria Vasconcelos Tavares
Maria Eduarda Sousa Rocha
Anne Graça de Sousa Andrade
Rose-Anne Holanda
O adolescente em conflito com a lei chama a atenção de uma grande parcela da
sociedade. Isso porque os atos infracionais cometidos por esses indivíduos vêm
crescendo e muitas vezes são aliciados e controlados por grupos de facções criminosas
que estão localizados na comunidade em que vivem. A adolescência é uma etapa em
que o ser humano apresenta significativas transformações, necessita de apoio, da
compreensão, da família e da participação do Estado, para que possa fortalecer sua
construção como cidadão autônomo, com senso crítico para trilhar os melhores
caminhos e um reconhecimento social. É importante ressaltar que os jovens que vivem
em situação de vulnerabilidade social, especificamente os jovens da periferia vivenciam
a exclusão social. Sendo estes alguns dos motivos que levam muitos a entrarem nos
grupos de facções criminosas, porque sofrem violação dos direitos, desemprego, fome,
violência, pobreza e dentre outros. Nesse aspecto, para alguns adolescentes é a porta de
entrada para o mundo infracional. Nesse sentido o objetivo desse trabalho é analisar os
impactos psicossociais da inserção dos adolescentes nas facções criminosas. Através de
uma revisão bibliográfica, na base de dados Scielo, foi procurado analisar os impactos
que a violência entre facções causa para o desenvolvimento psicossocial dos jovens.
Buscando compreender a realidade da família e da comunidade. Foram identificados
artigos que relatam sobre adolescência, atos infracionais e processos de trabalho com o
adolescente infrator. A falta de acesso de grande parte da população jovem à educação
de qualidade, cultura e ao mercado de trabalho, são aspectos da desigualdade social, que
reverberam nos comportamentos infratores. Muitos jovens se envolvem no mundo do
crime, porque acham que é o único meio de viver, de ter dinheiro e ser reconhecido,
diante tantos preconceitos. O ato infracional constitui um desvalor social que deve ser
proibido pelo Estado, mesmo quando praticado por pessoas de pouca idade. O
adolescente não cumpre pena, ele passa por uma ressocialização, trabalhando para
ressignificar o ato que ele cometeu e para criar responsabilidade de cuidar de si e ter
melhores escolhas para a sua vida. O adolescente egresso das medidas socioeducativas
demanda apoio psicossocial e necessita reelaborar pensamentos, condutas, sentimentos
e valores, para poder ter um novo convívio social. Para tanto, é premente que a rede de
apoio que sustentou a interlocução de saída do jovem das facções continue buscando,
fora da comunidade, rede de apoio que possam ser incorporadas no processo de ajuda,
ou seja, de cidadania deste jovem. A partir dessa busca foi possível perceber a escassez
de trabalhos que fazem interface especificamente com o adolescente e as facções
criminosas, no entanto existem publicações sobre o adolescente que comete ato
infracional e a psicologia. Dessa forma entende-se a importância de estudar sobre esse
tema, pois atualmente os adolescentes da periferia, em sua grande maioria, ficam
susceptíveis à inserção nas facções criminosas, demandando um trabalho preventivo e
interventivo em prol de uma melhoria da qualidade de vida dos mesmos.
Palavras – chave: Adolescentes. Atos Infracionais. Facções Criminosas.

81
INFLUÊNCIA DO FUNDO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL
(FIES) NO DESEMPENHO ACADÊMICO DOS ALUNOS DOS
CURSOS DE PSICOLOGIA, ODONTOLOGIA E DIREITO: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas em Psicologia.


Ana Beatriz Barros Oliveira
Antônio Francisco Soares Araújo
Emiliana Vale Machado
Sângela Teles Azevedo Chaves
Ana Karine Sousa Cavalcante
O ambiente acadêmico pode ser adoecedor para os discentes, principalmente quando há
excesso de cobranças. Desta forma, percebe-se que o aluno com financiamento
estudantil está mais exposto a situações que o fazem ter demasiada exigência consigo. O
financiamento é importante para a inclusão social, entretanto, alguns alunos pensam em
desistir de frequentar o curso diante da responsabilidade em quitar uma dívida alta. O
objetivo desta pesquisa é verificar se há influência do fundo de financiamento estudantil
(FIES) no desempenho dos estudantes do Centro Universitário UNINTA. Foi realizada
uma pesquisa descritiva e exploratória de caráter quantitativo. Optou-se por entrevistar
alunos dos cursos de psicologia, direito e odontologia, na qual foi selecionada uma
amostragem de 10 alunos por curso tendo um total de 30 alunos entrevistados de 1°, 2°
e 3° semestres dos cursos supramencionados. A escolha dos cursos foi aleatória simples,
já a escolha dos alunos foi estratificada. Foi utilizado um questionário composto por 12
questões objetivas com perguntas formuladas a partir dos temas: medo, ansiedade, medo
de reprovação, medo de perder o benefício, medo de não conseguir quitar a dívida após
se formar. A análise dos dados foi realizada através do software R de estatística. A
pesquisa foi realizada no ano de 2017 no Centro Universitário UNINTA. 73,33% dos
discentes tinham entre 17 e 20 anos, 60% eram mulheres e 83,33% cursavam o 2º
semestre. Quando questionados com que frequência tinham insônia 6,67% tinham
frequentemente e 63,33% as vezes. Em relação ao medo de não conseguir quitar a
dívida do financiamento 66,67% relataram estar nesta situação, dentre estes 40%
relataram que este medo o prejudicava na vida acadêmica. 16,67% dos entrevistados já
reprovaram alguma disciplina, 56% dos entrevistados disseram não ter medo de perder
o benefício por seu índice de reprovação e 76,67% não pensam em desistir do curso pela
pressão do Fies. 76,67% afirmaram que a condição de adepto ao Fies o induz a estudar
mais e 46,67% afirmaram que a adesão ao Fies os tornaram mais independente. Os
resultados finais da pesquisa sobressaíram os nossos pré-conceitos sobre essa temática,
uma vez que, esperávamos maiores medos desempenhados pelos adeptos ao programa,
o que não aconteceu na maioria das respostas dos entrevistados e que o benefício não
prejudica a vida acadêmica destes, pelo contrário, impulsiona ainda mais a busca pelo
melhor desempenho. Entretanto, a pesquisa nos permitiu provar que existe o medo em
relação ao pagamento da dívida futuramente, mas que o mesmo não interfere no seu
desempenho, bem como, o sentimento de independência de ambos os alunos em relação
ao pagamento das mensalidades da instituição, tornando estes, bem mais responsáveis e
maduros.
Palavras – chave: FIES. Influência. Desempenho acadêmico.

82
INTERVENÇÃO GRUPAL INFORMATIVA COM ÊNFASE NA
REUTILIZAÇÃO DE ÁGUA NA CIDADE DE IPU-CE: UMA
PROPOSTA DE REARRANJO DE METACONTINGÊNCIAS
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Ana Beatriz Barros Oliveira
Antônio Francisco Soares Araújo
Fernanda de Oliveira Pereira
Maria Joiciele Pereira Carlos
Túlio Kercio Arruda Prestes
O presente trabalho se dedicou à questão do desperdício de água, pois apesar de
existirem muitas discussões acerca da importância desta na vida humana, poucas se
atentam a instruir didaticamente como evitar o seu gasto exagerado. Além disso,
pretendemos analisar o desperdício de água como uma prática cultural por meio do
conceito de metacontingência. Desta forma, este trabalho se aproxima do campo da
Análise do Comportamento Aplicada, uma vez que tenta através da Análise do
Comportamento intervir sobre a realidade. O objetivo desta intervenção é propor
estratégias para diminuir o gasto de água na cidade de que Ipu-Ceará, por meio de
palestras informativas em bairros da cidade. Destarte, o propósito das palestras é de
orientar estratégias simples e eficazes para a reutilização de água. Para dar suporte
científico à argumentação apresentada neste trabalho, foi utilizado o conceito de
metacontingência de Sigrid Glenn, este nos ajuda a analisar e propor intervenções em
práticas sociais e culturais. Fundamentou nossa hipótese a partir de sua concepção de
entrelaçamento de contingências individuais, pois nosso comportamento não é
determinado apenas por ações individuais e sim por nossa convivência com outros seres
humanos. Observou-se que a cidade de Ipu – Ceará apresenta uma falta de
abastecimento regular de água pelo motivo da cidade ser abastecida por um açude que
em épocas de ausência de chuvas apresenta insuficiência para prover água para a
população. Foi também realizado um estudo a partir do qual foram identificadas as
principais formas de desperdício de água, tais como: lavar calçadas ou carros, bem
como a não reutilização da água. Através da grade de análise que utilizamos, estas
práticas são entendidas como antecedentes, que têm como consequência a falta de água,
caracterizando-se este como um problema social a ser mudado. Com base neste
contexto, planejamos as ações a serem executadas de forma que as pessoas aprendessem
formas novas e simples de economia de água, que teriam como consequência evitar o
gasto excessivo, e como produto agregado dessas práticas a não escassez de água nos
reservatórios da cidade. Ao nos disponibilizarmos a fazer palestras informativas em
cada bairro alcançaríamos um número maior de pessoas, e este fato poderia ser crucial
para o projeto. Nestas informaríamos que hábitos simples podem ser mudados, que a
água poderia ser inclusive reutilizada, e orientaríamos formas de fazê-lo. Como
antecedentes tínhamos pessoas que desperdiçavam água em hábitos simples que
poderiam ser mudados, nossa ação seria informar e instruir a mudar os hábitos e como
consequência estas pessoas gastariam menos água, além de economizar nas suas contas
mensais. A água é fundamental para a sobrevivência, sendo, pois, necessário
analisarmos de que forma a utilizamos, já que determinados comportamentos
individuais de desperdício, em longo prazo, causam como consequência problemas para
toda uma comunidade. Dessa forma é muito importante que a informação esteja ao
alcance da maioria, para que as pessoas entendam que conseguem fazer algo que terá
consequências boas para toda a coletividade apenas mudando pequenos hábitos
cotidianos.
Palavras – chave: Desperdício. Água. Metacontingência.

83
INTERVENÇÕES E ESTUDOS EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA:
RELATO DE EXPERIÊNCIA ACERCA DA IMPORTÂNCIA DA
EXTENSÃO PARA A FORMAÇÃO ACADÊMICA

Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em


Psicologia.
André Sousa Rocha
Maria Suely Alves Costa
As ações de extensões nas universidades compõem o pilar que liga o processo de ensino
e aprendizagem à sociedade, a fim de possibilitar os alunos à aprendizagem por meio de
uma prática e conceder retorno à sociedade de um serviço de qualidade e especializado.
A Avaliação Psicológica é uma atividade exclusiva do Psicólogo, em consonância com
a Lei 4.119 de 1962, que regulamenta a profissão no país. É um processo técnico e
científico de conhecimento, que envolve a utilização de testes e técnicas para chegar a
possíveis conclusões. O projeto de extensão em Avaliação Psicológica surge a partir da
necessidade de capacitar os alunos da Universidade Federal do Ceará- Campus Sobral e
articular os serviços de saúde e rede educacional do município com o Serviço de
Psicologia Aplicada (SPA) para que assim possam ser encaminhados casos de avaliação
para os estagiários/extensionistas. A ação de extensão é composta por
bolsista/extensionista que é responsável em contatar os serviços na cidade de Sobral,
Ceará, a partir de uma carta realizada pela coordenadora em que constam explicações,
objetivos e relevância do projeto, além de informar sobre o processo de
encaminhamento ao SPA da UFC, onde será realizado todo processo de Avaliação
Psicológica. No SPA contamos com seis extensionistas que realizarão os
acompanhamentos. Com a extensão em curso há um ano, surgiram os seguintes
resultados: casos de duas crianças e cinco adultos com as principais queixas: controle de
impulso, depressão e atraso no desenvolvimento global. Constatado isso, surgiu a
necessidade de fortalecer a parceira, no ano de 2019, com a Secretaria de Educação do
município visto que a demanda escolar tem aumentando. Portanto, a comunidade, que
são as principais beneficiadas com as atividades desenvolvidas na extensão, percebe os
ganhos decorrentes deste processo. Além disso, as repercussões entre docentes e
discentes, nas discussões sobre os casos em supervisão e a satisfação à medida que
conseguem promover mudanças sociais e transformar a realidade de muitas pessoas. A
extensão que contempla este trabalho fornece oportunidade aos discentes a realizarem
serviços de qualidade a quem procura pelo serviço de psicologia, preparam-nos para o
mercado profissional e possibilita a reflexão dos problemas onipresentes na sociedade.
Palavras – chave: Avalição Psicológica. Extensão Universitária. Capacitação
Estudantil.

84
LIBERTAÇÃO É UM ATO SOCIAL: EMPODERAMENTO E LUTA
FEMINISTA

Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Socorro Taynara Araújo Carvalho
João Victor Moreira Lima
Rosymile Andrade de Moura
Marcos Eduardo Azevedo Martins
Nathássia Matias de Medeiros
O termo empoderamento nunca foi tão utilizado no meio social como na
contemporaneidade. No entanto, a palavra não é de cunho atual. De acordo com
registros de Merrian-Webster Dictionary, ela foi utilizada pela primeira vez em 1651,
sendo derivada de um substantivo inglês que foi transformado no verbo empower, que
significa “dar poder ou habilidade a algo ou alguém”. Muitos são os teóricos que se
debruçam sobre essa questão, entretanto, o termo permeia o campo do senso comum,
distanciando-se da seara científica e assumindo novos significados. Dentre esses usos
do termo empoderamento que circulam no cotidiano social, vemos uma série de
posições em relação à interlocução entre empoderamento e movimentos feministas.
Diante disto, este trabalho tem como objetivo explorar teoricamente o conceito de
empoderamento, fazendo frente aos usos que o senso comum faz do termo ao abordar a
manifestação social feminista. Este trabalho trata-se de um estudo qualitativo e
exploratório, realizado através de uma revisão narrativa de literatura. As indicações
bibliográficas foram extraídas a partir da leitura do livro ‘O que é Empoderamento?’, de
Joice Berth (2018). Utilizamo-nos de autores como: Foucault (1979), Freire (1980),
Rappaport (1981), Solomon (1976) e Stromquist (2002). É corrente no meio social a
ideia de que o Empoderamento Feminino está relacionado não a uma igualdade de
gênero, mas sim a uma disputa opressora com o Homem, fator que é totalmente
descolado da Luta Feminista. O empoderamento não deve ser visto como uma forma de
superação individual de certas opressões, que coloca um sujeito como superior diante de
outros grupos, afinal isso é uma forma de reprodução de lógicas sexistas, machistas e
racistas. Devemos analisar o empoderamento como algo que é sucessor à consciência
crítica, que se refere a uma compreensão da realidade vivenciada por uma minoria, é a
informação que gera libertação procedendo em ações, que visam mudanças sociais com
rompimentos de estruturas de poder que são opressoras. Portanto, empoderamento
feminino está relacionado a uma luta em benefício próprio que não é individual, mas
sim coletivo, permitindo a tomada de consciência de desigualdades de poder. Tal
tomada de consciência, consequentemente, pode gerar a capacidade de organização
coletiva no sentido da mobilização contra a sociedade machista que ainda vivenciamos.
Por fim, destacamos a importância do questionamento e crítica da visão corrente no
meio social que tende a deslegitimar a Teoria do empoderamento e também a Luta
Feminista. É necessária a compreensão de que um grupo empoderado é formado por
sujeitos empoderados, porém um sujeito sozinho não consegue empoderar-se, pois este,
mesmo que consiga ascensão social através de sua vida financeira ou profissional,
sempre passará por opressões por fazer parte de algum grupo minoritário. Portanto, a
união das minorias e sua mobilização é o que pode gerar mudanças, buscando
estratégias de emancipação e uma luta daqueles que historicamente foram silenciados e
marginalizados. Libertação é um ato social.
Palavras – chave: Empoderamento. Feminismo. Sociedade.

85
LUGAR DE FALA DA MULHER E O FEMINISMO

Eixo Temático: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Beatriz Silva Da Cunha
Nádia Sousa Ripardo
Francisco Bruno Rocha Sousa
Nathássia Matias de Medeiros
Cada vez mais têm-se falado sobre o direito de lugar de fala no campo dos movimentos
sociais em prol dos direitos dos grupos marginalizados. Dentre estes movimentos, temos
os feminismos, que reconhecem a multiplicidade de vozes femininas e contribuem para
que a mulher tenha espaço de fala sem que haja mediação de outro gênero em diálogos
sobre suas próprias vivências, permitindo que a mesma seja protagonista de sua luta. A
partir disso, este trabalho tem como objetivo explorar o conceito de lugar de fala dentro
do campo dos estudos e lutas feministas. Pretende-se ainda discutir acerca dos desafios
vigentes frente a este assunto, abordando a importância da pluralidade de vozes e do
existir da mulher atuante na sua história. A partir de discussões realizadas no Grupo de
Estudos em História, Gênero e Feminismo do Centro Universitário INTA, trabalhamos
através de uma revisão narrativa de literatura, visando tratar do tema abordado de forma
crítica a partir de materiais já publicados. Foi possível observar a partir dos materiais
bibliográficos explorados que, quando se aborda a questão do lugar de fala, parte-se do
pressuposto de que cada sujeito em nossa sociedade tem o seu lugar social. Uma
mulher, por exemplo, tem seu próprio lugar como detentora de uma voz feminina. O
homem pode cooperar para a propagação de ideais, desde que seu discurso parta do
lugar que ocupa socialmente. Desse modo, um indivíduo, por mais que conheça algo
sobre a opressão de determinado grupo do qual ele não faz parte, não possui a vivência
necessária para legitimar a sua fala. É o que observamos quando um homem tenta
ocupar o lugar de fala da mulher tentando explicar o que é o feminismo. O homem toma
o lugar de fala feminino quando intervém em questões particularmente femininas, como
o aborto. Quando os lugares de fala não são considerados, a própria razão de existência
daquela luta passa a ser silenciada. É de extrema importância que o homem entenda a
narrativa da mulher como algo necessário. Isso permite que a mulher conquiste certa
autonomia em uma sociedade onde os locais predominantes de fala e poder são
ocupados por homens, recuperando o poder de fala feminino na sociedade. Podemos
então concluir que é necessário se pensar na ruptura de ideias que enfatizem a
importância e priorização de uma voz única, permitindo a pluralidade de vozes em uma
sociedade. O lugar de fala da mulher é pauta de legitimação atualmente, pois é preciso
que exista um espaço onde as mesmas falem sobre si, visto que durante muito tempo a
mulher foi silenciada em diversos âmbitos: religiosos, políticos, educacionais, entre
outros. Dessa forma, a luta feminista se fez necessária para que a mulher mesma
advogue sobre sua vida, suas escolhas e sua existência.
Palavras – chave: Lugar de Fala. Feminismo. Mulher

86
MACHISMO E NORDESTINIDADE EM MÚSICAS DE FORRÓ
ESTILIZADO

Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Jose Welves Sousa Santos
Rosymile Andrade de Moura
Socorro Taynara Araújo Carvalho
Nathássia Matias de Medeiros
Francisca Telma Vasconcelos Freire
O machismo é uma construção cultural nas formas de pensar e agir do homem frente à
mulher, dando a ele um autoritarismo que implica em uma compreensão de
inferioridade ao sexo feminino. Uma das formas de propagação e legitimação dessa
lógica são as músicas, gerando a construção de ideologias e subjetividades. O machismo
possui forte presença no contexto nordestino, tão marcado pela figura do machista, onde
o homem viril, valente e violento – o “cabra macho” – é grande símbolo da
“nordestinidade”. Este trabalho possui como objetivo analisar músicas de forró
estilizado, estilo musical marcante no nordeste brasileiro, entendendo-as como
elementos da cultura que propagam ideologias e impactam nas formas de subjetivação
do sujeito. Trata-se de um estudo qualitativo e exploratório, no qual foi utilizado como
método a Análise de Conteúdo, com um corpus composto por 13 músicas de forró
estilizado. A partir da análise dessas músicas, vimos que a mulher é reduzida ao
sinônimo de sensualidade, comercializada como objeto sexual da satisfação exclusiva
do homem e desvalorizada de suas potencialidades. A autoafirmação masculina é
constante nas músicas analisadas, sempre ocupando o papel de “dono” de várias
mulheres, infiel e conhecedor de todos os desejos sexuais femininos. Observamos ainda
que as canções associam comportamentos violentos e abusivos dos homens como
respostas instintivas, colocando-o como alguém que não tem domínio sob suas vontades
e desejos, principalmente quando isso está relacionado ao âmbito sexual. A música, em
especial o forró estilizado, lança luz nesses conceitos machistas enraizados na cultura
nordestina, no entanto com uma roupagem diferente, atualizada, mas que se perpetua
desde os tempos do cangaço, o qual tinha características voltadas ao domínio e à
violência. Essa nova forma de fazer forró se apropria do envolvimento contagiante que
esse estilo pode trazer e busca atrair o público pelo ritmo, escondendo os ideais
machistas e violentos que as letras transmitem. Pudemos então concluir que dentro do
discurso dessas músicas há uma legitimação do machismo e do poder patriarcal. É
fundamental desconstruir essas representações sociais que colocam o “ser homem”,
principalmente o “ser homem” nordestino, como sinônimo de utilização da força bruta
para evidenciar sua superioridade, de ser aclamado por uma fama de pegador, ou de
justificar atos abusivos contra a mulher por ter uma “natureza” propensa a isso. O forró
estilizado, que manifesta o “dois pra lá e dois pra cá”, é utilizado também pra demarcar
que de dois (homem e mulher), somente um tem suas atitudes aceitadas pela sociedade,
pelo simples fato de ser um "homem".
Palavras – chave: Machismo. Violência. Nordeste.

87
MACHISMO E OBJETIFICAÇÃO DA MULHER NA TELEVISÃO
BRASILEIRA

Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Luiz Antônio Bispo Gomes
Jairinna de Sousa Soares
Rosymile Andrade de Moura
Nathássia Matias de Medeiros.
O menosprezo intelectual do gênero feminino é algo que sempre esteve presente na
televisão brasileira. Na década de 1980, alguns programas como o Cassino do
Chacrinha utilizavam a imagem da mulher como somente um corpo a ser exposto e sem
destaque de opinião. Atualmente, apesar das várias conquistas alcançadas sobretudo
pelos movimentos feministas, a situação ainda permanece e a figura feminina continua
tendo essa mesma posição de inferioridade. Esse quadro de retratação machista perpetua
até hoje. Recentemente, um quadro de grande sucesso no programa Pânico na Tv
reproduziu bem essa situação ao colocar quatro mulheres em um quiz onde o objetivo
era fazer perguntas de conhecimentos gerais direcionadas às mulheres e a cada erro os
homens que também participavam desse momento sofriam alguma consequência física.
Analisar episódios do programa Pânico na Tv enquanto meio de propagação de visões
machistas de objetificação da mulher. O método utilizado tem base na análise de
conteúdo de um quadro do programa Pânico na TV, que foi ao ar entre os meses de
outubro e dezembro de 2016 e teve 8 episódios. Ao longo do quadro, várias palavras de
baixo calão são proferidas pelos homens para rebaixar o nível de conhecimento das
mulheres e em alguns momentos ficam visíveis nelas expressões de tristeza perante
aquela situação. Em um determinado momento é feita uma pergunta sobre futebol para
uma das mulheres e a resposta é feita corretamente e logo após o apresentador chega a
afirmar que ela só conseguiu responder pois era "maria chuteira" e provavelmente
namorava com algum jogador, ou seja, na visão dele a mulher sempre teria que ficar
refém a presença de um homem em sua vida para ter algum tipo de conhecimento.
Conforme Heleieth Saffioti (2004), as mulheres foram socializadas em uma ordem
patriarcal de gênero, que representa, além de uma ideologia, uma estrutura de poder em
detrimento das mulheres. Tal ordem impõe que elas sejam sempre dóceis, submissas e
tenham que necessitar da constante presença masculina ao seu redor para que isso dê
uma validade as suas características. Podemos concluir que o programa propaga uma
imagem distorcida referente à mulher, perpetuando o machismo. Fica subentendido que
é uma decisão da produção do programa para ganhar audiência com esse tipo de
exposição. Isso reforça o que Bourdieu (1998) fundamentava ao analisar que as funções
convencionadas às mulheres se situam na extensão das funções domésticas. Ou seja,
mulheres não podem ter autoridade sobre homens e com isso eles teriam o monopólio
da fala e do pensamento. Essa situação infelizmente ainda apresenta a figura masculina
como detentora de todo o poder e conhecimento e as mulheres são colocadas em um
patamar sexista de humilhação e objetificação no ambiente televisivo.
Palavras – chave: Machismo. Televisão. Objetificação da mulher.

88
MACHISMO NA PUBLICIDADE BRASILEIRA: A
OBJETIFICAÇÃO DO CORPO FEMININO EM PROPAGANDAS
TELEVISIVAS

Eixo: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Dália Paiva Lopes
Rosymile Andrade de Moura
Nathássia Matias de Medeiros
No mundo em que vivemos, hoje, marcado pela quase onipresença das mídias no
cotidiano, temos acesso constante a propagandas e anúncios publicitários diversos. Em
tais materiais midiáticos, que chegam até as pessoas através da televisão, anúncios em
redes sociais, propagandas no YouTube, etc., podemos observar padrões de gênero para
homens e mulheres serem propagados. Em alguns materiais publicitários, como os de
empresas de bebidas, carros, esportes e perfumes, ou seja, produtos normalmente
voltados ao público masculino, é comum que observemos um determinado padrão de
apresentação das mulheres. A partir de uma inquietação surgida em relação a essas
propagandas e da imagem feminina presente nas mesmas, este trabalho objetiva analisar
de que forma a lógica machista se faz presente em propagandas televisivas que buscam
ensejar o consumo de produtos através da estratégia de sexualização e objetificação do
corpo feminino. Este trabalho, a partir do método de Análise de Conteúdo, trabalha com
a análise de imagem e linguagem de seis propagandas de cervejas brasileiras e
internacionais reproduzidas de maio de 2014 a setembro de 2018 na televisão em canal
aberto nacional. Foi possível observar que esses comerciais buscam colocar a mulher
em uma posição de subserviência em relação ao homem, além de enfatizar o uso do
corpo feminino como objeto de satisfação sexual masculina. O que se apresenta nessas
propagandas é a presença de mulheres em locais como bares, lanchonetes e praias,
subvertendo o papel feminino a uma “conquista”, com forte apelo sexual. Há ainda a
utilização dos mesmos adjetivos para denominar tanto os produtos quanto as mulheres,
como: “gostosa”, “sonho”, “boa” e “devassa”. Mulheres aparecem sempre com poucas
peças de roupas ou com vestimentas curtas. Essas propagandas fazem associação entre
coisas que são consideradas objetos de desejo do homem: mulher, cerveja e jogos, que
unidos buscam produzir maior efeito convidativo. Nessas propagandas, reproduz-se a
ideia de que a mulher que circula nos espaços sociais é algo a ser visto pelos homens,
remetendo à inferiorização e objetificação feminina em espaços considerados
“masculinizados”. Podemos dizer que tais propagandas reatualizam a lógica patriarcal
onde a mulher é uma posse do homem e, portanto, inferior a este. Por fim, concluímos
que parte da publicidade brasileira reproduz a ideia de que o homem se diverte com a
presença de mulheres-padrão, tirando de vista qualquer relação de autonomia que o
feminino possa ter na liberdade de se fazer presente em espaços sociais com uma
finalidade que não seja a de agradar ou dar prazer ao sexo masculino. Felizmente, aos
poucos esse tipo de propaganda tem se extinguido, sendo comum atualmente a
utilização do eixo cômico ou mesmo o uso da imagem da mulher autoritária ou
independente, desde que o aumento de consumo de bebidas alcoólicas entre mulheres
aumentou. Algumas propagandas atuais buscam escapar dessa imagem da mulher
objetificada, mas ainda assim possuem certo cunho machista, uma vez que sempre se
utilizam de mulheres que correspondem ao padrão social de beleza.
Palavras – chave: Propaganda. Mulher. Machismo.

89
NEOLIBERALISMO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO:
ALGUMAS PONDERAÇÕES SOBRE A COMPETITIVIDADE
INDUZIDA NO CONTEXTO ESCOLAR-EDUCACIONAL
Eixo temático: Atuação e Reflexão em Psicologia.
Josiary Albuquerque Souza
Joel Bruno Angelo Rocha
Zuylla Margaryda Ximenes Aragão
Rayane Duarte Coêlho
Túlio Kércio Arruda Prestes
O presente trabalho analisou como alguns aspectos do modus operandi neoliberal
adentram o terreno do campo escolar-educacional. Este trabalho consiste em algumas
ponderações iniciais sobre o processo de neoliberalização das políticas públicas, tendo
sido motivado durante a disciplina de “Psicologia e Políticas Públicas” e as visitas de
Estágio básico. O neoliberalismo é entendido como corrente de pensamento que retoma
algumas teses centrais do liberalismo, como a ideia de Estado mínimo, a defesa da
iniciativa individual como base na atividade econômica, justificando o mercado como
regulador das relações sociais. Autores neoliberais como Milton Friedman, reorientam a
atividade do Estado como um agente produtor da competitividade social. Nesse ínterim,
uma das grandes diferenças do modus operandi neoliberal é que este utiliza como
técnica de governo a produção e incitação da competitividade entre as pessoas e
organizações como forma de regulação social. O pressuposto defendido por estes
autores é que a competitividade deve ser produzida ainda que artificialmente, como
forma de obrigar os indivíduos e organizações a competir e melhorar seus resultados. O
trabalho tem por objetivo analisar como o modus operandi neoliberal permeia e
organiza políticas públicas voltadas à educação, especificamente nas escolas públicas
municipais. O método da pesquisa utilizado é de natureza qualitativa e explicativa, neste
sentido, baseando-se em artigos, com o tema Estado e Política (públicas) Sociais, de
Eloisa de Mattos, e Neoliberalismo e Educação: Manual do usuário, de Pablo Gentili.
No modelo liberal de governo, o Estado deve regular o mínimo possível a vida das
pessoas, entendendo que uma não-intervenção do Estado na economia, irá fazer com
que o mercado possa tomar seu curso livre e natural de desenvolvimento, e de forma
quase espontânea induzirá a competitividade de forma natural. De modo diferente, a
estratégia de governo neoliberal é intervir produzindo a competitividade entre as
pessoas e organizações. No desenvolvimento neoliberal a lógica competitiva é induzida
e é incitada no contexto escolar-educacional através da realização de avaliações
contínuas e sistemáticas que promovem um sistema de premiações e recompensas
baseado na retórica da meritocracia. As escolas são ranqueadas a partir das notas
obtidas, e aquelas que ficarem nas melhores posições receberão um maior
financiamento. Este tipo de estratégia promove um ambiente de disputa entre as escolas
públicas, que se organizam em função destas avaliações, de tal forma que a competição
passa a ser a tônica da estruturação das atividades: prioriza-se como conteúdo aquilo
que será computado e avaliado, e se menospreza as outras atividades curriculares que
não adentram no sistema de avaliação. Desta forma, podemos perceber que o modus
operandi neoliberal tem atravessado as políticas públicas educacionais, transformando a
realidade cotidiana das escolas públicas municipais. Este tipo de configuração tem
incitado a competitividade entre as escolas públicas, que pode ser analisada como
mecanismo que de alguma forma retira autonomia tanto pedagógica como dos atores
coletivos da escola, já que estas atividades escolares são organizadas muito em função
das avaliações externas.
Palavras – chave: Neoliberalismo. Políticas Públicas. Escola.

90
Nota técnica n° 11/2019: desafios da atenção psicossocial aos usuários
de drogas do Brasil

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


Francisco Valberdan Pinheiro Montenegro
Janaina Silva de Melo
O presente trabalho efetua uma análise discursiva da nota técnica n°11/2019 editada
pelo Ministério da Saúde, que esclarece sobre as mudanças na Política Nacional de
Saúde Mental e nas Diretrizes da Política Nacional sobre Drogas. Mapear as
transformações no que diz respeito ao cuidado em saúde dispensado aos usuários de
droga, bem como as justificativas empregadas na instituição do que tal documento
propõe como a “Nova Política Nacional de Saúde Mental”. Para tanto, parte-se de uma
leitura atenta e sistemática do referido documento de modo a investigar as
reconfigurações que este estabelece no eixo da atenção psicossocial aos usuários de
droga. Por mais que a nota técnica n°11/2019 tenha sido enunciada como um evento
atípico na história recente das políticas públicas de saúde mental no Brasil, seja por seus
proponentes ou detratores, as diretrizes estabelecidas por tal documento articulam-se ao
conjunto de transformações observadas na política de saúde mental brasileira pelo
menos desde 2016. Conforme disposto em seu próprio texto, a NOTA Nº 11/2019-
CGMAD/DAPES/SAS/MS, sistematiza uma série de documentos que estruturam a
política da RAPS. No âmbito da atenção ao usuário de drogas, baseando-se na resolução
do CONAD Nº 01/2015, a nota institucionaliza as comunidades terapêuticas como
serviços integrantes da RAPS e o incentivo da ampliação de leitos em hospitais
psiquiátricos. Tais medidas, estabelecem uma estratégia de tratamento cujo intuito
exclusivo é a abstinência do paciente. Tal entendimento emerge em contraste com as
ações de redução de danos, que historicamente tem orientado a rede de atenção à saúde.
De acordo com a nota a implementação de tais mudanças se justifica na medida em que
as estratégias adotadas nas políticas públicas de saúde exigem comprovada evidência
científica, chegando a citar inclusive a experiência de sistemas de atenção psiquiátrica
estrangeiros. Entretanto, sabe-se que no âmbito da atenção aos usuários de drogas as
experiências reconhecidamente de maior evidência e impacto encontram-se associadas a
ações de Redução de Danos - fato categoricamente ignorado pela nota ao reconduzir o
SUS ao paradigma da abstinência. Nesse sentido, a nota técnica impõe desafios ainda
maiores para a atenção adequada e integral aos usuários de drogas no Brasil. O
documento consolida, por assim dizer, o boicote que as estratégias de Redução de
Danos têm sofrido no Brasil desde sua emergência no final dos anos 80. O conteúdo do
documento se apresenta destoante de todas as conquistas da Reforma Psiquiátrica,
formalizadas pela lei n°10.216. De modo que, contribui para o estabelecimento de uma
lógica manicomial com a nova conformidade dos mecanismos de assistência.
Palavras – chave: Saúde mental. Usuários de drogas. Redução de danos.

91
O ESPAÇO ESCOLAR COMO UM FACILITADOR NO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Zuylla Margaryda Ximenes Aragão
Joel Bruno Angelo Rocha
Josiary Albuquerque Souza
Socorro Taynara Araújo Carvalho
Gabriela Maria de Sousa Vieira
Um dos aspectos da atuação do psicólogo escolar contemporâneo é o de auxiliar no
desenvolvimento das crianças no contexto educacional, incluindo a pré-escola. Nesse
sentido, o trabalho em questão corresponde a um relato de experiência que foi realizado
por meio de um estágio em psicologia escolar no Centro Educacional Infantil Prof Arry
Rocha de Oliveira na cidade de Sobral- CE, na turma do berçário com crianças de faixa
etária de seis meses a um ano, no período de agosto a dezembro de 2018. Apresentar
vivências e percepções encontradas durante o estágio já citado, relatando a importância
da estimulação precoce no desenvolvimento infantil (motor, cognitivo, emocional,
social). Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, do tipo relato de experiência. A
experiência ocorreu com uma observação minuciosa durante o estágio em uma escola
municipal de Sobral. No início do semestre, quando recebemos os bebês, eles
demonstraram toda uma insegurança, choravam muito, não comiam adequadamente,
não interagiam uns com os outros, fator que é natural acontecer já que as crianças estão
sendo inseridas em um novo espaço social. Só depois de 6 semanas que eles começam a
entrar na rotina e se adaptar. A partir disso, tudo foi se estabelecendo melhor, as
brincadeiras de socialização começam a ter efeitos, a hora da música para estimular a
comunicação já trazia respostas e interações das crianças, com palmas, risos, e
balbucios, atraindo a concentração deles, com o passar dos dias, os bebês já se
alimentavam bem e já desenvolviam um vínculo com as professoras do berçário. No
decorrer do tempo dentro do berçário, eles já desenvolveram habilidades de
reconhecimento do próprio nome e do nome dos colegas, além da busca por interação
com o outro para brincar, fazendo “gracinhas” para as professoras, compreendia as
indicações da professora e imitavam comportamentos, como acenar para dar tchau,
soltar beijos e falar algumas palavras. Fundamental perceber as mudanças que ocorrem
durante o processo de aprendizagem, que a criança passa ao frequentar a escola, pois o
conjunto de influências e estimulações ambientais alteram os padrões de
comportamentos, fator que foi perceptível durante o estágio, além disso, essa idade é
marcada também pelo período chamado de pré-operatório, que ocorre o
desenvolvimento da linguagem, e modificações intelectuais, afetivas e sociais da
criança, é visível a evolução da criança nesses aspectos, nas quais são influenciados
pelos reforços e estímulos que estes encontram dentro do ambiente escolar. Dessa
forma, é notória a importância da escola dentro do desenvolvimento infantil, expondo a
criança a outros ambientes que vão para além do familiar, pois dentro desse contexto a
criança é permitida a viver o novo, e aprender com isso, desenvolvendo a linguagem, os
aspectos motores através do brincar e a maturação fisiológica que torna possível
determinados comportamentos específicos.
Palavras – chave: Escola. Aprendizagem. Psicologia do Desenvolvimento.

92
O FAZER DA PSICOLOGIA DENTRO DO CONTEXTO DAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


Maria Idene Marques
Cristiany David Alves Marques
Yasmin Araújo Nunes da Costa
Socorro Taynara Araújo Carvalho
Túlio Kércio Arruda Prestes
Entende-se por Políticas Públicas como o conjunto de ações coletivas voltadas para a
garantia e promoção de direitos sociais, configurando um compromisso público que visa
dar conta de determinadas necessidades sociais, em diversas áreas. Expressa a
transformação daquilo que é do âmbito privado do sujeito através de ações coletivas no
espaço público. Diante disso as Políticas Públicas têm se apresentado cada vez mais
como um dos lugares de atuação da psicologia, portanto é fundamental analisar e
discutir sobre a atuação do Psicólogo dentro da Assistência Social. O presente trabalho
buscou apresentar formas de atuação dos profissionais de Psicologia dentro do contexto
de políticas públicas, especificando a Assistência Social, discutindo a demanda e os
desafios do psicólogo nesta área. Trata-se de um estudo de cunho qualitativo,
exploratório, no qual foi utilizado como levantamento de dados um estudo bibliográfico.
Utilizando-se referências técnicas para atuação da psicologia no Cras/Suas, além da
PNAS e o livro ‘Políticas públicas e assistência social: diálogo com as práticas
psicológicas’ de Guareschi e Da Cruz (2014). A psicologia ocupa um lugar muito
importante nas práticas do âmbito das políticas públicas. É fundamental pontuar a
diferença que o psicólogo pode fazer, dentro desse contexto. Pois o fazer da Psicologia
engloba uma sensibilidade na qual, gera uma facilidade do repasse de recursos e a saída
do simples, do comum, construindo junto com o sujeito novos significados, estes atuam
como mediadores, acolhedores, nas quais as pessoas que se utilizam dessa assistência
sejam contempladas com um acolhimento no qual o sujeito possa ter uma tomada de
consciência de autonomia apesar de suas vulnerabilidades, sendo sempre compreendido
de acordo com sua subjetividade. Diante disso, a demanda da atuação da psicologia
dentro das políticas, é um olhar para a dimensão explícita do sujeito que expressa o
desejo, uma falta, podendo ajudar esse sujeito a construir novos caminhos e dimensões,
buscando enquadrá-lo em uma tomada de consciência de seus direitos e da luta por eles.
Além disso, podemos citar também um trabalho socioeducativo que é onde se encaixa a
atuação com grupos, que também é uma matéria-prima nesse âmbito, e torna-se também
um instrumento na área da assistência social. Portanto, a visão da psicologia dentro da
Assistência é voltada para os direitos dos cidadãos, a percepção de situações vividas
como a violação desses direitos em todos os aspectos. Além disso, auxiliando o acesso a
direitos socioassistenciais que deveriam ser garantidos e ajudando a criar estratégias
junto aos usuários, para que estes superem as situações de vulnerabilidades e
adversidades em que se encontram em seu contexto social. Portanto, o Psicólogo atua na
exploração e compreensão dos significados presentes nas ações do sujeito, bem como
em grupos, buscando-se apreender o sentido de que leva a determinados direções de
relacionamentos, conflitos e decisões. O psicólogo vem pra somar com o intuito de
assegurar uma intervenção interdisciplinar capaz de responder as demandas individuais
e coletivas, fortalecendo o exercício de uma psicologia compromissada com a garantia

93
de direitos socioassistenciais e contribuindo com a concretização das políticas públicas
no contexto brasileiro.
Palavras – chave: Políticas Públicas. Psicólogo. Assistência.

94
O FENÔMENO DA PÓS-VERDADE NO CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO:
UMA ANÁLISE NO DISCURSO DE FAKE NEWS

Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Emiliana Vale Machado
Antônio Francisco Soares Araújo
Ana Beatriz Barros Oliveira
Sângela Teles Azevedo Chaves
Bruna Clézia Madeira Neri
O presente trabalho irá analisar de forma crítica algumas notícias que circularam nas
eleições do ano de 2018, período fortemente marcado por um fenômeno denominado
Fake News. Estas eram compartilhadas na rede com intuitos diversos, tais como:
favorecer determinados candidatos, prejudicar alguns grupos políticos, denegrir a
imagem de pessoas específicas, entre outros. O termo Fake News encontra-se
diretamente relacionado com a palavra eleita em 2017 pelo dicionário Oxford: a Pós-
verdade. O presente objetivo é analisar os impactos que as Fake News causaram na
opinião política dos indivíduos que as visualizaram, e como estas transformaram o
cenário político brasileiro. Utilizaremos como metodologia a Análise Crítica do
Discurso baseado em uma minuciosa investigação de Fake News, são elas: 1. O caso do
assassinato da ex-vereadora, Mariele Franco, juntamente com seu motorista Anderson;
2. O caso da exposição de fotos adulteradas da candidata a vice-presidência, Manuela
Dávila; e, por fim, caso do Kit Gay anunciado e relatado pelo então candidato à
Presidência da República, Jair Bolsonaro. Utilizamos como referencial teórico fontes
bibliográficas que puderam nos nortear e oferecer conhecimento necessário para
analisarmos os antecedentes da mídia em seu contexto geral e, sobretudo, como a
mesma pode interferir nas decisões de incontáveis indivíduos de nossa sociedade. Estes
estão apenas reproduzindo algo que tomam como verdade e acabam esquecendo que
possuem armas fundamentais para a tomada de qualquer decisão: a reflexão e o
pensamento crítico. Partindo do que foi apresentado, descobrimos como a era midiática
pode ser manipuladora em nossa contemporaneidade, uma vez que a mesma, com seus
discursos bem elaborados, acaba seduzindo o leitor e transformando-o aos poucos. A
partir das notícias averiguadas, pudemos perceber o quão convincentes elas foram para
aquelas pessoas que não se interessam sobre saber mais acerca do caráter verídico (ou
não) de tais fatos. A estagnação e o comodismo são problemas que encontramos nesta
era digital, pois ter acesso a fatos considerados significativos e importantes nunca foi
tão fácil como neste momento. O problema da não-refutação é ocasionado pelo
sentimento de acreditar em algo que atenderá ao que dado sujeito acata como
verdadeiro, já que determinadas verdades acabam implicando negativamente na vida de
outros sujeitos. A prática da pausa, precedida de uma reflexão, é deixada de lado, pois
temos medo de pensar. Assim, concluímos que com a análise das notícias,
compreendemos que as mesmas serviram como estratégia de favorecimento a
determinados candidatos, bem como ferramenta de aviltamento à imagem de outros.
Concluímos também que nossa sociedade está irrevogavelmente presa ao mundo virtual
e é urgente questionarmos o poder que ele exerce em nossa vida política.
Palavras – chave: Fake News. Política. Pós-Verdade.

95
O MEDO SOB UMA PERSPECTIVA EMOCIONAL DO
COMPORTAMENTO EM RELAÇÃO COM O SISTEMA LÍMBICO
Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em
Psicologia.
Joel Bruno Angelo Rocha
Rayane Duarte Coêlho
Josiary Albuquerque Souza
Cristiany David Marque Alves
Merivalda Doroteu Silva
A natureza das emoções é um dos temas bastante discutido e polemizado no cenário
atual, sendo tematizada em diferentes manifestações da cultura como a arte, a religião, a
filosofia e a ciência, desde tempos imemoriais. Nos últimos anos, o avanço das
neurociências possibilitou a construção de hipóteses para a explicação das emoções,
especialmente a partir dos estudos envolvendo o sistema límbico e a forma expressada
no comportamento humano. O principal objetivo desse trabalho é apresentar uma
discussão atualizada acerca das neurociências dos processos relativos às emoções,
especialmente do medo, fazendo conexões com referências bibliográficas. O presente
estudo trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo e exploratório. Para alcançar o
objetivo proposto, foi realizada uma coleta de dados através de referências
bibliográficas retiradas do artigo “Neurobiologia das emoções” dos autores Esperidião-
Antônio et al. (2008), além de pesquisas de literatura por busca eletrônica em revistas
online indexadas. Utilizaram-se como estratégias de investigação os seguintes
descritores: fisiologia, emoção, sistema límbico, comportamento, psicologia,
neurociências e medo. Com o levantamento de informações pode-se compreender as
principais estruturas neurais relativas ao medo, bem como suas vias e circuitos de maior
relevância, os neurotransmissores implicados, para a construção de uma discussão sobre
o medo. Desde as descrições iniciais sobre o sistema límbico, o mesmo é reconhecido
como projeções da amígdala para o córtex, no qual contribuem para importância da
situação do medo e outros aspectos cognitivos do processo emocional. Ele relaciona-se
com a percepção semiconsciente, padroniza comportamentos emocionais referentes a
um conjunto de reações frente a uma sensação apropriada para cada ocasião. Logo está
relacionada com a memória emocional que os indivíduos possuem. É formidável para o
reconhecimento, formação e manutenção das emoções envolvidas com o medo. A lesão
desta região é responsável pela redução na capacidade de detecção do medo, diminuição
da emocionalidade, ao passo que seu estímulo excessivo o leva a um estado de
ansiedade, medo e aumento da atenção. Portanto, o estudo desenvolvido pela
neurociência sobre as estruturas do cérebro responsáveis pela emoção do medo,
suscitam-se respostas comportamentais diferentes em cada indivíduo. E assim,
acionando mecanismo de defesa no corpo humano, ou seja, algumas respostas
inesperadas explicadas pelas conexões acionadas do cérebro, outras respostas
condicionadas através da experiência, na qual ocorreu com o indivíduo, e assim, o
mesmo através da cognição pode esquivar-se de eventos em que pode ocorrer o medo.
Enfim o estudo preza em difundir ideias sobre o sistema das emoções, especialmente o
medo, para então motivar discussões relativas às respostas ocorridas no corpo humano e
a forma de como é expressada.
Palavras – chave: Medo. Comportamento. Neurociência.

96
O PLANTÃO PSICOLÓGICO E A POTÊNCIA DO
ACOLHIMENTO EM UMA SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
Eixo temático: Interdisciplinaridades, questões metodológicas e epistemológicas em
Psicologia
Milena Fontenele de Oliveira
Ana Cecilia Carvalho Soeiro
Iago Cavalcante Araújo
Pretende-se por meio deste trabalho discutir a inserção do psicólogo em um contexto de
plantão psicológico, a partir de uma compreensão da Abordagem Centrada na Pessoa –
ACP -, com enfoque na importância intrínseca ao ato de acolher o sujeito em uma
situação emergencial. O sofrimento psíquico tem demandado cada vez mais
intervenções em âmbitos diferentes das clínicas tradicionais, a exemplo dos hospitais
gerais e os demais dispositivos que integram a rede de atenção psicossocial. Nesse
sentido, o plantão psicológico surgiu como um mecanismo fundamental no que diz
respeito à promoção de saúde, destacando-se, principalmente, pela sua abrangência e
flexibilidade no atendimento, o qual diverge em muitos aspectos de um setting
terapêutico. A revisão sistematizada da bibliografia foi adotada como metodologia para
a realização do presente estudo, possuindo como critério a escolha de autores que
discutem, primeiramente, os conceitos basilares da abordagem centrada na pessoa,
perpassando pela literatura que traz como discussão os principais desafios enfrentados
pelos profissionais psicólogos diante de situações emergenciais, finalizado com autores
que apresentam o plantão psicológico como uma estratégia potente de promoção de
saúde mental aos sujeitos que se encontram nas instituições hospitalares. Ao todo,
foram analisados nove artigos, encontrados em plataformas de publicações de caráter
científico, basilares na articulação entre teoria e prática do profissional psi. Dessa
forma, a partir do levantamento teórico podemos identificar as principais diferenças
entre a prática psicológica central do estudo e as demais tradicionais, desde a
disponibilidade de tempo em um atendimento até as demandas características da própria
instituição. Também podemos afirmar que o plantão psicológico detém de uma
caraterística potente no que concerne ao acolhimento imediato do sofrimento em
situação de urgência, sendo uma ferramenta essencial no processo de alívio do
sofrimento psíquico. Podemos concluir, ainda, que elementos teóricos enfatizados por
Carl Rogers, tais como a valorização da escuta e foco na experiência, configuram-se
como totalmente aplicáveis à prática psicológica supracitada. Por fim, é possível
concluir que é de fundamental importância a inserção dos profissionais psi em
instituições com maior abrangência populacional, visto que auxilia na deselitização do
acesso aos cuidados em saúde mental, bem como firmando uma articulação
interdisciplinar com os demais profissionais da saúde. Entretanto, é necessário
reconhecer o caminho longo que ainda precisa ser trilhado para que esse serviço seja
expandido e descentralizado, a fim de alcançar uma parcela maior da população.
Palavras – chave: Saúde. Emergência. Plantão psicológico.

97
PARA ALÉM DA LINGUAGEM: CONSIDERAÇÃO DO SURDO
EM SUA SUBJETIVIDADE
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Viviane Rodrigues Lima
Sarah Oliveira Aguiar
Djully da Silva Porfírio
Maria Luisa Feijão
Na atualidade, numa sociedade em constantes mudanças e processos onde cada vez
mais valoriza-se a comunicação e a fala frente ao mundo globalizado, aparece como
diferente, ainda hoje, a figura dos surdos. Em meio à linguagem oral como a principal
forma de comunicação e expressão considerada na sociedade, os surdos destacam-se por
sua luta para estabelecerem seus próprios padrões e formas para tais, desde seu
nascimento em seu desenvolvimento linguístico e intelectual. Observa-se, ainda hoje,
certos ideais acerca da restrição desta capacidade por parte do surdo, que se apresenta
nestes padrões alguém fora do considerado “comum”, na comunicação, colocado de
forma homogênea como apenas alguém deficiente, de comunicação diferente. Adentra-
se, a partir deste ponto, o olhar de individualidade do surdo, que tem próprias formas de
linguagem enquanto expressão e comunicação, mas não tão somente isto, também sofre,
é um ser de relações e contextos próprios, tal como visões sobre o mundo e si mesmo,
sendo constituintes em conjunto de sua própria subjetividade. O presente resumo busca,
desta forma, estabelecer relações e exemplificar as formas de consideração da
subjetividade do surdo para além de sua forma de comunicação e linguagem enquanto
formas de expressão, além do visto e universalizado pela sociedade. Para tal, realizou-
se uma revisão integrativa de literatura, a partir da pesquisa de artigos especificamente
publicados de 2011 a 2017, sob descritores: “surdez”, “linguagem” e “psicologia”,
sendo obtidos e selecionados um total de três artigos. A partir da leitura aprofundada e
articulação com a realidade em que se vive hoje, observa-se mesmo diante da constante
luta pela igualdade, o modo que o surdo é colocado pela sociedade, como indivíduo
diferente e mais difícil para comunicação. A linguagem de sinais, por exemplo, pode
transmitir através de seu aspecto gesto-visual uma série de símbolos e expressões
linguísticas, mas ainda é restrita a uma minoria na sociedade e por vezes nem tão
conhecida, o que reforça esse ideal, tal como o de que existe apenas esta forma de
comunicação entre os surdos. No entanto, considerando o olhar do próprio, uma série
de aspectos podem ser observados e apresentados. São eles o contexto individual de
aprendizagem que este pode ter ao longo da vida e como internaliza os símbolos e
formas de comunicar-se, as potencialidades para outras formas de comunicação e sua
própria visão acerca de sua condição. Há a visão de si próprio como em desvantagem,
bem como, a felicidade diante da percepção de igualdade. A visão de sua expressão
enquanto ser que pode ser entendido e compreendido de forma normal, como também
de si próprio como diferente. Assim, sua relação com a sociedade e a formação de
conceitos próprios sobre ela, ocorre através de suas experiências vividas, considerando
o surdo não apenas sob um aspecto universal de conceitos homogêneos criados pela
sociedade, restrito a sua própria linguagem, mas como um indivíduo em suas diferenças
e particularidades tanto sobre si quanto sobre o outro e seu próprio contexto em suas
próprias formas de ver e comunicar-se.
Palavras – chave: Surdos. Subjetividade. Linguagem.

98
PERCEPÇÃO SOBRE O QUE É FAMÍLIA PARA AS DIFERENTES
GERAÇÕES NO SÉCULO XXI: ESTABILIDADE E AVANÇOS
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Francisca Isabelly Araújo Sousa
Francisca Telma Vasconcelos Freire
Amanda de Oliveira Falcão Medeiros

Família é umas das instituições mais antigas da humanidade, considerada a primeira


célula natural da sociabilidade, responsável pela sobrevivência humana. Conceituar
família requer compreender o seu percurso histórico, bem como as transformações que
afetam a estrutura e função de família. Dessa forma, é possível entender que não há
modelo um ideal, pois família não é um dogma nem uma verdade absoluta. Este
trabalho é produto de uma pesquisa realizada no contexto da disciplina: Psicologia,
Grupos e Família ministrada no 6º período do curso de Psicologia do Centro
Universitário INTA-UNINTA. O objetivo desta pesquisa foi o de verificar como as
diferentes gerações percebem a instituição familiar e o que consideram como principais
dificuldades e qualidades de seu grupo de convivência. Trata-se de um estudo
exploratório de caráter descritivo. A amostra consistiu em 11 jovens de até 25 anos, 10
adultos de até 55 e 8 idosos com idade a partir de 60 anos, totalizando 29 pessoas que
responderam a uma entrevista estruturada com roteiro previamente elaborado pela
professora responsável pela disciplina. Para a análise de dados as três autoras chegaram
a um consenso sobre a criação de categorias que contemplasse eixos temáticos mais
frequentes na narrativa dos participantes. Assim foi possível quantificar a frequência das
categorias por gerações e assim realizar as inferências pertinentes fundamentadas na
literatura da área. Dentro das categorias criadas para as perguntas serão discutidas as
que mais prevaleceram nas respostas das três gerações. Na pergunta sobre o que a
família representa para você, podemos considerar que a categoria “base” e “suporte”
foram as mais citadas, demonstrando que a concepção de família como contexto de
sustentação do indivíduo ainda permanece. Sobretudo os jovens apontaram a família
como instituição de suporte, o que pode indicar que a noção de família como
instrumento para a realização pessoal é marcante nessa geração. Sobre as dificuldades
das relações familiares, o “conflito” teve predominância nas respostas, embora menos
citado pelos adultos, que destacaram a “comunicação” (ausência de diálogo, de
conversa) como um empecilho nas relações familiares. Na pergunta três que versam
sobre os aspectos positivos que a família apresenta a categoria “afeto” foi a mais
contemplada e está relacionada com amor, carinho e respeito, seguidos de “suporte”
(ponto de apoio, base) e “união” esta última mais frequente nas respostas da geração de
adultos. Depreende-se que mesmo com as diferentes percepções entre as gerações, a
reprodução de valores tradicionais familiares tem sido culturalmente preservada entre as
gerações. Mesmo diante das mudanças ocorridas na contemporaneidade, o afeto e
segurança parecem estar naturalizados como características que a família deve cumprir.
Novas investigações merecem ser feitas no sentido de compreender os avanços e
estabilidades que permeiam a família brasileira.
Palavras – chave: Concepção de família. Família brasileira. Psicologia.

99
PRECONCEITO: UM APRENDIZADO SÓCIO-HISTÓRICO
ATRAVÉS DOS PROCESSOS PSICOLÓGICOS

Eixo Temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


Sângela Teles Azevedo Chaves
Emiliana Vale Machado
Gabriela Maria de Sousa Vieira
O presente trabalho terá como discussão a reflexão sobre o preconceito racial como um
resultado do desenvolvimento dos processos psicológicos, utilizando como referência o
modelo sócio-histórico de Vygotsky. Para este autor, o desenvolvimento da linguagem,
no ser humano, tem como consequência uma profunda transformação das demais
funções psicológicas, dando origem ao que ele denominou processos psicológicos
superiores. A função da linguagem é a socialização em consequência disso, a partir do
desenvolvimento social, ocorre a criação de uma nova organização psicológica. É deste
modo que Vygotsky postula a sua concepção de subjetividade, como construção social.
A aprendizagem se dá através do processo de mediação por meio de signos, exemplo
disso seria a linguagem, que possibilita a interação com outros indivíduos e objetos
através da relação social e cultural estabelecida entre eles. A percepção constitui os
modos como percebemos os sujeitos inseridos em determinados meios e grupos. A
categorização é um processo no qual classificamos e atribuímos estereótipos para
determinados grupos, esse processo está diretamente ligado ao aprender
comportamentos preconceituosos, assim percebemos que esses comportamentos não são
formados isoladamente, mas sim integrados. Apresentar por meio do modelo uma
reflexão sobre a construção do preconceito através da aprendizagem, percepção e
linguagem, onde se cria estereótipos para determinados grupos através da categorização.
METODOLOGIA: Utilizamos como referencial teórico referências bibliográficas que
puderam nos nortear sobre conhecimentos necessários para compreender como esse
processo ocorre. A partir das referências bibliográficas compreendemos que o
preconceito como já supracitado, é um processo aprendido ao longo da historicidade do
sujeito. A partir de formas de narrar, são construídas as histórias das pessoas. Deste
modo, relações estabelecidas entre as pessoas tendem a modificar e formar percepções
sobre outros indivíduos através da categorização, como os estereótipos que são
aprendidos habitualmente acerca de pessoas negras, visto que são geralmente
considerados e colocados em uma posição menos valorizada. Artistas negros são
escalados em sua maioria para interpretar personagens estereotipados e com menos
visibilidade: empregadas domésticas, taxistas, pedreiro, mordomo, entre outros. Apesar
de tantas lutas e exercícios para mostrar que a melanina é apenas mais uma
característica da raça humana e não algo condenatório, extirpar as raízes que foram
fortemente construídas e fincadas ao longo da história, ainda é um grande desafio. O
preconceito é uma consequência do processo de categorização. Sabendo disto, realizar
reflexões e discussões acerca de como é construída a percepção do negro impacta na
produção da identidade negra e, deste modo, é de fundamental importância para
tentarmos ampliar os olhares que estão reduzidos e categorizados.
Palavras – chave: Preconceito. Categorização. Sócio- histórico.

100
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NAS METACONTINGÊNCIAS:
APRIMORAMENTO DA SEPARAÇÃO DE LIXO E RECICLAGEM
NO ASSENTAMENTO NOVA ESPERANÇA – TIANGUÁ (CE)
Eixo temático: Atuação e Reflexão em Psicologia.
Antônio Francisco Soares Araújo
Emiliana Vale Machado
Sângela Teles Azevedo Chaves
Ana Beatriz Barros Oliveira
Túlio Kércio Arruda Prestes
É de conhecimento de todos que a má organização do lixo pode causar danos para a
sociedade e para o meio ambiente como a degradação do solo, doenças, e proliferação
de pragas. Observou-se que este problema é bastante comum no assentamento Nova
Esperança em Tianguá, cidade do interior do Ceará, e ainda mais candente pelo fato de
quase inexistir coleta de lixo neste assentamento. Desta forma, a preocupação com a
organização do lixo deveria tornar-se um ponto importantíssimo para a organização
coletiva naquela comunidade. O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma
possível proposta de intervenção de aprimoramento da separação de lixo e reciclagem
no assentamento Nova Esperança localizada na cidade de Tianguá, interior do Ceará.
Utilizamos como metodologia para o projeto o conceito de metacontingência, proposto
por Sigrid Glenn, que é um método de estudo do comportamento cultural, que irá
analisar como se formam e se mantêm determinadas práticas culturais, com vistas a
intervir sobre estas. Desta forma, este conceito funciona tanto para a análise de práticas
culturais, como para intervenção nas mesmas, e tem se apresentado como um
interessante campo de estudos em Análise Aplicada do Comportamento. A partir da
análise feita temos como problema social a coleta e separação indevida do lixo, que
como sabemos é um problema de saúde pública, e a falta de informação dos moradores
perante os riscos que o lixo pode causar para a população do assentamento como
antecedente; assim realizaríamos encontros disponibilizados pela associação
comunitária ensinando como separar corretamente o lixo e como reutilizá-lo seja na
produção de sabão caseiro, na venda de materiais recicláveis ou na produção de adubo
orgânico. Esperaríamos que essa intervenção tivesse como consequência a diminuição
da degradação do solo e da proliferação de doenças. O óleo que contamina o solo
poderia ser reutilizado para a fabricação de sabão caseiro; materiais como plástico e
latas que acumulam água e proliferam doenças poderiam ser vendidos ou reaproveitados
como vasos de plantas; e os restos de comida através da compostagem poderiam ser
utilizados como adubo para produção de novos alimentos. Desta forma, esperamos que
essa intervenção pudesse sensibilizar aos moradores sobre o risco que o lixo pode
causar para a população do local. Além disso, buscaríamos rearranjar as contingências
culturais de modo que obtivéssemos como consequência a diminuição de doenças, e a
transformação do próprio lixo como algo que poderia ser utilizado em prol da
comunidade, através das estratégias de reciclagem e de compostagem. Podemos, pois,
perceber uma possível aplicação do conceito de metacontingências nos nossos contextos
do dia a dia, de forma a nos ajudar a compreender e intervir sobre comportamentos
sociais e culturais da nossa sociedade.
Palavras – chave: Metacontingência. Separação de lixo. Reciclagem.

101
PSICOLOGIA DAS MASSAS E LINCHAMENTOS: UMA ANÁLISE
CRÍTICA DE FAKE NEWS E SEUS EFEITOS SOBRE A VIDA E A
MORTE DO OUTRO

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


Jackson Matos de Sousa
Universidade Federal do Ceará
Bruna Clézia Madeira Neri
As notícias falsas, popularmente conhecidas pelo termo da língua inglesa Fake News,
têm ganhado muita força nas massas através das mídias sociais que, por muitas vezes,
acabam por denegrir a imagem de várias pessoas. Sendo assim, o presente texto tem
como objetivo expor o fenômeno das Fake News nas massas segundo a visão da
Psicologia Social e como essas notícias influenciaram pessoas “comuns” a cometerem
homicídios, tendo como exemplo alguns casos ocorridos no Brasil. O método de
pesquisa escolhido para esta análise foi a pesquisa bibliográfica. Também foram
analisados estudos de caso acerca de notícias sobre linchamentos, expostos em sala na
disciplina de Psicologia Social II. Elias Canetti, em seu livro “Massa e poder”, faz
distinções entre as massas, classificando-as em quatro aspectos: o crescimento; a
durabilidade e a qualidade; a igualdade e a densidade; e a natureza da meta. A partir
dessas divisões, surgem subdivisões que especificam os tipos de massa em: aberta,
fechada, lenta, veloz, rítmica, estanque, de proibição, de fuga, de inversão, festiva, e por
fim, de acossamento. Intentamos aqui analisar notícias específicas que relataram
fenômenos de linchamentos em várias partes do país a partir do viés crítico dessas
categorias expostas por Canetti, frisando as massas de acossamento como massas cujo
objetivo é matar o outro. Sigmund Freud, em seu livro “Psicologia das Massas e Análise
do Eu”, apresenta o conceito de Alma Coletiva a partir de Gustave Le Bon, apontando o
indivíduo como um ser que ao entrar em contato com uma determinada massa, começa
a mostrar características que antes não possuía. As análises apontaram para um intenso
crescimento de Fake News, cujos efeitos resultaram em cruéis assassinatos coletivos de
pessoas (inocentes ou não). Não houve contestação das notícias, ao passo que massas se
formaram muito rápido em torno da repercussão desses fatos distorcidos, que não
apresentavam fontes confiáveis nem detalhes coerentes em sua descrição. Como
consequência desse ato impensado, a massa – impulsiva, volúvel e excitável – finda a
vida de outras pessoas, arrogando-se de poderes que ela jamais teve: o de julgar o que é
certo e/ou errado. Compreendemos, a partir desta leitura crítica, que o crescimento
desenfreado de Fake News é extremamente perigoso para uma sociedade que busca
respeito e igualdade entre seus membros, uma vez que o surgimento de massas abertas e
velozes, como são as massas de acossamento, representam uma ameaça real e
verdadeira que deve ser cuidadosamente evitada. Uma das estratégias mais eficazes é a
cautela no compartilhamento dessas notícias, que deve prezar, antes de tudo, a
confiabilidade das fontes.
Palavras – chave: Psicologia das Massas. Linchamentos. Fake News.

102
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: UM ESTUDO SOBRE O
ASPECTO BIOPSICOSSOCIAL NA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA
ADOLESCÊNCIA
Eixo temático: Atuação e Reflexão em Psicologia.
Benedita Nádia Silva Pereira
Francisca Telma Vasconcelos Freire
Maria Aparecida de Paulo Gomes
Ana Ramyres Andrade de Araújo
O presente trabalho apresenta uma discussão sobre a construção social do adolescente
com base em autores da teoria do desenvolvimento, bem como da sociologia,
apresentando elementos ligados à construção da identidade, a fim de entender como se
formam as representações sociais do adolescente na sociedade. É possível afirmar que o
contexto social influencia o modo como o adolescente é entendido em diferentes
culturas e que se tornou objeto de estudo no início do século XX com Stanley Hall, pois
ficou evidente que o adolescente é um ser pensante e capaz de construir uma história e
sua identidade. Entender como a adolescência é parte de uma construção social e como
o adolescente constrói suas representações sociais. A partir de estudos na disciplina
Psicologia do Desenvolvimento foi realizada uma pesquisa bibliográfica visando
investigar a interação entre adolescência e a construção social. O contexto social exige
desse adolescente várias posições, dentre essas exigências podemos evidenciar a entrada
no mercado de trabalho, a definição de orientação sexual, etc. As obras utilizadas foram
de Erik Homburger Erikson intitulada “Identidade, Juventude e Crise” e do psicólogo
Alexei Leontiev: “O Homem e a Cultura”. Para os autores citados, a adolescência é uma
fase do desenvolvimento que pode ser facilitada ou dificultada pelo meio externo, social
e cultural e sempre apresentam em sua constituição, conflitos.Com intuito de
compreender o aspecto biopsicossocial e a construção social da adolescência foi
necessária leitura, sendo possível a partir de estudo aprofundado afirmar que a
adolescência sofre certas pressões pela sociedade atual no que se refere à normalidade
da fase, sendo vista como uma fase semi-patológica e conflituosa. A relação indivíduo e
sociedade é uma relação dialética onde existem trocas de experiência no processo de
aprendizagem e transformação de valores. Sendo o adolescente um sujeito que é criador
de sua própria história e capaz de construir sua identidade ao construir sua realidade no
mundo. Foi possível compreender que a cultura tende a valorizar o sujeito produtivo,
desvalorizando as fases da infância, adolescência e velhice por serem estigmatizadas
como compostas por sujeitos não produtivos. A concepção de fase natural limita as
práticas do Psicólogo no processo de criar possibilidades de intervenção e construção de
saberes envolvendo políticas públicas de atenção aos adolescentes como agentes que
constroem uma sociedade. Os adolescentes são parceiros sociais que aprendem valores e
identificação a partir das relações sociais.
Palavras – chave: Adolescência. Construção Social. Cultural.

103
PSICOLOGIA E FEMINISMO: DISCUSSÕES SOBRE OPRESSÃO
E VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Leidiane Carvalho de Aguia
Benedita Nádia Silva Pereira
Antônia Misterly de Sousa Farias
O presente trabalho pretende desenvolver reflexões no âmbito social sobre as relações
de opressão de ordem discriminatória e a violência contra a mulher e discutir as
possíveis contribuições do Feminismo e da Psicologia nos processos de emancipação
das mulheres vítimas de violência intrafamiliar. Conceituar a importância que a luta
feminista tem para as conquistas dos direitos das mulheres e refletir sobre as
contribuições da Psicologia frente a essa problemática. A partir de estudos na graduação
de Psicologia acerca da relação de opressão, foi realizada uma revisão bibliográfica
utilizando como leitura norteadora o artigo “’Feminicídio e as mortes de mulheres no
Brasil”, de Wânia Pasinato. Na obra a autora discute e analisa casos de violência e
morte de mulheres na América Latina. Com intuito de conhecer mais sobre a proposta
supracitada, foi necessário observar que ao longo do processo histórico cultural as
mulheres têm enfrentado dominação e submissão, estando constantemente no lugar de
inferioridade pelas questões sociais, religiosas e machistas. A questão binária homem e
mulher é uma definição de gênero a partir da construção social, e assim se organiza
culturalmente interferindo no modo como organizamos a sociedade. A violência
doméstica envolve diversos elementos que vão além da agressão física e do estupro, que
são muitas vezes veiculados como os únicos modos de violência. No Brasil é
considerado como violência doméstica o ato de humilhar, diminuir a autoestima, fazer a
vítima achar que está perdendo a sanidade, fazer atos sexuais desconfortáveis e impedir
a mulher de prevenir a gravidez ou obrigá-la a fazer o que não quer. Vivemos em um
país onde a Constituição assegura que todos têm direitos iguais, contudo não podemos
vivenciar de fato o que as leis nos garantem, pois ideias preconceituosas e
discriminatórias de uma sociedade que se move em virtude do poder, oferecendo maior
destaque ao homem, como por exemplo, algumas empresas que preferem admitir para
vagas de emprego pessoas do sexo masculino já que as mulheres têm a possibilidade de
ficar grávida e consequentemente entrar de licença maternidade. A psicologia em seus
estudos aliados ao feminismo a partir de pesquisas e seus relatos de trabalho em campo,
defende que os direitos das mulheres são importantes para valorizar características e
perspectivas femininas e garantir os direitos dos sujeitos. Sendo assim a Psicologia
dentro do espaço social e histórico tem a função de promover a os processos de
emancipação das mulheres quanto à importância de valorização da autodefinição de si e
assim conquistar papéis na sociedade. Sabemos que a violência contra a mulher é um
problema de Saúde Pública reconhecido pela Organização Mundial de Saúde, tendo em
vista que a violência configura danos referentes à integridade física e emocional,
acarretando a ida das vítimas com frequência nos serviços de saúde. A atuação do
Psicólogo é acolher, orientar e proporcionar possibilidades de emancipação destes
sujeitos.
Palavras – chave: Psicologia Feminista. Violência contra Mulher. Intervenção.

104
RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O PROJETO TECENDO
AFETOS: EDIÇÃO PAIS
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Maria Aparecida de Paulo Gomes
Amanda de Oliveira Falcão Medeiros
O presente é um relato de experiência obtido por meio da participação no Projeto
Tecendo Afetos: edição pais, ofertado pelo curso de Psicologia do Centro Universitário
INTA. Esta experiência que ocorreu durante o segundo semestre de 2018 surgiu a partir
do Projeto Laços de Família que tem como escopo a assistência extrajudicial às famílias
em conflito. O Projeto Tecendo Afetos originou-se a partir da percepção de que uma
parcela considerável dos assistidos do Laços de Família são casais divorciados ou em
vias de divórcio que têm filhos. A partir disso, a proposta do grupo de extensão foi a de
desenvolver e implantar uma oficina para este público. O projeto contou com a
participação de quatro acadêmicos de Psicologia do UNINTA sob a orientação da
professora Amanda Falcão. O objetivo da primeira edição foi construir um grupo para
pais e mães divorciados que enfrentam conflitos relacionais no âmbito da conjugalidade
e parentalidade. Como objetivo específico buscou-se promover a interação entre os
participantes e a acessibilidade dos alunos às questões pertinentes à formação
acadêmica. A proposta deste trabalho é relatar a experiência vivenciada no Projeto de
Extensão Tecendo Afetos: edição pais. O projeto realizou-se no período de quatro
meses, por meio de encontros quinzenais. Nos encontros realizavam-se as tarefas:
revisão de literatura e discussão dos textos; divisão de tarefas entre os acadêmicos;
elaboração dos encontros; recrutamento de participantes e divulgação da oficina. A
etapa posterior consistiu na intervenção. Nesta etapa uma temática era abordada por
encontro, realizava-se dinâmica e um momento de discussão. Os temas abordados
referiam-se à alienação parental, empatia, assertividade, habilidades de comunicação e
expectativas para o futuro. Ao final dos encontros os alunos realizaram entrevistas com
os participantes cujo objetivo era obter a percepção dos mesmos sobre a oficina. A
partir da análise das discussões acerca das atividades realizadas e dos relatos dos
convidados foi possível identificar alguns pontos contemplados na literatura, dentre
eles: (a) a presença de comportamentos que apontavam para alienação parental; (b)
assistidos que evidenciavam certa dificuldade em estabelecer diálogos entre filhos e
cônjuges; (c) participantes que exerciam práticas educativas autoritárias ou muito
permissivas com os filhos. Na entrevista pós-intervenção os participantes relataram uma
mudança significativa no relacionamento com os filhos apresentando maior disposição
para ouvir e exercer empatia. Um resultado inesperado que surgiu a partir da
intervenção foi a reconciliação de um casal, segundo eles esta decisão de retorno da
relação foi tomada após reflexões realizadas nas reuniões. No encontro final
identificaram-se relatos de gratidão pelo acolhimento recebido. A participação nesse
Projeto de Extensão foi de suma importância para minha formação acadêmica diante da
possibilidade de vivenciar uma metodologia de aprendizagem teórico-prática com
ênfase na temática das relações sociais no contexto familiar. A experiência favoreceu a
ampliação na percepção sobre o reconhecimento das questões pertinentes aos conflitos
familiares envolvendo pais divorciados, parentalidade e coparentalidade.
Palavras – chave: Projeto de extensão. Psicologia. Família.

105
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS REACIONÁRIAS SOBRE O
FEMINISMO: UMA ANÁLISE DOS USOS DO TERMO
“FEMINAZE” NO TWITTER

Eixo Temático: Movimentos Sociais Lutas e Resistências.


Antônio Francisco Soares Araújo
Thamyles de Sousa e Silva
Gisélia Araújo Silveira
Nathássia Matias de Medeiros
Ainda nos dias atuais, as desigualdades de gênero são notórias, tornando
imprescindíveis os movimentos feministas. Por feminismo, conforme Chimamanda
(2015), entendemos a luta por justiça e igualdade de gênero. No entanto, são diversas as
atitudes reacionárias contra os movimentos feministas, ações que têm sido denominadas
de backlash. Com as redes sociais, essas manifestações reacionárias ganham
visibilidade mundial e termos pejorativos para as feministas são constantemente
compartilhados nas redes sociais, dentre elas o Twitter. Um desses termos é a palavra
“feminaze” ou “feminazi”. O termo “feminazi” foi cunhado pelo radialista conservador
Rush Limbaugh, em 1990. Definido como a junção dos vocábulos feminismo e
nazismo, inicialmente foi utilizado para referir-se a feministas que defendiam o aborto.
No decorrer dos anos, ocorreu a popularização do termo e, particularmente no Brasil,
proliferou-se também o termo “feminaze”. Tivemos como ponto de partida deste
trabalho o questionamento sobre quais representações sociais acerca do feminismo os
movimentos reacionários de backlash reproduzem. Por representações sociais, a partir
de Moscovici (2003), entendemos os saberes do senso comum produzidos
coletivamente, ou seja, um conjunto de informações, conceitos e proposições originadas
em nosso cotidiano por meio das comunicações entre os indivíduos. O objetivo deste
trabalho consiste em analisar as representações sociais que indivíduos reacionários ao
feminismo possuem sobre o movimento, a partir da análise de postagens do Twitter que
possuem o termo “feminaze”. A coleta de dados iniciou-se com o rastreio de
conversações do Twitter, do dia 8 de março a 16 de março de 2018, que continham a
palavra “feminaze”, através da ferramenta NodeXL Basic. Foram analisados 183 tweets.
Os dados foram analisados a partir do método de Análise de Conteúdo (AC) segundo
Bardin (2004). Inicialmente, foram separadas unidades dentro dos dados recolhidos, em
seguida foi identificada a regularidade de elementos que aparecem com maior
frequência e fez-se a análise das representações encontradas sobre as feministas. A
partir da análise, foram identificados discursos reacionários contra o movimento
feminista que distorcem questões fundamentais para o feminismo e reafirmam as
estruturas de poder. Notamos 5 categorias: “corpo”, “vida profissional”, “ódio aos
homens”, “descontrole de temperamento/TPM” e “esquerdopata”. A categoria mais
marcante foi a primeira, composta por falas sobre padrões do corpo de uma feminista.
As feministas são apontadas como mulheres infelizes, cabeludas, das quais essas
pessoas queriam completa distância. Essa parece ser a principal representação social da
feminista entre essas pessoas: uma mulher suja, mal-amada, sem moral. Foi possível
concluir que, com o uso do termo “feminaze”, depreciam-se as feministas e o
movimento, visto que elas são chamadas de extremistas, radicais e rancorosas em
relação ao sexo oposto. O próprio termo já corrobora com os conteúdos encontrados nos
comentários, pois ao comparar as feministas com o nazismo, insinua-se que o
feminismo busca a superioridade de um determinado grupo: o grupo composto pelas
mulheres. Desse modo, a utilização do termo é uma maneira de buscar desestabilizar a

106
luta das mulheres para obter direitos igualitários. Fica então evidente a necessidade das
lutas sociais em prol da equidade de gêneros.
Palavras – chave: Representações Sociais. Feminismo. Análise de Conteúdo.

107
SAÚDE MENTAL E A PRÁXIS PSICOLÓGICA: DIÁLOGOS
ENTRE A PSICOLOGIA E A PSIQUIATRIA SOBRE O CUIDADO
PERANTE O TRANSTORNO MENTAL
Eixo temático: Interdisciplinaridade, questões metodológicas e epistemológicas em
Psicologia.
Íris dos Santos Timbó
Roberta de Fátima Rocha Sousa
Edmilson Correia Timbó
O referente trabalho procura abordar a relação dialógica entre a práxis psicológica e
psiquiátrica do cuidado em saúde mental, na qual se evidencia a relação da teoria e da
prática em prol de um núcleo integrativo comum. Para isso, é contextualizada e
questionada a noção do saber psiquiátrico e seus desdobramentos com aspectos éticos e
transdisciplinares de se trabalhar. Assim, faz-se valer o Código de Ética Profissional do
Psicólogo (2005), em que trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida
das pessoas e das coletividades, e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Compreender a
relação teórica e prática na constituição do saber na saúde mental na relação entre
psicologia e psiquiatria, pautadas no processo saúde-doença, das dimensões individual,
familiar e profissional. Por meio de pesquisa qualitativa, este trabalho que se constitui
numa pesquisa exploratória de dados literários, que possibilite a consideração dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado, tendo com descritores: Saber Psiquiátrico
do cuidado, Práxis Psicológica, Cuidado em Saúde Mental. Assim foram feitas
pesquisas por meio de análise de resumos bibliográficos, em bibliotecas e por auxílio de
artigos, dentro de bases de busca como Scielo, PepsiCo e o Portal de Periódicos
CAPES/MEC. Durante as leituras, é evidenciado, a importância de um saber
transdisciplinar do cuidado, tanto nos aspectos psicológicos e psiquiátricos, quanto nos
demais profissionais que estão em volto do cuidado com o paciente, como por exemplo,
terapeutas ocupacionais. Para isso é convocado o diálogo sobre as dimensões físicas,
psicológicas e emocionais em uma relação mútua entre família, sujeito e práticas
profissionais de cuidado, que visem não só uma adesão efetiva ao tratamento, mas
também uma qualidade de vida e bem-estar para quem é foco de cuidado e quem cuida.
Constatou-se que faz valer uma construção das relações de cuidado e atuação dos
saberes em torno deste paciente, para caminhar em uma transdisciplinaridade dos
processos, tendo em vista um sofrimento existente tanto do paciente quanto do familiar
e como estes se apresentam aos cuidadores, por vezes viram foco de cuidado. Porém, o
que por vezes ocorre é uma hierarquização do saber médico psiquiátrico sobrepondo os
demais saberes e formas profissionais de se trabalhar e atuar, fato que fica perceptível
também em relação aos cuidados tanto dos pacientes, quanto na confiabilidade de
relações entre os profissionais e familiares. Partindo para o olhar mais humanizado para
as pessoas que estão sendo assistidas pelo Sistema da Saúde Mental, que foi
reestruturado a partir dos novos moldes, propostos pela Luta Antimanicomial, Reforma
Psiquiátrica e Sanitária.
Palavras – chave: Cuidado em Saúde Mental. Práxis Psicológica. Saber Psiquiátrico.

108
SUICÍDIO: POSSIBILIDADES FUNCIONAIS E ESTRATÉGIAS
PREVENTIVAS
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Maria Aparecida de Paulo Gomes
Antônia Misterly de Sousa Farias
Orientadora: Ana Mara Farias de Melo
O suicídio é tema complexo que afeta indivíduos em diferentes classes, idades e demais
fatores classificatórios do sujeito. Pode ser definida com um ato previamente pensado e
executado pelo próprio sujeito, cujo propósito seja a morte, de forma consciente e
intencional, mesmo que com grau de incerteza, usando um meio que pode ser letal.
Difere da ideação suicida, pois esta é um termo médico para se referir a pensamentos
sobre como dar fim à própria vida. Por isso, esta pesquisa se faz pertinente por se tratar
da existência humana, sendo este o tema central de estudo da Psicologia. Segundo o
Ministério da Saúde, entre 2007 e 2016 foram registrados no Sistema de Informações
sobre Mortalidade (SIM) 103.374 óbitos por suicídio e em 2016, a taxa chegou a 5,8 por
100 mil habitantes. Diante do exposto, o presente trabalho retrata a temática do suicídio
na perspectiva da abordagem analítico-comportamental sobre as possibilidades
funcionais e estratégias de prevenção da referida temática. Trata-se de uma pesquisa
descritiva a partir da análise de artigos e monografia encontrados em bases eletrônicas.
Entre as possibilidades funcionais encontramos o reforço positivo ou promessas verbais
de reforço positivo, mantido por afeto, carinho e regras, como é o caso do terrorismo; O
comportamento de fuga-esquiva, neste caso o suicídio tem mais probabilidade de
ocorrer em situações em que o sujeito tenha sido exposto a eventos aversivos, como
exemplo menciona-se histórias de perda; outra possibilidade refere-se à esquiva
experiencial a eventos privados, tais como, pensamentos, sentimentos, sensações, etc, o
exemplo é uma pessoa que diante de diagnóstico de doença crônica comete o ato numa
tentativa de não se expor ao pensamento sobre o sofrimento da doença; E como última
possibilidade funcional, o desamparo aprendido, o qual se apresente como fator de
predisposição que implica na redução da responsividade do organismo ao ambiente,
além da dificuldade de aprendizagem, demonstrada por sujeitos previamente expostos a
eventos aversivos incontroláveis, exemplo disto é um indivíduo que exposto
frequentemente a eventos incapacitantes percebe-se impotente diante dos desafios da
vida. Esse comportamento é amplamente associado ao modelo analítico-
comportamental da depressão. É relevante enfatizar o caráter idiográfico da
apresentação do comportamento suicida, pois cada sujeito tem sua singular forma de
lidar com os eventos da vida. Dentre as Intervenções Preventivas pode-se citar
comportamentos como retirada de aversivos do ambiente e a inserção de reforçadores
positivos a respostas gradativamente incompatíveis à tentativa de suicídio; relação
terapêutica mediada pela confiança e terapia de aceitação e compromisso(ACT). Diante
deste estudo foi possível ter uma maior clareza sobre a função de alguns
comportamentos que podem predispor ao suicídio. Evidencia-se desse modo a
compreensão da abordagem análise do comportamento sobre este assunto tendo em
vista a importância do manejo clínico na abordagem do indivíduo com ideação suicida.
Palavras – chave: Suicídio. Análise do Comportamento. Possibilidades funcionais.

109
SUJEITOS AUTISTAS SOB À LUZ DA PSICANÁLISE: UMA
DISCUSSÃO TEÓRICO-PRÁTICA ACERCA DA AFFINITY
THERAPY
Eixo temático: Atuação e Reflexão em Psicologia.
Milena Fontenele de Oliveira
Luis Achilles Rodrigues Furtado
Camilla Araújo Lopes Vieira
O presente trabalho trata-se de um relato de experiência oriunda de um projeto de
extensão universitária da Universidade Federal do Ceará, denominado “Água de
Chocalho”, vinculado à liga de Psicanálise e Psicopatologia da UFC. Ele é coordenado
pelo professor Dr. Luis Achilles Rodrigues Furtado, com a professora Dra. Camilla
Araújo Lopes Vieira como docente colaboradora, o qual é destinado para crianças ditas
autistas e outras com demais sofrimentos psíquicos graves, e tem como sede uma sala
de permanência localizada no Serviço de Psicologia Aplicada da UFC, S.P.A. O projeto
supracitado beneficia, atualmente, cerca de dez crianças, configurando-se como um
importante dispositivo de saúde mental, na cidade de Sobral-CE. Dessa maneira,
pretende-se discutir acerca da prática extensionista – a qual se norteia por meio da ética
psicanalítica, pautada no desejo do sujeito -, sob à luz de um novo modelo terapêutico,
denominado de Affinity Therapy, apresentado por Michel Vives no seu texto intitulado
“Oficinas terapêuticas: uma mediação para cada um”. Assim, objetiva-se refletir sobre a
potência de inverter a lógica do tratamento terapêutico, o qual é, em muitas das
ocasiões, guiado pelo desejo do terapeuta em detrimento do desejo do sujeito assistido.
Nesse sentido, foi possível observar a relevância presente no ato de atender à afinidade
das crianças assistidas com os objetos lúdicos presentes na sala, permitindo o
desenvolvimento da autonomia de tais sujeitos. Nesse ínterim, o extensionista
transforma o seu posicionamento, o qual não mais é de um oficineiro tradicional, mas
de um mediador entre o seu próprio objetivo e a afinidade do paciente, criando um
espaço onde os interesses do mediador se mistura com o desejo da criança atendida.
Portanto, é possível concluir que o projeto de extensão possibilita uma transformação no
que se refere ao desenvolvimento das atividades, visto que as próprias crianças são
protagonistas no processo de decisão do viés o extensionista precisa seguir, sendo este
último um mediador prático entre o desejo do sujeito autista e os objetivos concernentes
à atividade de extensionista, contribuindo de forma significativa para a promoção de
saúde mental.
Palavras – chave: Saúde mental. Psicanálise. Affinity therapy.

110
TECER E PROMOVER AFETOS

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


João Victor Moreira Lima
Amanda de Oliveira Falcão Medeiros
O Projeto Laços de família é uma parceria da Defensoria Pública do Estado Ceará com
o Centro Universitário INTA-UNINTA. Sua principal atribuição é contribuir para
resolução de conflitos familiares de forma pacífica utilizando a técnica da mediação de
conflitos. O público mais beneficiado pelo projeto é o de famílias hipossuficientes.
Pensando em contribuir com a demanda de casais em conflito (divorciado ou em vias de
divórcio) surge o projeto de extensão Tecendo Afetos: edição pais. O referido projeto
em sua primeira edição ocorreu no segundo semestre de 2018, tendo quatro docentes do
curso de psicologia como colaboradores sob a supervisão da professora e psicóloga Me.
Amanda Medeiros. Alguns aspectos concernentes à convivência intrafamiliar foram
trabalhados, tais como: comunicação, empatia, coparentalidade, alienação parental e
diversidade familiar. Foram utilizadas técnicas como a exposição de conteúdo,
dinâmicas de grupo e escuta ativa. A experiência como extensionista contribuiu
significativamente para a formação acadêmica e profissional dos envolvidos.
Desenvolver e implementar uma oficina para pais em conflito conjugal com a finalidade
de melhorar a qualidade das relações intrafamiliares. Como objetivos específicos tem-se
o desenvolvimento de grupos de estudos sobre a historicidade, teorias e técnicas de
terapia familiar e intervenção com pais, além de desenvolver trabalhos acadêmicos.
Após o processo seletivo formou-se uma equipe composta por quatro graduandos de
psicologia que estavam matriculados a partir do 4º semestre do curso. Ocorreram oito
encontros, sendo os quatro primeiros quinzenais, esses tiveram como finalidade a
discussão de leitura previamente indicada pela orientadora e a elaboração dos encontros
da intervenção; os quatro encontros seguintes foram semanais, sendo três direcionados
para a implementação da oficina de pais no espaço do projeto Laços de Família. No
último encontro, os acadêmicos colaboradores entrevistaram os participantes do grupo
para aferir os aspectos significativos percebidos durante oficina. As entrevistas
estruturadas foram realizadas de forma individual com duração média de 30 minutos,
este momento foi importante para compreender os aspectos relevantes da intervenção,
bem como para colher sugestões para futuros encontros. De maneira geral, obteve-se
por meio dos seus relatos: melhora no diálogo entre pais e filhos e entre cônjuges,
aumento de comportamento empático, mudança de um estilo parental autoritário para
um autoritativo. Os mesmos também deram sugestões como aumentar o número de
encontros, além de sugestões para novas temáticas. A experiência foi bastante
gratificante, pois foi possível notar o impacto do projeto na vida dos participantes do
grupo e ficou claro o quanto espaço de escuta tem potencial transformador. Como
acadêmico de psicologia, considero que a experiência acrescentou muito no que diz
respeito ao acesso a novos conhecimentos e as possibilidades de atuação profissional.
Estudar sobre família e aspectos que permeiam as relações familiares me fez perceber
que existe a necessidade de realizar mais trabalhos de pesquisa nessa área
contextualizando a teoria à realidade brasileira.
Palavras – chave: Família. Pais. Divórcio.

111
TRANSGENITALIZAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE OS CONCEITOS
E PRECONCEITOS EM TORNO DA MUDANÇA DE SEXO

Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Stephanie Rosalina Lima
Michelle Ferreira Maia
Há quem afirme que a primeira cirurgia de redesignação do órgão genital tenha ocorrido
na década de 1970 em plena Ditadura Militar, ou seja, um período bastante conturbado
para uma nova vida em sociedade a qual os preceitos da época eram a “moral e dos bons
costumes”. Esta pesquisa busca analisar o comportamento da sociedade sobralense em
torno desta questão, assim bem como acompanhar o processo antes e depois da
trangenitalização, investigando quais as dificuldades de adaptação não apenas no
aspecto psicológico, mas fisiológico. Haja visto que será um processo novo para o
organismo desta mulher. Existem relatos de que após a cirurgia muitas mulheres
cometeram suicídio, outros que sofrem depressão por não serem aceitos na sociedade,
há aquelas também que recorreram à cirurgia na esperança de encontrar uma relação
estável com um homem e que muitas vezes acabam frustradas. Outro fator crucial é o
mercado de trabalho, talvez esse seja o desafio maior tendo em vista o preconceito ainda
como opressor. Contudo este projeto terá a missão de pesquisar mais sobre a vida destas
atrizes principais e das coadjuvantes em sociedade. A presente pesquisa pretende
identificar se o direito das mulheres transexuais após a transgenitalização foi
conquistado, acompanhamos o processo de adaptação física e psíquica destas mulheres.
Afinal, como será o cotidiano social e de trabalho destas mulheres. A pesquisa foi
realizada através de análises bibliográficas sobre o tema A CIRURGIA DE
TRANSGENITALIZAÇÃO E A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAIS de Vanessa Bergesch, Beatris Francisca
Chemin, e de um estudo apurado de casos. Inquietou-nos o preconceito social
vivenciados por estas mulheres na sociedade. Compreendemos que a sociedade deve
rever seus conceitos, e considerar que estas mulheres devem ser devidamente
respeitadas, afinal, está na constituição o respeito à individualidade de todos. O Brasil é
o país com o maior índice de assassinatos de transexuais e travestis do mundo (BENTO,
Berenice). Precisamos avançar nos cuidados a estas mulheres, a exemplo, a saúde física
das mulheres trans, ademais a legitimidade do seu Direito Constitucional de cidadã
Brasileira de ser reconhecida e ter as mesmas oportunidades de emprego e
respeitabilidade que os demais cidadãos.
Palavras – chave: Trangenitalização. Sociedade. Respeito.

112
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA, EDUCAÇÃO
INCLUSIVA E ESTIGMA SOCIAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA
SOBRE A PRÁXIS PSICOLÓGICA NO CONTEXTO
EDUCACIONAL

Eixo Temático: Atuação e Reflexão em Psicologia.


Íris dos Santos Timbó
Maria Luísa Ximenes Feijão
A relação entre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a educação inclusiva e as
construções do lugar da diferença, ofertadas discursivamente nos espaços de
sociabilidade tem sido relevantemente problematizada na atualidade. Para tanto, o que
está em jogo é a diversidade humana, e, nesse aspecto, a posição autística, por vezes
tratada pelo viés da incapacidade, fracasso e isolamento, contribuindo para a
perpetuação de estigmas sociais. Observa-se que a escola é apontada como espaço de
desenvolvimento educacional, habitada por reflexos da normatividade social, e,
concomitantemente, convocada a apostar na construção de habilidades e competências
que propiciem autonomia e potencialidades dos sujeitos. Contudo, é necessária a
superação dos estigmas que surgem como atitude julgadora de tudo que foge à regra da
dita normalidade, normatividade e subserviência dos padrões sociais, tendo
possibilidades de legitimidade a relação família, escola e práxis psicológicas com vistas
à atribuição de espaços de comunicação e protagonização. A proposta da educação
inclusiva em termos de potência da escolarização corrobora à abertura de diálogos entre
saberes e práticas no que concerne ao Transtorno do Espectro Autista (TEA),
contribuindo para o reconhecimento deste campo atravessado por controvérsias bem
como reservando à Psicologia a possibilidade de tangenciar os aspectos ligados à
subjetividade. O presente trabalho tem o objetivo de problematizar a relação entre o
Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a educação inclusiva a partir da inserção da
práxis psicológica como promotora, ou não, de ideias estigmatizantes. A metodologia
utilizada é de cunho qualitativo, circunscrita por um relato de experiência como
Acompanhante Terapêutica (AT) numa escola da rede particular de ensino, cidade de
Sobral – CE, sob perspectiva da psicologia educacional. Por vezes, pela experiência
assumida, ela tem se apresentado de forma bastante angustiante visto que traz consigo
uma construção cristalizada através de um modelo de ensino com traços significativos
de conservadorismo, culminando em práticas pedagógicas excludentes. O adolescente
com Transtorno do Espectro Autista, nesse cenário, compreende e internaliza o
ambiente excludente como seu local enquanto sujeito, trazendo questionamentos e
supostas motivações sobre como a realidade em que está inserido se apresenta,
acarretando sentimentos negativos, como incapacidade de enfrentamento as
adversidades, gerando reclusão, conformidade e crises de identidade. Constatou-se, que
apostas de trabalho que primam pelo debate sobre educação inclusiva com
entendimento da importância do diálogo entre os envolvidos, possibilita o
desenvolvimento do aluno para além do quadro de disciplinas curriculares comuns. Os
efeitos operam nas formas de contribuir com conhecimentos práticos e relacionais, com
espaços outros de comunicação entre família, escola e sujeito, sem diminuir ou apagar
processos subjetivos, buscando no saber e práxis psicológica que não incorram com
processos excludentes, por vezes perpetuados pela escola, proporcionando
possibilidades e autonomia, para o fortalecimento da identidade social.
Palavras – chave: Transtorno do Espectro Autista (TEA). Educação Inclusiva. Estigma
Social.

113
TREVO DE QUATRO FOLHAS: DESAFIOS E
POTENCIALIDADES NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DE MÃES EM
RISCO SOCIAL

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


André Sousa Rocha
Maria Alayny Cavalcante Melo
Camilla Araújo Lopes Vieira
A estratégia Trevo de Quatro Folhas surgiu como programa de apoio às políticas
públicas de saúde do município de Sobral, Ceará. Comprovada a sua eficácia, foi
consolidado então como estratégia de Saúde no ano de 2010. Sua atuação se dá com
gestantes, puérperas e crianças até dois anos de idade que apresentem algum tipo de
vulnerabilidade social ou risco clínico. A estratégia Trevo de Quatro Folhas tem uma
equipe interdisciplinar, promovendo atuação ampla e eficaz. É notório que o cuidado em
saúde é fortalecido, e o foco do trabalho se dá sob a necessidade real da população. É
importante ressaltar também que a estratégia Trevo valoriza aspectos referentes à
territorialidade, incluindo em suas ações a atuação das chamadas mães sociais, uma das
diretrizes mais importantes do seu trabalho. Apresentar o Trevo de Quatro Folhas como
uma política pública que ganhou pertinência em Sobral, com trabalho focado na
diminuição da taxa de mortalidade infantil e na intervenção com mães e bebês (até dois
anos de idade) que se encontram em estado de vulnerabilidade social. Consiste em um
relato de experiência a partir de uma algumas visitas ofertadas pela disciplina de Estágio
Básico, durante o segundo semestre letivo do ano de 2018. Portanto, o trevo de quatro
folhas é uma grande estratégia de saúde que se subdivide em outros programas, a saber:
Flor do mandacaru; Casa Acolhedora do Arco e o Projeto Coala. Cada um deles
trabalha com determinado público alvo, focando suas intervenções nas particularidades
de cada público atendido. A contribuição de sua atuação pode ser comprovada com a
redução drástica do número de óbitos materno-infantis, mostrando-se assim eficiente no
fortalecimento da dinâmica de saúde. Nesse sentido as contribuições da estratégia Trevo
são evidentes e sua atuação sempre em rede com as demais esferas do campo da saúde
se mostram extremamente significativas e eficazes. Por fim, este relato evidencia apenas
uma parcela do trabalho empreendido pela estratégia, de modo que não foram esgotadas
todas as vertentes trabalhadas in locus. Vale o adendo de que a estratégia Trevo
atualmente não possui todos os seus programas supracitados em funcionamento. O
subprojeto Casa Acolhedora do Arco encontra-se desativado e apenas os demais se
encontram em funcionamento. Dessa forma podemos notar como essa situação tem se
mostrado desafiadora para a manutenção dos bons índices que o projeto vinha
apresentando. Em suma, a estratégia Trevo é um campo que apresenta enorme
potencialidade, tanto aos profissionais como relativo ao seu campo de atuação, mas que
também passa por situações bastante desafiadoras a sua atuação e efetividade como
estratégia de saúde.
Palavras – chave: Trevo de Quatro Folhas. Psicologia.Vulnerabilidade Social.

114
TRILHANDO CAMINHOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL PARA PESSOAS EM
SITUAÇÃO DE RUA EM SOBRAL - CE EM 2018

Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.


Roberta de Fátima Rocha Sousa
Íris dos Santos Timbó
Anne Graça de Sousa Andrade
Este trabalho surge a partir de inquietações resultantes da disciplina de Estágio Básico
II, onde através de uma visita institucional, a posteriori foi realizada uma intervenção no
Abrigo Institucional para a População em Situação de Rua na cidade de Sobral – CE. O
objetivo da intervenção foi compreender como se dá a construção do processo de
autonomia nos acolhidos em virtude da quebra de vínculos familiares. De acordo com a
Política Nacional para a População em situação de Rua, instituída pelo decreto nº 7.053
de 23 de Dezembro de 2009, população em situação de Rua é definida como: um grupo
populacional heterogêneo que possue em comum a pobreza extrema, os vínculos
familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional
regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de
moradia e sustento. Promover reflexões sobre o processo de autonomia e subjetividade
na história de vida dos acolhidos, enfatizando a percepção de potencialidade dos
mesmos. Utilizamos a técnica da Arteterapia que permite que o sujeito consiga efetuar
mudanças benéficas em sua vida pessoal, através da utilização de materiais de arte em
um ambiente seguro e facilitador. A ideia principal é a expressão através da arte como
forma de materializar questões e sentimentos reprimidos. Nessa perspectiva foi
solicitado que os acolhidos se expressassem da maneira que achassem mais confortável:
desenho, pintura, colagem ou através da escrita; como se viam no presente e quais as
perspectivas de futuro. Através do material produzido, foi possível perceber a
importância das políticas públicas para esse público em questão, como também as
potencialidades da atuação do psicólogo do equipamento, ao passo que, diante das
produções, identificou-se uma tomada de consciência na maioria dos acolhidos que
participaram da atividade, ficando evidente quando os mesmos trazem a importância do
acolhimento institucional para a transformação de suas vidas, como também seus
processos de autonomia e reflexões geradas durante as produções. O que demonstra um
profundo sentido das intervenções já realizadas pela equipe atuante no equipamento.
Salientamos a importância das políticas públicas para a ressocialização desses sujeitos,
como também o comprometimento da equipe atuante no serviço, que busca atender às
demandas que se apresentam, pautando suas intervenções e ações na promoção e
respeito à dignidade humana. Uma atuação pautada em múltiplos saberes que evoca a
atuação da psicologia como uma mediadora desses sujeitos e o serviço, uma ação que
ficou evidente no profissional de psicologia do equipamento; onde o mesmo é ativo
nesse serviço que é ofertado. Sendo assim, a intervenção realizada foi de suma
importância para a nossa formação, pois possibilitou unir teoria e prática, além de
vivenciar e escutar as histórias de vida, demandas, anseios dos participantes.
Palavras – chave: Políticas Públicas. Psicologia social. Autonomia.

115
UMA ANÁLISE PSICANALÍTICA DO POEMA “TRADUZIR-SE”
DE FERREIRA GULLAR
Eixo temático: Atuação e reflexão em Psicologia.
Socorro Taynara Araújo Carvalho
Josiary Albuquerque Souza
Zuylla Margaryda Ximenes Aragão
Thaíssa Aguiar Boto Vasconcelos
Nathássia Matias de Medeiros
Nós, seres humanos, durante toda nossa história evolutiva, buscamos respostas para
entender quem nós realmente somos e tentamos nos definir, mas parece que sempre
falta algo em nossas definições. A resposta para a pergunta “Quem sou eu?” parece
sempre incompleta e causa-nos inquietude, por percebermos que não temos domínio e
conhecimento completo de nosso próprio ser. Nesse sentindo, Ferreira Gullar, grande
poeta brasileiro, traz profundas reflexões com seu famoso poema “Traduzir-se”, que
como o próprio nome sugere, o eu lírico traz traduções do “eu”, fazendo uma auto-
análise, de um autoconhecimento de si mesmo. O presente trabalho pretende fazer uma
análise do poema “Traduzir-se” de Ferreira Gullar à luz da teoria psicanalítica
freudiana. Este trabalho trata-se de um estudo teórico, descritivo e bibliográfico, que
utiliza primordialmente conceitos de Freud (1930). Desde o início do poema, é notória a
vertente paradoxal do texto quando o autor cita “Uma parte de mim pesa, pondera: outra
parte delira”. Podemos analisar o ser humano como este que vai da sobriedade ao
devaneio, do consciente ao inconsciente, da sanidade à loucura, esse indivíduo que,
como a psicanálise nos alerta, conscientemente pesa e pondera, mas inconscientemente
recalca conteúdos conflituosos. No entanto, esse mesmo indivíduo encontra espaço para
delirar, para trazer à tona aquilo que parece impossível de ser expressado. “Uma parte
de mim é permanente: outra parte se sabe de repente”: aqui podemos notar, mais uma
vez o consciente e o inconsciente, a parte que é permanente é o consciente, que é aquele
que não muda, que geralmente é previsível, e a parte do de repente, é aquilo que aparece
de forma súbita, instantânea, enquanto que aquilo que é desconhecido para si mesmo,
que chega de surpresa, é a voz do inconsciente, que aparece através dos atos falhos. Por
fim, podemos indicar que tais oposições colocadas no poema “Traduzir-me” nos fazem
pensar em como temos inúmeras partes dentro do nosso ser e como somos esses seres
dicotômicos, e por este motivo temos tanta dificuldade de traduzir-nos, de definirmos-
nos. Então a vida é sim uma arte, o ser humano é uma arte, não importa qual a parte,
todas as partes se traduzem em outra parte, a luz e a escuridão, o melhor e o pior, o ser
ou o não ser, o consciente e o inconsciente. É quase impossível se descrever, porém,
uma conclusão temos, somos todos um “traduzir-se”.
Palavras – chave: Traduzir-se. Psicanálise. Arte.

116
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, FEMINICÍDIO E CULTURA
MACHISTA NO BRASIL

Eixo temático: Movimentos sociais, lutas e resistências.


Francisca Telma Vasconcelos Freire
Nathássia Matias de Medeiros
Rosymile Andrade de Moura
Socorro Taynara Araújo Carvalho
O feminicídio no Brasil tem se tornado cada vez mais preocupante. De acordo com
dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2016, tramitaram na Justiça do País
mais de um milhão de processos referentes à violência doméstica contra a mulher, o que
corresponde, em média, a 1 processo para cada 100 mulheres. Desses, pelo menos 13,5
mil são casos de feminicídio. A violência contra a mulher é originária de uma
configuração cultural patriarcal, onde preponderam à hierarquia de poder, conflitos de
autoridade e desejo de domínio e aniquilamento do outro. Assim, ao realizar este
trabalho, partimos do objetivo de investigar como as publicações científicas veem a
relação entre a perpetuação de uma cultura machista e a prática da violência contra a
mulher e o feminicídio. Trabalhamos com o método da revisão integrativa de literatura.
Foi realizada uma pesquisa no Portal de Periódicos CAPES, com os termos: “violência
contra a mulher” e “machismo”. Foram encontrados 175 artigos, destes, 4 artigos
atenderam os critérios de inclusão: artigos que se relacionam com a temática da
pesquisa, disponíveis na íntegra e publicados em português. Foram excluídos os artigos
que não abordavam a temática e que não atendiam aos critérios de inclusão. A partir da
análise do corpus de pesquisa, composto pelos artigos científicos selecionados,
observou-se que no Brasil ainda permanece uma sociedade patriarcal, com a figura do
“macho social” e suas atitudes violentas tomadas como "atos corretivos". Apesar das
conquistas dos movimentos feministas e da abertura dos horizontes dos modos
femininos de estar no mundo, ainda é presente a figura da mulher como modelo de
“Maria”, ideal burguês de mulher que ganha força no Brasil do século XIX, submissa
aos homens, boa mãe e esposa. Ainda se perpetuam os estereótipos tradicionais de
fragilidade, morbidez e fraqueza da mulher. Também a partir dos artigos analisados,
nota-se que a violência contra a mulher se refere à hierarquia de poder, conflitos de
autoridade e desejo de domínio e aniquilamento do outro. Mudanças vêm acontecendo
ao longo do tempo, frutos sobretudo das conquistas dos movimentos feministas. No
entanto, as desigualdades de gênero são massivas e a reprodução de antigos papéis e
privilégios masculinos perpetuam-se, criando-se uma cultura que produz violência
contra a mulher. Mesmo com os avanços no campo jurídico, com a Lei da Maria da
Penha e os mecanismo de prevenção à violência doméstica, a redução das taxas de
feminicídio no país ainda é baixa. Concluímos que a mulher ainda é vista como um
objeto do homem, pois ainda temos presente na nossa cultura a ideia do homem
dominador e da mulher subserviente. Vendo-se oprimida, desrespeitada e sem amparo
jurídico e social, a mulher muitas vezes vê-se obrigada a aceitar a situação de violência,
que um dia pode chegar ao caso extremo de feminicídio. Por tal motivo, destacamos
aqui o fato de que uma mulher que passa por todo esse sofrimento necessita de
acolhimento e acompanhamento jurídico e psicológico.
Palavras – chave: Violência contra a mulher. Machismo. Feminicídio.

117
RESUMO
ATIVIDADE DE
EXTENSÃO

118
ATIVIDADE DE EXTENSÃO DIÁLOGOS PSI
EXPERIÊNCIAS EM PSICOLOGIA ESCOLAR NA CIDADE DE
SOBRAL

Milena Michele Linhares Magalhães

A psicologia possui diversos campos de atuação, dentre eles a área escolar. Essa
vertente da psicologia engloba o aluno, a família e a instituição. Atuar em uma escola
requer uma dinâmica diferente. Apesar da pouca experiência que tenho na área, já
passei por algumas situações que envolvem o cuidado com o aluno, o diálogo com a
família, as relações entre os profissionais da escola com as turmas, acompanhamento de
alunos com transtornos de aprendizagem, mediação de possíveis conflitos, dentre
outros. Atuar nesse campo é um desafio, principalmente pela psicologia estar se
consolidando nos espaços. Sobral é uma cidade localizada no interior do Ceará e está se
destacando por abrir caminhos para o psicólogo escolar. A escola a qual trabalho
consolida o espaço do psicólogo, meu setor é o SOP (Serviço de Orientação
Psicopedagógica), apesar de ser vinculada a coordenação dos segmentos, os
profissionais sabem diferenciar e solicitar quando necessário à atuação do coordenador
ou do psicólogo. Meu trabalho é voltado para os alunos do ensino médio (1º, 2º e 3º
anos) e pré-vestibular (cursinhos). Algumas das atividades realizadas são: projetos
voltados para melhorar a convivência entre os alunos, diálogos sobre temas importantes
como ansiedade, grupo de convivência com momentos de relaxamento e dinâmicas,
orientação com horário de estudo, acompanhamento de rendimento escolar, diálogo com
o aluno e a família, orientação profissional, atendimento quando necessário e possíveis
encaminhamentos para outros profissionais. A psicologia escolar é um trabalho árduo
que une vários temas e vertentes, está se consolidando nos espaços e ganhando
notoriedade, é um campo vasto, dinâmico e importante. Apesar dos esforços, nossa
atuação está apenas começando, faz-se necessária a ampliação dos psicólogos nas
escolas, cada vez mais temos jovens adoecidos que precisam de cuidado e
acompanhamento, podendo esses ser realizados dentro do ambiente escolar, além do
familiar.

Palavras-chave: Psicologia escolar. Ensino médio. Experiência profissional.

REFERÊNCIAS

ANDRADA, E. G. C. de. Novos Paradigmas na Prática do Psicólogo Escolar.


Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18(2), pp.196-199.

SOUZA, M. P. R. de. Psicologia Escolar e Educacional em busca de novas


perspectivas. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e
Educacional (ABRAPEE). Vol. 13, N. 1, Jan/Jun de 2009. 179-182.

119

Você também pode gostar