Capítulo n° 14
by Eva Broch Pierrakos
Amor, poder e serenidade são três atributos divinos que abrangem toda a perfeição, a
harmonia e todos os outros atributos divinos. Em uma entidade altamente desenvolvida, esses três
princípios atuam lado a lado, em perfeita harmonia. Eles se complementem e se fortalecem
mutuamente. A flexibilidade da alma, o alto grau de consciência impedem que esses atributos
contradigam e interfiram um no outro.
A impotência com que uma criança precisa suportar a decepção, a rejeição, a insegurança, a
injustiça, a privação, a frustração de suas necessidades, faz com que ela busque meios de proteger-se
contra acontecimentos semelhantes e de curar a mágoa original. Existe um grande número de
pseudo-soluções, conforme a personalidade, as circunstâncias da vida, a natureza específica da dor
sofrida pela criança. E toda criança sofre alguma dor, mesmo nas condições mais favoráveis. Isso é
próprio da criança, por natureza impressionável e vulnerável, de sua forte capacidade de experiência
emocional. Sejam quais forem as pseudo-soluções de cada pessoa, basicamente elas são sempre
subdivisões e combinações desses três aspectos divinos distorcidos.
Se a pseudo-solução for “amor”, o sentimento é “se ao menos eu fosse amado, tudo estaria
bem”. A suposição é não só que o amor resolve todos os problemas da vida – incluindo aqueles que
nada têm a ver com o amor – como também o conceito do amor é totalmente unilateral. Essa
pessoa não reconhece as manifestações de amor autêntico, porque suas exigências se voltam para
um aspecto específico do que parece ser a prova de que é amada; talvez a satisfação de todos os seus
desejos, ou a exigência de ser tolerada e aceita sem críticas, havendo ou não justificativa, ou de
assumir responsabilidade por si mesma. Por mais amor que essa pessoa receba, a menor frustração, a
crítica mais justificada, a deixam convencida de que não é amada, e talvez até rejeitada.
Para receber o amor de que acredita precisar para sua sobrevivência, essa personalidade cria
algumas tendências, padrões e atitudes típicos, que a enfraquecem, passando a ficar mais impotente
do que realmente é. Ela fica ainda mais apagada, obrigando assim os outros a tomarem conta dela,
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amá-la, serem tolerantes com ela. Atende às mais injustificadas exigências dos outros, como uma
forma de suborno, mas com um profundo ressentimento. Mesmo assim, não consegue admitir o
ressentimento, pois isso seria abrir o jogo e interromper o processo – o que a pessoa é incapaz de
fazer, enquanto não conhecer verdadeiramente tudo sobre seu eu mais íntimo. Trata-se, literalmente,
de vender a alma em troca de aprovação – o que, na cabeça de uma pessoa assim, equivale a ser
amada. Ela faz isso recusando-se a ter opiniões próprias, a defender o que considera direito -- se
parasse para pensar no assunto --, e violando os códigos do eu real.
Muitas vezes precisa abrir mão, privar-se de seus reais desejos e vontades, das necessidades
legítimas de sua personalidade, em nome da duvidosa meta de obter aprovação absoluta. Junto com
a aprovação, o outro daria também amor e carinho, além de ficar encarregado de assumir todas as
responsabilidades e tomar todas as decisões (se não materiais, pelo menos emocionais). A pessoa
que age assim é desonesta na medida em que muitas vezes se faz passar por mais imperfeita, inferior
e fraca do que realmente é. A impotência e a infelicidade tornam-se armas usadas sob o disfarce de
obediência submissa decorrente do amor, e dessa forma ela deprecia sua verdadeira força e talento.
Se for preciso, essas armas servem para gerar culpa nos outros, como um reforço. Naturalmente
tudo isso é feito com muita sutileza.
Por trás da fachada amorosa, devido à suavidade e falta de agressividade desse tipo de
pseudo-solução, uma pessoa assim não dá nada. É incapaz do verdadeiro amor, nem faz idéia do
que é isso. Quanto mais se deixa explorar em algum sentido, mais explora aqueles a quem “ama”,
num sentido mais profundo. Vive como um parasita (emocional), que é diametralmente o oposto do
amor na verdadeira acepção.
Para evitar encarar essa falsidade, essas tendências são incorporadas à auto-imagem
idealizada. A pessoa consegue se convencer de que todas essas atitudes são sinais de “bondade”,
“altruísmo”, “amor”, até de “santidade”. Ela se orgulha de sua “modéstia”, pois jamais reivindica
conhecimento, opiniões, direitos, jamais contradiz os outros ou discorda deles. Considera essa uma
atitude de gentileza e bondade. Esse tipo de pessoa precisa examinar essas tendências com grande
discernimento, para poder descobrir sua verdadeira natureza. O que ela vai descobrir é que na
verdade não se preocupa com o ser “amado”, e sim apenas com o que esse ser fará por ela ou
pensará dela. Vai perceber como glorifica um meio parasitário de vida (repito que isso não se aplica
necessariamente ao plano material). Vai ter ainda que aprender que a auto-afirmação não é
necessariamente egoísta, que muitas vezes requer mais coragem, caráter e investimento do eu do que
está disposta a fazer.
Dar a essas fraquezas nomes nobres não passa de orgulho e falta de sinceridade
(inconsciente). Elas absolutamente não correspondem à alta opinião que a pessoa, artificialmente,
faz de sua “amorosidade”. Essas manifestações não são sempre tão manifestas, mas a questão do
grau não altera o fato básico de sua existência.
O tipo submisso muitas vezes inveja as pessoas que se afirmam e são independentes, e
mesmo assim se acha superior a elas. Automaticamente rotula essas pessoas como impiedosas,
primitivas e insensíveis. Pode ser que diga ou pense, desejosamente: “se eu pudesse ser assim, iria
muito mais longe na vida”, mas por trás dessa afirmação é comum descobrir uma admiração pelas
tendências da pseudo-solução. Muitas vezes considera o martírio do auto-sacrifício, que também
contém hostilidade e ressentimentos ocultos, um sinal de “desenvolvimento espiritual”, ou de
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“elevados valores éticos e morais”. O exame honesto revela que essa pseudo-solução não é menos
egocêntrica do que as atitudes e o modo de vida aos quais essa pessoa se sente tão superior.
Como mencionado anteriormente, o tipo submisso não tem nenhuma idéia do que é o amor,
cuja qualidade essencial é a doação, o entendimento, a contribuição espontânea, a preocupação com
os verdadeiros interesses do desenvolvimento dos outros. O submisso se submete para ser amado,
para receber, para ser entendido, para ter ajuda e apoio. O verdadeiro amor é livre e forte. O falso
amor do submisso é preso e fraco. Ele nem ao menos faz uma tentativa de cultivar força e
independência, muito pelo contrário. Toda sua força psíquica é consumida no intuito de reforçar sua
fraqueza, sua dependência, sua insinceridade – e para se glorificar a si mesmo, fazendo suas
fraquezas parecerem qualidades.
Quando existe essa pseudo-solução, toda a ênfase recai no impulso do poder. A salvação
aparentemente significa dominar os outros, vencer a qualquer custo, ter razão sempre, reinar sobre
todos os aspectos (dependendo da extensão dessa pseudo-solução na psique). A mentira dessa
personalidade é alegar que a verdadeira força de ser capaz de perder é uma fraqueza, e que a
fraqueza de ser incapaz de aceitar uma derrota, ou uma frustração, é uma força. Além disso, é uma
insinceridade alegar que alguém nunca perde, que sempre domina – naturalmente isso não é verdade.
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Para atingir essa meta, há uma glorificação da agressividade, da rudeza, da dureza, da hostilidade, da
falta de preocupação, da desconsideração, da competitividade, do egoísmo flagrante, e um
menosprezo pelo contrário desses atributos. Essas atitudes são tão artificiais e irreais quanto a
brandura e a impotência do tipo submisso.
A negação da necessidade de amor e simpatia dessa personalidade, além de ser mais uma
mentira, mutila a psique. O vazio que daí decorre causa sofrimento. O agressor está em constante
estado de beligerância – se não contra os outros, que parecem impedi-lo de ser o que ele acha que
deveria ser, contra suas próprias limitações humanas – as reais e as imaginárias. Ele acredita,
erradamente, que é totalmente auto-suficiente. Seu conceito de auto-suficiência é completamente
distorcido e fora da realidade. Ele confunde fraqueza e dependência com inter-relacionamento
humano normal e interdependência. Jamais consegue ouvir os outros e é incapaz de aceitar
conselhos, o que considera uma humilhação. Se acontece de suas intenções corresponderem ao
conselho recebido, é até capaz de fazer exatamente o oposto, ainda que houvesse uma identidade
entre o caminho pretendido e o conselho recebido. Não suporta “vergonha” e “fraqueza”. Atrai
desagrado e rejeição, que o ferem como a qualquer outra pessoa. No entanto, finge que não se
importa, que está acima da necessidade da aprovação dos outros. Sente orgulho de seu “realismo” e
“falta de hipocrisia”, sem nem sonhar que seu tipo de disfarce não é menos hipócrita do que o tipo
que despreza abertamente. Julga o mundo por seus próprios padrões e valores, e proclama alto e
bom som que este é um mundo de guerra de todos contra todos, é cada um por si e a única
diferença entre as pessoas é que algumas são honestas o suficiente para admitir isso, enquanto outras
são farsantes e covardes. Ele não consegue ver a diferença entre a verdadeira bondade, amor,
generosidade – que para ele não existem – e a fachada falsa, por exemplo, do submisso. Percebe
nitidamente o segundo caso, mas não enxerga o primeiro.
Como as pessoas que buscam o domínio acham que não podem falhar em nada, fica cada
vez mais difícil manter essa fachada. O submisso se orgulha de seu fracasso, para atrair a
solidariedade dos outros. Pelo menos ele não sofre a tensão constante de fingir que seus poderes são
infalíveis, como é o caso do agressor. Ambos são igualmente rígidos mas, a esse respeito, e talvez em
todos os outros, o agressor tem mais dificuldades. Quanto mais seu ideal se torna irrealizável, maior
é o estrago para sua auto-estima e isso, por sua vez, também precisa ser encoberto.
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O aspecto divino da serenidade significa estar em sintonia com a onda da vida, com aos
fluxos e refluxos do tempo. Significa não lutar contra o que existe, e sim utilizar tudo que se tem
numa dada situação. Significa ação quando a ação é indicada, e aceitação quando isso é o certo. Não
existe ruptura do equilíbrio entre razão, vontade e emoção; entre atividade e passividade; entre os
princípios da expansão, da contração e da estática. Significa viver totalmente no agora, sem
repressão, sem fingimento. Significa poder esquecer e renunciar. Significa perfeito aprumo em todas
as situações. Significa que o tratamento dado ao eu não é nem uma vírgula diferente do tratamento
dado aos outros – com tudo o que isso implica. Significa cavalgar a vida com firmeza, mas
livremente. Significa flexibilidade, adaptação, e uma distribuição adequada de forças e de todos os
aspectos divinos. É o equilíbrio perfeito entre amor e poder.
A serenidade distorcida significa fuga dos problemas, da vida, das dificuldades ou decisões,
do risco. Significa retirada. A pessoa não se compromete totalmente com coisa alguma,
permanecendo sempre de fora de qualquer problema ou situação da vida. A pessoa age sempre
“como se”, sendo também uma fraude, como as outras duas personalidades mencionadas acima,
mas de uma maneira diferente.
Mesmo quando parece, temporariamente, que essa pessoa venceu na vida e se saiu bem com
essa pseudo-solução, na verdade, devido à falta de compromisso, ela afasta a realização, e também
as dificuldades; a felicidade, e também a dor. Perde a aventura e o desafio da vida. Talvez, durante
algum tempo, consiga evitar as dificuldades nesse seu isolamento interior, e encontre alguns canais
de vazão substitutos. Estes podem ser uma expressão real do eu, do talento. Mas se todas as outras
emoções e anseios, necessidades e impulsos forem canalizados para essa única via de auto-expressão,
a pessoa acaba fatalmente estagnando. Acabará tendo uma sensação de vazio e falta de sentido. É
como se a vida passasse por ela, como se escapasse por entre seus dedos como areia. Ela não
consegue segurar nada; quando vive o que sabe que seria uma experiência plena, se entristece porque
só conhece a perda. É a perda do eu, por evitar viver no verdadeiro sentido da palavra. Com o
passar dos anos, qualquer vaga ilusão que ela possa ter nutrido, meio conscientemente, de que a vida
poderia trazer-lhe alegria, realização e experiências profundas, sem nenhum risco ou dispêndio de
sua parte, se desfaz. Fica mais e mais evidente que a vida ajusta contas com ela. Como eu disse antes,
não se pode trapacear com a vida. O que o homem obtém da vida é exatamente o que ele dá de si
mesmo.
A pessoa que adota a serenidade como pseudo-solução não investe nada. Como toda
pseudo-solução possui contracorrentes saudáveis (ou tendências de outras pseudo-soluções adotadas
simultaneamente), o conflito grassa. Nesse tipo, existe uma parte que deseja expandir-se e viver a
vida, mas é contida por essa pseudo-solução. Os dois princípios são distorcidos e funcionam de uma
maneira prejudicial, um excluindo o outro. Para cada movimento de avanço da alma, existe uma
hesitação, uma reserva, um retraimento cheio de ansiedade. Nunca existe convergência entre a
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direção e o movimento da alma. A ironia é que nada poderia ser menos sereno que esses
movimentos internos conflitantes. A pessoa que busca a serenidade como pseudo-solução sente
todas as necessidades que qualquer ser humano sente – e mais aquelas do submisso e do agressor.
Ela quer amor, segurança, aceitação, aprovação. Também quer ser independente e forte. Precisa de
ajuda, e precisa de poder. Fica tão dividida entre esses objetivos aparentemente opostos que a única
solução parece ser distanciar-se de si mesmo e de suas necessidades.
Com esse distanciamento, a pessoa dá menos do que devia a si mesma, além de também dar
menos do que devia e enganar as pessoas com quem lida. Essa personalidade pode pretender, e até
tentar conscientemente, às vezes acreditando, que se entrega totalmente a um relacionamento, a um
trabalho, a uma causa. Mas sente que está faltando alguma coisa. Os outros também sentem, e
muitas vezes sabem. Eles sofrem e/ou abandonam ou rejeitam essa pessoa. Ela fica tão frustrada
quanto frusta os que se comprometem com ela. O resultado é um forte senso de culpa.
Essas três pseudo-soluções foram descritas de uma maneira breve, genérica. Nem é preciso
dizer que existem muitas subdivisões e variações, de acordo com as características pessoais, o
temperamento e a mescla de pseudo-soluções, que sempre existem em combinações. É raro existir
um tipo tão bem delineado como mostrado aqui, pois na maior parte dos casos existe uma mistura.
Pode predominar uma “solução”, mas em geral as três estão presentes em alguma combinação.
Isso dificulta ainda mais as coisas para a pessoa em questão. Ela não pode fazer justiça aos
ditames da sua auto-imagem idealizada, mesmo quando ela existe por conta própria – o que é muito
raro. Como mostramos, isso é impossível porque as pseudo-soluções se baseiam em valores
irrealistas, falsos e irrealizáveis. O objetivo não corresponde à realidade da vida, é uma ilusão e, por
isso, necessariamente decepcionante. Mas e se esses ditames, em si mesmo irrealizáveis, forem em
direções opostas, como é possível lidar com a situação? Se a pseudo-solução e, portanto, os ditames
do eu idealizado, exigem, por um lado, amar e ser amado por todos e, por outro lado, vencer os
outros e triunfar sobre eles, desconsiderar suas necessidades e interesses, como é possível resolver
essa divergência? Se uma pseudo-solução exige ser dependente e receber cuidados, enquanto outra
exige independência, como pode a pessoa envolvida controlar esses impulsos que a puxam em duas
direções, que literalmente dilaceram a psique? Se os ditames da auto-imagem idealizada ordenam o
egoísmo e o altruísmo, como é possível escapar ao conflito? O que essa pessoa fizer – seja o que for
– estará errado e provocará sensação de culpa, vergonha, inadequação.
Num exame superficial, pode parecer estranho que essa pessoa consiga adotar “soluções”
opostas. Mas não é mais estranho que a irracionalidade de qualquer conclusão errada. No contexto
de determinadas condições e circunstâncias na primeira infância da pessoa, quando influências
externas conflitantes e opostas moldam sua psique, são adotadas pseudo-soluções. Por exemplo, o
que era certo e adequado de acordo com um dos genitores pode não ter absolutamente servido para
o outro genitor, ou para um irmão mais forte e mais poderoso. A personalidade procura combinar
essas direções opostas e encontrar um meio termo que parece compatibilizar duas direções que se
excluem mutuamente.
Qualquer esforço para trazer à tona esses conflitos e supostas “soluções” vale a pena.
Qualquer empenho nesse sentido é um bom investimento. Muitas vezes a personalidade exterior
desconhece esses fatores subjacentes que, mesmo assim, são tão reais quanto qualquer objeto
exterior que o homem pode ver e tocar. Mas ela tem consciência dos efeitos, se quiser considerá-los
a essa luz. Em pouco tempo também ficará consciente das emoções negativas, tais como qualquer
uma que mencionei com respeito às diversas pseudo-soluções. É possível que uma vez ou outra elas
já tenham vindo à superfície da consciência, mas era impossível conhecer sua origem. Agora isso é
possível.
Não existe contradição quando os aspectos divinos do amor, do poder e da serenidade não
estão distorcidos. Quando cada um funciona de acordo com sua finalidade, é possível dar e receber
amor, ser forte e independente, assumir responsabilidade total por si mesmo, afirmar seus direitos,
aceitar as próprias limitações e posição na família humana, onde se pode dar e receber ajuda sem
perder a dignidade. É saudável e possível envolver-se e comprometer-se com os outros, e ao
mesmo tempo manter um desprendimento saudável. É possível dar generosamente de si mesmo e,
ao mesmo tempo, ter consciência objetiva do que acontece; avaliar as motivações e tendências do eu
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e dos outros; ver erros e valores, pontos fortes e fracos, no eu e nos outros, sem perder o equilíbrio,
sem diminuir os próprios sentimentos.
Uma pseudo-solução significa uma regra rígida que é seguida, independentemente das
circunstâncias ou dos problemas. É um reflexo cego. Mesmo quando existem duas ou três pseudo-
soluções em uma personalidade, cada uma delas tem conjuntos próprios de regras que são
obedecidas, a despeito de serem adequadas àquelas circunstâncias, a despeito das exigências da vida.
A interação harmoniosa entre amor, poder e serenidade não tem regras fixas. A razão e a intuição
substituem uma à outra, de acordo com o que for mais adequado. Usar uma ou outra não significa
violar nenhum código. Portanto, esses três aspectos não interferem um no outro, mas se
complementam e se apoiam mutuamente. A distorção é cega e rígida, ignorando a riqueza das forças
divinas e a abundância da criação. Através da capacidade de amar toda a culpa desaparece, e a pessoa
assim conquista poder e serenidade. Através da integridade e honestidade pessoal, o homem assume
seu lugar de direito no universo, e assim não engana a si mesmo. Conseqüentemente, ele tem
liberdade para amar e, sem culpa, acha-se no direito de usar os enormes poderes contidos em sua
psique. Ao dar liberdade aos outros, ele pode ser objetivo, pois confia em sua própria força. Dessa
maneira, ele combina harmoniosamente amor e poder. O amor se transforma no poder com o qual
ele conquista a si mesmo; e o poder se transforma na ferramenta com a qual ele ama mais – aos
outros, a si mesmo, à vida. Portanto, ele atinge a serenidade.
Por esse método de busca do eu, vocês têm à disposição instrumentos para encontrar suas
respectivas pseudo-soluções. Quando encontrarem, vocês vão se libertar de uma grande tirania
interior. Encontrem, e em seguida abandonem essas falsas soluções, meus amigos. Vocês não
precisam delas, como acham que precisam. As cercas não servem só para afastar, elas também
prendem, e ninguém de fato quer nem precisa viver em uma prisão autoimposta. A profunda
realização desse fato vai ajudar vocês a, um dia, abandonarem as pseudo-soluções, que são uma parte
integrante da sua auto-imagem idealizada. Vocês vão dar mais um passo em direção ao objetivo – o
eu real.
PERGUNTA: Quando um adulto repete – talvez não necessariamente por meio de atos,
mas de emoções – um padrão infantil de ter acessos de fúria para forçar o amor dos outros, esse é
um sintoma da solução de poder ou de amor?
RESPOSTA: Pode ser as duas coisas. Não se pode generalizar nunca. É mais provável que
esse seja um daqueles casos em que se busca um meio termo entre essas duas pseudo-soluções, que
pode funcionar exatamente dessa forma. A pessoa, por causa de sua solução de poder, quer que sua
vontade seja cumprida, não aceita um não como resposta. Os ditames da solução do amor dizem
que todos precisam amá-la; qualquer coisa que não seja a aceitação total a faz mergulhar em
profunda ansiedade, que ela combate com essa solução de poder.
PERGUNTA: Se uma pessoa não tem consciência de nenhuma emoção forte, isso significa
que elas estão entorpecidas e contidas pela pseudo-solução da falsa serenidade? E como ela pode
lidar com essa situação? Se não há reação alguma, ou pouca reação, como descobrir o que está
acontecendo em seu íntimo?
tem fortes emoções, que são basicamente canalizadas para sentimentos “permitidos”. A solução do
amor dramatiza e engrandece artificialmente, além de falsificar, as emoções positivas, negando todas
as emoções negativas. A pseudo-solução da serenidade teme todos os sentimentos fortes, que
ameaçam sua “segurança”, e dessa forma há um empobrecimento emocional.
O que fazer: para começar, é importante entender que não é verdade que você não sinta
nada. Você sente. Determinar quais são esses sentimentos, permitir-se ter esses sentimentos, não é
tão difícil quanto parece a princípio. Os sentimentos não estão totalmente ausentes, reprimidos de
tal forma que não existe meio de chegar até eles. Eles estão em banho-maria bem na superfície, mas
não são vistos, são negados. Assuma a tarefa de pensar diariamente em uma quantidade qualquer de
fatos do dia-a-dia. Talvez você tenha consciência de uma vaga contrariedade. Será só isso mesmo?
Siga a pista desse sentimento morno. Você também pode notar leves simpatias e antipatias.
Examine essas reações até o fim. Será que os seus relacionamentos humanos não contêm mais que
isso? Não pode ser. Você é humano. Você vai ver que, por trás da fachada, da pretensa “serenidade”
em relação a tudo, existem adormecidas fortes emoções negativas, que você teme muito porque
acredita, equivocadamente, que não existem outras além daquelas. Sentimentos positivos, bons,
calorosos, fortes só podem ser gerados quando o veneno é posto para fora; quando ele é constatado,
confrontado e, consequentemente, dissolvido. Talvez você também tenha medo dos seus
sentimentos positivos – de suas conseqüências, do compromisso que podem acarretar. Esses medos
são sempre baseados em conceitos errados, que só podem ser constatados se forem encarados com
objetividade e espírito de concisão.
Se você realmente quiser descobrir suas emoções, a dificuldade não será nem a metade do
que imagina. É totalmente errado supor que alguém possa ser isento de sentimentos, mesmo na
superfície. O que acontece é que eles não recebem atenção, não são nomeados, seu significado e
importância não são questionados. Essas poucas emoções superficiais constituem um material
suficiente para começar. Elas levarão à percepção de emoções mais poderosas que não estão muito
na superfície. Eu me arrisco a dizer que, nesse caso, as emoções superficiais predominantes são
medo e raiva. Talvez a consciência esteja ausente porque você está tão acostumado a viver nesse
clima que nem percebe o que são essas emoções. Sempre que elas vêm à tona, provavelmente você
inventa alguma explicação para tirá-las da cabeça – e elas são mais uma vez reprimidas.
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