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8.7.20
Érika Simone Matias Portugal dos Reis
8.7.20
Érika Simone Matias Portugal dos Reis,
autora do Projeto Final intitulado Espaços
Livres de Lazer: Estudo do Caso da Praça
Estrela, declara que, salvo fontes
devidamente citadas e referidas, o presente
documento é fruto do meu trabalho pessoal,
individual e original.
Uma cidade como Mindelo, com potencial comercial e turístico — uma das capitais
financeiras do país — onde a urbanização da cidade fez-se de forma orgânica, priorizando os
espaços privados, destinando os espaços públicos apenas para o tráfego e desumanizando o
ambiente da cidade. E aconteceu que, os espaços públicos livres — especialmente os de lazer,
os desprovidos de cobertura — escassearam a medida que a zona urbanizada avançava para o
interior da ilha.
Por isso propõem-se um novo paradigma para o espaço público da Praça Estrela, que tem
como base o padrão de utilização da população e como objetivos a resolução dos problemas
existentes enaltecendo as potencialidades permitindo uma unificação e uma leitura ao nível do
largo, através da arborização do espaço e da envolvente anexa (Rua do Quartel) permitindo
uma leitura contínua através de elementos arbóreos, escolha de espécies similares assim como
a correta paginação dos pavimentos. A proposta de zonas de estadia e novos percursos
permite introduzir no espaço novas centralidades e ligações que contribuam para a
requalificação do espaço.
Agradecimentos
Aos que ajudaram na realização deste trabalho; os que direta ou indiretamente estiveram
presentes durante cada etapa desta longa caminhada.
i
Espaços Livres de Lazer
Índice
Introdução ............................................................................................................................ 7
Conclusão .......................................................................................................................... 53
Bibliografia .......................................................................................................................... 56
iii
Espaços Livres de Lazer
Tabelas
Tabela 1 – Tipos de pavimentos. .............................................................................................. 50
iv
Espaços Livres de Lazer
Gráficos
Gráfico 1 - Desde quando frequenta o local? ........................................................................... 32
v
Espaços Livres de Lazer
Figuras
Figura 1 – Praça Estrela, lado oeste (barraca das vendedeiras). Fonte: acervo da autora. ......... 9
Figura 2 – Arredores da Praça Estrela. ..................................................................................... 10
Figura 3 – Ilustração da divisão do dia. .................................................................................... 16
Figura 4 - Planta do Levinson Plaza. ........................................................................................ 17
Figura 5 - Esquema de zoneamento do Levinson Park. ........................................................... 18
Figura 7 – Levinson Plaza. ....................................................................................................... 19
Figura 6 – Levinson Plaza. ....................................................................................................... 19
Figura 9 – Praça Estrela, em finais dos anos 40. ...................................................................... 22
Figura 8 - Praça Amílcar Cabral. .............................................................................................. 22
Figura 10 – Vista aérea da praça. ............................................................................................. 25
Figura 11 – Espaço traçado da Praça Estrela. ........................................................................... 26
Figura 12 – Praça Estrela, em finais dos anos 40. .................................................................... 27
Figura 13 – Vista panorâmica da plataforma oeste da Praça Estrela........................................ 28
Figura 14 - Dinâmica da praça. ................................................................................................ 29
Figura 15 – Painel de azulejos oferecido pela camara do Porto. Fonte: acervo da autora. ...... 30
Figura 16 - Ruas entre as barracas de venda da Praça Estrela. ................................................. 31
Figura 17 - O piso da praça e arredores. ................................................................................... 32
Figura 18 - Diagrama do Espaço. ............................................................................................. 35
Figura 19 – Envolvente da Praça Estrela. ................................................................................. 38
Figura 20 – Edifícios a Norte da Praça. .................................................................................... 39
Figura 21 – Estudo da rede viária de intervenção. ................................................................... 40
Figura 22 – Mapa hipsométrico da área. .................................................................................. 40
Figura 23 – Estudo do edificado na área de intervenção. ......................................................... 41
Figura 24 – Estudo da dinâmica na área de intervenção. ......................................................... 42
Figura 25 – Proposta de Projeto para a Praça Estrela ............................................................... 46
Figura 26 – Delonix Regia........................................................................................................ 47
Figura 27 – Proposta de Projeto para a Praça Estrela (Vista de Topo). ................................... 47
Figura 28 – Mapa do Zoneamento das Áreas do Projeto. ........................................................ 48
Figura 29 – Escultura de Bronze feita por Nilo-Ró, da Interart, em 1989. .............................. 51
vi
Espaços Livres de Lazer
Introdução
Não serão feitas apologias aos espaços públicos e nem críticas incisivas, tampouco a
descrição das diferenças entre as várias formas de uso e apropriação, porque poder-se-ia dizer
que essas diferenças são óbvias em função dos seus atributos físicos. Buscar-se-á então
caracterizar as diferenças através dos seus detalhes, a fim de explicar relações sócio espaciais
com novos significados. Sobre esse aspeto, posteriormente serão reveladas particularidades de
máxima importância na reflexão das verdadeiras intenções e funções atribuídas aos espaços.
Deste modo, o levantamento bibliográfico e fotográfico do assunto, junto aos elementos
teóricos com os dados atuais dos espaços públicos de lazer da cidade de Mindelo, mais
concretamente da Praça Estrela (antiga Praça da Independência), concluiu-se esta proposta de
revitalização.
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Objetivo Geral
Objetivos Específicos
Este trabalho procura trazer a luz as qualidades/atributos os espaços públicos devem possuir e
as várias formas de apropriação informais e formais que acontecem nos espaços públicos de
lazer e recreação — como praças e parques, a fim de alimentar, teoricamente, futuros
trabalhos de requalificação desses mesmos espaços, mais concretamente, dos Espaços Público
de Lazer.
Metodologia
1
Este processo não abrange apenas a identificação de problemas e potencialidades do local, mas também a
avaliação in loco dos seus componentes e formadores.
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A Praça Estrela foi alvo desse estudo, principalmente devido a sua identidade e a sua história
que foi esquecida. Porque a memória coletiva resultante desse espaço, tem ficado cada vez
mais subentendida e camuflada entre os novos usos que se dão a esse espaço público.
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presença de guarda, uma patrulha noturna, mesmo que se reinstale esses equipamentos, eles
serão danificados e retirados em pouco tempo — principalmente pelos vândalos.
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Estrutura do Trabalho
O capítulo seguinte trará a importância e a exposição dos Estudo de caso, que serão o
exemplo dos fundamentos do capítulo anterior, apoiados na prática e em casos idênticos aos
enfrentados no espaço da intervenção. Após a apresentação dos mesmos, será feita uma
pequena conclusão dos mesmos sob forma de analisar o melhor que tais casos poderão
oferecer a proposta.
O terceiro capítulo, será exclusivo para se analisar o impacto que os espaços livres de lazer
tiveram na cidade do Mindelo, mais especificamente o estudo da praça estrela e a sua
evolução influencia pelas outras praças que se desenvolveram ao redor. Seguir-se-á depois
para a apresentação do objeto de estudo, mediante a sua descrição e levantamento histórico.
Nesta etapa, poder-se-á verificar a relação usuário-espaço e o vínculo entre o objeto de estudo
e a envolvente.
Uma vez compreendida a relação do são-vicentino e a praça Estrela, será feito o confronto
entre os conceitos e o cenário atual com a intenção de se reunir as caraterísticas essenciais
para a proposta de um espaço público de lazer bem-sucedido.
E, finalmente o último capítulo, onde serão desenvolvidas as bases da proposta, tais como e o
conceito, a memoria descritiva e a representação da proposta final, sob forma de peças
desenhadas e representações 3D, que suportarão a compreensão da proposta final e dos
fundamentos teóricos aplicados a mesma.
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1 Definições e Conceitos
A palavra espaço traduz-se numa “extensão indefinida”, podendo esta extensão ser uma
“extensão de tempo” ou “superficial. Deriva do latim spatium. Lugar pode-se definir como
um “espaço ocupado por um corpo; espaço em que está alguém ou alguma coisa; espaço
independentemente do que pode conter” (Figueiredo, 1991).
Para Lefebvre (1986, citado por Silvano, 2010) observar o espaço significa observar as
práticas sociais que o constituem. O autor avança com conceitos de quatro tipos de espaços
possíveis: o espaço absoluto, que é natural até ser ocupado e transformado pelo homem; o
espaço abstrato, em que o espaço ganha uma função instrumental nos processos de produção e
reprodução; o espaço contraditório, que resulta das contradições do espaço abstrato, revelando
a desintegração ou aparecimento de novos espaços; o espaço diferencial, aquele que resulta da
composição de diferentes lugares, e que realmente têm.
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De acordo com Borja (2001), geógrafo e urbanista, o espaço público não é meramente o
espaço vazio entre edifícios e ruas, nem um espaço vazio considerado público por razões
exclusivamente jurídicas. É mais do que isso. É um espaço multifuncional que serve de palco
à sociedade; é um espaço físico, simbólico e político onde as relações sociais se estabelecem.
Borja, afirma também, que contar a história do espaço público é contar a história da própria
cidade, e que a qualidade da cidade poderá ser avaliada através do seu espaço público, pois
indica a qualidade de vida dos cidadãos e o seu grau de cidadania.
O conceito de que a cidade possui um espaço dedicado aos cidadãos e à vida enquanto
comunidade não é atual, existe desde há muitos séculos. Não pretendendo apresentar uma
descrição exaustiva da evolução do espaço público, apresenta-se um breve resumo acerca
desta temática.
A Ágora Grega e o Fórum Romano são talvez os primeiros espaços projetados de que há
registo claro, com o intuito de serem espaços públicos, espaços feitos para os cidadãos que
possibilitem a sua vida enquanto sociedade. A Ágora consistia num espaço público localizado
no centro da Polis onde os cidadãos se reuniam para debater questões inerentes à sociedade.
Era o espaço onde atividades políticas, comerciais e religiosas tinham lugar. O Fórum à
semelhança da Ágora encontrava-se no centro da cidade rodeada por edifícios públicos do
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centro simbólico e por edifícios públicos importantes. Era o espaço da cidadania, da política,
da religião e do comércio, tal como na Grécia Antiga.
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passado antigo (…). A apropriação pública dos espaços verdes da cidade surge,
principalmente, depois da Revolução Industrial, em sintonia com as crescentes preocupações
higienistas em melhorar a qualidade de vida na cidade industrial.” (Almeida A. , 2006).
2 A Praça
A praça, para Lamas (2004) “é um elemento morfológico das cidades ocidentais”, inexistentes
anteriormente, distinguindo-se “de outros espaços, que são o resultado acidental de
alargamento ou confluência de traçados — pela organização espacial e intencionalidade de
desenho. [...] A praça pressupõe a vontade e o desenho de uma forma e de um programa”.
Deste modo, o autor caracteriza a rua como “lugar de circulação” e a praça como “lugar
intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de
manifestações de vida urbana e comunitária e de prestígio, e, consequentemente, de funções
estruturantes e arquiteturas significativas” (Lamas, 2004, p. 102). Lamas indica ainda que a
praça na cidade tradicional, como a rua, estabelece “estreita relação do vazio (espaço de
permanência) com os edifícios, os seus planos marginais e as fachadas. Estas definem os
limites da praça e caracterizam-na, organizando o cenário urbano” (Lamas, 2004, p. 102).
Para o autor, este é um aspeto menos presente na praça da urbanística moderna, tendo em
vista “as dificuldades de delimitação e definição provocadas pela menor incidência dos
edifícios e fachadas” (Lamas, 2004, p. 102).
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2.1 Lazer
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Concebido como um bosque urbano, este espaço central de reunião representa a convergência
da comunidade neste desenvolvimento residencial diversificado e de renda mista. O projeto
acomoda um programa complexo, dividindo os variados usos multiculturais e interrelacionais
com uma série de espaços significativos de coleta e recreação para os residentes. Tai Chi,
xadrez, áreas de recreação infantil e áreas de estar contemplativas permitem que vários grupos
utilizem os espaços do jardim de diferentes maneiras. As áreas de gramado podem ser usadas
para banhos de sol no verão e também fornecem à comunidade áreas para programação
flexível durante reuniões maiores, como celebrações para o Ano Novo Chinês, o Dia da
Unidade da Rússia e outros eventos culturais e cívicos (Kim, 2018).
O projeto paisagístico da praça foca em fornecer ao Mission Park uma paisagem que atrai seu
espírito dos jardins regionais da Nova Inglaterra. A praça usa materiais de pavimentação que
resistirão aos invernos longos e desafiadores, enquanto a padronização em si é projetada com
base nos padrões de espinha de peixe de paisagens residenciais. O padrão da praça costura as
áreas de coleta e passagem juntas, trazendo uma escala humana para esse grande espaço da
praça. As áreas pavimentadas dentro do jardim são esculpidas no bosque para permitir o
acesso direto aos principais pontos de entrada e ao transporte público.
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Com isso, o projeto busca integrar tanto o entorno construído quanto o natural e criar espaços
conectados e que possibilitem diversos usos — como por exemplo, áreas para eventos
culturais e para as crianças brincarem. Em razão dos invernos rígidos da região, o piso
escolhido é de concreto e foi desenhado com um padrão geométrico para trazer movimento e
vida ao grande espaço. Também por causa das condições climáticas específicas as espécies
vegetais propostas são todas adaptadas à região de New England.
Ao observar o zoneamento, percebe-se que de fato a praça integra diversos usos, mas estão
todos localizados lado a lado, convivendo em harmonia, as pessoas podem praticar várias
atividades distintas entre si no mesmo espaço físico, o que incentiva a convivência pacífica
entre os diferentes. O mobiliário usado tem linhas simples e acompanham o estilo do projeto
como um todo. Existem dois tipos de bancos, um com encosto e outro sem, apenas como um
volume. A iluminação é voltada aos usuários, com postes baixos e que não “lavam” a praça
inteira, mas se concentram em criar ambientes. Outra caraterística marcante do projeto é a
preocupação em deixar várias áreas expostas ao sol, uma vez que, na maior parte do ano, a
temperatura é baixa e a incidência de raios UV não é tão agressiva quanto em Cabo Verde.
2 Praças de Mindelo
A Praça Dom Luiz (1879), localizada na Avenida Marginal do Mindelo, em São Vicente,
passou por uma serie de transformações e alterações ate que foi transplantada no local onde
de encontra a atual Praça Nova ou Praça Amílcar Cabral. Esta mudança arbitrária
desencadeou um veemente protesto. Contudo, todos os protestos e manifestações não
resultaram em nada, uma vez que era um assunto da Coroa Britânica. Assim, de acordo com
Ramos (2003), por volta de 1858, foi construída a Praça Dom Luiz, que se situava ao lado dos
escritórios da antiga Millers & Corys, mais precisamente onde de situa a Agencia Nacional de
Viagens. A Praça ocupava todo o quarteirão do atual Centro Cultural Francês, locais onde
estava também os antigos Armazéns da EMPA e a antiga Secção de Encomendas Postais. A
Praça Dom Luiz era muito bonita e concorrida, pois era o único ponto de encontro das
pessoas de todas as idades e camadas sociais, uma vez que não haviam locais de diversão e a
povoação de Mindelo contava com pouco mais de três mil habitantes.
em 1879, fora instalado um grande candelabro de seis bocas que, além de embelezar a praça,
iluminava profusamente o espaço equipado com acentos fortes e confortáveis. Havia um belo
jardim bem tratado e um muro de resguardo, devido as frequentes invasões da mare – uma
vez que se situava próxima ao mar.
Deste modo, os ingleses necessitavam dessa área para construir os depósitos de carvão da
CSVCV, por isso foi-lhes concedido o sítio. Assim, tudo começou com o Decreto Régio de
26/9/1891. O povo rebelou. O seu lugar de prazer e ócio iria ser-lhes confiscado. Por
intermédio dos Agentes da CSVCV, Senhores Ferro & Irmão e António Júlio Machado, foi
construída uma nova praça na Fonte Nova e dai a carismática Praça Nova, embora
oficialmente fosse a Praça Serpa Pinto.
Contudo, contra a vontade do povo, a Praça Dom Luiz foi demolida em 1891. Os ingleses
construíram os enormes quintais como depósitos de carvão, que por sua vez, alimentavam as
navegações que demandavam o Porto Grande. Construíram grande ponte de metal ate ao
primeiro andar com caminhos-de-ferro nos dois níveis, por onde passavam as vagonetas que
atravessavam a rua ate ao cais. Ali eram atracadas por um guindaste giratório.
Todo esse movimento de carga e descarga era o mesmo para todas as companhias carvoeiras,
desde a Wilson & Sons, Millers & Corys Bros., ate a CSVCV, devidamente apetrechadas e
bem instaladas. E todo esse trabalho gerava postos de trabalho: homens e mulheres ganham o
seu sustento e, os vários barcos que estava sempre a descarregar e a carregar carvão,
erradicaram a miséria do povo. Porem, o povo ainda estava descontente. A nova praça ficava
muito longe do centro urbano, na zona da Fonte Nova e, segundo as superstições, era um local
amaldiçoado. Os pouquíssimos moradores da zona ficavam assombrados a noite devido a
presença de tarrafes e bombardeiras que abundavam ali. De toda a forma, a Praça Nova foi
entregue a Camara Municipal e inaugurada no dia 29 de Novembros de 1894.
Segundo Ramos (2003), o recheio da praça era constituído por um coreto poligonal com oito
colunas de ferro em relevo, estes sustentavam o teto rendilhado em cima e a volta, num
varandim também em ferro trabalhado; um belíssimo chafariz circular em mármore polido, ao
centro do mesmo havia um bonito repuxo assente sobre uma redoma de ferro fundido
artisticamente trabalhado; cadeiras fortes e confortáveis à volta e ao centro, com candeeiros
tipo ‘kitson’ assentes sobre colunas de ferro fundido, com relevos à decorar. Todo esse
material foi importado da Inglaterra, produtos da Glasgow – o nome do fabricante encontrava-
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se inscrito em placas de bronze afixadas nas costas das cadeiras e nas colunas de ferro. Talvez
seja por isso que a praça foi chamada Praça Glasgow, por uns tempos.
Depois da independência, a Praça Nova, Praça Glasgow ou Praça Serpa Pinto foi designada
Praça Amílcar Cabral. Mas,
independente do nome, o espaço
tem vindo a sofrer modificações
desde o seu início. Reconstruiu-se
o coreto (o que ainda existe) com
os materiais do antigo, e em 1960
foi construída a Esplanada
Quiosque no local deste (que
também existe nos dias atuais).
Figura 9 - Praça Amílcar Cabral. Em 1993, a Camara Municipal
Fonte: Cardo & Lopes (2016).
restaurou completamente a praça,
tronando-a num lugar mais atraente e encantador. Construiu-se um muro em angulo reto, com
cerca de um metro de altura, precisamente para defender a praça das fortes enxurradas que, de
acordo com Ramos (2003):
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Apesar do seu ‘nascimento’ conturbado, a Praça Nova tornou-se parte da nossa cultura e é
considerada a sala de visitas do Mindelo. Apreciado por pessoas de todas as idades e camadas
sociais e onde os estudantes confraternizam. Noutros tempos, nem todos podiam passear
dentro da praça; a polícia proibia que as pessoas descalças aí permanecessem. Obviamente
que isso revoltou muita gente, mas, infelizmente, ninguém se atrevia a protestar uma vez que,
depois de habituarem-se, parecia normal. Com a evolução dos tempos, a liberdade e os
direitos do homem convenceram o povo de que essa velha ordem era discriminatória e
simplesmente humilhante, desrespeitava a dignidade das pessoas pobres.
Assim, haveriam mais pessoas na praça e os bancos não eram suficientes para responder a
essa demanda, então, para se sentarem, alugavam-se cadeiras portáteis por um escudo cada,
que pertenciam a Camara Municipal. Havia um urinol bem asseado mesmo à esquina do
Cinema Éden Park, também pertencente ao Município. Houve também uma época em que,
com a demolição do urinol, as pessoas passaram a aliviar-se nas paredes alheias.
A banda tocava na praça no período da tarde. Os jovens pais e avos, levavam os seus filhos e
netos para brincarem na praça. Há quem diga que era uma verdadeira escola de dança sem
mestre. Algo admirado ate pelos estrangeiros que cooperavam e residiam também em São
Vicente, levavam também os seus filhos.
Hoje em dia, pelo que se percebe facilmente, a praça ainda desempenha a sua função de
desafogar o centro, como plataforma giratória, um espaço para o lazer e que apoia as várias
atividades que se desenvolvem na cidade – especialmente durante o Carnaval, altura em que a
praça é totalmente isolada/contida e as viaturas são barradas, transformando toda a área
envolvente numa via pedestre. Durante os finais-de-semana, a praça esta preenchida
adolescentes (mas, antes, eram na sua maioria crianças, que hoje me dia se divertem na Praça
Nhô Roque) que passeiam, criam conflitos (conversas e discussões tipicamente juvenis) e põe
as ‘conversas em dia’ ou apenas aproveitam a oferta de Wi-fi grátis.
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3 Reflexões
O primeiro estudo, a Levinson Plaza, concebido como um bosque urbano que cria, ao mesmo
tempo, vários espaços multiculturais e interrelacionais para um programa complexo. A Praça
antes era elevada, mas, para uma paisagem mais acessível aos moradores, optaram por
rebaixa-la.
Fala-se da evolução dos espaços públicos de lazer do Mindelo, mais concretamente da Praça
Estrela, do Largo Dom Luiz e da Praça Nova (Amílcar Cabral) e nas suas relações.
Descobriu-se que a Praça Nova era afinal uma introdução brusca na malha urbana, renegada
pela população nos primeiros tempos, uma vez que se situava os confins da cidade, uma área
pouco populosa. Mas, com o tempo, as pessoas acabaram por aceitar a intervenção e, ate os
dias de hoje, e um elemento emblemático da nossa Cidade.
Esses estudos servem para prever e ponderar sobre as intervenções que desejo fazer na Praça
Estrela. As ações e alterações, se forem para trazem o bem do público e uma maior qualidade
de vida para os seus usuários, acaba por ser aceite, mediante a sua nova existência na malha
urbana.
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O primeiro nome do largo foi Salinas, isto por que um comandante quis lá fazer exploração de
uma salina em toda a zona que vai da ENACOL e engloba toda a Praça. Esta intenção nunca
foi concretizada, mas o vasto terreno foi tendo diferentes usos ao longo do tempo. Na década
de cinquenta do século XIX funcionou aí um cemitério onde foram sepultadas as vítimas do
surto de cólera que assolou a ilha sendo uma delas o primeiro Cônsul Inglês, John Rendall,
que faleceu a 30 de novembro 1854; na altura a zona constituía o limite da cidade a sul.
O local onde hoje se encontram as instalações da ENACOL foi o primeiro curral do concelho.
Em 1874 esta foi tomada pela Cory Brothers que construiu casas, oficinas, depósitos de
carvão e também o Quintal da Vascónia, já com um edifício. Em 1881 por questões e saúde
pública foi exigido secar o pântano do subsolo e foi nesta altura que se transformou o local
em Campo Desportivo para jogos de Cricket e Futebol, função que durou cerca de cinquenta
anos. Deixou de ser o limite sul da cidade com a implantação da Aldeia da Craca e
subsequente alargamento para a Rua de Morguino, Rua do Douro, Rua Guibara, Rua do
Matadouro Velho e Rua do Minho que formaram a localidade denominada Monte.
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A praça foi construída em 1940 e foi nela construída um obelisco em honra dos desportistas
Mindelenses e um coreto. O campo foi dividido em duas partes por um “corredor”, foram
plantadas acácias nas “estrelas”, que deram a praça o seu nome popular. Mas o seu nome
oficial era Largo Almirante Reis que substituiu o antigo Largo Lacerda; em 1975 passou a
chamar-se Praça da Independência.
Para a comemoração do
centenário da Cidade do
Mindelo a Praça foi ocupada
por uma feira popular (1979-
1980), que até hoje é falada
entre a população porque por
um lado a feira deixou
saudades, mas também por
causa dos muros que foram
Figura 12 – Praça Estrela, em finais dos anos 40. feitos para a proteger e que
Fonte: Foto Melo.
foram muito contestados. Mais
tarde foi retirado o Obelisco colocou-se a estátua do Diogo Afonso (1961) que se encontra
atualmente na Praceta do Navegador. Em 1999 a Praça foi refeita e desta vez metade foi
destinada a um mercado para albergar os comerciantes do antigo Mercado “Tiosco” e os
comerciantes ambulantes vindos da Costa Ocidental de África e a outra metade continuou
como uma Praça com um Quiosque, um coreto e espaços cobertos que hoje em dia está
completamente tomado pelas vendedeiras de verduras e por comerciantes de roupa de
segunda mão, provenientes de E.U.A. (República de Cabo Verde, 1984). A estatua de Diogo
Afonso foi retirada e instalada do lado esquerdo da Réplica do Palácio de Belém, fulminando
o horizonte que até hoje me dia tem sofrido diversas alterações. Nas paredes dos atuais
barracões de vendedores da Praça foram colocadas pinturas em azulejos alusivos à história do
Mindelo (DGT, Inventario dos Recursos Turísticos do Município de São Vicente).
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A praça em questão é um espaço público concreto. Os espaços públicos concretos, por seu
lado, radicam na ordem da interação e da sociabilidade de proximidade, isto é, das relações
sociais face à face, ainda que exista uma certa distância entre a desatenção civil (muito
próxima da atitude blasé analisada por Simmel (1967) e o contacto corpo a corpo de
encurtamento da distância social. Finalmente, diz-se que existe também, espaço público
central por estar próximo ou o local público que tem a concentração do poder (económico,
político, social, cultural e simbólico), de forte visibilidade e normalmente fundadores da
imagem hegemónica de cidade. Poderia também ser de uma forte carga patrimonial,
oficialmente classificada, que resultaria num movimento de preservação, recuperação da
memória e de restauração histórica e patrimonial. Mas ao movimentarem a estatua de Diogo
Gomes para a Praia dos Botes (no dia da independência do país), que para alguns
descaracteriza o monumento, retiram a memória e a historicidade da praça. Antes tratada por
Praça da Independência ou Praça Amílcar Cabral (Papini, 1984).
A praça passa por ser um espaço traçado de encontro: é uma referência na zona; delimitada
pelas ruas Eduardo de Balsemão, Rua São João, Rua da Luz e Rua D’Coco. Outra que corta a
praça em duas, bastante solicitada pelos carros, que causam alguns constrangimentos por
impedirem a livre passagem dos utentes entres as praças.
Uma das imagens mais fortes da cidade é a rua, espaço plurifuncional, onde os
mais variados fatos ocorrem, do comércio à circulação, do ponto de encontro ao
local de desfile. Ela, juntamente com a praça, sempre representou o espaço da
liberdade, o espaço do cidadão, o espaço de fora, o espaço público, o espaço de
coletividade, que se contrapõe ao espaço de dentro, ao espaço íntimo, ao espaço do
controle familiar, das regras individuais. (Souza, 2008)
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Pode ser classificado como um espaço comercial semiexterior pela existência de mercados
informais, espaços de compra e venda locais, e até mesmo de restauração. Mesmo o Mercado
de Peixe tem-lhe alguma influência, pois as peixeiras e outras vendedeiras acabam por
espalhar-se pelos lados da praça. O lado mais comercial é o mais próximo do mar, ou dos
mercados de peixe e verduras que aí se localizam. As praças “são lugares para ver e ser visto,
para compras e fazer negócios, para passear e fazer política”.
Essas funções necessitam de ser dinamizadas pelo bem da praça; as atividades rotineiras da
vida urbana como caminhar, deslocar entre a residência e o trabalho (os transportes públicos
passam pela praça), o ato de fazer compras, não dependem do espaço público, mas colaboram
para o uso destes.
Espaço gerado por edifícios. Também detém essa característica, por ser um largo que fora
estipulado para desafogar e garantir qualidade de vida aos moradores. Pois as praças são
fundamentais na configuração urbana e constituem um importante espaço público para o
desenrolar da história citadina. Mesmo a praça é definida pelos campos de ténis a este, pelo
limite da zona do Monte ao sul — onde também se encontram vários edifícios de serviços e
negócios, pelo mercado e pela estação de bombagem da ENACOL ao oeste e pela rua de
Matingim ao noroeste.
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A iluminação das vias anexas é boa, mas a da praça é quase inexistente e os postes de
iluminação são baixos. Isso possibilita o vandalismo dos mesmos. Na plataforma maior pode-
se contar seis, dos quais dois funcionam. O mobiliário urbano é quase inexistente, limitando-
se a quatro cadeiras vandalizadas e que possibilitam que o utente tenha a face banhada pelo
sol durante todo o dia. Devido à escassez de elementos verdes que providenciem sombra, as
pessoas não se deslocam a praça (a não ser em casos de extrema necessidade) e preferem
acabar os afazeres e irem imediatamente para casa, isso não estimula o comércio.
A escala de ambas as plataformas da praça, em relação as vias rodoviárias são maiores e isso
é bom, na medida em que a população está mais resguardada dos automóveis em cima da
praça. E ela encontra-se elevada a um bom metro e vinte de altura, possibilitando o seu
funcionamento na época das chuvas de forma a não congelar os negócios.
O piso das vias rodoviárias são todas alcatroadas, excluídas as adjacentes as vias
circundantes, possuem calçada artística, todas as estradas têm duas faixas duplas, ou seja, os
carros podem circular em dois sentidos. Já a via que encabeceia a praça, a principal que faz
ligação com a Avenida Marginal e dirige-a zona de Monte Sossego, tem quatro faixas de
sentido duplo e, tem como separador o sistema de drenagem da área.
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Os edifícios circundantes possuem todos cerca de dois a três pisos, a maioria possui ainda o
estilo antigo: traços da antiga arquitetura. O soco é bastante elevado em algumas edificações e
os traços de infiltração são latentes em todas elas; a proximidade das águas do mar possibilita
a elevação da água por capilaridade. A organização da malha urbana é ortogonal, sendo a
primeira devidamente planejada desde a fundação da cidade a 14 de abril de 1879. As vias
bem organizadas, sobre infraestruturas bem desenvolvidas, juntamente com o ar cosmopolita,
oferecem ao projeto uma oportunidade de integração com a envolvente sob vertentes mais
modernas.
Marcada pela exterioridade, pelo investimento heterogéneo, pelos fluxos que levam e trazem
estrangeirismos e misturam corpos, visões de mundo e estilos de vida, esta praça não é apenas
um lugar, mas uma experiência e uma prática social de espaço. E, a partir das noções de
funcionalidade e setorização do espaço público, tem-se de dar a praça a “cultura do lazer”
oposta a essa “cultura do trabalho e da produção” que encontramos. Há que levar as gentes à
praça e a rua. Em linhas gerais, Borja (2001)afirma que “todos precisam usar as ruas” e que a
segurança pública é garantida justamente pela presença dos usuários — vários utentes
reclamam dos roubos constantes e pela falta de eficácia da polícia. A diversidade urbana
garante “olhos atentos para a rua”, e pode ser obtida essencialmente através dos usos
combinados e concentração das pessoas.
E isso deve ser impedido, pois queremos que a praça de torne a nossa identidade, que ela seja
são-vicentina, para que ela não perca parte de nós, e se torne um local fruto da globalização e
que gere especulação imobiliária, acabando por destruir as relações sociais.
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Durante toda a avaliação feita com base na pesquisa teórica juntamente com a vertente
empírica do estudo, este valor é descaracterizado pelo sentimento que pertença que aos
utentes está-lhe mais difusa por que a praça não lhes satisfaz todos os requisitos de um local
público de lazer, pelo que muitos vendedores perdem clientela e ficam expostos ao sinistro —
podem ser assaltados a qualquer hora, especialmente nas horas de menor tráfego de pessoas.
Mesmo os que vendem no espaço sentem-se desconfortáveis, pior ainda quando as instalações
sanitárias ficam bastante afastadas do seu local de trabalho, o que os leva a abandonarem as
vendas para de dirigirem ao wc. Mais próximo, que fica na plataforma mais próxima ao
mercado — que lhe restringe a satisfação de algumas necessidades — e a que fica no mercado
(muito longe).
Agradável
Muitas vezes 24%
17% Muito barulho
37%
8%
Moderadamente Poluído
6%
75%
Indiferente
Poucas vezes 33%
A área que circunda Praça Estrela é, basicamente mística, com edifícios que abarcam funções
e atividades diversas, desde mercearias, lojas de chineses, pacatos restaurantes e bares, a
clube de futebol, quadra de ténis, pensões, agência funerária, clínica dentária, lavandarias,
padarias, oficinas, posto de abastecimento de combustíveis, entre outros. Sendo o local de
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trabalho para muitas pessoas e representando parte significativa no dia a dia económico e
comercial, direta ou indiretamente, outras vezes social e culturalmente, para muitas pessoas.
Da amostragem conseguida, a maior parte é constituída por pessoas com venda ambulante e
venda fixa através das barracas existentes, em que a Praça Estrela representa o seu local de
trabalho, estando por isso muitas vezes ali, já que a sua presença é efetiva quase todos os dias
da semana. Para além disso, apesar dos restaurantes ou bares pitorescos existentes, a Praça
Estrela é vista, pelos habitantes de São Vicente que vivem na cidade de Mindelo, como um
local de compras e de passagem, visto que pela localização fica entre a parte centro norte da
cidade (zonas a norte e o centro histórico e comercial) e a parte sul (zonas maioritariamente
residenciais a sul, posteriormente a zona industrial).
A princípio, a opinião maioritária é de que o espaço é agradável, porém com alguma poluição
principalmente sonora. Outros se encontram indiferentes a essa questão, parecendo que o
público mindelense ainda se encontra numa posição de resguardo quanto às questões públicas,
ignorando de certa forma os problemas que num local pode haver. Normalmente há muito
trafico duramte o período de manhã, por causa do comércio local através dos vendedores e
vendedeiras ambulantes que ficam ao redor e vendem hortaliças, legumes, frutas, peixes, e
algumas vezes, carne fresca, por outro lado, vendedeiras que se instalam temporariamente
debaixo de alguma árvore e vendem vestuários e outros produtos que familiares emigrantes
lhes enviam. Mesmo em alguns feriados a movimentação não para, como constatou-se numa
visita no dia 1 de junho, feriado nacional para comemoração do dia das Crianças.
A dimensão funcional dos espaços públicos aborda aspetos sobre o funcionamento dos
espaços tanto a nível do desenho urbano, como do conforto ambiental, pois só dessa forma
poder-se-á criar um espaço mais atrativo para as pessoas. Embora este assunto tenha sido
frequentemente reduzido a critérios estéticos ou técnicos como a densidade de tráfico ou o
acesso em circulação, alguns autores argumentavam que a dimensão funcional também deve
ser vista sobre o ponto de vista social. Em outras palavras, ela deve ser vista dando ênfase em
como as pessoas usam o espaço.
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Quanto ao acesso à praça em si, pode se dizer que a plataforma mais próxima do mercado
possui uma rampa que permite aos utentes de mobilidade reduzida usarem, de forma razoável,
é bastante inclinada. Já a rampa da outra plataforma da praça, tem uma elevação que chega
aos dez centímetros, além de ser bastante inclinada. Fora isso, há muitas escadas, de
diferentes tipologias, algumas mais degradas que outras.
Praça Estrela está muito bem localizada nas questões da acessibilidade, visto que se encontra
no término do centro histórico de Mindelo, presente numa malha urbana regular, e tem ao seu
redor várias ruas organizadas e vias rodoviárias que dão fluência e mobilidade para qualquer
parte da cidade e da ilha. Os locais mais próximos são o cais de pesca, o Mercado de Peixe, a
“Praia d’ Bote” onde há muita circulação e permanência de pessoas em atividades ligadas ao
mar, ao comércio e não só, o Museu do Mar, o Mercado de Produtos Agrícolas, a sede da
empresa de combustível ENACOL.
A rede de transporte público possibilita o fácil acesso a este espaço comercial diversificado
das 6 horas à meia-noite, e há uma paragem improvisada, na rua que fica entre a Praça Estrela
e o Mercado Agrícola, onde outros transportes alternativos como “Yaces” e “Juvitas” fazem a
ligação da cidade com as zonas suburbanas rurais ou piscatórias
Caraterísticas especiais nas fachadas, a vegetação e a situação visual das próprias ruas são
aspetos apontados por Lynch (1999) para uma maior ou menor importância das ruas. A clara
identificação das ruas de maior importância torna fácil a leitura da imagem de uma cidade.
Pelo contrário, se as mesmas são dificilmente identificáveis ou facilmente confundíveis, essa
imagem torna-se de difícil legibilidade. Por outro lado, é necessário que essas ruas tenham
continuidade, sendo a exigência fundamental “que o atual percurso ou o lugar de pavimento
continue” (Lynch, 1999:63).
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1 Desenvolvimento do projeto
Inicialmente é feita uma observação dos usos existentes, do comportamento das pessoas e de
como funciona aquele espaço, acompanhada de medições, como contagem de tráfego, de
pedestres e de ciclistas.
Desta forma será possível que se tenha um diagnóstico preciso dos problemas existentes, de
forma a inserir o edifício na paisagem com sucesso (seguido sempre as normas da secção I,
capitulo II do Boletim Oficial (2012)).
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SWOT é a sigla dos termos ingleses Strengths, Weakness, Opportunities and Threats, que
traduzida (e reorganizada) significa: Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (FOFA). É
uma ferramenta de análise bastante popular no âmbito empresarial, utilizado para um
planeamento estratégico que consiste em recolher dados importantes que caracterizam o
ambiente interno (forças e fraquezas) e o externo (oportunidades e ameaças). Elaborada por
Albert Humphrey da Universidade de Stanford, entre as décadas de 60 e 70, durante o
desenvolvimento de uma pesquisa com dados da Fortune 500 — umas das revistas que
compõem o ranking das maiores empresas americanas (Padilha, Cabral, Muniz, Aviz, &
Lenzi, 2018).
Este tipo de análise visa, como dito acima, auxiliar o estudo dos pontos fortes e os pontos
fracos da praça, incluindo as potencialidades e ameaças na sua envolvente e outras
caraterísticas naturais — como o estudo da morfologia do terreno — de modo a se obter
informação necessária para o Programa de Necessidades. Tais pontos fortes e fracos vão ser
apontados durante a análise do entorno e da praça em relação aos demais espaços públicos.
Por meio das análises dos vários mapas que se seguem, pode-se notar que a determinação de
um ponto fraco ou forte vai de acordo com a morfologia, dinâmica e localização da praça em
si mesma, e não de uma mera observação.
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Os vários edifícios e
espaços públicos que
circulam e desenham
a forma da praça, tem
toda uma história, tal
como a praça. Porem,
alguns deles, tal
como a Sede da
ENACOL (área
vermelha) — com os
seus depósitos de
Figura 20 – Edifícios a Norte da Praça. combustível e o
Fonte: Acervo da autora.
constante trabalho
industrial — deveria ser transplantado num outro espaço, longe do centro da cidade, afastada
dos pontos públicos de modo a aumentar a qualidade do espaço (criar um espaço
essencialmente público, de lazer e comércio). E, segundo Oliveira (2009):
O Quintal da Vascónia (área a castanho), também poderia ser uma nova área revitalizada, pois
carece de cuidados e tem grandes potencialidades. Por enquanto, uma área pública existente
ali é o Quintal das Artes, uma inteligente acupuntura que reativou parte da construção. Porem,
há muito que ser feito, outras áreas a serem propostas e revitalizada — tal como a área
traseira, mais próxima a praça, onde as vendedeiras guardam os seus produtos sem nenhuma
refrigeração adequada ou outro tipo de conservação (o espaço em si é sufocante).
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não há nenhuma sinalização vertical de suporte e muito menos horizontal. Não há áreas de
espera, apenas o curto e estreito passeio. Com o projeto, prevê-se transformar essa área numa
pedonal, de acesso exclusivo aos autocarros.
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1.7 Reflexões
Ainda que colhendo referências em autores e matérias distintas, esse trabalho propõe um olhar
particular sobre os valores atribuídos a praça. Os instrumentos analíticos e os arcabouços
teóricos distintos articularam-se para construir um caminho específico para a identificação
dos valores do espaço em questão e apreciar o resultado extraído. Esse caminho foi visto, em
alguns pontos, pela economia da cultura e sociologia do território, e de que maneira os
elementos de valorização do espaço influam no processo de reabilitação desse espaço público
– o objetivo secundário era o de articular a componente teórica ao olhar empírico sobre o
contexto urbano, e sugerir algumas modificações que seriam plausíveis ao retorno da vivência
urbana. Nesse ambiente onde o comercio informal apropria-se das atividades do dia a dia
(Certeau, 1994) por meio da repassa de mercadorias refugadas das industrias, venda de artigos
de produção artesanal, serviços de “fundo de quintal” ou mesmo em relação aos distribuidores
de artigos raro; isto tudo constituindo um elemento de fixação de práticas caracterizadoras de
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um local geográfico especifico – Praça Estrela. Que é tido, por parte dos utentes, como um
local de passagem (Augé M. , 1994), neste caso em particular, poderá transforma-se num
espaço praticado para a cultura. Pois essa forma de comércio tem a capacidade de atuar como
tradutora de consumo desinibido.
Para satisfazer a todos os que utilizam a praça, deve-se atribuir também outros usos ao
espaço, nomeadamente algum que chame mais atenção a população jovem contemporânea. A
praça, na realidade, precisa de ser estudada mais a fundo – de forma a libertar os ares da
cidade, em termos de valor simbólico e em termos de práticas sociais.
2 Conceito Arquitetónico
Esta proposta de intervenção tem como objetivo principal integrar a requalificação urbana ao
seu potencial de marco simbólico da praça e do seu movimento comercial aliado ao papel de
agregar as pessoas. Porém, há que se atrair mais pessoas das várias camadas sociais e faixas
etárias. Pretende-se contrariar a imagem fragmentada e degradada da Praça Estrela na nossa
cidade, potenciando e valorizando o espaço público considerado obsoleto, criando espaços
multifuncionais e específicos, que possam ser os novos espaços de estadia, de passagem,
recreio/lazer ou de contemplação da natureza. Pretende-se resolver os problemas, valorizar e
maximizar a aptidão de uso.
Diante das caraterísticas desejadas pelo fragmento alvo das entrevistas, foi necessário
estabelecer delineamentos a respeito do conceito que ira nortear a proposta daqui em diante.
Por isso, levou-se em consideração a necessidade de uso comunitário, o papel de atrair
pessoas e, ao mesmo tempo, manter a identidade e o valor simbólico do espaço. Assim,
pensando na importância desse “imã” de funções e a forma que as pessoas se apropriam da
praça, fazendo dela o ponto focal do bairro, a ideia seria criar um espaço distribuído por
planos — tal como se encontra hoje —, porem os usos seriam melhor distribuídos. A
afluência de pessoas de um plano para o outro será contínua, a divisão entre os dois espaços
seria somente a nível do material, ou seja, a separação física que existe entre as duas
plataformas que compõem a Praça Estrela será anulada. Desta forma, a afluência de pessoas,
culturas e convivências será feita sobre o mesmo nível.
A drenagem da área deverá ser atendida, visto que, por estar assente sobre uma Bacia
Hidrográfica, no tempo das chuvas, o local ficará inundado. Embutindo sistemas de drenagem
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de modo a aumentar a mobilidade e acessibilidade na Praça durante as chuvas, sem que ela
deixe de ser um espaço de desafogo e um local de conflitos (discussões, conversas e outras
atividades afins).
Procura-se, para o resgate da identidade e para se fazer jus ao nome, desenvolver o projeto em
torno de um pentágono, fazendo uso também da estrela de cinco pontas douradas: que
representa a igualdade entre homens e mulheres, de todos os grupos étnicos e religiosos – pelo
menos em África, fazendo parte de uma das Bandeiras mais Antigas de Africa – Etiópia, e da
nossa, simbolizando cada uma das dez ilhas, em cor amarela, transmitindo a prosperidade, o
sol das ilhas, o calor, luz e descontração .
A conceção desta proposta de requalificação tem como base todos os estudos demonstrados
acima, o entendimento sobre espaços livres e públicos, praças e principalmente o contexto em
que está inserida a área de estudo. Dessa forma, definiram-se os elementos essenciais para a
proposta, aqui descritos em forma de diretrizes projetais.
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1. Área de repouso;
2. Revitalizar o pavimento e os acessos;
3. Pista fitness;
4. Instalação sanitária pública;
5. Posto policial/Guarita;
6. Estacionamento;
7. Revitalização do mobiliário (bancos e lixeiras);
8. Manter os usos antigos;
9. Redefinição da iluminação artificial.
Levando-se em consideração, que a Praça Dom Luiz I possui um espaço livre próprio para a
realização de atividades diversas, foi decidido não definir esse uso no projeto em questão,
visto que as duas praças são bastante próximas e atendem a mesma avenida.
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3 Memorial Descritivo
Procede-se então a respetiva
Figura 25 – Proposta de Projeto para a Praça Estrela (Vista de
Topo, sem elementos arbóreos ou arbustivos). análise do protótipo do projeto
Fonte: acervo da autora.
para a Requalificação e
Revitalização do Espaço Livre
de Lazer Praça Estrela.
A zona de intervenção,
encontra-se confinada pelos
edifícios históricos – resíduos
da arquitetura colonial,
pretende albergar os mesmos
usos que o espaço atual: ócio e
negócio, porem o projeto
encontra-se mais voltado para
o destaque do ócio, ou seja,
lazer. Primeiramente, vale ressaltar que o local não possui parques de estacionamento e esta
não é a melhor localização para este feito. A poucos metros da área há espaços onde os
condutores podem parar e estacionar os seus veículos, sendo um destes o Vazio Urbano ao
lado do supermercado RVM (claramente este espaço não se encontra dotado da estrutura
perfeita para este uso e isto poderá muito bem ser um tema para um projeto futuro).
As duas plataformas foram unidas, eliminando a via que as separava — Rua da Luz, dando
assim continuidade ao espaço, mais segurança e melhor apoio aos pedestres. A Praça foi
rebaixada de modo a dar continuidade a placa e apoiar o espaço de ‘desafogo’ da cidade.
Além disso, um espaço ao nível do solo torna-se mais atraente ao povo, uma vez que o acesso
a praça não carece de nenhum esforço. Torna-se uma obra a vista de todos, sem qualquer
desnível que obstrua o panorama do projeto.
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2
Em conformidade com o artigo 14º, secção I, capitulo II do Boletim Oficial (2012).
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3.1 Zoneamento
Legenda do Zoneamento
Entrada Principal
Área Infantil (crianças)
Área Multiusos
Área de Leitura
De acordo com a figura acima, pode-se organizar projeto em 7 áreas principais: a de jogos, a
de restauração, a de leitura, a infantil, a multiusos, os blocos de lojas e a entrada principal. A
maior de todas é a multiusos, uma área que pode ser usada, como diz o nome, para vários fins.
Sejam fins culturais, de diversão ou recreação, tem-se área suficiente de apoio, para não falar
que é um espaço sem mais mobiliários ou outros objetos fixos que possam atrapalhar o
desenvolvimento de uma grande atividade (lazer ativo). Há uma grande conectividade entre as
diferentes áreas, as árvores, que dividem visualmente o espaço e também desempenham a
função de bloquear parte do som que poderia passar de uma zona para outra.
O Bloco de lojas conta com um número aproximado de 38 lojas e/ou áreas que podem ser
usadas para armazém. O motivo do projeto ter poucos espaços comerciais, relativamente ao
projeto atual, é porque, durante as entrevistas, notou-se que são negócios familiares: tios, tias,
irmão, irmãs, pais e filhos, juntam as suas lojas e pagam a mesma renda (apenas porque
desejam um espaço maior). O tamanho e a área dos espaços comerciais da proposta visam
resolver o assunto, oferecendo um espaço maior e melhor posicionado. E há mais dois
espaços, mais a norte do complexo (vide Planta do Rés-Chão), que se destina a albergar
câmaras frias, de modo a auxiliar a conservação dos produtos do mercado e assim contribuir
para a saúde pública. A cobertura do complexo estende-se como uma rampa com inclinação
menor ou igual a 8% em algumas áreas, conduzindo os utentes até a cobertura verde, a mais
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de 3 metros do chão (lazer contemplativo). Há uma guarita com primeiros socorros, destinada
à salvaguarda do utente em caso de acidente.
Sobre os espaços verdes, alguns dos canteiros encontram-se delimitados por bancos elevados
a 40cm em toda a sua extensão, protegendo as plantas e fornecendo o mobiliário público
destinado ao descanso. Nos outros espaços a iluminação foi bem distribuída e localiza-se nas
zonas de maior necessidade, especialmente nos canteiros onde as sombras se acumulam mais.
A sinalização, dentro do espaço, será feita com ajuda de placas fixas nos postes de iluminação
ou nas paredes mais expostas dos edifícios, especialmente placas que denominem cada zona e
com instruções que possam ajudar o utente se orientar em cada área, mas de forma cuidada.
As fachadas serão em betão branco, tanto para dar mais ‘luminosidade’ ao espaço
resguardado pela cobertura que sombreia todo o piso, como para refrescar o espaço – o calor
radiante será absorvido pelas paredes e pelas pedras de grande inércia, diminuindo a
amplitude térmica de noite, ao devolver o calor armazenado para a atmosfera.
3.2 Drenagem
Segundo Barreto, Valle, & Barreto (2009), a água, por ser um recurso natural essencial a sua
utilização deve ser equilibrada. Sempre que possível serão previstas formas de retenção e
armazenamento de águas residuais pluviais3, evitando assim zonas de águas paradas, que
impliquem custos para a saúde pública. Desta forma prever-se-á zonas verdes que se
sustentem com base na agua infiltrada no solo e, para isso, há que se aumentar a
permeabilidade do solo — a praça também se encontra sob lençóis de agua provenientes do
mar. As áreas pavimentadas serão drenadas por escorrimento superficial das águas pluviais —
garantindo uma inclinação mínima de 1,5%. Para as áreas plantadas a drenagem será por
infiltração. As áreas plantadas em cobertura ou sobre laje apresentarão um esquema de
drenagem próprio e adequado às especiais condições (Barreto, Valle, & Barreto, 2009).
3
De acordo com o artigo 9º, nº 1, alínea f, capitulo I do Boletim Oficial (2012), as aguas residuais pluviais são
resultantes da precipitação atmosférica caída diretamente sobre o local a drenar ou a ele afluentes, a partir dos
terrenos limítrofes, e que não tenham sido sensivelmente alterados nas suas caraterísticas físico-químicas durante
o escoamento.
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E ainda há os sistemas de
comunicação, que são os de
orientação (um mapa do espaço a
entrada da praça), de informação (um
relógio na parede cega do edifício
central e um breve historial da praça
logo a entrada), placas de
identificação de cada espaço (apenas
sugestões de uso), sinais reguladores
(anúncios legais, sinalizações e saída Figura 29 – Escultura de Bronze feita por Nilo-Ró, da
Interart, em 1989. Fonte: Acervo da autora.
e instruções em caso de emergência, Fonte: acervo da autora.
etc.) e ornamentos (uma placa com a bandeira do nosso país). Também elementos especiais
para pessoas com capacidade visual diminuída e os mobiliários de caráter didático, como a
escultura de bronze que devera ser mantida, assim como os azulejos oferecidos pela Câmara
Municipal do Porto.
3.5 Vegetação
Serão usadas plantas próprias do nosso clima tropical seco — cuja densidade da folhagem
permita a diminuição significativa da insolação no espaço. A acácia mais comum na ilha, o
famoso mot d’cuxim, conhecido por Neem, serão excluídos da lista divido ao seu odor forte
caso (maior a densidade de plantação, maior a propagação do cheiro), assim sendo Acácia
Rubra (Delonix Regia), a Palmeira-de-leque (Washingtonia fiflifera) e o Café-de-jardim são
uma ótima escolha. As espécies já existentes, depois abatidas pelas autoridades competentes,
serão substituídas por arbustos ou pelas plantas decorativas mais comuns, as autóctones que
existem em Mindelo (Loendro – Nerium oleander, Carrapato – Furcraea foetida,
Cardeal/Hibisco ou Hibiscus rosa – sinensis, Brinco-de-princesa ou Hibisco-crespo –
Hibiscus schizopetalus, Sempre-noiva/Vinca – Catharanthus roseus), em quase todos os
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espaços públicos, sendo que, especialmente para a cobertura, preferível que seja uma planta
de folha carnuda ou resistentes a seca (babosa ou saião – aeonium gorgoneum).
3.5.1 Iluminação/Energia
A iluminação exterior foi disposta de modo a garantir uma boa distribuição de luz, de forma
equilibrada e uniforme. Nas altas horas da noite, a iluminação artificial será priorizada. As
iluminarias, LED de baixo consumo, serão estanques, esteticamente apropriadas e resistentes
a exposição ás intempéries e as ações mecânicas, principalmente nos elementos pentagonais
da fachada. Próximo aos edifícios, privilegia-se a iluminação de fachada tipo ‘bollar’.
Serão promovidas o uso de energias renováveis por meio de instalação de iluminarias com
painéis fotovoltaicos e baterias que possam armazenar a energia captada durante o dia, e usa-
la durante a noite. Pretende-se também fazer uso dos restos e despojos das edificações que
foram demolidas, de forma de reciclar e diminuir os custos da construção. A lojas terão
fachadas em betão e alvenaria aparente, com apenas uma (ou quantas forem necessárias)
demãos de verniz, de forma a dar brilho e impermeabilização ao lugar.
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Conclusão
Todas essas medidas fariam com que os espaços públicos de lazer não se tornassem
algo monótono ou não fossem substituídos por espaços privados, que acabam
segregando o seu público pelo grande apelo de consumo, o que estimularia esta
discriminação. Há que estimular a relação de complementaridade entre esses usos,
eliminando zonas mortas, sem uso e sem vigilância.
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O Poder Público deve incentivar o uso dos espaços públicos e analisá-lo. Deve-se
atingir o que as pessoas desejam de fato, para estimular o seu uso e não tornar esses
espaços ociosos. Então todos teriam direito e acesso ao lazer, melhorando assim a
qualidade de vida de cada cidadão e a sua socialização.
Ainda que colhendo referências em autores e matérias distintas, esse trabalho propõe
um olhar particular sobre os valores atribuídos a praça. Os instrumentos analíticos e os
arcabouços teóricos distintos articularam-se para construir um caminho específico para
a identificação dos valores do espaço em questão e apreciar o resultado extraído. Nesse
ambiente onde o comércio informal apropria-se das atividades do dia a dia por meio da
repassa de mercadorias refugadas das industrias, venda de artigos de produção artesanal,
serviços de “fundo de quintal” ou mesmo em relação aos distribuidores de artigos raros;
isto tudo constituindo um elemento de fixação de práticas caracterizadoras de um local
geográfico específico, a Praça Estrela. Que é tido, por parte dos utentes, como um local
de passagem (Auge, 1994), neste caso em particular, poderá transformar-se num espaço
praticado para a cultura. Pois essa forma de comércio consegue de atuar como tradutora
de consumo desinibido.
Para satisfazer a todos os que utilizam a praça, e diversificar esse uso, deve-se atribuir
também outros usos ao espaço, nomeadamente algum que chame mais atenção a
população jovem contemporânea, em termos de segurança, manutenção, facilidade de
utilização e adequar o uso a todos. A imagem da praça deve ser clara, bem distribuída,
com boas vistas, iluminação e sinalização. E fazer todos perceberem o valor identitário
do espaço é um grande passo para o seu sucesso.
É necessário considerar que ao trabalhar com diferentes usos dos espaços públicos, está
se entendendo como uma ação da dinâmica da produção do espaço urbano. Observando
as diferentes relações socio espaciais, acumulação de capital ligada a estas ações e sua
reprodução, não ocorrem de forma homogénea em todos os lugares. O caminhar futuro
dos espaços públicos de lazer remete a discutir o processo dinâmico de produzir e
consumir o espaço urbano de forma múltipla, sustentável e principalmente,
compreendendo-os como elementos que se transformam de acordo com o período, com
a sociedade e com os diferentes interesses que se moldam nos tempos.
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Portanto, tal estudo, mais do que conclusões, pretende introduzir reflexões futuras e
páginas abertas para que as mesmas possam ser escritas, analisadas e novos desafios.
Não se pode deixar de comentar a necessidade de se continuar os estudos sobre os
espaços públicos no âmbito da ciência geográfica, analisando a cidade, o espaço
público, os seus diferentes usuários e utentes, a sua complexidade, diferentes, agentes,
interesses que surgem no produzir a cidade e o urbano.
4
Este trabalho segue o novo acordo ortográfico.
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