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HISTÓRIA DA

ARTE E DO DESIGN

PROFESSORES
Me. Ana Paula Furlan
Dênis Martins de Oliveira
Esp. Vanessa Barbosa dos Santos
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


FURLAN, Ana Paula; OLIVEIRA, Denis Martins de; SANTOS, Vanessa
Barbosa dos.
História da Arte e do Design. Ana Paula Furlan; Denis Martins de
Oliveira; Vanessa Barbosa dos Santos.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2016.
154 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. História. 2. Arte. 3. Design EaD. I. Título.

CDD - 22ª Ed. 701.1


CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Gerência de Produção de Contéudo Juliano de Souza, Supervisão do Núcleo de
Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Contéudo Sandra Franchini e
Larissa Siqueira, Projeto Gráfico e Editoração José Jhonny Coelho, Designer Educacional Yasminn
Zagonel, Maria Fernanda Vasconcelos, Revisão Textual Yara Dias, Maraisa da Silva, Viviane Notari,
Nayara Valenciano e Talita Dias Tomé, Ilustração André Onishi, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
apresentação do material

HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN


Ana Paula Furlan; Dênis Martins de Oliveira e Vanessa Barbosa dos Santos

Prezado(a) aluno(a) do curso de Tecnologia em Design, este é seu livro da dis-


ciplina de História da Arte e do Design; ele integra cinco unidades de estudo e
foi elaborado para que você compreenda da melhor maneira possível os assuntos
referentes à disciplina.
Analisar a evolução histórica do ser humano, bem como as diferentes manifesta-
ções artísticas e estilísticas expressas nos diferentes períodos se faz necessário em
praticamente todas as profissões que têm em sua organização a essência criativa;
compreender como as manifestações de arte ocorreram nos diferentes períodos
trará a você, aluno(a), uma bagagem rica de conteúdos e assuntos pertinentes para
sua completa formação acadêmica.
A disciplina de História da arte e do design tem por objetivo levar a você conhe-
cimentos acerca dos principais movimentos artísticos e estilísticos, para que você
compreenda como as questões sociais influenciaram a arte e como contribuíram
para o despertar de novos conceitos e percepções nos mais diversos campos, dentre
eles, o do Design; assim, iniciaremos nossos estudos a partir da história da arte,
assunto que será abordado nas unidades um e dois do livro.
Compreender o mundo ao nosso redor por meio das manifestações artísticas cons-
truídas até aqui é um dos objetivos deste livro. Munido do conteúdo pertinente à
história da humanidade, apresentado mediante as diversas expressões artísticas,
você, aluno(a), conhecerá como se deu a construção das diversas culturas nos
diferentes períodos, também, como essa influenciou e está presente em nossa
sociedade até os dias atuais.
Assim, o livro de História da Arte e do Design foi elaborado a partir de referenciais
bibliográficos ricos em informações que, mesclados com nossa experiência nos
diferentes assuntos tratados no decorrer do livro, trarão a você, de maneira clara
e objetiva, os diferentes assuntos, para que você absorva da melhor forma todo o
conteúdo necessário para uma formação plena.
Iniciamos, então, nossos estudos, como mencionado, a partir dos conceitos per-
tinentes ao estudo da história da arte. Na primeira unidade, temos a definição de
arte que se faz necessária para que você analise todo o conteúdo das unidades um
e dois com clareza; apresentam-se, também, as manifestações de arte expressas
na Pré-história, bem como no Egito antigo, expressões essas em que suas carac-
terísticas perduram por diversos anos e refletem no estilo expressivo de outros
povos. Veremos, ainda, as manifestações de arte na Mesopotâmia e em Creta. Na
sequência, temos a importância da arquitetura, da pintura e da escultura na Grécia
antiga, bem como em Roma, passando ainda pela influência da arte Bizantina;
chegando à Idade Média, com o estilo gótico e, posteriormente, a influência que
a burguesia exerceu sobre a arte e a sociedade em mudança.
A unidade dois apresenta uma continuação das questões históricas e artísticas,
apresentando o período conhecido como renascimento e quais as mudanças que
ele trouxe não só para a sociedade, mas também para as questões artísticas e esti-
lísticas que foram se modificando conforme as questões sociais foram se transfor-
mando. Assim, o homem passa a compreender de maneira clara sua capacidade
de transformar a realidade que o cerca e um novo período ganha destaque na
história, o Renascimento. Nessa unidade, também analisaremos as manifestações
de arte durante os séculos XVIII e XIX e observaremos como tais manifestações
se fundem com as manifestações sociais ocorridas no período. Por fim, o livro
apresentará a você, aluno(a), as diferentes formas de expressão características do
século XX, bem como suas peculiaridades.
Nas unidades três, quatro e cinco, abordaremos os conteúdos pertinentes à história
do Design, bem como sua relevância para o contexto histórico social no qual o
curso se insere, assim, na unidade três, compreenderemos o significado do termo
Design e seu histórico e representação pelo mundo, além das manifestações dele
no Brasil.
A unidade quatro apresentará a você, aluno(a), os principais movimentos artísticos
e estilísticos que influenciaram o design contemporâneo, características e principais
nomes de tais movimentos.
Na última unidade de nosso livro, temos os diversos tipos de design, suas parti-
cularidades, bem como possíveis vertentes oriundas das especificidades de cada
tipo de design.
Desejamos a você, caro(a) aluno(a), um excelente estudo e sucesso em sua carreira,
pois acreditamos que os conteúdos aqui apresentados são de suma importância
para sua formação, plena e de grandes conquistas futuras.

Boa aula!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV

DOS PRIMÓRDIOS À CONQUISTA MOVIMENTOS IMPORTANTES


DA REALIDADE DO DESIGN

14 A origem da arte: primeiras 90 Neogótico (ou revivalismo gótico)


manifestações 93 Arts & Crafts
22 Grande despertar: A Elegância 95 Bauhaus
Clássica
98 Modernismo
30 A Europa Medieval
102 Pós-modernismo
34 A Burguesia

UNIDADE V

UNIDADE II ÁREAS DO DESIGN


DO RENASCIMENTO À
CONTEMPORANEIDADE 116 Design de Interiores
119 Design de Moda
46 Conquistando a realidade; 124 Design Efêmero
novos ideais
126 Design Gráfico
50 Século XVIII e XIX
130 Design de Produto
52 Século XX: A era da diversidade
131 Design Digital

UNIDADE III

O DESIGN 147 Conclusão Geral


148 Referências
64 O que é design? 152 Gabarito
66 Quando surgiu o design
70 O design pelo mundo
77 O design no brasil
DOS PRIMÓRDIOS À
CONQUISTA DA REALIDADE

Prof.ª Me. Ana Paula Furlan / Prof. Dênis Martins de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• A origem da arte: primeiras manifestações
• O grande despertar: a elegância clássica
• A Europa Medieval
• A burguesia

Objetivos de Aprendizagem
• Analisar e compreender a representação das diferentes
manifestações artísticas desde a pré-história até o século XIV.
• Compreender qual a importância e a influência da arte clássica na
história.
• Analisar as mudanças ocorridas nas diferentes expressões de
Arte desde o período medieval até o período caracterizado pela
influência burguesa.
unidade

I
INTRODUÇÃO

S
eja bem-vindo(a), aluno(a) do ensino a distância da Unicesumar, é
com imenso prazer que o recebo na disciplina de História da Arte
e do Design, iniciemos nossa aula conhecendo um pouco sobre a
história da humanidade expressa por meio das diferentes mani-
festações artísticas. A história da humanidade é demonstrada por meio de
inúmeros instrumentos, livros, pergaminhos, narrativas, dentre esses, te-
mos a Arte, que nada mais é do que a expressão de um povo em um deter-
minado período. A arte está impregnada nas manifestações corriqueiras
de tais povos antigos, com essas manifestações, podemos compreender em
parte como se dava os acontecimentos vivenciados por esses povos.
Nesta unidade, você, aluno(a), irá conhecer como eram elaboradas
as diferentes formas de arte, desde a pré-história e dos povos primitivos
com as representações nas cavernas até a arte no período em que a bur-
guesia fornecia subsídios para os artistas criarem seus trabalhos.
Primeiro, veremos quão importante é a compreensão do termo Arte
e de como esse não representava tal significado para os povos antigos;
veremos como eram as diferentes representações de arte, passando pelo
Egito antigo, Mesopotâmia e a ilha de Creta, dentre elas, a arquitetura, a
pintura e a escultura pertinentes a esses povos e locais.
Dando continuidade aos nossos estudos, apresentaremos a arte co-
nhecida como clássica orinda da Grécia e da Roma antiga, chegando até
as expressões elaboradas durante o império Bizantino.
Na sequência, veremos como a arte foi se moldando mediante as
mudanças sociais que aconteceram durante a Idade Média. Veremos as
manifestações do estilo gótico expressas principalmente na arquitetura; e
entenderemos como a classe burguesa influenciou as mudanças sociais e,
consequentemente, as mudanças na arte.
Vamos lá? Desejo a você, caro(a) aluno(a), um excelente estudo e boa
leitura!
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

A ORIGEM DA ARTE:
PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES
Caro(a) aluno(a), primeiramente, faz-se necessária a xou de se expressar ou de registrar sua trajetória por
compreensão do que se entende por arte para que, a meio da arte.
partir de tal conceito, consigamos criar um mecanis- Por outro lado, pode-se, ainda, dizer que somen-
mo de entendimento da importância das diferentes te é arte aquele ornamento suntuoso presente no
manifestações artísticas ocorridas durante a história museu, ou ainda aquela tela ou escultura que ganha
da humanidade; podemos analisar o contexto da arte destaque na sala de estar de um colecionador como
por duas visões: a visão de que a arte está presente na objeto de decoração; esse julgamento, por sua vez,
elaboração arquitetônica de casas, edifícios, templos representa nossa análise a partir de referenciais atu-
ou qualquer outro monumento, de que está presente ais que não cabem interpretação, pois as manifesta-
nas pinturas, esculturas e de que representa toda a ções artísticas são mais do que simples ornamentos,
cultura de determinado povo. Por essa análise, po- elas representam toda uma história carregada de
demos identificar que a arte está presente em todas simbologias e de extrema importância para quem as
as culturas do mundo e nenhum desses povos dei- elaborou.

14
DESIGN

SAIBA MAIS
nal, por isso, estudaremos as manifestações artísticas
considerando o contexto histórico no qual elas fo-
O QUE É ARTE? ram concebidas para que, assim, compreendamos a
A arte é uma das melhores maneiras do ser relevância delas.
humano expressar seus sentimentos e emo-
ções. Ela pode estar representada de diver-
sas maneiras: por meio da pintura plástica, PRÉ-HISTÓRIA, POVOS PRIMITIVOS
escultura, cinema, teatro, dança, música, ar- É necessário, primeiro, compreender que as manifes-
quitetura, dentre outros. A arte é o reflexo tações caracterizadas como arte para nós hoje não
da cultura e da história dos diferentes povos,
representavam tal segmento na época em que foram
considerando os valores estéticos da beleza,
do equilíbrio e da harmonia. elaboradas, as pinturas nas cavernas, por exemplo,
Considerando o contexto atual de socieda- eram símbolos da crença e dos costumes dos povos
de, podemos, ainda, dizer que a arte pode primitivos, para tais povos, representar uma imagem
ser também definida como algo inerente ao ou construir uma cabana não fazia diferença, pois
ser humano, feito por artistas a partir de um
senso estético, com o objetivo de despertar ambas as manifestações eram parte ora de suas cren-
e estimular o interesse da consciência de um ças ora de sua necessidade real de proteção.
ou mais espectadores, além de causar algum
efeito. Cada expressão artística possui signifi- Suas cabanas existem para protege-los da chuva,
cado único e diferente. do sol e do vento, e para os espíritos que geram
Fonte: O QUE É… (online). tais eventos; as imagens são feitas para protege-los
contra outros poderes que para, eles, são tão reais
quanto as forças da natureza. Pinturas estátuas,
em outras palavras são usadas para realizar traba-
A arte como manifestação dos acontecimentos, das lhos de magia (GOMBRICH, 1999, p. 39-40).

crenças e dos costumes dos diferentes povos expres-


sos durante a história foi se modificando mediante As crenças com relação às representações principal-
aos acontecimentos e descobertas que esses faziam mente imagéticas nas culturas antigas são carregadas
com relação à natureza ou à compreensão de sua de simbolismos e, muitas vezes, deslizam nas fron-
própria existência; o fato é que nossos julgamentos teiras entre mundo real e espiritual, visto que, para
atuais referentes a qualquer tipo de manifestação, os povos primitivos, o simbolismo das imagens é de
dita arte, do passado, não podem ser considerados extrema importância, como nos narra Gombrich
válidos, uma vez que quem elaborou tal forma ex- (1999, p. 40).
pressiva, seja uma gravura, escultura ou pintura, não
tinha a intensão de que essa se tornasse um objeto Os primitivos são, por vezes, ainda mais vagos
de contemplação muito menos de decoração; a arte e a respeito do que é real e do que é imagem.
Certa ocasião, quando um artista europeu fez
suas manifestações correspondem a crenças e valores
desenhos de animais domésticos numa aldeia
de cada povo em cada período em que se manifesta, africana, os habitantes mostraram-se nervo-
analisá-las com os olhares atuais implica em atribuir sos: “Se levar consigo nosso gado, do que ire-
valores que não pertencem a sua concepção origi- mos viver?”.

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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

O fato é que, para tal povo, a imagem, seja ela qual for, “rituais” que somente nós fazemos, porém que outra
representa não só uma simples manifestação imagéti- família o faz de maneira diferente. Assim se deu as ma-
ca, mas sim toda uma crença, portanto, cabe a nós uma nifestações encontradas nas cavernas de autoria dos
análise com o olhar mais brando direcionado para o povos primitivos: cada tribo, em diferentes lugares do
motivo pelo qual tal grupo de indivíduos projetou tal mundo, procurava, de uma forma ou de outra, registrar
imagem, e não para seu significado por nós designado. acontecimentos de seu cotidiano. As pinturas são a re-
A simbologia que as imagens representam para os po- presentação de tais acontecimentos que são analisados
vos primitivos vai além de nossa compreensão, uma vez por nós para que compreendamos como se iniciou esse
que tais representações são alguns ou os únicos vestí- processo de representação da expressividade humana
gios que temos para analisarmos as culturas primitivas. por meio do que, hoje, entendemos por arte.
O que auxilia os historiadores na compreensão das
questões que permeiam as manifestações artísticas ex- SAIBA MAIS
pressas nas cavernas e intituladas como pinturas ru-
pestres são os utensílios também encontrados dentro
PINTURA RUPESTRE
de tais cavernas e o fato da localização de tais pinturas,
Conhecida como a mais antiga expressão de
muitas em interiores profundos e de difícil localização arte da humanidade, as pinturas rupestres são
em cavernas espalhadas pelo mundo todo, o fato é que caracterizadas por sua singela representação,
tais manifestações não possuem ordem alguma, são normalmente, nas paredes de cavernas, em
que animais e seres humanos são representa-
expressas de maneira aleatória e, muitas vezes, umas dos por meio de figuras elaboradas com pig-
sobre as outras, o que nos traz a ideia de que não se tra- mentos extraídos de plantas, ou frutos, além
ta, apenas, de ornamento, mas sim de toda uma crença de sangue dos animais que foram abatidos
para a alimentação desses povos primitivos.
simbólica registrada ali com alguma finalidade.
Fonte: adaptado de Pacievitch (online).
A explicação mais provável para as pinturas ru-
pestres ainda é a de que se trata das mais antigas
relíquias da crença universal no poder produzi-
do pelas imagens; dito em outras palavras, pare-
ce que esses caçadores primitivos imaginavam
que, se fizessem uma imagem de sua presa- e até
a espicaçassem com suas lanças e machados de
pedra- os animais verdadeiros também sucum-
biriam ao seu poder (GOMBRICH, 1999, p.42).

Consideramos as expressões chamadas por nós de arte,


mas que, para os povos primitivos, não passavam de
representações simbólicas de seu cotidiano, como sen-
do algo único e diferente. Não precisamos ir longe para
compreendermos como se manifesta as diferentes ex-
pressões: no dia a dia de nossa casa ou família, temos

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DESIGN

EGITO, MESOPOTÂMIA E CRETA pergaminhos, bem como pinturas nas pirâmides, o


Dentre as manifestações da arte durante a história, cotidiano dos nobres e principalmente do faraó) é
as expressas no antigo Egito são as mais exuberantes que se pode, hoje em dia, analisar as manifestações
e importantes, não só por simbolizarem e narrarem consideradas obras de arte para nós, mas que repre-
toda a história de um povo, mas por serem a represen- sentam toda a cultura e a crença do povo egípcio.
tação da manifestação das crenças desses. É no Egi- Com a crença de que o faraó era um ser divino e de
to que confirmamos o que antes fora citado na arte que sua partida deste mundo, ou seja, sua morte era
primitiva, que é por meio das expressões artísticas apenas um rito de passagem para a volta junto dos
(pintura, escultura, gravura e arquitetura) que se com- deuses dos quais viera, as pirâmides monumentais,
preendem os acontecimentos vividos por um povo ou construções características do Egito, eram erguidas
etnia. A arte é a manifestação expressiva de um povo em direção ao céu para que auxiliassem o faraó ou
por meio de diferentes técnicas, ela está carregada de demais indivíduos nelas sepultados a alcançarem a
simbolismos e significados reflexos do tempo em que vida após a morte, tais câmaras funerárias preserva-
foi elaborada e os historiadores bem como nós procu- riam o corpo sagrado em decomposição.
ram interpretá-la para que consigamos compreender
como as coisas aconteceram por meio dos tempos. Os egípcios acreditavam que o corpo tinha
que ser preservado a fim de que a alma pudes-
A civilização egípcia tem suas raízes na região
se continuar vivendo no além. Por isso impe-
que hoje conhecemos como Etiópia, o império diam a desintegração do cadáver, graças a um
oriundo dos egípcios ganhou destaque e se consoli- elaborado método de embalsamar e enfaixar
dou nas terras férteis do vale do Nilo. em tiras de pano. Era para a múmia do rei que
a pirâmide fora erigida, e seu corpo ficava de-
A civilização egípcia surgiu nas margens do rio positado justamente no centro da gigantesca
Nilo cerca de 4000 a.C. e seu primeiro rei - o len- montanha de pedra. Em toda a volta da câ-
dário Menés – teria chegado ao poder por volta mara funerária, eram escritos fórmulas má-
de 3100 a.C. Nos três mil anos seguintes, vigorou gicas e encantamentos para ajuda-lo em sua
um sistema de governo controlado por um faraó jornada para o outro mundo (GOMBRICH,
[...] Considerado não apenas um rei, mas tam- 1999, p. 55).
bém um deus, o faraó tinha autoridade absoluta
e controlava cada aspecto da sociedade, incluin-
do a arte e a indumentária [...]. Para os antigos Dentre as crenças egípcias em que a arte se manifesta,
egípcios, a tradição era o mais importante: vida
a escultura ganha destaque, haja vista que, para eles,
e religião permaneciam imutáveis [...] Baseadas
na ideia de vida após a morte, suas crenças per- não bastava que o corpo do faraó fosse preservado, a
maneceram fundamentalmente inalteradas. A preservação da sua imagem, também, era necessária,
religião egípcia tinha rituais e cerimonias que portanto, por meio da escultura, um rosto sereno e
acompanhavam cada ação da vida e da morte, quase sem expressividade era esculpido em granito
e que eram reservados ao faraó e aos sacerdotes,
nobres e guerreiros (COSGRAVE, 2012, p. 31).
para que, assim, a alma se projetasse na imagem que
era guardada em uma câmara secreta dentro da pirâ-
Graças a tamanha devoção e diversidade de rituais mide. Vale ressaltar que, aqui, não temos o contexto
(dentre eles, a tradição em descrever por meio de de expressão artística. O fato de a pirâmide abrigar

17
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

SAIBA MAIS
diversas técnicas representativas, como arquitetura,
escultura e pintura, não era para o deleite dos povos
do antigo Egito, mas sim para auxiliar a alma na vida LEI DA FRONTALIDADE
após a morte, a arte expressa a crença de uma cultura Caracterizado pela elaboração da figura hu-
baseada no poder da representação que tais técnicas mana com o corpo (tronco) desenhado ou
pintado de frente e as pernas e a cabeça re-
artísticas poderiam proporcionar ao homem. presentadas de perfil.
Com relação à pintura no antigo Egito, é, assim
como as demais manifestações artísticas, nas pirâmi- Fonte: adaptado de Martins e Imbroisi (online).

des que se encontram as mais completas e preservadas


obras pintadas; as pinturas que ornamentavam as pa-
redes das pirâmides tinham uma função clara e de ex- Algumas características chamam a atenção com rela-
trema importância: retratar o cotidiano e os grandes ção à representação que os pintores faziam das pes-
feitos do indivíduo ali sepultado, preservando, assim, soas por meio da pintura no Egito.
a memória desse em outras vidas, como acreditavam.
Os artistas tinham regras pré-estabelecidas para retra- A arte egípcia não era baseada no que o artista
podia ver num dado momento, e sim no que ele
tar os momentos e tudo deveria estar representado na
sabia fazer representando parte de uma pessoa
obra com total clareza, por isso não havia preocupa- ou de uma cena. Era a partir dessas formas por
ção com proporções ou ângulos como conhecemos na ele aprendidas, e dele conhecidas, que cons-
arte clássica ou contemporânea; ao retratarem um ho- truía a suas representações [...] não é apenas o
mem, por exemplo, o elaboravam usando o que ficou seu conhecimento de formas e contornos que o
artista consubstancia na pintura, mas também
caracterizado como lei da frontalidade.
o conhecimento que ele possui do significado
dessas formas (GOMBRICH, 1999, p. 62).

Representar, por meio de técnicas artísticas, o co-


tidiano do faraó, a fim de que sua alma pudesse
conviver com as características mais próximas de

REFLITA

“Sabemos muito pouco a respeito de nos-


sas origens misteriosas, mas, se quiser-
mos compreender a história da arte, será
conveniente recordar, vez por outra, que
imagens e letras são na verdade parentes
consanguíneos”.

Fonte: Gombrich (1999, p. 53).

18
DESIGN

sua realidade terrena era a função do artista no Egi-


to antigo. O escultor, por exemplo, tinha o nome
“aquele que mantém vivo”, pois detinha o dom de
reproduzir com extrema nitidez a imagem do faraó.
O pintor, por sua vez, possuía um método orga-
nizado, estudado e transmitido por meio de gera-
ções para que a pintura fosse a mais perfeita possí-
vel dentro das crenças e rituais egípcios. Segundo
Gombrich (1999, p. 64), “o artista egípcio iniciava o
seu trabalho desenhando uma rede de linhas retas
na parede, e distribuía as suas figuras com grande
cuidado ao longo dessas linhas”. Além de tal es-
quema para o desenho, a riqueza de detalhes era
surpreendente e nada era deixado de ser retratado,
inclusive a hierarquia dentre a sociedade, em que
o dito “chefão”, o faraó, era retratado em tamanho
maior do que seus súditos; o nobre, por sua vez, se
retratado, era representado maior que sua esposa, e
essa, maior que os filhos.

SAIBA MAIS

A seguir, as principais características da arquitetura, escultura e pintura expressas no Egito antigo:


Com relação à arquitetura, podemos considerá-la como sendo de extrema solidez e de aspecto impe-
netrável, características claramente representadas nas pirâmides, por exemplo. O aspecto misterioso
rondava não só a arquitetura, mas também a arte da escultura em que a representação, normalmente
do faraó, era feita sempre de frente e esse sem nenhuma expressividade, pois, assim, com aspecto
sereno, as imagens esculpidas significavam a imortalidade da figura do faraó, as proporções do corpo
eram esculpidas de modo a representarem toda a imponência, majestade e força. A pintura, como
citado anteriormente, possuía a chamada lei da frontalidade, não havia representação de planos, ou
seja, não existia profundidade nas representações, essas eram feitas de forma chapada, com tintas em
cores puras sem a transmissão do efeito de claro e escuro.

Fonte: adaptado de Martins e Imbroisi (online).

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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

MESOPOTÂMIA
Diferentemente da arte egípcia, as manifestações A arte na Mesopotâmia, ou melhor, os artistas meso-
de arte na Mesopotâmia não chegaram até nós com potâmicos não tinham a função de “decorar” as pare-
grandeza de detalhes, tampouco qualidade, visto que des dos túmulos de seus reis, como no Egito, sua fun-
as questões climáticas do vale dos rios Eufrates e Ti- ção era eternizar os momentos de glória do império
gre, em que prosperaram os impérios babilônio e as- comandado pelo rei, assim, por meio de baixos rele-
sírio, não garantiram a existência de muitos artefatos vos e utilizando técnicas semelhantes a dos egípcios,
de tais povos. eles representavam as batalhas, vitórias e clemências
dos povos perdedores, a fim de que os momentos de
A arte da Mesopotâmia é menos conhecida do glória fossem eternizados.
que a arte egípcia. Isso se deve, pelo menos,
em parte, a um acidente. Não havia pedreiras
nesses vales, e a maioria dos edifícios tinha
que ser construída com tijolos cozidos, que,
no transcurso do tempo, se desintegravam e
se convertiam em pó. Até mesmo a escultu-
ra em pedra era relativamente rara. Mas essa
não é a única explicação para o fato de, com-
parativamente, poucas das primeiras obras
dessa arte terem chegado até nós. A principal
razão consiste, provavelmente, em que esses
povos não compartilhavam da crença religio-
sa dos egípcios de que o corpo humano e sua
representação deviam ser preservados para
que a alma sobrevivesse (GOMBRICH, 1999,
p. 70).

SAIBA MAIS

BAIXO RELEVO O QUE É?


Baixo: adj. Que tem pouca altura.
Relevo: O que se salienta, o que sobressai numa
superfície.
Portanto baixo relevo seria uma espécie de es-
cultura onde somente parte dela se sobressai
ao plano na qual foi esculpida, pode este ser
elaborado em uma parede, coluna ou qual-
quer base sólida.

Fonte: adaptado de Baixo (online) e Relevo (online).


Figura 1: Baixo relevo, peças elaboradas durante o domínio do império Assírio
Fonte: Human… (online) e Transport (online).

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DESIGN

CRETA
Cnossos destaca-se como o sítio arqueológico
A ilha de Creta, localizada entre três continentes: Euro- mais importante de Creta. As escavações rea-
pa, Ásia e África, é a mais populosa e a maior da Grécia. lizadas entre 1900 e 1935 por sir Arthur Evans
Foi colonizado, segundo Cosgrave (2012), por volta de na região revelam afrescos, belos e delicados
6000 a.C., durante os três mil anos seguintes, no inte- recipientes pintados e estatuetas de mármore
e fiança. Todas essas descobertas proporcio-
rior da ilha, um povoado chamado Cnossos prosperou. naram informações importantes sobre a in-
dumentária e a Arte cretense (COSGRAVE,
Creta tornou-se o centro de produção e expor-
2012, p. 33).
tação de bronze, graças a dois fatores principais.
Por volta de 3000 a.C., as técnicas de fabricação e
fundição de bronze se desenvolveram. Simultane- A expressão da vida e as crenças dos povos primi-
amente, um afluxo de imigrantes provenientes de tivos, egípcios, babilônicos, assírios e cretenses são,
Cíclades levou novas técnicas de navegação para
para nós, hoje, apresentadas como obras de arte,
Creta. A civilização cretense foi muito influencia-
da por seus parceiros comerciais mais importantes: carregadas de história, elas representam desde ques-
o Egito e a Babilônia (COSGRAVE, 2012, p. 33). tões religiosas a triunfos em batalhas ou um período
importante como a manipulação do bronze. O fato
Assim, conhecida como a Idade do bronze, a ascen- é que desde que o homem se expressa por meio de
são de Creta foi dividida em três períodos: antigo, pinturas, esculturas ou formas arquitetônicas exis-
médio e tardio. Foi no período médio que, segundo te o que conhecemos por arte. No próximo tópico,
Cosgrave (2012), as técnicas de trabalho em metal veremos os destaques e as mudanças nas formas de
tornaram-se mais sofisticadas, apresentando padrões expressar analisando as técnicas e manifestações ar-
filigranados e granulados. tísticas na Grécia e na Roma antiga.

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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

GRANDE
DESPERTAR:
A ELEGÂNCIA
CLÁSSICA

GRÉCIA
Consideramos que os mais antigos estilos de arte Os gregos foram inovadores. Em apenas 400
foram sendo construídos mediante as relações anos, conceberam a política e a filosofia, assim
como a matemática e a geometria. Hipócrates
humanas que foram acontecendo no decorrer do
estabeleceu as bases da medicina moderna e
tempo frente às conquistas dos povos mais fortes. Heródoto foi o primeiro a refletir sobre a his-
Acredita-se que as primeiras manifestações da tória. As artes – compreendidas conforme o
arte grega sejam representações de influência cre- conceito ocidental de teatro e de representação
– podem ser vistas como inovações gregas. Os
tense, bem como egípcia; formas geométricas, a
antigos gregos não eram apenas um povo, mas
singela representação do homem e a simplicidade descendiam de sucessivas ondas de invasores
das formas eram características da arte primitiva indo-europeus, que chegaram ao mar Egeu e
grega. ao leste do Mediterrâneo durante um período

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DESIGN

de centenas de anos. Primeiro, eles ocuparam


o território entre os anos de 2000 e 1600 a.C. arte. O simples fato de esculpir uma figura humana
Os micênicos eram provenientes do norte, no com os pés deslocados como se estivesse caminhan-
início do século XVI a.C, mas foram invadidos, do fez com que a arte da escultura grega fosse carac-
por sua vez, pelos dórios, da Macedônia e dos terizada como um divisor de aguas, como podemos
Bálcãs, por volta de 1100 a.C., e pelos eólios,
que chegaram à região costeira do noroeste da
observar na figura a seguir:
Ásia Menor cerca de um século depois. Todos
os três grupos falavam o grego, embora com
seus próprios dialetos. Progressistas, embora
muito influenciados pelos egípcios, os dórios
construíram uma civilização de sofisticação ini-
gualável (COSGRAVE, 2012, p. 41).

Nos primórdios do domínio desses povos sobre a


Grécia, a arte elaborada por eles é caracterizada como
primitiva ou rude e bem desgraciosa, a rigidez das
formas superam aquelas expressas na arte egípcia, o
destaque são as cerâmicas com motivos geométricos
de grande simplicidade, as cenas representadas por
meio da pintura nas cerâmicas eram “austeras e rigo-
rosas”, como traz Gombrich (1999, p. 77),

Algo dessa simplicidade e desse arranjo claro e


esquemático parece ter contribuído para o es-
tilo de construção que os gregos introduziram
nesses primeiros tempos [...] tal estilo, o qual
recebeu a designação de Dórico em atenção a
tribo do mesmo nome. Era esta a tribo a que
pertenciam os espartanos, célebres por sua aus-
teridade.

Com relação às esculturas, os gregos seguiram os


passos dos egípcios, porém evoluíram na forma de
esculpir, principalmente o corpo humano, conside-
rando estudos de proporções, bem como a muscula-
tura do corpo, além do fato de os artistas não segui-
rem os padrões considerados regras, agora, diferente
dos egípcios que seguiam as regras pré-estabelecidas,
os gregos passam a observar mais o mundo ao seu
Figura 2: Polímedes de Argos Os irmãos Cleóbis e Biton, c.615-590 a.C.
redor e, assim, construírem suas representações de Fonte: Kouroi2… (online).

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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

a sua aparência. Ainda eram amantes das li-


nhas firmes e do plano equilibrado. Ainda não
se dispunham a todos os relances fortuitos da
natureza, tal como os viam. A velha fórmula,
o tipo de formas humanas que se desenvolvera
ao longo dos séculos, continuava sendo o pon-
to de partida. Só que já não as consideravam
tão sagradas como antes em cada detalhe. A
grande revolução da arte grega, a descoberta
de formas naturais e do esforço, ocorreu numa
época que é, certamente, o mais assombroso
período da história humana. É a época em que
o povo das cidades gregas começou a contestar
as antigas tradições e lendas sobre os deuses,
e a investigar sem preconceito a natureza das
coisas.

SAIBA MAIS

Os diferentes estilos na arte grega se mani-


festaram nas seguintes épocas e com os se-
guintes nomes:
• Período Homérico (776 a.C.);
• Período Arcaico (século VIII a VI a.C.);
Caracterizamos a arte grega de acordo com as evo-
• Período Clássico (século V a IV a.C.);
luções sociais e o agrupamento dos povos que foram
• Período Helenístico (século III a II a.C).
construindo, assim, a sociedade grega, tanto nas
terras continentais quanto nas ilhas pertencentes a A arquitetura, que tinha como função pri-
mordial a proteção dos deuses por meio dos
tais povos. A arte na Grécia antiga foi se moldando templos, erguidos em nome das divindades,
conforme os homens observaram seu poder de ex- além da simetria, pode ser caracterizada ou
pressão por meio da arte, assim, diversos períodos dividida em três estilos:
• Ordem Dórica: simples e maciça.
caracterizaram as modificações na arte grega, tanto
• Ordem Jônica: mais detalhada e com mais
na arquitetura, com as diferentes formas de colunas
leveza.
que sustentavam seus templos, quanto nas escultu- • Ordem Coríntia: carregada de detalhes,
ras, agora, com movimentos e cada vez mais riqueza mais ornamentada e detalhada do que a
de detalhes, ou, ainda, como nos narra Gombrich Jônica.

(1999, p. 82) sobre a pintura grega: Tais estilos eram representados através do
capitel ou remate das colunas, que sustenta-
Os artistas gregos ainda procuravam fazer suas vam os templos.
figuras com os mais nítidos contornos e incluir
Fonte: adaptado de Arte… (online).
tantos conhecimentos sobre o corpo humano
quantos coubessem na pintura sem violentar

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DESIGN

Figura 3: Capitel Dórico Figura 4: Capitel Jônico Figura 5: Capitel Coríntio

Os artistas gregos então conscientes de seu poder e de A mistura dos diferentes estilos da arte grega pro-
sua maestria, ao longo do tempo, foram evoluindo na porcionou um resultado final tanto na arquitetura
maneira de representar, dentre as diversas técnicas ar- quanto na escultura de grande leveza e graciosidade
tísticas, no final do século V a.C; na arquitetura, os di- nas formas, foi no período Helenístico (século III a
versos estilos começaram a ser usados simultaneamente. II a.C), com o estudo e a observação da natureza,
que a pintura começa a ganhar profundidade e os
O Partenon fora edificado no estilo dórico, mas,
nos edifícios ulteriores da Acrópole, foram in-
elementos são, agora, representados em diferentes
troduzidas as formas do chamado estilo jônico. planos, os gregos modificaram os padrões pré-es-
O princípio que presidiu à construção desses tabelecidos do primitivo estilo oriental, criando,
templos foi o mesmo dos dóricos, mas, em seu assim, as possibilidades de enriquecer as imagens
todo, a aparência e o caráter acabam sendo di-
tradicionais com um mundo novo de característi-
ferentes. O edifício que mostra isso com o má-
ximo de perfeição é o templo chamado de Erec- cas extraídas da simples observação da realidade
teion (GOMBRICH, 1999, p. 99). que os cercava.

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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

ROMA e o terceiro e o quarto andares com meias colunas


A arte romana tem suas bases na arte já característi- em estilo coríntio.
ca dos gregos, pois esses eram os principais artistas
da Roma antiga. Dentre as manifestações de arte Coliseu de Roma
romana, destacam-se seu cuidado com as estradas
A mais importante característica da arquitetura
e a locomoção das pessoas nessas, bem como seus romana é, porém, o uso de arcos [...] construir
aquedutos e os tradicionais banhos públicos, todos um arco com pedras separadas em forma de
relacionados com conceitos arquitetônicos inova- cunha é uma dificílima façanha de engenharia.
Uma vez dominada essa arte, o construtor pode
dores; o mais famoso edifício romano é, talvez, a
utilizá-la para projetos cada vez mais ousados.
arena chamada Coliseu, composta, em seu interior, Pode multiplicar os pilares de uma ponte ou de
por um grande anfiteatro, em sua composição ex- um aqueduto, ou até fazer uso desse recurso para
terna, cada andar é caracterizado pelos arcos bem construir um teto abobadado. Os romanos se tor-
como pelos estilos das ordens gregas, o que com- naram grandes especialistas na arte da constru-
ção de abóbodas, graças a diversos expedientes
prova a influência dos gregos sobre a arte e a arqui-
de natureza técnica. O mais maravilhoso dos seus
tetura romana; o térreo com as colunas em estilo edifícios é o Panteão, um templo dedicado a to-
dórico, o segundo andar com características jônicas dos os deuses (GOMBRICH, 1999, p. 119, 121).

26
DESIGN

SAIBA MAIS

AQUEDUTOS: Canal subterrâneo ou fora do


solo, para conduzir água de um lugar para
outro.

ABÓBADAS: Arquitetura. Obra de alvenaria


arqueada em que os elementos que a cons-
tituem (pedras, tijolos etc.) se apóiam uns nos
outros, assumindo a forma de cobertura.

Fonte: Abóbada (online).

Os romanos aproveitaram tudo o que lhes convinha


da arte grega, melhorando-a de acordo com suas ne- Figura 6: Panteão de Roma

cessidades, tal característica fez com que o império


romano fosse um dos mais poderosos na história
da humanidade. Ao conquistarem um determinado
povo, eles procuravam aprender com esses, e não
exterminá-los como os bárbaros faziam, assim, a
vastidão em técnicas e a riqueza do aprendizado só
aumentavam.
A arte da escultura era parecida com a dos egíp-
cios, esculpir um busto do imperador e adorá-lo
como forma de lealdade era característico da socie-
dade romana, porém, na elaboração de tal trabalho,
não havia preocupação com a serenidade ou a inex-
pressividade (como no Egito), acrescentando seus
aprendizados com os gregos. As esculturas romanas
possuíam características as mais próximas possíveis
do real e menos lisonjeiras, a representação deveria
ser fiel tal qual o indivíduo era na realidade. As fa-
çanhas bélicas dos romanos também eram registra-
das em forma de arte, principalmente baixos relevos
com riqueza de detalhes e narrando detalhadamente
Figura 7: Projeto arquitetônico do Panteão, Roma
os acontecimentos. Fonte: Brockhaus… (online).

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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

A arte romana toma novas formas quando o impe- A arte romana passou por várias modificações con-
rador Constantino, em 311 d.C., estabelece a Igreja forme a cultura social foi se alterando; partiram de
Cristã como um poder no Estado, assim, o formato uma releitura da arte grega para as mais grandiosas
de arquitetura destinada à adoração não se encaixava construções e contribuições arquitetônicas da história
nos moldes, agora, reelaborados pela igreja. da humanidade. Com os romanos, podemos observar
que o aprendizado absorvido de outras culturas fora
Assim acontece que as igrejas não usaram os de total importância na construção de uma sociedade
templos pagãos como seus modelos, mas adota-
plena cultural, política e artisticamente falando.
ram o tipo de amplos salões de reunião que em
tempos clássicos, eram conhecidos pelo nome
de “basílica”, o que significa aproximadamente ARTE BIZANTINA
“pórtico real” (GOMBRICH, 1999, p. 133). Fundada pelo imperador Constantino, em 330,
Constantinopla, capital do império romano do
Ou seja, a construção dos novos locais para as celebra- Oriente, conhecido como Império Bizantino, relem-
ções se baseavam em uma arquitetura simples, um salão bremos, aqui, as aulas de história, o império romano
com colunatas ao longo de seu comprimento com late- foi dividido em Oriental e Ocidental, em 395, pelo
rais mais espaçosas, na extremidade oposta à entrada, imperador Teodósio. Em Constantinopla, uma anti-
havia um espaço semicircular usado como altar-mor ga colônia chamada Bizâncio abrigava diversas cul-
para onde a assembleia ou os fiéis dirigiam o olhar. turas, assim originando o nome de bizantino para
designar a arte provinda de lá.
Com a criação das igrejas, ou basílicas, existia,
agora, a preocupação em como decorá-las, conside-
rando que as imagens não eram permitidas e que a
Bíblia condenava tais representações.

O papa Gregório Magno, que viveu no final


do século VI, seguiu essa orientação. Lem-
brou aqueles que eram contra qualquer pintu-
ra que muitos membros da igreja não sabiam
ler nem escrever, e que, para ensiná-los, essas
imagens eram tão úteis quanto os desenho de
um livro ilustrado para crianças. Disse ele: “A
pintura pode fazer pelos analfabetos o que a
escrita faz pelos que sabem ler” (GOMBRI-
CH, 1999, p. 135).

É claro que arte destinada a expressar as questões religiosas


seria composta de rigor e restrição, mantendo sempre
Figura 8: Basílica de Santo Apolinário, em Classe Ravena, c. 530 d.C.
o foco na representação podemos dizer pedagógica
Fonte: StappoclasseInner1 (online). dos ensinamentos bíblicos. Observamos na imagem da

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DESIGN

basílica de Apolinário apresentada anteriormente que,


sobre o altar-mor, há representado, por meio da técnica
característica da arte bizantina, o Mosaico, a passagem da
Bíblia em que Jesus alimenta mais de cinco mil pessoas
com, apenas, cinco pães e dois peixes.

SAIBA MAIS

Características da Arte Bizantina:


• Uso do mosaico: criação de uma imagem
por meio de pequenas peças coloridas co-
ladas umas próximas das outras, formando,
assim, o todo.
• Expressão de poder, grandiosidade e riqueza.
Ex.: Basílica de Santa Sofia, construída no go-
verno de Justiniano.
• O imperador era considerado sagrado e
representante de Deus na Terra.
Figura 9: Teto do Altar da basílica de Santo Apolinário, em Classe Rave-
• Uso da frontalidade, proveniente da arte na, c. 530 d.C. decorado com a técnica do mosaico
egípcia, dava ideia de autoridade e respeito Fonte: Ravenna… (online).
ao personagem.
• Toda representação era rigorosamente reco- Podemos considerar que a arte bizantina retomou os
mendada pelos sacerdotes para os artistas: referenciais da arte antiga egípcia, porém representa-
local das mãos, pés, dobras das roupas, etc.,
da, agora, com novas técnicas, a arte com finalidade
assim como o local dos personagens.
dentro das igrejas fez com que os bizantinos vives-
• Personalidades oficiais, como o Imperador
Constantino, eram representados como per- sem de modo rígido a preservação das tradições e
sonagens sagrados, como Jesus Cristo e seus mantivessem, assim, características em sua arte, que
apóstolos e vice-versa (Cristo aparecia como outrora pertenceram aos gregos e aos egípcios, dessa
rei etc.).
forma, temos a formação da base artística europeia
• As basílicas eram construídas em planos
que permaneceu representada por meio das obras
quadrados sobre uma grande cúpula e havia
equilíbrio entre as partes. dos povos apresentados nesta aula. Em nosso pró-
ximo encontro, veremos como se deu a continuação
Fonte: adaptado de Arte… (online).
das diferentes manifestações da arte na Europa dos
séculos VI ao XI.

29
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

a europa
MEDIEVAL

30
DESIGN

O domínio da igreja e seu autoritarismo presente senso do belo representado por meio do domínio e da
em praticamente toda a Europa fez com que muitos manipulação do metal bem como da escultura carre-
dos acontecimentos ocorridos nesse período ficas- gada de simbolismos. Acredita-se que a arte para es-
sem esquecidos ou tão bem guardados que, até hoje, ses povos (Godos, Vândalos, Saxões, Suevos e Vikings)
não vieram a tona, portanto pouco se tem e pouco se também viesse de sua relação com a magia, misticismo
sabe sobre a assim chamada Idade Média, referente e crenças características de sua base e vida social.
às manifestações de arte. Na idade média, o destaque fica pelo início da
compreensão e da imersão do homem no seu pró-
O período que se seguiu a era cristã primitiva,
o período que sobreveio a queda do império
prio pensamento; compreendendo o mundo ao seu
Romano, é geralmente conhecido pelo nada redor e insatisfeito com o que via: domínio e repres-
lisonjeiro epíteto de Idade das Trevas. Deu- são pela igreja, guerras e invasões pelos bárbaros
-se-lhe essa designação para significar em par- e sua impotência por pertencer ao sistema feudal
te, que as pessoas que viveram durante esses
e não conseguir ascensão nem pessoal nem social.
séculos de migrações, guerras e sublevações
estavam mergulhadas na escuridão e tinham Podemos considerar, assim como Gombrich (1999,
escassos conhecimentos para guia-las; mas p. 164-165), que “os egípcios haviam desenhado
também para assinalar que pouco sabemos a principalmente o que sabiam existir, os gregos o que
respeito desses séculos confusos e desconcer-
viam; na Idade Média, o artista aprendeu também a
tantes que se seguiram ao declínio do mundo
antigo e precederam o surgimento dos países expressar em seu quadro o que sentia”.
europeus na configuração geográfica em que As obras pertencentes ao período da Idade Média
mais ou menos os conhecemos hoje (GOM- são, ainda, caracterizadas como arte para a catequiza-
BRICH, 1999, p. 158).
ção, ou seja, obras que ilustram as passagens bíblicas,
de modo a educar ou transmitir uma mensagem aos
O fato mais interessante é que, durante esse período, analfabetos da época, mas também existiam mani-
não houve nenhum destaque para algum tipo de esti- festações de arte fora das igrejas, considerando que
lo característico que designasse tal época, as revoltas, foi nesse período que grandes castelos bem como os
guerras e conflitos levaram a uma mistura de elementos grandes barões feudais surgiram. Porém conhecemos
na diversidade entre povos e classes. As tribos bárbaras mais da arte destinada à religião do daquela expressa
assombravam o atual território europeu, destruindo nos castelos, visto que esses eram destruídos nas bata-
toda e qualquer manifestação elaborada pelos ances- lhas, já as igrejas eram poupadas; “de um modo geral a
trais artísticos da história, como os gregos e romanos, arte religiosa era tratada com maior respeito, e cuida-
porém tais povos, por mais bárbaros que fossem ca- da com mais zelo, do que as decorações de aposentos
racterizados, tinham, de acordo com suas crenças, um privados” (GOMBRICH 1999, p. 168).

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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

A EUROPA GÓTICA
A base para o estilo que foi se modificando na Euro- Se eu quisesse uma altura maior, teria que fa-
pa medieval é o românico, em que os arcos e as abó- zer o arco mais profundo. Nesse caso, a me-
lhor solução não é ter um arco redondo, mas
badas faziam parte das construções arquitetônicas,
unir dois segmentos de arco. Foi nessa idéia
as igrejas, agora, necessitavam representar o céu na que presidiu a criação do arco ogival, cuja
terra e imprimir imponência e respeito, assim como grande vantagem é que pode ser variado à
as impenetráveis paredes de um castelo, o teto, an- vontade, mais achatado ou mais pontiagudo
segundo as exigências da estrutura [...] no in-
tes de madeira, construído nas basílicas não era mais
terior de uma catedral gótica, somos levados a
digno da beleza das recentes elaboradas catedrais e compreender a complexa interação de trações
as estruturas de pedra que sustentavam tal cobertura e pressões que mantêm a grandiosa abóbada
necessitavam ser, além de maciças, suficientemente em seu lugar. Não existem paredes cegas ou
pilares maciços em parte alguma. Todo inte-
fortes para sustentarem. Porém, diante de estudos
rior parece tecido de delicados fustes e nervu-
técnicos, observou-se a possibilidade da distribuição ras; sua rede cobre a abóbada e desce ao longo
do peso do teto ou de sua sustentação por meio de das paredes da nave para se unir no capitel
“pilares” ou “costelas” adicionadas nas laterais para, dos diversos pilares que são formados por um
assim, construírem monumentos belos sem prejudi- feixe de varas de pedras (GOMBRICH, 1999,
p. 187-188).
car a estética visual; nas paredes, agora, seriam aber-
tas janelas, com vitrais, outra técnica artística explo-
rada nesse período. SAIBA MAIS

Idealizado na França setentrional, a arte ou


estilo gótico surge, inicialmente, nas carac-
terísticas arquitetônicas das construções na
Europa por volta do século XII e se estende
até meados do século XV. Contrapondo o
estilo em voga, até então (estilo românico)
suas características evidenciavam o triunfo da
igreja católica durante a Idade das Trevas ou
Idade Média, as construções transmitem uma
sensação de leveza, que antes não tinham
devido à rigidez da arquitetura românica, por
outro lado, existe o exagero das formas dito
por alguns como sendo obras monstruosas,
pois eram necessárias outras formas de se
assegurar a construção das catedrais, como
exemplo, pesquise as imagens da catedral
de Notre Dame, em Paris, característica do
período.

Fonte: adaptado de Arte… (online).

Figura 10: Interior da catedral de Notre Dame e seus arcos ogivais

32
DESIGN

A escultura presente no período


Gótico traz certa dramaticidade en-
contrada na decoração das igrejas,
assim como as ilustrações apresen-
tadas nos pergaminhos e chamadas
de iluminuras. As esculturas tinham
a função de ensinar, portanto não
estavam apenas decorando, mas
sim ilustrando os ensinamentos aos
aristocratas e nobres da época.

Imagem da catedral de Notre Dame, vista frontal


e desenho da catedral vista de cima

SAIBA MAIS

Dentre os pintores de renome do período,


podemos destacar os precursores do movi-
mento renascentista :
• Giotto di Bondone - os santos eram re-
produzidos como seres humanos com
simplicidade. A visão humanista, na qual
o homem é o centro de todas as coisas,
começava a surgir nas pinturas dos ar-
tistas. As obras mais importantes foram
os Afrescos da Igreja de São Francisco de
Assis, localizada na Itália e o Retiro de São
Joaquim entre os Pastores.
• Jan Van Eyck - ele retratava a vida da so-
ciedade da época, registrando as paisa-
gens urbanas e as suas características
e detalhes. As obras mais importantes
são O Casal Arnolfini e Nossa Senhora
do Chanceler Rolin.

Fonte: adaptado de Arte… (online).

Figura 11: Casal Arnolfini de Van Eyck. Fonte: Van Eyck… (online).

33
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

A Burguesia

O
Em meados do século XII, quando o estilo gótico
século XIII ficou caracterizado como o começou a se desenvolver, a Europa ainda era um
século das catedrais, em que as diferen- continente escassamente povoado de campone-
tes técnicas artísticas se manifestaram ses, com mosteiros e castelos de barões que eram
na pintura por meio dos afrescos ou os principais centros de poder e de saber. A ambi-
ção dos grandes bispados por poderosas catedrais
mosaicos, passando pelas inovações arquitetônicas funcionando como sés episcopais foi a primeira
com os arcos ogivais ou a arte dos vitrais que, ago- indicação do despertar do orgulho cívico nos
ra, iluminavam o interior das catedrais com a luz burgos e nas cidades. Mas, cento e cinquenta anos
do sol, chegando até as esculturas, representando depois, essas cidades tinham se convertido em
centros fervilhantes de comércio, cujos burgueses
com perfeição as passagens bíblicas mais impor-
se sentiam cada vez mais independentes do po-
tantes; as representações de arte relacionadas à der da igreja e dos senhores feudais. Os próprios
igreja como conhecemos até aqui continuaram a se nobres já não viviam em sombria segregação nos
manifestar até meados do século XIV, mas já não se seus palácios fortificados, preferindo mudar-se
para as cidades que tinham conforto de luxo re-
caracterizavam como destaque das manifestações
quintados, aí exibindo sua riqueza nas cortes dos
artísticas, transformações estavam acontecendo poderosos [...] podemos dizer que o gosto do sé-
socialmente e um grupo, mais tarde dito classe, co- culo XIV se inclinava mais para o refinado do que
meçou a se destacar. para o grandioso (GOMBRICH, 1999, p. 208) .

34
DESIGN

SAIBA MAIS
tos artísticos elaborados, muitas vezes, pelo artista
contratado e pertencente às famílias. Os retratos
A sociedade nesse período se organizava da começam a aparecer como forma de representar
seguinte forma: não só personagens bíblicos, mas também as pes-
Clero: Era a representação da igreja, que divi- soas, primeiramente, os nobres e, depois, os bur-
dia-se em Clero secular e Clero regular. gueses; as estátuas são encomendadas e decoram
Nobreza: No topo tinha-se o rei, como sendo os altares das casas dos burgueses, os artistas me-
o chefe de estado, abaixo estavam os vários
títulos hierárquicos: Duques, Marqueses, Con-
lhoram suas técnicas e a natureza passa a ser repre-
des, Viscondes e Barões etc. sentada de maneira realista como nunca antes fora
O Povo: pertencentes as mais diversas ca- elaborada.
tegorias estes poderiam exercer inúmeras
funções, desde o trabalho intelectual até as Os artistas entretanto queriam ir ainda mais
funções unicamente braçais. além em seus aperfeiçoamentos. Já não se con-
Em meio ao Povo uma classe foi surgindo, tentavam com o domínio recém-adquirido de
eram os chamados Burgueses; comerciantes pintar detalhes tais como flores ou animais
que transformaram a ordem social rígida copiados do natural; queriam também explo-
e que contribuíram de modo significativo rar as leis da visão, e adquirir suficientes co-
para as relações de caráter comercial pros- nhecimentos do corpo humano para incluí-los
perarem. em suas estátuas e pinturas, como os gregos e
romanos tinham feito. Uma vez que seus in-
Fonte: adaptado de Oliveira (1998).
teresses enveredaram por esse caminho, a arte
medieval podia realmente considerar-se no
fim. Chegamos agora ao período comumente
conhecido como a Renascença (GOMBRICH,
Com o poder econômico nas mãos, mas não per-
1999, p. 221).
tencentes à Nobreza, os Burgueses procuraram, de
alguma forma, se aproximarem do universo impe-
netrável dos nobres. Como? Se não podiam receber Assim, com a busca incessante pela perfeição da re-
títulos, podiam, ao menos, comprar status, assim, presentação artística, por meio da observação e das
por meio da arte, a Burguesia foi ganhando desta- experiências, os artistas foram caminhando median-
que e reconhecimento, as famílias de comercian- te as revoluções sociais, comerciais e econômicas a
tes bem estabelecidos nas recém-formadas cidades diferentes formas de representar a realidade que os
procuram em tudo se assemelharem aos nobres, cercava, era um novo começo, novas experiências
isso incluí desde as vestes, com tecidos importados novos ideais. Na próxima unidade, veremos o des-
vindos de diversas partes do mundo, visto que as fecho ou a continuação das relações humanas com a
relações mercantis agora se estreitavam até as de- arte e, agora, pela visão humanista, advinda do Re-
corações por meio das obras de Arte ou de obje- nascimento, até a próxima.

35
considerações finais

Caro(a) aluno(a), podemos observar, mediante aos estudos desta unidade, que as
manifestações consideradas hoje por nós como expressão de arte, para os povos
que as executaram, representavam muito mais.
A arte foi se modificando, assim como o homem foi articulando as mudanças
sociais, econômicas e intelectuais durante a história, portanto a história da arte se
dissolve, se mistura com a própria história da humanidade. Como visto em nossa
primeira aula, a arte é a expressão das emoções e crenças dos diferentes povos, é
a manifestação da cultura desses, seus valores e hábitos.
Com o passar do tempo, o homem foi não só se conhecendo, mas também
conhecendo o mundo ao seu redor, compreendendo as questões da natureza e
imprimindo seu aprendizado por meio de diferentes representações, sejam elas
as simples pinturas rupestres nas paredes das cavernas com os povos primitivos,
ou os grandiosos templos em honra aos deuses do Olimpo na Grécia antiga, ou,
ainda, com os rituais para a vida após a morte da cultura egípcia; o fato é que o
homem foi aprendendo e crescendo com esses aprendizados.
Podemos observar quão grande foram as conquistas e os aprendizados do
homem ao observarmos a arquitetura da Idade Média, com a grandiosidade dos
castelos e do sistema feudal, mais adiante, consideramos de extrema relevância a
imponência das catedrais góticas e todo o simbolismo por trás de suas constru-
ções meticulosamente elaboradas com técnicas nunca antes utilizadas.
O homem cresceu com o aprendizado oriundo das relações entre os diferen-
tes povos, cada uma das culturas brevemente apresentadas nesse capítulo contri-
buiu de modo significativo para que tenhamos, nos dias de hoje, as atuais organi-
zações sociais, econômicas, arquitetônicas e artísticas; compreender como se deu
a origem histórica de tais manifestações faz com que conheçamos e valorizemos
a nossa própria história, além de nos dar um repertório vasto de inspiração para
criarmos novas propostas artísticas com base em nosso passado historicamente
rico de informações.
Bons estudos!

36
atividades de estudo

1. Considerando os estudos apresentados na uni- 4. Com relação à arte Grega, podemos destacar
dade, assinale a assertiva correspondente à de- que os gregos seguiram os passos dos egíp-
finição de arte apresentada no livro: cios, principalmente, na arte da escultura, mas
a. Expressão humana do mundo espiritual. foram além, evoluíram. Analisando o conteúdo
da unidade, descreva em que sentido ocorreu
b. Reflexo da cultura e da história dos diferentes
tal evolução na escultura grega.
povos.
c. Arquitetura, escultura, teatro e dança. 5. Dentre as manifestações estilísticas na arquite-
tura grega, podemos destacar três estilos. Assi-
d. Expressão dos diferentes tipos de pintura.
nale a assertiva que corresponde aos estilos de
e. Manifestação espiritual representada nas pin- arquitetura grega:
turas.
a. Dórico, Helenístico, Coríntio.
b. Helenístico, Arcaico, Jônico.
2. Dentre as manifestações caracterizadas como
artísticas no período antigo da história da arte, c. Dórico, Jônico, Coríntio.
temos a pintura, a arquitetura e a escultura.
d. Clássico, Arcaico, Coríntio.
Defina, com base no conteúdo abordado na
unidade, a assim chamada Pintura Rupestre. e. Homérico, Jônico, Coríntio

3. A arte egípcia não era baseada no que o artista 6. A partir dos estudos do material didático, cite e
podia ver em um dado momento, e sim no que explique três características da arte Bizântina.
ele sabia fazer (GOMBRICH, 1999). Assinale a
assertiva que representa a descrição da função 7. O estilo gótico foi idealizado na França Seten-
do artista no Egito Antigo: trional, durante o período medieval, como vi-
a. Decorar as tumbas com representações do mos em nosso material, descreva brevemente
dia a dia dos membros da elite egípcia. as principais características do estilo.

b. Narrar, por meio de imagens, os grandes fei-


tos do faraó.
c. Representar, por meio de ténicas artísticas,
o cotidiano do faraó, a fim de que sua alma
pudesse conviver com as características mais
próximas de sua realidade.
d. Pintar e decorar vasos narrando as guerras
vividas pelo faraó.
e. Reproduzir com nitidez a imagem do faraó e
de todos os membros da nobreza.

37
LEITURA
COMPLEMENTAR

Como sugestão para leitura complementar e para que de arte?”. Afirmar, hoje, que um objeto é ou não uma
você, caro(a) aluno(a), vislumbre mais uma das vertentes obra de arte acaba se tornando um verdadeiro desa-
onde a arte se manifesta, apresento-lhe este artigo que fio, em um momento em que uma infinidade de coisas
narra uma reflexão a cerca do conteúdo Arte e Moda, as- podem ser chamadas de arte. Archer (2001, IX) sugere
sim você pode conhecer um pouco mais sobre a sinergia que, “quanto mais olhamos, menos certeza podemos ter
que acontece entre essas duas áreas. quanto àquilo que, afinal, permite que as obras sejam
qualificadas como “arte, pelo menos de um ponto de vis-
ROUPA DE ARTISTA: A ROUPA COMO ta tradicional”. Enquanto alguns estudiosos continuam
LINGUAGEM NA ARTE defendendo o caráter essencialmente espiritual e não
utilitário da obra de arte, outros como Danto e Ostrower
buscam revisar as teorias da arte, a fim de adequá-las à
Resumo
nova realidade:
A Roupa de Artista, como linguagem artística, pode es-
tabelecer interessantes conexões entre a moda e a arte. Para ser arte, tem que ser linguagem. Qualquer ato
Apresentamos aqui uma breve reflexão em que busca- pode ser significativo. Por exemplo, uma bofetada.
mos compreender de que forma a arte se apropria da Mas não precisa ter significado artístico. Para tanto,
roupa como objeto expressivo e como linguagem, e que o conteúdo do ato teria que ser objetivado através
tipos de diálogos podem ser estabelecidos pela arte atra- de formas de linguagem, e comunicado, através
vés da Roupa de Artista. dessas mesmas formas. (OSTROWER, 1999, p.76)
Palavras Chave: Roupa de Artista. Arte. Moda. Lingua-
Inserir a moda, ou mais especificamente a roupa, como
gens Artísticas.
linguagem artística, nos coloca diante do desafio de bus-
[...]
car seu espaço na arte. Mendonça (2006, p. 11, grifo do
autor) comenta que “a criação do vestuário é forçosa-
A ROUPA COMO LINGUAGEM DA ARTE
mente arte visual aplicada e, portanto, configura uma
Muito se discute a respeito do que pode ser classifica-
linguagem artística”. Se considerarmos as ideias de Os-
do como arte. Desde muito cedo, a estética e a filosofia
trower (1999, p.197) quando afirma que “o que determi-
da arte se ocupam dessa questão. Com os alargamentos
na o caráter artístico de uma imagem é a expressividade
sofridos pela arte, e com suas transversalidades, muitas
das formas de linguagem”, então estaremos mais perto
confusões surgiram no momento em que objetos de
de encontrar nosso denominador comum entre a arte e
uso cotidiano adentraram as portas dos museus e ali
a moda.
se instalaram. Danto (2010, p.42, grifo do autor) chega
a indagar-se: “afinal, que tipo de predicado é “uma obra Fonte: adaptado de Basso (online).

38
DESIGN

História da indumentária e da moda, da Antiguidade aos dias atuais


Bronwyn Cosgrave
Editora: GG Moda
Sinopse: A indumentária de cada cultura é um reflexo dos valores de cada sociedade em sua
época. Por funcionalidade, ostentação ou pura questão estética, o vestuário sempre serviu
para comunicar o que, para a autora, é o verdadeiro significado da moda: a manifestação da
personalidade de cada indivíduo.
Com base em uma extensa pesquisa histórica, História da indumentária e da moda apresen-
ta a indumentária e a evolução da moda desde os povos da Antiguidade aos grandes estilis-
tas do século XX e a indústria das marcas internacionais. Cada capítulo é ricamente ilustrado
e aborda a indumentária e os costumes das culturas e períodos históricos mais representati-
vos por meio de seu contexto histórico e do papel da mulher na sociedade em questão e des-
creve o vestuário de homens e mulheres e os tecidos utilizados, além de chapéus, acessórios
de cabeça, penteados, maquiagem, perfumes e demais cuidados pessoais.
Comentário: O livro nos apresenta a história da Arte e da indumentária de modo objetivo,
em que as divisões do conteúdo nos posiciona acerca de elementos como o papel da mulher
nas diferentes civilizações, o papel do homem, ainda o contexto histórico bem como a indu-
mentária e pontos sobre as manifestações sociais e artísticas.

Cleópatra
Ano: 1963
Sinopse: O filme narra a história de amor entre Cleópatra e Marco Antonio e como a rainha
do Egito, que assume o trono com apenas dezessete anos, termina seu reinado suicidando-
-se; uma das mais belas obras cinematográficas que eternizou a imagem de Elizabeth Taylor
interpretando Cleópatra.
Comentário: Um vasto acervo imagético que nos traz alguns referenciais arquitetônicos da
antiguidade, além de um excelente acervo sobre indumentária e cultura antiga.

39
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

Conforme o conteúdo apresentado em nosso material didático, o vídeo a seguir mostra um


resumo, rico em imagens, de como se originou o termo arte e de como se manifestaram as
diferentes expressões dessa nas diferentes culturas durante a história. Assista ao ducumetá-
rio História da Arte - Das Origens ao Legado Grego (PARTE I).

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=JAU9j2i7eGU>. Acesso em: 21 dez. 2015.

40
DESIGN

41
DO RENASCIMENTO À
CONTEMPORANEIDADE

Prof.ª Me. Ana Paula Furlan / Prof. Dênis Martins de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Conquistando a Realidade; novos Ideais
• Século XVIII e XIX
• Século XX a era da diversidade

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a importância das manifestações artísticas e sociais
ocorridas durante o período conhecido como Renascimento.
• Analisar as influências sociais nas manifestações artísticas durante o
período correspondente ao século XVIII e XIX.
• Observar como a arte no século XX apresentou características
peculiares alterando os conceitos conhecidos até então.
unidade

II
INTRODUÇÃO

O
lá, caro(a) aluno(a)! Vamos conhecer um pouco da História da Arte?
Sabemos que é uma ampla e rica passagem pelo universo de perío-
dos, pintores, artistas, músicos, filósofos entre outros. Estes estudos
acerca da História da Arte, terão foco no período do “Renascimento”,
que estudaremos mais detalhadamente, mais precisamente, a partir do século XV.
Este termo nos remete a uma época histórica complexa, um período considerado
complexo e caracterizado pela diversidade de acontecimentos, em diversas áre-
as distintas. Certamente foi um momento de interiorização do ser humano, e a
Arte renascentista era incomparável, com traços impares e cheia de belas coisas.
Estudaremos, nesta unidade, esse período tão relevante para a história da huma-
nidade. Vamos estudar também sobre a transição entre a Idade Média e a Idade
Moderna, que sediou importantes acontecimentos artísticos e culturais, quando
a arte teve considerável desenvolvimento. Estudaremos, também, estudar as mu-
danças ocorridas por conta do antropocentrismo, em oposição ao teocentrismo
que era bastante ressaltado na Idade Média. O século XVlll que foi considerado
o período “da luz” e o século XlX, quando O Renascimento, então, a partir deste
século, passa a representar toda uma cultura crescida nos séculos XV e XVI, com
um novo aparecimento do pensamento oposto da Idade Média. Esta unidade nos
fornecerá subsídios para o entendimento dos séculos XV, XVl, XVll, XVlll, XlX
e século XX, pautará os principais marcos na história da Arte, já que a consti-
tuição intelectiva do Renascimento ocasionou um acordar da beleza, trazendo
a elegância, e isso, poderemos entender principalmente nos períodos Barroco
e Rococó, que disseminam a arte nas vestimentas, na decoração, nos adornos,
na arquitetura. Vamos entender porque no renascimento os homens passaram
a estar plenamente conscientes de suas capacidades e dotados de uma nova e
notória independência, fugindo aos padrões antigos. Tanto foram as mudanças,
que algumas pessoas acreditavam ter acontecido algum tipo de milagre. Vamos
entender o tamanho progresso em variadas áreas e a considerável melhoria, tra-
zendo genialidade e talentos ao período. Vamos estudar o porquê da influência
tão forte da arte em tantas outras áreas, como na arquitetura, beleza, decoração,
entre outros. O estudo do “Impressionismo” que possuía algumas características
peculiares também faz parte dessa unidade. Vamos rever o valor dado aos temas
da natureza, quando a pintura por meio do uso da luz natural expressava cenas
quase reais, carregadas de naturalidade e encanto. Já no século XX, vamos estu-
dar o aparecimento de pessoas consideradas importantes na história, de renome
e de plena contribuição para a sociedade, responsáveis por grandes descobertas
e importantes inovações, como o aparecimento do primeiro computador. Sendo
assim, vamos entender o porque de a arte sempre estar presente no decorrer da
história da humanidade, prestando sua contribuição a variadas áreas e em setores
diversos.
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

CONQUISTANDO A
REALIDADE; NOVOS IDEAIS
Olá, caro(a) aluno(a)! Você já conhece o termo “re- Por que chamamos esse período de “Renascimento”?
nascimento”? Vamos estudar um pouco sobre esse Porque foi considerado uma redescoberta e revalori-
tema. Podemos encontrar o período do Renasci- zação das referências da cultura na antiguidade clás-
mento com três termos distintos: Renascimento, sica, e esses ideais dirigiram mudanças do período
Renascença ou Renascentismo. O renascimento foi do renascimento. O termo surgiu a partir da publi-
um movimento que abordou todas as áreas dos pe- cação do livro “Cultura do Renascimento na Itália”
ríodos em que vigorou, porém, aqui, vamos centra- (1867), de autoria de Giorgio Vasari - pintor, arqui-
lizar as informações no “Renascimento Cultural”. teto e historiador da arte italiana.
Este movimento ocorreu na Europa, entre os sé- O Renascimento cultural revelou-se primeiro na
culos XV, VXI e início do século XVII, não temos, região italiana de Toscana, mais precisamente nas ci-
ainda, uma precisão sobre as datas, apenas apro- dades de Florença e Siena, mas logo se estendeu para
ximações. O renascimento anunciou as preocupa- o restante da Península Itálica e, finalmente, alargou-
ções surgidas com o desenvolvimento comercial e -se para quase todos os países da Europa Ocidental.
urbano. Tinha como temática principal a racionali- Cosgrave (2012, p. 117) nos fala:
dade e a individualidade do homem. Esse período
foi marcado por modificações em muitos campos O Renascimento foi difundido pela Europa oriental,
mas os principais encontravam-se nos estados ricos
da vida humana. Tais modificações puderam ser
da Itália central e setentrional, em particular, Flo-
bem percebidas em variadas situações, como na rença, Roma e Veneza e em Frandles, que se tornou
cultura, na sociedade, na economia, e pode tam- um importante centro para o comércio e as artes.
bém ser percebida na política e religião. Foi um
período de intensas mudanças e ficou conhecido O desenvolvimento da imprensa foi um fator consi-
também por transcender o feudalismo para o ca- derável para o impulso do renascimento, sendo res-
pitalismo, tendo suas maiores influências nas áreas ponsável por este fato, Johanes Gutemberg - impor-
da filosofia e artes. tante inventor alemão do século XV.

46
DESIGN

O Homem Vitruviano, de Leonardo Da Vinci.

47
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

na Europa, a partir do século XV. Alguns europeus ga-


nharam bastante dinheiro com o comércio nesta épo-
ca, melhorando muito suas condições financeiras e,
posteriormente, passaram a ter condições financeiras
para acometer em obras de arte de escultores, pinto-
res e arquitetos. Esses artistas tinham apoio financeiro
dos governantes europeus e também do clero. Essa
ajuda, que era conhecida na época como mecenato e
vinha dos mecenas - governantes e burgueses – e algu-
mas famílias favorecidas financeiramente, chamadas
de Nobre, favorecia muito os artistas porque, justa-
mente por possuírem dinheiro em quantidade gran-
de, acabavam encomendando pinturas de retratos e
esculturas aos artistas (GOMBRICH, 2008).

SAIBA MAIS

O Universalismo era uma característica mar-


cante no renascimento. Para ser Universalista,
era preciso um desenvolvimento de todas as
Monalisa, de Leonardo Da Vinci áreas do saber. O pintor Leonardo da Vinci
era considerado um modelo de homem uni-
versalista, pois era matemático, físico e pintor.
O renascimento foi visto com maior proporção na
Fonte: a autora.
Itália, mas algumas expressões renascentistas vieram
a acontecer também na Inglaterra, na Alemanha,
Portugal e Espanha. Nicolau Sevcenko nos fala a res-
peito do renascimento: Esse comércio expansivo do período do renascimen-
to, ao qual falamos acima, se ampliou muito na Pe-
Não há um Renascimento, há múltiplos. O mais nínsula Itálica, e, por isso, o local ficou conhecido
característico desse fenômeno histórico é, pois,
como ascendente de uma quantidade considerável
a rica variedade das suas manifestações, asse-
melhadas algumas práticas e produções entre e ampla de produções artísticas. Algumas cidades
si, contrastante outras, convergentes ainda algu- como Veneza, Florença e Gênova foram exemplos de
mas e contraditórias inúmeras (Conf. Nicolau movimentos artísticos e também intelectuais. Esses
Sevcenko, 2005. O Renascimento, p.73). fatos fizeram da Itália a cidade que acolheu o renas-
cimento, passando a ficar conhecida como “berço do
O renascimento movimentou, consideravelmente, o Renascimento”. Algumas características marcaram a
mercado pela diversificação dos produtos de consumo fase do renascimento, dentre elas:

48
DESIGN

• Para os artistas da época renascentista, os gre- profanos com temas religiosos; houve a com-
gos e romanos possuíam uma visão completa pleição do humanismo na literatura, também
e humana da natureza, valorizando a cultura; na pintura e escultura; houve também a ex-
O ser-humano era enaltecido por qualidades pansão do Renascimento à outros países da
como inteligência, conhecimento e o dom ar- Europa: Holanda, Espanha, Portugal, França
tístico; O homem passava a ser o centro das e Alemanha.
atenções – antropocentrismo -, já na Idade
Média a vida do homem era centrada em
Importante sabermos que, no século XVl, foi origina-
Deus – teocentrismo.
do o estilo “barroco” que cresce após o procedimen-
Alguns artistas representavam o renascentis-
to de Reformas Religiosas, porque neste momento a
mo na Itália, são eles: Giotto, Fra Angélico,
Michelângelo, Leonardo da Vinci, Sandro Bo- Igreja Católica havia perdido espaço e poder, mas a
ttielli, entre outros. igreja ainda entusiasmava o cenário político, econô-
O renascimento ficou marcado por algumas mico e religioso na Europa. A palavra barroco tem
fases, são elas: Trecento, quatrocentto, cin- sua definição parecida com as características de seu
quecento. Vamos ver algumas características próprio estilo: “pérola irregular” ou “pérola defor-
e o que contemplava cada uma dessas fases. mada”, justamente para representar o conceito de ir-
• Trecento: aconteceu no século XlV, foi um regularidade (GOMBRICH, 2008).
período de mudança da cultura medieval
Já a arte barroca misturava a espiritualidade e
para a cultura renascentista; mesclava sen-
teocentrismo da Idade Média, racionalismo e an-
timentos, características físicas, comporta-
mentos da vida humana com a religiosidade; tropocentrismo do Renascimento. As obras tanto de
O dialeto toscano, oriundo da língua italia- pintura como de esculturas, desse período, são bem
na estava presente nas obras literárias, assim carregadas, cheias de detalhes, expressando emoções
como o humanismo; houve um resgate da da vida e do ser humano. O final do barroco, que
cultura greco-romana, visível na literatura se deu no século XVIII, foi chamado de rococó e ti-
renascentista.
nha características próprias, mas ainda as principais
• Quattrocento: aconteceu no século XV, e
características do barroco faziam-se presentes nesta
neste período era possível perceber forte-
fase (COSGRAVE, 2012).
mente aspectos da cultura greco-romana,
do paganismo, caracterizado pela mitologia
e personagens da literatura clássica; acon- REFLITA
tecia o mecenato; as artes plásticas utiliza-
vam-se dos métodos de pintura a óleo; hou-
Durante o Renascimento o comércio se de-
ve a quebra de aspectos das artes plásticas senvolveu na Península Itálica, originando ali
e literatura da Idade Média, e vivenciou o um grande local de produções artísticas. As
apogeu da arquitetura; pinturas e esculturas cidades de Veneza, Gênova e Florença assisti-
com perfeição estética, com uma mistura do ram um expressivo movimento artístico e, por
moderno com o clássico. essa razão, a Itália passou a ser considerada
o berço do Renascimento.
• Cinquecento: aconteceu no século XVI, nes-
te período houve uma conciliação de temas

49
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

SÉCULO
XVIII e XIX

Exemplo do estilo Rococó

Vamos estudar um pouco dos fatos que aconteceram assim, os indivíduos encontravam novas formas de
no século XVIII. Este século ficou marcado pela Ida- demonstração do “eu”. (JANSON, 2001).
de Moderna. Foi marcado também por alguns con- Não podemos esquecer que o século XVIII vi-
flitos na Europa, nesta época, os valores cristãos e venciou a chamada “Filosofia das Luzes”, momen-
da política feudal foram olhados sem diferenças por to em que deu-se bastante importância à reflexão,
pensadores do iluminismo - movimento intelectual desenvolvendo-se atividades críticas que eram, até
do século XVIII, caracterizado pela centralidade da aquele momento, limitadas pela dependência às nor-
ciência e da racionalidade censurada no questiona- mas da Antiguidade.
mento filosófico - a filosofia das luzes, Ilustração, Já nos meados do século XVlll, o estilo “Barroco”
esclarecimento - e houve um desligamento das ins- deixava de ser visto, dando lugar ao estilo “Rococó”.
tituições culturais da época, em relação aos dogmas Este estilo era caracterizado pelo exagero, em todas as
eclesiásticos. Houve uma comparação entre as for- áreas, vestuário, decoração, arte, entre outros. Roco-
mas da natureza e os povos de todo o mundo, sendo có surgiu em Paris, por isso tem sua origem francesa,
assim classificados; a burguesia cosmopolita teve co- rocaile – decoração de jardins em formatos de con-
nhecimento de ser uma camada ampla e principal da cha. Este estilo expressava o exagero que justamente
sociedade, que tinha um potencial intrigante. Sendo vinha na contra-mão com o estilo sutil do Barroco.

50
DESIGN

Já o século XlX chega baseado nas tradições do O século XlX ficou marcado por uma ruptura li-
século XVlll, porém com um novo espírito de mo- near, que se deu por meio do Impressionismo - movi-
dernidade. A Revolução Industrial da França, a ciên- mento artístico que surgiu na França no final do século
cia e a tecnologia foram claramente percebidas du- XIX - considerado o marco inicial da arte moderna, o
rante o século XlX, e a comunicação se torna possível nome “impressionismo” deriva de uma obra de Monet
com a invenção dos telégrafos. No estilo Rococó as chamada Impressão, nascer do Sol . O impressionis-
linhas eram leves, delicadas, e a utilização de linhas mo tinha algumas características notáveis, dava ênfa-
curvas era visível. se nos temas da natureza, paisagens, usava de técnicas
O uso de temas referentes à natureza eram muito de pintura por meio do uso da luz natural, abusava da
comuns, retratando pássaros e flores, plantas e ro- decomposição das cores, as pinceladas eram soltas e
chas, as cascatas de águas também eram bastante re- buscavam os movimentos da cena a qual estava sendo
tratadas. A arte nesse período, já não tinha influên- pintada, com uso de sombras coloridas e luminosas. A
cia de temas religiosos, e o conceito era uma reflexão aceitação do impressionismo não se deu de imediato,
do que era refinado e exótico. Já no Brasil, aconteceu por este ser considerado palco de propostas lineares e
diferentemente de alguns países da Europa, o Roco- acadêmicas. A arte trazia o clássico (Neo-classicismo,
có teve bastante influência de temas religiosos, bas- Romantismo, Realismo) com exigência de perfeição,
tante visto na arquitetura. O estado de Minas Gerais dando grande valor à proporção e ao equilíbrio. Neste
traz exemplos desse tipo de arquitetura, que também momento, os desenhos se sobressaíam às cores, e o
pode ser vista em Belém e Pernambuco. lado impessoal era mais evidente que o lado pessoal.
Rompia-se o clássico, trazendo novas técnica, surgin-
SAIBA MAIS do, aí, a arte moderna. O século XIX ficou conhecido
na arte por conservar enquadramento, planos selecio-
nados, esquemas de composição. Os artistas consi-
Aleijadinho - Antônio Francisco Lisboa - ini-
derados impressionistas prosseguiam em sua pintura
ciou sua vida artística na infância, ao observar
seu pai trabalhando, que também era enta- realista e poética, buscando sempre muito próximo
lhador. Aos 40 anos de idade desenvolveu do real. Uma geração de pintores passa a se relacionar
uma doença degenerativa nas articulações e menos com a natureza e mais com o espectador, in-
foi perdendo os movimentos dos pés e das
ventando algumas técnicas revolucionárias. Podemos
mãos, foi quando precisava pedir um ajudan-
te para amarrar suas ferramentas em seus dizer que esses artistas foram mais antecessores que
punhos para que pudesse esculpir e entalhar, realizadores.
expressando uma coragem incomum para
poder continuar com sua arte. Aleijadinho,
O Impressionismo não é receita descoberta re-
além de ser um artista do Barroco, foi tam-
pentinamente e suas obras não são produtos só de
bém um dos principais representantes do
teorias e de ideologias. Determinado número de
Rococó no Brasil.
obras dos impressionistas possibilitou evolução
da linguagem visual, transformou figuração do
Fonte: adaptado de Cosgrave (2012).
espaço, libertou artistas de convenções seculares,
introduziu a pesquisa (RAPOSO, 1999, p. 46).

51
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

SÉCULO XX
A ERA DA DIVERSIDADE

52
DESIGN

O século XX vivenciou o surgimento e também a artísticos como Expressionismo - movimento artís-


morte de diversas ideologias políticas. Podemos en- tico que retratava as emoções e respostas subjetivas
tender que, neste século, aconteceram grandes mar- que objetos e acontecimentos acendem no artista - ,
cos nas mais variadas áreas, como por exemplo, a so- o Fauvismo - escola que utilizava de cores vibrantes
lidificação do cinema e da televisão. Este século foi de e iniciou a redução da linguagem da pintura aos es-
suma importância porque nele incidiu o surgimento senciais: cor, forma e pincelada - , o Cubismo – estilo
de pessoas importantes para a história, que fizeram artístico e movimento iniciado em Paris, pregava a
grandes obras, grandes invenções. Vamos estudar substituição das representações do espaço tridimen-
agora alguns nomes conhecidos que participaram sional, da perspectiva, pelo uso faz pequenas for-
consideravelmente do século XX: Albert Einstein, mas decompostas e geometrizadas em observação a
Tom Ford, Pelé (rei do futebol no Brasil), Micha- uma obra -, o Futurismo - movimento dirigido para
el Jackson, Hitler, Mussolini, Stalin, Pol Pot e Mao o futuro, cravando o aniquilamento da arte ante-
Tsé-Tung. Um marco relevante para a música foi o rior, impressionista, naturalista, cultuava a mudan-
surgimento da guitarra elétrica, e para a tecnologia, o ça, invenção, velocidade, a produção, a máquina -
surgimento do primeiro computador comercial. Este o Abstracionismo - utilização demasiada do pensar
século vem marcado por intensas mudanças histó- abstratamente as coisas -, o Dadaísmo – movimen-
ricas, que comprometeram a conduta político-social to literário e artístico de amplitude internacional,
do nosso tempo, porque a burguesia - classe social que cultuava, basicamente, o desejo de revolucio-
nascida na Europa, com a entrada do comércio na nar ideias tradicionais - , o Surrealismo - movimen-
sociedade feudal, poder e enriquecimento - e pro- to literário e artístico caracterizado pela expressão
letariado - conjunto de trabalhadores que precisam espontânea e automática do pensamento, ditada
vender a sua força-de-trabalho para empresários ca- apenas pelo inconsciente, glorificava a prevalência
pitalistas - foram diferenciados pelo capitalismo - sis- incondicional do sonho e pregava a renovação de
tema econômico baseado na legalidade dos bens pri- valores morais, políticos, científicos e filosóficos - ,
vados e na liberdade de comércio e indústria - com a Op.art – movimento artístico cujo nome significa
objetivo de adquirir lucro. Também, no século XX, “arte óptica”, caracterizado por obras que oferecem
aconteceu o surgimento e também a morte de diver- figuras geométricas, em preto e branco ou colori-
sas ideologias políticas. Podemos entender que este das, combinadas para que provoquem no espectador
século marcou grandes inovações e transformações, uma sensação de movimento – e a Pop-art - que é a
nas mais variadas áreas, como, por exemplo, a soli- abreviatura em inglês de “arte popular” e representa
dificação do cinema e da televisão. Além de que este um movimento nascido mais ou menos na metade
século foi, realmente, de suma importância, porque dos anos 50, que focava na desconstrução das ima-
nele várias pessoas importantes passaram a fazer sua gens pertencentes às culturas de massa, a chamada
história. As contradições e complexidades do século “cultura pop”- expressam, de um modo ou de outro,
XX tornaram-se um rico território para a criação de a perplexidade do homem contemporâneo (AGRA,
novas considerações na área das artes. Movimentos 2006, GOMBRICH, 2012).

53
considerações finais

Nestes estudos acerca da História da arte, focamos o período do Renascimento,


estudamos acerca desse termo e pudemos constatar que este pode ser encontra-
do nas referências teóricas sobre História da Arte como: Renascimento, Renas-
cença ou Renascentismo – tendo, esses três termos, o mesmo significado - e pu-
demos inferir também que o Renascimento constitui-se de uma época histórica
bastante complexa, um período considerado difícil, porém caracterizado pela
sua pluralidade de fatos e acontecimentos. Constatamos que, hoje, colhemos os
frutos de acontecimentos do período do Renascimento e, atualmente, há uma
interiorização do ser humano, como se nada parecesse tão idealizado perto da
Arte renascentista, em que as alegorias eram retratadas e a arte pintava coisas
tão bonitas, harmoniosas e, talvez esta seja a principal mudança que vivencia-
mos hoje, uma busca fora daquilo que se pode ver. Já o ser-humano se resume as
procuras interiores, fora daquilo que os olhos veem. Foi um período de transição
entre a Idade Média e a Idade Moderna que sediou importantes acontecimentos
artísticos e culturais. Houve um considerável desenvolvimento das artes, talvez
a mais lembrada das mudanças ocorridas no Renascimento, fazendo par com o
antropocentrismo, em oposição ao teocentrismo ressaltado na Idade Média. O
Renascimento, então, a partir do século XIX, passa a representar toda uma cul-
tura crescida nos séculos XV e XVI, com um novo aparecimento do pensamento
oposto da Idade Média, e por essa razão, deixa de ser avaliado como um ingênuo
movimento estilístico que conservava distinções nas técnicas que compreendiam
a arte. Com base nos estudos desta unidade, podemos inferir, a priori, que é no
século XIX que aconteceu a constituição intelectiva do Renascimento, como se,

54
considerações finais

de repente, houvesse um acordar da beleza, da elegância, da luz. Foi vivenciado


um período em que os homens passaram a estar plenamente conscientes de suas
capacidades, dotados de independência, audaciosos e superiores às amostras
antigas. Algumas pessoas que viveram neste período acreditavam que pudesse
ter acontecido um milagre, para justificar tanta mudança em pouco tempo, tan-
to progresso em variadas áreas e uma melhoria visível de genialidade e talentos.
Foi possível estudarmos as diferenças entre períodos sequenciais, como no século
XVll que havia um viés com a criatividade e uma excelência na arte. Aprendemos
que os estilos Barroco e Rococó se completavam, porém apresentavam algumas
diferenças consideráveis na aparência, representadas por sutilezas de formas, vo-
lumes, cores, detalhes do estilo Barroco contraditoriamente às formas exagera-
das, avantajadas, cores fortes. Observamos, também, que a arte comandava toda
a influência nas outras áreas, na arquitetura, beleza, decoração, entre outros. Já
no século XlX, imperou o movimento do “Impressionismo” que possuía algumas
características peculiares, valorizava os temas da natureza e empregava técnicas de
pintura por meio do uso da luz natural. Enquanto que, no século XX, foi possível
estudarmos o aparecimento de pessoas consideradas importantes na história, de
renome e de plena contribuição para a sociedade. Grandes descobertas e inova-
ções, como o aparecimento do primeiro computador. Podemos concluir, então,
que a arte sempre esteve presente no decorrer da história da humanidade, prestan-
do sua contribuição a variadas áreas e em setores diversos, deixando novas formas
a cada período, novas cores, novas maneiras de representar a arte, por meio dos
movimentos artísticos, pelas influências religiosas, políticas, entre outras.

55
atividades de estudo

1. Assinale com um X todas as alternativas corretas que correspondam ao estilo Barroco:


a. A palavra tem como definição “pérola deformada”.
b. A arte barroca misturava a espiritualidade e teocentrismo.
c. As obras deste período tanto de pintura como de esculturas são bem carregadas e cheias de detalhes.
d. O final do barroco, que se deu no século XVIII, foi chamado de rococó.
e. As características do Barroco ainda se faziam presentes quando teve início o Rococó.

2. Leia, analise e assine o gabarito:


I. Um marco do século XV relevante para a música foi o surgimento da guitarra elétrica.
II. No século XX, surge o primeiro computador comercial.
III. As contradições e complexidades do século XX tornaram-se um rico território para a criação de novas
considerações na área das artes.
IV. O Expressionismo foi o movimento artístico que retratava as emoções e respostas subjetivas que ob-
jetos e acontecimentos acendem no artista.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

3. Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):


( ) O Dadaísmo foi um movimento literário e artístico de amplitude internacional que cultuava o desejo
de revolucionar ideias tradicionais.
( ) O Fauvismo era uma escola que utilizava cores vibrantes e iniciou a redução da linguagem da pintura
aos essenciais: cor, forma e pincelada.
( ) O Cubismo era um estilo artístico e movimento iniciado em Paris, pregava a substituição das repre-
sentações do espaço tridimensional, da perspectiva, pelo uso faz pequenas formas decompostas e
geometrizadas em observação a uma obra.

4. O que foi a “Op.art”?


5. O que foi a “Pop-art”?

56
LEITURA
COMPLEMENTAR

Considerando as questões que permeiam o universo que compreende as áreas de Arte e da Moda, como sugestão
para leitura complementar à sua formação, caro(a) aluno(a), sugerimos o artigo que apresenta uma visão sobre as
duas áreas expressas, juntamente com o contexto do design e do trabalho conceitual que conecta Arte e Moda. Boa
Leitura!!!

ARTE E MODA CONCEITUAL: UMA REFLEXÃO EPISTIMOLÓGICA


José Mário Martinez Ruiz*

RESUMO: Esse texto tem por objetivo fazer conexões possíveis entre arte e moda conceitual, bem como questionar se
existe uma relação entre essas formas de linguagem e qual é o propósito das coleções conceituais. Para isso, utilizare-
mos a literatura especializada como arcabouço teórico para análise de três estilistas Alexander McQueen, Alexandre
Herchcovitch e Jum Nakao. PALAVRAS-CHAVE: Arte conceitual; moda conceitual; criação; design; moda contemporânea.

Depois de Duchamp (1887-1969) ter levado um urinol para um espaço consagrado da arte e ter declarado que
aquele objeto é arte, depois de as vanguardas artísticas do início do século 20 proporem o rompimento da di-
ferenciação entre arte e cotidiano, hoje, no início do século 21, não seria o local onde pretensamente é lugar
privilegiado para se discutir moda? (OLIVEROS, 2004, p. 57).

A pergunta pertinente do jornalista faz refletir sobre quanto ainda precisamos avançar nas pesquisas relativas à moda,
apesar de pesquisadores conceituados, como Gilberto Freyre e Gilda de Mello e Souza, no Brasil e, Gilles Lipovetsky e
Roland Barthes, no Exterior, no início e meados do século passado, terem proposto uma análise mais profunda sobre
a moda. É preciso responder a uma série de indagações a esse respeito; por isso muitos pesquisadores da atualidade
estão se atendo a esse fenômeno de consumo e linguagem. Com o amparo teórico da literatura especializada e tam-
bém de relatos colhidos em revistas de moda, este artigo procura responder a algumas dessas indagações: de que
forma a moda e a arte conceitual se relacionam? Existe um paralelo possível entre essas formas de linguagem? Afinal,
qual é o propósito das coleções conceituais? Para dissertar sobre esse assunto torna-se necessário, primeiramente,
verificar o que é a arte conceitual e o que ela representou em termos de mudança da linguagem no campo das artes.
Após essa explanação, o texto procura tratar de moda conceitual, e para isso utiliza três estilistas conceituados: o
inglês Alexander McQueen e os brasileiros Alexandre Herchcovitch e Jum Nakao.

Fonte: Ruiz (2015).

57
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

História ilustrada do vestuário, um estudo da indumentária, do Egito antigo


ao final do século XIX
Melissa Leventon
Editora: Publifolha
Sinopse: História Ilustrada do Vestuário é uma obra ilustrada que combina dados históricos
com estudos de dois artistas gráficos do século 19 - Auguste Racinet e Friederich Hottenroth.
Apresentados cronologicamente e divididos por temas, os desenhos acompanham textos de
especialistas e trazem informações sobre a história da vestimenta. Traz ainda um capítulo
sobre acessórios e um glossário.
Comentário: Com ilustrações ricas em detalhes, o livro apresenta de maneira clara e objetiva
o contexto histórico representado através da vestimenta, uma alternativa interessante para
auxiliar você, caro(a) aluno(a), a compreender a evolução histórica do homem nos diferentes
períodos.

Maria Antonieta
Ano: 2005
Sinopse: A princesa austríaca Maria Antonieta (Kirsten Dunst) é enviada ainda adolescente à
França para se casar com o príncipe Luis XVI (Jason Schwartzman), como parte de um acordo
entre os países. Na corte de Versalles ela é envolvida em rígidas regras de etiqueta, ferre-
nhas disputas familiares e fofocas insuportáveis, mundo em que nunca se sentiu confortável.
Praticamente exilada, decide criar um universo à parte dentro daquela corte, no qual pode
se divertir e aproveitar sua juventude. Só que, fora das paredes do palácio, a revolução não
pode mais esperar para explodir.

Comentário: excelente estudo sobre arquitetura, arte, pintura e indumentária da época,


além de uma visão única sobre a corte, bem como seus costumes.

Como vimos nessa unidade, há uma continuidade das manifestações artísticas desde a Re-
nascença até a atualidade, continuamos também com o documentário, assista a continuida-
de de História da Arte - Das Origens ao Legado Grego (PARTE II).

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UkD-CgyXYIM>.

58
DESIGN

59
O DESIGN

Prof.ª Esp. Vanessa Barbosa dos Santos

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• O que é Design?
• Quando surgiu o Design
• O design pelo mundo
• O design no Brasil

Objetivos de Aprendizagem
• Entender o significado da palavra, função e profissão.
• Descobrir quando o Design surgiu no mundo e na sociedade, quais os motivos
principais do seu surgimento e a sua importância.
• Conhecer a atuação do Design em alguns países em que sua prática gerou
transformação na história da sociedade.
• Conhecer os principais pontos de transformação do design no Brasil, sua forma de
atuação e as co-relações com o Design pelo mundo.
unidade

III
INTRODUÇÃO

O
lá, caro(a) aluno(a). Seja bem-vindo(a) a terceira unidade do
livro sobre História da Arte e do Design. Após você conhecer
mais sobre a história da Arte e como ela se manifestou por
meio do desenvolvimento das civilizações, nesta unidade, va-
mos entender a palavra Design em nosso meio, como ela está presente
em nossa vida dia a dia, qual o significado da palavra, onde e quando ela
surgiu e como foi o início de sua influência em nosso mundo.
Depois, vamos conhecer o princípio de sua história, quais eram os
acontecimentos que o permeavam, os processos de transformação, al-
gumas de suas caraterísticas e relações com o Design e conhecer sobre a
história da Revolução Industrial.
Vamos compreender a forma de atuação do Design nos principais
países em que ele atua e perceber que existem co-relações entre eles, mes-
mo quando falamos de sociedades diferentes. Os autores principais no
surgimento do Design nesses países, suas características e ideais seguidos.
E, por último, como o Design chegou ao Brasil, quais suas princi-
pais características no início, percebendo essa correlação entre os países,
as influência do desenvolvimento da História da Arte ao surgimento do
Design em nosso país, e conhecermos como nossa profissão tem se de-
senvolvido em nosso próprio país.
Esteja preparado e aguce a vontade de ler e aprender sobre esses tópi-
cos. Esperamos que seja um tempo produtivo e de grande aprendizado.
Boa leitura!
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

O QUE É
DESIGN?
Todos os dias estamos recebendo novas informações, Segundo Cardoso (2008, p. 20):
novas ideias, novas criações. O mundo está em cons-
tante mudança, e é a partir desse processo de trans- A origem imediata da palavra está na língua
inglesa, na qual o substantivo design se refere
formação que o Design surge em nosso vocabulário.
tanto à ideia de plano, desígnio, intenção, quan-
É muito comum, quando você conversa com to à de configuração, arranjo, estrutura (e não
alguém sobre algo novo que surgiu no mercado, se apenas de objetos de fabricação humana, pois é
referir por meio do termo: novo design de uma rou- perfeitamente aceitável, em inglês, falar do de-
pa, um carro, uma lâmpada, etc. Mas qual o verda- sign do universo de uma molécula).

deiro significado da palavra Design?


A palavra em si não existe no contexto da língua Contudo a origem mais remota da palavra está no la-
portuguesa, porém, como o Inglês é uma língua con- tim designare, verbo que abrange ambos os sentidos,
siderada universal, e estamos habituados a conviver o de designar e o de desenhar (CARDOSO, 2008).
com ela, a palavra Design acabou se universalizando Em 1958, a palavra Design foi mencionada pela pri-
no inglês. meira vez no “Oxford Dictionary”, descrita como:

64
DESIGN

• Um plano desenvolvido pelo homem ou um


É a partir desse trabalho do artista ou artesão e do
esquema que possa ser realizado
• O primeiro projeto gráfico de uma obra de desenvolvimento humano e da sociedade que surge
arte ou a necessidade de processos mais práticos, em que os
• Um objeto das artes aplicadas ou que seja útil projetos sejam feitos a partir de esboços, modelos
para a construção de outras obras (BURDEK, e planos que sugerem a ideia de uma produção em
2006, p. 15). massa (CARDOSO, 2008).
Podemos dizer que o Design surgiu a partir de um
Já no sentido da palavra, podemos ver que o Design momento muito importante em nossa história, que é a
traz vários significados à sua função, como o de pla- Revolução Industrial, entre os séculos XVIII e XIX, a
nejar, designar, desenhar e formar. E é dentro desse qual veremos no próximo capítulo desta unidade.
conflito de significados que o Design surge para ir É aqui que vemos o Design se inserindo na
além do que a arte já sugeria ao homem. sociedade como parte da história política, social,
Vamos pensar em uma obra de arte, por exemplo, econômica e cultural, mostrando a necessidade
criada por Van Gogh, que pintava seus quadros com de uma nova forma de agir e pensar em relação ao
uma intenção de forma, cores e luz, para chegar em um funcionamento e desenvolvimento do dia a dia do
resultado final de uma imagem de girassóis. Se ele qui- homem.
sesse vender quadros de girassóis, será que consegui- Para finalizar o estudo da palavra e significado
ria pintar todos eles exatamente iguais? (AZEVEDO, do Design, vamos entender o que o Internacional
2014). Seria praticamente impossível, uma vez que, a Design Center de Berlim, em 1979, por ocasião de
cada quadro que ele pintasse, a mistura da tinta pode- uma de suas exposições, descreveu sobre o Design
ria sofrer alterações, a influência da luz e temperatura (BURDEK, 2006, p. 15):
seriam diferentes, até sua mão poderia fazer traços di-
• Bom design não se limita a uma técnica de
ferentes. De alguma forma, esses quadros teriam deta- empacotamento. Ele precisa expressar as
lhes únicos, e é aí que o trabalho do Design entra para particularidades de cada produto por meio
agir de forma diferente, por meio dos mecanismos, do de uma configuração própria;
planejamento e dos princípios envolvidos, o projeto de • Ele deve tornar visível a função do produto,
uma imagem ou objeto seriam sempre o mesmo. seu manejo, para ensejar uma clara leitura
do usuário;
SAIBA MAIS • Bom design deve tornar transparente o esta-
do mais atual do desenvolvimento da técnica;

Van Gogh nasceu, em 1853, em um vilarejo • Ele não deve se ater apenas ao produto em
holandês, e foi um pintor pós-impressionista, si, mas deve responder a questões do meio
que pintava obras com cores vivas, intensas e ambiente, da economia de energia, da reuti-
superfícies vigorasamente trabalhadas. O qua- lização, de duração e ergonomia;
dro “Doze girassóis numa jarra”, é uma das suas
• O bom design deve fazer da relação do ho-
principais obras.
mem e do objeto o ponto de partida da con-
Fonte: Farthing (2011).
figuração, especialmente nos aspectos da
medicina do trabalho e da percepção.

65
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

P
odemos concluir que a palavra Design REFLITA
surgiu da necessidade de elaboração de
projetos, para a produção em série de ob-
Assim como a natureza tem seu próprio ca-
jetos por meios mecânicos (CARDOSO, minho através dos organismos naturais, o ho-
2008, p. 21). Devido ao crescimento da população mem faz dos meios urbanos a sua natureza,
mundial, o desenvolvimento de tecnologias, a ex- a natureza urbana. Percorre os caminhos na-
turais, mas, muitas vezes, prefere planejá-los.
pansão das cidades, uma fabricação apenas arte-
Fonte: Azevedo (2006).
sanal dos produtos não sanaria as necessidades de
todos em um tempo hábil.

quando surgiu o

DESIGN

Caro(a) aluno(a), estudamos, no tópico anterior, o SAIBA MAIS

que é Design, o significado da palavra, quando fo-


ram suas primeiras aparições, a principal diferença Em um retrospecto histórico, Leonardo da Vinci
entre arte e design e quais suas principais funções. é mencionado de bom grado como o primeiro
designer. Em paralelo a seus estudos científi-
Neste tópico, você vai conhecer o contexto histórico
cos de anatomia, ótica e mecânica ele é consi-
em que o Design foi inserido e o que acarretou em derado como precursor do conhecimento de
nossa sociedade em todas as áreas de convergência máquinas, ao editar, por exemplo, o “Manual
de Elementos de Máquinas”.
para o seu funcionamento.
Segundo Cardoso (2008), o design é fruto de três Fonte: Burdek (2006, p.13).

grandes processos históricos, entre os séculos XIX e XX.

66
DESIGN

O primeiro é a industrialização, que trabalha a reor- daí, desenvolver a mecanização do trabalho, já que as
ganização da fabricação e distribuição de bens de- inovações tecnológicas começaram a surgir no final
vido ao crescimento de produtos e consumidores. do século XVIII, fazendo com que esse ciclo de co-
O segundo é a urbanização moderna, onde a popu- mercialização pudesse ser mais rápido (CARDOSO,
lação passa a se aglomerar nas metrópoles. E o ter- 2008).
ceiro, a globalização, que faz as redes de comércio Segundo Cardoso (2008), os principais pro-
crescerem, transporte, comunicação e sistemas de dutos desenvolvidos eram considerados artigos de
funcionamento para todo esse crescimento. luxo, utilizados, claro, pela sociedade nobre, em que
Podemos pensar em como o Design contribuiu o sistema mais completo de produção de artigos de
para viabilizar as mudanças em nossa sociedade, no luxo foi desenvolvido na França, por Luís XIV e seu
exemplo que Cardoso (2008) explicou sobre o café: superintendente Jean-Baptiste Colbert, produzindo
Existe um desafio por trás de uma simples xícara de móveis, vidros e tapeçarias para o rei. E e essa ideia
café que você toma. Depois de plantado, colhido e foi passada para os outros países, que começaram a
ensacado, o café precisa ser transportado, secado, desenvolver suas manufaturas, baseadas nos produ-
torrado, moído e passar por processos industriais tos que possuiam em abundância em suas terras, ou
antes de ser embalado e vendido a você. Essa cadeia nas terras que dominavam em outras regiões.
de produção e distribuição exige processos de trans-
porte, engenharia, identidade visual dos rótulos e
embalagens, marketing, desenvolvimento das indús-
trias, e uma longa jornada até que você possa tomar
seu cafezinho. Antigamente nada disso existia e o
café era consumido por quem plantava e colhia em
sua própria terra de vivência. Como nosso mundo
mudou, nada disso seria capaz de acontecer se não
existisse o Design.
Vamos começar pela Revolução Industrial, que
ocorreu entre os séculos XVIII e XIX na Europa. Um
processo de transformação da fabricação de produ-
tos que gerou transformação do dia a dia do homem.
Diferente do processo do artesão que fabricava e
vendia diretamente o seu produto, a industrialização
começou a criar sistemas de producão, em que esses
produtos eram feitos em massa para atender a de-
manda da população.
Os produtos primários da agricultura eram co-
mercializados em várias partes do mundo para obter
lucro por meio da troca desses produtos e, a partir

67
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

Cardoso (2008) diz que esse processo na orga- No século XIX, essa industrialização acarretou
nização industrial passou por quatro fases: esca- em um crescimento urbano muito grande e rápido.
la de produção que aumentou significativamente, Foram surgindo as metrópoles, bairros residenciais
atendendo mercados distantes; as fábricas e oficinas e industriais, redes de transporte e comunicação vi-
crescendo em tamanho, equipamento e número de sual. As pessoas começavam a conviver mais tempo
trabalhadores; a produção feita de forma mais seria- entre si, já que faziam os trajetos para o trabalho, fi-
da e técnica para que um determinado produto fos- cavam horas trabalhando juntos e obtendo essas ex-
se cada vez mais parecido na produção em massa, e periências urbanas. E com o trabalho assalariado co-
a divisão de tarefas e funções para execução de um meçou a aumentar o número de pessoas que podiam
projeto. consumir algo além das necessidades primárias.
O que podemos refletir é que, a princípio, diría- Uma curiosidade apresentada por Cardoso
mos que a Revolução Industrial foi muito mais um (2008) é de que entre as mercadorias mais consumi-
processo de desenvolvimento tecnológico e de má- das, depois dos produtos primários, estão os impres-
quinas do que outra coisa. No entanto, se pensarmos sos, que trouxeram uma explosão de alfabetização
melhor, veremos que foi mais uma mudança na or- das pessoas e uma necessidade de se ter algo para
ganização de trabalho, de produção e distribuição fazer nos momentos em que eles não trabalhavam.
devido às transformações sociais que a sociedade Foi assim que surgiu o conceito de lazer popular e
estava sofrendo. a necessidade de se criar espaços compostos de mu-
Esse processo de industrialização, para Cardoso seus, teatros, locais de exposição, parques e jardins.
(2008), fazia com que a grande quantidade de traba- Toda essa transformação da sociedade trouxe a
lhadores fosse cortada e existisse profissionais mais necessidade da criação e organização das informações
capacitados, no caso, o Designer, para desenvolver e sinalização das ruas, cidades, locais de convivência
processos de produção mais eficientes e sem a neces- pública. Surge, então, o crescimento dos impressos, da
sidade de tanta mão de obra. Porém não era tão fácil comunicação, da informação por meio da imagem.
assim fazer isso em todas as fábricas, e o fato da me- O design, aqui, passa a ir além das paredes no-
canização crescer, tornou bres e reais, de se alimentar de objetos de luxo para
mais fácil o início da pira- alcançar o público urbano, principalmente devido às
taria dos produtos. Foi as- necessidades de organização destes espaços. Assim, o
sim que surgiu a necessidade de sigilo design teve o seu papel nessa reconfiguração da vida
entre os profissionais que trabalhavam em social, contribuindo para proje-
determinado projeto. E entre 1830 e 1860 tar a cultura material e visual da
começam a surgir os sistemas de leis e pa- época (CARDOSO, 2008, p. 73).
tentes para valorizar o trabalho do designer.

68
DESIGN

Interessante observarmos que o papel do Design a um processo de Revolução histórica, que abrangeu
começa a se expandir em várias áreas relacionadas os aspectos sociais, tecnológicos, políticos, religio-
ao dia a dia do homem. O transporte, a moradia, o sos, urbanos e econômicos da nossa humanidade.
lazer, as roupas que veste, o lazer, a higiene e saúde e Isso que dizer que, muito mais que um profissional
a informação. Pense, então, que as diversas áreas do que olha apenas para um mercado de trabalho, o De-
Design, como gráfico, de produto, de moda come- signer faz parte da construção histórica do ser hu-
çam a se desenvolver já nessa época. mano, e é sim, um agente de transformação em sua
É claro que, para uma Revolução desta propor- sociedade.
ção, não seriam todos que ficariam felizes com essas
transformações. Uma reforma de cunho social atinge
principalmente a aristocracia e a igreja que, na épo-
ca, dominavam o “sistema”. E os pensadores e artistas
da época também diziam que essa industrialização
era uma ameaça às tradições e causava exploração
aos trabalhadores.
Surge a proposta de fazer o uso do design como
agente de transformação (CARDOSO, 2008, p. 76).
Uma necessidade de cuidado com os excessos e com
uma perda dos padrões morais da sociedade.

Derivando de Ruskin a ideia de que qualidade


do objeto fabricado deveria refletir tanto a uni-
dade de projeto e execução quando o bem-estar
do trabalhador (CARDOSO, 2008, p. 79).

O design entra em um processo de transformação


em todo o funcionamento urbano, industrial, do tra-
balhador e do homem em si. Seus processos visam
a praticidade, agilidade, comércio e bem-estar tanto
do trabalhador quanto do consumidor final.
Veremos, na próxima unidade, como foi que o REFLITA
Design desenvolveu esses processos de transforma-
ção por meio dos estilos e movimentos que foram
Cabe pensar que planejar o futuro é ter cons-
surgindo após a Revolução Industrial, assim como
ciência do caos. O design é sempre uma forma
os movimentos da história da arte foram desencade- de planejar uma saída.
ando, o design também participou desses processos.
Fonte: Azevedo (2014, p. 86).
Concluindo, o que você aluno(a) pode refletir a
partir deste capítulo é que o Design surgiu em meio

69
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

O design pelo mundo


Costuma-se chamar a Grã-Bretanha como terra
Caro(a) aluno(a), neste livro, já estudamos o conceito mãe do design, já que lá se iniciou no século 18
da palavra Design e suas funções, como ele surgiu no a industrialização, que foi decisiva para o de-
mundo, em que contexto histórico ele foi inserido e as senvolvimento do design industrial (BURDEK,
transformações que ele gerou nas sociedades. O que 2006, p. 73).

você vai ver neste capítulo é a forma como o Design se


comportou em alguns países mais relevantes, já que, Depois da invenção da máquina a vapor, em 1765,
como vimos, o Design não é apenas uma forma de pelo escocês James Watt, o período de industrializa-
criar e produzir algo, mas se relaciona com o compor- ção cresceu muito rápido. As máquinas começaram
tamento do homem, a sociedade que está inserido, a a ser desenvolvidas para influenciar no transporte,
história, a cultura, a política, a economia e tudo que no trabalho, nos materiais, na vida das pessoas.
envolve o funcionamento de um determinado local. Os mais significativos representantes do design
britânico para Nikolaus Pevsner (1957) eram: John
GRÃ-BRETANHA Ruskin, William Morris, Christopher Dresser, Char-
Para você se situar geograficamente, a Grã-Bretanha les Rennie Mackintosh, Walter Crane e C. R. Ashbee.
representa uma das muitas ilhas britânicas da Europa Em 1915, foi até criada a Design and Industries
e, nela, está incluso: Escócia, Inglaterra e País de Gales. Association (Associação do Design e da Indústria),
que visava uma transformação no modo de pensar
Design e indústria.
Depois da primeira Guerra Mundial, os desig-
ners se voltaram para a tradição artesanal, proje-
tando móveis, vidros e têxteis, como um exem-
plo, a Wegdwood, que até hoje é uma das maiores
empresas do mundo na indústria de cerâmica,
porcelana e vidro (BURDEK, 2006). Ou-
tro exemplo foi Douglas Scott, que traba-
lhou para a London Transport, e proje-
tou o legendário ônibus de dois andares
(Double-Decker), em 1946.

70
DESIGN

Já após a Segunda Guerra Mundial, o que cresceu A República Federal obteve influências culturais
na região foram as empresas automobilísticas, uma da Bauhaus e da Ulm, que desenvolveram um pa-
vez que as inovações tecnológicas começaram a se drão do Design Alemão associados ao conceito de
juntar às tradições do design. Podemos citar a Jaguar, funcional, objetivo, sensato, econômico, simples e
Mini Cooper, Rover, entre outras. neutro (BURDEK, 2006).
Nos anos de 1960, vemos que a cultura pop bri- Existia os definidos “Dez Mandamentos” que obe-
tânica influenciou muito o design, propaganda, arte, deciam os principais fundamentos do Design alemão:
música, fotografia, moda, artesanato e arquitetura 1. Alto uso prático.
de interiores. Foi uma época de mudança de estilo 2. Segurança suficiente.
de vida, principalmente do jovem lutando contra o 3. Longo prazo de vida e validade.
conservadorismo. Bandas como os Beatles, Rolling 4. Adaptação ergonômica.
Stones e Pink Floyd representavam esse estilo dos jo- 5. Personalidade técnica e formal.
vens. Esse fenômento estético cultural atingia ramos 6. Ligações com o contexto.
como o da arquitetura, em que o grupo Archigram, 7. Amigável com o meio ambiente.
por exemplo, desempenhou o papel de movimento 8. Visualização do uso.
de vanguarda (BURDEK, 2006). 9. Alta qualidade de configuração.
A produção dos objetos para o Design de interio- 10. Estimulação sensorial e intelectual (BURDEK,
res cresceu muito por meio de Sir Terence Conram, 2006, p. 84).
que criou a rede de lojas Habitat, em 1964, com uma
moderna cultura de massa, e uma conscientização Era importante utilizar esses fundamentos de formas
progressista do design. Temos exemplos de grandes diferentes dependendo do projeto a ser criado, e o
escritórios de Design, conhecidos até hoje, como FI- funcionalismo era o principal a ser defendido pelo
TCH, IDEO e Pentagram. Design Alemão. Podemos citar o nome de grandes
Quando os anos 1980 chegaram, as instituições empresas fundamentadas nesse funcionalismo, como:
britânicas começaram a investir pesado no ensi- Siemens, Audi, Porshe, Volkswagen, entre outras.
no e, assim, todas as áreas do Design vão tomando Segundo Burdek (2006), somente na virada do
proporções ainda maiores na sociedade: design de século 20 para o 21 é que este conceito do funcio-
moda, design corporativo, design visual e o design nalismo foi deixado de lado para o caminho mais
digital. Estudiosos calculam que, no início do século pluralista do Design. Já o Design na República De-
XXI, cerca de 10% do PIB da Grã-Bretanha seriam mocrática da Alemanha foi marcado por 3 aspectos:
produzidos pelo design e seus serviços (BURDEK, • Um forte incentivo estatal que se instalou
2006, p.83). após a Segunda Guerra Mundial.
• Uma orientação clara de colocação de temas
políticos-sociais, por décadas.
ALEMANHA
• Uma discussão teórica intensa, no início dos
A Alemanha esteve dividida até a Segunda Guerra
anos 80, com as questões do funcionalismo e
Mundial, e a República Federal e a República Demo- da semântica dos produtos (BURDEK, 2006,
crática possuíam características diferentes. p. 103).

71
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

ra, design, arte, literatura, moda e música para a


As primeiras tarefas do designer nessa região da Ale- vida cultural da Itália, em especial a abertura de
manha eram relacionadas ao domínio público, tra- pequenos empresários para estes temas, além de
balho, transporte, habitação ou lazer. Somente nos uma abertura para experimentação no design,
anos 1960 que começou a crescer uma produção de incrementaram a liderança mundial do “design
italiano” (BURDEK, 2006, p. 120).
bens de consumo e, no fim dos anos 1980, iniciou-se
uma verdadeira produção desses bens (BURDEK,
2006). A diferença do Design Italiano era se orientar pelo
Quando começou a desenvolver Design em bens “máximo da existência”, a mistura de design gráfico,
de consumo, trazia principalmente influências ame- mídia, industrial, arte e arte aplicada. O ambiente
ricanas, italianas e escandinavas. E o design e a arte como um todo é o tema (BURDEK, 2006).
caminhavam juntos, tinham um princípio aberto, Na Itália, o Design de Moda assume um papel
que lidava com as necessidades dos objetos e am- importante. Armani, Dolce & Gabbana, Gucci, Pra-
bientes, sendo que se melhorava a configuração, mas da, entre outros, demonstram que o design determi-
que não fosse deixado de lado as tendências de moda na a sua existência (das Sein).
ou vida efêmera por exemplo. Inicia-se, assim, o foco
no usuário do design, o que, naquela época, não era SAIBA MAIS
um pensamento muito aceitável (BURDEK, 2006).
Ainda segundo Burdek (2006), Claus Dietel e
O estilista Giorgio Armani, conhecido como o
Lutz Rudolph eram as mais conhecidas personalida- “Imperador de Milão”, nasceu em 11 de julho
des da República Democrática e faziam o que era ao de 1934, na cidade de Piacenza, localizada
alance deles para nadar contra essa ideologia funcio- no norte da Itália (ao sul de Milão). Antes
de entrar no mundo da moda, ele cursou
nal sem pensar no usuário.
2 anos de medicina e, depois, começou a
As discussões de colóquios e seminários da trabalhar como vitrinista. Em 1970, iniciou
Bauhaus foram para mostrar que o funcionalismo sua carreira independente no mundo da
moda, encorajado pelo seu grande amigo
era um princípio de configuração, não um estilo, mas
Sergio Galeotti, desenhando e costurando
um método de trabalho. Esse lado da Alemanha De- para inúmeras grifes famosas. Alguns anos
mocrática quis transmitir uma preocupação social depois, abriu sua própria empresa e, em 24
ao se fazer Design. de julho de 1975, apresentou sua primeira
coleção, composta por roupas femininas e
masculinas e seu estilo logo se tornou sím-
ITÁLIA bolo de elegância, com uma alfaiataria so-
A Itália foi o país que mais teve publicações a respei- fisticada, altas doses de androginia, vestidos
to do Design. de noite cheios de glamour, sobriedade nas
cores e nenhuma influência das tendências
da época, constituindo roupas e acessórios
Com o Império Romano foi fundada uma tra-
atemporais
dição civilizadora e cultural, que se atualizou na
Renascença por meio do arquiteto Palladio com Fonte: adaptado de Chitas (online).
seus inúmeros prédios clássicos até os dias de
hoje...A ininterrupta importância da arquitetu-

72
DESIGN

73
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

É interessante observar que, nos anos da década de volveu vários setores, incluindo o design. E a es-
1980, desfazia-se o “american way of life”, a favor de trutura industrial do país era muito semelhante ao
um modo fino de vida italiano, na moda, mobiliário, norte da Itália, empresas pequenas e de estrutura
automóveis, na comida ou na bebida, os padrões glo- semi-artesanal, buscando uma nova cultura e no-
bais de cultura eram italianos (BURDEK, 2006). vas tendências.
A Itália é caracterizada pelo contraste entre o
Na virada do século 19 para o 20, o arquiteto
norte altamente industrializado e o sul agrário (BUR-
Antonio Gaudi projetou prédios expressivos,
DEK, 2006). Um papel importante foi feito pela as- desenhou interiores e móveis que tiraram sua
sociação de Design Italiana ADI (Associazione per il importância destes mesmos valores tradicionais.
Disegno Inustriale) que desenvolveu as questões re- Gaudi partia do princípio da obra de arte total,
onde a arquitetura, o mobiliário e a decoração
lacionadas a impostos, direitos e contratos daqueles
do interior de um prédio deveriam ter uma mes-
que participavam ativamente da vida cultural. ma “linguagem”, de modo a se completarem e
O Design Italiano tinha grande engajamento na complementarem (BURDEK, 2006, p. 145).
política, nas discussões relacionadas ao consumis-
mo, na integração do design com a arte e nas teorias Nos anos 1980, a Espanha tinha forte influência do de-
do design. Porém, a partir da década de 1990, com o sign Italiano, com um movimento de vanguarda e ca-
crescimento do design internacional, o Design Italia- racterística neomodernas. Mas é importante saber que,
no foi perdendo sua força e migrando para os arre- a época na qual o design realmente estourou na Espa-
dores como a Espanha, por exemplo. nha foi em 1992, provocado pelos jogos olímpicos em
Barcelona, haja vista que ocorreram muitos projetos de
ESPANHA prédios, design público, lojas e locais, trabalho de de-
Depois do regime de Franco, em 1975, começou sign gráfico para receber os jogos e isso acarretou um
um desenvolvimento cultural na Espanha que en- grande desenvolvimento do design (BURDEK, 2006).

Park Guell em Barcelona, projeto por Antonio Gaudi

74
DESIGN

RÚSSIA nha que compreender as mudanças q ela traria e traba-


A URSS também contribuiu para o desenvolvimento lhar a coletividade urbana, e não ter medo do futuro. E
do Design por meio da Vanguarda Soviética. Foi um é aí que o movimento da vanguarda entra, colocando
movimento que teve início no começo deste século e o Design como intermediário do homem e máquina.
tinha relação com uma reformulação da estética do A palavra de ordem era construir (AZEVEDO,
design. É importante sabermos que esse movimento 2014, p. 27). Foi a partir desse lema que surgiu o
de vanguarda queria entender a forma de um ponto Construtivismo na Rússia, mas essa reformulação
de vista tal que permitisse levar os objetos ao povo estética foi derrubada na década de 1930, quando
(AZEVEDO, 2014). Stalin assumiu o poder e trouxe de volta a arte tradi-
A preocupação dos artistas e designers, nessa épo- cional figurativa, conhecida como realismo socialista.
ca, era reforçar uma profunda mudança social, para Depois do socialismo, veio o comunismo, e as
que o povo fosse o maior beneficiado nas ações da arte mudanças de estrutura da sociedade e economia
e do design. Ao mesmo tempo que esse movimento também geraram mudanças no design. Aos poucos,
acontecia na União Soviética, sofria influências do o design foi entrando no mercado competitivo, mas
Manifesto Futurista da Europa, que mostrava que não que, mesmo assim, passou por muitas crises relacio-
era possível descartar a máquina, mas que o homem ti- nadas às condições de trabalho.

ESTADOS UNIDOS
Vemos que, a partir do século XVIII, muitos imi- A produção em massa do século XX foi bem desen-
grantes foram para a América do Norte, levando volvida nos EUA por causa da mecanização e auto-
junto suas influências culturais, técnicas e econômi- mação. Diferente de um aspecto só funcionalista, os
cas. Um público tolerante à diversidade de mídias e Estados Unidos reconheceu o incentivo à venda de
estilos. um bom design (BURDEK, 2006).
Surge, então, a década do Streamline, derivado
Puritanismo e cultura pop, espírito inovador de princípios aerodinâmicos, símbolo da mobilidade
e obsessão econômica, presença hegemônica e
da sociedade americana. O que os designers queriam
preservação de culturas regionais - são alguns
dos pontos que influenciaram a expressão do era tornar seus produtos irresistíveis, de acordo com
design (BURDEK, 2006, p. 177). o desejo do usuário. A pesquisa de novos materiais e
tecnologias cresceu e muitos profissionais e empre-
Os Estados Unidos foi um país que difundiu o design sas começaram a surgir.
orientado para o sucesso, o domínio do produto-cul- Os anos 1960 foi um período de conflito pelos
tural. Alguns dos principais imigrantes que vieram movimentos de crítica social e econômica, relaciona-
para o país foram Herbert Bayer, Walter Gropius e das ao consumo excessivo. Todavia não impediu que
Ludwig Mies van der Rohe. Eles trouxeram algumas os EUA chegassem aos anos 1980 como um país de
tendências funcionalistas da Bauhaus. enorme influência global no aspecto do design. Po-

75
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

demos citar empresas conhecidas, como Ford, Har- acontece isoladamente nos diferentes países do mun-
ley Davidson, Apple, IBM, Microsoft, Xerox, Nike e do, como alguns movimentos e ideais sempre se uti-
Tupperware, que surgiram nessa época. lizam de conceitos de outro, ou até usam de exemplo
E, para finalizar, podemos citar como uma região para contrariar totalmente aquela ideia com a qual
de extrema importância mundial para o Design, o não concordam.
Vale do Silício, localizado na Califórnia, que é con- E, assim, nascem os designers, as empresas, as
siderado o centro mundial do Design. Um centro marcas, produtos e serviços que transformam a vida
cheio de grandes nomes e empresas relacionadas ao do homem como usuário, como sociedade, como
desenvolvimento de produtos e pesquisa de Design. história de um todo influenciado por este grande
Interessante percebermos como o Design não poder do Design até hoje.

76
DESIGN

O DESIGN NO
BRASIL
Após falarmos sobre o Design no contexto de al- transformações ditadas pela evolução de máquinas e
guns países mais importantes se tratando da história trabalho.
e desenvolvimento dele, vamos, agora, ter um parâ- Porém podemos dizer que o Brasil foi além das
metro da história do Design no Brasil, quais foram características ditadas por movimentos internacionais,
suas influências principais e autores que contribui- como a Bauhaus, escola de Ulm, Neoplasticismo, por-
ram para que, hoje, o Design seja tão importante em que se trata de um país de variedade cultural e tradição
nosso país. rica autenticamente brasileira (PUC-Rio, 2015).
Na década de 1950, vemos que o Design surgiu
A tarefa de esboçar um histórico do Design Grá- com a ideia de produtividade, racionalização e pa-
fico brasileiro é, sem dúvida, uma empreitada
dronização, para se diferenciar dos processos artís-
complicada. Dependendo da diretriz adotada
é possível apontar pontos de partida completa- ticos. Criam-se processos de desenvolvimento, e o
mente diferentes. Uma corrente mais compro- Design é inserido na gestão das empresas. Contudo,
metida com o Modernismo, o qual dominou boa no Brasil, nessa época, o design seria, apenas, para
parte da produção artística dos anos 1910 a 1960 maquiar os projetos com alguns traços (BONSIEPE,
costuma relacionar o surgimento do Design no
1997).
Brasil aos desdobramentos desta época, com as
experimentações do Instituto de Arte Contem- Já na década de 1960, essa padronagem é que-
porânea do MASP, em 1951, e a inauguração da brada, devido aos movimentos sociais e contra-cul-
Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), turais. Há uma críticia à sociedade do consumo e um
em 1963 (PUC-RIO, 2015, p. 23).
desejo de desenvolvimento do Design como uma
cultura fora dos padrões consumistas. No fim desta
Foi nessa época que o Design começou a ser visto, no década, os movimentos culturais utilizavam muito
Brasil, como conceito, profissão e ideologia. Mas a de materiais gráficos para suas expressões públicas. É
atividade projetual em si já existia antes mesmo des- quando surge, por exemplo, o Tropicalismo no Bra-
sa época do Modernismo, visto que, com a Revolu- sil, com um Design racionalista que se aproxima da
ção Industrial, o Brasil também se envolveu com as cultura popular.

77
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

SAIBA MAIS questões políticas, sociais, econômicas, ambientais,


com uma procura maior por sustentabilidade devido
ao crescimento exorbitante das tecnologias e destrui-
TROPICALISMO
ção de matéria-prima e meio ambiente.
O Tropicalismo, logo depois de sua “ex-
Segundo Burdek (2006), os pontos fortes das ati-
plosão” inicial, transformou-se num termo
corrente da indústria cultural e da mídia. vidades de Design no Brasil são a indústria do mo-
Em que pesem as polêmicas geradas inicial- biliário, com bastante exportação, e, desde os anos
mente (e não foram poucas), o Tropicalismo 1980, o que vem crescendo é a indústria da compu-
acabou consagrado como ponto de clivagem
ou ruptura, em diversos níveis: comporta- tação e das telecomunicações.
mental, político-ideológico, estético. Ora E, para finalizar, podemos citar como autores prin-
apresentado como a face brasileira da con- cipais do desenvolvimento do Design no Brasil, Ale-
tracultura, ora apresentado como o ponto de
xandre Wollner, que criou a ESDI (Escola Superior de
convergência das vanguardas artísticas mais
radicais (como a Antropofagia modernista Desenho Industrial), no Rio de Janeiro, no início dos
dos anos 20 e a Poesia Concreta dos anos anos 1960, baseado na escola de Ulm, que ele cursou
50, passando pelos procedimentos musicais na Alemanha; Sérgio Rodrigues, um arquiteto que se
da Bossa Nova), o Tropicalismo, seus heróis
e “eventos fundadores” passaram a ser ama- especializou em design de mobiliário e que criou a em-
dos ou odiados com a mesma intensidade. presa OCA, inclusive, ganhou um prêmio com a cria-
ção da poltrona Mole no Concurso Internacional de
Fonte: Napolitano (1998).
Design de Móveis de Cantu, na Itália (BURDEK, 2006).

Foi na década de 1970 que o Design começou a ser


discutido no âmbito político, e surge a necessidade
de uma busca pelo Design nacional, não só no Brasil,
mas em vários países. A busca de identidade é moti-
vada pelo desejo de autonomia, vale dizer, o poder e
a capacidade de determinar o próprio futuro (BON-
SIEPE, 1997, p. 15).
Vemos que, com a tecnologia em rápido desen-
volvimento, os anos 1980 entram com tudo no que o
Design vai enxergar como forma e estilo, aquilo que
é criado é visto como objeto de desejo, de culto.
E caminhando para a década de 1990, até hoje,
começamos a enxergar o Design no Brasil como algo
além de processos, forma ou estilo e movimento cul-
tural. Design é projetar para o desenvolvimento de Figura 1: Poltrone Mole
uma sociedade que tenta sempre melhorar em suas Fonte: Click Interiores (online).

78
DESIGN

SAIBA MAIS
Também temos Lina Bo Bardi, que criou o estúdio
Palma em São Paulo, em 1948, executando proje-
tos das primeiras cadeiras dobráveis para serem Muito conhecidos pelas suas belas e criativas
empilhadas, por meio da ideia “do it yourself ” “obras de arte” em forma de mobiliário, os
Irmão Campana, Humberto Campana e Fer-
(faça você mesmo), Oscar Niemeyer, arquiteto que nando Campana - Brotas, fazem sucesso em
projetou Brasília, em 1957, transpirando pela pri- grande parte do mundo. São famosos por cria-
meira vez o design brasileiro no âmbito interna- rem coisas que fogem do comum, utilizando
materiais diferente e simples, com formas e
cional, trabalhando sempre com linhas orgânicas e
texturas ousadas. Suas obras são pensadas e
construções esculturais de concreto (AZEVEDO, feitas pelos próprios irmãos, que cortam, te-
2014). cem, montam, colam, pregam e fazem tudo o
E, atualmente, os irmãos Campana, que têm feito que for necessário para produzirem suas peças.

um trabalho de mobiliário baseado no artesanato e Fonte: adaptado de Documentário - CASA BRASILEIRA,


IRMÃOS CAMPANA | 2º ep. 1ª temporada
projeto peculiar, com materiais geralmente descarta-
dos ou improváveis.

79
considerações finais

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, aprendemos o significado da palavra design, e


as diversas funções que o Design veio para fomentar em nossas sociedades.
Também descobrimos o processo histórico do Design por meio da Revolução
Industrial, e como a história contribuiu para o desenvolvimento do conceito e
características do Design no mundo.
Conhecemos alguns países de importante influência do Design, como Grã-
-Bretanha, Itália, Espanha, Estados Unidos, e suas caraterísticas semelhantes e
contrárias do comportamento do Design. E podemos perceber como é impossí-
vel, por mais que sejam países diferentes, as características e movimentos histó-
ricos não se cruzarem.
Por fim, o cenário do design brasileiro e as características principais de cada
década até os dias de hoje, percebendo que esse cenário em nosso país é ain-
da mais recente do que em outros países e que o Design ainda está em grande
processo de desenvolvimento e valorização. Lembrando que o Brasil possui uma
grande diversidade cultural, que contribuiu para caracteríricas peculiares e va-
riadas do Design.
Não se esqueça: conhecer o que é Design e de onde ele surgiu é muito im-
portante para sua formação como profissional, dito que saber de onde viemos, o
que fazemos e para onde vamos faz o caminho de nossa profissão ser o melhor
possível.

80
atividades de estudo

1. Qual a origem da palavra Design na língua in- 3. Segundo Cardoso (2008), quando os produtos
glesa? começaram a ser criados para o consumo, qual
a. Projetar. era um dos produtos mais vendidos?
a. Livros.
b. Criar e planejar.
b. Meios de transporte.
c. Desenhar.
c. Impressos.
d. Planejar, designar.
d. Objetos de higiene.
e. Designar e criar.
e. Roupas.
2. O Internacional Design Center de Berlim, em
1979, por ocasião de uma de suas exposições, 4. Qual país conseguiu derrubar o legado ameri-
descreveu sobre o Design. Leia as afirmativas cano “american way of life”?
abaixo e assinale a opção que diz quais estão a. Alemanha.
corretas:
b. Grã-Bretanha.
I. Bom design se limita a uma técnica de em-
pacotamento. Ele não precisa expressar as c. Brasil.
particularidades de cada produto por meio de d. Rússia.
uma configuração própria.
e. Itália.
II. Ele deve tornar visível a função do produto.
III. Bom design deve tornar transparente o esta- 5. A Alemanha Democrática foi marcada por algu-
do mais atual do desenvolvimento da técnica. mas características no Design, dentre elas qual
está correta?
IV. Ele não deve se ater apenas ao produto em si,
mas deve responder a outras questões. a. Um forte incentivo estatal.

V. O bom design não necessariamente faz rela- b. Nenhum apelo político-social.


ção do homem e do objeto o ponto de partida c. Discussões contra o funcionalismo.
da configuração.
d. Uma distância da política.
a. I e II.
b. II, III e IV.
c. II, III e V.
d. I, III e IV.
e. IV e V.

81
LEITURA
COMPLEMENTAR

BRASILIDADE, DEVE SER MEIO, NÃO FIM.


Para começo de conversa, o tema da identidade nacional é sempre delicado. Quan-
do louvar a nação torna-se um fim em si mesmo, descambando para o ufanismo, as
consequências podem ser desastrosas. Na esfera política, essa verdade é mais facil-
mente constatável, mas o argumento não é menos verdadeiro se aplicado ao design
ou à moda. Aliás, em qualquer campo, o resultado da aplicação da ideia de identidade
nacional terá sempre uma componente política.
Por isso, pus as barbas de molho com relação à onda do “Brasil grande” que vivemos
nos últimos anos, especialmente diante da ideia de que o País está (ou estava) na moda.
Se é inegável que a tal brasilidade ganhou o seu “momentum”, muito atrelado aos influ-
xos do mercado financeiro global, preocupava-me muito mais o que aconteceria quan-
do a maré virasse, como está ocorrendo agora. A onda internacional favorável ao Brasil
vai se dissipando para dar lugar ao que ela nunca deixou de ser: uma miragem ideológi-
ca, instrumentalizada pelo poder para vender a ideia de que tudo vai bem, só que não.
De qualquer modo, o “identikit” brasileiro evoluiu neste início de milênio, sobretudo
do ponto de vista externo, e o design é um dos campos que tem mais espaço para ex-
plorar tais valores agregados à cesta do que define o “ser brasileiro”. Em certos casos,
já o faz, mas pode fazer mais e melhor. Por exemplo, a imagem brasileira “para gringo
ver” não se limita mais aos eternos clichês praia-futebol-e-carnaval. A percepção de um
país urbano e mais moderno, cuja maioria da população tem um nível de renda médio
(em que pesem as controvérsias sobre a definição de “médio”), sem dúvida abre espaço
para marcas e designers mais inovadores, menos atrelados a estereótipos. O imaginá-
rio ligado à natureza exuberante, outro dado da nossa identidade desde os tempos
coloniais, ainda tem muito que evoluir para uma linguagem mais moderna, incluindo a
de um País que pode ser líder em desenvolvimento sustentável (isto é, se o descaso e a
inépcia dos governos não sepultarem de vez essa possibilidade, como vem ocorrendo).
Nessa área, o design tem muito a contribuir - não só o ecodesign, categoria que não
tardará a perder o sentido: todo design será sustentável ou não será.
Tentando equacionar as relações entre identidade nacional e design, num plano mais
geral e global, vejo três estratégias em curso, atualmente. Marcas, produtos e serviços
fortemente internacionalizados posicionam-se com design e linguagem universalizan-
tes, pouco informados por códigos nacionais ou locais (no sentido de que a Hyundai
não tem nada de especificamente coreana, nem a H&M de sueca ou a Embraer de

82
LEITURA
COMPLEMENTAR

brasileira). Por outro lado, e esta é a segunda estratégia, isso não exclui a existência
de traços culturais distintivos que possam ser apropriados como território de posicio-
namento. Um bom exemplo é o das marcas de moda cariocas, que têm tido sucesso
comunicando em condensado a ideia de um estilo de vida jovem e descolado, asso-
ciado à praia e ao verão. Tal estratégia também é marcante no trabalho de designers
mais autorais. Finalmente, uma terceira via, mais recente, surge cruzando identidades
e dando origem a linguagens que desafiam as classificações tradicionais. É o caso da
Shang Xia, nova marca de luxo que se originou da parceria entre a francesa Hermès e
a estilista chinesa Jiang Qiong Er, O resultado é um híbrido de elegância minimalista
europeia com estética orientalizante.
Para concluir, cito um trecho do capítulo novo que escrevi para o relançamento em
e-book do meu livro “Universo da Moda”, e que vem bem a calhar: “Querer a todo custo
emitir sinais de ‘identidade brasileira’ pode ser tão desastroso quanto o esforço para
ser engraçado. É grande o risco de que o resultado seja o oposto daquilo que se pre-
tendia: o ser vira parecer, a piada perde a graça. Em pleno século XXI, a brasilidade não
deve ser tratada como um fim a ser alcançado em si mesmo, mas como um meio de di-
zer outras coisas, de contar outras histórias, muito mais relevantes para o consumidor
do que a reafirmação de uma identidade nacional”.

FONTE: Caldas (2014, p. 12-13).

83
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

Sérgio Rodrigues - Arquitetura e Design - 2ª Edição


Adélia Borges
Editora: Editora Viana e Mosley
Sinopse: Dia 22 de setembro de 2007, o arquiteto e designer Sérgio Rodrigues comemo-
ra 80 anos e, para homenageá-lo, a editora Viana & Mosley está publicando uma reedição
comemorativa do livro “Sergio Rodrigues”, com texto de Adélia Borges. Nesta nova edição
acrescida, convidamos também alguns designers e arquitetos para escreverem frases em
homenagem ao Sérgio Rodrigues. Como parte da coleção Arquitetura e Design, este livro é
uma introdução à obra do designer Sergio Rodrigues, com 44 imagens e um texto de autoria
da jornalista Adélia Borges.

Revista ABC Design


Editora: Infolio
Comentário: Uma revista de conteúdo interessante e educacional para todas as áreas do
design, com entrevistas e textos de especialistas da área. Vale a pena conhecer.

Alexandre Wollner e a Formação do Design Moderno no Brasil


Alexandre Wollner, um dos pioneiros do Design no Brasil, fala sobre suas experiências de
trabalho pessoais, os conhecimentos adquiridos na escola de Ulm, na Alemanha, e como ele
enxerga a evolução do Design em nosso país.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s7LOZLMRRO0>. Acesso em: 29 dez. 2015.

84
MOVIMENTOS
IMPORTANTES DO DESIGN

Prof.ª Vanessa Barbosa dos Santos

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Neogótico (ou Revivalismo Gótico)
• Arts & Crafts
• Bauhaus
• Modernismo
• Pós-Modernismo

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender o movimento neogótico, suas características nas artes, arquitetura,
principais países e autores envolvidos.
• Conhecer o Arts & Crafts, movimento da segunda metade do século XIX que pregava
a união entre artesão e artista.
• Conhecer o principal movimento de transformação, a Bauhaus e o reconhecimento
da palavra Design em nosso mundo, suas caracterísicas e os principais autores
envolvidos no movimento.
• Conhecer o Modernismo, movimento de transformação e crítica ao tradicionalismo
que repercutiu em vários movimentos sociais e culturais pelo mundo, inclusive, com
grande força no Brasil.
• Assimilar as transformações de um novo movimento que carrega caracterísitcas
do Modernismo, mas que também prega algumas críticas e transformações ao
movimento passado.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), estamos começando mais uma unidade do livro sobre


História da Arte e do Design. Nesta unidade, conversaremos sobre os
principais movimentos que fizeram o Design chegar até aqui, as caracte-
rísticas, os autores, a relação com a história da sociedade, as influências
sociais, políticas e econômicas que participam desses processos de trans-
formação e história do Design.
É importante lembrar que o Design não caminha sozinho, não são os
processos e as teorias somente que fazem ele funcionar, e sim o desenvol-
vimento e o comportamento humano, os acontecimentos da sociedade,
os movimentos históricos, as descobertas e as inovações, as oposições e
os apoios de determinados conceitos e assuntos. Todo esse mover, que faz
o mundo caminhar cada dia, é que transforma o Design no que estuda-
mos e vivenciamos hoje.
Fique atento(a) a cada contexto histórico, leia e releia os capítulos,
procure pesquisar e ler mais do que somente a apostila. Tenha o desejo
de mergulhar na incrível história do Design e veja o quanto o mundo
em que você vive influenciou aquela que será a sua profissão, e mais,
saiba que você poderá construir a história do que será o Design daqui
pra frente.
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

NEOGÓTICO
(OU REVIVALISMO GÓTICO)

Como lemos na unidade 3, sabemos que o Design Segundo Cardoso(2008), na década de 1830, sur-
surgiu a partir da Revolução Industrial nos anos gem, na Inglaterra, as primeiras manifestações da-
1800. Porém, como essa revolução trouxe um cresci- quilo que viria a ser um fenômeno constante na his-
mento explosivo da produção de mercadorias e um tória do design: os movimentos para a reforma do
ritmo frenético para os trabalhadores, as críticas à gosto alheio.
revolução começaram a surgir.

90
DESIGN

Um dos primeiros grandes nomes desses reformistas las. Chamadas Schools of Design e, posteriormente,
foi o arquiteto Pugin, que trazia a reforma dos princí- South Kensington, essas escolas foram as mais signi-
pios da arquitetura gótica, conhecido como Reviva- ficativas experiências na área de ensino do design do
lismo Gótico, trazendo preceitos da construção me- século XIX.
dieval. Como ele havia se convertido ao catolicismo Porém, apesar de todos os reformadores concor-
entre 1835 e 1841, produziu vários escritos querendo darem com o gosto gótico e certo fervor religioso,
trazer de volta os ‘princípios verdadeiros’ de pureza e nem todos concordavam em ditar preceitos do design
honestidade na arquitetura e no design. Dentre esses como solução dos problemas da sociedade industrial.
princípios, ele destacava duas regras básicas: John Ruskin dizia que o principal problema pro-
jetual e estilístico era o modo de organização do tra-
a primeira, que a construção se limitasse aos balho e isso influenciava a arte, a arquitetura e o de-
elementos estritamente necessários para a co-
sign. Esse sistema de produzir muito e cada vez mais
modidade e a estrutura; e, a segunda, que o or-
namento se ativesse ao enriquecimento dos ele- barato fazia a fabricação perder qualidade e essência.
mentos construtivos (CARDOSO, 2008, p. 77). Era importante pensar na qualidade do produto e do
trabalhador.
Inspirados no arquiteto Pugin, no fim da década de A partir de Ruskin, o designer e escritor inglês
1840, outro grupo de reformistas buscou uma série William Morris deu início a vários empreendimen-
de iniciativas para educar o público consumidor. Se- tos que divulgariam a importância do design de for-
gundo Cardoso (2008), dentre essas iniciativas, a pu- ma inédita.
blicação de uma das primeiras revistas de design, o
Journal of Design and Manufactures, e do livro de Jo-
nes, intitulado The Grammar of Ornament, de 1856,
talvez um dos mais influentes tratados sobre teoria
do design de todos os tempos. Esse livro trouxe 37
proposições sobre os princípios gerais para o arran-
jo da forma e da cor no design, demonstrando sua
aplicação histórica com análise de diversos povos da
Antiguidade até o Renascimento.
Esse movimento sugeria que as melhores ma-
nifestações do ornamento reproduziam princípios
geométricos básicos vindos das formas da nature-
za. Cardoso (2008) diz que essa forma de raciocínio
veio do pintor escocês William Dyce, que era diretor
das escolas públicas de design do governo britâni-
co em 1837. Mas, após algumas intrigas políticas, o
que também sempre foi muito comum na história
do design, Cole e Redgrave assumiram essas esco-

91
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

A partir da abertura da sua primeira firma em Porém, no início do século XX, com a expansão da
1861, Morris e seus sócios começaram a produ- produção em massa, ela acabou perdendo força.
zir objetos decorativos e utilitários, tais quais
Antes de morrer, Morris investiu a mesma filoso-
móveis, tecidos, tapetes, azulejos, vitrais e pa-
péis de parede. Ao longo das décadas de 1860 fia de trabalho na impressão de livros, o que resultou
e 1870, a empresa conseguiu se estabelecer com em um grande passo para o Design Gráfico. Nos úl-
sucesso na área de aparelhamento e decoração timos anos da década de 1880, ele lançou o primei-
de igrejas, de interiores domésticos e de edifí-
ro livro projetado e impresso pela editora Kelmscott
cios públicos (…) (CARDOSO, 2008, p. 80-81).
Press. Esses livros eram produzidos artesanalmente,
No início, ele contava com amigos e sócios na firma, pensados e projetados de forma que estimularam a
mas, em 1875, montou a Morris & Company, sob sua criação de editoras de qualidade no mundo inteiro.
direção exclusiva, buscando autonomia e qualidade O mais importante deste movimento é saber-
na produção dos seus produtos. O que ele mais bus- mos que foi criado como uma crítica à expansão
cava era uma produção artesanal, pouco mecanizada, desenfreada da indústria e da desvalorização da
ou, se mecanizada, era terceirizada e supervisionada qualidade de produção e do trabalhador, com uma
por ele. Sua empresa foi muito bem visada devido à necessidade de reavivar os princípios góticos nos
qualidade e o bom gosto superior, mesmo que seu projetos e de dar significado a cada produção e
preço era maior, comparado às empresas da época. construção de algo.

SAIBA MAIS

REVIVALISMO GÓTICO NO BRASIL


Popularizou-se em 1880, no fim do reinado de
D. Pedro II, principalmente em igrejas, cons-
truções militares e populares. Podemos citar
o Santuário do Caraça em Minas Gerais como
a igreja mais antiga, em São Paulo, a Igreja Lu-
terana e a Catedral da Sé.

Fonte: adaptado de Cardoso (2008).

92
DESIGN

ARTS &
CRAFTS
Após o revivalismo gótico, com o trabalho de Morris, relação mais igualitária e democrática entre os
vemos que uma sequência de um novo movimento trabalhadores envolvidos na produção, e manu-
tenção de padrões elevados em termos da qua-
com enorme repercussão mundial entre o final do
lidade de materiais e de acabamento (CARDO-
século XIX e o início do século XX surge. Conhecido SO, 2008, p. 83).
como Arts and Crafts (Artes e Ofícios), foi um dos
movimentos históricos mais importantes do Design.
A partir da década de 1880, surgiu, na Grã-Bretanha, Os ideais repercutidos desse movimento ficaram
diversas organizações dedicadas a projetar e produ- conhecidos como craftmanship, palavra inglesa que
zir artefatos de forma artesanal ou semi-industrial. expressava ideias de grande acabamento artesanal e
profundo conhecimento do ofício.
Logo, esses ideais foram se espalhando para ou-
tros países europeus e para os Estados Unidos, exer-
cendo influência sobre o surgimento dos primeiros
movimentos modernistas. Segundo Cardoso (2008),
temos o exemplo de Frank Lloyd Wright, que utiliza
interpretações inovadoras dos princípios de Ruskin e
Morris, com gosto simples, naturalista e artesanal, e
se torna um dos principais responsáveis pela implan-
tação da arquitetura moderna nos Estados Unidos.
Algumas sociedades e associações fundadas nes-
sa época foram: a Century Guild, Art Worker’s Guild,
Guilda dos Trabalhadores de Arte (1884), a Guild
and School of Handicraft e a Arts and Crafts Exhibi-
Fonte: Reber (2009, online). tion Society, exposição quadrienal de móveis, tape-
çaria, estofados e mobiliário, realizada em Londres
em 1888.
A filosofia do movimento Arts and Crafts gira-
va em torno da repercussão dos valores produ- Já no Brasil, as preocupações com relação ao in-
tivos tradicionais defendidos por Ruskin...Os dustrialismo eram quase nulas, porém a filosofia do
integrantes do movimento buscavam promo- movimento Arts & Crafts trouxe uma reflexão basea-
ver maior integração entre projeto e execução, da nas deficiências da sociedade imperial, na falta de

93
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

mão de obra qualificada, já que a maioria era escra- Aqui, é importante refletirmos sobre o quanto os va-
vos. Por isso, por volta de 1850, surgiram iniciativas lores serão sempre motivo de questionamento nos
de promover a formação técnica e artística do traba- movimentos influentes do design, relacionados mais
lhador brasileiro. Cardoso (2008) diz que, em 1855, a relação de trabalho, trabalhador e sociedade do que
uma reforma feita por Araújo Porto-Alegre, diretor a estética em si do produto.
da Academia Imperial de Belas Artes, passou a mi-
nistrar um curso para alunos artífices, que ensinava Na sociedade industrial tardia, mais do que nun-
ca, as pessoas parecem creditar às formas exterio-
o desenho industrial.
res geradas pelo design e pela moda o poder de
transmitir verdades profundas sobre a identidade
SAIBA MAIS e a natureza de cada um (CARDOSO, 2008, p. 85).

FRANK LLOYD WRIGHT Foi a partir de 1890 que o Arts & Crafts se conectou ao
estilo Art Nouveau, indo por toda a Europa, com uma
Arquiteto e escritor que tinha como conceito
que cada projeto deve ser individual, de acor- filosofia um pouco distinta, utilizando materiais do
do com sua localização e finalidade. É consi- mundo moderno, como ferro, vidro e cimento, assim
derado um dos arquitetos mais importantes como conhecimentos das ciências e engenharia, mes-
do século XX, que influenciou os rumos da
arquitetura moderna. Seu principal projeto mo criticando os processos de produção em massa.
foi a casa da Cascata, tendo como base a ar- Nos anos 1920, o movimento se ligou ao Art
quitetura orgânica. Déco, com a decoração sendo o elemento mediador e
O americano foi um dos principais arqui- se colocando entre arte e indústria da mesma forma.
tetos a pensar o modo de vida do homem
moderno. A diferença é que o Art Nouveau representava linhas
mais curvas e rebuscadas, enquanto o Art Déco busca-
Fonte: Azevedo (2014, p. 44).
va linhas mais retas e estilizadas e formas geométricas.

Assim, começaram a surgir escolas de artes e ofícios


no Brasil, como o Liceu de Artes e Ofícios no Rio de
Janeiro e similares em São Paulo. O que mostra que
a união da arte e indústria no Brasil foi um elemento
de progresso e modernidade.

Talvez a contribuição mais duradoura desses


movimentos reformistas tenha sido a ideia de
que o design possui o poder de transformar a
sociedade e, por conseguinte, que a reforma dos
padrões de gosto e de consumo poderia acarre-
tar mudanças sociais mais profundas (CARDO-
SO, 2008, p. 85).

94
DESIGN

BAUHAUS

É na linha de frente artesão-máquina que sede em Weimar. Foi quando, segundo Souza (1997),
surge a escola Bauhaus, fundada em 1919, na a Bauhaus resultou da fusão das escolas Academia de
Alemanha, por Walter Gropius. Seria impossí-
Arte e da Escola de Artes e Ofícios.
vel entender hoje, o que é design, sem entender
o que foi a Bauhaus (AZEVEDO, 2014, p.19). A Bauhaus foi uma das primeiras escolas a mi-
nistrar aulas com a intenção de transformar o artesão
Vemos, aqui, que, assim como o Revivalismo Gótico em produtor industrial (AZEVEDO, 2014, p. 28). O
e o Arts & Crafts, as bases da ideologia da Bauhaus importante era o aluno conhecer sobre os materiais,
também está firmada na integração da produção ar- as funções e a produção, para poder, depois, escolher
tística e industrial. Mas, segundo Azevedo (2014), qual área iria seguir.
sua meta principal é desenvolver o design moderno, Segundo Cardoso (2008), a Bauhaus passou por
que estaria em constante contato com as relações do fases bastante distintas, sob três diretores (Gropius,
homem e de seu espaço. Hannes Meyer e Mies van der Rohe), em três dife-
Após a primeira Guerra Mundial, a Alemanha rentes cidades (Weimar, Dessau, Berlim). Sempre
passava por um processo de recuperação e saiu da sendo dominada por um ideário socialista, por isso
monarquia para se transformar em república com essa constante mudança devido a fatores políticos.

95
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

de Moholy-Nagy e Meyer, ou da fase final sob


Podemos citar dois grandes pintores da época que Mies van der Rohe, em que o ensino da arquite-
passaram pela escola da Bauhaus: o russo Wasiily tura passou a ser privilegiado quase que exclusi-
Kandinsky e o alemão Paul Klee. vamente (CARDOSO, 2008, p. 133).

SAIBA MAIS O design na Bauhaus sempre foi pensado como


ação construtiva, como atividade unificada e glo-
KANDINSKY bal e pensando em muitos aspectos humanos. Por
Artista plástico, professor da Bauhaus e intro- isso existiam aulas e oficinas de várias disciplinas,
dutor da abstração nas Artes Visuais. Preferia como cerâmica, metal, tecelagem, mobiliários, vi-
pintar paisagens coloridas ao ar livre e dizia trais, pintura mural, pintura de cavalete, escultura
que suas teorias artísticas eram baseadas em
suas experiências pessoais. e talha, encadernação, impressão gráfica, teatro,
arquitetura, design de interiores, publicidade e
Fonte: adaptado de Farthing (2011).
fotografia. O fundamento principal era que essas
oficinas sempre ensinassem sobre os princípios da
forma e da cor.
Essa capacidade da escola de reunir muitas pessoas É possível percebermos que a escola da Bauhaus
criativas e muito diferentes foi o que deu força para deixou o legado do funcionalismo, em que a forma
a Bauhaus, mas também gerou conflitos pelas per- ideal de um objeto é determinada pela sua função, tra-
sonalidades fortes e contradições de pensamentos. zendo, muitas vezes, fórmulas prontas, em que alguns
nem mesmo sabiam o porquê usavam elas e quais as
razões de elas existirem. Claro, isso também resultou
Do ponto de vista pedagógico, a escola também
na produção em massa dos processos industriais, mes-
esteve em constante mutação, com trocas fre-
quentes de docentes, de cursos e de enfoques. mo que a maioria dos alunos fosse artistas e artesãos.
Costuma-se dividir essas fases pedagógicas de Por fim, as crises de teorias que cada um impu-
acordo com a ascendência de professores in- nha na escola, as crises sociais e políticas, o nazis-
dividuais: por exemplo, muitos estudiosos da
mo e a Segunda Guerra Mundial fizeram com que a
Bauhaus separam o período inicial, quando
prevaleceram as ideias expressionistas e místi- escola fosse fechada em 1933. Mas, mesmo fechada,
cas de Gropius e Itten, da fase subsequente em transmitiu seus ideais para o modernismo do Design
que dominaram o tecnicismo e o racionalismo e a expansão dele na sociedade.

96
DESIGN

PRINCIPAIS
ACONTECIMENTOS Gropious cria o manifesto
1919 Bauhaus. Seu trabalho,
Gunta Stölzl (1897-1893) sempre de caráter
entra para a Bauhaus modernista, começa a ser
como aluna, é nomeada influenciado pelo
líder da nova turma 1920 expressionismo.
feminina da escola no
mesmo ano. Van Doesburg faz sua
primeira palestra na
Klee chega à escola como 1921 Bauhaus em uma
colaborador permanente
tentativa de aumentar a
e se instala em dois
influência do grupo
estúdios nos quais leciona
holandês De Stijl, do qual
forma em pinturas murais, 1922
foi o fundador.
vitral e encadernação de
livros. A Bauhaus adota o lema
A queda do governo "Arte para a indústria",
controlado pelos sociais- 1923 inspirada pelo movimento
democratas na Turingia, Arts & Crafts, de Willaim
Alemanha, resulta em Morris no século XIX.
menos verba para a Escola Inspirado pela vanguarda
Bauhaus. 1924 russa, Moholy-Nagy e sua
mulher, Lucia, introduzem
O arquiteto suiço Hannes
a fotografia experimental
Meyer se torna o chefe do
no cânone da Bauhaus.
novo programa de 1925
arquitetura da escola.
Meyer é marxista e se Klee pinta sua obra-prima
mostra impaciente com Fish Magic, parte de uma
as questões estéticas. 1927 série de obras com tema
Meyer renuncia. Como submarino.
novo diretor da Bauhaus,
Mies van de Rohe
redireciona o programa
1928 Gropious deixa a Bauhaus
e Meyer o substitui. Seus
de arquitetura. métodos mais
O Partido Nazista chega ao pragmáticos resultam no
poder na Alemanha. A 1930 primeiro ano lucrativo da
Bauhaus é acusada de escola em 1929.
subversão e fechada.
Gropious se muda para a
Inglaterra e outros vão 1933
para os EUA.

97
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

modernismo
No período entre guerras, podemos dizer que o mo- des econômicas sofridas por todos esses conflitos.
dernismo começou a se instalar no Design. Foi uma Havia uma necessidade de se conciliar trabalho
época de expansão dos meios de comunicação, das com prazer e a expansão das mídias, da cultura, da
tecnologias, dos materiais, do ritmo de vida acelera- moda, que antes não alcançava muitas camadas da
do das pessoas. população, colaborou para mudanças de hábito da
Era um tempo de crescimento do Design na sociedade.
identidade visual, nos cartazes, devido às crises po- Com o início da Segunda Guerra Mundial, a es-
líticas e guerras e, também, de transformação social, cola Bauhaus foi fechada e se iniciou um processo
pois os países estavam se reerguendo das dificulda- novo para o campo do design.

98
DESIGN

Os anos da guerra foram um período de no- dade das característica da Bauhaus na nova escola.
táveis avanços tecnológicos, desde conquistas Porém o fato de Bill se prender a essas características
notórias, como o radar e a bomba de hidro-
fez ele se chocar com o pensamento dos colegas mais
gênio até progressos menos conhecidos, mas
igualmente impressionantes na produção de
jovens, por isso, em 1957, teve que entregar a direção
motores, plásticos, equipamentos eletrônicos e da escola para novos rumos do ensino.
outros componentes que serviriam de base para Os novos ensinamentos diziam que o artista não era
a expansão industrial fenomental nas décadas mais um criador privilegiado e que a arte não era mais
seguintes (CARDOSO, 2008, p. 160). um domínio estético devido ao sentido da vida moderna.
Para eles, toda solução criativa deveria passar pelo
SAIBA MAIS redimensionamento do uso, da prática, das funções e
dos ambientes cotidianos (CARDOSO, 2008, p. 187).

Nessa época, em 1940, as mulheres foram es- Ulm projetou para o mundo uma face crescen-
timuladas a trabalharem, devido a escasses temente tecnicista, apostando cada vez mais na
de mão de obra masculina, pois os homens racionalização e no racionalismo como fatores
estavam servindo nas guerras. Foi uma época determinantes para as soluções de design. Abs-
que enaltecia as mulheres, dizendo que elas tração formal, uma ênfase em pesquisa ergonô-
eram fortes e independentes. mica, métodos analíticos quantitativos, mode-
Porém, ao fim da Segunda Guerra, quando os los matemáticos de projeto e uma abertura pós
homens voltaram, os governos tiveram que fazer princípio para o avanço científico e tecnológico
as mulheres voltarem para o trabalho domésti- marcam o design ulmiano produzido na década
co e começaram a fazer propagandas de bens de 1960 (CARDOSO, 2008, p. 188).
de consumo voltadas para o público feminino,
muitas vezes, diminuindo a imagem da mulher.
Vemos, aqui, que o modernismo veio para manifes-
Fonte: adaptado de Cardoso (2008).
tar um pensamento no qual ‘menos é mais’, em que
um projeto deveria se mostrar simples, sem muitos
ornamentos e que representasse essa nova vida rápi-
O período modernista trouxe para a América o início da e prática que havia surgido.
das escolas de Design, já que a Europa sofria conflitos Tanto Maldonado, que assumiu a liderança após
políticos devido ao nazismo, como a ‘Nova Bauhaus’ Bill, quanto Alexandre Wollner no Brasil carregavam
nos Estados Unidos, que mudou de nome para Institute as características do modernismo, em que o designer
of Design e, depois, para Illinois Institute of Technology, deveria trabalhar em grupo, e não mais ter expres-
e, no Brasil, a ESDI (Escola Superior de Desenho In- sões individualistas.
dustrial), baseando suas teorias na própria Bauhaus, e Toda essa caminhada mostra que o modernismo
na escola de Ulm, que foi fundada na Alemanha, como foi uma junção de processos e transformações na
parte da reconstrução nacional pós-guerra. história do Design, desde o Arts & Crafts, Art Nou-
Cardoso (2008) diz que a Escola de Ulm esteve veau, Art Déco, Streamlining, a Bauhaus, a escola de
sob a direção de Max Bill no início, um escultor e ex- Ulm, todos os movimentos traziam algo de impor-
-aluno da Bauhaus, o que estabelece uma continui- tante para o Design em nossa sociedade.

99
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

Podemos citar outros movimentos que também en-


traram na era do modernismo:
• Cubismo, que influenciou por meio de mon-
tagens e colagens rompendo as regras tradi-
cionais da forma.
• Futurismo, que trabalhava as leis mecânicas
da indústria.
• Dadaísmo, trazendo o humor, despertando o
observador e reavaliando, também, as formas
tipográficas.
• Surrealismo, que despertava o inconsciente,
trazendo fontes de inspiração para a comuni-
cação visual.
• Construtivismo, que foi criado a partir da Re-
volução Russa e trabalhava com a comunica-
ção visual, a organização do design em rela-
ção ao trabalho e ao trabalhador.

100
DESIGN

Por último, o De Stijl, movimento sediado na Holan- SAIBA MAIS


da, que tinha como prioridade formas geométricas
básicas e cores primárias, o que não deixa de ser o
PIET MONDRIAN
princípio geral do modernismo e dos movimentos
recorrentes a esse período. Liderados pelos pintores Piet Mondrian, um dos fundadores do mo-
Theo van Doesburg e Piet Mondrian, o movimento vimento moderno holandês De Stijl, é re-
conhecido pela pureza de suas abstrações
atingiu várias áreas, como design, arquitetura, pintu-
e prática metódica pela qual ele chegou a
ra, escultura, tipografia e até literatura e música.
elas. Ele simplificou radicalmente os ele-
Para finalizarmos o modernismo, lembre-se de mentos de suas pinturas para refletir o que
que ele não foi apenas um movimento no Design, ele via como a ordem espiritual subjacente
mas de muitos movimentos relacionados a um con- ao mundo visível, criando uma linguagem
texto histórico, político, social e econômico, que fo- estética clara, universal dentro de suas te-
las. Em seus melhores quadros conheci-
ram gerando transformações na sociedade, no modo
dos da década de 1920, Mondrian reduziu
de pensar trabalho, lazer e consumo. Esses conflitos suas formas de linhas e retângulos e sua
de pensamento e do modo de viver design sempre paleta ao básico fundamental que empur-
vai existir no contexto histórico da nossa profissão. rou referências passadas para o mundo
exterior para a abstração pura. Seu uso
de equilíbrio assimétrico e um vocabulário
pictórico simplificado foram cruciais para
REFLITA
o desenvolvimento da arte moderna e de
seus trabalhos abstratos icônicos, e perma-
O design nunca será apenas o resultado em neceram influentes em design e familiar na
um produto, um ambiente ou um serviço. cultura popular da época do modernismo
Design é expressão de valores, história, so- até hoje.
ciedade, ser humano.
Fonte: adaptado de Piet… (online).
Fonte: a autora.

101
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

pós
modernismo
A partir desse ponto de vista, a arquitetura e o
Com o fechamento da escola de Ulm em 1968, segun- design pós-modernos podem representar um
do Souza (1997), as novas vanguardas, características novo elemento de ruptura e, contraditoriamen-
dos movimentos das jovens gerações do final da déca- te, enquandrar-se num processo de crítica (...)
da de 60, começam a gerar lutas contra alguns ideais e A idéia de combinação, conjunção, dispersão e
reunião de linguagens, espaços e tempos parece
crítica ao caminho que o modernismo havia tomado. mais atraente (...) a possibilidade de se estabele-
cerem formas de pensamento e de criação mais
1968 marcou um tempo em que começou-se livres, mais acessíveis e menos sofisticadas, que
a duvidar da possibilidade real do projeto da incluam espectador, usuário ou consumidor (...)
modernidade, da ideologia do progresso e da como elemento ativo e participante no projeto
própria democracia como solução para um de- (SOUZA, 1997, p.79).
senvolvimento social harmônico, baseado no
avanço do conhecimento científico (SOUZA, Para Cardoso (2008), a marca da pós-modernidade
1997, p. 74). é o pluralismo, a abertura a posturas novas e tole-
rância para posições divergentes. Não existia mais
O crescimento e o desenvolvimento da sociedade, aquela pretensão de encontrar apenas uma única
o número de pensadores fazem com que, no pós- forma de fazer as coisas, uma única solução. Tal-
-modernismo, os caminhos do design comecem a vez, esse fosse o início de um progresso da indus-
se ramificar, existindo pensamentos diferentes. Uma trialização, em que a sociedade começa a aprender
liberdade que descentralizava o conceito design de a conviver com a complexidade ao invés de lutar
apenas algumas pessoas. contra ela.

102
DESIGN

Fonte: Pós-modernismo (2010, online). Fonte: Cidades... (2013, online.)

Porém, aqui, cabe a reflexão do quanto esse progres-


so traz benefícios, de um lado, e malefícios, de outro.
O desenvolvimento de materiais e tecnologias acaba
deixando o meio-ambiente insuficiente aos nossos pa-
drões de vida. O progresso social, tentando agregar a
todos, acaba segregando, devido ao fato de cada um
poder expressar sua opinião e pensamento, atingindo
o outro.
Essas falhas no design pós-moderno mostram que
é muito importante reavaliar a forma como industria-
lização, produção e consumo tem se comportado em
nossa sociedade e até quando o nosso mundo vai su-
portar esses processos tão rápidos de transformação.
As principais características do design pós-mo-
derno eram de uma imagem que utilizava recursos
multimídia, diversas expressões visuais e junção de
outros sentidos como recurso a mais à visão; o culti-
vo e a interpretação pessoal, falta de clareza das ima-
gens por meio de símbolos e signos. A participação
do espectador ao ver uma imagem, projeto, espaço é
muito importante.

103
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

SAIBA MAIS

ANDY WARHOL E O POP ART


Fonte: Zanelatto (2012, online).
Andy Warhol foi o ilustrador comercial mais
bem sucedido e muito bem pago, em Nova
Resulta muitas vezes da manifestação do efê- York, antes mesmo de começar a fazer arte
mero, do transitório, do descartável, quando é destinado para galerias. No entanto, suas ima-
transformada, entropicamente e ao acaso, pela gens screenprinted de Marilyn Monroe, latas
ação dos agentes da natureza (descoloração por de sopa e histórias de jornais sensacionalistas
iluminação solar, oxidação por ar e umidade, rapidamente se tornaram sinônimo de arte
decomposição pelo calor atmosférico, etc) ou Pop. Ele emergiu da pobreza e obscuridade
interferências por agentes da cultura (vanda- de uma família de imigrantes da Europa de
lização por rasgos, pichações, superposições, Leste em Pittsburgh, para se tornar um ímã
fragmentações, demolições, etc) (CAUDURO, para carismático boêmio de Nova York, e, em
2009, p. 115). última análise, encontrar um lugar nos círculos
da alta sociedade. Para muitos, sua ascensão
ecoa uma das ambições da arte Pop, para trazer
Para finalizarmos, lembre-se de que no pós-moder- estilos populares e temas para os salões exclu-
sivos de grande arte. Sua elevação ao status de
nismo não existe uma regra, uma forma, um meio um ícone popular representou um novo tipo
apenas de pensar design. As expressões não são mais de fama e celebridade por um artista plástico.
limitadas a um pensador ou a uma escola. A ilustração comercial no início de Warhol foi
recentemente aclamada como a arena na qual
É necessário pensar na experiência de uso, na ele aprendeu a manipular o gosto popular. Seus
resposta emocional do usuário, nos materiais, nos desenhos eram, muitas vezes, cômicos, decorati-
processos de fabricação, na imagem, na função e vos e lunáticos e seu tom é completamente dife-
rente do clima frio e impessoal de sua arte Pop.
na utilidade, mas, também, não esquecer de que os
processos evolutivos atingem nosso meio-ambiente, Fonte: Andy… (online)

nossa convivência e sociedade.

104
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade, com o prazer de co-
nhecer um pouco mais sobre a história do Design e os principais movimentos
que o envolveram.
É interessante percebermos o quanto nossa história influenciou os concei-
tos e os processos de desenvolvimento de nossa profissão, desde o revivalismo,
que buscava os princípios góticos e religiosos em uma época que lutava para um
desenvolvimento inicial da indústria; o Arts & Crafts, que enfrentava a crise do
artesanal x industrial; a Bauhaus, que foi criada em tempos de guerra, lutando
contra os princípios nazistas e tentando reerguer uma nação; o modernismo, que
simplificava a vida do trabalhador, tentando unificar o que a tecnologia e as má-
quinas poderiam fazer por ele; por fim, o pós-modernismo, que libera a forma
de pensamento, fazendo com que os pensadores, designers, artistas, arquitetos
utilizassem todas as formas dispostas a eles: artesanato, tecnologia, mídias para
projetar e expressar ideais e ideias.
Sabemos que o nosso mundo não para, somos um ciclo sem fim, de idas e
vindas. E o design está em constante transformação, assim como nós, carregando
características e conceitos do ontem, inovando hoje, mudando amanhã. Cabe a
nós, profissionais, adquirir conhecimento e nos dedicarmos ao projeto de trans-
formarmos o mundo para melhor, com as ferramentas que o Design nos dispõe.

105
atividades de estudo

1. Um dos primeiros grandes nomes desses reformistas foi o arquiteto Pugin,


que trazia a reforma dos princípios da arquitetura gótica, conhecido como
Revivalismo Gótico. Trazendo preceitos da construção medieval. Como ele
havia se convertido ao catolicismo entre 1835 e 1841, produziu vários es-
critos querendo trazer de volta os ‘princípios verdadeiros’ de pureza e ho-
nestidade na arquitetura e no design.
Segundo as ideias reformistas de Pugin, é correto afirmar que:
I. A construção se limitava aos elementos estritamente necessários para a
comodidade e a estrutura; e o ornamento não vinha apenas dos elemen-
tos construtivos.
II. O livro de Jones, intitulado The Grammar of Ornament, de 1856, é, talvez,
um dos mais influentes tratados sobre teoria do design de todos os tem-
pos. Esse livro trouxe 36 proposições sobre os princípios gerais para o
arranjo da forma e da cor no design.
III. Esse movimento sugeria que as melhores manifestações do ornamento re-
produziam princípios geométricos básicos vindos das formas da natureza.
a. I, II e III.
b. II e III.
c. I e III.
d. II.
e. III.

2. Cite alguma construção de revivalismo gótico no Brasil, comentando so-


bre quando foi construída, onde, quem projetou e colocando alguma
imagem.

3. A filosofia do movimento Arts and Crafts girava em torno da repercussão


dos valores produtivos tradicionais defendidos por Ruskin. Diante disso,
assinale a afirmativa correta:
a. Maior integração entre projeto e execução.
b. Divisão de fases na produção.
c. Valorização muito maior do projeto.
d. Qualidade dos materiais somente na execução.
e. Nenhuma das afirmativas anteriores.

106
atividades de estudo

4. É na linha de frente artesão-máquina que surge a escola Bauhaus, fundada


em 1919, na Alemanha, por Walter Gropius. Seria impossível entender,
hoje, o que é design, sem entender o que foi a Bauhaus (AZEVEDO, 2014,
p.19). Fale, então, sobre as três fases distintas lideradas por três líderes
diferentes na Bauhaus e, depois, comente sobre os fatos que levaram ao
fechamento da escola.

5. Em que época as mulheres foram incubidas de entrarem no mercado de


trabalho, enquanto os homens estavam servindo seu país em período de
guerra?
a. Bauhaus.
b. Modernismo.
c. Arts & Crafts.
d. Pós-Modernismo.

6. O De Stijl foi um movimento sediado na Holanda, que tinha como priori-


dade formas geométricas básicas e cores primárias, o que não deixa de
ser o princípio geral do modernismo e os movimentos recorrentes a esse
período. Comente sobre um artista da época e sobre uma de suas obras.

7. É correto afirmar que as principais marcas da pós-modernidade são:


I. Conviver com as complexidades, o que não significa não lutar por suas
opiniões.
II. Ter como resposta e solução várias formas de pensar.
III. Um progresso de tolerância, em que não existe apenas um pensador.
IV. Um desenvolvimento social harmônico, baseado no avanço do conheci-
mento científico.
V. A dificuldade de se estabelecerem formas de pensamento e de criação
mais livres, mais acessíveis e menos sofisticadas.
a. I, II e III.
b. III e IV.
c. II, III e IV.
d. I, III e IV.
e. II e IV.

107
LEITURA
COMPLEMENTAR

DESIGN VERSUS ARTESANATO: IDENTIDADES E CONTRASTES


Haroldo Coltri Eguchi
Olympio José Pinheiro

RESUMO
Percebem-se pelo menos três visões distintas sobre a origem do design, sendo mais di-
fundida a que situa seu inicio com a Revolução Industrial. Há quem veja o design como
herdeiro de um artesanato às vésperas dessa Revolução que já contava com projeto e
divisão do trabalho incipientes. Menos difundida é a idéia de que não há diferença tão
significativa entre design e artesanato e, portanto, contaria com milênios de história.
Supondo o designer herdeiro desta tradição milenar, não seria hora de voltar a reconci-
liá-lo com o artesanato? Não caberia voltar a defender o resgate de conceitos de projeto
anteriores ao modernismo?

Existem inúmeras controvérsias sobre a origem histórica do design. Alguns autores


consideram que o design é herdeiro de toda uma tradição que data à Pré-história, des-
de que o homem inventou as primeiras próteses que o auxiliaram em seu contato com
o mundo externo (BÜRDEK, 2006). Essa visão faz sentido se, a par da origem histórica,
analisarmos o termo design do ponto de vista etimológico.
Design é uma palavra de origem latina (designáre) que significa marcar, indicar, ou,
simplesmente, designar. Com este conceito – designar, vinculado ao termo design – po-
demos esboçar o conceito modernista de projeto. Deste modo se poderia dizer que um
artesão “designa” uma forma que considera ideal para seu produto, da mesma forma
que um designer o faz em seu projeto.
Uma curiosa relação é o fato da palavra latina signáre ter se transformado, na língua
portuguesa, em “ensinar”, cujo significado original incluía: colocar dentro, gravar no
espírito. Há evidente contraste com educação (educare), cujo sentido original é retirar
para fora, criar, nutrir, conduzir, levar (OLIVEIRA, 2008). Não obstante, poderíamos tam-
bém observar uma identidade entre colocar dentro ou gravar no espírito e conduzir ou
levar.
Pensando em termos etimológicos, o designer seria, em síntese, aquele que acrescen-
ta. Mas acrescentaria o que? Tal qual o artista, o designer seria aquele que acrescenta a
forma, ou informa, a matéria amorfa, matéria que para o artesão grego era a madeira.

108
LEITURA
COMPLEMENTAR

A discussão platônica sobre a verdade no trabalho do artesão e do artista reside no fato


de que a matéria desfiguraria a idéia, o que transformaria artistas e artesãos em charla-
tães. Deste ponto de vista, enganam as pessoas ao deformarem a idéia ou verdade sob
a forma de uma representação falsa. (LACOSTE, 1986; FLUSSER, 2002; 2007).
Outra visão é a de que o design deriva de certo tipo de artesanato feito às vésperas da
Revolução Industrial. Apóia-se esta tese no fato de existir um projeto a priori e divisão
do trabalho incipientes, ou seja, apenas o modo de produção diferenciaria este tipo de
produto artesanal do industrial, que veio logo em seguida. (DENIS, 2000; DE FUSCO,
2005).
Segundo esta linha de pensamento, a base do design estaria na metodologia projetual
e criativa, enquanto que do ponto de vista anterior, estaria em um procedimento de
bricolagem, escolher fazer assim a partir de uma tradição e do que está à mão. É im-
portante lembrar que a palavra projeto carrega um significado estritamente moderno.
Projeto vem do latim projectus, que significa “ação de lançar à frente” e, portanto, pres-
supõe que o que se projeta deva ser inovador e vanguardista.
A terceira e mais aceita visão percebe o design como um produto tipicamente industrial
e, portanto, não pode existir antes da Revolução Industrial, datada aproximadamente
entre os anos 1760-1830. A partir deste ponto de vista faria muito sentido o nome que o
curso possui em algumas universidades, “Desenho Industrial”, já que se ensina um de-
senho direcionado para a produção industrial em maior ou menor escala. Entretanto,
cada vez mais cursos vêm abandonando este confuso e ultrapassado nome, passando
a adotar simplesmente o nome de “Design”, como ocorreu com a UNESP/Bauru que
alterou o nome do curso em 2007.

Leia mais em: <http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/17390/17390.PDF>.


Fonte: Eguchi e Pinheiro (online).

109
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

Tudo sobre arte


Stephen Farthing
Editora: Sextante
Sinopse: Abrangente e informativo, ‘Tudo sobre arte’ será seu guia pelas imagens mais im-
portantes de todos os tempos - aquelas que encontramos ao visitar museus, folhear jornais
e revistas ou olhar para a capa de um romance. Organizado cronologicamente e repleto de
ícones que encantaram o mundo, este livro traça um panorama da evolução artística em seus
mais importantes estilos e movimentos, apresentando as obras emblemáticas da pintura, da
escultura, da arte conceitual e da performática, além de análises detalhadas que facilitam sua
compreensão.

Uma introdução à história do Design


Rafael Cardoso
Editora: Blucher
Sinopse: Este livro não privilegia nenhum grupo de designers, pois, na verdade, ele lança um
olhar escancaradamente brasileiro sobre o tema - o autor pretende que esta seja uma intro-
dução à história do design a partir de uma perspectiva brasileira. O leitor pode constatar que
existem, pelo menos, dois níveis de discurso que se desenrolam em paralelo ao longo deste
estudo: o texto, que busca explicar causas gerais, e as imagens, que demonstram resultados
concretos.

Conheça, de uma forma descontraída, a história do Design baseada no design de cadeiras


famosas.
Disponível em: <http://designdeinterioresmoderno.blogspot.com.br/2012/12/historia-do-design.
html>.

Assista às animações que falam sobre os movimentos importantes da história do Design.


Estão apenas em inglês, mas é possível colocar uma legenda que ajuda um pouco.
Disponível em: <http://chocoladesign.com/historia-design-animacoes>.

110
ÁREAS DO DESIGN

Prof.ª Vanessa Barbosa dos Santos

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Design de interiores
• Design de moda
• Design efêmero
• Design gráfico
• Design de produto
• Design digital

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a área de atuação em interiores, os processos e as ferramentas de trabalho
e os projetos desenvolvidos por um profissional da área.
• Entender os projetos de Design Efêmero, quais são as áreas de atuação, os principais
conhecimentos necessários e exemplos de projetos.
• Conhecer sobre a profissão do design em Moda e as principais áreas de atuação no
mercado de trabalho.
• Descobrir o objetivo desta área profissional, quais os ramos de criação e trabalho, as
ferramentas utilizadas e os tipos de projeto a serem executados pela profissão.
• Compreender as atuações de um designer de produto, as fases de criação e
desenvolvimento e seu posicionamento no mercado.
• Entender os processos de transformação das tecnologias, e os processos da evolução
do design para o mundo de hoje e sua atuação no mundo digital.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à última unidade deste livro, na qual você pode-
rá aprender mais sobre a História da Arte e do design, seus principais
estilos, as épocas mais marcantes, seus significados, autores e obras en-
volvidas.
Em nosso dia a dia, podemos perceber que o Design está inserido em
praticamente todas as nossas ações, em tudo que temos em nossa volta.
Desde a casa em que moramos, o tênis que usamos, a escova de dente, a
marca do leite que tomamos no café da manhã, o ônibus que pegamos
para ir pro trabalho, a xícara do café, as redes sociais que acessamos e até
o cartaz do show que queremos ir. Tudo no mundo, hoje, se interliga por
meio do design e, para que isso chegue até nós, os profissionais precisam
estudar e desenvolver seus conhecimentos teóricos e práticos para chega-
rem a um resultado que se adeque às necessidades e desejos do público
final.
Nesta unidade, vamos conhecer mais sobre as áreas que um profis-
sional de Design pode atuar e quando elas começaram a ganhar força no
mercado e na sociedade. Quais são os tipos de trabalho que o profissional
de design pode desenvolver, quais as ferramentas que você deve conhecer
e as ramificações dentro de uma área.
Dentro dessas áreas que se manifestam o Design, vamos conhecer: o
Design de interiores, o Design Gráfico, o Design de Moda, o Design de
Produto e o Design Digital.
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

DESIGN DE
INTERIORES
O Design de interiores é uma área que vem crescendo O que, anteriormente, era denominado como de-
cada dia mais no mercado do Design. O que antes era coração de interiores, em que se faziam pequenas
apenas um ramo desenvolvido por arquitetos que cria- transformações com objetos, iluminação e materiais,
vam mobiliário ou projetavam alguns espaços internos, hoje, é estudado como a ciência de projetar os espa-
baseados em suas construções, ou até mesmo artistas ços baseados no comportamento das pessoas, para
que se interessavam devido a uma aptidão específica, criar algo relacionado à funcionalidade e à necessi-
hoje, se tornou uma profissão de renome e que exige dade dessas pessoas.
estudos específicos para projeção de interiores.

116
DESIGN

Numa acepção mais ampla, significa o pla-


nejamento, a organização, a decoração e a Além disso, é importante uma compreensão da mar-
composição do layout espacial de mobiliário, ca, do tipo de produto ou serviço do estabelecimen-
equipamentos, acessórios, objetos de arte etc., to, pois isso também influencia no projeto com rela-
dispostos em espaços internos habitacionais, ção aos materiais, as cores, aos objetos e aos espaços
de trabalho, cultura, lazer e outros semelhantes
(GOMES, 2006, p.21).
obrigatórios, sendo um diferencial grande do pro-
fissional. Caso a marca ainda não possua uma iden-
Conforto, funcionalidade e beleza é o que o Designer tidade visual, pode também ser desenvolvida pelo
de Interiores procura em seus projetos e, para isso, próprio designer, para que todo seu projeto interior
busca um conhecimento em cores, materiais, história, esteja relacionado à marca.
acabamentos, desenho técnico, conforto, iluminação e
ergonomia. Além disso, busca analisar as necessidades
do cliente, seu perfil de vida, estilo e comportamento.
Como Designer de Interiores, o profissional
pode atuar em projetos como:

PROJETOS RESIDENCIAIS
A área mais conhecida para projetos de interiore é a
área de projetos habitacionais, para isso, é necessário
um briefing baseado em seu cliente. É preciso que o
Design estude a fundo seus hábitos, suas preferências,
suas necessidades e, a partir daí, começe a desenvol-
ver o projeto do espaço, a distribuição e a criação de
mobiliário, a escolha de cores e materiais, o estilo, o
revestimento e o acabamento, a iluminação, que esta-
beleçam relação com o briefing feito no início.

PROJETOS COMERCIAIS
Os projetos comerciais não são muito diferentes de
projetos residenciais, pois o desenvolvimento da
ideia, os briefings e os conhecimentos para o desen-
volvimento do projeto são os mesmos. Porém, em
projetos comerciais, tem-se um diferencial, pois não
haverão pessoas habitando o local, entretanto, há,
além do dono do estabelecimento, o consumidor que
vai usufruir do espaço em um determinado tempo.
É necessário, então, um conhecimento do perfil do
cliente, para que ajude na criação do projeto.

117
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

PAISAGISMO MOBILIÁRIO
Uma outra área em que o Designer de Interiores Para finalizar as área de interiores, temos, aqui, os
pode atuar é a de paisagismo. Tanto em áreas ex- projetos de mobiliário, que podem ser projetados
ternas quanto internas, públicas ou privadas, o pai- para um espaço completo, conhecidos como móveis
sagismo vem obtendo uma exigência ainda maior planejados, como pode ser um mobiliário específico,
daqueles que procuram o projeto de um designer. É como as cadeiras, por exemplo. Existem profissionais
importante saber sobre paisagem, cidade, história, que trabalham so-
espécies e plantas e suas relações com o local do pro- mente nessa área
jeto, empreendedorismo, sustentabilidade, urbanis- e cabe dizer que,
mo e processos de instalação. para criação de
mobiliário, é im-
ILUMINAÇÃO portante saber sobre
A área de iluminação é um outro setor em ascenção no o Design em geral,
Design de Interiores, que exige alguns conhecimen- história, contex-
tos técnicos e tecnolgógicos mais aguçados. Cálculo to e conceito de
e softwares serão muito utilizados, também, conheci- criação, prática
mentos sobre conforto ambiental, iluminação natural de projeto e desen-
e artificial, luminárias, projetos cenográficos, de lazer, volvimento de pro-
obras públicas e saúde. Há, ainda, os conhecimentos duto; veremos mais a
sobre sustentabilidade, já que estamos falando de pro- seguir sobre o Design
jeto que consome energia, gestão e instalação. de Produto.

118
DESIGN

DESIGN DE
MODA
Por que o homem se veste? A esta pergunta tão
essencial, foram muitas as tentativas de respos-
tas, mas estas sempre estiveram repertoriadas em
torno de três aspectos fundamentais: pudor, pro-
teção e ornamentação. Pudor para esconder sua
nudez, proteção contra as intempéries e adorno
para se fazer notar (CIDREIRA, 2005, p.39).

Por mais que possamos pensar que se vestir é algo


que o homem faz desde lá dos tempos primórdios,
podemos notar que a moda em si não surgiu naquela
época, pois, segundo Cidreira (2005), a moda é uma
construção cultural, localizada no tempo e no espaço,
e os povos primitivos desconheciam esse conceito.
Podemos dizer, então, que a moda apareceu no
fim da Idade Média, Século XV, no período do Re-
nascimento, mais precisamente, na França, por causa
da organização da vida nas cortes, depois, com a vida
urbana em crescimento, as pessoas começaram a ter
o desejo de imitar as roupas dos nobres.

Moda vem do latin modus, significando “modo”,


“maneira”. Em inglês, moda é fashion, corruptela
da palavra francesa façon, que também quer dizer
“modo”, “maneira” (PALOMINO, 2003, p. 15).

Então, a moda surge para ditar o modo ou a maneira


como as pessoas se vestem relacionadas ao seu com-
portamento, pensamentos, cultura, história, econo-
mia e política em que elas estão inseridas.
É a partir daí que a o Design de Moda se insere como
precursor principal da disseminação estética do homem.

119
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

Segundo Matharu (2011), o Designer de Moda deve


ter entendimento sobre 3D, técnicas de fabricação,
habilidades comunicativas, de gerenciamento, com-
preensão dos métodos de produção e conhecimento
geral do mercado - identificando os desejos do clien-
te, analisando os sucessos e os fracassos e implemen-
tando mudança para o próximo ciclo.
Veja, então, as possíveis áreas para o profissional
de Design de Moda seguir:

DESIGN E CRIAÇÃO
Nessa área, o designer pode trabalhar como estilista,
a tão conhecida e cobiçada área da Moda, desenvol-
ver produtos, acessórios ou superfícies relacionados
à Moda, ser ilustrador ou joalheiro. Para trabalhar
com a área de criação, é necessário desenvolver habi-
lidades de criatividade, processos criativos, conhecer
sobre a história do Design, cores, materiais, indús-
O conceito de “estar na moda” se auto-explica e
se confunde. Tratar de moda implica lidar com tria e produção, além de estar sempre conectado às
elementos os mais complexos, especialmente transformações do mundo e da sociedade, cultura,
quando combinados. Entrando nesse assunto, economia, política e meio-ambiente.
tangemos valores como imagem, auto-imagem,
auto-estima, política, sexo...estética, padrões de
beleza e inovações tecnológicas, além de um ca-
leidoscópio de outros temas: desde condições cli-
máticas, bailes, festas, restaurantes ou uniformes
até cores (e a ausência delas), modelos, top mo-
dels, supermodels ou gente “normal”, mídia, foto-
grafia de moda, moda de rua, tribos (e a ausência
delas); música e diversão, mas também crise e
recessão, criatividade e talento. Dinheiro tam-
bém. E vaidade, competitividade, ego, modismos
e atemporalidades, história e futuro, excessos, ra-
dicalismos e básicos (PALMONIO, 2003, p. 8-9).

E nessa mistura de conteúdos, o profissional De-


signer de Moda trabalha com vários conteúdos e
conhecimentos, podendo atuar em áreas diferentes
dentro da própria Moda. É isso que vamos conhecer
um pouco neste tópico.

120
DESIGN

CONSULTORIA
Essa é uma área que não trabalha diretamente com
a criação, e sim com o usuário dos produtos finais
da Moda. Podendo ser personal stylist, consultor
de Moda, consultor de imagem, personal shopper,
agente de modelo e colorista.
Para trabalhar com consultoria, é necessário um
ótimo relacionamento interpessoal, conhecimento
de comportamento humano e estilos, já que, mais do
que escolher uma roupa considerada da moda atual,
é importante conhecer o cliente de maneira pessoal,
sua história, sua forma de pensar, o contexto em que
está inserido, para guiá-lo a uma melhor forma de se
comportar no seu dia a dia.

TEATRO E TELEVISÃO INDÚSTRIA


Outra área cobiçada pelos Designers de Moda é a área O Designer de Moda que atua na indústria trabalha-
de figurinista, podendo atuar no mercado da arte, rá como tecnólogo têxtil, obtendo conhecimentos
como o teatro, as novelas e os filmes. Nesse área, as- sobre fios, malhas, tecidos, tinturaria e maquinário.
sim como na criação, é necessário um conhecimento Além do conhecimento das tendências de mercado da
abrangente não só da Moda, mas, principalmente, ter moda que serão atingidas pela produção da indústria.
aptidão para pesquisar e conhecer outras áreas, já que,
em se tratando de uma produção de uma peça de teatro PRODUÇÃO
ou uma novela, por exemplo, existe todo um contexto O profissional que atua na área de produção já tem
histórico, o comportamento das personagens, cenário, o produto final e vai trabalhar para que esse produto
que devem estar em relação com o figurino criado. chegue da melhor forma possível ao consumidor da
Moda. São esses os vitrinistas, os responsáveis pelo
COMUNICAÇÃO merchandising e direção de marketing. É importante
Considerada a área que mais cresce na atualidade, aqui estudar e desenvolver as melhores formas de se
a comunicação em Moda vem obtendo um papel estabelecer a relação do produto com o consumidor.
muito importante na sociedade, devido à explosão
de meios de comunicação e redes sociais disponíveis INFORMÁTICA
hoje em dia. Como exemplo, temos o blogueiro, o Nesse setor, os conhecimentos de Moda são os mes-
colunista, o jornalista, o editor, o assessor de impren- mos, porém há a necessidade de conhecimento de
sa e relações públicas, ou seja, todas essas áreas que tecnologias e softwares para desenvolvimento das
exigem uma habilidade de se expressar, falar em pú- áreas, como ilustrador, desenhista técnico, modelis-
blico, expor ideias e ideais por meio das mídias. ta, design de estampa, colorista.

121
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

CONFECÇÃO MARKETING
Esse é o setor em que se coloca “a mão na massa”. Nessa área, pode-se trabalhar como produtor de
O profissional pode trabalhar como modelista, cos- moda, de desfile, fotógrafo, cabelo e maquiagem. São
turar, ser desenhista técnico, pilotista, tecnólogo de áreas do marketing da moda, em que o profissional
vestuário e gerente de produção. Quando uma co- trabalha para entregar, da melhor forma possível, um
leção é desenvolvida, por exemplo, após passar pela novo produto da Moda. Um lançamento de marca,
etapa de pesquisa e criação, ela vai ser executada e é uma nova coleção, uma nova tendência e/ou conceito.
aqui que entra o trabalho desses profissionais.
PESQUISA
ADMINISTRATIVA Na área de pesquisa, pode-se trabalhar como coo-
O setor administrativo é o responsável pela parte lhunting, curador de moda, historiador e professor,
racional e comercial do Design de Moda. O são áreas relacionadas à pesquisa de moda, em que
empresário, administrador, gerente de moda e de todas as outras áreas são necessárias para o estudo, o
produto vai gerenciar e administrar a relação do conhecimento e o ensino. Além de saber do passado
produto com o mercado, conforme as transformações da Moda, é importante saber dos movimentos atuais
desse mercado, de uma marca ou uma empresa. Nessa e das possíveis transformações da Moda em si, da
área, é necessário desenvolver um conhecimento de sociedade como um todo e das influências que uma
marketing, administração e economia. tem sobre a outra.

122
DESIGN

Figura 1: Áreas de Moda


Fonte: adaptado de Fagundes (2015, online).

É interessante conhecermos as áreas de atuação de dos a ver em desfiles famosos. Vai muito além disso
um Designer de Moda, para quebrarmos o paradig- e existe um contexto de pesquisa, desenvolvimento e
ma de que a Moda está relacionada somente ao esti- conhecimento muito importante dentro do Design
lista e todo aquele glamour que estamos acostuma- da Moda em nossa sociedade.

123
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

DESIGN
EFÊMERO

Os projetos efêmeros são aqueles que são transitó- da rotina. Ou seja, os projetos efêmeros são espa-
rios e passageiros, que crescem no mercado de forma ços que não estavam ali ontem e, talvez, não estejam
explosiva no século XXI. Esse tipo de projeto tem- amanhã, mas que bem projetados ficarão marcados
porário pode ser executado por profissionais da área na memória daqueles que o viram.
de Design de Interiores, utilizando-se dos mesmos
princípios e processos de projeto e execução, inclu- PROJETO DE STAND
sive, essa área foi incluída em algumas matrizes de Começamos com projetos de vitrine, que são os
ensino do curso, por se tratar de uma área em grande projetos feitos em lojas comerciais, para divulgar em
crescimento no mercado e com possibilidades muito o lançamento de novas coleções, novos produtos e
interessantes de atuacão e criação. marcas, eventos, estações e promoções. São peque-
Como o nosso mundo caminha em constante nos cenários montados na entrada da loja e, para de-
mudança e inovação, cada dia mais rápido, os pro- senvolvê-los, é importante pensar no projeto de for-
jetos efemêros têm sido muito valorizados, pois são ma a agregar ao produto em destaque os materiais,
de forma intensa e, em prática, projetados, trazendo as texturas, a iluminação, os objetos e os possíveis
o olhar das pessoas pra algo que sai da monotonia, manequins.

124
DESIGN

Depois, temos os projetos de stands, que podem


ser fixos, são mais conhecidos como quiosques,
em shoppings, ou stands, em exposições e even-
tos temporários. No stand, o projeto desenvolve,
também, uma estrutura específica e, quando se
trata de eventos e exposições, a ideia é trabalhar a
criatividade para algo diferente, inovador, que faça
o olhar das pessoas se prenderem ao projeto, inte-
ragirem e reconhecerem o conceito da marca em
divulgação.
Vemos, também, os cenários, que podem ser
projetados em diversas áreas, como filmes, novelas,
shows, tv, teatros e eventos. Vale dizer que é neces-
sário projetar pensando em materiais de fácil manu-
seio, pois estes dependem de montagem e desmon-
tagem de forma rápida e eficaz e, também, serão
reutilizados em novos espaços e momentos. Isso, po-
rém, não descarta a importância de um bom projeto,
pensando nos materiais, na tecnologia e nos objetos
a serem utilizados.
As exposições e os eventos podem ser relaciona-
dos à cultura, à música, à arte, às pessoas, à história
Fonte: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/db/39/9d/
e a vários outros assuntos. São projetos temporários db399d685100a41849246ab0e9881841.jpg>.

que exigem um conhecimento que vai bem além do


Design e de projetar em si, procura interação e re-
lação com o público bem mais intensa e de forma
criativa.
Por último, as intervenções urbanas, que são
criadas em espaços públicos nos mais variados te-
mas, provocam reflexão, crítica, interação, melho-
ria de espaços e diversão para as pessoas que ali
circulam. Geralmente, essas intervenções são rea-
lizadas pelos designers, arquitetos, artistas, que, de
alguma forma, sentem a necessidade de expressar
algo, mostrar opções de mudança para uma vida
melhor. Fonte: <http://papodehomem.com.br/25-intervencoes-urbanas-de-cair-o-queixo/>.

125
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN

DESIGNGRÁFICO
O Design gráfico é a mais universal de todas funções, como classificar e diferenciar, informar,
as artes. Está em toda parte, explicando, deco- atuar em nossas emoções e dar forma aos nossos
rando, identificando - impondo significado ao
sentimentos em relação a tudo que nos cerca. Nosso
mundo. Está nas ruas, em tudo que lemos, sobre
os nossos corpos. Interagimos com o design da mundo, hoje, não vive mais sem o Design gráfico,
sinalização de trânsito, da publicidade, das re- pois, sem ele, nosso contato, nossas informações
vistas, dos maços de cigarro, dos medicamentos, voltariam a ser escassas e não sobreviveríamos,
do logo da nossa camiseta, da etiqueta de ins-
truções de lavagem da nossa jaqueta (NEWA- nossa comunicação seria difícil como antigamente
RK, 2009, p.6). e, devido ao crescimento populacional e ao desen-
volvimento tecnológico e industrial, a falta do De-
Segundo Newark (2009), o design realiza diversas sign gráfico seria inviável.

126
DESIGN

O pai do termo “Design Gráfico” foi o americano, TIPOGRAFIA


William Addison Dwiggins, que, em 1922, escreveu O designer aqui trabalha com o desenvolvimen-
que era necessário utilizar o senso prático em um to de tipos, criação e desenho de fontes. Os tipos
layout e esquecer a arte, pois a função do design é poderão ser usados em impressos, como jornais,
transmitir uma mensagem clara e prática. revistas e livros, anúncios e, também, em marcas,
Para Paul Rand: identidade visual e sinalização. É importante co-
nhecer sobre as famílias tipográficas e as partes
[...] o design gráfico, em síntese, lida como es-
pectador, e como o objetivo do designer é ser
existentes em uma fonte.
persuasivo ou pelo menos informativos, con-
clui-se que os problemas do designer apresen-
tam dois lados: an