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Aula 19

Immanuel Kant

Prof. Pedro Zanatta


Immanuel Kant (1724 - 1804)
• Nasceu na Prússia, na cidade de Koningsberg, onde levou uma
vida extremamente regrada e simples;

• Conheceu fama ainda em vida e suas obras sintetizaram o


espírito de sua época, sendo ele o maior porta voz do modo
de vida individualista liberal;

• Conheceu a física de Newton na Universidade, reconheceu a


contribuição de Hume sobre os limites da nossa capacidade de
conhecimento e estudou profundamente os filósofos
iluministas franceses;

• Foi um pacifista e defensor do regime republicano, apoiando a


independência norte-americana.
O problema kantiano
• Em seu projeto crítico, Kant investiga a questão do
conhecimento, ou seja, a possibilidade, o limite e o âmbito de
aplicação do conhecimento;

• A metafísica não era capaz de oferecer soluções


unanimemente aceitas, e tinha sua pretensão a ser ciência
questionada. Por isso, Kant investiga a possibilidade dela como
ciência;

• Ao invés de propor um novo sistema metafísico, que sem


dúvida teria sorte idêntica à dos outros, Kant irá atacar o
problema pela raiz, interrogando-se sobre as próprias
possibilidades da razão.
O problema kantiano
• Trata-se de um exame crítico da razão, isto é: de um exame
que tem por fim de discernir ou distinguir o que a razão pode
fazer e o que é incapaz de fazer;

• E, se essa crítica diz respeito à razão pura, isso se deve à


intenção de Kant de pronunciar-se apenas sobre o valor dos
conhecimentos puramente racionais, como devem ser os da
metafísica;

• O fracasso da metafísica em suas pretensões científicas se


deve ao fato dela ter empreendido sua tarefa
dogmaticamente, ou seja, ter procedido sem uma crítica
prévia das possibilidades e limites da razão para um projeto
tão ambicioso.
O problema kantiano
• Toda a investigação kantiana é transcendental, no sentido de
que a crítica tem, como objeto, nossa faculdade cognoscitiva.
O conceito transcendental, para Kant, significa o modo de
conhecer os objetos, enquanto possível a priori;

• Esses modos são a sensibilidade e o entendimento, a que


inerem estruturas a priori próprias do sujeito e não do objeto.
Sem elas, é impossível qualquer experiência de qualquer
objeto;

• Após Kant e a sua revolução copernicana não é mais possível


falar das condições do objeto em si, mas somente das
condições do objeto em relação ao sujeito. Com Kant, o
transcendental não está mais no objeto, mas no sujeito.
As formas de juízo
• Ele distingue dois conhecimentos: o a priori (conhecimento da
razão que é puro, universal, necessário e independente da
experiência) e o a posteriori (conhecimento da experiência
que é empírico, particular e contingente);

• Feita esta distinção, impõe-se distinguir os juízos analíticos dos


juízos sintéticos. Os analíticos são juízos de elucidação; a
conexão sujeito-predicado é pensada por identidade; são
universais, necessários e verdadeiros;

• Os sintéticos são os juízos de ampliação; a conexão


sujeitopredicado é pensada sem identidade; são particulares,
contingentes, porém ampliam o conhecimento.
Crítica da Razão Pura
• Conceitualmente, esses juízos são possíveis. A questão é saber se essa
possibilidade conceitual pode realizar-se, isto é, se são possíveis os
juízos sintéticos a priori e, portanto, a ampliação do conhecimento
anterior a toda experiência;

• Em torno dessa questão (de como são possíveis os juízos sintéticos a


priori), Kant estrutura a Crítica da Razão Pura;

• Na Estética Transcendental procura responder como são possíveis os


juízos sintéticos a priori na matemática e investiga os princípios
apriorísticos da Sensibilidade (Espaço e Tempo);

• Na Analítica Transcendental procura responder como são possíveis os


juízos sintéticos a priori na ciência da natureza e investiga os princípios
apriorísticos do Entendimento (Categorias);

• E, na Dialética Transcendental, investiga se são possíveis os juízos


sintéticos a priori na metafísica.
Crítica da Razão Pura
• O conhecimento não surge somente com o sujeito ou somente com
o objeto, mas surge da junção dos dois, ou seja, o conhecimento é o
resultado de um elemento a priori – sujeito –, e de um elemento a
posteriori – objeto;

• Em sua filosofia especulativa, ele afirma que o conhecimento


humano não é reprodução passiva de um objeto por parte do
sujeito, mas construção ativa do objeto por parte do sujeito. Isso o
leva a negar a possibilidade da metafísica como ciência;

• Posto que o conhecimento se constitui da correlação sujeito-objeto


e o objeto não fornece os elementos essenciais para que se alcance
o estágio científico, será necessário buscar o elemento a priori
(universalidade e necessidade), indispensável para que haja lei e,
portanto, ciência, no sujeito.
Crítica da Razão Pura
• Se é o sujeito quem determina as possibilidades, sujeitos diferentes,
nas mesmas circunstâncias, deverão chegar aos mesmos resultados.
Essa é a condição para que haja juízo sintético a priori – e ciência;

• Na metafísica é preciso retomar o caminho inúmeras vezes, porque


se descobre que não leva aonde se quer, e quanto à unanimidade de
seus colaboradores isso está longe de acontecer, pois não existe um
consenso sobre o método;

• Esse a priori possibilita que emitamos juízos universais e


necessários, exigência para que um conjunto de conhecimento se
torne ciência. Porém, como será visto, não poderá ultrapassar os
limites da experiência sensível, que é justamente a sua ocupação.
O conhecimento
• A sensibilidade dá a matéria do conhecimento e o entendimento dá
a forma. Assim, conhecer é dar forma a uma matéria dada. É ligar
representações em conceitos;

• O resultado disso é que nosso conhecimento só se refere a


fenômenos, pois só conhecemos as coisas no espaço e no tempo;

• O entendimento age sobre a sensibilidade e sintetiza as múltiplas


intuições sensíveis. Sensibilidade e entendimento são mutuamente
independentes;

• O conhecimento pode surgir da reunião dos dois. O entendimento e


a sensibilidade, com suas formas a priori, são as condições de
possibilidade dos juízos sintéticos a priori, específicos da ciência.
As ideias metafísicas
• As sínteses do entendimento são o objeto da razão. Esta age sobre o
entendimento, o que resulta nas ideias transcendentais: Deus,
liberdade e imortalidade – objetos da metafísica;

• Essas ideias estão fora do espaço e do tempo: não existe um objeto


a elas correspondente no mundo sensível. Por isso, elas não afetam
a sensibilidade e, portanto, não podem ser conhecidas. Contudo,
podem – e a razão o exige –, ser pensadas;

• Kant conclui que as ideias da alma, do mundo e de Deus não tem


valor constitutivo, pois são formas que não tem conteúdo. Essas
ideias representam um ideal inatingível da razão especulativa. Essas
ideias são coisas-em-si; portanto, são incognoscíveis.

• A metafísica como conhecimento da coisa-em-si é impossível; ela


somente é possível como estudo das formas a priori da razão.
Portanto, é impossível a metafísica como ciência.
As leis
• Na esfera das leis da liberdade, que são as leis morais, Kant
distingue duas formas de legislação: a legislação ética e a
legislação jurídica;

• A legislação ética caracteriza-se pela ação praticada por dever.


A sua preocupação não é com as leis exteriores, mas com as
leis interiores, com a intenção da ação;

• A legislação jurídica é a ação praticada conforme o dever. A


ação legal é externa, pois está apenas preocupada com a
adesão às leis exteriores, ou seja, com a sua legitimação.
As leis
• O princípio universal da moralidade kantiana denota que o sujeito
não pode agir movido por emoções, sentimentos ou desejos, pois
eles são subjetivos. O imperativo é o critério objetivo da moralidade.

• Ei-los: I) Lei Universal: “devo proceder sempre de maneira que eu


possa querer também que a minha máxima se torne uma lei
universal”; II) Dignidade da Pessoa Humana: “age de tal maneira que
uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de
qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca
simplesmente como meio”; III) O imperativo categórico do direito
diz o seguinte: “age externamente de modo que o livre uso de teu
arbítrio possa coexistir com a liberdade de todos de acordo com
uma lei universal”.

• O imperativo não diz o que deve ser feito, mas como deve ser feito,
ou seja, o imperativo é apenas formal e não conteudístico.
O ato ético
• O imperativo categórico formula a obrigação ou mandamento
(ordenamento) para obedecer a esse princípio incondicionado; e um
princípio excluindo referência a fins particulares pode ser somente a
forma de um princípio, ou um princípio formal, ou lei universal como
tal;

• Em suma, toda vez que formos agir devemos pensar em


universalizar a nossa máxima e se todas as pessoas pudessem fazer
isso sem problemas para a humanidade, o ato é ético;

• O direito positivo deve encontrar seu critério de justiça e seu


fundamento no direito natural. A justiça, portanto, é a liberdade. O
objetivo do direito é a liberdade. Uma constituição justa tem como
objetivo harmonizar a liberdade de cada indivíduo com a liberdade
de todos os demais.
Immanuel Kant (1724 - 1804)

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