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Universidade Lúrio

Faculdade de Engenharia

Campus Universitário, Bairro Eduardo Mondlane

Licenciatura em Engenharia Civil

3° Ano – II Semestre

Disciplina:

Construções em Terra

Tema:

Transporte Sólido

Discentes: Docente:

Hélder António Chirico Izak Nindi, Lic.

Samuel Francisco Como

Silvia Rufina Cesar Fumo

Pemba, Abril de 2021


Índice Páginas
1.0. Introdução .............................................................................................................. 1

1.1. Metodologia ....................................................................................................... 1

1.2. Objectivos .......................................................................................................... 2

1.2.1. Geral ........................................................................................................... 2

1.2.2. Específicos .................................................................................................. 2

2.0. Transporte Sólido (Definição) ............................................................................... 3

2.1. Importância do estudo do transporte de sedimento............................................ 4

2.2. Problemas causados por transporte de sedimentos ............................................ 5

3.0. Transporte sólido por arrastamento e em suspensão ............................................. 6

3.1. Transporte Sólido em Suspensão ........................................................................... 7

3.1.1. Turbidez e sólidos suspensos ............................................................................. 7

3.1.2. Procedimento para o estudo de sólidos suspensos ............................................. 8

3.1.3. Processo de cálculo ............................................................................................ 8

3.1.4. Carga sólida em suspensão ................................................................................ 9

3.2. Transporte Sólido por Arraste de Fundo .......................................................... 13

3.2.1. Início de transporte sólido ........................................................................ 13

3.2.2. Configurações do fundo nos escoamentos com fundo móvel .................. 15

4.0. Transporte por arrastamento ................................................................................ 16

4.1. Equações do tipo Du Boys ............................................................................... 17

4.2. Equações do tipo Schoklitsch .......................................................................... 18

4.3. Equações de Einstein ....................................................................................... 19

5.0. Conclusão ............................................................................................................ 20

6.0. Referências Bibliográficas ................................................................................... 21


1.0.Introdução

A hidráulica fluvial é o ramo da engenharia que se ocupa com o fenómeno de erosão


hídrica, dos escoamentos em rios com leitos de sedimentos susceptíveis de serem
transportados pela água. Alguns dos objectivos da hidráulica fluvial é de soluccionar
problemas ao nível da erosão hídrica e conservação de leitos fluviais, controle de cheias,
cálculo do caudal sólido, sedimentação e transporte de sedimentos. Porém, neste
trabalho dar-se-á especial ênfase apenas ao transporte de sólidos (sedimentos).

O transporte de sedimentos varia com as características do rio, isto é, com o declive e


com a velocidade média do escoamento. À medida que se avança no percurso do rio, a
velocidade de escoamento sofre uma diminuição. Assim sendo, as partículas de maior
dimensão deixam de ser transportadas, ficando depositadas.

Em termos de estrutura o trabalho está organizado da seguinte forma, na primeira parte


faz-se uma contextualização, importância do estudo de transporte sólidos e problemas
relacionados ao transporte sólido. Na segunda parte, são explicados as formas de
transportes e as equações do caudal sólido e por fim, a respectiva conclusão.

1.1.Metodologia
O tipo de pesquisa adoptado para a elaboração e desenvolvimento deste trabalho foi da
pesquisa bibliográfica em livros fundamentados nas áreas de construções em terra.

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1.2.Objectivos
1.2.1. Geral
 Explorar sobre transporte sólido.
1.2.2. Específicos
 Contextualizar termos relacionados ao transporte sólido;

 Conhecer a importância do estudo e problemas de transportes sólidos;

 Descrever as diferentes formas de transporte sólido;

 Indicar as equações de Caudal sólido.

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2.0.Transporte Sólido (Definição)

Segundo Almeida, (2007). A erosão hídrica, transporte solido e sedimentação são


processos naturais, complexos e interdependentes. Tais processos são cada vez mais
afectados por impactos antropogénicos, conduzindo frequentemente à necessidade de
efectuar intervenções de manutenção nos sistemas hidráulicos fluviais. Contudo, as
propriedades do solo alteram-se seriamente e podem representar perdas económicas
consideráveis.

A conservação do solo deve ser considerada de forma a encontrar o máximo nível de


produção abaixo do valor de perda de solo que, teoricamente. Permita a sua regeneração
natural. A redução dos níveis de erosão para um valor aceitável pode ter antecedentes
diferentes como o controlo da perda de nutrientes em terrenos agrícolas ou a prevenção
da poluição das aguas e diminuição da sedimentação em albufeiras, rios e canais.
(Álvares, 1998).

Também, transporte de sedimentos depende de suas propriedades, das características do


fundo, propriedades do fluido e do escoamento. A quantidade de sedimento em
suspensão depende muito da granulometria do material transportado. Assim, a presença
de sedimentos nos cursos de água é consequência dos processos erosivos nas suas
bacias de drenagem, processos que podem ser intensificados pela expansão de
actividades agrícolas. Além da contribuição das vertentes, outra fonte de sedimentos é a
erosão marginal promovida pelos próprios rios. (Cardoso, 1998).

O transporte de sedimentos ocorre principalmente em época chuvosa ou durante fortes


precipitações, correspondendo cerca de 80% de todo sedimento transportado no curso
de água. Além de factores como a precipitação, expõem que a carga de sedimentos nos
rios é influenciada pelo tipo de solo, cobertura vegetal, uso da terra e topografia da
bacia hidrográfica. No rio, devido a grande energia de fluxo de corrente os sedimentos
são transportados, porém quando essa corrente chega a um determinado reservatório o
fluxo diminui e o sedimento é depositado. E esses tipos de escoamento das águas são
denominados de sedimentos fluviais.

Assim sendo, as partículas mais finas e leves precisam de menos quantidade de energia
que as partículas mais pesadas para serem carreadas. Escoamentos muito velozes e
turbulentos possuem grande capacidade de carregamento, deslocando partículas finas e

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grossas, já com a diminuição da velocidade, o transporte de sedimentos se torna mais
selectivo. (Coelho, 2006).

Vulgarmente, para determinação do caudal sólido que passa numa secção de um rio, são
utilizadas as seguintes:

 Obtenção de relações teóricas envolvendo sempre, em maior ou menor grau, a


simplificação do fenómeno;
 Experimentação laboratorial que conduza ao relacionamento das observações do
caudal sólido com as características hidráulicas do escoamento;
 Medições de campo visando, também, a obtenção de relações empíricas entre
caudal solido e as características hidráulicas do escoamento. (Cardoso, 1998).

Esta ultima é a que tem conduzido a resultados mais realistas, para os cursos de
água em que se processam as medições, o objectivos de um programa de recolha de
amostras num rio, é portanto, conseguir um número suficiente de dados de
transporte sólido por arrastamento e em suspensão, de modo a definir o volume total
de sedimentos transportados e identificar as correlações existentes entre os caudais
liquido e sólido em diferentes circunstanciais.

As dificuldades encontradas na obtenção de amostras e o elevado custo associado às


medições, constituem talvez uma das principais razoes pelas quais esta via tem sido
pouco explorada. (Cardoso, 1998).

2.1.Importância do estudo do transporte de sedimento

De acordo com Coelho, (2006). Os estudos acerca da descarga sólida dos corpos
aquáticos são uma importante ferramenta para a caracterização dos mesmos, uma vez
que os sedimentos interferem directamente na qualidade e quantidade de água, pois,
como veículos de transporte de microrganismos, podem conter partículas tóxicas e,
sobretudo, intensificar o assoreamento dos rios, evidenciando importantes processos e
estágios de degradação do meio ambiente.

A poluição e eutrofização dos corpos de água causados pela erosão e as formações de


áreas pantanosas originadas pela sedimentação são os principais obstáculos para o
efectivo controlo de doenças como a malária, encefalite e outras doenças transmitidas
por vectores que necessitam de água parada para se desenvolver. O movimento de
poluentes para açudes, tanques, rios, lagos e reservatórios geram problemas de saúde
pública na medida em que a água reservada nestes locais for destinada ao consumo

4
humano (SILVA, 2003). Sendo assim é preciso observar esta situa de forma a prever e
tomar medidas, de forma a mendigar essas situações.

2.2.Problemas causados por transporte de sedimentos

Os sedimentos transportados em meio líquido ou no leito do rio provocam diversos


problemas que interferem directamente nas condições normais de equilíbrio do meio
ambiente, prejudicando a fauna e flora do ecossistema, além de afectar aspectos
económicos e sociais. Carvalho (2008) lista os seguintes problemas:

 Partículas em suspensão degradam o uso consumptivo da água, aumentando o


custo de tratamento.
 O sedimento afecta a vida aquática e degrada a água especificamente para o
abastecimento, recreação e consumo industrial.
 O sedimento em suspensão impede a penetração da luz e do calor, reduzindo a
actividades da fotossíntese necessária à salubridade dos corpos hídricos.
 O aumento dos sedimentos finos em suspensão, diminui a população de peixes e
outros animais nos rios, sobrevivendo somente espécies resistentes.
 O sedimento atua como portador de bactérias, vírus e de poluentes, tais como
nutrientes químicos, inseticidas, herbicidas e metais pesados.
 A carga sólida provoca perturbação na forma do canal.
 O sedimento no leito dos rios, pode prejudicar a navegação ou elevar o nível de
água, provocando enchentes mais frequentes.
 A areia em suspensão produz abrasão em turbinas, máquinas e comportas.
(Almeida, 2007).

Genericamente, o transporte sólido pode ocorrer de duas formas:

 Transporte sólido por arrastamento, em que os sedimentos se movem junto ao


fundo;
 Transporte sólido em suspensão, em que os sedimentos se deslocam no seio da
água, a uma certa distância do fundo. (Almeida, 2007).

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3.0.Transporte sólido por arrastamento e em suspensão

Junior, (1993). Afirma que no transporte por arrastamento as partículas sólidas


escorregam ou rolam sobre partículas que constituem o fundo. Ao passo que transporte
em suspensão as partículas rolam no seio do sem contactar com o fundo.

O movimento do material é unicamente condicionado pelas características do


escoamento, onde a quantidade de material sólido transportaria na unidade de tempo
será directamente proporcional e velocidade do escoamento.

À medida que o material é transportado a superfície do fundo modifica-se, formando-se


geralmente uma série de ondulações irregularmente distribuídas. Modifica-se, portanto,
a forma da fronteira do escoamento e altera-se consequentemente a sua rugosidade, o
que vai influir no escoamento da vazão liquida. Além disso, para valores elevados da
velocidade do escoamento, algumas partículas do fundo podem entrar em suspensão,
perturbando a intensidade e distribuição das acções turbulentas e influenciando também
o escoamento. (Almeida, 2007).

Uma acção reciproca entre os escoamentos líquidos e sólidos, está condicionada por
parâmetros relativos ao canal (geometria), ao escoamento (profundidade, perdas de
carga), ao fluido (massa especifica, viscosidade), ao material do fundo (massa
especifica, dimensões, forma) e às forças de inércia (aceleração da gravidade), dá ao
mecanismo de transporte sólido um certo grau de complexidade que não é actualmente
susceptivel de uma representação matemática definida.

Para melhor esclarecimento do mecanismo dos escoamentos de fundo móvel torna-se


necessário prosseguir com as investigações teóricas e experimentais, principalmente
melhorar os métodos de medição de caudal sólida na natureza de forma a possibilitar a
verificação das hipóteses formuladas.

Em consequência das variações locais da turbulência, algumas partículas ora são


arrancadas do fundo e transportadas em suspensão, ora se depositam no fundo e passam
a ser transportadas por arrastamento. (Junior, 1993).

Na prática não é possível definir uma separação nítida entre as duas modalidades de
transporte, pois na realidade estabelece-se uma continuidade entre o material
transportado por arrastamento e em suspensão, reduzindo-se progressivamente a
concentração deste ultimo do fundo para a superfície.

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No final do século XIX iniciavam-se as primeiras tentativas para os estudos de
transporte sólido de forma sistemática. Estes estudos eram empíricos, e a partir da
observação do comportamento de um grande número de rios e canais procurava-se
estabelecer regras para o projecto de novos canais.

No século XX surgiu uma nova via para o estudo dos problemas fluviais, que se pode
chamar de via racional, por procurar estabelecer as leis físicas que determinam o
mecanismo do transporte sólido. A tendência actual, dentro da via racional, é começar
por estudar o problema analiticamente com base nos conhecimentos da mecânica dos
fluidos, e recorrer a ensaios laboratoriais para definir os coeficientes e as constantes que
intervém nas relações analíticas deduzidas. Sempre que possível procura.se uma
confirmação dos resultados através de observações em protótipos, as quais, contudo, em
relação aos problemas fluviais, são normalmente dispendiosas e demoradas. (Cardoso,
1998).

Modernamente a via racional procura lançar mão de uma nova ferramenta matemática
que são os processos estocásticos. Com o emprego de computadores os processos
estocásticos são um instrumento poderosos na elaboração e analise dos dados relativos
ao transporte sólido e por outro adaptam-se especialmente bem ao estabelecimento de
modelos matemáticos de fenómenos físicos aleatórios como são os do transporte sólido.

Outra ferramenta com grande perspectiva de sucesso nas medições de transporte sólido
são os radioisótopos. Através do uso de traçadores radioativos adequados, o estudo
qualitativo e quantitativo do transporte de sedimentos pode ser realizado com maior
precisão. (Coelho, 2006).

3.1. Transporte Sólido em Suspensão

3.1.1. Turbidez e sólidos suspensos


A turbidez é a propriedade óptica de uma suspensão que faz com que a luz se espalhe e
absorver em vez de ser transmitido sem mudanças de direcção e intensidade por meio
isto, isto é, pode ser expresso como a interacção luz - sólidos suspensos. Sobre correntes
naturais são devidas à presença de matéria suspensa e coloidal tal como argilas,
sedimentos e partículas de sílica da erosão do solo de suas bacias. Além disso, pode ser
devido à presença de algas, microrganismos e matéria orgânica. Correlacionando a
medição de turbidez com a concentração de sólidos suspensos de uma forma genérica é

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muito difícil porque o tamanho, a forma, índice de refracção (tanto de partículas quanto
de líquido) e comprimento de onda de luz afecta sua dispersão na suspensão. Cor
também afecta a dispersão da luz, porque uma substância colorida absorve a luz em
certas bandas do espectro visível, alterando as características de ambas as luzes luz
transmitida, bem como luz espalhada, e portanto afectando a leitura de turbidez.
Matematicamente, a turbidez pode ser definida como o logaritmo natural da diminuição
da intensidade luminosa, quando um raio de luz passa por um meio de espessura
(Valencia, 2005)

3.1.2. Procedimento para o estudo de sólidos suspensos


O cálculo das taxas de transporte de sedimentos em suspensão, bem como a
determinação da variação da concentração de sólidos suspensos no reservatório da obra
exige que as actividades anteriores sejam realizadas tanto no nível de gabinete como
laboratório. As actividades do gabinete incluem basicamente a seguir: determinação da
curva granulometria do sedimento ajustado ao modelo física (escala de sedimentos),
escala de hidrograma, cálculo de taxas de transporte de sedimentos suspensos, e
determinação da equação que relaciona a concentração de sólidos suspensos totais com
o grau de turbidez do fluxo. Em nível de laboratório, é necessário realizar, basicamente,
a simulação de fluxos com carga suspensa para posteriormente tirar amostras de água
em diferentes seções do reservatório para diferentes condições de fluxo, determinar a
turbidez de ditas amostras, e tirar amostras do sedimento depositado nas áreas de maior
sedimentação e caracterizá-los

3.1.3. Processo de cálculo


O cálculo das taxas de transporte envolve uma série de cálculos antes do aplicação de
expressões existentes para este fim, esses cálculos incluem entre outros a determinação
do calado de fluxo normal (d), a velocidade média (v), o número Reynolds do fluxo e da
partícula (Re), o taxa de cisalhamento e tensão de cisalhamento do leito (τ), o Parâmetro
Shields e parâmetro crítico Shields, que é uma função o número de Reynolds da
partícula e o parâmetro Shields e obtido do diagrama de Shields.
Com os cálculos acima, é possível estabelecer se há ou não movimento de sedimento
tanto no fundo quanto em suspensão, os critérios correspondentes.

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1. Características da camada de carregamento do leito :
Determine a concentração de referência C e a espessura da camada carga de leito
δs. Deve observe que a concentração de sedimentos na camada de carregamento do leito
tem um valor limite de 0,65 (Chanson, 2002).

2. Distribuição de velocidade:
Dependendo do tipo de fluxo, a distribuição da velocidade é determinada, para é
necessário primeiro determinar a velocidade na superfície livre (Vmax), o factor de atrito
de Darcy (f) e o coeficiente.

3. Integração numérica da taxa de transporte de sedimentos em suspensão :


Uma vez que a Eq. (2.14) não pode ser integrada analiticamente, é É necessário usar um
processo numérico para estimar a taxa de sedimentos em suspensão. Um método para
fazer tal estimativa é fornecido pela regra de Simpson, que afirma que se a função é
contínua no intervalo fechado [a;b] ,u é um número inteiro par, e os números a= x0, x1,
x2,…… ,xn-1, xn=b formar uma partição regular de [a;b], então:

3.1.4. Carga sólida em suspensão


Carga sólida em suspensão são os sedimentos suportados pelas componentes verticais
da velocidades do fluxo turbulento, enquanto estão o sendo transportados pelas
componentes horizontais dessas velocidades, sendo suficientemente pequenas para
permanecerem em suspensão, subindo e descendo na corrente acima do leito.
Geralmente esse grupo de sedimento representa a maior quantidade de carga sólida do
curso de água, podendo corresponder a 99% de toda carga sólida.

Segundo Carvalho (2000), o termo carga sólida se refere a qualidade do movimento: em


suspensão, de arraste. O termo descarga sólida se refere a quantidade do movimento. A
descarga sólida em suspensão e a descarga sólida do leito são medidas separadamente
devido a diferença de velocidade que se movimentam. Partículas finas, como argila e
silte, estão em maiores quantidades na carga sólida em suspensão que os materiais

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grossos, como a areia. Na carga sólida do leito encontra-se material mais grosso, areia e
pedregulhos.

Análises no transporte de sedimentos em suspensão é relativamente fácil de ser medido.


Enquanto o transporte por arraste tem uma medição difícil, incerta e pouco acessível,
calculado geralmente através de fórmulas desenvolvidas em laboratório de hidráulica,
que quando aplicadas à natureza, muito mais complexa, podem resultar em erros de até
600% (Medeiros, et al, 2008).

A estimativa do deflúvio sólido em suspensão é efetuada através de modelos


matemáticos, que podem tanto ser empíricos ou conceituais. Os modelos empíricos não
se fundamentam na física dos processos, são formulados com base em equações obtidas
através de regressão de alguma variável incluída no processo: concentração de sólidos
suspensos, turbidez ou vazão. Com aplicação simples, possibilitam a estimativa de outra
variável desejada.

Para medições de descarga em suspensão, do leito ou total há diversos métodos. As


descargas em suspensão e do leito podem ser medidas separadamente com métodos
específicos, directos ou indirectos, ou podem ser medidos ao mesmo tempo, como
descarga sólida total.

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Tabela 1: Métodos de medição da descarga sólida em suspensão.

Descarga Medição Descrição Equipamentos ou metodologia


sólida de medida
Usa equipamentos que medem Medidor nuclear (portátil ou
directamente no curso de água a fixo), Ultra-sónico óptico, Ultra-
concentração ou outra grandeza sónico Doppler de dispersão,
Directa
como a turbidez ou ultra-som Turbidimetro, ADCP (Doppler)
Por acumulação do sedimento Garrafa Delft (medição pontual e
num medidor (proveta graduada) concentração alta)
Colecta de sedimento por Diversos tipos de equipamentos:
amostragem da mistura água- de bombeamento, equipamentos
sedimento, análise de que usam garrafas ou sacas,
Descarga
concentração e granulometria e sendo pontuais instantâneas,
sólida em
cálculos posteriores da descarga pontuais por integração e
suspensão
sólida integradores na vertical (no
Brasil usa-se principalmente a
Indirecta
série norte-americana –U-59,
DH-48, DH-59, D-49, P-61 e
amostrador de saca)
Uso de fotos de satélite e São estabelecidas equações que
comparação com medidas correlacionam as grandezas de
simultâneas de campo para observação das fotos com as
calibragem em grandes rios concentrações medidas

Fonte: Protocolo ANEEL, Carvalho et al., 2000.

3.1.5. Método gravimétrico e Analise de concentração

Para o sedimento em suspensão faz-se análise de concentração e, quando necessário,


também de granulometria. A quantidade e características dos sedimentos, bem como
qualidades químicas de componentes presentes na água influenciam o processamento
das amostras. Amostras com pequena quantidade de sedimento podem não oferecer
condição de boa análise com a precisão desejada, porque conduzem a erros de pesagem.
Ao contrário, grandes quantidades requerem bipartição da amostra ou causam
problemas de pesagem, ambos conduzindo a erros indesejáveis (Carvalho, 2000).

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Onde, CFSS é a concentração média dos sedimentos
finos em suspensão (mg.L-1); mf é a massa final
do filtro mais amostra (mg); mi a massa inicial do
filtro (mg) e V
é o volume filtrado (L).

O cálculo do transporte total dos sedimentos finos (T) em suspensão

De acordo com o método determinístico, realizado a partir da correlação linear entre as


concentrações de FSS e respectivas vazões (Q), observados durante o período estudado,
conforme equação 2, sendo que a função linear determinada foi integrada, como ser verificado
na equação 3.

Onde Qmáx e Qmin é a maior e a menor vazão observada no período de estudo, f é o


factor de correcção da massa e do tempo no cálculo do transporte fluvial, sendo igual a
31,536 para resultados em (t a-1).

O transporte fluvial específico médio (TE), definido como o transporte fluvial total por
unidade de área da bacia de drenagem (t.km-2.a-1), foi calculado de acordo com a
Equação 4:

Onde A é área de drenagem a montante da estação de amostragem considerada, em km2

3.1.6. Mecanismos de transporte e taxa de sedimentos suspensos


O transporte de sedimentos suspensos ocorre por uma combinação de dois
fenômenos: difusão turbulenta ea convecção . A difusão advectiva produz um
movimento aleatório e de mistura de partículas através de todo a profundidade da água

12
acima do movimento longitudinal do fluxo, enquanto o transporte de convecção pode
ser definido como aprisionamento de sedimentos de vórtice em escala muito grande, por
exemplo, em quedas de leito, tanques tampão e saliências hidráulicas. (Chanson, 2002).
Quando as partículas de sedimento são mais pesadas do que a água, a concentração de
sedimento é maior perto do leito e a difusão turbulenta produz um movimento de
partículas para áreas de concentração mais baixa. Um equilíbrio médio ao longo do
tempo entre liquidação e fluxos difusivos é deduzido da equação da continuidade para a
matéria sedimentar 4 : onde é a concentração local de sedimentos a uma distância
medida perpendicular ao leito do canal, é a difusividade do sedimento (ou coeficiente de
mistura de sedimentos, ou coeficiente de difusão de sedimentos), e é a velocidade
assentamento da partícula.

Taxa de transporte de sedimentos em suspensão

Da Figura segue-se que a taxa de transporte de sedimentos em suspensão é igual a:

Onde: qs é a taxa de transporte volumétrico de carga suspensa por unidade de largura, Cs é a


concentração de sedimentos, v é a velocidade local em uma distância medida perpendicular
ao leito do canal, d é a profundidade de fluido e δs é a espessura da camada de carregamento
do leito.

3.2.Transporte Sólido por Arraste de Fundo


3.2.1. Início de transporte sólido

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Segundo Almeida, (2007). Na prática, é interessante conhecer as condições que
determinam o início do transporte sólido num fundo móvel. 0 início de transporte,
sobretudo se o material de fundo não tiver granulometria uniforme, como sucede
sempre nos canais naturais, dá-se de uma forma progressiva. Assim, à medida que
aumenta a velocidade do escoamento ou a tensão tangencial no fundo, começam a
mover-se primeiro alguns grãos com menores dimensões ou mais expostos às
solicitações do escoamento e só algum tempo depois se verifica um transporte
generalizado. Esta circunstância torna de certo modo controversa e subjetiva a definição
de início de arrastamento. LANE, em 1953, propôs a definição da tensão tangencial
crítica como sendo o valor obtido na extrapolação da curva de variação da vazão sólida
versus tensão tangencial, onde o caudal sólido se anula.
A primeira Investigação com objetivo de definir condições de início de arrastamento foi
conduzida por SHIELDS, 1936, que definiu experimentalmente uma relação entre os
parâmetros:
e

Onde:

peso específico do material submerso;

peso especifico de sedimento;

peso especifico da água

tensão tangencial

diâmetro da partícula

velocidade de atrito

viscosidade cinemática do fluido.

Pela análise da forma da curva de SHIELDS mostra-se que a partir de valores do

número de Reynolds relativo à velocidade de atrito Re superiores a

aproximadamente 500, pode-se considerar que a tensão tangencial e:

14
0 que equivale a dizer que nos escoamentos naturais (Re «> 500) se verifica uma
proporcionalidade entre tensão tangencial crítica e a dimensão do material. WHITE,
1940, define também uma relação do mesmo tipo:
d
Onde:
Cw » coeficiente que depende da densidade, forma de arrumação das partículas e das
propriedades do fluido.
Meyer-peter e Muller, 1948, a partir da sua fórmula de transporte sólido, mostrou que é
possível, com qs = 0, obter uma expressão com a mesma forma de , fazendo Cw =
0,047.

Ramette e Reuzelí), 1962, utilizando traçadores radioativos fizeram determinações


experimentais do coeficiente Cw, num trecho do um certo rio, em que o material do
fundo era fundamentalmente seixos e chegaram à conclusão que seu valor dependia do
material transportado, variando entre: Cw = 0,035 para d = 25mm e Cw = 0,016 para d
= 75mm.

Egiazaroff, 1957, definiu uma relação análoga de Shields, considerando Cw = 0,06 para
Re> 200. Para valores de Re < 200, considerou ser preferível substituir a curva contínua
de Shields por duas curvas (duas rectas em coordenadas semilogarítmicas) que se
encontram num ponto correspondente a Re =15.

Bonnefille ,1963, também definiu uma variação do mesmo tipo, admitindo duas rectas
em coordenadas logarítmicas intersectando-se para Re = 12.

Finalmente Chabert E Chauvin, l963, com base num grande número de ensaios
realizados com materiais de pesos específicos diferentes, definiram também uma curva
nas coordenadas adoptadas por Shields, e com o mesmo andamento geral, mas fazendo
Cw = 0,04 para Re> 100.

3.2.2. Configurações do fundo nos escoamentos com fundo móvel


Segundo Lencastre, (1992). Quando a velocidade média de um escoamento com fundo
móvel cresce progressivamente, o fundo vai apresentando várias configurações. A partir

15
do repouso e por ordem sucessiva de ocorrência, à medida que a velocidade aumenta
podem distinguir-se as seguintes configurações ou regimes de fundo: leito plano, rugas,
dunas, transição e anti-dunas.
Assim que a velocidade do escoamento atinge o valor crítico de início de transporte, as
partículas do fundo começam a deslocar-se, mantendo-se o leito plano durante algum
tempo. Se a velocidade aumentar formam-se, no fundo, as configurações chamadas
rugas, que são ondulações relativamente regulares com uma altura da ordem de
centímetros. Se o material do fundo for fino, as rugas formam-se em geral muito
rapidamente logo que se inicia o movimento do material.
Para materiais de diâmetros maiores, com dimensões da ordem de 1mm ou mais, não se
formam normalmente rugas, mantendo-se o leito piano durante mais tempo até se dar o
aparecimento de dunas. As dunas são ondulações mais irregulares do que as rugas com
altura da ordem dos decímetros e comprimento de onda da ordem dos metros, das
dezenas ou mesmo centenas de metros.
Às vezes designam-se por bancos as dunas de grandes dimensões. As dunas exibem
geralmente um talude de montante suave e em talude de jusante áspero com inclinação
correspondente ao ângulo de talude natural do material. Os comprimentos das cristas
das dunas são geralmente da mesma ordem de grandeza do seu comprimento de onda.

Qualitativamente pode dizer-se que há afinidade entre as rugas e as dunas, distinguindo-


se apenas pelas dimensões que são muito maiores nas últimas. Quando o material é
relativamente fino, é normal a formação de rugas sobre a superfície das dunas. Quando
a velocidade aumenta as dimensões das dunas reduzem-se e o fundo tende para uma
configuração sensivelmente plana que é chama da de transição porque posteriormente o
fundo volta a apresentar ondulações. (Lencastre, 1992).

Quando o escoamento ultrapassa as condições críticas e assume características de


torrencial, desenvolvem-se no fundo ondulações, normalmente com forma
aproximadamente senoidal, em fase com ondas da superfície livre sensivelmente
estacionárias em geral de maior amplitude do que as configurações de fundo. Estas
configurações designam-se por anti-dunas, por se deslocarem, geralmente, no sentido
contrário ao das dunas, isto é para montante. (Lencastre, 1992).

4.0.Transporte por arrastamento

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0 transporte sólido por arrastamento numa determinada secção de um escoamento
depende das características hidráulicas do próprio escoamento, das propriedades do
fluido e das propriedades dos sedimentos. Tem sido proposta muitas fórmulas de
transporte sólido, correlacionando-se o caudal sólido com parâmetros do escoamento,
do fluido e do material de fundo. (Almeida, 2007).
Na realidade, muitas das fórmulas não diferem essencialmente na sua estrutura e, se nas
aplicações se depara por vezes com uma surpreendente diversidade de resultados, isso
pode atribuir-se sobretudo ao facto de as várias expressões só serem válidas dentro das
condições experimentais que serviram de base ao seu estabelecimento. Além disso, as
fórmulas são em geral estabelecidas apenas com base em ensaios laboratoriais e, mesmo
quando é tentada uma comparação com resultados da natureza, esta nunca é
absolutamente confiável, dada a dificuldade que existe em medir o caudal sólido em
escoamentos naturais. (Almeida, 2007).

As principais equações apresentadas podem ser classificadas em


três grupos:
1) Equações do tipo Pu Boys: considerando a tensão tangencial;
2) Equações do tipo Schoklitsch: considerando uma relação de descarga;
3) Equações do tipo Einstein: baseando em considerações estatísticas das forças de
sustentação. (Cardoso, 1998).

4.1.Equações do tipo Du Boys


Du Boys , 1879, admitiu que o sedimento se move em camadas, cada uma possuindo
uma espessura. Estas camadas se movimentam em virtude da tensão crítica de corte, e o
caudal sólido por unidade de largura é dada por:
( )
Onde:
qs= caudal sólido por unidade de largura (m3/s.m);
tensão tangencial (Kgf/m2);
tensão tangencial crítica (Kgf/cm2);
x= coeficiente que depende das características do mate_
rial de fundo.
A fórmula de Du Boys foi deduzida com base em hipóteses que à luz dos
conhecimentos atuais não são corretas. Schoklitsch, 1914, mostrou que o modelo
proposto por Du Boys apresentava divergências com as observações. Entretanto, pela
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sua simplicidade e principalmente pela boa concordância com os valores obtidos no
campo e no laboratório, pode ser ainda útil em cálculos expeditos.
4.2.Equações do tipo Schoklitsch
Schoklitsch, 1930, sugeriu uma equação baseada em experiências laboratoriais:
qs - X" Sk (q - qcr)
Onde:
x" = coeficiente que depende das características do mento;
qcr = Caudal específico na qual o material começa a mover-se;
S = Declividade do canal;
k = Constante.
Meyer - Peter et alii , 1934, apresentaram uma relação empírica para grãos uniformes de
areia, barita e linhita:

Onde:
gs= Caudal sólido em kgf/s.m;
g= Caudal liquido em kgf/s.m;
d= Diâmetro médio em mm;
s= Declividade do caudal em m/m.

Meyer - Peter e Muller, 1948, com base em extensos e acurados estudos experimentais,
propuseram a seguinte fórmula de transporte solido:

( ) ( )

Onde:
d = Diâmetro médio da mistura;
Rh= Raio hidráulico;
(K/Xʹ)2/3S = Declividade da linha de energia corrigida;
K = Coeficiente de rugosidade global de Strickler;
Kʹ = Coeficiente de rugosidade correspondente às partículas de fundo.
Esta fórmula corresponde à modificação de uma outra proposta anteriormente por
Meyer - Peter et alli, em 1934, e apresenta como principal inovação a separação dos

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efeitos da rugosidade superficial e de forma e a consequente introdução do factor

( ) que afeta a tensão tangencial.

A fórmula de Meyer-Peter e Muller teve ampla aceitação, principalmente na Europa, em


virtude dos novos conceitos introduzidos e da sólida base experimental. Por outro lado,
podemos notar que no fundo se trata de uma fórmula que deriva do conceito de tensão
tangencial crítica.
4.3.Equações de Einstein

Einstein, 1950, estabeleceu uma fórmula de transporte sólido, baseando-se por um lado
na separação dos efeitos das resistências de forma e superficial, como fizeram Meyer -
Peter e Muller, e por outro num conceito de probabilidade de movimento. Através das
observações experimentais, Einstein concluiu que:
 Existe uma intensa e estável troca de partículas entre o material do leito em
repouso e o do leito em movimento;
 Os movimentos das partículas ocorrem em passos rápidos, entremeados de
longos períodos de repouso;
 Em média, os passos dados pelas partículas carreadas são constantes, e
aparentemente independem do estádio do escoamento liquido, sólido ou da
composição granulométrica;
 A variação do transporte sólido é atribuída à mudança nos intervalos de tempo
em que as partículas permanecem em repouso e à espessura da camada móvel.
(Coelho, 2006).

19
5.0.Conclusão
O desenvolvimento deste trabalho incidiu sobre os fenómenos de transporte sólido em
canais fluviais. Foi explicado diversos conteúdos de transporte sólido, a importância do
estudo de transporte sólido e o seu impacto no solo. Contudo, conclui-se que os
sedimentos transportados em meio líquido ou no leito do rio provocam diversos
problemas que interferem directamente nas condições normais de equilíbrio do meio
ambiente, prejudicando a fauna e flora do ecossistema, além de afectar aspectos
económicos e sociais.

Por isso torna-se necessária explorar-se e conhecer o transporte, pois descarga sólida
dos corpos aquáticos são uma importante ferramenta para a caracterização dos mesmos,
uma vez que os sedimentos interferem directamente na qualidade e quantidade de água,
pois, como veículos de transporte de microrganismos, podem conter partículas tóxicas
e, sobretudo, intensificar o assoreamento dos rios, evidenciando importantes processos e
estágios de degradação do meio ambiente.

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6.0.Referências Bibliográficas
 Almeida, D. W. (2007). Estudo de correlacoes de Velocidade de Sedimentação.
4º PDPETRO.

 Álvares, M. T. (1998). Erosão Hídrica e Transporte Sólido.


 Cardoso, A. H. (1998). Hidráulica Fluvial. Lisboa: Fundação Caloute
Gulbenkian.
 Coelho, C. (2006). Hidráulica Fluvial,. Universidade de Aveiro: Departamento
de Engenharia.
 Junior, F. e. (1993). Modelo Hidrodinamico-Sedimentologico. São Paulo.
 Lencastre, A. e. (1992). Lições de Hidrologia. Lisboa.

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