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ATIVIDADES FÍSICAS
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar informações sobre a importância da atividade
física para pessoas com deficiência visual. O estudo está dividido da seguinte forma: No primeiro
momento é apresentado o conceito em torno do que é a deficiência visual e sua classificação dentro
das áreas medica, legal, educativa e esportiva. Em seguida temos um breve histórico sobre o
exercício da Educação Física e que marcos foram alcançados dentro desta área que significaram
vitorias a pessoa com deficiência visual em sua interação e inserção dentro do meio social e, por
fim, apresentamos atividades físicas e esportes praticados por deficientes visuais.
1. INTRODUÇÃO
“Do total da população brasileira, 23,9% (45,6 milhões de pessoas) declararam ter algum
tipo de deficiência. Entre as deficiências declaradas, a mais comum foi a visual, atingindo
3,5% da população. Em seguida, ficaram problemas motores (2,3%), intelectuais (1,4%) e
auditivos (1,1%).
Estima-se que 528.624 de pessoas são incapazes de enxergar (cegos), 6.056.654 de pessoas
possuem baixa visão ou visão subnormal (grande e permanente dificuldade de enxergar) e
outros 29 milhões de pessoas declaram possuir alguma dificuldade permanente de enxergar,
ainda que usando óculos ou lentes corretivas.” (IBGE, 2010).
O sentido da visão, por mais trivial que seja para aqueles que a possuem, representa uma
espécie de janela, por onde adquirimos uma série de conceitos, nos relacionamos com diversas
imagens e pessoas. Sem este sentido, o contato com o mundo é suprimido, as práticas laborais são
diversos fatores no âmbito da orientação e mobilidade, bem como questões arquitetônicas e a falta
assunto.
Já foi comprovado que a prática de atividades físicas além de beneficiar a saúde e reduzir o
risco de doenças, torna os indivíduos mais ativos fisicamente e mais capazes de realizar as
Poder desfrutar de tais práticas foi um direito, há muito tempo, tirado do portador de
deficiência visual. E o mesmo, como qualquer outra pessoa, precisa cuidar de sua saúde e bem-
O presente estudo tem como intuito conceituar o que é a deficiência visual, apresentando
atividades físicas, no campo da deficiência visual, através de dados estatísticos com a revisão de
trabalhos de outros autores nos quais o assunto é abordado, e junto deles fazer algumas reflexões a
Segundo Ghorayeb, Nabil (2004) apud Oliveira (2008), Deficiência visual é a falta do
sentido da visão, ou seja, é a perca total ou parcial da visão fazendo com que o portador da
A deficiência visual pode ser caracterizada por congênita (quando o individuo nasce com a
“Uma das primeiras coisas a considerar na história do indivíduo é se sua deficiência visual
é congênita ou adquirida. No caso da cegueira adquirida, deve-se descobrir em qual idade e
como aconteceu esse evento. Faz-se necessária uma análise das contingências ambientais
passadas e presentes que podem ter influenciado, ou ainda podem influenciar no
desenvolvimento desse indivíduo. Normalmente, indivíduos com cegueira congênita
apresentam um desenvolvimento psicológico mais saudável do que os que têm cegueira
adquirida, principalmente, se o momento da ocorrência desta foi tardio e se a sua família
também não aceitar a sua situação. Isso acontece porque não tiveram a experiência do
“enxergar”, não desenvolveram o sentimento de perda, e sua família desde cedo teve que se
adaptar à sua condição de cegueira.O desenvolvimento cognitivo de pessoas com cegueira
congênita se aproxima do normal, e, portanto, não há tanto comprometimento de sua
apropriação do mundo. Conseqüentemente, haverá menos distorções na formação de sua
identidade, em comparação com as pessoas com cegueira adquirida, que normalmente
apresentam grande resistência a aceitar seu estado, não procurando adaptar-se à nova
situação.”(Ramos, 2006, p. 8-9).
10 (CID-10): visão normal, deficiência visual moderada, deficiência visual severa, e cegueira.
O termo “baixa visão” é utilizado nos casos de deficiência visual moderada e severa. E
cegueira significa a total ausência da percepção visual (World Health Organization, 2011). A
classificação depende das avaliações das funções visuais: como a acuidade visual, a capacidade de
Existem diversas classificações para a deficiência visual, estas variam de acordo com as
limitações e a que fim se destinam. “Elas surgem para que as desvantagens decorrentes da visão
funcional de cada indivíduo sejam minimizadas, pois apesar das pessoas com deficiência visual
promovem modificações que resultam em níveis diferenciados nas funções visuais, que interferem
Constituição de 1988, a chamada Constituição Cidadã, que estabeleceu uma condição de igualdade
entre as pessoas, de acordo com as características de cada um, e como tal, as pessoas com
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Leis no âmbito do desporto 10.264 (Lei Piva) e 9.615 (lei Pelé), de 16 de julho de 2001.
A lei 10.264, conhecida como Lei Piva foi sancionada pelo ex-presidente da república
Fernando Henrique Cardoso, estabelecendo que 2% da arrecadação bruta das loterias federais do
país sejam repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro (85%) e Comitê Paraolímpico Brasileiro
(15%).
Dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social, sobre a
Coordenadoria Nacional para Integração da pessoa portadora de deficiência - corde. Institui a tutela
Medicine) (1997) citado por Fugita (2002) a cegueira pode ser definida como:
Cegueira por acuidade: Significa possuir visão de 20/200 pés ou inferior, com a melhor
correção (uso de óculos). É a habilidade de ver em 20 pés ou 6,096 metros, o que o olho normal vê
em 200 pés ou 60,96 metros (ou seja, 1/10 ou menos que a visão normal), onde 1 pé = 30,48 cm.
Cegueira por campo visual: Significa ter um campo visual menor do que 10° de visão
olhos, ou alguma percepção da luz, mas com incapacidade para reconhecer a forma de uma mão em
B2 trata da habilidade de reconhecer a forma de uma mão até uma acuidade visual de 2/60
B3 vai desde uma acuidade visual superior a 2/60 metros até 6/60 metros e/ou um campo
A letra "B" refere-se ao termo Blind, que significa cego, segundo a International Blind
atividades baseando-se nas características individuais dos alunos, isso vai resultar em um melhor
aproveitamento por parte dos mesmos, permitindo a construção do seu desenvolvimento global.
consiste em fileiras de letras de tamanhos decrescentes que devem ser lidas a uma distância de 20
pés. Os escores são baseados na exatidão com que a pessoa com deficiência visual foi capaz de
O processo do uso dos sentidos para reconhecer e estabelecer sua posição em relação ao
meio e a seu redor entende-se por orientação. A mobilidade é a capacidade do indivíduo de mover-
O sentido de orientação e mobilidade varia entre as pessoas cegas, como cada ser tem
De acordo com Pathas (2002), apud Silveira, Dischinger (2016), há quatro tipos de
orientações: pontos fixos, quando se está parado; pontos fixos, quando se está em movimento;
movimento.
quanto na locomoção.
sua mobilidade. Dentre eles, a bengala e o cão-guia apresentam-se como alguns dos mais utilizados.
“Retornando aos primórdios da humanidade, podemos dizer que durante o período que se
convencionou pré-histórico o homem dependia de sua força, velocidade e resistência para
sobreviver. Suas constantes migrações em busca de moradia fazia com que realizasse
longas caminhadas ao longo das quais lutava, corria e saltava, ou seja era um ser
extremamente ativo fisicamente.” (Pitanga, 2002, p. 50).
sobrevivência do homem. Mais tarde, desponta como forma de preparar este para a guerra e o
trabalho, através de uma óptica militarista. A história desta ciência passa por diversos países e
atravessa diversas culturas como a grega, egípcia e romana, por exemplo. E também adentra
lado, sendo considerados como incapacitados, apesar de que esta concepção esteja mudando.
necessidades especiais muda, uma vez que este não é mais considerado um empecilho para ela e
nem para sua família. Muitos soldados que lutaram na guerra foram mutilados, porém foram
considerados heróis. A partir desse momento, a sociedade passou a respeitar tais pessoas,
permitindo que participassem ativamente do meio social. Desde então, através da disciplina de
Educação Física, ocorreu uma maior preocupação com a realização de atividades físicas para
deficientes.
E eis que surge o advento chamado Educação Física Adaptada, nos Estados Unidos,
“A contribuição da atividade física adaptada foi iniciada nas áreas de surdez, deficiência
visual e mental. Jean-Marc Itard (1775-1839), médico francês deu origem ao modelo
educacional, utilizando atividades sensório-motoras para desenvolver o potencial de
indivíduos com deficiência mental e sensorial. Seu seguidor Edouard Seguin trouxe o
sistema de treinamento sensório-motor aos EUA em 1860. Seguin contou com ajuda de
Samuel Gridley Howe para atender alunos com deficiência mental em Syracuse, Nova
Iorque. A escola trabalhava principalmente com o treinamento de movimentos, com
estimulação sensorial, fala e a instrução educacional. Antes de 1900 as raízes históricas da
atividade física adaptada foram indiretamente relacionadas com a ginástica médica.”
(Castro, 2003, p. 2-3).
inúmeros atletas, portadores das mais distintas deficiências, atuando em diversos esportes adaptados
aproximação entre atividade física e indivíduo, que anteriormente, devido a tais limitações, era
Segundo Rosadas (1989) citado por Oliveira (2008), a atividade física para o deficiente
visual deve ser “baseada no processo de desenvolvimento do ser humano tendo em vista a
Para tanto, é necessário que o Educador Físico atue em conjunto aos deficientes visuais,
independentemente de sua faixa etária. “Sua liderança, motivação e otimismo são fundamentais
para que haja confiança mútua, propiciando quebra de tabus e a verdadeira potenciação das
banco ou uma linha em alto relevo, caminhar em linha reta intercalando com giros de 360º graus,
caminhar sobre a ponta dos pés, sobre os calcanhares, subir e descer escadas, entre outros.
Também são realizadas atividades de marcha e coordenação, que nada mais é do que uma
sucessão de desequilíbrio, seguida de correções dos mesmos, sendo consideradas normais quando o
corpo está alinhado aos eixos em que as passadas são proporcionais as pernas respeitando a
Qualquer movimento fora destes padrões não é considerado correto podendo haver riscos de
lesões.
por seus resultados, bem como pelo incentivo à prática de exercícios físicos para os mesmos.
Estes são alguns dos esportes praticados pelos deficientes visuais: Atletismo, Natação,
As provas do atletismo adaptado podem ser disputadas por atletas com qualquer grau de
deficiência visual, pois os mesmo serão distribuídos em classificações B1, B2, B3, tanto na
categoria feminina quanto na categoria masculina, competindo entre si nas provas de pista, de
campo e na maratona.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/rio-2016/noticia/2016-09/felipe-gomes-o-caminho-ate-quatro-medalhas-no-
atletismo-paralimpico
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Na natação, poucas regras foram adaptadas para a prática de deficientes visuais. Elas se
baseiam nas normas da FINA - Federação Internacional de Natação - e as provas disputadas são as
mesmas: livre, costas, peito e borboleta, divididas por categorias de classificação oftalmológica B1,
O goalball é uma modalidade que foi criada especialmente para os deficientes visuais, ao
contrário de outras, que foram adaptadas. A quadra tem as mesmas dimensões das de vôlei (9m de
largura por 18m de comprimento). As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos, com 3
minutos de intervalo. Cada equipe conta com três jogadores titulares e três reservas. De cada lado
da quadra, há um gol com 9m de largura e 1,30m de altura. Os atletas são, ao mesmo tempo,
arremessadores e defensores. O arremesso deve ser rasteiro ou tocar pelo menos uma vez nas áreas
A bola tem um guizo em seu interior para que os jogadores saibam sua direção. O goalball é
um esporte baseado nas percepções tátil e auditiva, por isso não pode haver barulho no ginásio
durante a partida, exceto no momento entre o gol e o reinício do jogo e nas paradas oficiais. A bola
Fonte: https://www.paralympic.org/news/sport-week-history-goalball
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Nesta modalidade, os atletas deficientes visuais das classes B1, B2 e B3 competem juntos.
Todas as classificações são realizadas por meio da mensuração do melhor olho e da possibilidade
máxima de correção do problema. Todos os atletas, independente do nível de perda visual, utilizam
uma venda durante as competições para que todos possam competir em condições de igualdade.
dinâmico, fundamentais no cotidiano dos deficientes visuais. Aprender a cair é também muito
importante para dar segurança ao judoca. Insegurança gera tensão muscular, o que atrapalha os
movimentos.
Judocas das três categorias oftalmológicas, B1, B2 e B3, lutam entre si e o atleta cego (B1) é
Sendo assim, de forma sintética, foram apresentadas algumas das principais modalidades
esportivas praticadas pelos deficientes físicos, segundo dados da CPB – Comitê Paralímpico
Brasileiro.
Ghorayeb, Nabil (2004) apud Oliveira (2008), sugerem algumas recomendações que
- Ao acompanhar o deficiente visual deixe que ele sempre segure em seu braço e não você
segurar no braço dele, pois isto trás uma sensação de desconforto para o deficiente;
- Ao se dirigir ao deficiente visual não precisa gritar com ele, basta se dirigir com o tom de
- Evitar comentários maldosos ou piadas que façam com que o deficiente visual se sinta mal
5. CONCLUSÃO
Este trabalho teve como objetivo por meio da revisão de literaturas e de outros estudos onde
o tema é abordado apresentar informações sobre a prática de atividade física na deficiência visual.
Demonstrou-se de maneira simples e objetiva que o deficiente visual tem totais condições de
realizar atividades físicas ou praticar esportes da mesma forma que a pessoa sem deficiência.
Vimos também que, no decorrer da história, a deficiência visual veio quebrando tabus,
derrubando barreiras e se destacando no cenário dos esportes, porém muito ainda deve ser feito para
que o ideal de inclusão seja realmente respeitado. A prática de atividades físicas e esportes
representam um elemento importante não apenas na área da saúde do deficiente visual, mas também
na sua inserção nos meios sociais e quanto mais independente, maior acesso às atividades da vida
diária, a escola, ao trabalho, ao lazer e a tudo que possa garantir a melhora do ser humano como um
todo.
REFERÊNCIAS
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