Você está na página 1de 6
A constituicdo da classe trabalhadora na Primeira Republica (1889-1930): a producao da nocao ideolégica de trabalho e educacao“ * Olinda Maria Noronha(**) A questo da construcdo da identi- dade de classe do trabalhador, produ- zida nos enfrentamentos concretos e heterogéneos que a sociabilidade capi- talista procura instaurar até o nivel das praticas mais cotidianas, vem-se tornando cada vez mais uma tarefa ur- gente e fundamental para acompreen- sao da trajet6ria histérica da classe tra- balhadora e do seu papel na historia. Particularmente no caso de pafses como o Brasil, esse desafio ganha im- portAncia e contornos para além da mera tarefa académica de produzir co- nhecimento. Essa tarefa se torna ainda mais urgente quando se percebe que os movimentos sociais vem ganhando forea e organicidade, em varias instan- cias inter-relacionadas, tais como fé- bricas, periferias, despossuidos, sem- terra, sem-casa etc., deixando entrever que, enquanto a academia se debate em ortodoxias de pensamentos, o mo- vimento dos trabalhadores vai-se autoconstituindo em seu cotidiano. HA uma tendéncia generalizada em considerar a classe trabalhadora e a propria histéria sob uma ética redu- cionista e mecanicista, ainda que ve- nha muitas vezes sob 0 rétulo “mila- groso”’ da dialética. A partir dessa ética, os desdobra- mentos dos papéis e dos caminhos tra- gados no movimento de constituicao da classe trabalhadora tém a tendén- cia a serem delineados por uma pers- pectiva abstrata e idealizada de classe, que leva a adjetiva-la pela negacdo, pe- la imaturidade, pela exclusdo do pro- cesso hist6rico ou ainda pela desorga- nizacdo e passividade. Essas adjetiva- g6es trazem, como contrapartida, a necessidade da tutela, seja por uma en- tidade “demitrgica” ordenadora (en- carnada, por exemplo, num Estado au- toritario), seja por uma “‘vanguarda” rese da pesquisa “A Constituicéio da Clas- se Trabalhadora na Primeira Reptblica (1889-1930): a Produgao da Noo Ideolégica de ‘Trabalho e Educacao" (convénio INEP/UNI- CAMP - 52/87). Artigo apresentado originalmen- te ao INEP/MEC e no painel “Educagdo e Tra- balho”, em 08.11.89, durante o evento “Um Sé- culo de Educacéo Republicana”, promovido pela FE-UNICAMP. © Professora da Faculdade de Educagdo — UNICAMP. 30 que lhe forneca consciéncia e direcaéo ou, finalmente, por uma perspectiva economista que articula a possibilida- de da construcdo da autonomia do tra- balhador dependente de um colapso geral do capitalismo mundial. Todas essas abordagens terminam por reti- rar 0 trabalhador da historia e, portan- to, por negara ele a sua capacidade ob- jetiva de autoconstituir-se no seu coti- diano correto. A nivel da historiografia mais am- pla, quando tratamos decompreender © modo como a classe trabalhadora vai-se autoconstituindo em seus en- frentamentos concretos, estamos pro- curando manter um didlogo enriquece- dor com pensadores vigorosos, como Hobsbawm (1983), Thompson (1979/ 1987), Rudé (1982), Tronti (1971), Casto- riadis (1985), Gramsci (1968), que bus- cam, em suas andlises, reter as contri- buicG6es e discutir os limites da heran- ca classica instituida, no que se refere a compreensdo da condicdo histérica do trabalhador. Anivel da historiografia brasileira, essa questao tem sido objeto de estudo e de preocupacgdo de muitos estudio- sos. Apenas para lembrar alguns que procuram romper com a concepcao de classe operdria como “inexperiente”, como “‘atrasada”’ ou “‘desqualificada’”’ para a experiéncia histérica, amplian- do dessa maneira a compreensao e 0 conceito do que seja classe social, po- demos citar, entre outros, Pinheiro e Rall (1981), Carone (1984), Weffort (1972), De Decca (1981), Maroni (1982), Rago (1985), Paoli e Sader (1986). Esse esforco para resgatar o que tem sido produzido sobre a constituicéo histérica da classe trabalhadora sé tem sentido se esta voltado exclusiva- mente para a busca da correta com- preensao histérica da trajetéria da ex- periéncia de classe do trabalhador, compreensdo essa que contribuiré a elaboracdo de uma “‘nova sintese”. Co- mo diz Tronti (1971: 11):"(...) uma “‘no- va sintese’’, firmemente em mdos ope- rArias, que arrancar4 das m4os dos pa- trées a possibilidade de qualquer ciéncia”. Como a classe trabalhadora vem-se constituindo ao longo da histéria onde nem sempre é tratada como protago- nista, como interage com a ordenacéo de mundo, quais sfo as suas formas de luta, de aceitagdo do sistema, de resis- téncia e de organizacéio de formas nao- ortodoxas de autonomia, estas sdo questées que se nos apresentam e que nos desinstalam de nossas supostas co- modidades cientfficas. Buscamos reconstituir a trajetoria da classe trabalhadora na Primeira Reptiblica (1889-1930), principalmente nos setores onde mais se reproduziram as condigées para o avanco das relacdes capitalistas: Séo Pauloe Rio de Janei- To, bem como a producao de toda uma “ideologia necessdria”’ a esse avanco, tanto a nivel do trabalho quanto da educagao. E como a populacdo traba- Ihadora se colocava nesse processo. Nesse sentido, procuramos tanto re- constituir a identidade da “gente co- mum” (Rudé, 1982) na histéria, como de outros segmentos que aspiravam ao poder e se achavam revestidos, portan- to, da missdo de “‘civilizar”’ essa ‘‘gen- te comum” através da educacdo e do trabalho. Ao fazer esse esforco de com- preender como se dava tal embate en- tre construcdo do cidadao para a Repti- blica e construcéo da identidade de classe do trabalhador, estamos tam- bém fazendo uma critica 4 ideologia, ampliando e alargando o seu conceito para além daqueles aprisionados na polarizacéo ‘‘consciéncia verdadei- ra’’/“consciéncia falseada”. ‘Ao fazer isso, procuramos contribuir para o desemparedamento da classe trabalhadora. Sobretudo por conside- rarmos, como 0 faz Thompson, que “a classe oper4ria nao surgiu como o sol numa hora determinada. Ela estava presente no seu proprio fazer-se (...) que a classe se define a si mesma em seu efetivo acontecer” (Thompson, 1987: 9 e 1979: 34-39). 31 No sentido de deselitizar ‘‘as inter- pretacoes sobre o processo de consti- tuigdo da classe trabalhadora na P: meira Reptiblica é que se tornou im- portante recolocar essas questées, que, pensamos, auxiliard a “pér a nu” a producao ideolégica que se fazia neces- sario elaborar para ocupar 0 espaco de negacdo do trabalhador na histéria. Na primeira parte desse estudo tra- balhamos sobre a heranga tedrica cla sica naquilo que se refere A constitui- cdo da identidade de classe do traba- thador. Nesse reexame privilegiamos as contribuicées de Marx, Engels e Ro- sa de Luxemburgo, para, em seguida, ampliar a discussdo sobre o tema da ideologia, trabalhando entao com Ru- dé e Gramsci. Todo esse esforco em- preendido é justificado, uma vez que o propésito era o de compreender corre- tamente o que esses pensadores trou- xeram de fundamental para a apreen- so hist6rica adequada do movimento inerente 4 histéria. Na segunda parte nos detivemos em analisar a contraposicdo “novo/velho” na Primeira Reptiblica e de como esse processo engendrou a produciio dano- cdo ideolégica de trabalho e educacao, nos quadros da sociabilidade que se es- truturava, segundo os moldes do capi- tal urbano-industrial (e nos embates com 0 pélo agrario-comercial-expor- tador). E no interior desse processo que pro- curamos entender como se deu a rede- finigdo dos agentes sociais (principal- mente o trabalhador e seus “patrées”); como se colocava como necessidade ba- sica a formacao do Estado Nacional com a utopia da homogeneizacéo do povo para a Reptiblica e com o projeto de disciplinamento do trabalhador pa- rao capital. E nesse processo que a educagdo do povo é eleita como tema por varios seg- mentos da sociedade. Inicialmente, a questéo da educacéo como tema de “salvacado nacional”, defendida tanto por aqueles que viam na educacéo a possibilidade de romper com a hege- monia do setor agr4rio, quanto por reformadores sociais que propunham reformas pedagégicas para retirar a populacao inculta do seu atraso social. Depois, ao final do periodo, esse tema ganha um contetdo novo, que € 0 de formar o trabalhador disciplinado. No calor desses embates, para a po- pulagdo trabalhadora, principalmente aqueles setores mais organizados, a educacdo surgia como um dos instru- mentos eficazes na luta contra a opres- so e na construcao da identidade do povo, principalmente na ampliacdo do leque de oportunidades sociais. De- monstrava, dessa maneira, que a popu- lacéio nao descreve uma trajetéria me- ramente pautada na subalternidade e apatia, como alguns segmentos e ‘‘in- térpretes” gostariam que fosse. Concordamos com Pinheiro e Hall (1981: 13) quando eles afirmam que “‘a histéria social, geralmente, tem nega- do a classe operdria da Primeira Rept- plica qualquer independéncia men- tal.’ A “gente comum” é facilmente apresentada como passiva e apatica. Se os protestos ndo assumem as for- mas que o estudioso considera “corre- tas”, séo tristemente classificados co- mo irracionais ou infantis. Raramente os préprios camponeses e operarios, homens e mulheres, sao considerados capazes de admitir uma identidade propria. Nunca escolhem, nunca tém consciéncia politica, e os historiadores nao hesitam em lhes negar qualquer capacidade de pensamento ou de acéo auténoma. Suas revoltas séio sempre imaturas, seguem liderancas equivo- cadas ou se deixam influenciar por ideologias pequeno-burguesas. Limitando-se a ficar no 4mbito de uma referéncia tao restrita e reducio- nista como essa, termina-se por incor- rer numa abordagem simplista, que le- va 4 polarizacao da sociedade em clas- ses opostas. Sendo que essas classes opostas, antagénicas e incomunica- veis, exerceriam o efeito inexoravel de uma sobre a outra, ou seja, da classe supostamente dominante sobre a su- 32 postamente dominada. E esta ultima, por sua vez, estaria condenada a uma “*falsa consciéncia”’. Além disso, supe- restima-se a competéncia da primeira em universalizar uma visio particular de mundo, seja pela repressdo explici- ta, seja pela sofisticacdo dos mecanis- mos de controle. Tal perspectiva pola- riza a andlise, desconhece o movimen- to da historia e empareda as ‘“‘classes”” em seus “lugares préprios”, impedin- do que a compreensio das relacdes que se estabelecem na pratica concreta se- jam percebidas, consideradas e trata- das cientificamente. ‘Torna-se necessério, portanto, supe- rar aquelas leituras apressadas que co- locam os agentes sociais como sujeitos excludentes para comecar a entender a maneira como as relacées so produzi- das num mesmo processo histérico, com projeto e direcdes antagénicas, mas no interior de uma mesma socia- bilidade. Uma vez guardados esses cuidados metodolégicos, podemos comecar a en- xergar a historia de modo ndo-mecani- cista e a perceber, entao, a construcdo de todo um processo de autoconstitui- cdo da identidade de classe de grupos aparentemente ‘“‘desorganizados” ou “sem direcdo”. Passamos a perceber que a atitude reformista, civilizadora e moralizadora da nacdo, ao eleger a educacdo como tema de “‘salvacdo na- cional", fazia convergir interesses an- tagénicos: o de setores das elites mo- dernizantes, que viam na educacao das massas um veiculo politico de mudan- ga do eixo homogéneo, de agrdrio- exportador para urbano-industrial; 0 de segmentos amplos da populacéo, que viam no acesso a educacdo escolar um instrumento de ascensao social e de negacdo do trabalho manual; o de seg- mento da pequena burguesia em pro- cesso de formacao, que via na educacao uma ferramenta para preparar o tra- balhador disciplinado; o de setores mais combativos dos trabalhadores, que viam na educacéio uma ferramen- ta eficaz na luta contra a opressdo, a ponto de pensar e colocar em pratica os seus préprios meios educativos, além de denunciar continuamente as péssi- mas condicées das escolas e do ensino e de criticar a politica educacional do perfodo; o de reformadores sociais que, através dos seus projetos pedagégicos reformistas, respondiam muito mais ao aggiornamento das massas do que dos conflitos sociais latentes em suas praticas. O tema educacional nao é, portanto, “propriedade” de nenhum grupo, nem segue uma trajetéria homogénea e ex- clusivamente articulada aos interesses de um segmento da sociedade. Esta multiplamente articulada a interesses muitas vezes excludentes. A tematizacéo da educagéo como “salvadora” e civilizadora da “popula- cdo inculta” e “despreparada” para a Republica recém-implantada vai gra- dativamente cedendo lugar a tematiza- cdo da educacdo como disciplinadora do trabalhador, ao final do periodo. Es- se deslocamento nao se deu sob a for- ma de ruptura, mas de uma énfase maior no aspecto disciplinador que um sistema de ensino diversificado pode- ria ter sobre a distribuicdo desigual dos individuos na sociedade, procuran- do predeterminar o lugar especifico que cada um deveria ocupar na pauta da estratificagéio ocupacional, bem co- mo aconstituicao de uma ‘‘cidadania” regulada pelo nivel de insercdo nessa pauta. Tanto a tematizacdo da educagao co- mo “salvadora” da nacéo quanto a educacdo “‘disciplinadora” do trabalho ndo ocorrem de forma poderosa e ine- xordvel para 0 povo, a ‘gente comum””, obtendo os efeitos previstos pelos gru- pos que as pensam. Antes, esses proje- tos expressam a manifestagdo do mo- vimento contraditério que caracteriza as relacdes que se estadelecem numa dada sociedade, num dado periodo his- térico. Dessa maneira, a ideologia do traba- Iho e a ideologia da educacao nao de- vem ser consideradas como algo incul- 33 cado eficazmente de fora. Elas so, an- tes, produzidas nos embates concretos que se dao no interior da forma de so- ciabilidade capitalista em processo na- quele momento. Essa ‘gente comum”, os grupos anénimos e nem sempre do- cumentados de individuos, fazem a sua propria histéria no conjunto de re- lagdes que se estabelecem com outros grupos freqiientemente ‘‘nominados” pela histéria convencional. Essas “‘gentes” constituem sujeitos ativos da histéria e ‘a dominacdo nao é um pa- cote pronto que, dominado, os indife- renciados engolem porque nao tém ou- tras perspectivas pela frente’’ (Paoli, s/d: 19; Paoli et alii, 1983). Na tarefa de ‘fabricar o trabalha- dor” que constituia uma das esséncias dos empreendimentos educativos, no final do perfodo (e nos que se segui- ram), a luta entre os antigos modos de vida e a nova disciplina em implanta- cdo foi (e tem sido) dura e prolongada, demonstrando a tensdo e a resisténcia da “gente comum” na construcéo da sua identidade de classe, “‘definindo-se enquanto tal, em seu efetivo aconte- cer”, em seu existir cotidiano, na sua luta didria contra condicées que lhe sdo adversas e que levam essa gente a terminar por interpretar a sua propria condicdo social a revelia das dos proje- tos sociais das instituigdes, dos parti- dos e até das interprestacdes teéricas que possamos construir sobre elas. Referéncias bibliograficas CARONE, E. A Repiiblica Velha. Sado Paulo, Bertrand Brasil, 1988. CASTORIADIS, C. A Experiéncia do Movimento Operdrio. Séo Paulo, Brasiliense, 1985. DE DECCA, E. 1930: O Siléncio dos Vencidos. Sao Paulo, Brasiliense, 1982. HOBSBAWM. E. J. Os Trabalhadores. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983. GRAMSCI, A. Introducéo a Filosofia da Praxis. Lisboa, Antidoto, 1978. Civi izacéo Brasileira, 196! Os Intelectuais e a Organizacdéo da Cultura. Rio de Janeiro, 8. MARONI, A. A Estratégia da Recusa. Sao Paulo, Brasiliense, 1982. PAOLI, M. C. (et. alii). ‘“Pensando a Classe Operéria: Os Trabalhadores Sujei- tos ao Imaginario Académico”, Revista Brasileira de Histéria, 3(6), set. 1983. ____. Os Trabalhadores Urbanos na Fala dos Outros, mimeo, s/d. _____'e SADER, E. ‘Classes Populares no Pensamento Sociol6gico Brasilei- ro”, in A Aventura Antropoldgica: Teoria e Pesquisa. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986. PINHEIRO, P. S. e HALL, M. A Classe Operdria no Brasil. Séo Paulo, Brasiliense, 1981. RAGO, M. Do Cabaré ao Lar. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985. RUDE, G. Ideologia e Protesto Popular. Rio de Janeiro, Zahar, 1982. THOMPSON, E. P. A Formacdo da Classe Operdria Inglesa. Sao Paulo, Paz e Terra, 1987 (vols. I, II e III). 1979. . Tradicién, Revuelta y Consciencia de Clase. Buenos Aires, Grijalbo, TRONTI, M. Operdrios e Capital. Porto, Edigdes Afrontamento, 1971. WEFFORT, F. “‘A Cidadania dos Trabalhadores””, in Direito, Cidadania e Par- ticipacdo [Bolivar Lamounier et alii (orgs.)]. Sdo Paulo, T. A. Queiroz, 1981. 34 ReSum0 a questac aa construcso identidade de classe do trabalhador vem- se tornando cada vez mais uma tarefa ur- gente e fundamental para a compreensdo da trajetéria hist6rica da classe trabalha- dora e do seu papel na histéria. HA uma tendéncia generalizada em con- siderar a classe trabalhadora e a prépria historia sob uma 6tica reducionista e me- canicista, ainda que venha muitas vezes sob 0 rétulo ‘‘milagroso” da dialética. A partir dessa ética, os desdobramentos dos papéis e dos caminhos tracados no movi- mento de constituicdo da classe trabalha- dora tém a tendéncia a serem delineados por uma perspectiva abstrata e idealizada de classe. Buscamos reconstruir a trajet6ria da classe trabalhadora na Primeira Republi- ca (1889-1930), nos setores mais avancados das relagGes capitalistas (S40 Paulo e Rio de Janeiro), bem como a producao de toda uma “‘ideologia necess4ria” a esse avanco, tanto ao nivel do trabalho quanto da edu- cago. Palavras-chaves: constituigdo da classe trabalhadora no Brasil da Primeira Repa- blica; ideologia e educacdo; capitalismo e educacdo; classe trabalhadora e Primeira Republica; classe trabalhadora e educacao; ideologia e trabalho. Abstract The constitution of the working class during the First Republic (1889-1930): the production of the ideological concept of work and education The problem of identity construction of the working class is becoming an urgent and fundamental task for the understanding of the historical development of the working class and of its role in history. There is a generalized trend to consider the working class and even history in a reductionist and mechanistic perspective even by those who profess the dialectical creed. From this standpoint, the unfolding of the roles and ways traced in the move- ment of constitution of the working class have a tendency to be delineated by an abstract and idealized perspective of class. We try to reconstruct the historical de- velopment of the working class during the First Republic (1889-1930) in the more ad- vanced sectors of the capitalist relations (Sao Paulo-and Rio de Janeiro), as well as the production of the “needed ideology” for this advance, both at work and educa- tion aspects. Descriptors: constitution of the working class in Brazil of the First Republic; ideol- ogy and education; capitalism and educa- tion; working class and First Republic; working class and education; ideology and work. 35

Você também pode gostar