GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Karla Leitner
Anápolis - GO
2021
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise do documentário “Pro dia nascer
Feliz”, onde aborda o sistema educacional brasileiro, descrevendo realidades escolares de diferentes
contextos sociais, econômicos e culturais a partir de olhares sobre as realidades que constituem a
estrutura educacional seja do ponto de vista da instituição, do aluno, do professor e da família.
Introdução
O documentário Pro Dia nascer Feliz, a saúde mental dos professores e a aprovação ou
reprovação dos alunos na Escola
Um filme que relata sobre a educação brasileira e seus problemas de aprendizagem e ensino
devido aso fatores como, violência do país, descaso das escolas públicas, desigualdade social.
Primeiro na cidade de Pernambuco, Manari, é mostrada a extrema pobreza e precariedade da escola, a
frequente falta de alunos e professores, depois é passada outra escola, agora no Rio de Janeira em
situação de dificuldade principalmente com as drogas. Aborda as diversas perspectivas no Brasil na
forma do jovem existir em vontades e sonhos, cultura e premissas sociais. Não mostra o professor
como um herói, assim como nos filmes de drama onde ele eleva o aluno e passa por cima das
dificuldades, no documentário fica claro quando um aluno fala da professora de química que nunca
aparece e os alunos ganham a mesma nota, mesmo aqueles que não comparecem, pois diz que ela não
os conhece.
Então o documentário mostra jovens de 13 a 17 anos e suas diferentes formas de pensar e suas
expectativas de futuro, suas realidades e as influencias que a escola e os professores tem neles. Tudo
ali retratado vai na contramão da legislação brasileira, mostrando os alunos tendo que ir a cidades
vizinhas para estudar, contramão do Estado, mostrando a descrença na educação já que o papel desta
instituição não ajuda nos sonhos e oportunidades dos alunos, onde a permissividade ante à
criminalidade e à violência tanto física como afetiva, perpetuando a cultura da desumanização dos
sujeitos.
O documentário aborda os sistemas públicos e privados, traz uma importante contribuição
quando explora com competência as diferenças regionais e de classe, as semelhanças, os extremos e as
exceções, propondo uma reflexão acerca da afirmação dessas diferenças que ainda demarcam as
relações sociais corroboradas pelas práticas pedagógicas promotoras das desigualdades no sistema
educacional.
A partir dessa análise, foi possível verificar importantes questões relacionadas aos riscos à
saúde mental desses profissionais no exercício de seu trabalho e o documentário
Podemos constatar através das pesquisas já existentes os principais tipos de adoecimento a
depressão e a ansiedade, se destacam, seguidos pelo estresse, e a Síndrome de Burnout. A Síndrome de
Burnout foi constatada nos profissionais de ambas as redes de ensino, privada e pública.
Outro fator apontado é a precariedade das condições de trabalho, onde revela condições de
exploração durante o trabalho destes profissionais. Vale destacar também uma visão da compreensão
da relação sujeito/objeto –referente ao adoecimento mental dos professores no âmbito escolar.
A questão salarial também foi um dos aspectos citados como desencadeador de processos de
adoecimento nos professores.
Verificamos que algumas das entrevistadas dentro das pesquisas, identificaram como fatores
desencadeadores do adoecimento: o envolvimento pessoal com a docência; e o seu alto nível de
exigência e cobrança pessoal. Avaliam que o desgaste emocional e o esforço cognitivo são altos. A
relação com o aluno, o desrespeito foi relatado como uma constante. O mal-estar docente, pode ser
considerado, uma doença social produzida pela falta de apoio da sociedade aos professores, causando
assim o adoecimento mental
Desse modo, pensando por uma perspectiva intervencionista é preciso identificar e
compreender as maiores incidências de doenças que levam professores a se afastarem da sala de aula
temporária ou definitivamente. É indispensável assegurar o bem estar dos profissionais da educação
uma fez que o papel do professor e da Escola é a produção de uma sociedade mais igualitária.
No contexto das Políticas Públicas atentar-se para a aprovação de novas políticas e programas
de promoção da saúde do professor. “A prevenção e intervenção a fim de compreender a relação saúde
e doença presente nos indivíduos e, quais as possibilidades e estratégias de enfrentamento frente a este
adoecimento”. Bellusci (1996).
Outro ponto que atravessa o contexto escolar é a atenção que se da para o plano de ensino
singular de cada sujeito inserido na Escola. Vale enfatizar aqui os processos que levam a aprovação do
aluno com base em suas notas e avaliações ao longo do ano, a aprovação em si e a reprovação.
Neste cenário, a comunicação entre coordenação, professores, família e talvez principalmente
com os alunos – levando em consideração o nível de consciência e desenvolvimento – é indispensável.
A reprovação escolar de um aluno muitas vezes se transforma em algum trauma futuro, e isso
gera muitas discussões e volta a ser pensado devido o cenário pandêmico que estamos vivendo.
Devido a falta de equidade e difícil acesso para muitos alunos, as decisões para o ano de 2020 foram
tomadas seguindo o modelo de aprovação automática, diminuindo a possibilidade de abandono
escolar.
Existem outros meios que são discutidos que podem ser seguidos além da aprovação
automática. Atualmente, dois modelos têm ganhado muito destaque: progressão continuada e
avaliação por desempenho. Progressão continuada - aprendizagem por ciclos, a ideia é que o aluno
tem a chance de aprender na próxima série o que não aprendeu na atual, podendo ser reprovado apenas
no final do ciclo (ex. 1 ao 3 ano). Avaliação por desempenho - onde o professor avalia todo o ano
letivo baseado no desempenho do aluno, participação em aula, etc.
É uma questão delicada que deve ser revisada e adaptada diante da realidade de cada
instituição escolar. A quem cabe essa decisão?
Além disso, percebemos aqui o modo como se entrelaçam esses dois pontos enfatizados pelo
texto. Com a saúde mental e condições de trabalho desafiadoras, como e a que custo os professores se
engajam e se empenham no construir e no fazer escolar dos sujeitos. Os desafios não se encontram
somente na Escola, mas advém de uma sociedade e comunidade mergulhada em inúmeras questões
que embasam e produzem os afetos, a subjetividade e a sobrevivência dos cidadãos.
Conclusão
O documentário Pro dia Nascer Feliz faz emergir discursos que podem ser pensados dentro da
Psicologia, Psicologia Social e outras áreas. A Educação no Brasil se movimenta. O modo como se dá
essa movimentação é que se deve reflexões e intervenções. As práticas sociais, culturais, políticas e
econômicas atravessam os ser humanos e em um dispositivo como a Escola é perceptível. Quais os
rumos que a educação seguirá? Como seguiremos nossas ações nas praticas de produção dos sujeitos
tendo em vista as dificuldades e, de certo modo, o caos e as desigualdades que pairam sobre o plano
social?
Referências Bibliográficas
Dias, Érika, & Pinto, Fátima Cunha Ferreira. (2019). Educação e Sociedade. Ensaio:
Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 27(104), 449-454. Epub July 10, 2019.
¹A História da Educação no Brasil: uma longa jornada rumo à universalização. Leia mais em:
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/a-historia-da-educacao-no-brasil-uma-longa-jornada-
rumo-a-universalizacao-84npcihyra8yzs2j8nnqn8d91/ Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os
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