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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ANÁPOLIS UNIEVANGÉLICA

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

PSICOLOGIA SOCIAL III

RESENHA CRÍTICA DESCRITIVA DO DOCUMENTARIO “PRO DIA NASCER


FELIZ”

Elisangela Rosa Ferreira de Rezende

Karla Leitner

Laura Martins De Faria

Nathalia Sousa Lopes

Victor Hugo Luciano Farias

Orientador(a): Me. Jéssica Batista Araújo

Anápolis - GO

2021
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise do documentário “Pro dia nascer
Feliz”, onde aborda o sistema educacional brasileiro, descrevendo realidades escolares de diferentes
contextos sociais, econômicos e culturais a partir de olhares sobre as realidades que constituem a
estrutura educacional seja do ponto de vista da instituição, do aluno, do professor e da família.
Introdução

Assim como outras práticas e fenômenos sociais, a educação acompanha a história da


humanidade a um tempo. A educação é, desde a sua gênese, objetivos e funções, um fenômeno social,
estando relacionada ao contexto político, econômico, científico e cultural de uma determinada
sociedade. (Dias, Érika, & Pinto, Fátima Cunha Ferreira. 2019).
O fazer da educação é nutrido a partir da sociedade o qual se desenvolve, com seus aspectos
culturais, ao longo da história. No Brasil, os portugueses é que participaram do rumo do ensino através
da Companhia de Jesus, composta pelos jesuítas. “Uma educação focada exclusivamente na
catequização. Foi assim que nasceu o embrião do ensino no Brasil, em 1549, quando os primeiros
jesuítas desembarcaram na Bahia” afirma Rodrigo Azevedo em seu artigo¹ para a Gazeta do Povo
(2018).
Vale lembrar que as noções de desigualdade iniciavam seu processo de estruturação. Enquanto
os índios eram catequizados pela Igreja Católica, os filhos dos colonos recebiam conhecimento nos
colégios, locais mais estruturados e que demandavam maiores investimentos. Locais esses que não
poderiam ser ocupados pelos índios, afinal eram fortes demais e suas contribuições deveriam se
destinar a atividades econômicas.
Em 1808 a chegada da Família Real Portuguesa trouxe algumas mudanças na educação.
Mesmo assim, os investimentos não foram suficientes para promover uma educação descentralizada e
inclusiva. Foi em 1920, com o movimento Escola Nova, que podemos apontar no Brasil reformas
estatais que influenciaram a educação. Tomou-se como base uma educação inclusiva e um ensino
moderno.
Desse modo, o plano da educação no Brasil é atravessado por essas questões históricas, mas
não para na história. É também atravessada por relações de poder, gênero, questões econômicas,
instituições sociais (escola, igreja, família), afetos, subjetividade, pelo Estado, cidadania e, indo além,
pela sobrevivência e pela saúde.

O documentário Pro Dia nascer Feliz, a saúde mental dos professores e a aprovação ou
reprovação dos alunos na Escola
Um filme que relata sobre a educação brasileira e seus problemas de aprendizagem e ensino
devido aso fatores como, violência do país, descaso das escolas públicas, desigualdade social.
Primeiro na cidade de Pernambuco, Manari, é mostrada a extrema pobreza e precariedade da escola, a
frequente falta de alunos e professores, depois é passada outra escola, agora no Rio de Janeira em
situação de dificuldade principalmente com as drogas. Aborda as diversas perspectivas no Brasil na
forma do jovem existir em vontades e sonhos, cultura e premissas sociais. Não mostra o professor
como um herói, assim como nos filmes de drama onde ele eleva o aluno e passa por cima das
dificuldades, no documentário fica claro quando um aluno fala da professora de química que nunca
aparece e os alunos ganham a mesma nota, mesmo aqueles que não comparecem, pois diz que ela não
os conhece.
Então o documentário mostra jovens de 13 a 17 anos e suas diferentes formas de pensar e suas
expectativas de futuro, suas realidades e as influencias que a escola e os professores tem neles. Tudo
ali retratado vai na contramão da legislação brasileira, mostrando os alunos tendo que ir a cidades
vizinhas para estudar, contramão do Estado, mostrando a descrença na educação já que o papel desta
instituição não ajuda nos sonhos e oportunidades dos alunos, onde a permissividade ante à
criminalidade e à violência tanto física como afetiva, perpetuando a cultura da desumanização dos
sujeitos.
O documentário aborda os sistemas públicos e privados, traz uma importante contribuição
quando explora com competência as diferenças regionais e de classe, as semelhanças, os extremos e as
exceções, propondo uma reflexão acerca da afirmação dessas diferenças que ainda demarcam as
relações sociais corroboradas pelas práticas pedagógicas promotoras das desigualdades no sistema
educacional.
A partir dessa análise, foi possível verificar importantes questões relacionadas aos riscos à
saúde mental desses profissionais no exercício de seu trabalho e o documentário
Podemos constatar através das pesquisas já existentes os principais tipos de adoecimento a
depressão e a ansiedade, se destacam, seguidos pelo estresse, e a Síndrome de Burnout. A Síndrome de
Burnout foi constatada nos profissionais de ambas as redes de ensino, privada e pública.
Outro fator apontado é a precariedade das condições de trabalho, onde revela condições de
exploração durante o trabalho destes profissionais. Vale destacar também uma visão da compreensão
da relação sujeito/objeto –referente ao adoecimento mental dos professores no âmbito escolar.
A questão salarial também foi um dos aspectos citados como desencadeador de processos de
adoecimento nos professores.
Verificamos que algumas das entrevistadas dentro das pesquisas, identificaram como fatores
desencadeadores do adoecimento: o envolvimento pessoal com a docência; e o seu alto nível de
exigência e cobrança pessoal. Avaliam que o desgaste emocional e o esforço cognitivo são altos. A
relação com o aluno, o desrespeito foi relatado como uma constante. O mal-estar docente, pode ser
considerado, uma doença social produzida pela falta de apoio da sociedade aos professores, causando
assim o adoecimento mental
Desse modo, pensando por uma perspectiva intervencionista é preciso identificar e
compreender as maiores incidências de doenças que levam professores a se afastarem da sala de aula
temporária ou definitivamente. É indispensável assegurar o bem estar dos profissionais da educação
uma fez que o papel do professor e da Escola é a produção de uma sociedade mais igualitária.
No contexto das Políticas Públicas atentar-se para a aprovação de novas políticas e programas
de promoção da saúde do professor. “A prevenção e intervenção a fim de compreender a relação saúde
e doença presente nos indivíduos e, quais as possibilidades e estratégias de enfrentamento frente a este
adoecimento”. Bellusci (1996).
Outro ponto que atravessa o contexto escolar é a atenção que se da para o plano de ensino
singular de cada sujeito inserido na Escola. Vale enfatizar aqui os processos que levam a aprovação do
aluno com base em suas notas e avaliações ao longo do ano, a aprovação em si e a reprovação.
Neste cenário, a comunicação entre coordenação, professores, família e talvez principalmente
com os alunos – levando em consideração o nível de consciência e desenvolvimento – é indispensável.
A reprovação escolar de um aluno muitas vezes se transforma em algum trauma futuro, e isso
gera muitas discussões e volta a ser pensado devido o cenário pandêmico que estamos vivendo.
Devido a falta de equidade e difícil acesso para muitos alunos, as decisões para o ano de 2020 foram
tomadas seguindo o modelo de aprovação automática, diminuindo a possibilidade de abandono
escolar.
Existem outros meios que são discutidos que podem ser seguidos além da aprovação
automática. Atualmente, dois modelos têm ganhado muito destaque: progressão continuada e
avaliação por desempenho. Progressão continuada - aprendizagem por ciclos, a ideia é que o aluno
tem a chance de aprender na próxima série o que não aprendeu na atual, podendo ser reprovado apenas
no final do ciclo (ex. 1 ao 3 ano). Avaliação por desempenho - onde o professor avalia todo o ano
letivo baseado no desempenho do aluno, participação em aula, etc.
É uma questão delicada que deve ser revisada e adaptada diante da realidade de cada
instituição escolar. A quem cabe essa decisão?
Além disso, percebemos aqui o modo como se entrelaçam esses dois pontos enfatizados pelo
texto. Com a saúde mental e condições de trabalho desafiadoras, como e a que custo os professores se
engajam e se empenham no construir e no fazer escolar dos sujeitos. Os desafios não se encontram
somente na Escola, mas advém de uma sociedade e comunidade mergulhada em inúmeras questões
que embasam e produzem os afetos, a subjetividade e a sobrevivência dos cidadãos.

Conclusão
O documentário Pro dia Nascer Feliz faz emergir discursos que podem ser pensados dentro da
Psicologia, Psicologia Social e outras áreas. A Educação no Brasil se movimenta. O modo como se dá
essa movimentação é que se deve reflexões e intervenções. As práticas sociais, culturais, políticas e
econômicas atravessam os ser humanos e em um dispositivo como a Escola é perceptível. Quais os
rumos que a educação seguirá? Como seguiremos nossas ações nas praticas de produção dos sujeitos
tendo em vista as dificuldades e, de certo modo, o caos e as desigualdades que pairam sobre o plano
social?

Referências Bibliográficas
Dias, Érika, & Pinto, Fátima Cunha Ferreira. (2019). Educação e Sociedade. Ensaio:
Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 27(104), 449-454. Epub July 10, 2019.

¹A História da Educação no Brasil: uma longa jornada rumo à universalização. Leia mais em:
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/a-historia-da-educacao-no-brasil-uma-longa-jornada-
rumo-a-universalizacao-84npcihyra8yzs2j8nnqn8d91/ Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os
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