Uma vez ativado, o receptor inicia potenciais de ação na sua fibra sensorial associada, que,
então, conduz esses impulsos para a medula espinal sob a forma de um “código de linhas”
através de um nervo periférico. Esses impulsos ou potenciais de ação são semelhantes em todas
as fibras sensoriais. Podem exibir diferenças qualitativas em amplitude ou frequência, mas um
potencial de ação iniciado por um estímulo de dor não é percebido como distinguível de um
potencial de ação iniciado por qualquer outro receptor ou modalidade sensorial.
O que permite diferenciar um tipo de sensação de outro é a localização no sistema nervoso de
onde a fibra termina.
Cada fibra ou grupo de neurônios vinculados por fibras sensoriais relacionadas é denominado
“código de linhas”. Por exemplo, os potenciais de ação que trafegam ao longo das fibras e dos
neurônios que compreendem o sistema anterolateral (trato espinotalâmico) são percebidos
como dor, enquanto os potenciais de ação transportados ao longo do sistema coluna dorsal-
lemnisco medial são distinguidos como toque ou pressão.
Quando ativada pelo estímulo adequado, uma corrente local é gerada no receptor – sendo
chamada de potencial receptor. Não importa se o estímulo é mecânico, químico, ou físico (calor,
frio, luz), o processo de transdução resulta em uma alteração da permeabilidade iônica da
membrana do receptor e, consequentemente, em uma alteração na diferença de potencial através
da sua membrana. A amplitude máxima do potencial do receptor, de cerca de 100 milivolts, é
obtida quando a permeabilidade da membrana ao sódio está no seu nível máximo.
Somente quando o potencial receptor excede um valor determinado (limiar), um potencial de ação
autopropagado é iniciado na fibra. O potencial receptor é um potencial graduado, o que significa
que ele decresce (diminui) ao longo do tempo e do espaço.
Dois Esquemas Foram Idealizados para Classificar Toda Variedade de Fibras Nervosas
Periféricas
• No esquema mais geral, todas as fibras periféricas são divididas nos tipos A e C, sendo as fibras
do tipo A subdivididas em quatro categorias (Fig. 46.1). Esse esquema se baseia no diâmetro e
na velocidade de condução de cada fibra, com o tipo Aα sendo a mais larga e mais rápida
variedade de condução.
• Um segundo esquema, concebido principalmente por fisiologistas dos sentidos, distingue cinco
categorias principais, as quais baseiam-se no diâmetro da fibra e na velocidade de condução.
Comumente, um único tronco nervoso sensorial em um nervo periférico contém diversas fibras,
cada uma relacionada a um número variável de receptores (mais de 100 no caso das terminações
nervosas livres na pele) na sua terminação distal. O agregado de todos os receptores e fibras
relacionados a um único nervo define o campo receptor daquele nervo. Um estímulo intenso,
que se estende por todo o campo receptor, ativa todas as fibras no tronco nervoso sensorial, e
um estímulo menos intenso ativa proporcionalmente menos fibras.
As gradações de intensidade do estímulo são sinalizadas por meio do envolvimento de um
número variável de fibras “paralelas” no mesmo nervo (somação espacial) ou por meio da
alteração da frequência dos impulsos que trafegam em uma única fibra (somação temporal).
Qualquer agregado de neurônios – como, por exemplo, o córtex cerebral, o tálamo ou um núcleo
individual no tálamo– pode ser denominado agrupamento neuronal. Normalmente, cada
agrupamento neuronal possui um conjunto de vários estímulos (aferentes), além do seu campo
receptor e um ou vários “alvos” para os quais ele se projeta através de um conjunto de axônios
eferentes organizados.
Os Sistemas Aferentes Podem Fornecer Estimulação Limiar ou Sublimiar para o
Agrupamento Neuronal.
Essa divergência pode assumir uma de duas formas. Com um mecanismo de amplificação, uma
fibra aferente pode se ramificar para entrar em contato com muitos neurônios no agrupamento e,
então, essas células pós-sinápticas projetam, de um modo unificado, para um alvo ou um número
restrito de alvos. Em outra forma de divergência, os neurônios ativados no agrupamento se
projetam para alvos múltiplos e não relacionados.
Um único axônio eferente pode gerar sinais de saída excitatórios para um neurônio no próximo
agrupamento (pós-sináptico) que é, ele mesmo, um neurônio excitatório (retransmissor), ou esse
único axônio eferente pode estabelecer uma sinapse com um interneurônio inibitório no próximo
agrupamento. Este pode, então, inibir neurônios retransmissores no agrupamento pós-sináptico.
Isso é denominado inibição em feedforward.
Um dos exemplos mais óbvios dessa instabilidade é uma convulsão epilética. Dois mecanismos
são utilizados pelo sistema nervoso para combater a instabilidade funcional:
• A causa mais acentuada desses mecanismos é a inibição por retroalimentação. Nesse circuito,
o estímulo de saída de um agrupamento neuronal ativa interneurônios inibitórios localizados no
agrupamento, e essas células, então, fornecem retroalimentação inibitória aos principais
neurônios de saída do agrupamento. Um circuito como esse forma um “freio” internamente
regulado na saída do agrupamento. Quando esse freio falha, como ocorre durante uma
convulsão, o agrupamento de saída dispara de forma descontrolada.
• O segundo método utilizado para limitar a instabilidade é denominado fadiga sináptica. O
substrato para essa característica não é bem compreendido. Ele pode ter uma base molecular,
como uma redução na captação ou utilização do cálcio. De forma alternativa, ele pode estar
relacionado a uma alteração mais prolongada da sensibilidade do receptor envolvendo o
processo de regulação para cima ou para baixo do número de receptores (sensibilidade), que
ocorre no cérebro.
REFERENCIAS