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nucleares
13 de março de 2011 | 10h 16
AE - Agência Estado
A crise nuclear japonesa se intensifica neste domingo na medida em que as
autoridades tentam combater vários derretimentos em reatores atômicos e mais
de 170 mil pessoas foram retiradas da nordeste por causa dos temores de uma
possível contaminação radioativa. As operadoras das usinas nucleares tentam
manter as temperaturas baixas em vários reatores nucleares - dentre eles um no
qual as autoridades temem que esteja havendo um derretimento parcial - para
evitar que as coisas piorem.
Mais de 170 mil pessoas foram evacuadas como precaução, embora Edano tenha
afirmado que a radioatividade liberada no meio ambiente até agora é tão
pequena que não representa nenhuma ameaça à saúde.
Até 160 pessoas, dentre elas 60 pacientes idosos e funcionários da saúde que
estavam aguardando a evacuação na cidade de Futabe, podem ter sido expostas
à radiação, disse Ryo Miyake, porta-voz da agência nuclear japonesa. Não está
claro qual foi a severidade da exposição ou se ela atingiu níveis perigosos, mas
essas pessoas foram levadas a hospitais.
A Tokyo Electric Power (Tepco), que gere a central, não exclui fusões dos
núcleos dos reatores 1, 2 e 3, mas garante que o reator 4 não estava em
funcionamento por ocasião do incêndio que afetou o edifício hoje de
manhã (hora local).
Foi a terceira e a mais grave explosão. O incidente aumenta a probabilidade de vazamentos radioativos
Tóquio. A usina nuclear de Fukushima Daiichi sofreu na noite de ontem (já manhã de terça-feira no Japão) uma nova explosão - a terceira desde
que foi danificada pelo terremoto do dia 11 de março. Segundo autoridades japonesas, o incidente ocorreu no reator 2, que os engenheiros
tentavam estabilizar, já que outros dois reatores já haviam sofrido explosões.
O premiê do Japão, Naoto Kan, afirmou ontem (manhã de terça no país afetado) que a radiação "aumentou consideravelmente" na central nuclear
de Fukushima 1, após um incêndio no reator 4 do complexo.
A explosão destruiu parcialmente o reator 2 da central nuclear de Fukushima O governo afirmou que o problema destruiu o reservatório do
condensador do cilindro de confinamento, que é concebido para impedir vazamentos radioativos em caso de acidente.
Radiação é elevada
A empresa que opera a usina, Tokyo Electric Power (Tepco), informou que o nível de radiação no local foi elevado e que há chances de ter havido
vazamento radioativo, segundo a agência de notícias Kyodo News. Uma explosão no reator número 3 da usina já havia deixado 11 feridos, um
deles em estado grave. A explosão foi sentida a 40 quilômetros da usina e fez com que uma imensa coluna de fumaça tomasse o local.
As autoridades do complexo Fukushima tentam evitar o colapso de todos os três reatores nucleares da usina, enchendo os reservatórios com
água marinha para resfriá-los.
Houve explosões em dois outros reatores, no sábado e na segunda-feira. Em ambos, a deflagração, devido ao escapamento de hidrogênio,
danificou ou destruiu o prédio externo do reator, mas sem atingir o núcleo da instalação, disse o governo.
Antes da explosão, as barras de combustível do reator nuclear 2 estavam totalmente expostas, informou a operadora da usina, a Tokyo Electric
Power Co. (Tecpo). As barras são o formato no qual o urânio é moldado dentro do reator. De acordo com a Tecpo, a exposição ocorreu porque o
canal de ventilação do vapor produzido pelo aquecimento do reator foi fechada acidentalmente, causando uma nova e repentina queda do nível da
água de resfriamento.
O governo alertou as pessoas num raio de 30 quilômetros em torno da usina a não saírem de casa. Segundo a agência japonesa de notícias
Kyodo, 80 mil pessoas foram retiradas da área, somando-se a outros 450 mil desabrigados do terremoto e do tsunami que podem ter matado
cerca de dez mil.
Chernobyl
Segundo o secretário-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, é "muito improvável" que a crise tome as
proporções de Chernobyl. Segundo a AIEA, não há sinais de vazamento de combustível. A agência de segurança nuclear estimou que o acidente
em Fukushima era de nível quatro. O de Chernobyl foi de grau sete. O acidente nuclear na Ucrânia, em 1986, é considerado o pior da história. À
época, foram afetados 2,3 milhões de pessoas.
Saúde
Os riscos para a saúde são mínimos, garantiu a Organização Mundial da Saúde (OMS). O porta-voz da instituição, Gregory Hartl, enfatizou que
havia poucas radiações. "Todos já foram evacuado quando ocorreram os incidentes", explicou. Segundo a OMS, 22 pessoas na região registraram
"baixos níveis de radiação".
APOIO A BRASILEIROS
Itamaraty vai ter consulado itinerante
Missão vai levar mantimentos e suprir outras necessidades, afirmou o chanceler Antônio Patriota
Tóquio. Um consulado brasileiro itinerante vai começar a funcionar a partir de hoje nas regiões mais afetadas pelo terremoto no Japão, segundo o
ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.
O objetivo é levar mantimentos e suprir outras necessidades básicas, completou o chanceler. Em Fukushima, estão 383 brasileiros, segundo o
ministério.
Patriota disse ainda que os três consulados e a embaixada no país asiático estão funcionando em regime de plantão. Ao todo, há 254 mil
brasileiros vivendo no Japão atualmente, dos quais mais de 80%, segundo ele, fora da região mais afetada pelo terremoto.
"Confiamos muito na capacidade do Japão de atender as vítimas e sabemos que o governo japonês está fazendo isso indiferentemente à
nacionalidade dos afetados", afirmou o ministro brasileiro.
De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, a equipe em busca dos brasileiros deve ser composta por sete pessoas e ficar na área por
pelo menos três dias.
O embaixador do Brasil no Japão, Marcos Galvão, afirmou que a maioria dos brasileiros que moram no Japão já foram localizados. Até ontem não
foi registrado nenhum ferido ou morto brasileiro na tragédia.
Quem quiser contatar a embaixada brasileira no Japão pode enviar um e-mail paracomunidade@brasemb.or.jp , ou telefonar para o número 00
xx 81 334045211. No Itamaraty, o contato é (61) 3411-8817.
Aumento de preços
Em entrevista por e-mail ao Diário do Nordeste, o jornalista brasileiro Mário Kodama, que mora em Kawaguchi, na província de Saitama, próximo a
Tóquio, afirmou que o colapso do sistema de produção de alimentos já está levando os japoneses a esvaziar os supermercados da região para
sobreviver a uma eventual falta de abastecimento, já que a maioria dos alimentos vem do interior, inclusive das regiões atingidas. "Teme-se um
aumento relativamente grande nos preços do produtos para muito em breve", afirmou Kodama.
De acordo com o jornalista, ainda não há pânico entre os japoneses, embora eles estejam preocupados. "O japonês, em geral, confia muito na sua
tecnologia e nos seus técnicos. Não é como no Brasil. A situação é de comoção da tragédia", analisa.
O governo japonês anunciou domingo que começará a racionar energia em partes de Tóquio e em outras cidades.