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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

SERVIÇO SOCIAL

ALUNA

“30 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente:


avanços e desafios”.

CIDADE
2020
ALUNA

“30 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente:


avanços e desafios”

Trabalho de Serviço Social apresentado à Universidade


Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para
a obtenção de média bimestral na disciplina  Pesquisa
Social/Pesquisa Social e Oficina de Formação
 Políticas Setoriais / Políticas Setoriais e Políticas
Setoriais Contemporâneas
 Gestão Social e Análise de Políticas Sociais
 Instrumentalidade em Serviço Social

Orientador:
 Patricia Soares Alves da Silva
 Paulo Sergio Aragão
 Maria Angela Santini
 Amanda Boza Gonçalves

CIDADE
2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...... .................................................................................................03
2 DESENVOLVIMENTO............................................................................................04
3 CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA – A DESPROTEÇÃO E A EVOLUÇÃO DOS
DIREITOS...................................................................................................................04
4 AS VULNERABILIDADES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA...........................11 
4.1 PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA...........................................................................15
4.2 PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA....................................................................17
5 AÇÃO INTERSETORIAL E REDES: BASES LOCAIS DE PROTEÇÃO E
DESENVOLVIMENTO...............................................................................................18
6 INSTRUMENTAL TÉCNICO DO ASSISTENTE SOCIAL......................................20
CONCLUSÃO............................................................................................................25
REFERÊNCIAS..........................................................................................................26

   
3

INTRODUÇÃO

O direito da criança evoluiu ao longo do tempo visto que, nos dias


atuais, construir uma sociedade mais justa e igualitária significa tratar dos direitos de
todos os cidadãos, inclusive, da criança e do adolescente que também são
considerados pela atual Constituição Brasileira, como sujeitos de direito. 
Somente a partir da Constituição Federal Brasileira de 1988 e do
Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, que criança e adolescente deixaram
de ser vistas como objetos e foram reconhecidos como pessoas que têm direito de
suprir suas necessidades físicas, cognitivas, psicológicas, intelectuais, emocionais e
sociais de forma integral e integrada.
O Estatuto da Criança e do Adolescente em consonância com a
Constituição Federal elegem a família, a sociedade e o Estado como os
responsáveis  para assegurar a garantia dos direitos fundamentais das crianças e
adolescentes brasileiros, nos artigos 3º, 4º e 7º - direito à vida, à saúde, à
convivência familiar e comunitária; o artigo 5º quando menciona que crianças e
adolescentes não serão objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão ou qualquer tipo de atentado; e, o artigo
15º que trata sobre o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade.
Hoje, a concepção de infância no contexto da proteção integral,
evidencia uma realidade trágica que vai de encontro ao que está escrito nos artigos
e nas leis, em vista do alarmante e crescente índice de criminalidade e violência
contra crianças e adolescentes. A violência é praticada em grande escala, porém,
não se reconhece nenhum tipo de dispositivo legal, manifestação ou políticas
públicas em defesa da infância e da juventude brasileira. 
Diante do descaso para com as crianças e os adolescentes, pode-se
perceber que o Brasil se encontra em um período de retrocesso evolutivo e de
desproteção dos direitos da infância. 
4

DESENVOLVIMENTO

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 30 anos


nesta segunda-feira, 13 de julho, em um cenário inimaginável por quem participou
de sua elaboração: a sociedade enfrenta uma pandemia mundial que dificulta a
aplicação de direitos que já haviam sido assegurados normativamente para a
população infantojuvenil. Os novos desafios impostos pela Covid-19 somam-se aos
antigos, como a aplicação do princípio da prioridade absoluta, que significa que o
gestor público, levando em consideração a situação peculiar de pessoa em
desenvolvimento da criança e do adolescente, deve zelar pela primazia de seu
atendimento nos serviços públicos, a preferência na formulação e execução de
políticas públicas e, especialmente, a destinação privilegiada de recursos
orçamentários.

Nesse cenário, o procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacoia,


ressalta que “embora ainda seja longo o caminho a ser percorrido para a plena
efetivação do ECA, é indispensável reconhecer que a lei, nos últimos 30 anos,
provocou transformações profundas no tratamento dispensado às meninas e aos
meninos brasileiros, dando origem a um novo paradigma de proteção a essa parcela
vulnerável da população.” Citando Nelson Mandela, ele afirma que “não há
revelação mais aguçada da alma de uma sociedade do que a forma pela qual
ela trata suas crianças”. Assim, “a materialização de todos os direitos e garantias
previstos será um indicativo de que a população compreendeu plenamente a
necessidade de firmar um compromisso ético com a defesa dos mais necessitados,
especialmente de suas crianças e adolescentes”.

3 CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA – A DESPROTEÇÃO E A EVOLUÇÃO DOS


DIREITOS

Para uma concepção mais ampla acerca da infância, é importante


conhecer os tipos de tratamentos a que as crianças eram submetidas e a evolução
jurídica dos seus direitos.
5

De acordo com Azambuja (2016, p. 83), “exemplos históricos de


desproteção jurídica à criança são encontrados desde a Antiguidade, entre os povos
egípcios e mesopotâmios, romanos, gregos, medievais e europeus”.

Para esses povos as crianças não mereciam nenhum tipo de proteção, na


verdade, nunca houve nenhum tipo de proteção, era como se não existissem.

Barros (2005, p. 71) comenta que, no Oriente Médio, o Código de Hamurabi


que prevaleceu de 1728 a 1686 a.C. o artigo 193 “previa o corte da língua do filho
que ousasse dizer aos pais adotivos que eles não eram seus pais, e, a extração dos
seus olhos se aspirasse voltar à casa dos pais biológicos”; o artigo 195 “caso o filho
batesse no pai, sua mão era decepada”.

Por outro lado, o mesmo código em seu artigo 154, dizia que: se um homem
abusasse sexualmente de sua própria filha, a pena máxima era a sua expulsão da
cidade. Ou seja, a punição das crianças era muito severa e cruel enquanto a dos
adultos era amena.

Ainda no contexto da desproteção,

Em Roma (449 a.C.) a Lei das XII Tábuas - 1º permitia ao pai matar o filho
que nascesse disforme, mediante o julgamento de cinco vizinhos; 2º o pai
tinha legítimo o direito de vida e de morte sobre os filhos, inclusive para
vende-los. Em Roma e também na Grécia antiga, o pai como chefe da
família, podia castigar, condenar e expulsar a mulher e os filhos, visto que
não possuíam nenhum tipo de direito. Em Esparta, as crianças doentes ou
portadoras de malformações congênitas eram sacrificadas, pois, desde
cedo serviam para atender interesses políticos, sendo selecionadas, pelo
porte físico, para ser guerreiros, ou seja, eram objeto de direito estatal
(AZAMBUJA, 2016, P. 56).
Muito pior que o homem ser supervalorizado pelas sociedades antigas onde
prevalecia o império machista com seu paternalismo, é a total falta de compaixão, o
total descaso para com as crianças e principalmente a perversidade para com as
portadoras de deficiência, que não tinham sequer direito à vida.

Vanuchi (2010, p. 52), cita outra situação relevante de sacrifício dos infantes,
no reinado do paganismo, quando “Herodes, rei da Judeia mandou executar todas
as crianças menores de dois anos, na tentativa de atingir Jesus Cristo, conhecido
como rei dos judeus”.
6

A história antiga mostra o triste cenário da convivência das crianças com os


seus pais que também eram os seus opressores e agressores permanentes.

A ótica atual sobre a infância é consequência das constantes


transformações pelas quais passamos, sendo assim, é de suma importância nos dar
conta destas transformações para compreendermos o cenário que se faz presente. 

Até o século XII, o índice de mortalidade infantil era muito alto devido
precárias condições de higiene e saúde. Desse modo, havia nos períodos medievais
uma insensível postura dos pais com relação aos filhos. Conforme Heywood (2004),
“os bebês abaixo de dois anos, em particular, sofriam um descaso assustador, pois,
os pais consideravam pouco aconselháveis investir muito tempo ou esforço em um
pobre animal suspirante, que tinha tantas probabilidades de morrer com pouca
idade”.

As crianças que conseguiam sobreviver com as precárias condições e


descaso não possuíam identidade própria, apenas vinda a tê-la quando
conseguissem realizar atividade semelhante àquelas feitas pelos adultos, com as
quais estavam misturadas.

O tratamento social dado à criança era semelhante ao do adulto. Ser criança


era viver um breve período de vida, pois logo se misturavam com os de mais idade.

Nesse sentido, o autor complementa:

Adultos, jovens e crianças se misturavam em toda atividade social, ou seja,


nos divertimentos, no exercício das profissões e tarefas diárias, no domínio
das armas, nas festas, cultos e rituais. O cerimonial dessas celebrações não
fazia muita questão em distinguir claramente as crianças dos jovens e estes
dos adultos. Até porque esses grupos sociais estavam pouco claros em
suas diferenciações (ÁRIES, 1981, p.156).
Não havia nessa época, atividades, objetos, vestimentas ou leis
próprias para a infância. As crianças cedo entravam no universo adulto e não
dependiam tanto dos seus pais. Eles sim precisavam de seus filhos, pois quanto
maior o número de filhos mais pessoas teriam para trabalhar.

De acordo com Áries (1981), nas famílias pobres havia uma


preocupação desde cedo para a criança trabalhar nas lavouras ou serviços
7

domésticos. Já as crianças que pertenciam às famílias nobres aprendiam as artes


de guerra ou os ofícios eclesiásticos.

A particularidade do mundo infantil que distingue a criança do adulto


não existia. Igualmente não havia a percepção de que a criança precisava de
cuidados e de pessoas para zelar por sua integridade.

Como explica Áries (1981), nos séculos XIV, XV e XVI, as crianças


eram vistas como um adulto em miniatura. Ainda nos remetendo à situação de fome,
miséria e a falta de saneamento básico pelas quais as pessoas da Idade Média
viviam, a morte de uma criança não era recebida com tanta comoção. Rapidamente
a tristeza passava, e aquela criança era substituída por outro recém-nascido para
cumprir sua função já pré-estabelecida.

Constata-se, portanto, que a afeição pela infância, o sentimento de


proteção do ser vulnerável não era inerente à época. 

O mencionado autor, ainda tratando do sentimento com relação à


criança, afirma que,

As pessoas se divertiam com a criança pequena como um animalzinho, um


macaquinho impudico. Se ela morresse então, como muitas vezes
acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer
muito caso, pois outra criança logo a substituiria. A criança não chegava a
sair de uma espécie de anonimato. A infância foi ignorada socialmente e
isso é perceptível nas Artes, pois, até o século XII, não houve sequer a
tentativa de representá-la. Não há crianças caracterizadas até o final do
século XVIII, por sua expressão peculiar (ÁRIES, 1981, p.10).
Dessa forma, esses indivíduos permaneceram no anonimato durante
um longo período histórico que compreende a Antiguidade até a Idade Média. Num
percurso histórico, o conceito de infância foi sofrendo modificações. No século XVI,
ocorreram mudanças nas concepções referentes à criança e a infância. Do século
XVI para o XVII, na Europa, começam a perceber a criança como um ser diferente
do adulto. Surge o que diversos autores denominaram um sentimento de infância.
Sentimento esse a princípio distorcido, uma vez que as crianças eram vistas como
objeto lúdico dos adultos.

Houve uma época, por volta do século XVII, segundo Júnior (2012),
que as crianças foram tratadas como o centro das atenções e tinham permissão
8

para tudo até completar seis anos de idade. A partir dos sete, lhe era cobrada uma
postura de responsabilidades semelhantes à de uma pessoa adulta. Em razão disso
e para que atendessem aos desejos dos adultos, as crianças eram severamente
castigadas, punidas fisicamente, espancadas com chicotes, ferros e paus.

Nesse momento, lembra Áries (1981), a infância estava começando


a ser descoberta na Europa como uma idade específica da vida, sentimento de
infância antes inexistente na Idade Moderna, coincidia com a época em que estava
ocorrendo a colonização do Brasil. Assim, os europeus, enquanto colonizadores
trouxeram seus valores, costumes e ideias referentes à infância para o Brasil.

Dentro dessa nova construção moderna, foram sendo soterradas


concepções de criança como um adulto em tamanho reduzido e paulatinamente foi
cedendo lugar para a afirmação da infância como uma construção social.

Nesse contexto, comenta Júnior (2012), com o advento da


Revolução Industrial, no século XVIII, a escolarização se estendeu a todas as
camadas sociais, com a missão de educar para o trabalho as crianças, impondo
sobre elas uma mentalidade de obediência e disciplina. Nas indústrias, além da
inserção do trabalho da mulher constata-se a presença de crianças que
representava mãos-de-obra baratas, disciplinadas e com baixo poder reivindicatório.
As atividades de trabalho infantil, que sempre estiveram presentes na sociedade
medievais, sejam elas domésticas ou agrícolas, continuaram acontecendo.

As crianças eram submetidas a longas jornadas de trabalho nas


fábricas, dispendiam bastante força física e chegava muitas vezes ao esgotamento,
o que continuava contribuindo com os altos índices de mortalidade. O trabalho
infantil era visto culturalmente como forma inicial de educação doméstica e de
provimento material do orçamento da família.

No Brasil, segundo Júnior (2012), o trabalho infantil é um fenômeno


social presente ao longo da história, suas origens remontam à colonização
portuguesa e à implantação do regime escravista. Foi a partir do século XIX, que
surgiram os primeiros entendimentos sobre o significado de infância.
9

A criança tornou-se indivíduo central no contexto familiar, ou seja,


sua casa transformou-se num espaço de afetividade. A partir de então, a criança
passou a ser vista como indivíduo de investimento afetivo, econômico, educativo e
existencial.

O Estado, por sua vez, assume outro papel com relação à criança:

No século XIX, o Estado, que se interessa cada vez mais pela criança,
vítima, delinquente ou simplesmente carente, adquire o habito de vigiar o
pai. A cada carência paterna devidamente contatada, o Estado se propõe
substituir o faltoso, criando novas instituições. (...) É verdade, não obstante,
que a política de assumir e proteger a infância traduziu-se não apenas numa
vigilância cada vez mais estreita da família, mas também na substituição do
patriarcado familiar por um “patriarcado de Estado”. Até o final do século
XIX, a criança foi vista como um instrumento de poder e de domínio
exclusivo da Igreja (BADINTER, 1985, p.288-289).

Somente no início do século XX, a Medicina, a Psiquiatria, o Direito


e a Pedagogia contribuíram para a formação de uma nova mentalidade de
atendimento à criança, abrindo espaço para uma concepção de reeducação não
apenas religiosa, mas também científica.

Barros (2005, p. 68), comenta que, analisando-se a história do Brasil


a partir do período colonial, não há registro de direitos assegurados para a infância,

As primeiras crianças, chegadas antes do descobrimento do Brasil, vieram


na condição de órfãs do rei ou como pajens, com o compromisso de casar
com os súditos da Coroa. Vieram nas embarcações, em condições trágicas,
as crianças eram abusadas sexualmente pelos marujos rudes e violentos,
com a desculpa de que não havia mulheres a bordo. Somente as crianças
órfãs não eram violentadas porque ficavam trancafiadas nas embarcações.
Desde a chegada da Companhia de Jesus ao Brasil, no século XVI,
os religiosos assumiram o papel de defensores dos direitos infanto juvenis até o
início do século XX. Isso significa dizer que, durante todo esse período o amparo à
infância brasileira foi exercido pela Igreja Católica.

Na Idade Contemporânea, Pereira (2008), destaca os avanços


cronológicos ocorridos nas políticas de proteção social para as crianças e
adolescentes, visto que, em 1919, foi criado o Comitê de Proteção da Infância, cujas
manifestações trataram das obrigações coletivas com relação às crianças. Mais
tarde, com a primeira Declaração dos Direitos da Criança (1959), os Estados
passaram a ter suas legislações próprias em defesa desses direitos.
10

E posteriormente, afirma o autor:


Em 1946, foi criado o Fundo Internacional de Emergência das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF), que declara em seu Artigo 19 – Direitos
da Criança: Toda criança terá direito às medidas de proteção que a sua
condição de menor requer, por parte da sua família, da sociedade e do
Estado. Em dezembro de 1948, é proclamada a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, em cujo texto os direitos e liberdades das crianças e
adolescentes estão implicitamente incluídos, inclusive, em seu Item II,
observa: a todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio é
assegurado o direito a mesma proteção social (JÚNIOR, 2012, p. 16).     

A Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela


Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em 1948, afirmou direitos de
caráter civil e político, incluindo os direitos econômicos, sociais e culturais de todos
os seres humanos, envolvendo, por conseguinte, as crianças. Para assegurar o
cumprimento dos direitos humanos às minorias (crianças) foi aprovada em 1959, na
Assembleia Geral das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos da
Criança, trazendo em seu conteúdo o primeiro conjunto de valores da Doutrina da
Proteção Integral.

Prevê o princípio 1 desta Declaração, o seguinte: toda criança,


absolutamente sem qualquer exceção, será credora destes direitos, sem distinção
ou discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de
outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra
condição, quer sua ou de sua família (ONU, 1959).
Segundo (Barros, 2005, p. 72)

Tratava-se do início de um complexo processo de transição que resultaria


na superação do Direito do Menor pelo Direito da Criança e do Adolescente,
e consequentemente, na substituição da Doutrina da Situação Irregular para
a Doutrina da Proteção Integral. A partir de 1985, o Direito da Infância e da
Juventude se consolida em nível mundial com a Convenção Internacional
sobre os Direitos da Criança, cujo marco de proteção social à infância e
adolescência forneceu também as bases para a doutrina da proteção
integral, que fundamentou o Estatuto da Criança e do Adolescente – que
atualmente assegura os direitos das crianças e dos adolescentes do Brasil.

Vale destacar ainda registros antigos, do mesmo período histórico


que envolve crianças, no Estado do Amazonas, local onde se realiza a presente
pesquisa, com relatos de lendas e fatos ocorridos no seio da floresta amazônica,
durante o período áureo da borracha (1830/1860), nas obras de Ferreira de Castro
11

“A Selva”, Álvaro Maia “Beiradão”, entre outras, cujas características são o contato e
a experiência dos escritores no mundo do seringal.

Maia (1999) em suas obras apresenta as figuras femininas, sejam


velhas ou crianças, e afirma que as mesmas eram tratadas no seringal como
mercadorias, objeto de disputa ou moeda de troca.

Benchimol (1992), narra alguns fatos passados, destacando como


as figuras femininas eram tratadas nos seringais. Por conta da abstinência sexual
prolongada, seringalistas e alguns seringueiros cometiam atos extremos de abusos
contra mulheres velhas e meninas em idade precoce para o sexo, que eram
possuídas através do estupro ou do aliciamento.  

Ferreira de Castro (1972), por sua vez, comenta que, a escassez se


transformava em excesso e cita o caso do amasiamento de um seringalista
chamado José Arruda com três meninas, de nove, dez e doze anos de idade,
vivendo na mesma barraca. O delegado colocou o seringalista no tronco, bateu nele,
entretanto, quando conversaram com as meninas elas o defenderam afirmando que
ele lhes dava boia (que significa alimentação) e roupa.

4 AS VULNERABILIDADES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 

A OMS, em 1948, definiu que a saúde é o completo estado de bem-


estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. Observa-se que
saúde é definida como qualidade de vida, dependendo de muitos fatores, como
condições sociais, históricas, econômicas e ambientais nas quais o indivíduo se
encontra. O estado de vulnerabilidade de muitas crianças e adolescentes no Brasil
contradiz essa definição, uma vez que afeta diretamente a qualidade de vida dos
cidadãos.
Existem componentes importantes para avaliar as condições de
maior ou de menor vulnerabilidade social, individual ou coletiva. Entre esses
componentes podem ser citados: o acesso aos meios de comunicação, a
12

escolarização, a disponibilidade de recursos materiais, a autonomia para influenciar


nas decisões políticas e a possibilidade de enfrentar barreiras culturais e de estar
livre de coerções violentas ou poder defender-se delas .
O conceito de vulnerabilidade social na América Latina é recente.
Ele foi criado com o objetivo de ampliar a análise dos problemas sociais,
ultrapassando o identificador renda ou a posse de bens materiais da população em
geral. O conceito está vinculado às concepções do Estado de Bem-Estar Social .
No Brasil, as principais vulnerabilidades que acometem as crianças
e os adolescentes são os riscos inerentes aos problemas relacionados ao alcoolismo
e conflitos entre casais, que tornam crianças testemunhas de agressões e de toda
forma de violência. Os riscos relacionados ao lugar de moradia incluem a
precariedade da oferta de instituições e serviços públicos, a
falta de disponibilidade dos espaços destinados ao lazer, as relações de vizinhança
e a proximidade da localização dos pontos de venda controlados pelo tráfico de
drogas. Além de todos esses riscos, podem-se destacar os riscos do trabalho infantil
e o da exploração da prostituição de crianças. Ademais, a personalidade e o
comportamento de crianças e adolescentes podem torná-los mais vulneráveis aos
riscos do envolvimento com drogas, gravidez precoce e prática do roubo. Considera-
se que o indivíduo poderá também possuir um favorecimento genético para
dependência química e vulnerabilidade psicofisiológica ao efeito de drogas .
Os índices de violação dos direitos das crianças e dos adolescentes,
no Brasil, ainda se apresentam elevados, mesmo que os números indiquem
tendência de queda. As principais formas de transgressão dos direitos contra esse
grupo são o abandono, o trabalho precoce a exploração sexual. Em adição, a
adolescência é caracterizada por mudanças profundas na vida de um indivíduo. E as
diferenças físicas e psíquicas acabam por fazer com que os adolescentes se tornem
mais vulneráveis ao consumo de bebidas alcoólicas e ao uso de drogas
psicotrópicas. O consumo de álcool pode se relacionar à busca de aceitação em um
determinado grupo social. Embora as leis brasileiras, entre elas o ECA, proíbam a
venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, o consumo de álcool pelos
adolescentes no Brasil é preocupante, sendo fortemente induzido pelas estratégias
publicitárias.
O consumo de bebidas alcoólicas exacerbado entre adolescentes
tem gerado problemas, tanto sociais como no âmbito da saúde. As estatísticas da
13

Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) demonstram que, entre os


problemas sociais e de saúde envolvendo o consumo de bebidas alcoólicas,
incluem-se acidentes e mortes no trânsito, homicídios, quedas, queimaduras,
afogamento e suicídio. Tais dados revelam a magnitude do problema para as
diferentes esferas da sociedade, entre essas o setor de saúde, principalmente diante
da constatação de que 25% de todas as mortes de jovens entre 15 e 19 anos são
atribuídas ao álcool.
Juntamente às particularidades da adolescência e infância, a
realidade de vida na rua expõe os indivíduos a uma série de fatores de risco, como o
uso de drogas, a prostituição por sobrevivência e a falta do suprimento das
necessidades básicas, colocando-os em uma situação de extrema vulnerabilidade.
Isso ocasiona consequências negativas em relação à saúde.  Entre essas
consequências, encontram-se as dependências químicas, doenças sexualmente
transmissíveis, lesões por acidentes, gravidez indesejada e morte prematura
resultante de suicídio ou homicídio.
De forma geral, as vulnerabilidades das crianças, adolescentes e de
suas famílias manifestam-se em violência cotidiana no contexto familiar e escolar. A
falta de oferta de uma educação de qualidade, os baixos salários e o desemprego
afetam também a trajetória de vida desses brasileiros, obrigando-os a se inserirem
precocemente no mercado de trabalho e/ou no tráfico de drogas .
 O ECA foi sancionado no Brasil em 13 de Julho de 1990, pela Lei nº
8.069, a qual se baseia na proteção integral das crianças e adolescentes,
garantindo-lhes o direito a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio,
harmonioso e em condições dignas de existência (15).  
O ECA define as crianças e os adolescentes como sujeitos de
direito, sendo-lhes garantida a proteção integral. Conforme o artigo 4º,
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à
convivência familiar e comunitária (p. 9).
O ECA dispõe ainda que, nos casos de maus-tratos, opressão ou
abuso sexual impostos pelos pais ou responsáveis, a autoridade judiciária poderá
afastar o agressor da moradia comum. Com relação aos alcoólatras e toxicômanos,
14

as medidas de proteção são diversas, entre elas a orientação, apoio e


acompanhamento temporário, a inclusão em programas comunitários ou oficiais de
auxílio à família, crianças e adolescentes, o requerimento de tratamento médico,
psicológico ou psiquiátrico e até a colocação em família substituta. Nos casos de
gravidez, o ECA dispõe sobre o direito à vida e à saúde, sendo assegurado o
atendimento nos diferentes níveis do setor público. Ao Poder Público cabe propiciar
apoio alimentar tanto à gestante como à nutriz que precisa.   
Apesar do avanço obtido a partir da proposição do ECA, e mesmo
tendo sido alvo de um processo de ampla discussão e participação da sociedade
civil, principalmente dos movimentos sociais, o estatuto  vem sofrendo oposições de
várias ordens conservadoras(19). A resistência e o pronunciamento de críticas contra
a garantia de direitos das crianças e adolescentes apresentam traços culturais.
A falta da noção de "possuir" direitos e de mecanismos que garantam o acesso aos
direitos tornam difícil convencer a população brasileira sobre a importância do teor
do ECA.
 Entretanto, o estatuto retrata a maturidade e o engajamento por
parte da sociedade brasileira, com ampliação das atuações de Organizações Não
Governamentais (ONGs), criação de Fóruns, Conselhos e apoio à consolidação dos
movimentos sociais e políticos para garantir os direitos das crianças e adolescentes.
Nesse sentido, entra em funcionamento o Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente (Conanda), que responde pela integração dos
representantes sociais e governamentais a favor da execução do ECA. Ao Conanda
cabe implementar conselhos em estados e municípios. Estabelecem-se, desse
modo, os Conselhos de Direito e os Tutelares. Os Conselhos de Direito são órgãos
deliberativos e paritários, responsáveis pela definição da política de atendimento e
controle do orçamento da criança, em conexão com todas as políticas. Já os
Conselhos Tutelares têm o papel de zelar para que as medidas de proteção, apoio e
orientação às crianças e aos adolescentes sejam cumpridas.         
O Conselho Tutelar é um órgão público, permanente, autônomo, não
jurisdicional, eleito pela comunidade local para zelar pelo cumprimento dos direitos
da criança e do adolescente. Atua no âmbito do município, tendo a função específica
de atender cada caso de maus-tratos, violência sexual, exploração do trabalho
infantil, abandono ou quaisquer outras formas de violência cometidas contra as
crianças e adolescentes. Esse órgão deve garantir o completo estado de bem-estar
15

físico, mental e social, devendo-se acionar o serviço de saúde quando tais


condições não forem ofertadas àqueles que dele necessitem. As atribuições do
Conselho estão dispostas no Art. 136 do ECA, destacando-se atendimento e
aconselhamento de pais ou responsável pelas crianças e adolescentes,
requerimento de serviços públicos na saúde, educação, previdência, trabalho,
segurança e serviço social e encaminhamento ao Ministério Público de notificações
que constituam infração administrativa ou penal contra os direitos garantidos aos
adolescentes e crianças.  Uma das principais atuações do Conselho Tutelar
concerne à garantia de vagas na escola, sendo essa uma dificuldade recorrente
enfrentada pelos conselheiros. Ainda que o ECA estabeleça que todas as crianças
tivesse direito à educação, os conselheiros constatam uma incoerência entre o
estatuto e a realidade, indicando desacerto entre os níveis administrativos da
Secretaria de Educação e a garantia de direitos estabelecidos pelo ECA. O espaço
de mediação que o Conselheiro ocupa entre família e escola demanda uma conduta
baseada nos valores e concepções educacionais dos conselheiros tutelares .

 
4.1 PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

O PBF, instituído pelo Governo Federal, atua na promoção da


saúde, beneficiando não apenas crianças e adolescentes, mas também as famílias
carentes do Brasil. O programa visa beneficiar a população mais vulnerável,
transformar a sociedade e contribuir para a conquista da cidadania. Atua também na
saúde, buscando proporcionar qualidade de vida às famílias carentes, por meio da
superação da fome e da pobreza.
Quando foi criado, em 2003, já existiam cerca de dez milhões de
famílias recebendo auxílio de programas anteriores. Na primeira vigência de 2011,
os órgãos competentes da saúde registraram acompanhamento de 7,35 milhões de
famílias cadastradas no PBF, constituído por crianças menores de sete anos ou
mulheres de 14 a 44 anos. Entre as crianças, 71,0% totalizam 4,24 milhões de
beneficiados, acompanhadas integralmente. Entre essas crianças, 99,1%
apresentavam o calendário de vacinação em dia. Das gestantes, 95,8% encontrava-
se com o seu pré-natal em tempo adequado.
16

No que diz respeito à ferramenta para avaliar a focalização de


transferência de renda, utiliza-se a Curva de Incidência, caracterizada pelo número
Coeficiente de Incidência.
O cálculo desse coeficiente toma como critério o ordenamento das
pessoas com base na renda líquida da transferência, cuja incidência está em
avaliação.
Quando se pretende analisar o desempenho de uma agência
executora em fazer o programa atingir os mais pobres, a Curva de Incidência é a
abordagem correta. A transferência progressiva tem Coeficiente de Incidência
negativo e, quanto mais negativo, mais focalizado nos pobres. Um coeficiente
negativo igual a um (-1) indica que a pessoa mais pobre de determinada população
recebe todos os recursos de uma transferência, enquanto o coeficiente positivo
indica transferência regressiva e quanto mais positiva, mais focalizado nos ricos.
Nesse sentido, o coeficiente varia entre -1 e +1, sendo o valor negativo o mais
desejável em um programa social. No PBF, em 2006, o Coeficiente de Incidência foi
negativo, com valor igual a -0,568. Esse valor é semelhante aos índices dos últimos
números disponíveis para os programas Progresa/Oportunidades, oferecidos no
México (-0,56) e o Chile Solidário (-0,57) oferecido no Chile. Um programa social é
relevante no impacto sobre a pobreza e a desigualdade social quando atinge grande
contingente de pessoas pobres. Sendo assim, a focalização do PBF equiparou-se
ao nível de modelos internacionais. Um trabalho com grupos focais entre
beneficiárias e gestoras do PBF, em dez municípios da Federação, mostrou que o
PBF teve impacto acentuado nas noções de cidadania das mulheres titulares do
benefício e na redução de seu isolamento social .
No Brasil, o PBF é considerado de extrema importância no
panorama das políticas sociais. É conhecido seu impacto na redução da pobreza, a
diminuição da desigualdade de renda, a maior frequência escolar e a garantia de
que as crianças beneficiárias não se submetam ao trabalho infantil. Contudo, o
programa precisa de mudanças. Seriam necessárias alterações de ordem conceitual
e de desenho metodológico. Isso porque, nos últimos anos, não se processaram
essas grandes mudanças.  Grande parte da atenção do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), órgão responsável pelo
programa, voltou-se a pequenas, contudo importantes, melhorias gerenciais .
17

Um programa social só pode ser considerado capaz de reduzir a


pobreza e a desigualdade se, em primeiro lugar, alcança a população que vive
nessas condições. Quanto maior a proporção dos recursos do programa reservados
à população vulnerável, maior será a focalização e, por conseguinte, maior o seu
impacto.

 
4.2 PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA  

Ainda com o objetivo de proteger a criança e adolescente, o


Governo brasileiro instituiu o PSE. O programa surgiu como uma política intersetorial
entre os Ministérios da Saúde e da Educação. O PSE tem a perspectiva da atenção
integral (prevenção, promoção e atenção) à saúde de crianças, adolescentes e
jovens do ensino público básico. Acontece no âmbito das escolas e Unidades
Básicas de Saúde, com participação das Equipes de Saúde na educação de forma
integrada. O PSE prevê avaliações clínicas, psicossociais, nutricionais e avaliações
da saúde bucal. Há também ações de promoção da saúde e prevenção de doenças
por meio da promoção da alimentação saudável, realização de atividades físicas,
educação para a saúde sexual e reprodutiva, conscientização quanto ao uso do
álcool, tabaco e outras drogas.
As ações são direcionadas ao enfrentamento das vulnerabilidades que afetam o
desenvolvimento de crianças e jovens na rede pública de ensino .
A perspectiva do Governo Federal é que, no período de quatro anos,
com início em 2008, 26 milhões de estudantes se beneficiem da atenção à saúde
integral, nos municípios prioritários. Aqueles que carecem de óculos e próteses
auditivas serão atendidos com recursos do programa. As ações previstas no PSE
são monitoradas por uma comissão intersetorial de educação e saúde, formada por
pais, professores e representantes do Ministério da Saúde .
O PSE caminha para a universalidade, à medida que ocorre o
aumento gradual do número de municípios participantes. A proposta tem garantido a
atenção à saúde dos escolares, de forma inclusiva. As necessidades de saúde, das
diversas faixas etárias atendidas pelos programas, são levantadas nas distintas
expressões e dimensões. O PSE oportuniza o acesso aos serviços de saúde, de
maneira resolutiva e de qualidade. Além disso, as ações do PSE devem ser
integradas no projeto político-pedagógico das escolas.  Para a execução dessas
18

atividades, deve-se analisar o contexto escolar, social e a situação de saúde local.


É importante que o ambiente clínico criado pelo profissional de
saúde (enfermagem, odontologia, medicina e outros) se respalde na preocupação
com o bem-estar da criança, transmitindo interesse, aceitação e confiança. O
profissional deve, sempre, a cada encontro, identificar mudanças percebidas e criar
um vínculo afetivo com os usuários dos serviços de saúde. O cuidado do profissional
de saúde para com o público jovem não deve ser uma ação separada da família e
de suas necessidades, o que exige o domínio de informações teóricas específicas e
o desenvolvimento de uma sensibilidade especial para lidar com essa clientela.
Assim, o conhecimento teórico das propostas públicas de enfrentamento das
situações de risco é imprescindível para o exercício da profissão em saúde,
independentemente do cenário de prática, seja na escola ou nas unidades de saúde
públicas ou privadas.

5 AÇÃO INTERSETORIAL E REDES: BASES LOCAIS DE PROTEÇÃO E


DESENVOLVIMENTO

Muito se tem falado na necessidade de uma gestão


intersetorial das políticas públicas e de sua importância para a qualidade
de vida da população. Sobre isso Junqueira (1999, p. 27) argumenta que:
A qualidade de vida demanda uma visão integrada dos problemas sociais. A
gestão intersetorial surge como uma nova possibilidade para resolver esses
problemas que incidem sobre uma população que ocupa determinado
território. Essa é uma perspectiva importante porque aponta uma visão
integrada dos problemas sociais e de suas soluções. Com isso busca-se
otimizar os recursos escassos procurando soluções integradas, pois a
complexidade da realidade social exige um olhar que não se esgota no
âmbito de uma única política social.
Uma vez perfazendo a ação intersetorial, as redes de base local
e/ou regional, reclamam por valorização e qualificação na interconexão de agentes,
serviços, organizações governamentais e não governamentais movimentos sociais e
comunidades. Intervir em rede, na atualidade, requer que se estabeleçam, entre as
diversas instituições de defesa de direitos e prestadoras de serviços, vínculos
horizontais de interdependência e de complementaridade. Para Carvalho (1995,
p.10), o conceito de rede mudou em relação ao de décadas atrás. O mundo se
mostra cada vez mais inter-relacionado e “os processos de globalização da
economia, aliados aos avanços tecnológicos [...] estão revolucionando também o
19

modo de gestão.” Assim, “um novo conceito de rede se apresenta como elemento
estratégico na administração dos negócios e no fazer público.”
A referida autora relaciona o conjunto de redes - em âmbito
municipal ou do microterritório que, de alguma forma, atuam para garantir a proteção
e o desenvolvimento social - em cinco tipologias. Uma primeira tipologia são as
redes sociais espontâneas: nascem do núcleo familiar ampliado (grupos de
vizinhança, clubes, igrejas) e são marcadas pela reciprocidade, cooperação
solidariedade, afetividade e interdependência. São as famílias pobres que mais
encontram apoio e proteção nessa rede. Uma segunda tipologia relaciona as redes
de serviços sociocomunitários: constituem-se numa extensão das redes sociais
espontâneas. Atendem demandas mais coletivas no espaço local e são identificadas
por estabelecer relações cidadãs e solidárias na produção de um bem comum. Uma
terceira tipologia são as redes sociais movimentalistas: fortalecem as redes nascidas
na comunidade, na sociedade, configurando-se como movimentos sociais de defesa
de direitos, de vigilância e lutas por melhores índices de qualidade de vida, a
exemplo, movimento de luta por moradia, por creche, ações populares por serviços
de saúde, o movimento dos sem-terra, etc. Essas lutas têm conquistado a expansão
da rede de serviços públicos e a inclusão de formas de participação popular na
definição das políticas públicas. Esse tipo de rede reúne uma multiplicidade e uma
heterogeneidade de interlocutores e parceiros interessados em instituir de modo
público as garantias para a proteção e o desenvolvimento social. Nesse sentido, os
conselhos municipais têm um importante papel a desempenhar: o de articulador
dessas redes na perspectiva da qualificação, ampliação e defesa de direitos e do
atendimento das demandas sociais. A quarta tipologia é a rede privada: o mercado
constitui-se no grande agente dessa rede. Embora acessível a parcelas restritas da
população, a rede privada oferece serviços mais especializados e de cobertura
ampla. Costuma ser estendida aos trabalhadores do mercado formal (via convênios),
possibilitando-lhes acessar outras opções de atendimento, que não somente
aquelas ofertadas pelo Estado. E, por fim, há a quinta tipologia que reúne as redes
setoriais públicas: podem ser denominadas como “aquelas que prestam serviços de
natureza específica e especializada, resultantes das obrigações e dos deveres do
Estado para com seus cidadãos. Essas redes abrangem serviços consagrados pelas
políticas públicas setoriais” (CARVALHO, 1995, p.18-19). Cury (1999, p.52) ressalta
que a palavra rede transformou-se atualmente na forma mais eficiente de articulação
20

entre as diferentes organizações sociais:


Através das redes, as organizações estão conseguindo multiplicar
iniciativas, trabalhar sua diversidade e segmentação. [...] Diferentemente
das parcerias, que se constroem para o enfrentamento de um problema
objetivo, pontual, as redes costumam se articular em torno de temas
específicos (culturais, educacionais, políticos, etc.).
Destaca, ainda, que as redes sociais constituem-se em
“instrumentos altamente eficazes na mobilização para ações coletivas dentro do
espaço público.” É um “elemento facilitador na captação de recursos e um
importante aliado no aumento da visibilidade e credibilidade das várias
organizações” (CURY, 1999, p. 52). Essa direção de pensamento é sustentada
também por Bourguignon (2006), para quem o termo rede está associado à ideia de
articulação, conexão, vínculos, ações complementares, relações horizontais entre
parceiros, interdependência de serviços para garantir a integralidade da atenção aos
segmentos sociais vulnerabilizados. Nessa direção, refletir e propor um trabalho
social em rede constitui-se, hoje, um grande desafio para os profissionais vinculados
às políticas públicas, gestores municipais, conselheiros pertencentes aos diferentes
conselhos municipais que respondem pela garantia dos direitos fundamentais do
cidadão, principalmente num contexto em que a exclusão social é marcante. Pensar
rede exige sintonia coma realidade local, com sua cultura de organização social,
bem como uma sociedade civil organizada, ativa e participativa diante da
administração dos interesses públicos.

6 INSTRUMENTAL TÉCNICO DO ASSISTENTE SOCIAL

A proposta das Diretrizes Curriculares da ABEPSS (Associação


Brasileira de Ensino de Serviço Social) aponta para a formação de um perfil
profissional onde os fundamentos do trabalho do assistente social sejam
conformados por três dimensões que se articulam em unidade, são elas teórico-
metodológica; ético-política e técnico-operativa simultâneo com a formação para a
apreensão teórico-critica do processo histórico como totalidade, que considere a
apreensão das particularidades da constituição e desenvolvimento do capitalismo e
do Serviço Social na realidade brasileira. Além da percepção das demandas e da
compreensão do significado social da profissão; e o desvelamento das
21

possibilidades de ações contidas na realidade e no exercício profissional que


cumpram as competências e atribuições legais (ABEPSS, 2014, p. 02-03).
O exercício profissional configura-se pela articulação das dimensões, e se
realiza sob condições subjetivas e objetivas historicamente determinadas,
as quais estabelecem a necessidade da profissão em responder as
demandas da sociedade através de requisições socioprofissionais e
políticas, delimitadas pelas correlações de forças sociais que expressam os
diversos projetos profissionais (SANTOS, 2013, p.26).
Segundo Guerra (2012), sobre as dimensões da profissão, a
primeira alude à inclinação de apreensão do método e das teorias e a sua relação
com a prática, na ação profissional (fundamentos históricos, teóricos e
metodológicos). A segunda dimensão se refere às finalidades das ações do
assistente social e os princípios e valores que os guiam (fundamentos éticos e
políticos). A terceira refere-se à capacidade de o profissional articular meios e
instrumentos para materializar os objetivos, com base nos valores concebidos
(fundamentos técnico-operativos).
As competências teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política são
requisitos fundamentais que permitem ao profissional colocar-se diante das
situações com as quais se defronta, vislumbrando com clareza os projetos
societários, seus vínculos de classe, e seu próprio processo de trabalho. Os
fundamentos históricos, teóricos e metodológicos são necessários para
apreender a formação cultural do trabalho profissional e, em particular, as
formas de pensar dos assistentes sociais (ABEPSS, 1996, p.7).

As três dimensões constituem níveis diferenciados de apreensão da


realidade da profissão, entretanto, são indissociáveis entre si, formando uma
unidade, apesar de suas particularidades (GUERRA, 2000). Vamos dar destaque à
dimensão técnico-operativa, dimensão mais aproximada de nossas preocupações
neste trabalho sobre a prática profissional, propriamente dita, especificamente, a
compreensão e utilização dos instrumentos e técnicas utilizados pelos profissionais
de serviço social do PAEFI.
Essa deve ser concebida além das capacidades técnicas e instrumentais,
incluindo o conjunto de ações e procedimentos adotados pelo assistente
social, visando à consecução de uma determinada finalidade, que necessita,
portanto, de uma avaliação sobre o alcance desses fins e dos objetivos da
ação. Nessa dimensão técnico-operativa se encontram, consequentemente,
“estratégias, táticas, instrumentos, técnicas, conhecimentos específicos,
procedimentos, ética, cultura profissional e institucional, particularidades dos
contextos organizacionais” (SANTOS 2012. apud PEREIRA, 2015).

Segundo Pereira (2015), é tomando por base essas dimensões que


é possível discutir as estratégias e técnicas de intervenção profissional. Desse modo
22

torna-se possível compreender que não se trata apenas da construção operacional


do fazer, mas principalmente da dimensão intelectiva e fundamental do trabalho,
considerando aquilo que é especificidade do trabalho do assistente social em seus
variados espaços de intervenção. Os instrumentos e técnicas são elementos
constitutivos dessa dimensão, mas não são os únicos. Eles fazem parte do campo
da operacionalização da ação, e são partes constitutivas da dimensão técnico-
operativa. O fato da escolha do instrumento da ação é, necessariamente,
direcionado a uma finalidade, na medida em que agregam referenciais teóricos,
éticos e políticos. Santos (2013) aponta que a dimensão técnico-operativa envolve
um conjunto de estratégias, táticas e técnicas instrumentalizadoras da ação, que
efetivam o trabalho profissional, e que expressam uma determinada teoria, um
método, uma posição política e ética. Contém, dentre outros aspectos técnicos:
existência de objetivos; busca pela efetivação desses objetivos; existência de
condições objetivas e subjetivas para a efetivação da finalidade. Requer, ainda,
conhecer os sujeitos da intervenção; as relações de poder, tanto horizontais quanto
verticais; o perfil do usuário - a natureza das demandas; o modo de vida dos
usuários; as estratégias de sobrevivência; a análise e aprimoramento das condições
subjetivas. Segundo Santos (2013, p. 28)
“(...)os instrumentos são considerados meios de se alcançar uma finalidade,
ao escolher um determinado instrumento de ação o profissional deve ter
clareza da finalidade que pretende alcançar: se está coerente com as
finalidades da profissão e se o instrumento escolhido permitirá a efetividade
de tais finalidades(...) Por isso, o profissional deve estar em sintonia com o
movimento da realidade, considerando as particularidades dos diferentes
espaços em que intervém e, também, estar orientado pelos fundamentos e
princípios éticos que norteiam a profissão.”

Também Guerra (1995) afirma que através da instrumentalidade no


exercício profissional os assistentes sociais transformam as condições objetivas e
subjetivas e as relações interpessoais e sociais presentes em qualquer nível da
realidade social. E quando alteram o cotidiano profissional e do usuário,
transformando o instrumento técnico em condições para atingir os objetivos
profissionais, estão dando instrumentalidade às suas ações. Na medida em que os
profissionais criam e adequam às condições existentes, transformando-as em
instrumentos e meios para atingir os objetivos da sua intervenção, essas ações são
portadoras de instrumentalidade, conforme já indicado anteriormente. Sendo assim,
a instrumentalidade é elemento constitutivo de todo trabalho social, ela possibilita
23

que os profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais.


A instrumentalidade, como uma propriedade sócio-histórica da profissão,
por possibilitar o atendimento das demandas e o alcance de objetivos
(profissionais e sociais) constitui-se numa condição concreta de
reconhecimento social da profissão (GUERRA, 2007, p.02)

Ao decorrer dessa profissão, temos alguns instrumentos já


consolidados, porém não são os únicos, podem ser ampliados, modificados e
recriados. O instrumento objetiva e materializa suas intenções ao potencializar suas
ações sobre a realidade, é sempre guiada por um conhecimento específico e
sempre utilizada intencionalmente, deste modo, sua utilização não é neutra. Eles
são considerados produtos da ação humana, se constituindo como meios de
alcançar uma finalidade, como dito anteriormente.
O que o torna um potencializador de força, de determinada forma, em uma
dada direção (...) porque permite concentrar toda a força (conhecimento que
se dispõe), num dado instrumento, elevando-o a um grau superior,
facilitando a sua expressão de determinada forma (SARMEMTO, 2016,
p.43-44).

Quando entendemos o instrumento desta maneira, precisamos


compreender também a técnica no campo do exercício profissional, esta é
idealizada como criação do homem a passo que este procura satisfazer suas
necessidades, e através dela, seu conhecimento opera sobre as coisas. Tornando-
se assim, um meio para facilitar suas realizações. Compreendemos que os
instrumentos e as técnicas se articulam e demandam serem compreendidos de
maneira inseparável, estes materializam um aspecto da dimensão técnico operativa.
O que define quais instrumentos e técnicas será utilizado na intervenção
são os objetivos profissionais, ou seja, o ato de agir que requer
planejamento para a execução da ação profissional. É no momento da
execução que a metodologia a ser aplicada é construída, onde o profissional
deve se questionar do “porquê”, “para quê’ e “como” determinado
instrumento deve ser utilizado (MEDEIROS, 2017, s.p).

A finalidade, que é a direção social empreendida à ação pelos


sujeitos profissionais, está ligado ao conteúdo da ação que se quer efetivar com o
uso de determinado instrumento. E esta, por sua vez, está no meio teórico. Para
fazer uso do conteúdo do instrumental técnicooperativo depende-se da análise da
realidade, a qual dá o fundamento a intencionalidade. Sempre reforçando a relação
de unidade entre as demais dimensões na intervenção.
É na articulação da dimensão técnico-operativa com as demais dimensões
da intervenção profissional que é possível materializar em ações, as
concepções teórico-metodológica e ético política que orientam o
profissional. Neste sentido, a escolha dos instrumentos e técnicas está
24

intimamente relacionada aos objetivos e às finalidades da profissão. Desta


forma, destacamos o cuidado necessário aos profissionais para não caírem
na supervalorização dos instrumentos com um fim em si mesmo (SANTOS,
2013, p.27).

Sobre os instrumentos relativos à profissão do Serviço Social, temos


os diretos e indiretos. Os Instrumentos diretos são os que propiciam uma interação
face a face; estabelecida por meio dos gestos, pelo diálogo ou pela entonação da
voz. (Ex: entrevista, visita domiciliar, visita institucional, acolhimento social,
acompanhamento social, atendimento social, trabalho em grupo, dinâmicas de
grupo, reunião...) Os Instrumentos indiretos consistem no registro da interação
realizada pelo instrumental direto, independente de qual foi escolhido para ser
utilizado. Pode ser uma avaliação conclusiva, teórica e técnica realizada pelo
assistente social; um meio de encaminhamento para outros serviços da rede; uma
sistematização da prática do assistente social. (Ex: estudo social, parecer social,
relatório social, perícia social...) Segundo Guerra (2000), os instrumentos e técnicas
da profissão não possuem eficácia intrínseca, o seu uso e seus resultados
dependem da intencionalidade dos atores da profissão, compreendendo os valores e
a racionalidade que afirmam sua prática. Vários fatores podem interferir no trabalho
profissional do assistente social que vão além do conhecimento sobre a realidade e
o uso do instrumental técnico da profissão.
A atividade especificamente humana possui uma atividade de consciência
(teórica), mas, que não pode por si só levar a uma transformação da
realidade, ou seja, requer acima de tudo a sua objetivação (prática).
Todavia, a realização da atividade humana não depende apenas da
determinação projetiva da finalidade, mas, ainda, do conhecimento sobre o
objeto a ser transformado e dos instrumentos necessários à consecução
desse trabalho (SARMENTO, 2016, p.34).
Tendo por base estas referências teóricas, a experiência de estágio
e supervisão no PAEFI, foi possível identificar e compreender que os instrumentais
mais recorrentes no cotidiano no exercício profissional são a entrevista, visita
institucional e domiciliar e o atendimento individual na sede, entre outros. Todos os
procedimentos e ações são relatados em prontuários, através de relatórios
situacionais, relatos de atendimento, relatórios de encerramento, etc. O assistente
social trabalha em dupla com um psicólogo, pensando juntos o procedimento de
atendimento, fazendo estudo de caso e analisando o que é melhor para cada
família.
CONCLUSÃO
25

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 30 anos


no dia 13 de julho. Para muitos dos que lutaram para a sua aprovação, mais do que
uma simples lei, o ECA é a expressão jurídica de um projeto mais amplo de
construção de cidadania de crianças e adolescentes, que envolve uma mudança
cultural para reposicionar os seus lugares na sociedade, considerando-os sujeitos de
direitos, que devem adquirir o status de prioridade absoluta na agenda das políticas
públicas.
Durante esses anos, o ECA vem sendo aprimorado, um dos avanços
recentes foi a criação da Lei Nº 13.431/2017, também conhecida como Lei da
Escuta, que determina a integração dos serviços para prevenir e coibir novas formas
de violências contra crianças e adolescentes já vitimados.
Tratando-se de criança e adolescente, são colocados grandes
desafios aos assistentes sociais que atuam junto a estes dois importantes
segmentos, principalmente no que diz respeito à consolidação do ECA, pois mesmo
após dezoito anos da criação da Lei nº. 8.069 existem ainda com certa força a
inversão de valores quanto a seus princípios inovadores, muitas vezes tidos como
empecilho na criação dos filhos.
O profissional de Serviço Social, na sua área de atuação deve
buscar para que os direitos não só das crianças e adolescente sejam garantidos,
mas como de toda sociedade, tendo um compromisso com a qualidade dos serviços
prestados pautado no seu projeto ético político e na luta pela emancipação e
autonomia dos indivíduos. Portanto, mesmo diante de tantos embates o Estatuto da
Criança e do Adolescente, obteve muitas conquistas e ainda hoje trava uma luta
constante para que os direitos das crianças e adolescentes sejam efetivados, assim
como a garantia de sua formação física e moral no âmbito familiar.
26

REFERÊNCIAS

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28

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