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Aula teórica: 08 03.05.2021


Tema 6: Equações Diferenciais Ordinárias
- Equações diferenciais com variáveis separadas e separáveis.
- Equações diferenciais homogêneas e redutíveis às homogêneas da primeira ordem.
- Equações diferenciais lineares da primeira ordem.
- Equação de Bernoulli.
. .

Objectivos
No fim desta aula, os estudantes devem ser capazes de:
• Classificar as equações diferenciais quanto à ordem e grau.
• Determinar as equações diferenciais a partir da solução geral.
• Resolver as equações diferenciais com variáveis separáveis.
• Resolver as equações diferenciais homogêneas e redutíveis às homogêneas da 1a ordem.
• Resolver as equações diferenciais lineares da primeira ordem.
• Resolver a equação de Bernoulli.
. .

6. Equações diferenciais ordinárias

6.1. Introdução
A partir de Análise Matemática I é sabido que, mediante uma regra apropriada, a deri-
dy
vada y ′ = = f ′ (x) de uma função y = f (x) pode também ser representada como uma
dx
dy 2
função de duas variáveis x e y , isto é, = g(x, y). Por exemplo, se y = ex então
dx
′ dy
y = 2xe ⇐⇒x2
= 2xy ≡ g(x, y). Assim, y ′ = 2xy é uma equação diferencial ordiná-
dx 2
ria cuja solução é a função y = ex .

No presente tema pretende-se resolver o problema inverso à determinação de derivadas, isto


dy
é, dada uma equação = g(x, y), encontrar uma função y = f (x) tal que f ′ (x) ≡ g(x, f (x)).
dx
Um exemplo de aplicação de uma equação diferencial é o problema de determinação da equação
de movimento de uma pedra arremessada para cima, com uma velocidade inicial v0 , a partir do
tecto de um edifício de altura s0 . A partir das condições do problema, a equação do movimento
g
s(t) = s0 + v0 t − t2 obtém-se resolvendo a seguinte equação diferencial
2
2
ds
= −g, s(0) = s0 , s′ (0) = v0 , 0 ≤ t ≤ tf ,
dt2
onde, g é a força de gravidade, t = 0 se toma como o instante inicial em que a pedra sai
do tecto do edifício e tf é o tempo decorrido até que a pedra atinja o solo. Nesta formulação,
se ignoram as outras forças, tais como a resistência do ar e a velocidade do vento, que actuam
sobre o corpo.

Definição 1 (Equação diferencial)


Se uma equação contém as derivadas ou diferenciais de uma ou mais variáveis dependentes,
com respeito a uma ou mais variáveis independentes, diz-se que é uma equação diferencial.
2

6.2. Classificação de equações diferenciais quanto ao tipo

i) Equação diferencial ordinária


Uma equação que contém somente derivadas ordinárias de uma ou más variáveis dependentes,
em relação a uma única variável independente, diz-se equação diferencial ordinária.

Exemplo 1.
As seguintes equações são exemplos de equações diferenciais ordinárias:
x
1) y ′ = −
y
2) x(y + 1)dx + y(x + 1)dy = 0
d2 y dy
3) 2
− 2 + 6y = 0
dx dx
du dv
4) − =x
dx dx

ii) Equações diferenciais com derivadas parciais


Uma equação que contém as derivadas parciais de uma ou mais variáveis dependentes, de duas
ou mais variáveis independentes, diz-se equação diferencial com derivadas parciais.

Exemplo 2.
São exemplos de equações diferenciais com derivadas parciais as seguintes:

∂u ∂v
1) =−
∂y ∂x
∂u ∂u
2) x +y =u
∂x ∂y
∂2u ∂2u ∂u
3) 2
= 2 −2
∂x ∂t ∂t

6.3. Classificação de equações diferenciais quanto à ordem e grau

Definição 2 (ordem duma equação diferencial).


Chama-se ordem duma equação diferencial à ordem máxima da derivada superior contida nessa
equação.

Definição 3 (grau duma equação diferencial).


É o expoente da derivada superior de ordem máxima contida numa equação diferencial.

Exemplo 3. Classifique, quanto à ordem e grau, as seguintes equações diferenciais:

1) y ′ − 2xy 2 + 5 = 0 - é uma equação diferencial da primeira ordem e de primeiro grau.

2) (y ′′ )3 + 2(y ′ )5 + 3y − sin x = 0 - é equação diferencial da segunda ordem e de terceiro grau.

3) y (12) = 0 - é equação diferencial da décima segunda ordem e de primeiro grau.


3

∂ 4u ∂ 2u
4) a2 4 + 2 = 0 - é equação diferencial com derivadas parciais de quarta ordem e de
∂x ∂t
primeiro grau.

Uma melhor compreensão das equações diferenciais com derivadas parciais requere uma base
teórica sólida de equações diferencias ordinárias. Deste modo, nas discussões subsequentes,
apenas serão abordadas as equações diferenciais ordinárias.

Uma equação diferencial ordinária geral de ordem n, frequentemente, apresenta-se na forma


F (x, y, y ′ , y ′′ , y ′′′ , .., y (n) ) = 0.

6.4. Classificação de equações diferenciais ordinárias quanto à linearidade

Diz-se que uma equação diferencial ordinária é linear se tiver a forma

an (x)y (n) + an−1 (x)y (n−1) + · · · + a1 (x)y ′ + a0 (x)y = g(x),

onde, an (x), an−1 (x), ..., a0 (x) e g(x) são funções que dependem de x.

Uma equação que não seja linear diz-se não linear.

Exemplo 4. Classifique, quanto à linearidade as seguintes equações diferenciais:

1) xdy + ydx = 0 - é uma equação linear.

2) y ′′ + 2y ′ + 3y = x3 - é equação linear.
d3 y 2
2d y dy
3) x3 3
− x 2
+ 3x + 5y = ex sin x - é uma equação linear.
dx dx dx
4) yy ′′ − 2y ′ + y = x - é equação não linear.

5) y ′′ + y ′ + y 2 = 0 - é equação não linear.

6) y ′′′ + 3(y ′′ )2 − y ′ + y = x2 - é equação não linear.

Definição 4 (solução duma equação diferencial).


Chama-se solução duma equação diferencial F (x, y, y ′ , y ′′ , y ′′′ , .., y (n) ) = 0, a toda função y =
f (x), definida em algum intervalo, que verifique idênticamente essa equação, isto é,

F [x, f (x), f ′ (x), f ′′ (x), f ′′′ (x), .., f (n) (x)] ≡ 0.

Se a solução for dada na forma implícita ϕ(x, y) = 0, geralmente, recebe o nome de integral.
Ao gráfico da função y = f (x), solução duma equação diferencial, chama-se curva integral.

Exemplo 5. Verificar se a função y = − sin x é solução da equação y ′′ = sin x.

Resolução
y ′ = (− sin x)′ = − cos x =⇒ y ′′ = (− cos x)′ = sin x. Avaliemos y ′′ − sin x = sin x − sin x ≡ 0
4

e, portanto, a função y = − sin x é solução da equação y ′′ = sin x.

Exemplo 6. Verificar se a função y = sin x é solução da equação y ′′ − y = 0.

Resolução
y ′ = (sin x)′ = cos x =⇒ y ′′ = (cos x)′ = − sin x. Considerando que y ′′ − y = − sin x − sin x =
−2 sin x ̸= 0, concluímos que a função y = sin x não é solução da equação y ′′ − y = 0.

Exemplo 7. Verificar se a função x(t) = Ce4t , onde C é uma constante, é solução da equação
x′ − 4x = 0.

Resolução
x′ = (Ce4t )′ = 4Ce4t =⇒ x′ − 4x = 4Ce4t − 4Ce4t ≡ 0. Deste modo, a função x(t) = Ce4t , é
solução da equação x′ − 4x = 0.

Definição 5 (solução geral duma equação diferencial).


Chama-se solução geral duma equação diferencial F (x, y, y ′ , y ′′ , y ′′′ , .., y (n) ) = 0 ao conjunto de
todas as soluções desta equação, isto é, a função ϕ(x, y, C1 , C2 , ..., Cn ) = 0 onde C1 , C2 , ..., Cn
são constantes arbitrárias independentes.

Para determinar a equação diferencial F (x, y, y ′ , y ′′ , y ′′′ , .., y (n) ) = 0, a partir da sua solução
geral ϕ(x, y, C1 , C2 , ..., Cn ) = 0, resolve-se, eliminando os parâmetros C1 , C2 , ..., Cn , o seguinte
sistema de equações:


 ϕ(x, y, C1 , C2 , ..., Cn ) = 0

 ϕ′ (x, y, C1 , C2 , ..., Cn ) = 0
..

 .

 ϕ(n) (x, y, C , C , ..., C ) = 0
1 2 n

Exemplo 8. Achar a equação diferencial da família de parábolas y = C1 (x − C2 )2 .

Resolução
Observe que a equação diferencial procurada é de ordem 2, pois, a equação y = C1 (x − C2 )2 ,
tem duas constantes, C1 e C2 . Derivando duas vezes a equação y = C1 (x − C2 )2 e eliminando
as constante C1 e C2 no sistema resultante, temos:
   
 (x−C2 )2 y ′′

 y = C1 (x − C 2 )2

 . . . 
 y = 
 2yy ′′ = (y ′ )2

 
 

2


   
′ ′
y = 2C1 (x − C2 ) =⇒ ... ⇐⇒ x − C2 = y′′ ⇐⇒
y
...

 
 
 


 
 
 

 ′′  ′′ 
 ... 
y = 2C1 C1 = y2 ...

Portanto, a equação diferencial procurada é 2yy ′′ = (y ′ )2 .

6.5. Equações diferenciais da primeira ordem


Uma equação diferencial da primeira ordem é da forma F (x, y, y ′ ) = 0. A solução geral de uma
equação diferencial da primeira ordem é uma função ϕ(x, y, C) = 0, onde C é uma constante.
5

i) Equações diferenciais com variáveis separadas

Definição 6 (Equações diferenciais com variáveis separadas).


São equações representadas na forma geral seguinte

M (y)dy = N (x)dx (1)

onde, M (y) e N (x) são certas funções de variáveis y e x, respectivamente.

Integrando em ambos membros da (1) obtemos a solução geral , isto é,


∫ ∫
M (y)dy = N (x)dx + C que é a solução geral da equação (1).

ii) Equações diferenciais com variáveis separáveis

Definição 7 (Equações diferenciais com variáveis separáveis).


São equações dadas na forma geral seguinte:

M (y)N (x)dy + P (x)Q(y)dx = 0 (2)

onde, M (y), N (x), P (x) e Q(y) são funções de variáveis x e y .

Para separar as variáveis de (2) dividimos em ambos membros por N (x)Q(y) ̸= 0, isto é,

M (y)N (x)dy P (x)Q(y)dx M (y)dy P (x)dx M (y)dy P (x)dx


+ = 0 ⇐⇒ + = 0 ⇐⇒ =−
N (x)Q(y) N (x)Q(y) Q(y) N (x) Q(y) N (x)
Integrando em ambos membros da última equação obtemos a solução geral da equação (2)
∫ ∫
M (y) P (x)
dy = − dx + C
Q(y) N (x)

Exemplo 9. Resolva as seguintes equações diferenciais:

x
1) y ′ = −
y

2) xydx + (x + 1)dy = 0

3) x(y + 1)dx + y(x + 1)dy = 0

Resolução ∫ ∫
′ x y2 x2
1) y = − ⇐⇒ ydy = −xdx ⇐⇒ ydy = − xdx + C ⇐⇒ = − + C ⇐⇒ x2 + y 2 = C
y 2 2

2) xydx + (x + 1)dy = 0 é uma equação com variáveis separáveis. Dividindo em ambos


membros desta equação por y(x + 1), obemos:
6

xydx (x + 1)dy x dy
xydx + (x + 1)dy = 0 ⇐⇒ + = 0 ⇐⇒ dx = − ⇐⇒
y(x + 1) y(x + 1) x+1 y
∫ ∫ ∫ ∫ ∫
x dy dx dy
dx = − + C ⇐⇒ dx − dx = − + C ⇐⇒
x+1 y x+1 y

y
x − ln |x + 1| = − ln |y| + C ⇐⇒ x + ln =C
x + 1

3) A equação x(y + 1)dx + y(x + 1)dy = 0 é de variáveis separáveis. Portanto, dividindo


em ambos membros por (x + 1)(y + 1), temos:

x(y + 1)dx y(x + 1)dy xdx ydy


x(y + 1)dx + y(x + 1)dy = 0 ⇐⇒ + = 0 ⇐⇒ + =0
(x + 1)(y + 1) (x + 1)(y + 1) x+1 y+1
∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫
xdx ydy dx dy
=− + C ⇐⇒ dx − =− dy + + C ⇐⇒
x+1 y+1 x+1 y+1

x + y − ln |(x + 1)(y + 1)| = C 

iii) Equações diferenciais dadas na forma y ′ = f (ax + by + c), b ̸= 0

Estas equações podem ser reduzidas às equações diferenciais com variáveis separáveis por meio
z′ − a
da seguinte substituição z(x) = ax + by + c =⇒ z ′ = a + by ′ ⇐⇒ y ′ = .
b
A partir da equação y ′ = f (ax + by + c), temos
∫ ∫
z′ − a ′ dz
= f (z) ⇐⇒ z = bf (z) + a ⇐⇒ dz = (bf (z) + a)dx ⇐⇒ = dx + C
b bf (z) + a
∫ ∫
dz
Portanto, = dx + C é a integral de y ′ = f (ax + by + c).
bf (z) + a

Exemplo 10. Resolva a equação y ′ = (x + y)2 .

Resolução

Vamos reduzir a equação y ′ = (x + y)2 à equação com variáveis separáveis.

Seja z(x) = x + y =⇒ z ′ = 1 + y ′ ⇐⇒ y ′ = z ′ − 1
∫ ∫
′ ′ ′ dz dz
y = (x + y) =⇒ z − 1 = z ⇐⇒ z = 1 + z ⇐⇒
2 2
= dx ⇐⇒
2
= dx + C
1 + z2 1 + z2
⇐⇒ arctan z = x + C . Então, arctan(x + y) = x + C é a solução geral de y ′ = (x + y)2 

Definição 8 (função homogênea).


Diz-se que a função f (x, y) é homogênea se ∀λ ∈ R, f (λx, λy) = λk f (x, y) e k chama-se
constante de homogêniedade (ou grau).
7

Exemplo 11. Mostre que a função f (x, y) = (x + y)3 é homogênea de grau 3.

Resolução

f (λx, λy) = (λx + λy)3 = λ3 f (x, y) 

iv) Equação diferencial Homogênea da 1a ordem

Definição 9 (Equação diferencial Homogênea da 1a ordem).


Uma equação diferencial da forma y ′ = f (x, y) diz-se homogênea se a função f (x, y) for homo-
gênea de grau zero (k = 0).

Uma equação dada na forma M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 é homogênea se M (x, y) e N (x, y)
são funções homogêneas do mesmo grau.

Uma equação homogênea da forma y ′ = f (x, y) pode ser resolvida a partir da substituição
y
z(x) = ⇐⇒ y = xz =⇒ y ′ = z + xz ′
x

y
Exemplo 12. Resolva a equação xy ′ − y = x · tan .
x
Resolução
y y y
xy ′ − y = x · tan ⇐⇒ y ′ = + tan
x x x
y
Seja z(x) = ⇐⇒ y = xz =⇒ y ′ = z + xz ′
x
y y tan z dz dx
y′ = + tan =⇒ z + xz ′ = z + tan z ⇐⇒ z ′ = ⇐⇒ = ⇐⇒
x x x tan z x
∫ ∫ ∫ ∫
dz dx cos zdz d sin z
= + C ⇐⇒ = ln |Cx| ⇐⇒ = ln |Cx| ⇐⇒
tan z x sin z sin z

ln(sin z) = ln |Cx| ⇐⇒ sin z = Cx.

y (y) y
Considerando que z = =⇒ sin = Cx é a solução geral de xy ′ − y = x · tan .
x x x

v) Equações redutíveis à equações homogéneas ( )


′ a1 x + b1 y + c1
Reduzem-se às homogéneas todas as equações da forma y = f .
a2 x + b2 y + c2
Consideremos dois casos:
( ) ( )
′ a1 x + b1 y a1 + b1 xy
1) Se c1 = c2 = 0, então a equação y = f =f é homogênea.
a2 x + b2 y a2 + b2 xy
8

2) Se c1 e c2 (ou um deles) não são nulos, consideremos o determinante principal ∆ do sistema


{
a1 x + b1 y + c1 = 0 a1 b1

, isto é ∆ =
a2 x + b2 y + c2 = 0 a2 b2

Neste caso, vamos considerar duas situações distintas: {


a 1 α + b 1 β + c1 = 0
a) Se ∆ ̸= 0, então procuramos a solução (α, β) do sistema e efectua-
a2 α + βy + c2 = 0
mos a seguinte substituição:
{
x=u+α
=⇒ y ′ = v ′
y =v+β
( )
′ a1 x + b1 y + c1
Substituindo os resultados anteriores na equação y = f , obtemos uma equa-
a2 x + b2 y + c2
ção homogênea, isto é,
 = 0

[ ] z }| { ( )
a1 (u + α) + b1 (v + β) + c1  a1 α + b1 β + c1 +a1 u + b1 v  a1 + b1 uv

v =f 
=f  =f
a2 (u + α) + b2 (v + β) + c2 a2 α + b2 β + c2 +a2 u + b2 v  a2 + b2 uv
| {z }
= 0

Exemplo 13. Resolva a equação


3x − 2y + 1
y′ =
4x − 3y − 6

Resolução {
3x − 2y + 1 = 0 3 −2
O determinante do sistema é ∆ = = −1 ̸= 0

4x − 3y − 6 = 0 4 −3
Agora resolvemos o sistema
{ {
3α − 2β + 1 = 0 α = −15
⇐⇒
4α − 3β − 6 = 0 β = −22
{
x = u − 15
Considerando a substituição =⇒ v ′ = y ′ , obtemos,
y = v − 22
= 0
z }| {
3(u − 15) − 2(v − 22) + 1 −45 + 44 + 1 +3u − 2v 3u − 2v
v′ = = = .
4(u − 15) − 3(v − 22) − 6 −60
| +{z66 − 6} +4u − 3v 4u − 3v
= 0
3 − 2 uv
Portanto, v ′ =
4 − 3 uv
v
Agora tomemos a substituição z(u) = ⇐⇒ v ′ = z ′ u + z
u
3 − 2 uv 3 − 2z 4 3z 3
De v ′ = ′
v =⇒ z u + z = ⇐⇒ − = ⇐⇒
4 − 3u 4 − 3z 1 − 2z + z 2 1 − 2z + z 2 u
9

4 3 2z − 2 + 2 3 1 3 2z − 2 3
− · = ⇐⇒ − · = ⇐⇒
1 − 2z + z 2 2 1 − 2z + z 2 u 1 − 2z + z 2 2 1 − 2z + z 2 u
∫ ∫
dz 3 2z − 2 3
dz − dz = du + C ⇐⇒
1 − 2z + z 2 2 1 − 2z + z 2 u
∫ ∫ ∫
d(1 − z) 3 d(1 − 2z + z 2 ) du 1 3
− dz − =3 +C ⇐⇒ − ln |1−2z +z 2 | = 3 ln |u|+C
(1 − z) 2 2 1 − 2z + z 2 u 1−z 2
1 1
⇐⇒ − 3 ln |1 − z| = 3 ln |u| + C ⇐⇒ − 3 ln |u − zu| = C
1−z 1−z
1 u x + 15
Observe que = = e u − zu = u − v = x − y − 7.
1−z u−v x−y−7
x + 15
Deste modo, a solução geral da equação dada é − 3 ln |x − y − 7| = C 
x−y−7
( )
′ a1 x + b1 y + c1
Consideremos, novamente, a equação y = f .
a2 x + b2 y + c2
Seja o determinante ∆ do sistema
{
a1 x + b1 y + c1 = 0 a1 b1
, isto é ∆ =
a2 x + b2 y + c2 = 0 a2 b2

b) Se ∆ = 0, então as rectas a1 x + b1 y + c1 = 0 e a2 x + b2 y + c2 = 0 são paralelas ou


coincidentes, isto é, a1 x + b1 y = k(a2 x + b2 y), k ∈ R.

z ′ − a2
Efectuando a substituição z(x) = a2 x + b2 y =⇒ y ′ = , obtém-se uma equação com
b2
variáveis separáveis, isto é,
( ) [ ] ( )
′ a1 x + b1 y + c1 z ′ − a2 k(a2 x + b2 y) + c1 ′ kz + c1
y =f =⇒ =f ⇐⇒ z = b2 f + a2 .
a2 x + b2 y + c2 b2 a2 x + b2 y + c2 z + c2

−x + y + 2
Exemplo 14. Resolva a equação y ′ =
x−y−1
Resolução
{
−x + y + 2 = 0 −1 1
O determinante do sistema é dado por ∆ = =0

x−y+1=0 1 −1
Tomemos z = x − y =⇒ z ′ = 1 − y ′ ⇐⇒ y ′ = 1 − z ′
−x + y + 2
Substituíndo estes resultados na equação y ′ = , temos
x−y−1

−z + 2 −z + 2 2z − 3 z−1
1 − z′ = ⇐⇒ z ′ = 1 − ⇐⇒ z ′ = ⇐⇒ dz = dx ⇐⇒
z−1 z−1 z−1 2z − 3
( ) ( )
z 1 1 2z − 3 + 3 1
− dz = dx ⇐⇒ · − dz = dx ⇐⇒
2z − 3 2z − 3 2 2z − 3 2z − 3
10

( ) ( )
1 1 3 1 1
+ · − dz = dx ⇐⇒ 1 + dz = 2dx ⇐⇒
2 2 2z − 3 2z − 3 2z − 3
∫ ( ) ∫ ∫ ( ) ∫
1 1 1
1+ dz = 2 dx + C ⇐⇒ 1+ d(2z − 3) = 2 dx + C ⇐⇒
2z − 3 2 2z − 3

2z − 3 + ln |2z − 3| = 4x + C ⇐⇒ 2z + ln |2z − 3| = 4x + C

Atendendo que z = x − y concluimos que ln |2x − 2y − 3| − 2x − 2y = C é a solução ge-


−x + y + 2
ral da equação y ′ = 
x−y−1

vi) Equações diferenciais lineares da primeira ordem


São equações que se apresentam na seguinte forma geral

y ′ + p(x)y = q(x) (1)

Para resolver a equação (1), consideremos dois métodos:


p(x)dx
1o método: Procuremos um factor integrante da forma ρ(x) = e .

Multipliquemos em ambos membros de (1) pelo factor integrante e obtemos



p(x)dx ′
∫ ∫ d [ ∫ p(x)dx ] ∫
e y +e p(x)dx
p(x)y = e p(x)dx
ye q(x) ⇐⇒
= e p(x)dx q(x) ⇐⇒
dx
[ ∫ ] ∫ ∫
[∫ ∫ ]
− p(x)dx
d y·e p(x)dx
=e p(x)dx
q(x)dx ⇐⇒ y = e · e p(x)dx
· q(x)dx + C

x3 − 2y
Exemplo 15. Resolva a equação y ′ =
x
Resolução

x3 − 2y 2 2
y′ = ⇐⇒ y ′ + y = x2 , p(x) = e q(x) = x2
x x x
∫ ∫ 2 2
p(x)dx dx
ρ(x) = e =e x = e2 ln x = eln x = x2
2
Multiplicando por x2 em ambos membros da equação y ′ + y = x2 , teremos:
x
∫ ∫
′ 2 2 2 ′ 2 d
y x + x y = x x ⇐⇒ y x +2xy = x ⇐⇒
2 2 4
(y·x ) = x ⇐⇒ d(y·x ) = x4 dx+C ⇐⇒
2 4 2
x dx
x5 x3 C
y · x2 = + C ⇐⇒ y = + 2
5 5 x
11

2o Método: Procuramos a solução da equação (1) como produto de duas funções desco-
nhecidadas u(x) e v(x).

y = uv =⇒ y ′ = vu′ + uv ′ e substituindo este resultado na equação (1), obtemos:

vu′ + uv ′ + uvp(x) = q(x) ⇐⇒ vu′ + u[v ′ + vp(x)] = q(x) (1′ )

Anulando o termo v ′ + vp(x) na equação (1′ ), logramos o seguinte sistema


 ′  dv  ∫ dv ∫  ∫
 v + vp(x) = 0  v = −p(x)dx  v
= − p(x)dx  v = e− p(x)dx
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
 ′   
vu + u · 0 = q(x) q(x)
du = v dx · · · ···
 ∫
 v = e− p(x)dx
⇐⇒ ∫
 ∫
p(x)dx
u= q(x)e +C

Multiplicando as funções u e v , obtemos a solução da equação (1)



[∫ ∫ ]
− p(x)dx
y=e · e p(x)dx
· q(x)dx + C

x3 − 2y
Exemplo 16. Resolva a equação y ′ =
x
Resolução

x3 − 2y 2 2
y′ = ⇐⇒ y ′ + y = x2 , p(x) = e q(x) = x2
x x x
Seja y = uv =⇒ y ′ = vu′ + uv ′
( )
2 ′ ′ ′ 2 ′ ′ 2
A partir de y + y = x =⇒ vu + uv + uv = x ⇐⇒ vu + u v + v = x2
2 2
x x x
 ′ 2   ∫ ∫ 
= − 2dx = −2  ln |v| = ln x12
dv
 v + xv = 0  v x  dv
v
dx
x
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
 ′   
vu + u · 0 = x 2
du = x2
v
dx ··· ···
  1
 v= 1
x2  v= x2
⇐⇒ ⇐⇒
 4  x5
du = x dx u= 5
+C

Atendendo que y = uv , obtemos a solução da equação dada


( )
1 x5 x3 C
y= 2 +C = + 2 
x 5 5 x
12

vii) Equação de Bernoulli1

É uma equação do tipo

y ′ + p(x)y = q(x)y α , α ∈ R, (α ̸= 0 ∧ α ̸= 1) (2)

Para resolver a equação (2) multiplicamo-la em ambos membros por y −α e obtemos:

y −α y ′ + y −α p(x)y = q(x)y α y −α ⇐⇒ y −α y ′ + y 1−α p(x) = q(x) (2′ )

z′
Seja z(x) = y 1−α ⇐⇒ z ′ = (1 − α)y −α y ′ ⇐⇒ y −α y ′ =
1−α
Substituindo este resultado em (2′ ), temos

z′
+ p(x)z = q(x) ⇐⇒ z ′ + (1 − α)p(x)z = (1 − α)q(x)
1−α
Fazendo P (x) = (1 − α)p(x) e Q(x) = (1 − α)q(x), logramos uma equação linear da pri-
meira ordem, isto é,

z ′ + P (x)z = Q(x)

1 sin x 3
Exemplo 17. Resolva a equação y ′ − y=− y
2x 2x
Resolução

Multiplicando em ambos membros da equação dada por y −3 , temos:


1 −3 sin x 3 −3 1 sin x
y −3 y ′ − y y=− y y ⇐⇒ y −3 y ′ − y −2 = − (*)
2x 2x 2x 2x

z
Seja z(x) = y −2 =⇒ z ′ = −2z −3 y ′ ⇐⇒ z −3 y ′ = −
2
Substituindo este resultado na equação (*), obtemos a equação linear da primeira ordem:

z′ 1 sin x 1 sin x
− − z=− ⇐⇒ z ′ + z =
2 2x 2x x x
∫ ∫
= eln |x| = x
dx
p(x)dx
ρ(x) = e =e x

1 sin x
Multiplicando por x em ambos membros da equacão z ′ + z = , teremos:
x x
∫ ∫
′ d 1
z x + z = sin x ⇐⇒ (xz) = sin x ⇐⇒ d(xz) = sin xdx + C ⇐⇒ z = (− cos x + C)
dx x
1 x
Atendendo que z = y −2 =⇒ y −2 = (− cos x + C) ⇐⇒ y 2 = 
x − cos x + C

1
Jacob I Bernoulli (1654–1705) — matemático suíço

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