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Resenha sobre: Cultura da diversidade: uma orientação teórica para a prática

cultural de cooperação social.

Aluna: Paula Cristina E. Guedes

O professor Thomas Bauer é considerado como o professor emérito da


Universidade de Viena. Foi diretor da Faculdade de Ciências da Comunicação e professor
convidado de numerosas universidades estrangeiras na Ásia, na América e na Europa. É
autor, entre outros livros, de Kommunikation wissenschaftlich denken. Perspektiven einer
kontextuellen Theorie gesellschaftlicher Verständigung (2014) (Pensar a comunicação
como ciência. Perspectivas de uma teoria contextual do entendimento social). Dentre
muitas de suas obras, destaca- se o artigo “Cultura da diversidade: uma orientação teórica
para a prática cultural de cooperação social” composto por 15 páginas publicado em 2016
pela Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica ISSN

Em seu trabalho o autor afirma (2016) que a cultura nasce, portanto, através da
criação de significado, especialmente em tempos de crise ou desafio (perspectiva
criativa). A busca por conceitos de identidade nas origens culturais do passado chama a
atenção para categorias de raça, etnia, religião, língua e semelhanças. A busca por
conceitos identitários de marcos culturais que se desenvolveram em relação aos desafios
ou crises atuais (aspecto futuro) chama a atenção para espaços possíveis de movimento:
discurso, linguagem criativa e apresentações inusitadas.

Dessa forma é importante ressaltar que com o passar dos anos, a cultura tem
recebido mais atenção devido à sua complexidade. Onde o presente é moldado pelo
desenvolvimento e transformação da humanidade e é moldado por vários conflitos entre
diferentes tipos de organização da vida social. A cultura, portanto, afeta a humanidade
como um todo e ao mesmo tempo para cada um dos povos, nações, sociedades e grupos
de pessoas.

Toda realidade cultural tem sua essência interna na qual o pesquisador deve buscar
compreender a realidade cultural, sendo de extrema importância não analisar um fato
isoladamente, mas sim analisar o contexto em que os fatos foram gerados. Não é difícil
compreender a importância deste estudo da cultura em que está se transformando para
lutar contra os preconceitos e oferecer uma plataforma de respeito e dignidade nas
relações humanas.

Além disso o autor demostra que a comunicação é uma questão de complexidade


cultural. Existem muitas possibilidades e oportunidades de dar sentido ao processo de
troca de informações de todos os lados da associação, desde produtores, gestores e
consumidores. Não há regulamentação física. Por conta disso tudo o que sabemos e
pensamos sobre comunicação é resultado da compreensão do outro.

Portanto, a racionalidade da comunicação é a ideia de que essa cultura da


comunicação está presente na noção coletiva do uso aceitável do significado. A
racionalidade da comunicação é o programa intrínseco de ações comunicativas que
mantêm e criam a cultura, assim como a racionalidade da cultura está na manutenção das
estruturas de comunicação.

Desse modo a racionalidade da comunicação passa a ser dividido em


Racionalidade Ética que decide quais valores daremos mais atenção; Racionalidade
Estética competência comunicativa na qual se decide pelo signo “certo” e Racionalidade
Pragmática que é a capacidade de tomar decisões sobre ações comunicativas que seguem
uma lógica de sucesso em situações especiais.

Em outras palavras, a racionalidade se produz graças a uma relação dialógica


prévia e não se move no vazio de uma interioridade constituída fora de toda comunicação,
como querem os pensadores da filosofia da tradição da consciência. Nessa perspectiva,
uma pessoa se expressa racionalmente na medida em que é relativamente guiada por
afirmações válidas, ou seja, ela pressupõe uma relação reflexiva da personalidade com o
que acredita, faz ou diz.

Ademais outro fator levantado por Bauer (2006) é que o grande desafio de hoje é
viver em mundos diferentes e sincronizar situações com a unidade da própria vida. A
cultura sempre desempenhou um papel importante na aproximação de indivíduos ou
grupos. Desse modo a diversidade cultural está intimamente ligada ao de identidade que
passa a indicar a variedade de culturas que existem no mundo, surgidas a partir da
interação desenvolvida entre os seres e o meio ambiente.

Além do mais a diversidade cultural que há muito se restringe a áreas


especializadas como a antropologia, passa a contribuir para a ideia de que não se pode
estabelecer uma hierarquia entre as culturas humanas, que todas as culturas humanas são
epistemológica e antropologicamente equivalentes, que não é possível estabelecer
qualquer critério transcendente por qual uma dada cultura pode ser considerada superior
a outra.

Dessa forma a obra de Bauer é de suma importância pois nos faz refletir que é
preciso aprender sobre diversidade cultural desde a infância para que as crianças cresçam
sem preconceitos e tenham um bom desenvolvimento emocional. Além disso, é uma
forma de contribuir para a cultura da paz e do respeito que passa a ser considerado como
importante para a vida em sociedade
Resenha sobre: Cultura e Diversidade Considerações sobre a multiplicidade das
manifestações.

Aluna: Paula Cristina E. Guedes

Milton Moura estudou filosofia na PUC-RJ. É mestre em ciências sociais e doutor


em comunicação e cultura contemporânea pela UFBA. Pós-doutorado em história pela
UFPE, além disso coordena o grupo de pesquisa “O Som do Lugar e o Mundo”. O mesmo
tem publicado temas relacionados com a história da festa, em particular o Carnaval de
Salvador, o Caboclo d'Itaparica e as festas da independência de Cartagena das Índias.
Dentre as suas obras destaca-se o artigo a “Cultura e Diversidade Considerações sobre a
multiplicidade das manifestações” publicado pela revista Antítese em 2010, o mesmo
passa a ser dividido em Diversidade cultural e contemporaneidade; Diversidade cultural
e brasilidade e A diversidade no âmbito das manifestações culturais.

Em relação ao artigo o autor chega a fazer um discursão da diversidade cultural


que passa a ocupar um lugar de destaque na ordem política internacional. Situa-se,
portanto, no mesmo plano dos direitos econômicos e sociais e remete a um conceito de
cultura muito amplo e profundamente ancorado na discussão antropológica. A
diversidade deve ser compatível com a unidade da humanidade e o intercâmbio entre as
diferentes culturas em tempos diferentes.

Além disso, a diversidade cultural nos ajuda a reconhecer e respeitar os "modos


de ser" que não são necessariamente os nossos. Para que possamos construir pontes no
trato com os outros, a fim de haver confiança, respeito e compreensão entre as culturas.
Além disso, essa diversidade torna nosso país um lugar mais interessante para se viver.
Como pessoas de diferentes culturas contribuem com habilidades linguísticas, novas
maneiras de pensar, novos conhecimentos e experiências diferentes.

Além disso Milton Moura (2010) em seu artigo afirma que a cultura brasileira,
pressupõe um certo grau de unidade e consistência do objeto. Mesmo no caso de fórmulas
não originais, como a sociedade/cultura brasileira está passando por um processo de
intensa mudança, algum tipo de nuclearização deveria apoiar a construção de tal noção.
Assim é importante salientar que a cultura do nosso país é formada por elementos internos
e externos, e é importante que os jovens envolvidos nesta cultura saibam de onde ela vem.
Por isso é tão importante ensinar a diversidade cultural brasileira, pois os alunos precisam
saber de onde vêm seus costumes.

Dessa forma o autor supracitado demonstra que a identidade cultural não foi vista
como um problema até o século XVIII. A colônia portuguesa não poderia se perceber
como uma unidade sem um projeto de autonomia ou mesmo sem definir seus contornos.
São justamente as desordens que correspondem à superação do estado colonial que
acionam os pensadores que interpretam o drama da mulher brasileira em busca do próprio
referencial. Portanto é possível evidenciar que os principais disseminadores da identidade
cultural foram os colonizadores europeus que passaram a contribuir para a pluralidade
cultural.

Outra questão apontada pelo autor é que estamos inseridos em uma sociedade que
possui uma cobertura midiática extremamente marcante, porém o “respeito” passa a ser
entendido como pacto de concessão para a não agressão. Além disso é importante
ressaltar que existe um grande anseio entre jovens e adolescentes das grandes cidades de
se mostrarem na mídia, assim como também esse mesmo anseio está guardado por outros
jovens e adolescentes de bairros, vilarejos e favelas de boa parte do mundo que possuem
o mesmo desejo de serem admirados por sua diferença.

Dessa forma o autor nos faz refletir que vivemos em um mundo de diversidades,
onde a individualidade humana deve ser respeitada, reconhecida e aceita, uma vez que,
comprovadamente somos diferentes uns dos outros, o que faz com que todos nós
tenhamos capacidades e limitações para aprender tudo o que for proposto. É importante
salientar que respeitar o diferente não é convencê-lo a aderir ao modelo de
comportamento que eu apresento como “correto” ou que a mídia determinou como
correto. Assim em determinados momentos o respeito passa a ser visto como um sutil
autoritarismo, um convencimento de que o diferente tem que ser igual a mim mesmo.

Portanto o artigo escrito por Milton Moura é extremamente importante pois nos
faz refletir que desde muito cedo é importante falar sobre individualidade. Assim
frequentar lugares que privilegiem os contatos sociais são de grande importância desde
os primeiros anos de vida. Nesse contexto, os pequenos não só aprendem a socializar com
afins, mas também a compartilhar um espaço comum entre indivíduos com características
distintas. No entanto, não basta apenas saber conviver, algumas características necessitam
de uma maior empatia. Isso significa que, desde muito cedo, precisamos ensinar aos
pequenos sobre a sensibilidade de olhar para o outro, exercitando o senso de solidariedade
e apoio, e sobre o respeito às diferenças
Resenha sobre: Terras Quilombolas no Brasil: Das Técnicas de Dominação
Colonial ao Reconhecimento Democrático-Constitucional.

Aluna: Paula Cristina E. Guedes

A Revista Brasileira de Sociologia do Direito publicou o artigo Terras


Quilombolas no Brasil: Das Técnicas de Dominação Colonial ao Reconhecimento
Democrático-Constitucional escrito por Eduardo Faria Silva, Daniele Regina Pontes e
Giovanna Bonilha Milano, ambos Doutores em Direito pela Universidade Federal do
Paraná. Dessa forma o artigo passa a ser dividido em uma introdução, seis tópicos e uma
conclusão. Assim o objetivo do artigo é analisar os impactos do colonialismo e da
colonialidade do poder sobre as terras quilombolas, que receberam reconhecimento
constitucional em 1988.

Em seu artigo os autores abordam que o termo colonialismo expressa uma relação
jurídico-política determinada por administrações coloniais concretas, onde existe um
verdadeiro vínculo hierárquico de subordinação entre a metrópole e a periferia. O vínculo
foi imposto pelos colonizadores quando universalizaram seus pensamentos e práticas
coloniais para todos os continentes por meio de navegações.

A colonização de territórios, o extermínio de povos, a escravidão, a hierarquia de


etnias, a extração de matérias-primas, a exploração de minérios, a devastação da natureza
e a taxação a favor das metrópoles são materializações decorrentes da subordinação
jurídica-política de as colônias. Todos os eventos descritos são expressões e
características determinadas pelo colonialismo e que permitiram a acumulação primária
de capital pelas metrópoles europeias para a construção de seus Estados-nação.

Através desse exposto é possível perceber que o processo de colonização nos


territórios passa a introduzir uma unidade linguística e além disso esse processo passa a
trazer uma exploração desenfreada dos recursos naturais e uma opressão de costumes
nacionais. Dessa forma Grosfoguel (2009 p.395) afirma que “As situações coloniais
designam a "opressão/exploração cultural, política, sexual e econômica de grupos étnicos/
racializados subordinados por parte de grupos étnico-raciais dominantes, com ou sem a
existência de administrações coloniais".
Dessa forma os autores afirmam que quando se falam sobre títulos quilombolas,
deve-se partir do pressuposto epistêmico que se baseia em uma forma diferente de pensar
e agir. Caso contrário, serão aplicados os mesmos princípios e critérios que lentamente
levaram à cegueira branca eurocêntrica moderna e colonial na sociedade. Mediante a isso
sempre que ouvimos falar sobre colonização imediatamente nos lembramos da
colonização do Brasil que foi realizada a partir da exploração, povoamento, extermínio e
conquista de povos indígenas e novas terras.

É nessa obscura condição de realidade que se baseia uma das mais importantes
teorias dogmáticas clássicas reconhecidas pelo direito brasileiro. A Lei de Terras nº 601,
de 18 de setembro de 1850, aprofundou a distinção entre a apropriação tradicional e
efetiva dos bens e a apropriação inventada e preservada no ideal colonial. Nessa
perspectiva, os efeitos do colonialismo são visíveis, pois a lei de terras foi publicada no
Brasil 28 anos após o fim do colonialismo clássico português.

O quadro imposto pelo padrão colonial sufocaria qualquer possibilidade de


reconhecimento da apropriação de bens que resultasse na posse tradicional. A legalidade
legalmente construída de apropriação de terras no Brasil foi definida e padronizada.
Certamente não haveria reconhecimento de posse sem comprovação de propriedade:
houve uma verdadeira inversão cognitiva na apropriação de bens.

Embora tenha sido um passo importante na regulamentação da questão fundiária,


a Lei de Terras teve poucas consequências práticas, exceto pela dificuldade criada para o
acesso à terra pelos setores mais pobres da população e pelos imigrantes, que os obrigam
a trabalhar em grandes fazendas de café.

Nesse contexto, as terras indígenas e quilombolas poderiam ser suprimidas,


transformadas e traduzidas em dimensões territoriais adequadas pelos colonizadores, sem
que esse processo fosse considerado ilegítimo. O mito de origem garantia a legalidade da
terra para quem apresentasse títulos de propriedade, o que, via de regra, segundo Ihering,
seria garantido pela dimensão possessória da apropriação.

É partindo desse pressuposto que em um determinado momento sem liberdade e


sem-terra, os negros continuaram sendo a resistência e a fuga para a constituição de
comunidades quilombolas em áreas de difícil acesso, o que dificultou sua localização e
aprisionamento. Nesses espaços, os negros tiveram liberdade e puderam criar seus laços
culturais com a terra, forjando assim o conceito de quilombo.
É importante ressaltar que o tratamento violento e as péssimas condições de
sobrevivência oferecidas pela casa, levaram os escravos negros a buscar uma nova forma
de vida que não era essa. Para muitos não foi fácil fugir, diante de uma violência pior,
mas para aqueles que fugiram, tentaram se reconstruir formando famílias e pequenas
comunidades.

Em primeiro lugar os autores afirmam que o fim da escravidão não se traduziu em


garantia do direito de propriedade para as comunidades da terra, excluindo os negros dos
direitos derivados da tese de Ihering. Em segundo lugar, o raciocínio da propriedade foi
construído de acordo com o modelo privado e individual, enquanto as penas restantes
foram estruturadas de acordo com a perspectiva dos direitos territoriais coletivos.

A trajetória histórica que permeou as Constituições brasileiras até 1988 foi


marcada pela invisibilidade dos negros e pelas garantias vinculadas às terras
tradicionalmente ocupadas ao longo dos séculos. O processo político-legal colonial
descartou a existência de grupos etno-racializados como sujeitos de direitos ativos e em
igualdade de condições para terem suas culturas protegidas.

O Brasil, considerado um dos países mais miscigenados do mundo, traz em sua


essência a máscara cruel da invisibilidade racial. O velho discurso de negação do racismo
continua com base em preconceitos arraigados que insistem em afastar, ainda que
sutilmente, este ou aquele diferente: seja pelo tipo de cabelo, posição social ou cor da
pele. Assim, pode-se dizer que entre brancos e negros/pobres e ricos, as consequências
da escravidão continuam a manchar a trajetória de todos os homens que não aprenderam
a viver com a diferença.

Pelo exposto é possível perceber a imagem que os colonos fizeram do negro,


sequestrando-o de sua terra natal e obrigando-o a trabalhar como escravo, além de se
declarar dono e/ou senhor daqueles, até então, homens livres. Essa postura permitiu as
mais diversas atrocidades de homens contra homens já testemunhadas no Brasil e marcou
a primeira e mais significativa forma de desenredar as diferentes.

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