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ARTE E DO DESIGN
PROFESSORES
Me. Ana Paula Furlan
Dênis Martins de Oliveira
Esp. Vanessa Barbosa dos Santos
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Gerência de Produção de Contéudo Juliano de Souza, Supervisão do Núcleo de
Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Contéudo Sandra Franchini e
Larissa Siqueira, Projeto Gráfico e Editoração José Jhonny Coelho, Designer Educacional Yasminn
Zagonel, Maria Fernanda Vasconcelos, Revisão Textual Yara Dias, Maraisa da Silva, Viviane Notari,
Nayara Valenciano e Talita Dias Tomé, Ilustração André Onishi, Fotos Shutterstock.
2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas
Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
apresentação do material
Boa aula!
sum ário
UNIDADE I UNIDADE IV
UNIDADE V
UNIDADE III
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• A origem da arte: primeiras manifestações
• O grande despertar: a elegância clássica
• A Europa Medieval
• A burguesia
Objetivos de Aprendizagem
• Analisar e compreender a representação das diferentes
manifestações artísticas desde a pré-história até o século XIV.
• Compreender qual a importância e a influência da arte clássica na
história.
• Analisar as mudanças ocorridas nas diferentes expressões de
Arte desde o período medieval até o período caracterizado pela
influência burguesa.
unidade
I
INTRODUÇÃO
S
eja bem-vindo(a), aluno(a) do ensino a distância da Unicesumar, é
com imenso prazer que o recebo na disciplina de História da Arte
e do Design, iniciemos nossa aula conhecendo um pouco sobre a
história da humanidade expressa por meio das diferentes mani-
festações artísticas. A história da humanidade é demonstrada por meio de
inúmeros instrumentos, livros, pergaminhos, narrativas, dentre esses, te-
mos a Arte, que nada mais é do que a expressão de um povo em um deter-
minado período. A arte está impregnada nas manifestações corriqueiras
de tais povos antigos, com essas manifestações, podemos compreender em
parte como se dava os acontecimentos vivenciados por esses povos.
Nesta unidade, você, aluno(a), irá conhecer como eram elaboradas
as diferentes formas de arte, desde a pré-história e dos povos primitivos
com as representações nas cavernas até a arte no período em que a bur-
guesia fornecia subsídios para os artistas criarem seus trabalhos.
Primeiro, veremos quão importante é a compreensão do termo Arte
e de como esse não representava tal significado para os povos antigos;
veremos como eram as diferentes representações de arte, passando pelo
Egito antigo, Mesopotâmia e a ilha de Creta, dentre elas, a arquitetura, a
pintura e a escultura pertinentes a esses povos e locais.
Dando continuidade aos nossos estudos, apresentaremos a arte co-
nhecida como clássica orinda da Grécia e da Roma antiga, chegando até
as expressões elaboradas durante o império Bizantino.
Na sequência, veremos como a arte foi se moldando mediante as
mudanças sociais que aconteceram durante a Idade Média. Veremos as
manifestações do estilo gótico expressas principalmente na arquitetura; e
entenderemos como a classe burguesa influenciou as mudanças sociais e,
consequentemente, as mudanças na arte.
Vamos lá? Desejo a você, caro(a) aluno(a), um excelente estudo e boa
leitura!
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
A ORIGEM DA ARTE:
PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES
Caro(a) aluno(a), primeiramente, faz-se necessária a xou de se expressar ou de registrar sua trajetória por
compreensão do que se entende por arte para que, a meio da arte.
partir de tal conceito, consigamos criar um mecanis- Por outro lado, pode-se, ainda, dizer que somen-
mo de entendimento da importância das diferentes te é arte aquele ornamento suntuoso presente no
manifestações artísticas ocorridas durante a história museu, ou ainda aquela tela ou escultura que ganha
da humanidade; podemos analisar o contexto da arte destaque na sala de estar de um colecionador como
por duas visões: a visão de que a arte está presente na objeto de decoração; esse julgamento, por sua vez,
elaboração arquitetônica de casas, edifícios, templos representa nossa análise a partir de referenciais atu-
ou qualquer outro monumento, de que está presente ais que não cabem interpretação, pois as manifesta-
nas pinturas, esculturas e de que representa toda a ções artísticas são mais do que simples ornamentos,
cultura de determinado povo. Por essa análise, po- elas representam toda uma história carregada de
demos identificar que a arte está presente em todas simbologias e de extrema importância para quem as
as culturas do mundo e nenhum desses povos dei- elaborou.
14
DESIGN
SAIBA MAIS
nal, por isso, estudaremos as manifestações artísticas
considerando o contexto histórico no qual elas fo-
O QUE É ARTE? ram concebidas para que, assim, compreendamos a
A arte é uma das melhores maneiras do ser relevância delas.
humano expressar seus sentimentos e emo-
ções. Ela pode estar representada de diver-
sas maneiras: por meio da pintura plástica, PRÉ-HISTÓRIA, POVOS PRIMITIVOS
escultura, cinema, teatro, dança, música, ar- É necessário, primeiro, compreender que as manifes-
quitetura, dentre outros. A arte é o reflexo tações caracterizadas como arte para nós hoje não
da cultura e da história dos diferentes povos,
representavam tal segmento na época em que foram
considerando os valores estéticos da beleza,
do equilíbrio e da harmonia. elaboradas, as pinturas nas cavernas, por exemplo,
Considerando o contexto atual de socieda- eram símbolos da crença e dos costumes dos povos
de, podemos, ainda, dizer que a arte pode primitivos, para tais povos, representar uma imagem
ser também definida como algo inerente ao ou construir uma cabana não fazia diferença, pois
ser humano, feito por artistas a partir de um
senso estético, com o objetivo de despertar ambas as manifestações eram parte ora de suas cren-
e estimular o interesse da consciência de um ças ora de sua necessidade real de proteção.
ou mais espectadores, além de causar algum
efeito. Cada expressão artística possui signifi- Suas cabanas existem para protege-los da chuva,
cado único e diferente. do sol e do vento, e para os espíritos que geram
Fonte: O QUE É… (online). tais eventos; as imagens são feitas para protege-los
contra outros poderes que para, eles, são tão reais
quanto as forças da natureza. Pinturas estátuas,
em outras palavras são usadas para realizar traba-
A arte como manifestação dos acontecimentos, das lhos de magia (GOMBRICH, 1999, p. 39-40).
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
O fato é que, para tal povo, a imagem, seja ela qual for, “rituais” que somente nós fazemos, porém que outra
representa não só uma simples manifestação imagéti- família o faz de maneira diferente. Assim se deu as ma-
ca, mas sim toda uma crença, portanto, cabe a nós uma nifestações encontradas nas cavernas de autoria dos
análise com o olhar mais brando direcionado para o povos primitivos: cada tribo, em diferentes lugares do
motivo pelo qual tal grupo de indivíduos projetou tal mundo, procurava, de uma forma ou de outra, registrar
imagem, e não para seu significado por nós designado. acontecimentos de seu cotidiano. As pinturas são a re-
A simbologia que as imagens representam para os po- presentação de tais acontecimentos que são analisados
vos primitivos vai além de nossa compreensão, uma vez por nós para que compreendamos como se iniciou esse
que tais representações são alguns ou os únicos vestí- processo de representação da expressividade humana
gios que temos para analisarmos as culturas primitivas. por meio do que, hoje, entendemos por arte.
O que auxilia os historiadores na compreensão das
questões que permeiam as manifestações artísticas ex- SAIBA MAIS
pressas nas cavernas e intituladas como pinturas ru-
pestres são os utensílios também encontrados dentro
PINTURA RUPESTRE
de tais cavernas e o fato da localização de tais pinturas,
Conhecida como a mais antiga expressão de
muitas em interiores profundos e de difícil localização arte da humanidade, as pinturas rupestres são
em cavernas espalhadas pelo mundo todo, o fato é que caracterizadas por sua singela representação,
tais manifestações não possuem ordem alguma, são normalmente, nas paredes de cavernas, em
que animais e seres humanos são representa-
expressas de maneira aleatória e, muitas vezes, umas dos por meio de figuras elaboradas com pig-
sobre as outras, o que nos traz a ideia de que não se tra- mentos extraídos de plantas, ou frutos, além
ta, apenas, de ornamento, mas sim de toda uma crença de sangue dos animais que foram abatidos
para a alimentação desses povos primitivos.
simbólica registrada ali com alguma finalidade.
Fonte: adaptado de Pacievitch (online).
A explicação mais provável para as pinturas ru-
pestres ainda é a de que se trata das mais antigas
relíquias da crença universal no poder produzi-
do pelas imagens; dito em outras palavras, pare-
ce que esses caçadores primitivos imaginavam
que, se fizessem uma imagem de sua presa- e até
a espicaçassem com suas lanças e machados de
pedra- os animais verdadeiros também sucum-
biriam ao seu poder (GOMBRICH, 1999, p.42).
16
DESIGN
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
SAIBA MAIS
diversas técnicas representativas, como arquitetura,
escultura e pintura, não era para o deleite dos povos
do antigo Egito, mas sim para auxiliar a alma na vida LEI DA FRONTALIDADE
após a morte, a arte expressa a crença de uma cultura Caracterizado pela elaboração da figura hu-
baseada no poder da representação que tais técnicas mana com o corpo (tronco) desenhado ou
pintado de frente e as pernas e a cabeça re-
artísticas poderiam proporcionar ao homem. presentadas de perfil.
Com relação à pintura no antigo Egito, é, assim
como as demais manifestações artísticas, nas pirâmi- Fonte: adaptado de Martins e Imbroisi (online).
REFLITA
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DESIGN
SAIBA MAIS
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
MESOPOTÂMIA
Diferentemente da arte egípcia, as manifestações A arte na Mesopotâmia, ou melhor, os artistas meso-
de arte na Mesopotâmia não chegaram até nós com potâmicos não tinham a função de “decorar” as pare-
grandeza de detalhes, tampouco qualidade, visto que des dos túmulos de seus reis, como no Egito, sua fun-
as questões climáticas do vale dos rios Eufrates e Ti- ção era eternizar os momentos de glória do império
gre, em que prosperaram os impérios babilônio e as- comandado pelo rei, assim, por meio de baixos rele-
sírio, não garantiram a existência de muitos artefatos vos e utilizando técnicas semelhantes a dos egípcios,
de tais povos. eles representavam as batalhas, vitórias e clemências
dos povos perdedores, a fim de que os momentos de
A arte da Mesopotâmia é menos conhecida do glória fossem eternizados.
que a arte egípcia. Isso se deve, pelo menos,
em parte, a um acidente. Não havia pedreiras
nesses vales, e a maioria dos edifícios tinha
que ser construída com tijolos cozidos, que,
no transcurso do tempo, se desintegravam e
se convertiam em pó. Até mesmo a escultu-
ra em pedra era relativamente rara. Mas essa
não é a única explicação para o fato de, com-
parativamente, poucas das primeiras obras
dessa arte terem chegado até nós. A principal
razão consiste, provavelmente, em que esses
povos não compartilhavam da crença religio-
sa dos egípcios de que o corpo humano e sua
representação deviam ser preservados para
que a alma sobrevivesse (GOMBRICH, 1999,
p. 70).
SAIBA MAIS
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DESIGN
CRETA
Cnossos destaca-se como o sítio arqueológico
A ilha de Creta, localizada entre três continentes: Euro- mais importante de Creta. As escavações rea-
pa, Ásia e África, é a mais populosa e a maior da Grécia. lizadas entre 1900 e 1935 por sir Arthur Evans
Foi colonizado, segundo Cosgrave (2012), por volta de na região revelam afrescos, belos e delicados
6000 a.C., durante os três mil anos seguintes, no inte- recipientes pintados e estatuetas de mármore
e fiança. Todas essas descobertas proporcio-
rior da ilha, um povoado chamado Cnossos prosperou. naram informações importantes sobre a in-
dumentária e a Arte cretense (COSGRAVE,
Creta tornou-se o centro de produção e expor-
2012, p. 33).
tação de bronze, graças a dois fatores principais.
Por volta de 3000 a.C., as técnicas de fabricação e
fundição de bronze se desenvolveram. Simultane- A expressão da vida e as crenças dos povos primi-
amente, um afluxo de imigrantes provenientes de tivos, egípcios, babilônicos, assírios e cretenses são,
Cíclades levou novas técnicas de navegação para
para nós, hoje, apresentadas como obras de arte,
Creta. A civilização cretense foi muito influencia-
da por seus parceiros comerciais mais importantes: carregadas de história, elas representam desde ques-
o Egito e a Babilônia (COSGRAVE, 2012, p. 33). tões religiosas a triunfos em batalhas ou um período
importante como a manipulação do bronze. O fato
Assim, conhecida como a Idade do bronze, a ascen- é que desde que o homem se expressa por meio de
são de Creta foi dividida em três períodos: antigo, pinturas, esculturas ou formas arquitetônicas exis-
médio e tardio. Foi no período médio que, segundo te o que conhecemos por arte. No próximo tópico,
Cosgrave (2012), as técnicas de trabalho em metal veremos os destaques e as mudanças nas formas de
tornaram-se mais sofisticadas, apresentando padrões expressar analisando as técnicas e manifestações ar-
filigranados e granulados. tísticas na Grécia e na Roma antiga.
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
GRANDE
DESPERTAR:
A ELEGÂNCIA
CLÁSSICA
GRÉCIA
Consideramos que os mais antigos estilos de arte Os gregos foram inovadores. Em apenas 400
foram sendo construídos mediante as relações anos, conceberam a política e a filosofia, assim
como a matemática e a geometria. Hipócrates
humanas que foram acontecendo no decorrer do
estabeleceu as bases da medicina moderna e
tempo frente às conquistas dos povos mais fortes. Heródoto foi o primeiro a refletir sobre a his-
Acredita-se que as primeiras manifestações da tória. As artes – compreendidas conforme o
arte grega sejam representações de influência cre- conceito ocidental de teatro e de representação
– podem ser vistas como inovações gregas. Os
tense, bem como egípcia; formas geométricas, a
antigos gregos não eram apenas um povo, mas
singela representação do homem e a simplicidade descendiam de sucessivas ondas de invasores
das formas eram características da arte primitiva indo-europeus, que chegaram ao mar Egeu e
grega. ao leste do Mediterrâneo durante um período
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DESIGN
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
SAIBA MAIS
(1999, p. 82) sobre a pintura grega: Tais estilos eram representados através do
capitel ou remate das colunas, que sustenta-
Os artistas gregos ainda procuravam fazer suas vam os templos.
figuras com os mais nítidos contornos e incluir
Fonte: adaptado de Arte… (online).
tantos conhecimentos sobre o corpo humano
quantos coubessem na pintura sem violentar
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DESIGN
Os artistas gregos então conscientes de seu poder e de A mistura dos diferentes estilos da arte grega pro-
sua maestria, ao longo do tempo, foram evoluindo na porcionou um resultado final tanto na arquitetura
maneira de representar, dentre as diversas técnicas ar- quanto na escultura de grande leveza e graciosidade
tísticas, no final do século V a.C; na arquitetura, os di- nas formas, foi no período Helenístico (século III a
versos estilos começaram a ser usados simultaneamente. II a.C), com o estudo e a observação da natureza,
que a pintura começa a ganhar profundidade e os
O Partenon fora edificado no estilo dórico, mas,
nos edifícios ulteriores da Acrópole, foram in-
elementos são, agora, representados em diferentes
troduzidas as formas do chamado estilo jônico. planos, os gregos modificaram os padrões pré-es-
O princípio que presidiu à construção desses tabelecidos do primitivo estilo oriental, criando,
templos foi o mesmo dos dóricos, mas, em seu assim, as possibilidades de enriquecer as imagens
todo, a aparência e o caráter acabam sendo di-
tradicionais com um mundo novo de característi-
ferentes. O edifício que mostra isso com o má-
ximo de perfeição é o templo chamado de Erec- cas extraídas da simples observação da realidade
teion (GOMBRICH, 1999, p. 99). que os cercava.
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
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DESIGN
SAIBA MAIS
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
A arte romana toma novas formas quando o impe- A arte romana passou por várias modificações con-
rador Constantino, em 311 d.C., estabelece a Igreja forme a cultura social foi se alterando; partiram de
Cristã como um poder no Estado, assim, o formato uma releitura da arte grega para as mais grandiosas
de arquitetura destinada à adoração não se encaixava construções e contribuições arquitetônicas da história
nos moldes, agora, reelaborados pela igreja. da humanidade. Com os romanos, podemos observar
que o aprendizado absorvido de outras culturas fora
Assim acontece que as igrejas não usaram os de total importância na construção de uma sociedade
templos pagãos como seus modelos, mas adota-
plena cultural, política e artisticamente falando.
ram o tipo de amplos salões de reunião que em
tempos clássicos, eram conhecidos pelo nome
de “basílica”, o que significa aproximadamente ARTE BIZANTINA
“pórtico real” (GOMBRICH, 1999, p. 133). Fundada pelo imperador Constantino, em 330,
Constantinopla, capital do império romano do
Ou seja, a construção dos novos locais para as celebra- Oriente, conhecido como Império Bizantino, relem-
ções se baseavam em uma arquitetura simples, um salão bremos, aqui, as aulas de história, o império romano
com colunatas ao longo de seu comprimento com late- foi dividido em Oriental e Ocidental, em 395, pelo
rais mais espaçosas, na extremidade oposta à entrada, imperador Teodósio. Em Constantinopla, uma anti-
havia um espaço semicircular usado como altar-mor ga colônia chamada Bizâncio abrigava diversas cul-
para onde a assembleia ou os fiéis dirigiam o olhar. turas, assim originando o nome de bizantino para
designar a arte provinda de lá.
Com a criação das igrejas, ou basílicas, existia,
agora, a preocupação em como decorá-las, conside-
rando que as imagens não eram permitidas e que a
Bíblia condenava tais representações.
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DESIGN
SAIBA MAIS
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
a europa
MEDIEVAL
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DESIGN
O domínio da igreja e seu autoritarismo presente senso do belo representado por meio do domínio e da
em praticamente toda a Europa fez com que muitos manipulação do metal bem como da escultura carre-
dos acontecimentos ocorridos nesse período ficas- gada de simbolismos. Acredita-se que a arte para es-
sem esquecidos ou tão bem guardados que, até hoje, ses povos (Godos, Vândalos, Saxões, Suevos e Vikings)
não vieram a tona, portanto pouco se tem e pouco se também viesse de sua relação com a magia, misticismo
sabe sobre a assim chamada Idade Média, referente e crenças características de sua base e vida social.
às manifestações de arte. Na idade média, o destaque fica pelo início da
compreensão e da imersão do homem no seu pró-
O período que se seguiu a era cristã primitiva,
o período que sobreveio a queda do império
prio pensamento; compreendendo o mundo ao seu
Romano, é geralmente conhecido pelo nada redor e insatisfeito com o que via: domínio e repres-
lisonjeiro epíteto de Idade das Trevas. Deu- são pela igreja, guerras e invasões pelos bárbaros
-se-lhe essa designação para significar em par- e sua impotência por pertencer ao sistema feudal
te, que as pessoas que viveram durante esses
e não conseguir ascensão nem pessoal nem social.
séculos de migrações, guerras e sublevações
estavam mergulhadas na escuridão e tinham Podemos considerar, assim como Gombrich (1999,
escassos conhecimentos para guia-las; mas p. 164-165), que “os egípcios haviam desenhado
também para assinalar que pouco sabemos a principalmente o que sabiam existir, os gregos o que
respeito desses séculos confusos e desconcer-
viam; na Idade Média, o artista aprendeu também a
tantes que se seguiram ao declínio do mundo
antigo e precederam o surgimento dos países expressar em seu quadro o que sentia”.
europeus na configuração geográfica em que As obras pertencentes ao período da Idade Média
mais ou menos os conhecemos hoje (GOM- são, ainda, caracterizadas como arte para a catequiza-
BRICH, 1999, p. 158).
ção, ou seja, obras que ilustram as passagens bíblicas,
de modo a educar ou transmitir uma mensagem aos
O fato mais interessante é que, durante esse período, analfabetos da época, mas também existiam mani-
não houve nenhum destaque para algum tipo de esti- festações de arte fora das igrejas, considerando que
lo característico que designasse tal época, as revoltas, foi nesse período que grandes castelos bem como os
guerras e conflitos levaram a uma mistura de elementos grandes barões feudais surgiram. Porém conhecemos
na diversidade entre povos e classes. As tribos bárbaras mais da arte destinada à religião do daquela expressa
assombravam o atual território europeu, destruindo nos castelos, visto que esses eram destruídos nas bata-
toda e qualquer manifestação elaborada pelos ances- lhas, já as igrejas eram poupadas; “de um modo geral a
trais artísticos da história, como os gregos e romanos, arte religiosa era tratada com maior respeito, e cuida-
porém tais povos, por mais bárbaros que fossem ca- da com mais zelo, do que as decorações de aposentos
racterizados, tinham, de acordo com suas crenças, um privados” (GOMBRICH 1999, p. 168).
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
A EUROPA GÓTICA
A base para o estilo que foi se modificando na Euro- Se eu quisesse uma altura maior, teria que fa-
pa medieval é o românico, em que os arcos e as abó- zer o arco mais profundo. Nesse caso, a me-
lhor solução não é ter um arco redondo, mas
badas faziam parte das construções arquitetônicas,
unir dois segmentos de arco. Foi nessa idéia
as igrejas, agora, necessitavam representar o céu na que presidiu a criação do arco ogival, cuja
terra e imprimir imponência e respeito, assim como grande vantagem é que pode ser variado à
as impenetráveis paredes de um castelo, o teto, an- vontade, mais achatado ou mais pontiagudo
segundo as exigências da estrutura [...] no in-
tes de madeira, construído nas basílicas não era mais
terior de uma catedral gótica, somos levados a
digno da beleza das recentes elaboradas catedrais e compreender a complexa interação de trações
as estruturas de pedra que sustentavam tal cobertura e pressões que mantêm a grandiosa abóbada
necessitavam ser, além de maciças, suficientemente em seu lugar. Não existem paredes cegas ou
pilares maciços em parte alguma. Todo inte-
fortes para sustentarem. Porém, diante de estudos
rior parece tecido de delicados fustes e nervu-
técnicos, observou-se a possibilidade da distribuição ras; sua rede cobre a abóbada e desce ao longo
do peso do teto ou de sua sustentação por meio de das paredes da nave para se unir no capitel
“pilares” ou “costelas” adicionadas nas laterais para, dos diversos pilares que são formados por um
assim, construírem monumentos belos sem prejudi- feixe de varas de pedras (GOMBRICH, 1999,
p. 187-188).
car a estética visual; nas paredes, agora, seriam aber-
tas janelas, com vitrais, outra técnica artística explo-
rada nesse período. SAIBA MAIS
32
DESIGN
SAIBA MAIS
Figura 11: Casal Arnolfini de Van Eyck. Fonte: Van Eyck… (online).
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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
A Burguesia
O
Em meados do século XII, quando o estilo gótico
século XIII ficou caracterizado como o começou a se desenvolver, a Europa ainda era um
século das catedrais, em que as diferen- continente escassamente povoado de campone-
tes técnicas artísticas se manifestaram ses, com mosteiros e castelos de barões que eram
na pintura por meio dos afrescos ou os principais centros de poder e de saber. A ambi-
ção dos grandes bispados por poderosas catedrais
mosaicos, passando pelas inovações arquitetônicas funcionando como sés episcopais foi a primeira
com os arcos ogivais ou a arte dos vitrais que, ago- indicação do despertar do orgulho cívico nos
ra, iluminavam o interior das catedrais com a luz burgos e nas cidades. Mas, cento e cinquenta anos
do sol, chegando até as esculturas, representando depois, essas cidades tinham se convertido em
centros fervilhantes de comércio, cujos burgueses
com perfeição as passagens bíblicas mais impor-
se sentiam cada vez mais independentes do po-
tantes; as representações de arte relacionadas à der da igreja e dos senhores feudais. Os próprios
igreja como conhecemos até aqui continuaram a se nobres já não viviam em sombria segregação nos
manifestar até meados do século XIV, mas já não se seus palácios fortificados, preferindo mudar-se
para as cidades que tinham conforto de luxo re-
caracterizavam como destaque das manifestações
quintados, aí exibindo sua riqueza nas cortes dos
artísticas, transformações estavam acontecendo poderosos [...] podemos dizer que o gosto do sé-
socialmente e um grupo, mais tarde dito classe, co- culo XIV se inclinava mais para o refinado do que
meçou a se destacar. para o grandioso (GOMBRICH, 1999, p. 208) .
34
DESIGN
SAIBA MAIS
tos artísticos elaborados, muitas vezes, pelo artista
contratado e pertencente às famílias. Os retratos
A sociedade nesse período se organizava da começam a aparecer como forma de representar
seguinte forma: não só personagens bíblicos, mas também as pes-
Clero: Era a representação da igreja, que divi- soas, primeiramente, os nobres e, depois, os bur-
dia-se em Clero secular e Clero regular. gueses; as estátuas são encomendadas e decoram
Nobreza: No topo tinha-se o rei, como sendo os altares das casas dos burgueses, os artistas me-
o chefe de estado, abaixo estavam os vários
títulos hierárquicos: Duques, Marqueses, Con-
lhoram suas técnicas e a natureza passa a ser repre-
des, Viscondes e Barões etc. sentada de maneira realista como nunca antes fora
O Povo: pertencentes as mais diversas ca- elaborada.
tegorias estes poderiam exercer inúmeras
funções, desde o trabalho intelectual até as Os artistas entretanto queriam ir ainda mais
funções unicamente braçais. além em seus aperfeiçoamentos. Já não se con-
Em meio ao Povo uma classe foi surgindo, tentavam com o domínio recém-adquirido de
eram os chamados Burgueses; comerciantes pintar detalhes tais como flores ou animais
que transformaram a ordem social rígida copiados do natural; queriam também explo-
e que contribuíram de modo significativo rar as leis da visão, e adquirir suficientes co-
para as relações de caráter comercial pros- nhecimentos do corpo humano para incluí-los
perarem. em suas estátuas e pinturas, como os gregos e
romanos tinham feito. Uma vez que seus in-
Fonte: adaptado de Oliveira (1998).
teresses enveredaram por esse caminho, a arte
medieval podia realmente considerar-se no
fim. Chegamos agora ao período comumente
conhecido como a Renascença (GOMBRICH,
Com o poder econômico nas mãos, mas não per-
1999, p. 221).
tencentes à Nobreza, os Burgueses procuraram, de
alguma forma, se aproximarem do universo impe-
netrável dos nobres. Como? Se não podiam receber Assim, com a busca incessante pela perfeição da re-
títulos, podiam, ao menos, comprar status, assim, presentação artística, por meio da observação e das
por meio da arte, a Burguesia foi ganhando desta- experiências, os artistas foram caminhando median-
que e reconhecimento, as famílias de comercian- te as revoluções sociais, comerciais e econômicas a
tes bem estabelecidos nas recém-formadas cidades diferentes formas de representar a realidade que os
procuram em tudo se assemelharem aos nobres, cercava, era um novo começo, novas experiências
isso incluí desde as vestes, com tecidos importados novos ideais. Na próxima unidade, veremos o des-
vindos de diversas partes do mundo, visto que as fecho ou a continuação das relações humanas com a
relações mercantis agora se estreitavam até as de- arte e, agora, pela visão humanista, advinda do Re-
corações por meio das obras de Arte ou de obje- nascimento, até a próxima.
35
considerações finais
Caro(a) aluno(a), podemos observar, mediante aos estudos desta unidade, que as
manifestações consideradas hoje por nós como expressão de arte, para os povos
que as executaram, representavam muito mais.
A arte foi se modificando, assim como o homem foi articulando as mudanças
sociais, econômicas e intelectuais durante a história, portanto a história da arte se
dissolve, se mistura com a própria história da humanidade. Como visto em nossa
primeira aula, a arte é a expressão das emoções e crenças dos diferentes povos, é
a manifestação da cultura desses, seus valores e hábitos.
Com o passar do tempo, o homem foi não só se conhecendo, mas também
conhecendo o mundo ao seu redor, compreendendo as questões da natureza e
imprimindo seu aprendizado por meio de diferentes representações, sejam elas
as simples pinturas rupestres nas paredes das cavernas com os povos primitivos,
ou os grandiosos templos em honra aos deuses do Olimpo na Grécia antiga, ou,
ainda, com os rituais para a vida após a morte da cultura egípcia; o fato é que o
homem foi aprendendo e crescendo com esses aprendizados.
Podemos observar quão grande foram as conquistas e os aprendizados do
homem ao observarmos a arquitetura da Idade Média, com a grandiosidade dos
castelos e do sistema feudal, mais adiante, consideramos de extrema relevância a
imponência das catedrais góticas e todo o simbolismo por trás de suas constru-
ções meticulosamente elaboradas com técnicas nunca antes utilizadas.
O homem cresceu com o aprendizado oriundo das relações entre os diferen-
tes povos, cada uma das culturas brevemente apresentadas nesse capítulo contri-
buiu de modo significativo para que tenhamos, nos dias de hoje, as atuais organi-
zações sociais, econômicas, arquitetônicas e artísticas; compreender como se deu
a origem histórica de tais manifestações faz com que conheçamos e valorizemos
a nossa própria história, além de nos dar um repertório vasto de inspiração para
criarmos novas propostas artísticas com base em nosso passado historicamente
rico de informações.
Bons estudos!
36
atividades de estudo
1. Considerando os estudos apresentados na uni- 4. Com relação à arte Grega, podemos destacar
dade, assinale a assertiva correspondente à de- que os gregos seguiram os passos dos egíp-
finição de arte apresentada no livro: cios, principalmente, na arte da escultura, mas
a. Expressão humana do mundo espiritual. foram além, evoluíram. Analisando o conteúdo
da unidade, descreva em que sentido ocorreu
b. Reflexo da cultura e da história dos diferentes
tal evolução na escultura grega.
povos.
c. Arquitetura, escultura, teatro e dança. 5. Dentre as manifestações estilísticas na arquite-
tura grega, podemos destacar três estilos. Assi-
d. Expressão dos diferentes tipos de pintura.
nale a assertiva que corresponde aos estilos de
e. Manifestação espiritual representada nas pin- arquitetura grega:
turas.
a. Dórico, Helenístico, Coríntio.
b. Helenístico, Arcaico, Jônico.
2. Dentre as manifestações caracterizadas como
artísticas no período antigo da história da arte, c. Dórico, Jônico, Coríntio.
temos a pintura, a arquitetura e a escultura.
d. Clássico, Arcaico, Coríntio.
Defina, com base no conteúdo abordado na
unidade, a assim chamada Pintura Rupestre. e. Homérico, Jônico, Coríntio
3. A arte egípcia não era baseada no que o artista 6. A partir dos estudos do material didático, cite e
podia ver em um dado momento, e sim no que explique três características da arte Bizântina.
ele sabia fazer (GOMBRICH, 1999). Assinale a
assertiva que representa a descrição da função 7. O estilo gótico foi idealizado na França Seten-
do artista no Egito Antigo: trional, durante o período medieval, como vi-
a. Decorar as tumbas com representações do mos em nosso material, descreva brevemente
dia a dia dos membros da elite egípcia. as principais características do estilo.
37
LEITURA
COMPLEMENTAR
Como sugestão para leitura complementar e para que de arte?”. Afirmar, hoje, que um objeto é ou não uma
você, caro(a) aluno(a), vislumbre mais uma das vertentes obra de arte acaba se tornando um verdadeiro desa-
onde a arte se manifesta, apresento-lhe este artigo que fio, em um momento em que uma infinidade de coisas
narra uma reflexão a cerca do conteúdo Arte e Moda, as- podem ser chamadas de arte. Archer (2001, IX) sugere
sim você pode conhecer um pouco mais sobre a sinergia que, “quanto mais olhamos, menos certeza podemos ter
que acontece entre essas duas áreas. quanto àquilo que, afinal, permite que as obras sejam
qualificadas como “arte, pelo menos de um ponto de vis-
ROUPA DE ARTISTA: A ROUPA COMO ta tradicional”. Enquanto alguns estudiosos continuam
LINGUAGEM NA ARTE defendendo o caráter essencialmente espiritual e não
utilitário da obra de arte, outros como Danto e Ostrower
buscam revisar as teorias da arte, a fim de adequá-las à
Resumo
nova realidade:
A Roupa de Artista, como linguagem artística, pode es-
tabelecer interessantes conexões entre a moda e a arte. Para ser arte, tem que ser linguagem. Qualquer ato
Apresentamos aqui uma breve reflexão em que busca- pode ser significativo. Por exemplo, uma bofetada.
mos compreender de que forma a arte se apropria da Mas não precisa ter significado artístico. Para tanto,
roupa como objeto expressivo e como linguagem, e que o conteúdo do ato teria que ser objetivado através
tipos de diálogos podem ser estabelecidos pela arte atra- de formas de linguagem, e comunicado, através
vés da Roupa de Artista. dessas mesmas formas. (OSTROWER, 1999, p.76)
Palavras Chave: Roupa de Artista. Arte. Moda. Lingua-
Inserir a moda, ou mais especificamente a roupa, como
gens Artísticas.
linguagem artística, nos coloca diante do desafio de bus-
[...]
car seu espaço na arte. Mendonça (2006, p. 11, grifo do
autor) comenta que “a criação do vestuário é forçosa-
A ROUPA COMO LINGUAGEM DA ARTE
mente arte visual aplicada e, portanto, configura uma
Muito se discute a respeito do que pode ser classifica-
linguagem artística”. Se considerarmos as ideias de Os-
do como arte. Desde muito cedo, a estética e a filosofia
trower (1999, p.197) quando afirma que “o que determi-
da arte se ocupam dessa questão. Com os alargamentos
na o caráter artístico de uma imagem é a expressividade
sofridos pela arte, e com suas transversalidades, muitas
das formas de linguagem”, então estaremos mais perto
confusões surgiram no momento em que objetos de
de encontrar nosso denominador comum entre a arte e
uso cotidiano adentraram as portas dos museus e ali
a moda.
se instalaram. Danto (2010, p.42, grifo do autor) chega
a indagar-se: “afinal, que tipo de predicado é “uma obra Fonte: adaptado de Basso (online).
38
DESIGN
Cleópatra
Ano: 1963
Sinopse: O filme narra a história de amor entre Cleópatra e Marco Antonio e como a rainha
do Egito, que assume o trono com apenas dezessete anos, termina seu reinado suicidando-
-se; uma das mais belas obras cinematográficas que eternizou a imagem de Elizabeth Taylor
interpretando Cleópatra.
Comentário: Um vasto acervo imagético que nos traz alguns referenciais arquitetônicos da
antiguidade, além de um excelente acervo sobre indumentária e cultura antiga.
39
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
40
DESIGN
41
DO RENASCIMENTO À
CONTEMPORANEIDADE
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Conquistando a Realidade; novos Ideais
• Século XVIII e XIX
• Século XX a era da diversidade
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a importância das manifestações artísticas e sociais
ocorridas durante o período conhecido como Renascimento.
• Analisar as influências sociais nas manifestações artísticas durante o
período correspondente ao século XVIII e XIX.
• Observar como a arte no século XX apresentou características
peculiares alterando os conceitos conhecidos até então.
unidade
II
INTRODUÇÃO
O
lá, caro(a) aluno(a)! Vamos conhecer um pouco da História da Arte?
Sabemos que é uma ampla e rica passagem pelo universo de perío-
dos, pintores, artistas, músicos, filósofos entre outros. Estes estudos
acerca da História da Arte, terão foco no período do “Renascimento”,
que estudaremos mais detalhadamente, mais precisamente, a partir do século XV.
Este termo nos remete a uma época histórica complexa, um período considerado
complexo e caracterizado pela diversidade de acontecimentos, em diversas áre-
as distintas. Certamente foi um momento de interiorização do ser humano, e a
Arte renascentista era incomparável, com traços impares e cheia de belas coisas.
Estudaremos, nesta unidade, esse período tão relevante para a história da huma-
nidade. Vamos estudar também sobre a transição entre a Idade Média e a Idade
Moderna, que sediou importantes acontecimentos artísticos e culturais, quando
a arte teve considerável desenvolvimento. Estudaremos, também, estudar as mu-
danças ocorridas por conta do antropocentrismo, em oposição ao teocentrismo
que era bastante ressaltado na Idade Média. O século XVlll que foi considerado
o período “da luz” e o século XlX, quando O Renascimento, então, a partir deste
século, passa a representar toda uma cultura crescida nos séculos XV e XVI, com
um novo aparecimento do pensamento oposto da Idade Média. Esta unidade nos
fornecerá subsídios para o entendimento dos séculos XV, XVl, XVll, XVlll, XlX
e século XX, pautará os principais marcos na história da Arte, já que a consti-
tuição intelectiva do Renascimento ocasionou um acordar da beleza, trazendo
a elegância, e isso, poderemos entender principalmente nos períodos Barroco
e Rococó, que disseminam a arte nas vestimentas, na decoração, nos adornos,
na arquitetura. Vamos entender porque no renascimento os homens passaram
a estar plenamente conscientes de suas capacidades e dotados de uma nova e
notória independência, fugindo aos padrões antigos. Tanto foram as mudanças,
que algumas pessoas acreditavam ter acontecido algum tipo de milagre. Vamos
entender o tamanho progresso em variadas áreas e a considerável melhoria, tra-
zendo genialidade e talentos ao período. Vamos estudar o porquê da influência
tão forte da arte em tantas outras áreas, como na arquitetura, beleza, decoração,
entre outros. O estudo do “Impressionismo” que possuía algumas características
peculiares também faz parte dessa unidade. Vamos rever o valor dado aos temas
da natureza, quando a pintura por meio do uso da luz natural expressava cenas
quase reais, carregadas de naturalidade e encanto. Já no século XX, vamos estu-
dar o aparecimento de pessoas consideradas importantes na história, de renome
e de plena contribuição para a sociedade, responsáveis por grandes descobertas
e importantes inovações, como o aparecimento do primeiro computador. Sendo
assim, vamos entender o porque de a arte sempre estar presente no decorrer da
história da humanidade, prestando sua contribuição a variadas áreas e em setores
diversos.
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
CONQUISTANDO A
REALIDADE; NOVOS IDEAIS
Olá, caro(a) aluno(a)! Você já conhece o termo “re- Por que chamamos esse período de “Renascimento”?
nascimento”? Vamos estudar um pouco sobre esse Porque foi considerado uma redescoberta e revalori-
tema. Podemos encontrar o período do Renasci- zação das referências da cultura na antiguidade clás-
mento com três termos distintos: Renascimento, sica, e esses ideais dirigiram mudanças do período
Renascença ou Renascentismo. O renascimento foi do renascimento. O termo surgiu a partir da publi-
um movimento que abordou todas as áreas dos pe- cação do livro “Cultura do Renascimento na Itália”
ríodos em que vigorou, porém, aqui, vamos centra- (1867), de autoria de Giorgio Vasari - pintor, arqui-
lizar as informações no “Renascimento Cultural”. teto e historiador da arte italiana.
Este movimento ocorreu na Europa, entre os sé- O Renascimento cultural revelou-se primeiro na
culos XV, VXI e início do século XVII, não temos, região italiana de Toscana, mais precisamente nas ci-
ainda, uma precisão sobre as datas, apenas apro- dades de Florença e Siena, mas logo se estendeu para
ximações. O renascimento anunciou as preocupa- o restante da Península Itálica e, finalmente, alargou-
ções surgidas com o desenvolvimento comercial e -se para quase todos os países da Europa Ocidental.
urbano. Tinha como temática principal a racionali- Cosgrave (2012, p. 117) nos fala:
dade e a individualidade do homem. Esse período
foi marcado por modificações em muitos campos O Renascimento foi difundido pela Europa oriental,
mas os principais encontravam-se nos estados ricos
da vida humana. Tais modificações puderam ser
da Itália central e setentrional, em particular, Flo-
bem percebidas em variadas situações, como na rença, Roma e Veneza e em Frandles, que se tornou
cultura, na sociedade, na economia, e pode tam- um importante centro para o comércio e as artes.
bém ser percebida na política e religião. Foi um
período de intensas mudanças e ficou conhecido O desenvolvimento da imprensa foi um fator consi-
também por transcender o feudalismo para o ca- derável para o impulso do renascimento, sendo res-
pitalismo, tendo suas maiores influências nas áreas ponsável por este fato, Johanes Gutemberg - impor-
da filosofia e artes. tante inventor alemão do século XV.
46
DESIGN
47
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
SAIBA MAIS
48
DESIGN
• Para os artistas da época renascentista, os gre- profanos com temas religiosos; houve a com-
gos e romanos possuíam uma visão completa pleição do humanismo na literatura, também
e humana da natureza, valorizando a cultura; na pintura e escultura; houve também a ex-
O ser-humano era enaltecido por qualidades pansão do Renascimento à outros países da
como inteligência, conhecimento e o dom ar- Europa: Holanda, Espanha, Portugal, França
tístico; O homem passava a ser o centro das e Alemanha.
atenções – antropocentrismo -, já na Idade
Média a vida do homem era centrada em
Importante sabermos que, no século XVl, foi origina-
Deus – teocentrismo.
do o estilo “barroco” que cresce após o procedimen-
Alguns artistas representavam o renascentis-
to de Reformas Religiosas, porque neste momento a
mo na Itália, são eles: Giotto, Fra Angélico,
Michelângelo, Leonardo da Vinci, Sandro Bo- Igreja Católica havia perdido espaço e poder, mas a
ttielli, entre outros. igreja ainda entusiasmava o cenário político, econô-
O renascimento ficou marcado por algumas mico e religioso na Europa. A palavra barroco tem
fases, são elas: Trecento, quatrocentto, cin- sua definição parecida com as características de seu
quecento. Vamos ver algumas características próprio estilo: “pérola irregular” ou “pérola defor-
e o que contemplava cada uma dessas fases. mada”, justamente para representar o conceito de ir-
• Trecento: aconteceu no século XlV, foi um regularidade (GOMBRICH, 2008).
período de mudança da cultura medieval
Já a arte barroca misturava a espiritualidade e
para a cultura renascentista; mesclava sen-
teocentrismo da Idade Média, racionalismo e an-
timentos, características físicas, comporta-
mentos da vida humana com a religiosidade; tropocentrismo do Renascimento. As obras tanto de
O dialeto toscano, oriundo da língua italia- pintura como de esculturas, desse período, são bem
na estava presente nas obras literárias, assim carregadas, cheias de detalhes, expressando emoções
como o humanismo; houve um resgate da da vida e do ser humano. O final do barroco, que
cultura greco-romana, visível na literatura se deu no século XVIII, foi chamado de rococó e ti-
renascentista.
nha características próprias, mas ainda as principais
• Quattrocento: aconteceu no século XV, e
características do barroco faziam-se presentes nesta
neste período era possível perceber forte-
fase (COSGRAVE, 2012).
mente aspectos da cultura greco-romana,
do paganismo, caracterizado pela mitologia
e personagens da literatura clássica; acon- REFLITA
tecia o mecenato; as artes plásticas utiliza-
vam-se dos métodos de pintura a óleo; hou-
Durante o Renascimento o comércio se de-
ve a quebra de aspectos das artes plásticas senvolveu na Península Itálica, originando ali
e literatura da Idade Média, e vivenciou o um grande local de produções artísticas. As
apogeu da arquitetura; pinturas e esculturas cidades de Veneza, Gênova e Florença assisti-
com perfeição estética, com uma mistura do ram um expressivo movimento artístico e, por
moderno com o clássico. essa razão, a Itália passou a ser considerada
o berço do Renascimento.
• Cinquecento: aconteceu no século XVI, nes-
te período houve uma conciliação de temas
49
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
SÉCULO
XVIII e XIX
Vamos estudar um pouco dos fatos que aconteceram assim, os indivíduos encontravam novas formas de
no século XVIII. Este século ficou marcado pela Ida- demonstração do “eu”. (JANSON, 2001).
de Moderna. Foi marcado também por alguns con- Não podemos esquecer que o século XVIII vi-
flitos na Europa, nesta época, os valores cristãos e venciou a chamada “Filosofia das Luzes”, momen-
da política feudal foram olhados sem diferenças por to em que deu-se bastante importância à reflexão,
pensadores do iluminismo - movimento intelectual desenvolvendo-se atividades críticas que eram, até
do século XVIII, caracterizado pela centralidade da aquele momento, limitadas pela dependência às nor-
ciência e da racionalidade censurada no questiona- mas da Antiguidade.
mento filosófico - a filosofia das luzes, Ilustração, Já nos meados do século XVlll, o estilo “Barroco”
esclarecimento - e houve um desligamento das ins- deixava de ser visto, dando lugar ao estilo “Rococó”.
tituições culturais da época, em relação aos dogmas Este estilo era caracterizado pelo exagero, em todas as
eclesiásticos. Houve uma comparação entre as for- áreas, vestuário, decoração, arte, entre outros. Roco-
mas da natureza e os povos de todo o mundo, sendo có surgiu em Paris, por isso tem sua origem francesa,
assim classificados; a burguesia cosmopolita teve co- rocaile – decoração de jardins em formatos de con-
nhecimento de ser uma camada ampla e principal da cha. Este estilo expressava o exagero que justamente
sociedade, que tinha um potencial intrigante. Sendo vinha na contra-mão com o estilo sutil do Barroco.
50
DESIGN
Já o século XlX chega baseado nas tradições do O século XlX ficou marcado por uma ruptura li-
século XVlll, porém com um novo espírito de mo- near, que se deu por meio do Impressionismo - movi-
dernidade. A Revolução Industrial da França, a ciên- mento artístico que surgiu na França no final do século
cia e a tecnologia foram claramente percebidas du- XIX - considerado o marco inicial da arte moderna, o
rante o século XlX, e a comunicação se torna possível nome “impressionismo” deriva de uma obra de Monet
com a invenção dos telégrafos. No estilo Rococó as chamada Impressão, nascer do Sol . O impressionis-
linhas eram leves, delicadas, e a utilização de linhas mo tinha algumas características notáveis, dava ênfa-
curvas era visível. se nos temas da natureza, paisagens, usava de técnicas
O uso de temas referentes à natureza eram muito de pintura por meio do uso da luz natural, abusava da
comuns, retratando pássaros e flores, plantas e ro- decomposição das cores, as pinceladas eram soltas e
chas, as cascatas de águas também eram bastante re- buscavam os movimentos da cena a qual estava sendo
tratadas. A arte nesse período, já não tinha influên- pintada, com uso de sombras coloridas e luminosas. A
cia de temas religiosos, e o conceito era uma reflexão aceitação do impressionismo não se deu de imediato,
do que era refinado e exótico. Já no Brasil, aconteceu por este ser considerado palco de propostas lineares e
diferentemente de alguns países da Europa, o Roco- acadêmicas. A arte trazia o clássico (Neo-classicismo,
có teve bastante influência de temas religiosos, bas- Romantismo, Realismo) com exigência de perfeição,
tante visto na arquitetura. O estado de Minas Gerais dando grande valor à proporção e ao equilíbrio. Neste
traz exemplos desse tipo de arquitetura, que também momento, os desenhos se sobressaíam às cores, e o
pode ser vista em Belém e Pernambuco. lado impessoal era mais evidente que o lado pessoal.
Rompia-se o clássico, trazendo novas técnica, surgin-
SAIBA MAIS do, aí, a arte moderna. O século XIX ficou conhecido
na arte por conservar enquadramento, planos selecio-
nados, esquemas de composição. Os artistas consi-
Aleijadinho - Antônio Francisco Lisboa - ini-
derados impressionistas prosseguiam em sua pintura
ciou sua vida artística na infância, ao observar
seu pai trabalhando, que também era enta- realista e poética, buscando sempre muito próximo
lhador. Aos 40 anos de idade desenvolveu do real. Uma geração de pintores passa a se relacionar
uma doença degenerativa nas articulações e menos com a natureza e mais com o espectador, in-
foi perdendo os movimentos dos pés e das
ventando algumas técnicas revolucionárias. Podemos
mãos, foi quando precisava pedir um ajudan-
te para amarrar suas ferramentas em seus dizer que esses artistas foram mais antecessores que
punhos para que pudesse esculpir e entalhar, realizadores.
expressando uma coragem incomum para
poder continuar com sua arte. Aleijadinho,
O Impressionismo não é receita descoberta re-
além de ser um artista do Barroco, foi tam-
pentinamente e suas obras não são produtos só de
bém um dos principais representantes do
teorias e de ideologias. Determinado número de
Rococó no Brasil.
obras dos impressionistas possibilitou evolução
da linguagem visual, transformou figuração do
Fonte: adaptado de Cosgrave (2012).
espaço, libertou artistas de convenções seculares,
introduziu a pesquisa (RAPOSO, 1999, p. 46).
51
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
SÉCULO XX
A ERA DA DIVERSIDADE
52
DESIGN
53
considerações finais
54
considerações finais
55
atividades de estudo
56
LEITURA
COMPLEMENTAR
Considerando as questões que permeiam o universo que compreende as áreas de Arte e da Moda, como sugestão
para leitura complementar à sua formação, caro(a) aluno(a), sugerimos o artigo que apresenta uma visão sobre as
duas áreas expressas, juntamente com o contexto do design e do trabalho conceitual que conecta Arte e Moda. Boa
Leitura!!!
RESUMO: Esse texto tem por objetivo fazer conexões possíveis entre arte e moda conceitual, bem como questionar se
existe uma relação entre essas formas de linguagem e qual é o propósito das coleções conceituais. Para isso, utilizare-
mos a literatura especializada como arcabouço teórico para análise de três estilistas Alexander McQueen, Alexandre
Herchcovitch e Jum Nakao. PALAVRAS-CHAVE: Arte conceitual; moda conceitual; criação; design; moda contemporânea.
Depois de Duchamp (1887-1969) ter levado um urinol para um espaço consagrado da arte e ter declarado que
aquele objeto é arte, depois de as vanguardas artísticas do início do século 20 proporem o rompimento da di-
ferenciação entre arte e cotidiano, hoje, no início do século 21, não seria o local onde pretensamente é lugar
privilegiado para se discutir moda? (OLIVEROS, 2004, p. 57).
A pergunta pertinente do jornalista faz refletir sobre quanto ainda precisamos avançar nas pesquisas relativas à moda,
apesar de pesquisadores conceituados, como Gilberto Freyre e Gilda de Mello e Souza, no Brasil e, Gilles Lipovetsky e
Roland Barthes, no Exterior, no início e meados do século passado, terem proposto uma análise mais profunda sobre
a moda. É preciso responder a uma série de indagações a esse respeito; por isso muitos pesquisadores da atualidade
estão se atendo a esse fenômeno de consumo e linguagem. Com o amparo teórico da literatura especializada e tam-
bém de relatos colhidos em revistas de moda, este artigo procura responder a algumas dessas indagações: de que
forma a moda e a arte conceitual se relacionam? Existe um paralelo possível entre essas formas de linguagem? Afinal,
qual é o propósito das coleções conceituais? Para dissertar sobre esse assunto torna-se necessário, primeiramente,
verificar o que é a arte conceitual e o que ela representou em termos de mudança da linguagem no campo das artes.
Após essa explanação, o texto procura tratar de moda conceitual, e para isso utiliza três estilistas conceituados: o
inglês Alexander McQueen e os brasileiros Alexandre Herchcovitch e Jum Nakao.
57
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Maria Antonieta
Ano: 2005
Sinopse: A princesa austríaca Maria Antonieta (Kirsten Dunst) é enviada ainda adolescente à
França para se casar com o príncipe Luis XVI (Jason Schwartzman), como parte de um acordo
entre os países. Na corte de Versalles ela é envolvida em rígidas regras de etiqueta, ferre-
nhas disputas familiares e fofocas insuportáveis, mundo em que nunca se sentiu confortável.
Praticamente exilada, decide criar um universo à parte dentro daquela corte, no qual pode
se divertir e aproveitar sua juventude. Só que, fora das paredes do palácio, a revolução não
pode mais esperar para explodir.
Como vimos nessa unidade, há uma continuidade das manifestações artísticas desde a Re-
nascença até a atualidade, continuamos também com o documentário, assista a continuida-
de de História da Arte - Das Origens ao Legado Grego (PARTE II).
58
DESIGN
59
O DESIGN
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• O que é Design?
• Quando surgiu o Design
• O design pelo mundo
• O design no Brasil
Objetivos de Aprendizagem
• Entender o significado da palavra, função e profissão.
• Descobrir quando o Design surgiu no mundo e na sociedade, quais os motivos
principais do seu surgimento e a sua importância.
• Conhecer a atuação do Design em alguns países em que sua prática gerou
transformação na história da sociedade.
• Conhecer os principais pontos de transformação do design no Brasil, sua forma de
atuação e as co-relações com o Design pelo mundo.
unidade
III
INTRODUÇÃO
O
lá, caro(a) aluno(a). Seja bem-vindo(a) a terceira unidade do
livro sobre História da Arte e do Design. Após você conhecer
mais sobre a história da Arte e como ela se manifestou por
meio do desenvolvimento das civilizações, nesta unidade, va-
mos entender a palavra Design em nosso meio, como ela está presente
em nossa vida dia a dia, qual o significado da palavra, onde e quando ela
surgiu e como foi o início de sua influência em nosso mundo.
Depois, vamos conhecer o princípio de sua história, quais eram os
acontecimentos que o permeavam, os processos de transformação, al-
gumas de suas caraterísticas e relações com o Design e conhecer sobre a
história da Revolução Industrial.
Vamos compreender a forma de atuação do Design nos principais
países em que ele atua e perceber que existem co-relações entre eles, mes-
mo quando falamos de sociedades diferentes. Os autores principais no
surgimento do Design nesses países, suas características e ideais seguidos.
E, por último, como o Design chegou ao Brasil, quais suas princi-
pais características no início, percebendo essa correlação entre os países,
as influência do desenvolvimento da História da Arte ao surgimento do
Design em nosso país, e conhecermos como nossa profissão tem se de-
senvolvido em nosso próprio país.
Esteja preparado e aguce a vontade de ler e aprender sobre esses tópi-
cos. Esperamos que seja um tempo produtivo e de grande aprendizado.
Boa leitura!
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
O QUE É
DESIGN?
Todos os dias estamos recebendo novas informações, Segundo Cardoso (2008, p. 20):
novas ideias, novas criações. O mundo está em cons-
tante mudança, e é a partir desse processo de trans- A origem imediata da palavra está na língua
inglesa, na qual o substantivo design se refere
formação que o Design surge em nosso vocabulário.
tanto à ideia de plano, desígnio, intenção, quan-
É muito comum, quando você conversa com to à de configuração, arranjo, estrutura (e não
alguém sobre algo novo que surgiu no mercado, se apenas de objetos de fabricação humana, pois é
referir por meio do termo: novo design de uma rou- perfeitamente aceitável, em inglês, falar do de-
pa, um carro, uma lâmpada, etc. Mas qual o verda- sign do universo de uma molécula).
64
DESIGN
Van Gogh nasceu, em 1853, em um vilarejo • Ele não deve se ater apenas ao produto em
holandês, e foi um pintor pós-impressionista, si, mas deve responder a questões do meio
que pintava obras com cores vivas, intensas e ambiente, da economia de energia, da reuti-
superfícies vigorasamente trabalhadas. O qua- lização, de duração e ergonomia;
dro “Doze girassóis numa jarra”, é uma das suas
• O bom design deve fazer da relação do ho-
principais obras.
mem e do objeto o ponto de partida da con-
Fonte: Farthing (2011).
figuração, especialmente nos aspectos da
medicina do trabalho e da percepção.
65
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
P
odemos concluir que a palavra Design REFLITA
surgiu da necessidade de elaboração de
projetos, para a produção em série de ob-
Assim como a natureza tem seu próprio ca-
jetos por meios mecânicos (CARDOSO, minho através dos organismos naturais, o ho-
2008, p. 21). Devido ao crescimento da população mem faz dos meios urbanos a sua natureza,
mundial, o desenvolvimento de tecnologias, a ex- a natureza urbana. Percorre os caminhos na-
turais, mas, muitas vezes, prefere planejá-los.
pansão das cidades, uma fabricação apenas arte-
Fonte: Azevedo (2006).
sanal dos produtos não sanaria as necessidades de
todos em um tempo hábil.
quando surgiu o
DESIGN
66
DESIGN
O primeiro é a industrialização, que trabalha a reor- daí, desenvolver a mecanização do trabalho, já que as
ganização da fabricação e distribuição de bens de- inovações tecnológicas começaram a surgir no final
vido ao crescimento de produtos e consumidores. do século XVIII, fazendo com que esse ciclo de co-
O segundo é a urbanização moderna, onde a popu- mercialização pudesse ser mais rápido (CARDOSO,
lação passa a se aglomerar nas metrópoles. E o ter- 2008).
ceiro, a globalização, que faz as redes de comércio Segundo Cardoso (2008), os principais pro-
crescerem, transporte, comunicação e sistemas de dutos desenvolvidos eram considerados artigos de
funcionamento para todo esse crescimento. luxo, utilizados, claro, pela sociedade nobre, em que
Podemos pensar em como o Design contribuiu o sistema mais completo de produção de artigos de
para viabilizar as mudanças em nossa sociedade, no luxo foi desenvolvido na França, por Luís XIV e seu
exemplo que Cardoso (2008) explicou sobre o café: superintendente Jean-Baptiste Colbert, produzindo
Existe um desafio por trás de uma simples xícara de móveis, vidros e tapeçarias para o rei. E e essa ideia
café que você toma. Depois de plantado, colhido e foi passada para os outros países, que começaram a
ensacado, o café precisa ser transportado, secado, desenvolver suas manufaturas, baseadas nos produ-
torrado, moído e passar por processos industriais tos que possuiam em abundância em suas terras, ou
antes de ser embalado e vendido a você. Essa cadeia nas terras que dominavam em outras regiões.
de produção e distribuição exige processos de trans-
porte, engenharia, identidade visual dos rótulos e
embalagens, marketing, desenvolvimento das indús-
trias, e uma longa jornada até que você possa tomar
seu cafezinho. Antigamente nada disso existia e o
café era consumido por quem plantava e colhia em
sua própria terra de vivência. Como nosso mundo
mudou, nada disso seria capaz de acontecer se não
existisse o Design.
Vamos começar pela Revolução Industrial, que
ocorreu entre os séculos XVIII e XIX na Europa. Um
processo de transformação da fabricação de produ-
tos que gerou transformação do dia a dia do homem.
Diferente do processo do artesão que fabricava e
vendia diretamente o seu produto, a industrialização
começou a criar sistemas de producão, em que esses
produtos eram feitos em massa para atender a de-
manda da população.
Os produtos primários da agricultura eram co-
mercializados em várias partes do mundo para obter
lucro por meio da troca desses produtos e, a partir
67
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
Cardoso (2008) diz que esse processo na orga- No século XIX, essa industrialização acarretou
nização industrial passou por quatro fases: esca- em um crescimento urbano muito grande e rápido.
la de produção que aumentou significativamente, Foram surgindo as metrópoles, bairros residenciais
atendendo mercados distantes; as fábricas e oficinas e industriais, redes de transporte e comunicação vi-
crescendo em tamanho, equipamento e número de sual. As pessoas começavam a conviver mais tempo
trabalhadores; a produção feita de forma mais seria- entre si, já que faziam os trajetos para o trabalho, fi-
da e técnica para que um determinado produto fos- cavam horas trabalhando juntos e obtendo essas ex-
se cada vez mais parecido na produção em massa, e periências urbanas. E com o trabalho assalariado co-
a divisão de tarefas e funções para execução de um meçou a aumentar o número de pessoas que podiam
projeto. consumir algo além das necessidades primárias.
O que podemos refletir é que, a princípio, diría- Uma curiosidade apresentada por Cardoso
mos que a Revolução Industrial foi muito mais um (2008) é de que entre as mercadorias mais consumi-
processo de desenvolvimento tecnológico e de má- das, depois dos produtos primários, estão os impres-
quinas do que outra coisa. No entanto, se pensarmos sos, que trouxeram uma explosão de alfabetização
melhor, veremos que foi mais uma mudança na or- das pessoas e uma necessidade de se ter algo para
ganização de trabalho, de produção e distribuição fazer nos momentos em que eles não trabalhavam.
devido às transformações sociais que a sociedade Foi assim que surgiu o conceito de lazer popular e
estava sofrendo. a necessidade de se criar espaços compostos de mu-
Esse processo de industrialização, para Cardoso seus, teatros, locais de exposição, parques e jardins.
(2008), fazia com que a grande quantidade de traba- Toda essa transformação da sociedade trouxe a
lhadores fosse cortada e existisse profissionais mais necessidade da criação e organização das informações
capacitados, no caso, o Designer, para desenvolver e sinalização das ruas, cidades, locais de convivência
processos de produção mais eficientes e sem a neces- pública. Surge, então, o crescimento dos impressos, da
sidade de tanta mão de obra. Porém não era tão fácil comunicação, da informação por meio da imagem.
assim fazer isso em todas as fábricas, e o fato da me- O design, aqui, passa a ir além das paredes no-
canização crescer, tornou bres e reais, de se alimentar de objetos de luxo para
mais fácil o início da pira- alcançar o público urbano, principalmente devido às
taria dos produtos. Foi as- necessidades de organização destes espaços. Assim, o
sim que surgiu a necessidade de sigilo design teve o seu papel nessa reconfiguração da vida
entre os profissionais que trabalhavam em social, contribuindo para proje-
determinado projeto. E entre 1830 e 1860 tar a cultura material e visual da
começam a surgir os sistemas de leis e pa- época (CARDOSO, 2008, p. 73).
tentes para valorizar o trabalho do designer.
68
DESIGN
Interessante observarmos que o papel do Design a um processo de Revolução histórica, que abrangeu
começa a se expandir em várias áreas relacionadas os aspectos sociais, tecnológicos, políticos, religio-
ao dia a dia do homem. O transporte, a moradia, o sos, urbanos e econômicos da nossa humanidade.
lazer, as roupas que veste, o lazer, a higiene e saúde e Isso que dizer que, muito mais que um profissional
a informação. Pense, então, que as diversas áreas do que olha apenas para um mercado de trabalho, o De-
Design, como gráfico, de produto, de moda come- signer faz parte da construção histórica do ser hu-
çam a se desenvolver já nessa época. mano, e é sim, um agente de transformação em sua
É claro que, para uma Revolução desta propor- sociedade.
ção, não seriam todos que ficariam felizes com essas
transformações. Uma reforma de cunho social atinge
principalmente a aristocracia e a igreja que, na épo-
ca, dominavam o “sistema”. E os pensadores e artistas
da época também diziam que essa industrialização
era uma ameaça às tradições e causava exploração
aos trabalhadores.
Surge a proposta de fazer o uso do design como
agente de transformação (CARDOSO, 2008, p. 76).
Uma necessidade de cuidado com os excessos e com
uma perda dos padrões morais da sociedade.
69
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
70
DESIGN
Já após a Segunda Guerra Mundial, o que cresceu A República Federal obteve influências culturais
na região foram as empresas automobilísticas, uma da Bauhaus e da Ulm, que desenvolveram um pa-
vez que as inovações tecnológicas começaram a se drão do Design Alemão associados ao conceito de
juntar às tradições do design. Podemos citar a Jaguar, funcional, objetivo, sensato, econômico, simples e
Mini Cooper, Rover, entre outras. neutro (BURDEK, 2006).
Nos anos de 1960, vemos que a cultura pop bri- Existia os definidos “Dez Mandamentos” que obe-
tânica influenciou muito o design, propaganda, arte, deciam os principais fundamentos do Design alemão:
música, fotografia, moda, artesanato e arquitetura 1. Alto uso prático.
de interiores. Foi uma época de mudança de estilo 2. Segurança suficiente.
de vida, principalmente do jovem lutando contra o 3. Longo prazo de vida e validade.
conservadorismo. Bandas como os Beatles, Rolling 4. Adaptação ergonômica.
Stones e Pink Floyd representavam esse estilo dos jo- 5. Personalidade técnica e formal.
vens. Esse fenômento estético cultural atingia ramos 6. Ligações com o contexto.
como o da arquitetura, em que o grupo Archigram, 7. Amigável com o meio ambiente.
por exemplo, desempenhou o papel de movimento 8. Visualização do uso.
de vanguarda (BURDEK, 2006). 9. Alta qualidade de configuração.
A produção dos objetos para o Design de interio- 10. Estimulação sensorial e intelectual (BURDEK,
res cresceu muito por meio de Sir Terence Conram, 2006, p. 84).
que criou a rede de lojas Habitat, em 1964, com uma
moderna cultura de massa, e uma conscientização Era importante utilizar esses fundamentos de formas
progressista do design. Temos exemplos de grandes diferentes dependendo do projeto a ser criado, e o
escritórios de Design, conhecidos até hoje, como FI- funcionalismo era o principal a ser defendido pelo
TCH, IDEO e Pentagram. Design Alemão. Podemos citar o nome de grandes
Quando os anos 1980 chegaram, as instituições empresas fundamentadas nesse funcionalismo, como:
britânicas começaram a investir pesado no ensi- Siemens, Audi, Porshe, Volkswagen, entre outras.
no e, assim, todas as áreas do Design vão tomando Segundo Burdek (2006), somente na virada do
proporções ainda maiores na sociedade: design de século 20 para o 21 é que este conceito do funcio-
moda, design corporativo, design visual e o design nalismo foi deixado de lado para o caminho mais
digital. Estudiosos calculam que, no início do século pluralista do Design. Já o Design na República De-
XXI, cerca de 10% do PIB da Grã-Bretanha seriam mocrática da Alemanha foi marcado por 3 aspectos:
produzidos pelo design e seus serviços (BURDEK, • Um forte incentivo estatal que se instalou
2006, p.83). após a Segunda Guerra Mundial.
• Uma orientação clara de colocação de temas
políticos-sociais, por décadas.
ALEMANHA
• Uma discussão teórica intensa, no início dos
A Alemanha esteve dividida até a Segunda Guerra
anos 80, com as questões do funcionalismo e
Mundial, e a República Federal e a República Demo- da semântica dos produtos (BURDEK, 2006,
crática possuíam características diferentes. p. 103).
71
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
72
DESIGN
73
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
É interessante observar que, nos anos da década de volveu vários setores, incluindo o design. E a es-
1980, desfazia-se o “american way of life”, a favor de trutura industrial do país era muito semelhante ao
um modo fino de vida italiano, na moda, mobiliário, norte da Itália, empresas pequenas e de estrutura
automóveis, na comida ou na bebida, os padrões glo- semi-artesanal, buscando uma nova cultura e no-
bais de cultura eram italianos (BURDEK, 2006). vas tendências.
A Itália é caracterizada pelo contraste entre o
Na virada do século 19 para o 20, o arquiteto
norte altamente industrializado e o sul agrário (BUR-
Antonio Gaudi projetou prédios expressivos,
DEK, 2006). Um papel importante foi feito pela as- desenhou interiores e móveis que tiraram sua
sociação de Design Italiana ADI (Associazione per il importância destes mesmos valores tradicionais.
Disegno Inustriale) que desenvolveu as questões re- Gaudi partia do princípio da obra de arte total,
onde a arquitetura, o mobiliário e a decoração
lacionadas a impostos, direitos e contratos daqueles
do interior de um prédio deveriam ter uma mes-
que participavam ativamente da vida cultural. ma “linguagem”, de modo a se completarem e
O Design Italiano tinha grande engajamento na complementarem (BURDEK, 2006, p. 145).
política, nas discussões relacionadas ao consumis-
mo, na integração do design com a arte e nas teorias Nos anos 1980, a Espanha tinha forte influência do de-
do design. Porém, a partir da década de 1990, com o sign Italiano, com um movimento de vanguarda e ca-
crescimento do design internacional, o Design Italia- racterística neomodernas. Mas é importante saber que,
no foi perdendo sua força e migrando para os arre- a época na qual o design realmente estourou na Espa-
dores como a Espanha, por exemplo. nha foi em 1992, provocado pelos jogos olímpicos em
Barcelona, haja vista que ocorreram muitos projetos de
ESPANHA prédios, design público, lojas e locais, trabalho de de-
Depois do regime de Franco, em 1975, começou sign gráfico para receber os jogos e isso acarretou um
um desenvolvimento cultural na Espanha que en- grande desenvolvimento do design (BURDEK, 2006).
74
DESIGN
ESTADOS UNIDOS
Vemos que, a partir do século XVIII, muitos imi- A produção em massa do século XX foi bem desen-
grantes foram para a América do Norte, levando volvida nos EUA por causa da mecanização e auto-
junto suas influências culturais, técnicas e econômi- mação. Diferente de um aspecto só funcionalista, os
cas. Um público tolerante à diversidade de mídias e Estados Unidos reconheceu o incentivo à venda de
estilos. um bom design (BURDEK, 2006).
Surge, então, a década do Streamline, derivado
Puritanismo e cultura pop, espírito inovador de princípios aerodinâmicos, símbolo da mobilidade
e obsessão econômica, presença hegemônica e
da sociedade americana. O que os designers queriam
preservação de culturas regionais - são alguns
dos pontos que influenciaram a expressão do era tornar seus produtos irresistíveis, de acordo com
design (BURDEK, 2006, p. 177). o desejo do usuário. A pesquisa de novos materiais e
tecnologias cresceu e muitos profissionais e empre-
Os Estados Unidos foi um país que difundiu o design sas começaram a surgir.
orientado para o sucesso, o domínio do produto-cul- Os anos 1960 foi um período de conflito pelos
tural. Alguns dos principais imigrantes que vieram movimentos de crítica social e econômica, relaciona-
para o país foram Herbert Bayer, Walter Gropius e das ao consumo excessivo. Todavia não impediu que
Ludwig Mies van der Rohe. Eles trouxeram algumas os EUA chegassem aos anos 1980 como um país de
tendências funcionalistas da Bauhaus. enorme influência global no aspecto do design. Po-
75
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
demos citar empresas conhecidas, como Ford, Har- acontece isoladamente nos diferentes países do mun-
ley Davidson, Apple, IBM, Microsoft, Xerox, Nike e do, como alguns movimentos e ideais sempre se uti-
Tupperware, que surgiram nessa época. lizam de conceitos de outro, ou até usam de exemplo
E, para finalizar, podemos citar como uma região para contrariar totalmente aquela ideia com a qual
de extrema importância mundial para o Design, o não concordam.
Vale do Silício, localizado na Califórnia, que é con- E, assim, nascem os designers, as empresas, as
siderado o centro mundial do Design. Um centro marcas, produtos e serviços que transformam a vida
cheio de grandes nomes e empresas relacionadas ao do homem como usuário, como sociedade, como
desenvolvimento de produtos e pesquisa de Design. história de um todo influenciado por este grande
Interessante percebermos como o Design não poder do Design até hoje.
76
DESIGN
O DESIGN NO
BRASIL
Após falarmos sobre o Design no contexto de al- transformações ditadas pela evolução de máquinas e
guns países mais importantes se tratando da história trabalho.
e desenvolvimento dele, vamos, agora, ter um parâ- Porém podemos dizer que o Brasil foi além das
metro da história do Design no Brasil, quais foram características ditadas por movimentos internacionais,
suas influências principais e autores que contribui- como a Bauhaus, escola de Ulm, Neoplasticismo, por-
ram para que, hoje, o Design seja tão importante em que se trata de um país de variedade cultural e tradição
nosso país. rica autenticamente brasileira (PUC-Rio, 2015).
Na década de 1950, vemos que o Design surgiu
A tarefa de esboçar um histórico do Design Grá- com a ideia de produtividade, racionalização e pa-
fico brasileiro é, sem dúvida, uma empreitada
dronização, para se diferenciar dos processos artís-
complicada. Dependendo da diretriz adotada
é possível apontar pontos de partida completa- ticos. Criam-se processos de desenvolvimento, e o
mente diferentes. Uma corrente mais compro- Design é inserido na gestão das empresas. Contudo,
metida com o Modernismo, o qual dominou boa no Brasil, nessa época, o design seria, apenas, para
parte da produção artística dos anos 1910 a 1960 maquiar os projetos com alguns traços (BONSIEPE,
costuma relacionar o surgimento do Design no
1997).
Brasil aos desdobramentos desta época, com as
experimentações do Instituto de Arte Contem- Já na década de 1960, essa padronagem é que-
porânea do MASP, em 1951, e a inauguração da brada, devido aos movimentos sociais e contra-cul-
Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), turais. Há uma críticia à sociedade do consumo e um
em 1963 (PUC-RIO, 2015, p. 23).
desejo de desenvolvimento do Design como uma
cultura fora dos padrões consumistas. No fim desta
Foi nessa época que o Design começou a ser visto, no década, os movimentos culturais utilizavam muito
Brasil, como conceito, profissão e ideologia. Mas a de materiais gráficos para suas expressões públicas. É
atividade projetual em si já existia antes mesmo des- quando surge, por exemplo, o Tropicalismo no Bra-
sa época do Modernismo, visto que, com a Revolu- sil, com um Design racionalista que se aproxima da
ção Industrial, o Brasil também se envolveu com as cultura popular.
77
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
78
DESIGN
SAIBA MAIS
Também temos Lina Bo Bardi, que criou o estúdio
Palma em São Paulo, em 1948, executando proje-
tos das primeiras cadeiras dobráveis para serem Muito conhecidos pelas suas belas e criativas
empilhadas, por meio da ideia “do it yourself ” “obras de arte” em forma de mobiliário, os
Irmão Campana, Humberto Campana e Fer-
(faça você mesmo), Oscar Niemeyer, arquiteto que nando Campana - Brotas, fazem sucesso em
projetou Brasília, em 1957, transpirando pela pri- grande parte do mundo. São famosos por cria-
meira vez o design brasileiro no âmbito interna- rem coisas que fogem do comum, utilizando
materiais diferente e simples, com formas e
cional, trabalhando sempre com linhas orgânicas e
texturas ousadas. Suas obras são pensadas e
construções esculturais de concreto (AZEVEDO, feitas pelos próprios irmãos, que cortam, te-
2014). cem, montam, colam, pregam e fazem tudo o
E, atualmente, os irmãos Campana, que têm feito que for necessário para produzirem suas peças.
79
considerações finais
80
atividades de estudo
1. Qual a origem da palavra Design na língua in- 3. Segundo Cardoso (2008), quando os produtos
glesa? começaram a ser criados para o consumo, qual
a. Projetar. era um dos produtos mais vendidos?
a. Livros.
b. Criar e planejar.
b. Meios de transporte.
c. Desenhar.
c. Impressos.
d. Planejar, designar.
d. Objetos de higiene.
e. Designar e criar.
e. Roupas.
2. O Internacional Design Center de Berlim, em
1979, por ocasião de uma de suas exposições, 4. Qual país conseguiu derrubar o legado ameri-
descreveu sobre o Design. Leia as afirmativas cano “american way of life”?
abaixo e assinale a opção que diz quais estão a. Alemanha.
corretas:
b. Grã-Bretanha.
I. Bom design se limita a uma técnica de em-
pacotamento. Ele não precisa expressar as c. Brasil.
particularidades de cada produto por meio de d. Rússia.
uma configuração própria.
e. Itália.
II. Ele deve tornar visível a função do produto.
III. Bom design deve tornar transparente o esta- 5. A Alemanha Democrática foi marcada por algu-
do mais atual do desenvolvimento da técnica. mas características no Design, dentre elas qual
está correta?
IV. Ele não deve se ater apenas ao produto em si,
mas deve responder a outras questões. a. Um forte incentivo estatal.
81
LEITURA
COMPLEMENTAR
82
LEITURA
COMPLEMENTAR
brasileira). Por outro lado, e esta é a segunda estratégia, isso não exclui a existência
de traços culturais distintivos que possam ser apropriados como território de posicio-
namento. Um bom exemplo é o das marcas de moda cariocas, que têm tido sucesso
comunicando em condensado a ideia de um estilo de vida jovem e descolado, asso-
ciado à praia e ao verão. Tal estratégia também é marcante no trabalho de designers
mais autorais. Finalmente, uma terceira via, mais recente, surge cruzando identidades
e dando origem a linguagens que desafiam as classificações tradicionais. É o caso da
Shang Xia, nova marca de luxo que se originou da parceria entre a francesa Hermès e
a estilista chinesa Jiang Qiong Er, O resultado é um híbrido de elegância minimalista
europeia com estética orientalizante.
Para concluir, cito um trecho do capítulo novo que escrevi para o relançamento em
e-book do meu livro “Universo da Moda”, e que vem bem a calhar: “Querer a todo custo
emitir sinais de ‘identidade brasileira’ pode ser tão desastroso quanto o esforço para
ser engraçado. É grande o risco de que o resultado seja o oposto daquilo que se pre-
tendia: o ser vira parecer, a piada perde a graça. Em pleno século XXI, a brasilidade não
deve ser tratada como um fim a ser alcançado em si mesmo, mas como um meio de di-
zer outras coisas, de contar outras histórias, muito mais relevantes para o consumidor
do que a reafirmação de uma identidade nacional”.
83
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
84
MOVIMENTOS
IMPORTANTES DO DESIGN
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Neogótico (ou Revivalismo Gótico)
• Arts & Crafts
• Bauhaus
• Modernismo
• Pós-Modernismo
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender o movimento neogótico, suas características nas artes, arquitetura,
principais países e autores envolvidos.
• Conhecer o Arts & Crafts, movimento da segunda metade do século XIX que pregava
a união entre artesão e artista.
• Conhecer o principal movimento de transformação, a Bauhaus e o reconhecimento
da palavra Design em nosso mundo, suas caracterísicas e os principais autores
envolvidos no movimento.
• Conhecer o Modernismo, movimento de transformação e crítica ao tradicionalismo
que repercutiu em vários movimentos sociais e culturais pelo mundo, inclusive, com
grande força no Brasil.
• Assimilar as transformações de um novo movimento que carrega caracterísitcas
do Modernismo, mas que também prega algumas críticas e transformações ao
movimento passado.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
NEOGÓTICO
(OU REVIVALISMO GÓTICO)
Como lemos na unidade 3, sabemos que o Design Segundo Cardoso(2008), na década de 1830, sur-
surgiu a partir da Revolução Industrial nos anos gem, na Inglaterra, as primeiras manifestações da-
1800. Porém, como essa revolução trouxe um cresci- quilo que viria a ser um fenômeno constante na his-
mento explosivo da produção de mercadorias e um tória do design: os movimentos para a reforma do
ritmo frenético para os trabalhadores, as críticas à gosto alheio.
revolução começaram a surgir.
90
DESIGN
Um dos primeiros grandes nomes desses reformistas las. Chamadas Schools of Design e, posteriormente,
foi o arquiteto Pugin, que trazia a reforma dos princí- South Kensington, essas escolas foram as mais signi-
pios da arquitetura gótica, conhecido como Reviva- ficativas experiências na área de ensino do design do
lismo Gótico, trazendo preceitos da construção me- século XIX.
dieval. Como ele havia se convertido ao catolicismo Porém, apesar de todos os reformadores concor-
entre 1835 e 1841, produziu vários escritos querendo darem com o gosto gótico e certo fervor religioso,
trazer de volta os ‘princípios verdadeiros’ de pureza e nem todos concordavam em ditar preceitos do design
honestidade na arquitetura e no design. Dentre esses como solução dos problemas da sociedade industrial.
princípios, ele destacava duas regras básicas: John Ruskin dizia que o principal problema pro-
jetual e estilístico era o modo de organização do tra-
a primeira, que a construção se limitasse aos balho e isso influenciava a arte, a arquitetura e o de-
elementos estritamente necessários para a co-
sign. Esse sistema de produzir muito e cada vez mais
modidade e a estrutura; e, a segunda, que o or-
namento se ativesse ao enriquecimento dos ele- barato fazia a fabricação perder qualidade e essência.
mentos construtivos (CARDOSO, 2008, p. 77). Era importante pensar na qualidade do produto e do
trabalhador.
Inspirados no arquiteto Pugin, no fim da década de A partir de Ruskin, o designer e escritor inglês
1840, outro grupo de reformistas buscou uma série William Morris deu início a vários empreendimen-
de iniciativas para educar o público consumidor. Se- tos que divulgariam a importância do design de for-
gundo Cardoso (2008), dentre essas iniciativas, a pu- ma inédita.
blicação de uma das primeiras revistas de design, o
Journal of Design and Manufactures, e do livro de Jo-
nes, intitulado The Grammar of Ornament, de 1856,
talvez um dos mais influentes tratados sobre teoria
do design de todos os tempos. Esse livro trouxe 37
proposições sobre os princípios gerais para o arran-
jo da forma e da cor no design, demonstrando sua
aplicação histórica com análise de diversos povos da
Antiguidade até o Renascimento.
Esse movimento sugeria que as melhores ma-
nifestações do ornamento reproduziam princípios
geométricos básicos vindos das formas da nature-
za. Cardoso (2008) diz que essa forma de raciocínio
veio do pintor escocês William Dyce, que era diretor
das escolas públicas de design do governo britâni-
co em 1837. Mas, após algumas intrigas políticas, o
que também sempre foi muito comum na história
do design, Cole e Redgrave assumiram essas esco-
91
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
A partir da abertura da sua primeira firma em Porém, no início do século XX, com a expansão da
1861, Morris e seus sócios começaram a produ- produção em massa, ela acabou perdendo força.
zir objetos decorativos e utilitários, tais quais
Antes de morrer, Morris investiu a mesma filoso-
móveis, tecidos, tapetes, azulejos, vitrais e pa-
péis de parede. Ao longo das décadas de 1860 fia de trabalho na impressão de livros, o que resultou
e 1870, a empresa conseguiu se estabelecer com em um grande passo para o Design Gráfico. Nos úl-
sucesso na área de aparelhamento e decoração timos anos da década de 1880, ele lançou o primei-
de igrejas, de interiores domésticos e de edifí-
ro livro projetado e impresso pela editora Kelmscott
cios públicos (…) (CARDOSO, 2008, p. 80-81).
Press. Esses livros eram produzidos artesanalmente,
No início, ele contava com amigos e sócios na firma, pensados e projetados de forma que estimularam a
mas, em 1875, montou a Morris & Company, sob sua criação de editoras de qualidade no mundo inteiro.
direção exclusiva, buscando autonomia e qualidade O mais importante deste movimento é saber-
na produção dos seus produtos. O que ele mais bus- mos que foi criado como uma crítica à expansão
cava era uma produção artesanal, pouco mecanizada, desenfreada da indústria e da desvalorização da
ou, se mecanizada, era terceirizada e supervisionada qualidade de produção e do trabalhador, com uma
por ele. Sua empresa foi muito bem visada devido à necessidade de reavivar os princípios góticos nos
qualidade e o bom gosto superior, mesmo que seu projetos e de dar significado a cada produção e
preço era maior, comparado às empresas da época. construção de algo.
SAIBA MAIS
92
DESIGN
ARTS &
CRAFTS
Após o revivalismo gótico, com o trabalho de Morris, relação mais igualitária e democrática entre os
vemos que uma sequência de um novo movimento trabalhadores envolvidos na produção, e manu-
tenção de padrões elevados em termos da qua-
com enorme repercussão mundial entre o final do
lidade de materiais e de acabamento (CARDO-
século XIX e o início do século XX surge. Conhecido SO, 2008, p. 83).
como Arts and Crafts (Artes e Ofícios), foi um dos
movimentos históricos mais importantes do Design.
A partir da década de 1880, surgiu, na Grã-Bretanha, Os ideais repercutidos desse movimento ficaram
diversas organizações dedicadas a projetar e produ- conhecidos como craftmanship, palavra inglesa que
zir artefatos de forma artesanal ou semi-industrial. expressava ideias de grande acabamento artesanal e
profundo conhecimento do ofício.
Logo, esses ideais foram se espalhando para ou-
tros países europeus e para os Estados Unidos, exer-
cendo influência sobre o surgimento dos primeiros
movimentos modernistas. Segundo Cardoso (2008),
temos o exemplo de Frank Lloyd Wright, que utiliza
interpretações inovadoras dos princípios de Ruskin e
Morris, com gosto simples, naturalista e artesanal, e
se torna um dos principais responsáveis pela implan-
tação da arquitetura moderna nos Estados Unidos.
Algumas sociedades e associações fundadas nes-
sa época foram: a Century Guild, Art Worker’s Guild,
Guilda dos Trabalhadores de Arte (1884), a Guild
and School of Handicraft e a Arts and Crafts Exhibi-
Fonte: Reber (2009, online). tion Society, exposição quadrienal de móveis, tape-
çaria, estofados e mobiliário, realizada em Londres
em 1888.
A filosofia do movimento Arts and Crafts gira-
va em torno da repercussão dos valores produ- Já no Brasil, as preocupações com relação ao in-
tivos tradicionais defendidos por Ruskin...Os dustrialismo eram quase nulas, porém a filosofia do
integrantes do movimento buscavam promo- movimento Arts & Crafts trouxe uma reflexão basea-
ver maior integração entre projeto e execução, da nas deficiências da sociedade imperial, na falta de
93
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
mão de obra qualificada, já que a maioria era escra- Aqui, é importante refletirmos sobre o quanto os va-
vos. Por isso, por volta de 1850, surgiram iniciativas lores serão sempre motivo de questionamento nos
de promover a formação técnica e artística do traba- movimentos influentes do design, relacionados mais
lhador brasileiro. Cardoso (2008) diz que, em 1855, a relação de trabalho, trabalhador e sociedade do que
uma reforma feita por Araújo Porto-Alegre, diretor a estética em si do produto.
da Academia Imperial de Belas Artes, passou a mi-
nistrar um curso para alunos artífices, que ensinava Na sociedade industrial tardia, mais do que nun-
ca, as pessoas parecem creditar às formas exterio-
o desenho industrial.
res geradas pelo design e pela moda o poder de
transmitir verdades profundas sobre a identidade
SAIBA MAIS e a natureza de cada um (CARDOSO, 2008, p. 85).
FRANK LLOYD WRIGHT Foi a partir de 1890 que o Arts & Crafts se conectou ao
estilo Art Nouveau, indo por toda a Europa, com uma
Arquiteto e escritor que tinha como conceito
que cada projeto deve ser individual, de acor- filosofia um pouco distinta, utilizando materiais do
do com sua localização e finalidade. É consi- mundo moderno, como ferro, vidro e cimento, assim
derado um dos arquitetos mais importantes como conhecimentos das ciências e engenharia, mes-
do século XX, que influenciou os rumos da
arquitetura moderna. Seu principal projeto mo criticando os processos de produção em massa.
foi a casa da Cascata, tendo como base a ar- Nos anos 1920, o movimento se ligou ao Art
quitetura orgânica. Déco, com a decoração sendo o elemento mediador e
O americano foi um dos principais arqui- se colocando entre arte e indústria da mesma forma.
tetos a pensar o modo de vida do homem
moderno. A diferença é que o Art Nouveau representava linhas
mais curvas e rebuscadas, enquanto o Art Déco busca-
Fonte: Azevedo (2014, p. 44).
va linhas mais retas e estilizadas e formas geométricas.
94
DESIGN
BAUHAUS
É na linha de frente artesão-máquina que sede em Weimar. Foi quando, segundo Souza (1997),
surge a escola Bauhaus, fundada em 1919, na a Bauhaus resultou da fusão das escolas Academia de
Alemanha, por Walter Gropius. Seria impossí-
Arte e da Escola de Artes e Ofícios.
vel entender hoje, o que é design, sem entender
o que foi a Bauhaus (AZEVEDO, 2014, p.19). A Bauhaus foi uma das primeiras escolas a mi-
nistrar aulas com a intenção de transformar o artesão
Vemos, aqui, que, assim como o Revivalismo Gótico em produtor industrial (AZEVEDO, 2014, p. 28). O
e o Arts & Crafts, as bases da ideologia da Bauhaus importante era o aluno conhecer sobre os materiais,
também está firmada na integração da produção ar- as funções e a produção, para poder, depois, escolher
tística e industrial. Mas, segundo Azevedo (2014), qual área iria seguir.
sua meta principal é desenvolver o design moderno, Segundo Cardoso (2008), a Bauhaus passou por
que estaria em constante contato com as relações do fases bastante distintas, sob três diretores (Gropius,
homem e de seu espaço. Hannes Meyer e Mies van der Rohe), em três dife-
Após a primeira Guerra Mundial, a Alemanha rentes cidades (Weimar, Dessau, Berlim). Sempre
passava por um processo de recuperação e saiu da sendo dominada por um ideário socialista, por isso
monarquia para se transformar em república com essa constante mudança devido a fatores políticos.
95
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
96
DESIGN
PRINCIPAIS
ACONTECIMENTOS Gropious cria o manifesto
1919 Bauhaus. Seu trabalho,
Gunta Stölzl (1897-1893) sempre de caráter
entra para a Bauhaus modernista, começa a ser
como aluna, é nomeada influenciado pelo
líder da nova turma 1920 expressionismo.
feminina da escola no
mesmo ano. Van Doesburg faz sua
primeira palestra na
Klee chega à escola como 1921 Bauhaus em uma
colaborador permanente
tentativa de aumentar a
e se instala em dois
influência do grupo
estúdios nos quais leciona
holandês De Stijl, do qual
forma em pinturas murais, 1922
foi o fundador.
vitral e encadernação de
livros. A Bauhaus adota o lema
A queda do governo "Arte para a indústria",
controlado pelos sociais- 1923 inspirada pelo movimento
democratas na Turingia, Arts & Crafts, de Willaim
Alemanha, resulta em Morris no século XIX.
menos verba para a Escola Inspirado pela vanguarda
Bauhaus. 1924 russa, Moholy-Nagy e sua
mulher, Lucia, introduzem
O arquiteto suiço Hannes
a fotografia experimental
Meyer se torna o chefe do
no cânone da Bauhaus.
novo programa de 1925
arquitetura da escola.
Meyer é marxista e se Klee pinta sua obra-prima
mostra impaciente com Fish Magic, parte de uma
as questões estéticas. 1927 série de obras com tema
Meyer renuncia. Como submarino.
novo diretor da Bauhaus,
Mies van de Rohe
redireciona o programa
1928 Gropious deixa a Bauhaus
e Meyer o substitui. Seus
de arquitetura. métodos mais
O Partido Nazista chega ao pragmáticos resultam no
poder na Alemanha. A 1930 primeiro ano lucrativo da
Bauhaus é acusada de escola em 1929.
subversão e fechada.
Gropious se muda para a
Inglaterra e outros vão 1933
para os EUA.
97
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
modernismo
No período entre guerras, podemos dizer que o mo- des econômicas sofridas por todos esses conflitos.
dernismo começou a se instalar no Design. Foi uma Havia uma necessidade de se conciliar trabalho
época de expansão dos meios de comunicação, das com prazer e a expansão das mídias, da cultura, da
tecnologias, dos materiais, do ritmo de vida acelera- moda, que antes não alcançava muitas camadas da
do das pessoas. população, colaborou para mudanças de hábito da
Era um tempo de crescimento do Design na sociedade.
identidade visual, nos cartazes, devido às crises po- Com o início da Segunda Guerra Mundial, a es-
líticas e guerras e, também, de transformação social, cola Bauhaus foi fechada e se iniciou um processo
pois os países estavam se reerguendo das dificulda- novo para o campo do design.
98
DESIGN
Os anos da guerra foram um período de no- dade das característica da Bauhaus na nova escola.
táveis avanços tecnológicos, desde conquistas Porém o fato de Bill se prender a essas características
notórias, como o radar e a bomba de hidro-
fez ele se chocar com o pensamento dos colegas mais
gênio até progressos menos conhecidos, mas
igualmente impressionantes na produção de
jovens, por isso, em 1957, teve que entregar a direção
motores, plásticos, equipamentos eletrônicos e da escola para novos rumos do ensino.
outros componentes que serviriam de base para Os novos ensinamentos diziam que o artista não era
a expansão industrial fenomental nas décadas mais um criador privilegiado e que a arte não era mais
seguintes (CARDOSO, 2008, p. 160). um domínio estético devido ao sentido da vida moderna.
Para eles, toda solução criativa deveria passar pelo
SAIBA MAIS redimensionamento do uso, da prática, das funções e
dos ambientes cotidianos (CARDOSO, 2008, p. 187).
Nessa época, em 1940, as mulheres foram es- Ulm projetou para o mundo uma face crescen-
timuladas a trabalharem, devido a escasses temente tecnicista, apostando cada vez mais na
de mão de obra masculina, pois os homens racionalização e no racionalismo como fatores
estavam servindo nas guerras. Foi uma época determinantes para as soluções de design. Abs-
que enaltecia as mulheres, dizendo que elas tração formal, uma ênfase em pesquisa ergonô-
eram fortes e independentes. mica, métodos analíticos quantitativos, mode-
Porém, ao fim da Segunda Guerra, quando os los matemáticos de projeto e uma abertura pós
homens voltaram, os governos tiveram que fazer princípio para o avanço científico e tecnológico
as mulheres voltarem para o trabalho domésti- marcam o design ulmiano produzido na década
co e começaram a fazer propagandas de bens de 1960 (CARDOSO, 2008, p. 188).
de consumo voltadas para o público feminino,
muitas vezes, diminuindo a imagem da mulher.
Vemos, aqui, que o modernismo veio para manifes-
Fonte: adaptado de Cardoso (2008).
tar um pensamento no qual ‘menos é mais’, em que
um projeto deveria se mostrar simples, sem muitos
ornamentos e que representasse essa nova vida rápi-
O período modernista trouxe para a América o início da e prática que havia surgido.
das escolas de Design, já que a Europa sofria conflitos Tanto Maldonado, que assumiu a liderança após
políticos devido ao nazismo, como a ‘Nova Bauhaus’ Bill, quanto Alexandre Wollner no Brasil carregavam
nos Estados Unidos, que mudou de nome para Institute as características do modernismo, em que o designer
of Design e, depois, para Illinois Institute of Technology, deveria trabalhar em grupo, e não mais ter expres-
e, no Brasil, a ESDI (Escola Superior de Desenho In- sões individualistas.
dustrial), baseando suas teorias na própria Bauhaus, e Toda essa caminhada mostra que o modernismo
na escola de Ulm, que foi fundada na Alemanha, como foi uma junção de processos e transformações na
parte da reconstrução nacional pós-guerra. história do Design, desde o Arts & Crafts, Art Nou-
Cardoso (2008) diz que a Escola de Ulm esteve veau, Art Déco, Streamlining, a Bauhaus, a escola de
sob a direção de Max Bill no início, um escultor e ex- Ulm, todos os movimentos traziam algo de impor-
-aluno da Bauhaus, o que estabelece uma continui- tante para o Design em nossa sociedade.
99
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
100
DESIGN
101
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
pós
modernismo
A partir desse ponto de vista, a arquitetura e o
Com o fechamento da escola de Ulm em 1968, segun- design pós-modernos podem representar um
do Souza (1997), as novas vanguardas, características novo elemento de ruptura e, contraditoriamen-
dos movimentos das jovens gerações do final da déca- te, enquandrar-se num processo de crítica (...)
da de 60, começam a gerar lutas contra alguns ideais e A idéia de combinação, conjunção, dispersão e
reunião de linguagens, espaços e tempos parece
crítica ao caminho que o modernismo havia tomado. mais atraente (...) a possibilidade de se estabele-
cerem formas de pensamento e de criação mais
1968 marcou um tempo em que começou-se livres, mais acessíveis e menos sofisticadas, que
a duvidar da possibilidade real do projeto da incluam espectador, usuário ou consumidor (...)
modernidade, da ideologia do progresso e da como elemento ativo e participante no projeto
própria democracia como solução para um de- (SOUZA, 1997, p.79).
senvolvimento social harmônico, baseado no
avanço do conhecimento científico (SOUZA, Para Cardoso (2008), a marca da pós-modernidade
1997, p. 74). é o pluralismo, a abertura a posturas novas e tole-
rância para posições divergentes. Não existia mais
O crescimento e o desenvolvimento da sociedade, aquela pretensão de encontrar apenas uma única
o número de pensadores fazem com que, no pós- forma de fazer as coisas, uma única solução. Tal-
-modernismo, os caminhos do design comecem a vez, esse fosse o início de um progresso da indus-
se ramificar, existindo pensamentos diferentes. Uma trialização, em que a sociedade começa a aprender
liberdade que descentralizava o conceito design de a conviver com a complexidade ao invés de lutar
apenas algumas pessoas. contra ela.
102
DESIGN
103
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
SAIBA MAIS
104
considerações finais
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade, com o prazer de co-
nhecer um pouco mais sobre a história do Design e os principais movimentos
que o envolveram.
É interessante percebermos o quanto nossa história influenciou os concei-
tos e os processos de desenvolvimento de nossa profissão, desde o revivalismo,
que buscava os princípios góticos e religiosos em uma época que lutava para um
desenvolvimento inicial da indústria; o Arts & Crafts, que enfrentava a crise do
artesanal x industrial; a Bauhaus, que foi criada em tempos de guerra, lutando
contra os princípios nazistas e tentando reerguer uma nação; o modernismo, que
simplificava a vida do trabalhador, tentando unificar o que a tecnologia e as má-
quinas poderiam fazer por ele; por fim, o pós-modernismo, que libera a forma
de pensamento, fazendo com que os pensadores, designers, artistas, arquitetos
utilizassem todas as formas dispostas a eles: artesanato, tecnologia, mídias para
projetar e expressar ideais e ideias.
Sabemos que o nosso mundo não para, somos um ciclo sem fim, de idas e
vindas. E o design está em constante transformação, assim como nós, carregando
características e conceitos do ontem, inovando hoje, mudando amanhã. Cabe a
nós, profissionais, adquirir conhecimento e nos dedicarmos ao projeto de trans-
formarmos o mundo para melhor, com as ferramentas que o Design nos dispõe.
105
atividades de estudo
106
atividades de estudo
107
LEITURA
COMPLEMENTAR
RESUMO
Percebem-se pelo menos três visões distintas sobre a origem do design, sendo mais di-
fundida a que situa seu inicio com a Revolução Industrial. Há quem veja o design como
herdeiro de um artesanato às vésperas dessa Revolução que já contava com projeto e
divisão do trabalho incipientes. Menos difundida é a idéia de que não há diferença tão
significativa entre design e artesanato e, portanto, contaria com milênios de história.
Supondo o designer herdeiro desta tradição milenar, não seria hora de voltar a reconci-
liá-lo com o artesanato? Não caberia voltar a defender o resgate de conceitos de projeto
anteriores ao modernismo?
108
LEITURA
COMPLEMENTAR
109
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
110
ÁREAS DO DESIGN
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Design de interiores
• Design de moda
• Design efêmero
• Design gráfico
• Design de produto
• Design digital
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a área de atuação em interiores, os processos e as ferramentas de trabalho
e os projetos desenvolvidos por um profissional da área.
• Entender os projetos de Design Efêmero, quais são as áreas de atuação, os principais
conhecimentos necessários e exemplos de projetos.
• Conhecer sobre a profissão do design em Moda e as principais áreas de atuação no
mercado de trabalho.
• Descobrir o objetivo desta área profissional, quais os ramos de criação e trabalho, as
ferramentas utilizadas e os tipos de projeto a serem executados pela profissão.
• Compreender as atuações de um designer de produto, as fases de criação e
desenvolvimento e seu posicionamento no mercado.
• Entender os processos de transformação das tecnologias, e os processos da evolução
do design para o mundo de hoje e sua atuação no mundo digital.
unidade
V
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à última unidade deste livro, na qual você pode-
rá aprender mais sobre a História da Arte e do design, seus principais
estilos, as épocas mais marcantes, seus significados, autores e obras en-
volvidas.
Em nosso dia a dia, podemos perceber que o Design está inserido em
praticamente todas as nossas ações, em tudo que temos em nossa volta.
Desde a casa em que moramos, o tênis que usamos, a escova de dente, a
marca do leite que tomamos no café da manhã, o ônibus que pegamos
para ir pro trabalho, a xícara do café, as redes sociais que acessamos e até
o cartaz do show que queremos ir. Tudo no mundo, hoje, se interliga por
meio do design e, para que isso chegue até nós, os profissionais precisam
estudar e desenvolver seus conhecimentos teóricos e práticos para chega-
rem a um resultado que se adeque às necessidades e desejos do público
final.
Nesta unidade, vamos conhecer mais sobre as áreas que um profis-
sional de Design pode atuar e quando elas começaram a ganhar força no
mercado e na sociedade. Quais são os tipos de trabalho que o profissional
de design pode desenvolver, quais as ferramentas que você deve conhecer
e as ramificações dentro de uma área.
Dentro dessas áreas que se manifestam o Design, vamos conhecer: o
Design de interiores, o Design Gráfico, o Design de Moda, o Design de
Produto e o Design Digital.
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
DESIGN DE
INTERIORES
O Design de interiores é uma área que vem crescendo O que, anteriormente, era denominado como de-
cada dia mais no mercado do Design. O que antes era coração de interiores, em que se faziam pequenas
apenas um ramo desenvolvido por arquitetos que cria- transformações com objetos, iluminação e materiais,
vam mobiliário ou projetavam alguns espaços internos, hoje, é estudado como a ciência de projetar os espa-
baseados em suas construções, ou até mesmo artistas ços baseados no comportamento das pessoas, para
que se interessavam devido a uma aptidão específica, criar algo relacionado à funcionalidade e à necessi-
hoje, se tornou uma profissão de renome e que exige dade dessas pessoas.
estudos específicos para projeção de interiores.
116
DESIGN
PROJETOS RESIDENCIAIS
A área mais conhecida para projetos de interiore é a
área de projetos habitacionais, para isso, é necessário
um briefing baseado em seu cliente. É preciso que o
Design estude a fundo seus hábitos, suas preferências,
suas necessidades e, a partir daí, começe a desenvol-
ver o projeto do espaço, a distribuição e a criação de
mobiliário, a escolha de cores e materiais, o estilo, o
revestimento e o acabamento, a iluminação, que esta-
beleçam relação com o briefing feito no início.
PROJETOS COMERCIAIS
Os projetos comerciais não são muito diferentes de
projetos residenciais, pois o desenvolvimento da
ideia, os briefings e os conhecimentos para o desen-
volvimento do projeto são os mesmos. Porém, em
projetos comerciais, tem-se um diferencial, pois não
haverão pessoas habitando o local, entretanto, há,
além do dono do estabelecimento, o consumidor que
vai usufruir do espaço em um determinado tempo.
É necessário, então, um conhecimento do perfil do
cliente, para que ajude na criação do projeto.
117
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
PAISAGISMO MOBILIÁRIO
Uma outra área em que o Designer de Interiores Para finalizar as área de interiores, temos, aqui, os
pode atuar é a de paisagismo. Tanto em áreas ex- projetos de mobiliário, que podem ser projetados
ternas quanto internas, públicas ou privadas, o pai- para um espaço completo, conhecidos como móveis
sagismo vem obtendo uma exigência ainda maior planejados, como pode ser um mobiliário específico,
daqueles que procuram o projeto de um designer. É como as cadeiras, por exemplo. Existem profissionais
importante saber sobre paisagem, cidade, história, que trabalham so-
espécies e plantas e suas relações com o local do pro- mente nessa área
jeto, empreendedorismo, sustentabilidade, urbanis- e cabe dizer que,
mo e processos de instalação. para criação de
mobiliário, é im-
ILUMINAÇÃO portante saber sobre
A área de iluminação é um outro setor em ascenção no o Design em geral,
Design de Interiores, que exige alguns conhecimen- história, contex-
tos técnicos e tecnolgógicos mais aguçados. Cálculo to e conceito de
e softwares serão muito utilizados, também, conheci- criação, prática
mentos sobre conforto ambiental, iluminação natural de projeto e desen-
e artificial, luminárias, projetos cenográficos, de lazer, volvimento de pro-
obras públicas e saúde. Há, ainda, os conhecimentos duto; veremos mais a
sobre sustentabilidade, já que estamos falando de pro- seguir sobre o Design
jeto que consome energia, gestão e instalação. de Produto.
118
DESIGN
DESIGN DE
MODA
Por que o homem se veste? A esta pergunta tão
essencial, foram muitas as tentativas de respos-
tas, mas estas sempre estiveram repertoriadas em
torno de três aspectos fundamentais: pudor, pro-
teção e ornamentação. Pudor para esconder sua
nudez, proteção contra as intempéries e adorno
para se fazer notar (CIDREIRA, 2005, p.39).
119
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
DESIGN E CRIAÇÃO
Nessa área, o designer pode trabalhar como estilista,
a tão conhecida e cobiçada área da Moda, desenvol-
ver produtos, acessórios ou superfícies relacionados
à Moda, ser ilustrador ou joalheiro. Para trabalhar
com a área de criação, é necessário desenvolver habi-
lidades de criatividade, processos criativos, conhecer
sobre a história do Design, cores, materiais, indús-
O conceito de “estar na moda” se auto-explica e
se confunde. Tratar de moda implica lidar com tria e produção, além de estar sempre conectado às
elementos os mais complexos, especialmente transformações do mundo e da sociedade, cultura,
quando combinados. Entrando nesse assunto, economia, política e meio-ambiente.
tangemos valores como imagem, auto-imagem,
auto-estima, política, sexo...estética, padrões de
beleza e inovações tecnológicas, além de um ca-
leidoscópio de outros temas: desde condições cli-
máticas, bailes, festas, restaurantes ou uniformes
até cores (e a ausência delas), modelos, top mo-
dels, supermodels ou gente “normal”, mídia, foto-
grafia de moda, moda de rua, tribos (e a ausência
delas); música e diversão, mas também crise e
recessão, criatividade e talento. Dinheiro tam-
bém. E vaidade, competitividade, ego, modismos
e atemporalidades, história e futuro, excessos, ra-
dicalismos e básicos (PALMONIO, 2003, p. 8-9).
120
DESIGN
CONSULTORIA
Essa é uma área que não trabalha diretamente com
a criação, e sim com o usuário dos produtos finais
da Moda. Podendo ser personal stylist, consultor
de Moda, consultor de imagem, personal shopper,
agente de modelo e colorista.
Para trabalhar com consultoria, é necessário um
ótimo relacionamento interpessoal, conhecimento
de comportamento humano e estilos, já que, mais do
que escolher uma roupa considerada da moda atual,
é importante conhecer o cliente de maneira pessoal,
sua história, sua forma de pensar, o contexto em que
está inserido, para guiá-lo a uma melhor forma de se
comportar no seu dia a dia.
121
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
CONFECÇÃO MARKETING
Esse é o setor em que se coloca “a mão na massa”. Nessa área, pode-se trabalhar como produtor de
O profissional pode trabalhar como modelista, cos- moda, de desfile, fotógrafo, cabelo e maquiagem. São
turar, ser desenhista técnico, pilotista, tecnólogo de áreas do marketing da moda, em que o profissional
vestuário e gerente de produção. Quando uma co- trabalha para entregar, da melhor forma possível, um
leção é desenvolvida, por exemplo, após passar pela novo produto da Moda. Um lançamento de marca,
etapa de pesquisa e criação, ela vai ser executada e é uma nova coleção, uma nova tendência e/ou conceito.
aqui que entra o trabalho desses profissionais.
PESQUISA
ADMINISTRATIVA Na área de pesquisa, pode-se trabalhar como coo-
O setor administrativo é o responsável pela parte lhunting, curador de moda, historiador e professor,
racional e comercial do Design de Moda. O são áreas relacionadas à pesquisa de moda, em que
empresário, administrador, gerente de moda e de todas as outras áreas são necessárias para o estudo, o
produto vai gerenciar e administrar a relação do conhecimento e o ensino. Além de saber do passado
produto com o mercado, conforme as transformações da Moda, é importante saber dos movimentos atuais
desse mercado, de uma marca ou uma empresa. Nessa e das possíveis transformações da Moda em si, da
área, é necessário desenvolver um conhecimento de sociedade como um todo e das influências que uma
marketing, administração e economia. tem sobre a outra.
122
DESIGN
É interessante conhecermos as áreas de atuação de dos a ver em desfiles famosos. Vai muito além disso
um Designer de Moda, para quebrarmos o paradig- e existe um contexto de pesquisa, desenvolvimento e
ma de que a Moda está relacionada somente ao esti- conhecimento muito importante dentro do Design
lista e todo aquele glamour que estamos acostuma- da Moda em nossa sociedade.
123
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
DESIGN
EFÊMERO
Os projetos efêmeros são aqueles que são transitó- da rotina. Ou seja, os projetos efêmeros são espa-
rios e passageiros, que crescem no mercado de forma ços que não estavam ali ontem e, talvez, não estejam
explosiva no século XXI. Esse tipo de projeto tem- amanhã, mas que bem projetados ficarão marcados
porário pode ser executado por profissionais da área na memória daqueles que o viram.
de Design de Interiores, utilizando-se dos mesmos
princípios e processos de projeto e execução, inclu- PROJETO DE STAND
sive, essa área foi incluída em algumas matrizes de Começamos com projetos de vitrine, que são os
ensino do curso, por se tratar de uma área em grande projetos feitos em lojas comerciais, para divulgar em
crescimento no mercado e com possibilidades muito o lançamento de novas coleções, novos produtos e
interessantes de atuacão e criação. marcas, eventos, estações e promoções. São peque-
Como o nosso mundo caminha em constante nos cenários montados na entrada da loja e, para de-
mudança e inovação, cada dia mais rápido, os pro- senvolvê-los, é importante pensar no projeto de for-
jetos efemêros têm sido muito valorizados, pois são ma a agregar ao produto em destaque os materiais,
de forma intensa e, em prática, projetados, trazendo as texturas, a iluminação, os objetos e os possíveis
o olhar das pessoas pra algo que sai da monotonia, manequins.
124
DESIGN
125
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN
DESIGNGRÁFICO
O Design gráfico é a mais universal de todas funções, como classificar e diferenciar, informar,
as artes. Está em toda parte, explicando, deco- atuar em nossas emoções e dar forma aos nossos
rando, identificando - impondo significado ao
sentimentos em relação a tudo que nos cerca. Nosso
mundo. Está nas ruas, em tudo que lemos, sobre
os nossos corpos. Interagimos com o design da mundo, hoje, não vive mais sem o Design gráfico,
sinalização de trânsito, da publicidade, das re- pois, sem ele, nosso contato, nossas informações
vistas, dos maços de cigarro, dos medicamentos, voltariam a ser escassas e não sobreviveríamos,
do logo da nossa camiseta, da etiqueta de ins-
truções de lavagem da nossa jaqueta (NEWA- nossa comunicação seria difícil como antigamente
RK, 2009, p.6). e, devido ao crescimento populacional e ao desen-
volvimento tecnológico e industrial, a falta do De-
Segundo Newark (2009), o design realiza diversas sign gráfico seria inviável.
126
DESIGN