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Concursos do No ato da posse. Nova redação do art.

3º da
Ministério Público Resolução 40/2009-CNMP

Concursos da No momento da Art. 5º, da


Magistratura inscrição definitiva. Resolução 11/2006-CNJ
Tribuna
Inform / Súm Tema Jurisprudência
l
       
PRINCÍPIOS

Princípios - Boa Fé Objetiva


A venire contra factum proprio é conduta vedada ao agente público em razão da aplicação, também na seara pública, do princípio da boa-fé objetiva
STJ 2aT 400 - Venire contra factum
(art. 2º, parágrafo único, IV, da Lei n. 9.784/1999).
proprio
Princípios - Reserva doO princípio da reserva do possível não pode ser oposto ao princípio do mínimo existencial. Somente depois de atingido o mínimo existencial é que se
STJ 2aT 404
Possível - Mínimo Existencial pode cogitar da efetivação de outros gastos.
Princípios - Reserva do
A invocação da Reserva do Possível não pode ser apresentada de forma genérica, sem provas da falta de recursos financeiros. Ademais, exige
STJ 2aT 418 Possível - Necessidade de
considerações sobre a situação orçamentária do ente público.
prova
STJ 6aT Info 433: O princípio constitucional da publicidade (art. 37 da CF/1988) impõe o dever de a Administração conferir a seus atos a mais ampla
divulgação possível, principalmente quando eles atingirem individualmente o administrado. Assim, não se afigura razoável exigir do candidato
aprovado a leitura do Diário Oficial durante o prazo de validade do certame (quatro anos) no intuito de verificar a efetivação de sua nomeação.
STJ
(no caso, tinha sido tornada sem efeito a nomeação do candidato feita após 3 anos da aprovação no concurso público pelo fato dele não ter comparecido
6aT / 433 / 456 Princípios - Publicidade
para a posse - o STJ anulou o ato e mandou intimar pessoalmente o candidato da nova nomeação) STJ 5aT Info 456: A Administração deve intimar
5aT
pessoalmente o candidato quando, entre a data da homologação do resultado e a de sua nomeação, há razoável lapso de tempo. Esse dever é-lhe
imposto mesmo que o edital não trate dessa intimação. É desarrazoada a exigência de que o candidato mantenha a leitura do diário oficial estadual por
mais de um ano, quanto mais se, onde reside, sequer há circulação desse periódico.
a divulgação dos vencimentos brutos de servidores, a ser realizada oficialmente, constituiria interesse coletivo, sem implicar violação à
STF Princípios - Publicidade -intimidade e à segurança deles, uma vez que esses dados diriam respeito a agentes públicos em exercício nessa qualidade. Afirmou-se,
630
Pleno Divulgação dos Vencimentos ademais, que não seria permitida a divulgação do endereço residencial, CPF e RG de cada um, mas apenas de seu nome e matrícula funcional.
Destacou-se, por fim, que o modo público de gerir a máquina estatal seria elemento conceitual da República.
Em decisão em pedido de Suspensão de Liminar (SL 623) o presidente do STF (Ayres Britto) liberou a divulgação dos salários dos servidores
públicos federais dos Três Poderes de forma individualizada na internet, garantindo a divulgação das informações enquanto a matéria não for
Princípios - Publicidade - decidida em definitivo pelo Judiciário. (A decisão suspende liminares da 22ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal, mantidas pelo presidente do
Notícias
STF Divulgação dos TRF1, que acolheram solicitação da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil - CSPB).
(SL 623)
Vencimentos O assunto gira em torno de dois princípios constitucionais: o direito fundamental de acesso à informação pública e o princípio da
publicidade da atuação da administração. “Princípio que, para além da simples publicidade do agir de toda a Administração Pública,
propicia o controle da atividade estatal até mesmo pelos cidadãos.”
não há falar, in casu, em justo receio de haver violação de direito líquido e certo, porquanto a portaria impugnada busca apenas averiguar, a partir de
critérios a serem formulados, se as pessoas enumeradas em seu anexo foram atingidas por motivos políticos, sem desconstituir as anistias
já concedidas. Consignou que ela representa a expressão do poder de autotutela da Administração, que deve apurar, diante de indícios
STJ 1aS 476 Princípios - Autotutela
relevantes, a eventual ocorrência de ilegalidade a fim de corrigi-la, observando o princípio da legalidade estrita e respeitando os direitos e garantias
constitucionais dos interessados. Salientou que, nesses casos, o Poder Judiciário não pode obstar a atuação administrativa sob pena de invadir a
competência reservada ao Poder Executivo.
STF 641 Princípios - Ampla defesa eno caso, o cancelamento de averbação de tempo de serviço e a ordem de restituição dos valores imposta teriam influído inegavelmente na
contraditório -
Cancelamento de averbaçãoesfera de interesses da servidora. Dessa maneira, a referida intervenção estatal deveria ter sido antecedida de regular processo
Pleno
de tempo de serviço eadministrativo, o que não ocorrera, conforme reconhecido pela própria Administração.
restituição de valores
1) Enquanto juiz federal o senhor anularia um ato administrativo pelo princípio da boa administração sem interferência de alguma regra?
Resposta:
O princípio da boa administração guarda relação com o princípio da moralidade, previsto no art. 37 da Constituição, pelo qual o Administrador Público
Oral TRF1 P. Boa Administração
deve observar preceitos de caráter ético, distinguindo o honesto do desonesto. Tal dever implica em guardar diligência no exercício de sua função. Por
constituir princípio constitucional, permite-se a declaração de nulidade de ato administrativo, quando não observado. Um exemplo é a súmula
vinculante n. 13, que versa sobre a vedação nepotismo, consubstanciando a possibilidade de atuação com fulcro neste princípio.
       
PODERES ADMINISTRATIVOS

       
PODER DE POLÍCIA

       
Configura continuidade delitiva administrativa a apuração de infrações múltiplas da mesma natureza em uma única autuação, cabendo a aplicação
STJ 2aT 425 Poder de Polícia
de multa singular.
E) A autoexecutoriedade, atributo do poder de polícia, consiste na possibilidade de a administração executar suas decisões sem prévia autorização do
Poder Judiciário e sem a necessidade de observância de procedimento em todas as denominadas medidas de polícia.
  Questão TRF1  
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-nem todas as medidas de polícia são dotadas do atributo da autoexecutoriedade.
D) De acordo como o STF, o exercício do poder de polícia deve ser necessariamente presencial e depende da existência de órgão de controle estruturado
para a fiscalização do exercício dos direitos individuais.
  Questão TRF1   (E) – GABARITO PRELIMINAR
RE 361009 AgR/RJ – STF 2aT - O exercício do poder de polícia não é necessariamente presencial, pois pode ocorrer a partir de local remoto, com o
auxílio de instrumentos e técnicas que permitam à administração examinar a conduta do agente fiscalizado.
Discussão quanto a existência de interesse de agir da ACP proposta pelo IBAMA pretendendo a demolição de obra, posto que há na legislação
autorização expressa para que tal entidade, exercendo o poder de polícia ambiental, proceda à demolição de obra irregular:

POSSIBILIDADE: reconhecimento do interesse de agir. Deve-se prestigiar o princípio da universalidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, CF/88).
Além do que pode o interesse processual do IBAMA emergir dos efeitos de definitividade e indiscutibilidade que se agregam à decisão judicial,
ausentes no ato administrativo. Adviria o interesse da autarquia também do desejo de se resguardar contra futuras ações indenizatórias, na
Interesse de agir na ACPhipótese de sua decisão (que determinou a demolição) ser posteriormente revista ou anulada, administrativa ou judicialmente, ou ainda de uma suposta
proposta pelo IBAMA paracarência de recursos financeiros ou materiais para providenciar concretamente a demolição da obra irregular.
  demolição de obra -1. Trata-se de recurso especial em que se discute a existência de interesse, por parte do Ibama, em ajuizar ação civil pública na qual se busca a
autoexecutoriedade dodemolição de edifício reputado irregular à luz de leis ambientais vigentes.3. Mesmo que a Lei n. 9.605/98 autorize a demolição de obra como sanção às
poder de polícia infrações administrativas de cunho ambiental, a verdade é que existe forte controvérsia acerca de sua auto-executoriedade (da demolição de
obra). 4. Em verdade, revestida ou não a sanção do referido atributo, a qualquer das partes (Poder Público e particular) é dado recorrer à
tutela jurisdicional, porque assim lhe garante a Constituição da República (art. 5º, inc. XXXV) - notoriamente quando há forte discussão, pelo menos
em nível doutrinário, acerca da possibilidade de a Administração Pública executar manu militari a medida. (STJ. RESP 789640, DJE: 09/11/2009).

IMPOSSIBILIDADE: não haveria interesse de agir à resolução do mérito da lide, a qual ficaria condicionada à satisfação das condições da ação e à
presença dos pressupostos de desenvolvimento válido do processo.
       
PODER NORMATIVO / REGULAMENTAR
       
B) De acordo com o entendimento do STF, quando o Poder Executivo expede regulamento, ato normativo de caráter não legislativo, não o faz no
exercício de função legislativa, mas no de função normativa, sem que haja derrogação do princípio da divisão dos poderes.
(C) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1  
HC 85.060 – STF 1aT - Quando o Executivo e o Judiciário expedem atos normativos de caráter não legislativo – regulamentos e regimentos,
respectivamente – não o fazem no exercício da função legislativa, mas no desenvolvimento de ‘função normativa’. O exercício da função regulamentar e
da função regimental não decorrem de delegação de função legislativa; não envolvem, portanto, derrogação do princípio da divisão dos poderes.”
C) O poder normativo da administração pode ser expresso por meio de deliberações e de instruções editadas por autoridades que não o chefe do Poder
Executivo, as quais podem inovar no ordenamento jurídico, criando direitos e impondo obrigações.
  Questão TRF1  
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-o exercício do poder normativo ou poder regulamentar não pode inovar o ordenamento (atos infralegais).
       
ATO ADMINISTRATIVO

       
C) Embora o ato administrativo seja dotado da denominada presunção de veracidade, o Poder Judiciário pode apreciar de ofício sua validade.
Atributo do AA - Presunção
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1 de Legitimidade e
-a presunção de legitimidade e veracidade do ato administrativo não possibilita que o Poder Judiciário analise de ofício a validade do ato, sendo
Veracidade
necessária a provocação. Diferente do âmbito privado em que o juiz pode conhecer a nulidade absoluta sem qualquer provocação.
Anulação. Necessidade deÉ certo que a Administração Pública pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais (Súmulas 346 e 473 do STF). No
STJ -
490 PA quando repercute ementanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo de interesses individuais, faz-se necessária a instauração de
6aT
interesses individuais procedimento administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa .
Na literalidade do art. 55 da Lei n. 9.784/1999, a convalidação resultaria de uma decisão discricionária, de uma faculdade apoiada em critérios de
Convalidação de ato
conveniência e oportunidade. A doutrina, contudo, defende a natureza vinculada. Respeito ao primado da segurança jurídica e para salvaguarda do valor
EMAGIS   administrativo: decisão
da juridicidade no âmbito administrativo. Excepcionalmente, quando se tratar de ato praticado em decorrência da atuação discricionária da
discricionária ou vinculada?
Administração Pública – disso sendo exemplo a exoneração ordenada por autoridade incompetente –, a convalidação deixa de ser obrigatória.
1) Qual a diferença entre confirmação, convalidação e ratificação?
Resposta:
Convalidação x Embora haja bastante controvérsia doutrinária sobre o alcance dos conceitos, entende-se, em geral, que a convalidação é o ato jurídico que com
Oral TRF3
Confirmação x Ratificação efeitos retroativos sana vício de ato antecedente de tal modo que ele passa a ser considerado como válido desde o seu nascimento.
A ratificação seria uma de suas modalidades, realizada pela mesma pessoa que praticou o ato a ser ratificado, ao passo em que a confirmação é
realizada por outra pessoa (quando no Direito Administrativo, é autoridade superior).
O simples fato de ter sido instaurado um processo administrativo para apurar se um ato administrativo praticado foi legal não viola direito
do beneficiário, sendo exercício do poder da administração de autotutela (Súm. 473 STF).
STF 1aT 656 Proced. Adm. Anulação.
A legalidade do ato praticado há mais de 5 anos pode ser examinada, considerando que não ocorre a decadência do direito de anular o ato se
ficar comprovada a má-fé do beneficiário.
Questão Licença para construção e Determinado município deferiu a um empreendedor alvará para a construção de um hotel de vinte andares. Entretanto, antes do início da obra,
CESPE - alteração de limitação sobrevieram normas de caráter geral, limitando a apenas quinze andares as construções no local . Foi solicitado, então, parecer jurídico sobre
AGU/2012 administrativa a legalidade de se revogar o primeiro alvará, para o devido cumprimento das novas regras urbanísticas. O parecer deve orientar o governo municipal a
superveniente não revogar o alvará concedido ao empreendedor, visto que o seu deferimento gerou direito adquirido ao particular.

a jurisprudência do STF já chancelou a possibilidade de revogação de licença para construir antes de iniciada a obra:
“- LICENCA PARA CONSTRUIR. REVOGAÇÃO. OBRA NÃO INICIADA. LEGISLAÇÃO ESTADUAL POSTERIOR. I. COMPETÊNCIA DO ESTADO FEDERADO
PARA LEGISLAR SOBRE AREAS E LOCAIS DE INTERESSE TURISTICO, VISANDO A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO PAISAGISTICA (C.F., ART. 180).
INOCORRENCIA DE OFENSA AO ART. 15 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL; II. ANTES DE INICIADA A OBRA, A LICENCA PARA CONSTRUIR PODE
SER REVOGADA POR CONVENIENCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, SEM QUE VALHA O ARGUMENTO DO DIREITO ADQUIRIDO.
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO (STF, 2ª Turma, RE 105634 PR, Rel. Min. FRANCISCO REZEK,
j. em 19.09.1985, p. em 08.11.1985).

Celso Antônio deixa claro que, “depois de concedida regularmente uma licença para edificar e iniciada a construção, a Administração não
pode ‘revogar’ ou ‘cassar’ esta licença sob a alegação que mudou o interesse público ou de que alterou-se a legislação a respeito. Se o fizer, o
Judiciário, em havendo pedido do interessado, deve anular o ato abusivo, pois cumpre à Administração expropriar o direito de construir
naqueles termos”.

Súmula 346 STF


STF Súm 346
A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

Súmula 473 STF


A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos;
STF Súm 473
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.

1) Todo ato da Administração é ato administrativo? Os atos administrativos são sempre exigíveis? O que seria autoexecutoriedade do ato
administrativo?
Resposta:
Nem todo ato da administração constitui ato administrativo. Ato administrativo, segundo José dos Santos Carvalho Filho, é “a exteriorização de
Ato administrativo x ato vontade de agentes da Administração Pública ou de seus delegatário, que, sob regime de direito público, vise à produção de efeitos jurídicos, com o
Oral TRF2
da administração fim de atender ao interesse público”. Há atos que, sem serem considerados atos administrativos, são apenas atos da Administração. Por exemplo, os
contratos firmados sob regime de Direito Privado, nos quais a Administração não atua sob regime de Direito Público. Nem todos os atos são dotados de
exigibilidade. O exemplo são as autorizações e permissões, onde prepondera o interesse privado. Editado o ato, carece à Administração interesse em
exigir seu cumprimento. Autoexecutoriedade é possibilidade execução imediata do ato praticado pela Administração, a fim que seu objetivo seja
imediatamente alcançado. Alguns atos não possuem este atributo, como a cobrança de multas, que só podem ser executadas pelo Poder Judiciário.

2) Uma decisão judicial pode obstar a autoexecutoriedade do ato?


Resposta:
Ato administrativo -
Oral TRF2 Sim. Por vezes, a execução de um ato administrativo, viciado, pode trazer graves danos aos cidadãos. Diante do princípio da inafastabilidade da
controle judicial
jurisdição, é possível ao Poder Judiciário editar provimentos tendentes a afastar a exigibilidade de atos administrativos. Por exemplo, as liminares em
Mandado de Segurança (art. 7º da Lei 12016/2009) e em Ação Civil Pública (arts. 4º e 12 da Lei 7347/85).

3) Art. 182 - Parcelamento compulsório x auto-executoriedade. fale a respeito?


Resposta:
Ato administrativo - O parcelamento compulsório é medida prevista no art. 182, parágrafo quarto, I, da Constituição e art. 5º do Estatuto das Cidades ( Lei 10257/2001),
Oral TRF2
autoexecutoriedade como medida para assegurar o cumprimento da função social do solo urbano, ao lado da edificação ou utilização compulsórios. Embora seja assim
denominado, não é ato dotado de autoexecutoridade. É medida que deve ser aceitada e cumprida voluntariamente pelo particular, de molde a evitar a
incidência de IPTU progressivo no tempo e desapropriação do bem, pelo Poder Público Municipal.
       
ELEMENTOS DO AA

       
D) De acordo com a doutrina, a competência para a prática do ato administrativo decorre sempre de lei, não podendo o próprio órgão estabelecer, por
  Questão TRF1 Competência si, as suas atribuições.
(C) – GABARITO PRELIMINAR
Doutrina emagis Auto-executoriedade -questionamento: A administração sempre pode sponte propria efetuar a compensação de valores entre ela e o particular? Tratando-se de
compensação de ofício feitacobrança de valores, tal como a multa, a regra é que a Administração não possa, por sua própria vontade, proceder com compensações ou
atos expropriativos, sendo imprescindível a participação do Poder Judiciário na cobrança coativa, salvo autorização legislativa específica.

Para o caso específico de multa administrativa aplicada pelo inadimplemento de contrato administrativo, existe previsão específica que autoriza
a compensação do valor da multa com créditos que o particular tenha ante a Administração, como o valor de contraprestação e da garantia
pela própria Administração contratual. Entretanto, a própria Lei 8.666/93 ressalva que eventual excedente será cobrado judicialmente. A saber:

“Art. 86. (...).§ 2o A multa, aplicada após regular processo administrativo, será descontada da garantia do respectivo contratado. § 3o Se a multa for de
valor superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos
eventualmente devidos pela Administração ou ainda, quando for o caso, cobrada judicialmente.
5) Motivo e mérito do ato administrativo são a mesma coisa?
Resposta:
Oral TRF2 Motivo x Mérito São distintos. Motivo é requisito do ato administrativo, que deve estar presente sempre. É a situação de fato ou de direito que gera a vontade do
agente quando pratica o ato administrativo, segundo José dos Santos Carvalho Filho. Já o mérito, segundo este autor, é a avaliação de conveniência e
oportunidade relativas ao motivo e objeto (elementos do ato administrativo), inspiradoras do ato discricionário.
       
CLASSIFICAÇÃO DOS AA

       
A) A licença é ato administrativo discricionário, de natureza constitutiva de direito, pelo qual a administração concede àquele que preencha os requisitos
legais o exercício de determinada atividade.
  Questão TRF1 Licença
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-licença é ato administrativo vinculado.
E) Quanto à exequibilidade, é denominado ato administrativo pendente aquele que não completou seu ciclo de formação, razão pela qual não está apto à
produção de efeitos.
  Questão TRF1 Ato pendente
(E) – GABARITO PRELIMINAR
ATO PENDENTE – ato que ainda não produz efeitos porque depende de termo ou condição. [é ato simples]
5) O que seria um regulamento autônomo?
Resposta:
O regulamento tem por finalidade explanar e estabelecer procedimentos para a correta aplicação da lei. Não pode contrariá-la, tampouco excedê-la. O
Oral TRF1 Regulamento Autônomo regulamento é autônomo quando extrapola sua função, deixando de ter relação de dependência com a lei em sentido estrito (ato normativo, dotado de
generalidade e abstração, editado pelo Poder competente). Sempre se considerou que os regulamentos autônomos seriam nulos. Contudo, doutrina
recente considera que o regulamento autônomo retira seu fundamento de validade diretamente da Constituição, na ausência de lei em sentido formal
que regule a matéria. Assim, são lícitos, nesta hipótese.

AUTORIZAÇÃO

PERMISSÃO

Oral TRF2 Autorização x permissão 4) Autorização e permissão de uso público são revogáveis pela Administração? Qual seria a pedra de toque para diferenciar a autorização da
permissão? Existe a possibilidade de o particular pleitear indenização no caso da revogação da autorização ou da permissão?
Resposta:
Segundo José dos Santos Carvalho Filho, “autorização de uso é o ato administrativo pelo qual o Poder Público consente que determinado indivíduo
utilize bem público de modo privativo, atendendo primordialmente a seu próprio interesse”. Já permissão de uso seria “o ato administrativo pelo qual a
Administração Pública consente que certa pessoa utilize privativamente bem público, atendendo ao mesmo tempo aos interesses público e privado”.
Ambos são atos unilaterais, discricionários e precários. Distinguem quanto à finalidade primordial: atendimento ao interesse particular (autorização) ou
público e privado (permissão). Sendo discricionários, podem ser revogados, em regra, sem direito a indenização. Contudo, pode haver indenização nos
casos de atos editados com prazo certo, no qual se gera uma perspectiva de estabilidade, ao particular, ou quando ficar caracterizado desvio de
finalidade, dentre outros vícios.

LICENÇA

Licença -
Condicionamento ao Súmula 127 STJ
STJ Súm 127
pagamento de multa - É ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado.
Ausência de notificação

3) O senhor sabe diferenciar o alvará de licença e alvará de autorização?


Resposta:
Oral TRF1 Licença x Autorização A licença constitui ato administrativo vinculado, razão pela qual o respectivo alvará não poderá ser negado, pela Administração, quando ficar
demonstrado o preenchimento de todos os requisitos legais pelo Administrado. Já a autorização é ato discricionário e sua emissão depende da análise
de mérito pela Administração (conveniência e oportunidade).
       
SERVIÇO PÚBLICO

01) Serviço público, permissão de serviço público e permissão condicionada, discorra.


Resposta:
Conforme já respondido nas questões anteriores, a distinção básica diz respeito ao cará-ter precário da permissão de serviço público, ou seja, na
permissão é cabível a revoga-ção unilateral do contrato pelo poder concedente a qualquer tempo, enquanto que na concessão a revogação não é
cabível (o que não exclui a possibilidade de caducidade ou encampação). Existem outras diferenças: a concessão só é cabível a pessoa jurídica ou
consórcio de empresas, mas não com pessoa física, enquanto que a permissão prevê a possibilidade de celebração com pessoa física ou jurídica, mas
não com consórcio de empresas. Na concessão a lei exige a licitação na modalidade concorrência, enquanto que na permissão não há determinação de
modalidade específica de licitação. Por fim, ambas as figuras instrumentalizam-se por meio de contrato, mas a lei atribui ao contrato de con-cessão a
ORAL TRF5 de contrato de adesão. Na permissão condicionada, segundo Tauã Rangel, verifica-se que o Poder Público estabelece limites à sua faculdade
discricionária de revo-gá-la a qualquer momento, estabelecendo em norma legal o prazo de sua vigência ou ainda assegurando outras vantagens ao
permissionário, como mecanismo de incentivo para a execução do serviço. A modalidade em comento é adotada nas permissões de transporte coletivo
e noutras que exigem altos graus de investimentos para a execução do serviço, tornando-se necessário garantir ao permissionário um tempo mínimo
de ope-ração em condições rentáveis. Cita Carvalho Filho e outros que a denominaram de per-missão contratual e reconhecem que, com esse tipo de
delegação, ficam mais frágeis as distinções entre a permissão condicionada e a concessão.

6) Relação de consumo e serviços públicos, discorra.


Resposta:
A doutrina e jurisprudência são controvertidas em relação ao tema. Para alguns, o CDC se aplica à prestação de serviços públicos, sejam aqueles
remunerados por preço ou tari-fa, seja os remunerados por taxa, pois o CDC ao falar de remuneração não fez qualquer distinção (Herman Benjamin,
Cláudia Marques), como também não excluiu o poder pú-blico do conceito de fornecedor. Outros defendem que aplica-se o CDC apenas aos re-
munerados por preço ou tarifa, não estando compreendidos no conceito de relação de consumo os serviços remunerados por taxa, pois aí a relação é
de direito tributário e tri-buto não é remuneração, é prestação compulsória. Há também aqueles que, partindo da distinção entre serviços próprios e
impróprios, consideram excluídos da aplicação do CDC os primeiros e incluídos os segundos. Veja-se alguns julgados do STJ a respeito: 1. O Código de
Defesa do Consumidor aplica-se na hipótese de serviço público prestado por concessionária, tendo em vista que a relação jurídica tem natureza de
Direito Privado e o pagamento é contraprestação feita sob a modalidade de tarifa, que não se classifica como taxa. (v.g.: STJ, AgRg no Ag
1.398.696/RJ, 2ª T., Castro Meira, DJe 10/11/2011). 2. Quando o serviço público é prestado diretamente pelo Estado e custeado por meio de receitas
tributárias não se caracteriza uma relação de consumo nem se aplicam as regras do Código de Defesa do Consumidor. Precedentes. (v.g.: STJ, RESP
1187456/RJ, 2ª T., Castro Meira, DJe 01/12/2010, REsp 976836 / RS, 1ª Seção, Luiz Fux, DJe 05/10/2010). Este último acórdão tem uma ementa
bastante grande e explora bem o tema, valendo dar uma olhada. É bom lembrar que o STJ não considera os serviços notariais como sujeito ao CDC,
de forma que tais serviços não são considerados relação de consumo (STJ, REsp 625.144-SP, Nancy Andrighi, j. 14/3/200).

19) Consequência básica de não pagamento de serviço público essencial?


Resposta:
A lei de concessões exige que o serviço público delegado a terceiros seja prestado de forma adequada e dentre as características do serviço adequado
está a necessidade de que ele seja contínuo (art. 6º e § 1º da Lei 8.897/95). O princípio da continuidade ou da permanência, no entanto, encontra
exceções e, dentre elas, está prevista a possibilidade da interrupção do serviço motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações
ORAL trf1
ou então por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coleti-vidade. Entretanto, a jurisprudência dos nossos tribunais tem sido
interpretada, de um modo geral, como sendo vedado à concessionária (ou permissionária) de interromper a prestação do serviço público, quando isso
possa inviabilizar o funcionamento de estabe-lecimentos de interesse do grupo social, tais como escolas, hospitais, repartições públi-cas. Nesses casos,
em caso de inadimplência, a concessionária devera utilizar os meios ordinários de cobrança perante o Poder Judiciário, mas não poderá interromper o
serviço público essencial (v.g.: STJ, RESP 1.245.812/RS, Herman Benjamim, 2ª T., 01/09/2011).

18) O que seria a caducidade? E o que a diferenciaria da encampação? O Poder Público pode assumir as obras e serviços também?
Resposta:
Nos termos do art. 38 e § 1º da Lei 8.897/95, a caducidade ocorre quando há inexecu-ção total ou parcial do contrato de concessão, a critério do
poder concedente, nas se-guintes hipóteses: a) o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada e deficiente, tendo por base as normas,
critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço; b) a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou
regulamentares concernentes à concessão; c) a concessionária perder as condições eco-nômicas, técnicas ou operacionais para manter a adequada
ORAL trf1 prestação do serviço concedi-do; d) a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos; e) a concessionária não
atender as intimações do poder concedentes no sentido de regularizar a prestação do serviço; f) a concessionária for condenada em sentença
transitada em julgado por sonegação de tributos, inclusive contribuições sociais. Outra possibilidade de intervenção está prevista no art.27, em caso de
transferência do contro-le societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente. Nas seis pri-meiras hipóteses do art. 38 o ato é
discricionário e nesta última do art. 27 o ato é vincu-lado, segundo Ricardo Alexandre, cabendo em qualquer caso direito a indenização, que não é
prévia. Já a encampação, nos termos do art. 37, é a retomada do serviço pelo po-der concedente durante o prazo da concessão, por motivo de
interesse público, median-te lei autorizativa específica, após o pagamento prévio da indenização.

13) Como se remunera uma concessionária de serviço público?


Resposta:
Em regra, remunera-se através de tarifa ou preço público, que deverá obedecer ao princí-pio da modicidade tarifária. A Lei 8.987/95 prevê também a
ORAL trf1 possibilidade, dependendo das peculiaridades de cada serviço, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares,
acessórias ou de projetos associados, com vistas a favorecer a referida modicidade tarifária (art. 11).

 4) Cabe arbitragem em matéria de concessão de serviço público?


Resposta:
Sim. O art. 23-A da Lei 8.987/95 (acrescentado pela Lei 11.196/06) prevê a possibilida-de de emprego de mecanismo privados para resolução de
     ORAL TRF1 disputas decorrentes ou relaci-onadas ao contrato, inclusive a arbitragem, que deverá ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei
9.307/96. A Lei 11.079/2004, sobre as parcerias público-privadas, também tem dispositivo idêntico (art. 11, III).

ORAL TRF1
5) A gratuidade é um princípio do serviço público?
Resposta:
Não. A regra é a remuneração do serviço público, seja através de tarifa ou preço público, seja através de taxa. No caso das concessões ou permissões
de serviços públicos, a Lei 8.897/95 (art. 6º, § 1º) exige a “modicidade das tarifas”, ou seja, deve ser tal que assegu-re à concessionária ou
permissionária retorno satisfatório mas afasta a possibilidade de lucros exorbitantes, extraordinários, exigindo do poder público esforços no sentido de
que as tarifas sejam acessíveis, se for o caso até mesmo mediante subvenções (vantagens e subsídios), desde que autorizados por lei e à disposição
de todos os concorrentes (art. 17).

6) Dentre as novas formas de concessão de serviço público, há destaque para o arrendamen-to e franquia de serviços públicos, nova figura elencada
pela doutrina, dê um exemplo destes dois? Portos organizados, por exemplo? Agência dos Correios seria um exemplo de franquia?
Resposta:
A franquia de operação de agências dos correios e o arrendamento de portos seriam os dois exemplos dessas novas formas de concessão de serviço
público. Após apontar os traços comuns e as diferenças entre os institutos da concessão de serviço público e da franquia, sustenta a Dinorá Grotti (II
Seminário de Direito Administrativo do TCMSP) que "tão grande é a semelhança entre os dois institutos que é possível colocar a franquia como uma
espécie de contrato de concessão; nela há as apontadas características da con-cessão administrativa: transferência, ao franqueado, de poderes e
deveres próprios do concedente, conservando, este último, alguns poderes e deveres, em especial o de con-trolar e fiscalizar a atuação do franqueado,
o de dar-lhe todo o treinamento e assistência técnica indispensáveis à execução do serviço e, se for o caso de franquia de distribuição, como o correio,
fornecer-lhe os bens necessários a essa finalidade. A diferença entre a concessão de serviço público, em sua forma tradicional, e a franquia de serviços
é apenas de grau, porque nesta última, o franqueado sofre limitações em sua atuação e em sua organização muito maiores do que o concessionário na
concessão tradicional" Quanto ao arrendamento de áreas e instalações portuárias a Lei nº 8.630/93, alterada pela Lei nº 9.309/96, introduziu
importantes modificações no regime de arrendamento disciplinado pela legislação anterior. Alice González Borges, em parecer dado à Codeba -
Companhia das Docas do Estado da Bahia, afirma não se tratar mais "apenas, do arrendamento de espaços físicos nas áreas portuárias, ainda que com
a obrigação de efetuarem-se investi-mentos, 'para completar, expandir ou aparelhar as instalações', que figurava no Decreto-lei nº 5/66, mas,
basicamente, para que os arrendatários operassem com suas próprias mercadorias ou produtos. Já agora, esses arrendatários poderão ser, também,
operadores portuários; poderão ter alfandegadas as áreas em que atuam, com todas as conseqüências legais que daí decorrem; poderão operar com
mercadorias próprias ou de terceiros; pode-rão cobrar dos usuários dos serviços portuários as tarifas devidas pelos serviços efetua-dos, as quais serão
fixadas pelo Conselho de Autoridade Portuária, onde também pode-rão, como operadores portuários, fazer-se representar". Trata-se, portanto, de uma
nova forma de concessão de serviço público, na qual há também um contrato de arrendamento de bem público.

ORAL TRF1
2) Sobre serviços públicos, qual a relevância da escola de Bordeaux (escola do serviço público) no trato do tema, capitaneada por Duguit e Geze?
Resposta:
Duguit elaborou uma Teoria do Estado por meio da qual pretendia justificar a existência do Estado pela prestação de Serviços Públicos, e não tomando
como conceito justifica-dor a noção de soberania do Estado. O Estado era tão somente uma cooperativa de ser-viços, organizada e controlada pelos
governantes. Este seria o elemento a legitimar a existência do próprio Estado.
Duguit elabora a definição de serviço público sob uma base sociológica, como sendo as atividades prestadas pelo Estado visando o atendimento de
finalidades sociais.

Conforme já decidiu a antiga Sexta Turma deste Eg. Tribunal Regional da 2a Região, a disciplina normativa da atividade lotérica, inicialmente
prevista no Decreto no 21.143/32, e depois nos Decretos-lei no 6.259/44 e no 204/67, a qualifica como serviço público, cuja exploração, no âmbito
Casa Lotérica - Serviçoda loteria federal, se realiza mediante credenciamento de revendedores pela Caixa Econômica Federal, sendo que a natureza jurídica da
TRF2  
Público atividade lotérica federal impede a aplicação dos princípios inerentes à competição de mercado, consistindo de situação de privilégio,
originária da exclusividade do exercício de determinado serviço público pela Administração e que tem como substrato o interesse público, e
não de intervenção monopolista (cf. AC no 333167, rel. Des. Fed. André Fontes, TRF-2a Região).
Serviço Público - EstatutoO Estatuto do Idoso reconhece como direito fundamental o acesso gratuito dos maiores de 65 anos a transportes coletivos urbanos,
STJ 1aT 378 do Idoso - Transporteindependentemente de qualquer condição (art. 39 da Lei n. 10.741/2003). Esse direito pode ser estendido às pessoas com faixa etária entre 60 e 65
urbano anos, a critério do que dispuser a legislação local. O Estatuto do Idoso não impôs a criação da fonte de custeio e, ainda, afastou a exigência de tal fonte.
A ADPF 46/DF (DJE de 26.2.2010) confirmou a ECT com o caráter de prestadora de serviços públicos, declarando recepcionada, pela ordem
STF Serviço Público - Serviço
576 constitucional vigente, a Lei 6.538/78, que instituiu o monopólio (regime de privilégio) das atividades postais, excluídos do conceito de serviço postal
Pleno Postal - EBCT
apenas a entrega de encomendas e impressos.
Serviço Público -O serviço prestado pelo provedor de acesso à Internet não se caracteriza como serviço de telecomunicação. Trata-se de “serviço de valor
Telecomunicações -adicionado”, que é a atividade que acrescenta, a um serviço de telecomunicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades
TRF2 InfoJur 155
Procedor de acesso àrelacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações (artigo 61 da Lei nº 9.472/97). Reflexos no
internet regime tarifário (ver aba Trib-Tarifa)
STJ manteve, na universidade, em vaga destinada a egressos do sistema público de ensino fundamental e médio, a candidatos autodeclarados negros
STJ - Educação - Cotas -e a candidatos indígenas, candidata que frequentou parte do ensino fundamental e do ensino médio em escola privada, porém mediante bolsa de
481
2aT Universidade estudo integral. (a recorrida somente teve acesso à instituição particular porque contava com bolsa de estudos integral, o que denota uma situação
especial que atrai a participação do Estado como garantidor desse direito social)
“Numa frase, então, serviços notariais e de registro são típicas atividades estatais, mas não são serviços públicos, propriamente. Inscrevem-
STF Constituição e Serviços notariais x Serviçose, isto sim, entre as atividades tidas como função pública lato sensu, a exemplo das funções de legislação, diplomacia, defesa nacional, segurança
Pleno o Supremo Público pública, trânsito, controle externo e tantos outros cometimentos que, nem por ser de exclusivo domínio estatal, passam a se confundir com serviço
público.” (ADI 3.643, voto do Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 8-11-2006, Plenário, DJ de 16-2-2007.)
CONCESSÃO
Caráter mais estável
Exige autorização legislativa
Licitação por concorrência
Para pessoas jurídicas ou consórcio de empresas

PERMISSÃO
Caráter mais precário
Não exige autorização legislativa, em regra
Licitação por qualquer modalidade
Para pessoas jurídicas ou físicas.

STF Emagis Equilíbrio contratual - há julgados do STF que reputam inconstitucionais leis que concedam isenção do pagamento de pedágio objeto de concessão de obra
Concessão de isenção - pública, particularmente quando não trouxerem a previsão de qualquer forma de compensação ao particular contratado (concessionário).
Impossibilidade Assim o é porque tal isenção representaria violação à garantia da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato administrativo. -
ex ADI 2733

STJ AgRg no Corte só em caso de Embora admissível o corte no fornecimento de serviços públicos em caso de inadimplência do usuário previamente notificado quanto à dívida, tal
AREsp 97838 dívida atual medida somente se justifica quanto a débitos atuais, recentes, não quanto a dívidas antigas e consolidadas, que devem ser buscadas na via própria
(ação de cobrança).

STJ Rec Rep Tarifa de água - Único A cobrança pelo fornecimento de água aos condomínios em que o consumo total de água é medido por único hidrômetro deve se dar pelo
1aS hidrômetro - Cobrança no consumo real aferido. O Superior Tribunal de Justiça firmou já entendimento de não ser lícita a cobrança de tarifa de água no valor do
valor do consumo mínimo consumo mínimo multiplicado pelo número de economias existentes no imóvel, quando houver único hidrômetro no local. Ou seja, é ilegal a
multiplicado pelos cobrança de tarifa mínima de água pela concessionária com base no número de economias existentes no imóvel sem considerar o consumo
apartamentos existentes - efetivamente registrado na hipótese em que existe apenas um único hidrômetro no condomínio, porque não se pode presumir a igualdade de consumo
Impossibilidade de água pelos condôminos, violando-se o princípio da modicidade das tarifas e caracterizando-se o enriquecimento indevido da concessionária, pois
a relação jurídica se estabelece apenas entre o prestador de serviço público e o condomínio-usuário de tal serviço, conforme entendimento doutrinário
e jurisprudencial do STJ. (REsp 1166561)

STJ Rec Rep Tarifa de água - Cobrança É legítima a cobrança de tarifa de água fixada por sistema progressivo. De fato, é possível a cobrança de tarifa de água sob o critério da
1aS - Critério da progressividade, pois o artigo 13 da Lei 8.987/1995 dispõe que as tarifas poderão ser diferenciadas em função de características técnicas e dos
progressividade - custos específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de usuários, e o artigo 30, inciso I, da Lei 11.445/2007 estabelece que a
Possibilidade cobrança do serviço de saneamento básico pode levar em consideração categorias de usuários distribuídas por faixas ou quantidades crescentes de
utilização ou de consumo. (REsp 1113403)
       
Permissão de Serviço Público

       
Tradicionalmente, a permissão administrativa é classificada pela doutrina como “ato administrativo discricionário e precário pelo qual a
Administração consente que o particular execute serviço de utilidade pública ou utilize privativamente de bem público” (JOSÉ DOS SANTOS
CARVALHO FILHO, in “Manual de Direito Administrat ivo”, Editora Lumen Juris). Daí sua subdivisão em permissão de serviço e permissão de uso.
Ocorre que, com o advento da Constituição Federal de 1988, o quadro normativo se alterou e, por força de seu art. 175, pelo menos a permissão de
serviço público não pode mais ser considerada puramente um ato administrativo, já que nos termos daquele dispositivo constitucional deveria
ela ser precedida de licitação e formalizada mediante contrato.
Seguindo a nova orientação constitucional, a Lei nº 8.987/95 dispôs, em seu art. 2º, IV, que através da permissão de serviço público operava-se a
delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre
Permissão - Natureza ecapacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Já seu art. 40 estatui que “a permissão de serviço público será formalizada mediante contrato
Classificação - Permissãode adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à
Doutrina Emagis
simples x permissãorevogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente”. Pela leitura dos aludidos dispositivos legais, já se pode perceber que, embora o atual perfil
qualificada da permissão de serviços público tenha transmudado de ato administrativo para contrato administrativo, não perdeu ela aquelas
características que originariamente lhe conferiam feição, notadamente sua precariedade e revogabilidade (agora é mais propriamente uma
rescindibilidade unilateral).
Ainda sobre o instituto, a doutrina e a jurisprudência diferenciam duas espécies de permissão de serviço público , a depender do grau de
estabilidade da relação travada entre a entidade pública permitente e o particular permissionário. De um lado, ter-se-ia a permissão simples, na qual
o Poder Público gozaria de maior liberdade para encerrar a delegação sem ter que arcar com nenhuma consequência financeira em razão
disto. Por outro, ter-se-ia a permissão qualificada ou condicionada, na qual, em função da estipulação de prazos, fixação de condições,
exigência de garantias, necessidade de grandes investimentos e outras situações do gênero , o permitente criaria uma espécie de
autolimitação ao seu poder de rescindir unilateral e impunemente o ato de permissão (hoje, contrato).
4. Efetivamente, a permissão de serviços lotéricos é caracterizada pela discricionariedade, unilateralidade e precariedade, o que autorizaria a
rescisão unilateral pelo poder permissionário. Nesse sentido: REsp 705.088/SC, 1a Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 11.12.2006; REsp
Permissão de Serviço821.039/RJ, 1a Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 31.8.2006.
Público - Ato precário -5. Entretanto, em hipóteses específicas, como o caso dos autos, é lícito o reconhecimento ao direito à indenização por danos materiais. É
STJ   revogação - indenizaçãoincontroverso nos autos que o permissionário realizou significativo investimento para a instalação do próprio empreendimento destinado à execução do
(caso de permissãoserviço público delegado, inclusive mediante atesto de padronização do poder concedente. Todavia, após poucos meses do início da atividade delegada,
qualificada) a Caixa Econômica Federal rescindiu unilateralmente a permissão, sem qualquer justificativa ou indicação de descumprimento contratual pelo
permissionário. Assim, no caso concreto, a rescisão por ato unilateral da Administração Pública impõe ao contratante a obrigação de indenizar pelos
danos materiais relacionados à instalação da casa lotérica. (STJ, Recurso Especial no 1.021.113 – RJ)
“Dessarte, à luz da doutrina e dos precedentes jurisprudenciais acima mencionados, revela-se juridicamente possível concluir que, de fato, o
Permissão qualificada -
permissionário não detém direito subjetivo na continuação da prestação do serviço público objeto do contrato , na medida em que a
    direitos subjetivo/adquirido
permissão afigura-se impregnada de caráter discricionário e precário, que projeta, por isso, determinado poder à entidade outorgante de,
- não caracterização
unilateralmente, revogar ou rescindir o contrato”.
Permissão - RescisãoConforme entendeu o STJ no multicitado precedente (RESP 1.021.113 – RJ), a rescisão unilateral antecipada de contrato de permissão de serviço
Doutrina emagis unilateral - Dano Moral -público, por ser ato legítimo do Poder Concedente, estando expressamente autorizado por lei, deve ser tido como mero dissabor para o
Mero dissabor particular permissionário,
       
CONTRATO ADMINISTRATIVO

       
  Questão TRF1   A) Na hipótese de inexecução total ou parcial do contrato administrativo, a administração pode aplicar a sanção de advertência juntamente com a
suspensão temporária de participação em licitação.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-as hipóteses de cumulação de sanções estão previstas no § 2º, do art. 87 da Lei 8.666/93, não estando prevista a possibilidade de cumulação de
advertência e suspensão temporária.
Lei 8,666/93. Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes
sanções: § 2o As sanções previstas nos incisos I (advertência), III (suspensão temporária para participar em licitação) e IV (declaração de inidoneidade)
deste artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II (multa), facultada a defesa prévia do interessado, no respectivo processo, no prazo de
5 (cinco) dias úteis.
B) A conversão de cruzeiros reais em unidades reais de valor no território nacional constituiu hipótese de aplicação da teoria da imprevisão, circunstância
  Questão TRF1   que autorizou o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos firmados com o poder público.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
C) O contrato de concessão de serviço público não ostenta a característica da mutabilidade.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1  
AI 42854/GB – STF 2aT - os contratos sobre concessões de serviço público são administrativos, distinguindo-se dos civis pela mutabilidade e pelas
'clausulas exorbitantes’: - o estado-cliente não deixa de ser o estado-principe.
É ilegítima a interrupção de fornecimento de energia elétrica de município inadimplente, quando atingir unidades públicas provedoras de
Licitações e Contratos -necessidades inadiáveis, i. e., referentes à sobrevivência, saúde ou segurança da coletividade.Todavia, há entendimento (no STJ, abaixo - info 378)
STJ 2aT 365 378 421 Interrupção fornecimento deque o corte é possível quando, fora dessas necessidades, o órgão público é avisado e não paga a conta de energia. No Info 421, admitiu-se o corte para
energia um Hospital privado em função de expressivo débito, além da concessionária ter tomado todas as cautelas, julgando-se improcedente a ação de danos
morais movida pelo Hospital.
Não faz sentido admitir-se o fornecimento gratuito, mesmo a um órgão público, de serviços de luz ou água, porque ele também tem de cumprir suas
STJ CE 378 Licitações e Contratos obrigações. Ressalvou-se que se abre exceção apenas para a interrupção de fornecimento de água nos casos dos hospitais e das escolas públicas
(atividades essenciais), a qual necessita de procedimentos como prévia notificação.
Licitação - Sanções -
8. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento de que o termo utilizado pelo legislador - Administração Pública -, no dispositivo concernente
Declaração de inidoneidade
STJ   à aplicação de sanções pelo ente contratante, deve se estender a todas as esferas da Administração, e não ficar restrito àquela que efetuou a
(art. 87, IV) - extensão à
punição. 9. Recurso Especial provido. (STJ. RESP. 520553, DJ: 10/02/2011).
outras unidades federativas
Licitações e Contratos -
STJ 2aT 414 A declaração de inidoneidade baseada na Lei 8666/93 vale perante qualquer órgão público do país (abrangência dada pelo art. 6º XI da lei).
Declaração de inidoneidade
Licitações e Contratos -
STJ 1aS 413 A declaração de inidoneidade só produz efeitos para o futuro (ex nunc). Ela não interfere nos contratos preexistentes e em andamento.
Declaração de inidoneidade
Há acordos celebrados perante a Justiça do Trabalho pelos quais tanto a CEF quanto a União comprometeram-se a não contratar cooperativas para a
prestação de serviços que impliquem existência de subordinação, como é o caso dos serviços gerais objeto da licitação, sob pena de multa diária. Há
Licitações e Contratos -também orientação firmada pelo TCU, com caráter vinculante para a Administração Pública, vedando a participação de cooperativas em licitações que
STJ 2aT 424 Vedação da participação dastenham por objeto a prestação de serviços em que se fazem presentes os elementos da relação de emprego. Assim, não há qualquer ilegalidade na
Cooperativas vedação a que as cooperativas participem de licitação cujo objeto é a prestação de serviços gerais, visto que evidente a razoabilidade da medida
como forma de garantir à Administração selecionar a melhor proposta sob todos os aspectos, notadamente o da prevenção à futura responsabilização
pelo pagamento de débitos trabalhistas e fiscais.
A imprevisibilidade, importante aos contratos administrativos, diz não apenas com a ocorrência de certo fato, mas também com os efeitos de certo fato
STJ 2aT 428 Licitações e Contratos
(casos em que a ocorrência era previsível, mas a amplitude das consequências não).
Tendo ocorrido os motivos que ensejaram a rescisão, bem como a própria rescisão, depois da Lei n. 8.666/1993 é este o diploma que se aplica à
Licitações e Contratos -espécie. É que a rescisão legal dos contratos administrativos será sempre regida pela lei em vigor na data do acontecimento que a ensejou,
STJ 2aT 428 Rescisão - Direitoe não na data em que o contrato foi firmado. É essa, pois, a extensão do art. 121 da Lei de Licitações e Contratos vigente: os requisitos de exigência,
intertemporal validade e eficácia serão os da lei anterior, mas o regime das vicissitudes contratuais, como ocorre com a sistemática da rescisão, será o da lei nova, se
os fatos remontarem à sua época.
A empresa que se utilizou de investidura originária (licitação) para assumir a concessão do serviço público, exceto se houver previsão contratual, não
STJ 4aT 443 Licitações e Contratos
está obrigada a responder por danos ocasionados pela antiga exploradora.
Ao contrário do que sustenta a recorrente (empresa de transporte e turismo), a jurisprudência deste Superior Tribunal está consolidada no sentido de
que as disposições assentadas nas Leis ns. 8.666/1993 (institui normas para licitações e contratos da Administração Pública) e 8.987/1995 (dispõe
Licitações e Contratos -sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos) não revogaram os DLs ns. 3.326/1941 e 5.405/1943, que
STJ - CE 445
Passe livre - Carteiros estabelecem a concessão de passe livre no transporte urbano, inclusive intermunicipal, para os distribuidores de correspondência postal e
telegráfica (carteiros), em virtude de as citadas leis não tratarem da concessão de passe livre e também não apresentarem incompatibilidade com as
normas constantes nos supraditos DLs.
STF 610 Licitações e Contratos -Declarada a constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 (“Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários,
fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. § 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a
Respons. Do Estado - art.regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.”) — entendeu-se que a mera inadimplência do contratado
Pleno
71, § 1º, da Lei 8.666/93 não poderia transferir à Administração Pública a responsabilidade pelo pagamento dos encargos, mas reconheceu-se que isso não
significaria que eventual omissão da Administração Pública, na obrigação de fiscalizar as obrigações do contratado, não viesse a gerar essa
responsabilidade
D) A respeito dos contratos de prestação de serviço firmados pelo Estado, entende o STF que a inadimplência do contratado transfere à administração
pública a responsabilidade pelo pagamento dos encargos trabalhistas.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1   -STF no julgamento da ADC 16 reconheceu a constitucionalidade do art. 71, § 1º da Lei 8.666/93.
Lei 8.666/93. Art. 71. § 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração
Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações,
inclusive perante o Registro de Imóveis.
É pacífico o entendimento desta Corte Superior no sentido de que eventual aumento de salário proveniente de dissídio coletivo não autoriza a
Licitação e contratos -
STJ Questão revisão do contrato administrativo para fins de reequilíbrio econômico-financeiro, uma vez que não se trata de fato imprevisível - o que
revisão - dissídio
afasta, portanto, a incidência do art. 65, inc. II, "d", da Lei n. 8.666/93.
“RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Lei nº 9.227/04, do Município de São José do Rio Preto. Ato concreto. Controle Abstrato. Possibilidade.
Licitação. Lei Municipal -Precedente. (ADI nº 4.048, DJe 22.8.2008). Permuta de bens imóveis por serviços. Exigência de procedimento licitatório. Art. 17, I, "c", da Lei
dispensa - permuta de bensnº 8.666/93. Precedente (ADI nº 927-3-MC, DJ 11.11.1994). Ausência de razões consistentes. Decisão mantida. Agravo regimental improvido. Nega-se
STF Questão
imóveis por serviço -provimento a agravo regimental tendente a impugnar, sem razões consistentes, decisão fundada em jurisprudência assente na Corte” (RE 523220 AgR,
Impossibilidade Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 02/03/2010, DJe-55 DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010 REPUBLICAÇÃO: DJe-110
DIVULG 17-06-2010 PUBLIC 18-06-2010 EMENT VOL-02406-04 PP-00845).
prazo do art. 41, § 2º, da Lei 8.666/93, não se aplica à representação dirigida ao TCU, conforme jurisprudência do STF: “MANDADO DE SEGURANÇA.
ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO QUE DETERMINOU A NÃO-PRORROGAÇÃO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO. INEXISTÊNCIA DE
DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1. Não há direito líquido e certo à prorrogação de contrato celebrado com o Poder Público. Existência de mera
Licitação - Representação
STF Questão expectativa de direito, dado que a decisão sobre a prorrogação do ajuste se insere no âmbito da discricionariedade da Administração
ao TCU - Prazo
Pública, quando embasada em lei. 2. A representação ao Tribunal de Contas da União contra irregularidades em processo licitatório não está limitada
pelo prazo do § 2º do art. 41 da Lei 8.666/93. 3. Segurança denegada” (MS 27008, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em
17/02/2010, DJe-045 DIVULG 11-03-2010 PUBLIC 12-03-2010 EMENT VOL-02393-02 PP-00301 RT v. 99, n. 896, 2010, p. 106-108).
STJ 495 Contrato de concessão - No contrato de concessão constou cláusula dizendo que a concessionária não se responsabilizava pelo passivo trabalhista. Como ex-
2aS sucessão empregados começaram a entrar com ações na J. do Trabalho, a concessionária ajuizou ação declaratória na J. Comum pra ver declarada a
validade da cláusula. Houve conflito de competência.

E, aí, o STJ, nesse conflito de competência, disse: Justiça do Trabalho ou Justiça Comum? STJ entendeu que é a Justiça Comum, a competente
para processo e julgamento dessas ações. Inclusive chegou a dizer que todos aqueles que tinham ações trabalhistas, reclamações trabalhistas
deveriam ser colocados no processo perante a Justiça Comum.

Entendeu, o STJ, que a discussão principal aqui envolvida era a discussão relacionada ao contrato de concessão, ao Direito Administrativo, e
não ao Direito do Trabalho. E que esse caso, portanto, deveria ser julgado à luz do Direito Administrativo, à luz da legislação das concessões
perante a Justiça Comum.

STF Emagis Equilíbrio contratual - há julgados do STF que reputam inconstitucionais leis que concedam isenção do pagamento de pedágio objeto de concessão de obra
Concessão de isenção - pública, particularmente quando não trouxerem a previsão de qualquer forma de compensação ao particular contratado (concessionário).
Impossibilidade Assim o é porque tal isenção representaria violação à garantia da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato administrativo -
ex ADI 2733

Questão Reversão Reversão consiste na transferência, em virtude da extinção contratual, dos bens do concessionário sobre o patrimônio do concendente.
CESPE - Gabarito: certo, embora se possa até admitir que seria mais técnico colocar “os bens destinados à prestação do serviço público”, essa definição
AGU/2012 clássica de reversão ainda se aplica, quanto mais por hoje ser previsto, em geral, nos contratos de concessão de serviço públicos os bens reversíveis.
Ademais, Celso Antônio Bandeira de Mello, quando trata do tema, o faz de maneira genérica, afirmando que “os bens aplicados ao serviço pouca ou
nenhuma significação econômica teriam para o concessionário, apresentando, pelo contrário, profundo interesse para o concedente . Realmente, a
utilidade dos bens aplicados ao serviço só existe para o concessionário enquanto desfruta desta situação jurídica”.

Questão Responsabilidade do “À concessionária cabe a execução do serviço concedido, incumbindo-lhe a responsabilidade por todos os prejuízos causados ao poder
CESPE - Concessionário concedente, aos usuários ou a terceiros, não admitindo a lei que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue tal
AGU/2012 responsabilidade”. Gabarito: certo, pois está conforme enunciado legal no sentido de que “incumbe à concessionária a execução do serviço
concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida
pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade” (art. 25, LF 8.987). Embora a jurisprudência venha admitindo que a ausência de
fiscalização possa atrair a responsabilidade do poder concedente, como o enunciado falou em lei, a questão se mostra como correta.
       
LICITAÇÃO

       
1) Qual foi o primeiro conjunto de regras sobre licitação no Direito Brasileiro?
Resposta:
Oral TRF1 A licitação foi introduzida no direito público brasileiro há mais de cento e quarenta anos, pelo Decreto nº. 2.926, de 14.05.1862, que regulamentava
as arrematações dos serviços a cargo do então Ministério da Agricultura, Comercio e Obras Públicas. Após o advento de diversas outras leis que
trataram, de forma singela, do assunto, o procedimento licitatório veio a final, a ser consolidado, no âmbito federal, pelo Decreto nº. 4.536, de
28.01.22, que organizou o Código de Contabilidade da União.

2) Um cidadão comum pode impugnar o edital de licitação? E se conecta a que princípio?


Resposta:
Em havendo discordância com os termos do edital, o art. 41 da Lei 8.666/93, estabelece que pode haver a sua impugnação, a ser realizada por
qualquer cidadão (aquele que está no gozo dos direitos políticos), no prazo de até 05 dias úteis de antecedência à data designada para a
Oral TRF1 abertura dos envelopes de habilitação.
Essa regra se relaciona com os princípios da impessoalidade, moralidade e, sobretudo, com o princípio da publicidade, cujo objetivo é
permitir o acompanhamento e controle do procedimento não só pelos participantes como também, quiçá principalmente, pelos administrados em geral.
Alexandrino diz que esse princípio impõe, ainda, que os motivos determinantes das decisões proferidas em qualquer etapa do procedimento sejam
declarados, permitindo o efetivo controle do procedimento. Todos esses princípios estão elencados no art. 3º da Lei 8.666/93.

3) Quais os princípios que regem a licitação?


Resposta:
Oral TRF2 Todos os princípios da Administração Pública também se aplicam a licitações e contratos administrativos.
Os princípios previstos expressamente no art. 3º da lei 8.666 são: Legalidade / Impessoalidade / Moralidade / Igualdade / Publicidade / Probidade
administrativa / Vinculação ao instrumento convocatório / Julgamento objetivo

4) A legalidade do art. 3º da Lei no. 8.666/93 é classificada como absoluta ou relativa? Por quê?
Resposta:
A Administração Pública está vinculada ao princípio da legalidade absoluta, só podendo agir dentro do que a lei permite ou determina. Logo, também
Oral TRF2 no que concerne ao procedimento da licitação deve-se aplicar a legalidade absoluta.
No campo das licitações o princípio da legalidade impõe, principalmente, que o administrador observe as regras que a lei traçou para o procedimento.
É a aplicação do devido processo legal, segundo o qual se exige que a Administração escolha a modalidade certa; que seja bem clara quanto aos
critérios seletivos, dentre outros pontos.

Oral TRF2 6) Quais as modalidades de licitação?


Resposta:
Concorrência; / Tomada de preço; / Convite; / Leilão; / Concurso; / Consulta / Pregão.
D) O contrato de gestão, instituto oriundo da reforma administrativa, recebeu tratamento diferenciado no ordenamento jurídico nacional, a exemplo da
Lei de Licitações e Contratos, que inseriu a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das
Licitação - Dispensa -respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão como hipótese de inexigibilidade de licitação.
  Questão TRF1
Organizações sociais (E) – GABARITO PRELIMINAR
-Lei 8.666/93. Art. 24. É dispensável a licitação: XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
A) A contratação de serviços de advogado por inexigibilidade de licitação tem amparo na Lei de Licitações.
(C) – GABARITO PRELIMINAR
Lei 8.666/93. Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: V - patrocínio ou
defesa de causas judiciais ou administrativas; § 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a prestação de serviços
Serviço de advogado -técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou
  Questão TRF1
inexigibilidade remuneração.

É a posição do STJ, que não reputa descabida a contratação de serviços advocatícios mediante inexigibilidade de licitação. Aliás, o próprio art. 25, II, c/c
art. 13, V, da Lei 8.666/93 considera possível enquadrar tais serviços como de natureza singular e de notória especialização, para, em sendo o caso,
autorizar a inexigibilidade. - REsp 1285378
B) A sistemática constante da Lei de Licitações impede a denominada pré-qualificação dos licitantes nas concorrências.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1 Pré-qualificação
Lei 8.666/93. Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser procedida sempre que o
objeto da licitação recomende análise mais detida da qualificação técnica dos interessados.
4. Este Tribunal entende que é lícito à Administração introduzir alterações no Edital, devendo, em tal caso, renovar a publicação do aviso por
prazo igual ao original, sob pena de frustrar a garantia da publicidade e o princípio formal da vinculação ao procedimento. (STJ. RESP
Licitação - Alteração do
1076331, DJ: 06/10/2010).
    edital no curso do processo
licitatório
-prevê o art. 21, § 4º, da Lei nº 8.666/93 que “qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que se deu o texto original,
reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.”
Licitação - Sanções -
8. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento de que o termo utilizado pelo legislador - Administração Pública -, no dispositivo concernente
Declaração de inidoneidade
STJ   à aplicação de sanções pelo ente contratante, deve se estender a todas as esferas da Administração, e não ficar restrito àquela que efetuou a
(art. 87, IV) - extensão à
punição. 9. Recurso Especial provido. (STJ. RESP 520553, DJ: 10/02/2011).
outras unidades federativas
C) O prazo para interposição de recurso contra a habilitação ou a inabilitação do licitante tem início a partir da data constante do aviso de recebimento
por meio do qual tenha sido dada ciência da respectiva decisão.
  Questão TRF1 Recurso (E) – GABARITO PRELIMINAR
Lei 8.666/93. Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem: I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de: a) habilitação ou inabilitação do licitante;
Súmula nº 333 STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa
STJ   MS - Cabimento - Licitação
pública.
D) É admitida a contratação direta na denominada licitação fracassada, desde que mantidas todas as condições constantes do instrumento convocatório.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1 Licitação Fracassada Lei 8.666/93. Art 48, § 3º- Quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas as propostas forem desclassificadas, a administração poderá fixar aos
licitantes o prazo de oito dias úteis para a apresentação de nova documentação ou de outras propostas escoimadas das causas referidas neste artigo,
facultada, no caso de convite, a redução deste prazo para três dias úteis. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
Convite - LicitaçõesE) Não se admite a utilização da modalidade do convite nas licitações internacionais.
  Questão TRF1
internacionais (E) – GABARITO PRELIMINAR
Possibilidade de leiLei municipal pode proibir que os agentes políticos do município (e seus parentes) mantenham contrato com o Poder Público municipal.
STF 2aT 668 municipal restringir aA União detém competência para legislar sobre as normas gerais de licitação, podendo os Estados e Municípios legislar sobre o tema para
contratação de parentes complementar as normas gerais e adaptá-las às suas realidades.
Questão Pregão Eletrônico Se um órgão da administração pública federal, ao divulgar pregão eletrônico para o sistema de registro de preços, no valor total estimado de R$
CESPE - AGU 50.000,00, publicar aviso de edital no seu próprio sítio na Internet e no Diário Oficial da União, estará caracterizado o uso de todos os meios de
2012 divulgação exigidos pela legislação para convocar os eventuais interessados em participar do pregão. (ERRADO)

Dec. 5450/2005
Art. 17. A fase externa do pregão, na forma eletrônica, será iniciada com a convocação dos interessados por meio de publicação de aviso, observados
os valores estimados para contratação e os meios de divulgação a seguir indicados:
I - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais):
a) Diário Oficial da União; e
b) meio eletrônico, na internet;
II - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais) até R$ 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais):
a) Diário Oficial da União;
b) meio eletrônico, na internet; e
c) jornal de grande circulação local;
III - superiores a R$ 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais):
a) Diário Oficial da União;
b) meio eletrônico, na internet; e
c) jornal de grande circulação regional ou nacional.
§ 1o Os órgãos ou entidades integrantes do SISG e os que aderirem ao sistema do Governo Federal disponibilizarão a íntegra do edital, em
meio eletrônico, no Portal de Compras do Governo Federal - COMPRASNET, sítio www.comprasnet.gov.br.
§ 2o O aviso do edital conterá a definição precisa, suficiente e clara do objeto, a indicação dos locais, dias e horários em que poderá ser lida ou
obtida a íntegra do edital, bem como o endereço eletrônico onde ocorrerá a sessão pública, a data e hora de sua realização e a indicação de que o
pregão, na forma eletrônica, será realizado por meio da internet.
§ 3o A publicação referida neste artigo poderá ser feita em sítios oficiais da administração pública, na internet, desde que certificado
digitalmente por autoridade certificadora credenciada no âmbito da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.
§ 4o O prazo fixado para a apresentação das propostas, contado a partir da publicação do aviso, não será inferior a oito dias úteis.
§ 5o Todos os horários estabelecidos no edital, no aviso e durante a sessão pública observarão, para todos os efeitos, o horário de Brasília,
Distrito Federal, inclusive para contagem de tempo e registro no sistema eletrônico e na documentação relativa ao certame.
§ 6o Na divulgação de pregão realizado para o sistema de registro de preços, independentemente do valor estimado, será
adotado o disposto no inciso III.

Questão Recurso - Efeito Caso uma empresa participante de concorrência pública apresente recurso em decorrência da publicação de ato que a declare inabilitada para o
CESPE - AGU Suspensivo - Habilitação / certame, tal recurso terá, necessariamente, efeito suspensivo.
2012 Julgamento da proposta Gabarito: correta, pois os recursos que tiverem por objeto a habilitação ou inabilitação do licitante, assim como o julgamento das propostas,
terão efeitos suspensivos, a rigor do que é previsto no parágrafo segundo do art. 109, LF 8.666/03. Nos demais casos, a autoridade poderá
atribuir esses mesmos efeitos, motivadamente e desde que presentes razões de interesse público.

CESPE Convite - Dispensa CESPE - 2010 - MPU - Técnico Administrativo - Considere que o governo de determinado estado-membro da Federação tenha realizado licitação, na
modalidade convite, para contratar um escritório de contabilidade para desempenhar atividades contábeis gerais, mas não tenha havido
interessados. Nesse caso, é permitida a contratação com dispensa de licitação, desde que observados os requisitos legais. CERTO

A chave da resposta dessa questão está na parte "desde que observados os requisitos legais". O requisito legal "principal" seria o §7º do art. 22 da
LLC:

"Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes
exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do convite"

O determinado estado-membro poderia muito bem mandar novamente convites para mais três escritórios e não acudindo interessados, dispensar
a licitação. A questão não falou isso, mas por ter mencionado "os demais requisitos legais", deixou tudo certo, na minha opinião.
CESPE/IBAMA 2009 - No caso da adoção da modalidade convite para a realização de uma licitação, e não havendo demonstração de interesse em
apresentação de propostas por parte dos licitantes convidados, não pode ser realizada a contratação direta pela administração, sem antes
realizar nova licitação. CERTO

Correto também, agora aqui não apareceu o "observados os requisitos legais" mas falou o que em regra teria que ser feito, repetir-se o envio
dos convites.

A posição da AGU é de que não há dispensa quando é convite. Há doutrina de Jorge Ulisses Jacoby Fernandes tb:

"Em princípio, como na modalidade de convite é a Administração quem escolhe os possíveis futuros licitantes, não parece mesmo razoável
que lhe seja permitido servir-se da possibilidade de "ausência de interesse" para contratar diretamente, quando, em verdade, convidou mal".

3) O que ocorre com propostas parecidas no pregão com relação à EPP ou ME e empresas normais?
Resposta:
O procedimento do leilão é caracterizado pela utilização de duas técnicas para escolha da melhor proposta, na etapa da classificação e julgamento.
Primeiro, são abertas as propostas escritas e classificadas de acordo com o melhor preço. Escolhe-se a melhor e aquelas que se encontram no patamar
de até 10% do valor da melhor proposta (se não houver, escolhe-se as três melhores). Em seguida, oportuniza-se aos participantes pré-selecionados a
apresentação de lances verbais, os quais são iniciados pelo participante que tenha a melhor proposta escrita.
Oral TRF1 Nesse quadro, o Estatuto da Microempresa e EPP (LC 123/06) criou regra especial para quando participarem tais empresas do procedimento de
pregão: encerrando-se os lances, a ME ou EPP mais bem classificada e cujo valor ofertado seja de até 5% do valor apresentado pelas
empresas comuns (empate ficto), é convocada para oferecer nova proposta, no prazo de 5 minutos, de preço inferior àquela considerada
vencedora do certame, situação em que será adjudicado em seu favor o objeto licitado.
Não ocorrendo a contratação da microempresa ou empresa de pequeno porte, serão convocadas as remanescentes que porventura se enquadrem na
hipótese acima, na ordem classificatória, para o exercício do mesmo direito. No caso de equivalência dos valores apresentados pelas microempresas e
empresas de pequeno porte, será realizado sorteio entre elas para que se identifique aquela que primeiro poderá apresentar melhor oferta. Na
hipótese da não-contratação nos termos previstos, o objeto licitado será adjudicado em favor da proposta originalmente vencedora do certame.

4) Pregão, é ele modalidade obrigatória?


Resposta:
O decreto 5.450/2005 obriga a utilização do pregão na hipótese de aquisição de bens e serviços comuns pela União (pois é decreto federal), quando
esta modalidade for cabível.
Oral TRF1 Para os demais entes federativos, não há lei que obrigue a adoção do pregão, o que a princípio o tornaria uma modalidade facultativa de licitação. José
dos Santos, contudo, alerta que, apesar da faculdade conferida à Administração, é preciso levar em consideração a finalidade do novo diploma, que é a
de propiciar maior celeridade e eficiência no processo de seleção de futuros contratados. Assim, entende o doutrinador que, surgindo hipótese que
admita o pregão, a faculdade desaparece, pois o administrador deverá adotá-lo para atender ao fim público da lei. Entretanto, se optar por outra
modalidade, caber-lhe-a justificar devidamente a sua escolha, a fim de que se possa verificar se os motivos alegados guardam congruência com o
objeto do ato optativo.

Oral TRF1 5) Em relação à chamadas agências reguladoras, o senhor já ouviu falar na modalidade consulta de licitação?
Resposta:
Consulta é a modalidade de licitação exclusiva das AGÊNCIAS REGULADORAS, adequada à contratação de bens e serviços não classificados como
comuns e que não seja obras e serviços de engenharia civil.
Ela foi primeiramente instituída pela lei da ANATEL (lei 9.472/97), mas depois foi estendidas a todas as agências reguladoras federais pela lei
9.986/2000.
Alexandrino questiona a constitucionalidade da previsão da consulta pela lei da ANATEL porque ela foi extremamente sucinta, prevendo a disciplina
(não a mera regulamentação) dessa nova modalidade de licitação por decreto a cargo do ente administrativo, o que viola a regra da lei 8.666/93 que
proíbe expressamente a criação de outras modalidades.
A Anatel disciplinou a consulta para as suas contratações por meio de resolução, definindo o julgamento das propostas por um júri, segundo critério
que leve em consideração custo e benefício.

6) Quais as consequências para o servidor público da administração que devassa o conteúdo de uma proposta licitatória?
Resposta:
Oral TRF1 A violação ao sigilo, por fraudar a competitividade do procedimento, implica em: Prática de crime previsto no art. 94 da Lei 8.666/93 (fraude na
licitação), sob pena de detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
Ato de improbidade administrativa.

7) Se a licitação é pública porque as propostas têm de ser sigilosas?


Resposta:
O princípio do sigilo das propostas encontra amparo nos próprios fundamentos inspiradores da licitação e não se opõe ao princípio da publicidade, mas
ao contrário contribui para a realizaçao de seus fins. De um lado, o princípio do sigilo das propostas visa resguardar a competitividade do
procedimento, impedindo que outros participantes tomem conhecimento antecipadamente das demais propostas, tornando inócua a finalidade do
Oral TRF1
instituto que é a de propociar a escolha da melhor proposta pela Administraçao, com base em critérios de impessoalidade e moralidade administrativa.
De outro, o princípio da publicidade informa que a licitação deve ser amplamente divulgada, de modo a possibilitar o conhecimento de suas regras ao
maior número de pessoas possíveis. Afinal, quanto mais pessoas tiverem conhecimento da licitação, mais eficiente será a forma de seleção. Logo,
tanto o princípio do sigilo das propostas quanto o princípio da publicidade tem como fim último a garantia da competitividade, da impessoalidade,
moralidade e igualdade no procedimento licitatório.

8) É possível ao administrador dividir o objeto da licitação, e se for, em que hipóteses?


Resposta:
De acordo com a Lei nº 8.666/1993, é obrigatório o parcelamento quando o objeto da contratação tiver natureza divisível, desde que não haja prejuízo
para o conjunto a ser licitado. Compras, obras ou serviços efetuados pela Administração serão divididos em tantos itens, parcelas e etapas que se
comprovem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado,
Oral TRF1 sem perda da economia de escala.
O parcelamento do objeto subordina-se especialmente aos princípios da economicidade e da ampliação da competitividade.
É importante não esquecer que sempre deve ser preservada a modalidade pertinente para a execução de todo o objeto da contratação. Devem ser
somados os valores correspondentes aos itens parcelados e definida a modalidade de licitação forem necessários. Isso por que não é possível dividir
uma contratação desejada em várias de menores valores, a fim de dispensar a licitação ou fazê-la por outra modalidade. Não se pode parcelar aquilo
que é possível contratar por inteiro, sob pena de se violar o princípio da obrigatoriedade.

Oral TRF1 9) Qual a modalidade de licitação para registros de preços?


Resposta:
Concorrência e pregão.
O registro de preços é o meio apto a viabilizar diversas contratações diretas (sem a realização de um específico procedimento licitatório previamente
a cada uma) de compras, concomitantes ou sucessivas, com os fornecedores registrados, por um ou mais de um órgão ou entidade da Administração
Pública. Está prevista no art. 15 da Lei 8666/93, segundo o qual as compras, sempre que possível, deverão ser processadas através de sistema de
registro de preços. O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado e os preços registrados serão publicados trimestralmente
para orientação da Administração, na imprensa oficial.
O §3º do art. 15 da lei 8.666/93 define a utilização da modalidade CONCORRÊNCIA para selecionar os potenciais fornecedores na sistemática do
registro de preços e a lei 10.520/2002 possibilita a utilização da modalidade PREGÃO, quando o sistema de registro de preços destinar-se a compras e
contratações de bens e serviços comuns. O decreto 3.931/2001 que regulamenta o sistema de registro de preços na esfera federal, prevê, quando a
modalidade for concorrência, a utilização do tipo menor preço, mas admite, excepcionalmente, o tipo técnica e preço. No caso do pregão, o tipo é
sempre menor preço.

7) Os fundos especiais podem se valer do pregão eletrônico?


Resposta:
Sim. Os fundos especiais constituem reservas financeiras criadas por lei, cuja gestão fica sempre, de alguma maneira, a cargo de órgãos públicos, e
Oral TRF2 estes podem se valer da modalidade do pregão eletrônico nos termos da Lei 10.520. Ademais, a referida lei, que trata do pregão, registra a aplicação
subsidiária das normas da Lei 8.666/93, que traz como destinatário de sua disciplina os fundos especiais. Ressalte-se que a doutrina considera
imprópria a menção a fundos especiais não só por que são despidos de personalidade jurídica, como também por que constituem meras reservas
financeiras criadas por lei, como antecipado.

9) Qual o rito do pregão eletrônico?


Resposta:
O fornecedor interessado em participar do pregão eletrônico deve cadastrar-se por meio do web site do órgão solicitante. O fornecedor normalmente
recebe uma senha, que permite o acesso à opção para certificação da empresa. O uso da senha de acesso é de responsabilidade total do licitante,
inclusive no que diz respeito a qualquer transação que venha efetuar diretamente, ou por seu representante, não cabendo ao provedor do sistema ou
ao órgão licitador, qualquer responsabilidade por eventuais danos decorrentes do uso indevido da senha, ainda que por terceiros.
Após a confirmação da certificação, o fornecedor está habilitado a participar dos pregões referentes àquele órgão.
O pregão eletrônico acontece como numa sala de bate-papo, onde as propostas são apresentadas pelos concorrentes. Inicia-se com a fixação da
menor proposta. O pregoeiro então instiga os concorrentes a fazer lances até que não haja mais propostas. O pregão ocorre como um leilão ao
Oral TRF2 contrário, onde ganha o fornecedor que oferecer o menor preço pela mercadoria ou serviço. Normalmente, a identidade dos autores dos lances não é
revelada aos demais concorrentes.
Em seguida, verifica-se a habilitação da empresa vencedora. Se ela não estiver perfeitamente habilitada, a habilitação da segunda colocada é
verificada. Ao final da sessão, os proponentes podem manifestar a intenção de interpor recursos, com prazo determinado.
Finalmente, a contratação é efetuada após a decisão dos recursos interpostos.

10) O que é o termo de referência no âmbito do pregão eletrônico?


Resposta:
O termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar a avaliação do custo pela Administração, diante de orçamento
detalhado, considerando os preços praticados no mercado, a definição dos métodos, a estratégia de suprimento e o prazo de execução do contrato.

10) Pode haver inexigibilidade de licitação para aquisição de bens?


Resposta:
Sim. A licitação é inexigível, diz o art. 25 da lei 8.666/99, quando a competição for inviável, em especial nas hipóteses elencadas em seus incisos,
dentre as quais cita-se a aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou
representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado
Oral TRF1 fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou
Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes.
Indubitavelmente, o rol trazido pelo art. 25 da Lei 8.666/93 é meramente exemplificativo. Mas as hipóteses elencadas não deixam dúvida de que,
sempre que a competição for inviável, independentemente de o objeto da licitação seja a aquisição de bens ou a prestação de um serviço, ela será
inexigível.
Para que a competição seja viável, precisa preencher 3 pressupostos: LÓGICO, JURÍDICO e FÁTICO.

Oral TRF1 11) A administração pode optar por fazer uma concorrência, tomada de preço em detrimento do pregão?
Resposta:
O pregão não é modalidade de uso obrigatório pelos órgãos públicos. Trata-se, pois, de atuação discricionária, na qual a administração terá a
faculdade de adotar o pregão ou alguma das modalidades adotadas no Estatuto geral.
A União, sensível a necessidade de acelerar o processo seletivo para contratações, tornou obrigatória a adoção da modalidade de pregão para a
aquisição de bens e serviços comuns.
Há, contudo, algumas hipóteses em que o uso do pregão é excepcionalmente facultado à União. Uma delas refere-se ao registro de preços, pois a lei
10.520/2002 possibilita a utilização da modalidade PREGÃO, quando o sistema de registro de preços se destinar a compras e contratações de bens e
serviços comuns. Outra hipótese refere-se a aquisição de bens e serviços de informática, uma vez que a lei 8.248/91 autoriza o uso da
modalidade pregão, a qual sempre adota o tipo menor preço, para “aquisição de bens e serviços de informática e automoção”, desde que estes se
enquadrem como “bens e serviços comuns”.

13) Franquia postal. Os franqueados têm obrigação de licitar na medida em que prestam serviço público?
Resposta:
Não. O art. 1º, parágrafo único da Lei 8.666/93 traz expressamente os destinatários da obrigação de licitação, não incluindo dentre eles os particulares
concessionários de serviço público.
Oral TRF2 Situação distinta, contudo, é a da contratação de franqueado. Essa hipótese, sim, exige a realização de licitação, seja por que a Constituição Federal
estabelece que a concessão de serviço público ocorrerá sempre mediante licitação, seja por que o contratante (empresa pública) está incluído dentre
aqueles que a lei obriga a licitar. Acrescente-se ainda o fato de a empresa pública dos Correios exerce atividade em regime de exclusividade e possui
tratamento equivalente a DA Fazenda Pública, o que exige maior cautela em sua atuação para resguardar os princípios da moralidade, eficiência,
isonomia e impessoalidade. Pela necessidade de licitação para a contratação de franquia, tem se posicionado os tribunais regionais federais e o STF.

16) Precisa licitar para comprar obras de arte (quadros)?


Resposta:
A compra de obra de arte pode ser efetuada em prévia licitação, seja por se enquadrar na hipótese de inexigibilidade, seja por se enquadra em uma
das hipóteses de licitação dispensável.
A licitação é inexigível, diz o art. 25 da lei 8.666/99, quando a competição for inviável, em especial, dentre outras hipótese, quando o serviço for
de natureza singular, o fornecedor singular e o trabalho artístico realizado por artista reconhecido pela crítica ensejam a inexigibilidade de
licitação. Nesse última previsão, é perfeitamente possível enquadrar uma obra de arte.
Por outro lado, a licitação será dispensável – ou seja, é possível licitar, mas a administração tem a discricionariedade de não fazê-lo – para a
Oral TRF2
aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às
finalidades do órgão ou entidade (art. 24, XV).

17) E cães de guarda?


Resposta:
A compra de cães de guarda pode se enquadrar em alguma das hipóteses de inexigibilidade se o animal for de fornecedor exclusivo (por exemplo,
somente determinado fornecedor adestra cria e fornece cães aptos ao atendimento do interesse da Administração ) ou o animal for de natureza
singular (somente uma determinada raça atende ao interesse da Administração). A inexigibilidade da licitação deverá ser devidamente justificada.

1) Há violação de princípios constitucionais em haver contratação direta pela administração?


Resposta:
Oral TRF3
Não, desde que a contratação direta seja realizada com base nas hipóteses admitidas pela lei 8.666/93, que visando tutelar interesses de igual
relevância ao princípio da obrigatoriedade da licitação, excepciona o procedimento nos casos especificamente elencados.

Oral TRF3 2) A autoridade que homologa procedimento licitatório pode anular o certame? E revogá-lo? Por quê?
Resposta:
Sim. A anulação pode ser decretada quando existe vício de legalidade no procedimento licitatório, o que abrange a violação aos princípios e as
regras da licitação. Isso por que a Administração é dotada do poder de autotutela e deve afastar os atos ilegais para que sejam preservados a
supremacia do interesse público e os demais princípios que a regem.
Já a revogação é o desfazimento dos efeitos da licitação, que só pode ocorrer em duas situações: i) por motivo de interesse público, decorrente de
fato superveniente devidamente comprovado (art. 41 da Lei 8.666/93); ii) a critério da Administração, quando o adjudicatário, tendo sido por ela
convocado, no prazo e condições estabelecidas no edital, para assinar o termo de contrato ou aceitar ou retirar o instrumento equivalente, recusar-se
a fazê-lo, ou simplesmente não comparecer.
O desfazimento da licitação, seja pela anulação, seja pela revogação, obriga a administração a assegurar aos interessados o contraditório e a ampla
defesa (art. 49, §1º). Nesse sentido, entende o STJ (REsp 959.733-RJ DJ. 19.11.2007).

3) Em subcontratações, quem responde civilmente? Por quê?


Resposta:
A responsabilidade é solidária entre o contratado e o subcontratado. Isso por que a relação jurídica do contrato administrativo possui algumas
peculiaridades próprias de sua natureza, dentre as quais se destaca a confiança recíproca, o caráter intuito personae, uma vez que o contratado é, em
Oral TRF3 tese, o que melhor comprovou condições de contratar com a Administração. Sendo assim, não é possível afastar a responsabilidade daquele que foi
escolhido pela administração, com base em critérios de igualdade e moralidade, para executar o serviço. O próprio caráter intuito personae impede tal
exclusão. Nesse sentido, estabelece o art. 72 da Lei 8.666/93 que o contratado poderá subcontratar, sem prejuízo das responsabilidades contratuais e
legais, parte do objeto da licitação, até o limite admitido, em cada caso, pela Administração. Também não seria razoável excluir a responsabilidade do
subcontratado, responsável direto pelo dano. A responsabilização solidária, portanto, é a que melhor protege o interesse público.

5) No caso de permissão de uso há necessidade de licitar?


Resposta:
No caso de permissão de uso, deve entender-se necessária a licitação sempre que for possível e houver mais de um interessado na utilização do bem,
evitando-se favorecimentos ou preterições ilegítimas. Nesse sentido, posiciona-se José dos Santos Carvalho Filho.
Oral TRF3 O doutrinador ressalva, contudo, alguns casos especiais em que a licitação será inexigível, como, por exemplo, a permissão de uso de calçada em
frente a um bar, restaurante ou sorveteria.
Registre-se ainda que as permissões de uso de bens imóveis residenciais e de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até
250m² estão entre os casos de dispensa de licitação, quando estiverem inseridos em programas habitacionais ou de regularização fundiária de
interesse social desenvolvidos pela Administração Pública (art, 17, I, “f” e “h” da Lei 8.666).

6) Empresa pública tem que licitar?


Resposta:
As empresas públicas podem ser constituídas para desempenhar serviço público ou atividade econômica. Tais entidades possuem regime híbrido. Caso
prestem serviço público, indubitavelmente, deverão respeitar as regras previstas na Lei 8.666/93 e estarão obrigadas a licitar.
Quanto às entidades que exploram atividade econômica, dispõe a constituição federal que elas poderão, por lei específica, ter estatuto próprio para
Oral TRF3
licitação e contrato (art. 173, §1º, III CF). Como o referido estatuto ainda não existe, deve-se aplicar também a elas a Lei 8.666/93, que elenca como
destinatários as empresas públicas e sociedades de economia mista sem fazer distinção.
Cabe ressaltar que parte da doutrina e da jurisprudência se posiciona no sentido de que as entidades estatais que explorem atividades econômicas em
sentido estrito não se sujeitam a licitação quando o contrato que pretendem celebrar tenha objeto relacionado às atividades-fim da entidade.
Nessa linha, no caso das alienações de bens que sejam produzidos pelas entidades como sua atividade-fim, a própria Lei 8.666/93 dispensa a licitação.
       
PPP

       
C) Em se tratando de PPP na modalidade patrocinada, o parceiro público não dispõe de poderes como a encampação ou a intervenção ou o de decretar a
  Questão TRF1   caducidade.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1   D) A PPP na modalidade administrativa não admite a atualização dos valores contratuais, circunstância que revela a ausência do denominado equilíbrio
econômico-financeiro no ajuste firmado.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-Lei 11.079/04. Art. 5o As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto no art. 23 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de
1995, no que couber, devendo também prever: IV – as formas de remuneração e de atualização dos valores contratuais;
       
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA - ENTIDADES

       
ADMINISTRAÇÃO DIRETA

       
Órgãos - Criação,STF reconheceu a inconstitucionalidade formal da íntegra da Resolução 2/2008 — que dispõe sobre a reorganização dos serviços de notas e
STF - Modificação e Extinção -de registros das comarcas de entrância intermediária e final do Estado de Goiás —, editada pelo Conselho Superior da Magistratura daquele ente
633
Pleno Princ Legalidade - Serviçosfederativo. Por se tratar de órgão ou órgãos, qualquer criação, modificação ou extinção somente poderia ser operada por lei formal em sentido
de Notas e Registros estrito, o que, no caso, não ocorrera.
       
AUTARQUIAS

       
A) O STF entende que a imunidade tributária recíproca dos entes políticos, prevista na CF, não é extensiva às autarquias.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1   RE 475268 AgR/MG – STF 2aT - 1. O Supremo Tribunal Federal entende que a imunidade tributária recíproca dos entes políticos, prevista no art. 150,
VI, a, da Constituição Republicana, é extensiva às autarquias, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
       
FUNDAÇÕES

       
       
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E EMPRESAS PÚBLICAS

       
B) As sociedades de economia mista somente têm foro na justiça federal quando a União intervém como assistente ou opoente, competindo à justiça
federal, e não à justiça comum, decidir acerca da existência de interesse que justifique a presença da União no processo.
(C) – GABARITO PRELIMINAR
- SÚMULA Nº 517 - As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal, quando a união intervém como assistente ou opoente.
  Questão TRF1 Competência
(PASSÍVEL DE RECURSO) - também há outras hipóteses de reconhecimento da competência da JF, como é o caso da União como parte, ou a presença
de uma autarquia federal.
SÚMULA 150 STJ - Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas
autarquias ou empresas públicas.
C) Os empregados das empresas públicas e das sociedades de economia mista estão sujeitos ao teto remuneratório estabelecido para a administração
pública, mesmo quando tais entidades não recebem recursos da fazenda pública para custeio em geral ou gasto com pessoal.
  Questão TRF1 Teto Remuneratório (E) – GABARITO PRELIMINAR
-CF Art. 37. § 9º - O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
  Questão TRF1 Servidor prestando serviçoD) De acordo com o entendimento do STJ, o servidor da administração pública federal direta que tenha prestado serviços a empresa pública ou a
em SEM / EP - Adicional desociedade de economia mista tem direito ao cômputo do tempo de serviço prestado nas referidas entidades para todos os fins, inclusive para a
tempo de serviço percepção de adicional de tempo de serviço.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
- REsp 1220104 – STJ 2aT.
2. A jurisprudência do STJ entende que, submetendo-se as empresas públicas e as sociedades de economia mista ao regime próprio das empresas
privadas, o tempo prestado pelo recorrido no Banco do Brasil S/A somente pode ser computado na forma prevista no art. 103, inc. V, da Lei n. 8.112/90,
isto é, conta-se apenas para efeitos de aposentadoria e disponibilidade.
-Info 386 - STJ 5aT - o tempo de serviço prestado àquelas instituições somente pode ser computado na forma prevista no art. 103, V, da Lei n.
8.112/1990 (contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e disponibilidade o tempo de serviço em atividade privada vinculada à Previdência Social),
visto que se trata respectivamente de empresa pública e sociedade de economia mista, sujeitando-se, assim, ao regime próprio das empresas privadas,
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias (art. 173, §1º, II, da CF/1988).
E) Os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas e de sociedade de economia mista podem ser contestados por
meio de mandado de segurança.
  Questão TRF1 MS - Ato de Gestão (E) – GABARITO PRELIMINAR
- Lei 12.016/09. Art. 1º. § 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas
públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.
       
AGÊNCIAS EXECUTIVAS

       
A) Na esfera federal, a qualificação de uma autarquia ou fundação como agência executiva decorre de iniciativa exclusiva do chefe do Poder Executivo.
  Questão TRF1  
(E) – GABARITO PRELIMINAR
       
AGÊNCIAS REGULADORAS

       
É da exclusiva competência das agências reguladoras estabelecer as estruturas tarifárias que melhor se ajustem aos serviços de telefonia
Agências Reguladoras -oferecidos pelas empresas concessionárias. O Judiciário, sob pena de criar embaraços que podem comprometer a qualidade dos serviços e, até mesmo,
STJ 1aT 379 Política Tarifária - Poderinviabilizar sua prestação, não deve intervir para alterar as regras fixadas pelos órgãos competentes, salvo em controle de constitucionalidade.
Judiciário (o caso: Ministério Público, via ACP, insurge-se contra a fixação da Anatel de prazo de validade de noventa dias para a fruição, pelo usuário, dos créditos
da telefonia móvel pré-paga)
A Anatel é responsável por resolver as condições de interconexão quando se mostrar impossível a solução entre as operadoras
interessadas (art. 153, § 2º, da Lei n. 9.472/1997 e Res. n. 410/2005 da Anatel). Assim, frente ao alto grau de discricionariedade técnica imanente ao
STJ 2aT 437 Agências Reguladoras tema e em consideração aos princípios da deferência técnico-administrativa, da isonomia e da eficiência, a lógica do sistema de telecomunicações
impõe a prudência de estender o valor de uso de rede móvel (VU-M) fixado no despacho n. 3/2007 a todos os demais participantes de
arbitragens similares.
B) Os ex-dirigentes das agências reguladoras continuam vinculados à entidade no denominado período de quarentena, durante o qual fazem jus à
remuneração compensatória equivalente ao cargo de nível imediatamente abaixo do cargo de direção que exerciam.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
- Lei 9.986/00 - Art. 8o O ex-dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela respectiva
  Questão TRF1  
agência, por um período de quatro meses, contados da exoneração ou do término do seu mandato. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.216-37,
de 2001)
§ 2o Durante o impedimento, o ex-dirigente ficará vinculado à agência, fazendo jus a remuneração compensatória equivalente à do cargo de direção
que exerceu e aos benefícios a ele inerentes. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
A ANATEL não têm poderes para, administrativamente, fazer cessar as atividades da rádio e apreender seus equipamentos, conforme entendimento
Busca e apreensão de
atual do STJ. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 1668-5, suspendeu a eficácia do art. 19, XV, da Lei 9.472/1997, que concedia
STF   equipamentos realizada pela
à ANATEL a competência para, administrativamente, proceder à apreensão de equipamentos utilizados indevidamente pela rádio
ANATEL
comunitária, necessitando a agência, para imediata cessação de funcionamento da radiodifusão, recorrer ao Judiciário.
Questão Agências Reguladoras - “As relações de trabalho nas agências reguladoras são regidas pela CLT e pela legislação trabalhista correlata, em regime de emprego
CESPE - Regime Jurídico nas público.” Gabarito: errada, embora haja previsão na Lei no 9.986/2000, possibilitando a contratação de empregados públicos no âmbito das
AGU/2012 relações trabalhistas agências reguladoras. No entanto, a matéria foi submetida ao STF, pela ADI 2.130, tendo decidido, em sede de liminar, que, como as carreiras
vinculadas às agências reguladores detêm atribuição de fiscalizar, poder de polícia, exigir-se-ia para seus integrantes a estabilidade do
regime estatutário. O STF decidiu favoravelmente à concessão da liminar, para suspender a contratação pela CLT nas agências e condicionou a
apreciação de mérito à ADI 2.135-4/2000. Houve, ainda, a possibilidade de se criar regime jurídico de contratação para funções típicas do Estado na
forma da CLT, mas o STF suspendeu, apenas analisando o tema à luz da inconstitucionalidade formal, a eficácia da EC 19. De qualquer sorte, o
Governo Lula, através da Medida Provisória nº 155 publicada no Diário Oficial da União em 23/12/2003, criou “carreiras e organização de cargos
efetivos das autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras”. Assim, a Medida Provisória no 155/2003, posteriormente transformada na Lei
10.871/2004, alterou a Lei no 9.986/2000, revogando seu art. 1º, fazendo com que o regime estatutário seja adotado nas agências reguladoras:

Art. 6o O regime jurídico dos cargos e carreiras referidos no art. 1o desta Lei é o instituído na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, observadas
as disposições desta Lei.
       
SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS

       
       
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

       
D) O contrato de gestão, instituto oriundo da reforma administrativa, recebeu tratamento diferenciado no ordenamento jurídico nacional, a exemplo da
Lei de Licitações e Contratos, que inseriu a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das
Licitação - Dispensa -respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão como hipótese de inexigibilidade de licitação.
  Questão TRF1
Organizações sociais (E) – GABARITO PRELIMINAR
-Lei 8.666/93. Art. 24. É dispensável a licitação: XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
E) O auxílio que o poder público presta à organização social não pode abranger a destinação de recursos orçamentários e bens necessários ao
cumprimento do contrato de gestão, ainda que mediante permissão de uso.
  Questão TRF1   (E) – GABARITO PRELIMINAR
-Lei 9.637/98. Art. 12. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e bens públicos necessários ao cumprimento do contrato
de gestão.
       
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP

       
A) As instituições hospitalares não gratuitas e as cooperativas são aptas para o recebimento da qualificação de organizações da sociedade civil de
interesse público, nos termos da legislação de regência.
  Questão TRF1  
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-cooperativa não pode ser OSCIP.
       
AGENTES PÚBLICOS

       
A) Segundo decisão liminar exarada pelo STF, permanece em vigor a redação original do dispositivo da CF que consagra o regime jurídico único no
âmbito da administração direta, das autarquias e das fundações, tanto na esfera federal como estadual e municipal.
(C) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1 Regime Jurídico único
- ADI 2135 MC/DF.
- CF, Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira
para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
  Questão TRF1 Cargos em Comissão xE) As funções de confiança e os cargos em comissão, no âmbito da administração pública direta, só podem ser exercidos por servidores ocupantes de
Função de Confiança cargo efetivo.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
- (art. 37, V, CF) - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção,
chefia e assessoramento.
Súmula Vinculante 13
A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o 3º grau, inclusive, da autoridade
Agentes Públicos -nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo
STF SV 13
Nepotismo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal
A nomeação de parentes para cargos políticos não implica ofensa aos princípios que regem a Administração Pública, em face de sua natureza
eminentemente política, e, nos termos da Súmula Vinculante 13, as nomeações para cargos políticos não estão compreendidas nas hipóteses
nela elencadas.

Outra exceção (esta não consta desse informativo, mas na ADC12) - parente concursado pode assumir FG, sem as restrições da SV13.

Neste sentido, a interpretação do STF na Ação Direta de Constitucionalidade nº 12, que estabelece a constitucionalidade da Resolução nº 7/2005 do
Conselho Nacional de Justiça, ao dispor no § 1º do artigo 2º que:

Agentes Públicos -“Ficam excepcionadas, nas hipóteses dos incisos I, II e III deste artigo, as nomeações ou designações de servidores ocupantes de cargo de
STF 524
Nepotismo - Agentesprovimento efetivo das carreiras judiciárias, admitidos por concurso público, observada a compatibilidade do grau de escolaridade do cargo de
Pleno ADC 12
políticos origem, ou a compatibilidade da atividade que lhe seja afeta e a complexidade inerente ao cargo em comissão a ser exercido, além da qualificação
profissional do servidor, vedada, em qualquer caso, a nomeação ou designação para servir subordinado ao magistrado ou servidor determinante da
incompatibilidade” (grifei).

No mesmo sentido, aliás, é a norma do § 7º do artigo 355 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal: “Salvo se funcionário efetivo do
Tribunal, não poderá ser nomeado para cargo em comissão, ou designado para função gratificada, cônjuge ou parente, em linha reta ou colateral,
até terceiro grau, inclusive, de qualquer dos Ministros em atividade” (grifei).

Assim, tanto o Conselho Nacional de Justiça quanto o próprio Supremo Tribunal Federal admitem a nomeação de parentes que sejam servidores
efetivos em funções de confiança nos seus quadros.
Agentes Públicos -A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática, uma vez que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37,
STF 1aT 537
Nepotismo caput, da Constituição Federal (eficácia imediata dos princípios constitucionais - máxima efetividade)
Inconstitucionalidade de lei estadual que dispõe sobre contratação temporária de advogados para exercer cargo de Defensor Público. Em razão de
desempenhar uma atividade estatal permanente e essencial à jurisdição, a Defensoria Pública não convive com a possibilidade de que seus
Agentes Públicos -
STF agentes sejam recrutados em caráter precário. / Info 628 - Pleno: Por entender caracterizada ofensa ao princípio do concurso público (CF, artigos 37,
524 / 628 Temporário - Cargo para
Pleno II e 134), o Plenário julgou procedente ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Pará para declarar a inconstitucionalidade do art. 84 da Lei
Defensoria Pública
Complementar paraense 54/2006, que autoriza a contratação precária de advogados para exercer a função de defensores públicos “até a realização de
concurso público”.
Agentes Públicos - CargosO advento da Lei 11.415/2006, que revogou a Lei 9.953/2000 e, nos termos rigorosamente assentados pela CF, deixou claro que as funções de
STF
544 em comissão e função deconfiança são privativas dos servidores ocupantes de cargo efetivo, e que os cargos em comissão podem ser exercidos por pessoas estranhas à
Pleno
confiança Administração, desde que observado o percentual fixado no art. 4º da referida lei para os cargos de carreira.
Não há direito adquirido do substituto, que preencheu os requisitos do art. 208 da Constituição pretérita, à investidura na titularidade de
Agentes Públicos - Concursocartório, quando a vaga tenha surgido após a promulgação da CF/88, a qual exige expressamente, no seu art. 236, § 3º, a realização de
STF -
613 - Atividade Notarial e deconcurso público de provas e títulos para o ingresso na atividade notarial e de registro. Vencidos Ministros que entendiam que o CNJ, órgão
Pleno
registro administrativo, teria atuado depois de mais de 15 anos da efetividade do impetrante no cargo, sem observar o que previsto no art. 54 da Lei 9.784/99,
que estabeleceria a intangibilidade, no âmbito administrativo, do ato praticado há mais de 5 anos.
“A eventualidade da relação jurídica estabelecida entre a Administração e o advogado dativo não permite seja este considerado servidor público.” (Rcl
STF A CF e o STF Servidor - Advogado dativo
7.592, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 27-5-2010, Plenário, DJE de 18-6- 2010.)
reputou-se admissível que o Estado-membro, ao organizar a aludida carreira, se valha do que a Constituição prescreve — “dirigidas por delegados de
STF
599 Servidor polícia de carreira” (CF, art. 144, § 4º) — para concluir que o Chefe do Poder Executivo poderia optar dentre aqueles de uma determinada classe, a
Pleno
homenagear o patamar mais alto da carreira.
Em questionamento quanto à violação ao princípio da isonomia em relação ao estrangeiro que pretendia ver reconhecido o vínculo estatutário com a
Servidor - Estrangeiro -
STF universidade federal do qual integra o quadro técnico desde 1966, STF considerou que, até o advento das Emendas Constitucionais 11/96 e
631 Vínculo anterior à EC 11/96
Pleno 19/98, o núcleo essencial dos direitos atribuídos aos estrangeiros não abrangia o direito à ocupação de cargos públicos efetivos na
e 19/98
Administração Pública.
Assim, a Turma entendeu que, uma vez que o recorrente não desempenha função tipicamente exigida para a atividade castrense, e sim
Servidor Público - Acúmulo
STJ 2aT 483 atribuição inerente à profissão civil (técnico de enfermagem no banco de sangue do hospital militar), é possível acumular dois cargos privativos na
de cargos
área de saúde, no âmbito das esferas civil e militar, conforme interpretação sistemática do art. 37, XVI, c, c/c o art. 142, § 3º, II, da CF
De quem é a competência para julgar ações de servidores temporários (art. 37, IX, da CF/88)?

1ª corrente: JUSTIÇA COMUM (em todos os casos). É a posição do STF (no material “maratona”, foi dito que o STF já fez a distinção abaixo, feita pelo
STJ)
STJ 1aS 490 Competência - julgamento
2ª corrente (adotada pelo STJ):
· JUSTIÇA COMUM (se a lei estadual ou municipal previr um regime jurídico-administrativo)
· JUSTIÇA DO TRABALHO (se a lei estadual ou municipal disser que se aplica a CLT).
STF 650 Aposentadoria Legislação infraconstitucional não pode alterar os limites de idade para aposentadoria compulsória fixados na CF (70 anos).
Pleno compulsória
Nem o legislador constituinte estadual pode alterar - ADI 4696 MC.

STF 670 Fixação de vencimentos STF declarou a impossibilidade de vereadores fixarem seus rendimentos em percentual do vencimento de dep. estadual (para ter o
1aT em percentual de outro reajuste automático).
cargo. Impossibilidade
A Constituição fala em percentual pra você ter obviamente um parâmetro porque não dá pra ficar definindo valores genericamente porque esses
valores mudam toda hora, são meros dados. O parâmetro é o percentual de 75%. Mas, na prática, o valor tem que ser arbitrado em moeda
corrente – o valor tem que ser fixo, ainda que seja, hoje, o valor idêntico a 75% (você faz esse cálculo e bota o valor fixo). E, se amanhã houver
aumento do subsídio de deputado estadual, isso não vai acarretar o aumento automático do subsídio do prefeito . Se você quiser também aumentar
o subsídio, que faça reajustes por decisões do próprio município, que tem a sua realidade financeira . Pode ser idêntica a 75% - não tem
problema nenhum. Se quiser que mantenha-se igual, todo ano você vai acompanhando, lá, os subsídios de deputado estadual, mas a decisão vai ser
sua, do município. Não pode é o Estado aumentar o subsídio do deputado estadual e automaticamente isso gerar um aumento do subsídio
de servidor municipal.

SÚMULA Nº 36 STF
STF Súm 36
SERVIDOR VITALÍCIO ESTÁ SUJEITO À APOSENTADORIA COMPULSÓRIA, EM RAZÃO DA IDADE.
       
SERVIDOR - CONCURSO

       
SÚMULA 685 STF
STF Súm 685 É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

SÚMULA Nº 15
STF Súm 15 DENTRO DO PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO, O CANDIDATO APROVADO TEM O DIREITO À NOMEAÇÃO, QUANDO O CARGO FOR
PREENCHIDO SEM OBSERVÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO.
STF Súm 17 SÚMULA 17 STF
A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse.

SÚMULA 684 STF


STF Súm 684
É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público.

Súmula 683 STF


STF Súm 683 O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.

Súmula: 266
STJ Súm 266
O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.
STF Servidor - Concurso -Após a publicação do edital e no curso do certame, a alteração de suas regras só pode ser feita se houver modificação na legislação que disciplina
533
Pleno Alteração das regras a carreira a que se refere o concurso.
a Turma deu provimento ao recurso ao entender que a candidata tem direito líquido e certo à nomeação , pois aprovada dentro do número de
STJ - Servidor - Concurso -vagas inicialmente previsto como reserva técnica no edital do concurso público, em razão da reiterada nomeação de candidatos em número superior ao
449
6aT Direito à nomeação edital e reiterada a convocação de professores do quadro efetivo para o exercício de carga horária adicional no cargo em que foi aprovada, o que leva à
efetiva necessidade do serviço.
STF também vem reconhecendo o direito líquido e certo à nomeação dos aprovados entre o número de vagas. No Info 622, foi reconhecido o direito
STF - Servidor - Concurso -
622 líquido e certo para os aprovados como cadastro de reserva como uma decorrência de lei criando mais cargos (entendimento de que
1aT Direito à nomeação
representaria manifestação da necessidade do serviço).
Assim como o STJ, o STF decidiu que o candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital tem direito subjetivo à nomeação –
diferentemente, portanto, daquilo que a doutrina e a jurisprudência mais antigas apregoavam. Assim o é, sobretudo, mercê do princípio da proteção à
confiança, cuja raiz constitucional encontra-se no primado da segurança jurídica, pilar de nosso Estado Democrático de Direito.

Servidor - Concurso -O STF, contudo, neste recente julgado uniformizador, deixou claro que, diante de excepcional justificativa, poderia tal obrigação da Administração
Direito à nomeação -Pública restar afastada. Assim é que, na linha do voto vencedor elaborado pelo Min. Gilmar Mendes, assentou-se alguns balizamentos a fim de que tais
STF 635 possibilidade desituações “excepcionalíssimas” se configurem. Veja-se: “Ressalvou-se a necessidade de se levar em conta situações excepcionalíssimas, a justificar
afastamento diante desoluções diferenciadas, devidamente motivadas de acordo com o interesse público. Essas situações deveriam ser dotadas das seguintes características:
excepcional justificativa a) superveniência, ou seja, vinculadas a fatos posteriores à publicação do edital; b) imprevisibilidade, isto é, determinadas por circunstâncias
extraordinárias; c) gravidade, de modo a implicar onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras
editalícias; d) necessidade, traduzida na ausência de outros meios, menos gravosos, de se lidar com as circunstâncias. Asseverou-se a importância
de que a recusa de nomear candidato aprovado dentro do número de vagas seja devidamente motivada e, dessa forma, passível de
controle pelo Poder Judiciário”
Servidor - Concurso -o STJ entendeu, por meio de sua Primeira Turma – e não há jurisprudência firmada por aquela Corte em sentido contrário -, que ao menos 1 vaga
STJ 481 necessidade de chamar peloteria que ser reconhecida em razão da própria abertura do concurso público, de sorte que a 1ª colocada não poderia ser preterida em seu
menos o 1o direito de ser nomeada. (aplicável quando o edital não aponta o número de vagas ou registra que as vagas são para cadastro de reserva)
cabe à Administração Pública decidir em torno do momento em que será realizada a nomeação do candidato aprovado dentro do número de vagas
Servidor - Concurso -
previstas no edital, conquanto não possa dispor a respeito desse direito à nomeação. Noutras palavras, segundo o que afirmado pelo STF, é a
STF 635 Direito à nomeação - prazo
Administração quem define o momento em que esse candidato será nomeado (dentro do prazo de validade do concurso), não lhe sendo lícito,
para Adm
no entanto, deixar de nomeá-lo.
"A modificação de gabarito preliminar, anulando questões ou alterando a alternativa correta, em decorrência do julgamento de recursos
apresentados por candidatos não importa em nulidade do concurso público se houver previsão no edital dessa modificação. A ausência de
Servidor - Concurso -
STF A CF e o STF previsão no edital do certame de interposição de novos recursos por candidatos prejudicados pela modificação do gabarito preliminar não
Alteração do Gabarito
contraria os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa." (MS 27.260, Rel. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 29-10-09,
Plenário, DJE de 26-3-10)
Servidor - Concurso -
Viola o princípio da presunção de inocência (art. 5º, inc. LVII, da CF/1988), aplicável tanto na esfera penal como na administrativa, afastar-se o
Investigação social -
STJ 6aT 415 candidato do concurso público, não obstante a constatação, na fase de investigação social, de que o impetrante tinha contra si inquérito policial e
inquérito policial e
procedimento administrativo sem nenhuma sentença transitada em julgado quanto às acusações a ele atribuídas.
procedimento administrativo
E) Nas demandas que envolvam discussão acerca de concurso público, é vedada, em regra, a apreciação pelo Poder Judiciário dos critérios utilizados
pela banca examinadora para a formulação de questões e atribuição de notas a candidatos, sob pena de incursão no denominado mérito administrativo.
(C) – GABARITO PRELIMINAR
RE 268244/CE – STF 1aT - Também esta Corte já firmou o entendimento de que não cabe ao Poder Judiciário, no controle jurisdicional da legalidade,
  Questão TRF1   que é o compatível com ele, do concurso público, substituir-se à banca examinadora nos critérios de correção de provas e de atribuição de notas a elas
(assim no MS 21176, Plenário, e RE 140.242, 2ª. Turma). Pela mesma razão, ou seja, por não se tratar de exame de legalidade, não compete ao Poder
Judiciário examinar o conteúdo das questões formuladas para, em face da interpretação dos temas que integram o programa do concurso, aferir, a seu
critério, a compatibilidade, ou não, deles, para anular as formulações que não lhe parecerem corretas em face desse exame. Inexiste, pois, ofensa ao
artigo 5º, XXXV, da Constituição. Recurso extraordinário não conhecido.
Servidor - Concurso -
STJ - A eliminação de candidato em concurso público fundamentada no fato de responder a ações penais sem sentença condenatória, ou por ter o
Notícias Investigação social - ações
5aT nome inscrito em cadastro de inadimplência, “fere o princípio da presunção de inocência”.
penas em andamento
A declaração de nulidade do contrato de trabalho em razão da ocupação de cargo público sem a necessária aprovação em prévio concurso público,
consoante previsto no art. 37, II, da CF/88, equipara-se à ocorrência de culpa recíproca, gerando, para o trabalhador, o direito ao levantamento
STJ 1aS Rec Rep Servidor - Concurso - FGTS das quantias depositadas na sua conta vinculada ao FGTS. Súmula 466, STJ: O titular da conta vinculada ao FGTS tem o direito de sacar o
saldo respectivo quando declarado nulo seu contrato de trabalho por ausência de prévia aprovação em concurso público. Rel. Min. Hamilton
Carvalhido, em 13/10/2010.
Info 416 - 5aT: A avaliação psicológica só se revela plausível quando revestida de caráter objetivo, recorrível e amparada em lei formal específica.
STF
Info 432 - 6aT: os exames psicotécnicos em concurso público devem respeitar os seguintes requisitos: a existência de previsão legal,
1aT /
592 Rep cientificidade e objetividade dos critérios adotados, bem como a possibilidade de revisão do resultado obtido pelo candidato. É
STJ Servidor - Concurso -
Geral / 416 / inadmissível o caráter sigiloso e irrecorrível do referido exame, e uma vez declarada a nulidade do teste psicotécnico, o candidato deve submeter-
5aT / Avaliação psicológica
432 / 464 se a novo exame em que sejam respeitados os critérios de objetividade e recorribilidade, a fim de que, caso aprovado, possa ser nomeado e empossado.
6aT /
Info 592 - STF Rep Geral: reafirmar a jurisprudência da Corte segundo a qual a exigência do exame psicotécnico em concurso depende de previsão legal
2aT
e editalícia, bem como deve seguir critérios objetivos.
Servidor - Concurso -Súmula 686 STF
STF Súm 686
Avaliação psicológica Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.
“Concurso público: exame psicotécnico: inadmissibilidade da oposição do sigilo de seus resultados ao próprio candidato em conseqüência
declarado inapto. A oposição ao próprio candidato a concurso público do resultado dos elementos e do resultado do exame psicotécnico em decorrência
Servidor - Concurso -
dos quais foi inabilitado no certame viola, a um só tempo, o "direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular" (CF, art. 5o,
STF   Avaliação psicológica - sigilo
XXXIII), como também de submissão ao controle do Judiciário de eventual lesão de direito seu (CF, art. 5o, XXXV): precedente (RE 125556).
do resultado
(RE 265261, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 13/02/2001, DJ 10-08-2001 PP-00018 EMENT VOL-02038-04 PP-
00781)”
Consignou-se que a Lei 11.415/2006 — ao estabelecer a necessidade de “provas” para o ingresso no MPU, sem especificá-las, e ao determinar que as
Servidor - Concurso - Teste
atribuições dos cargos fossem fixadas por regulamento — permitira que as referidas “provas” fossem elaboradas de acordo com a natureza e
STF 2aT 639 de aptidão física e direção
complexidade de cada cargo, o que atenderia de forma direta aos ditames constitucionais. Dessa forma, não haveria irregularidade na
veicular
exigência de realização de teste para verificação de aptidão física e direção veícular.
Servidor - Concurso -assentou-se que os recorridos teriam participado do certame apenas em decorrência de provimentos jurisdicionais precários e efêmeros. Ademais,
Liminar para realização deentendeu-se que o reconhecimento de segunda chance aos recorridos em detrimento de todos os demais candidatos reprovados no teste físico
STF 2aT 630
novo teste físico - violaçãoviolaria, patentemente, o preceito constitucional da isonomia. Por fim, enfatizou-se ser inaplicável a teoria do fato consumado em matéria de
do princípio da isonomia concurso público.
Servidor - Concurso -segundo a jurisprudência do STJ, quando candidato classificado em posição melhor tiver tido a oportunidade de escolher o local de exercício do
STJ - MS 9356
Ordem de classificação -cargo e ter tomado posse em local diverso do escolhido por falta de vaga, não ocorre preterição com a nomeação de outro aprovado com nota
3aS (Notícias)
Nomeação - Preterição menor, em período futuro, para o lugar anteriormente escolhido.
Servidor - Concurso -Apesar de a estabilidade e o estágio probatório serem institutos diversos, o prazo do estágio probatório dos servidores públicos deve observar a
STJ 6aT 435 Estágio Probatório ealteração promovida pela EC n. 19/1998 no art. 41 da CF/1988, no tocante ao aumento do lapso temporal para a aquisição da estabilidade (três
Estabilidade anos).
Servidor - Concurso -
STF 2aT 630 Estágio Probatório eOs institutos da estabilidade e do estágio probatório estão necessariamente vinculados, de modo que se lhes aplica o prazo comum de 3 anos
Estabilidade
STJ 2aT 443 Servidor - Concurso -Em concursos públicos, as vagas não preenchidas em razão da desistência de candidatos convocados geram direito subjetivo aos outros
Desistência seguintes na ordem de classificação.
Servidor - Concurso - CursoOs candidatos aprovados em determinada fase do concurso público que não se classificaram dentro do limite de vagas previsto no edital têm mera
STJ 6aT 444 de Formação - Aprovaçãoexpectativa de direito de participarem da etapa subsequente do certame. Assim, o candidato nessa situação não tem direito líquido e certo a participar
fora dos limites de vaga do curso de formação profissional, mas mera expectativa de direito.
STF tem considerado inconstitucional a lei que fixa hipóteses abrangentes e genéricas de contratação de servidor temporário, sem definir qual
STF Servidor - Concurso –
Info 616 a contingência fática emergencial apta a ensejá-la. Também considera inconstitucional a lei que permite a contratação para o exercício de serviços
Pleno Servidor Temporário
típicos de carreira e de cargos permanentes no Estado, sem concurso público ou motivação de excepcional relevância que a justificasse.
Servidor - Concurso -a banca examinadora de concurso público pode elaborar pergunta decorrente de atualização legislativa superveniente à publicação do edital
STJ 2aT 469
atualização legislativa quando estiver em conformidade com as matérias nele indicadas.
Foi reconhecida a nulidade por falta de motivação do ato administrativo que desclassificou o impetrante, no exame médico, do concurso público
Servidor - Concurso -
STJ - para o cargo de neurocirurgião, após aprovação em prova objetiva, constando do resultado apenas que o candidato era inapto ao serviço
480 Desclassificação - ausência
6aT público. Dessa forma, é flagrante a nulidade do ato por ausência da devida fundamentação, além da falta de ampla defesa, impossibilitando ao
de motivação
candidato conhecer os motivos que ensejaram a sua desclassificação do certame.
Servidor - Concurso -
Permanência pela via
Impossibilidade de que fossem exigidos requisitos de candidatos em concurso público — que lograram êxito no prosseguimento do certame pela via
STF 1aT 630 judicial - exigência de
judicial —, não impostos àqueles que permaneceram na disputa sem intervenção do Poder Judiciário.
requisito não imposto aos
outros candidatos
Servidor – Contratação de
STF estagiário como alternativaSTF entendeu que a arregimentação de estagiários não poderia ser vista como alternativa menos onerosa para se suprir eventual carência de
617
Pleno menos onerosa –mão-de-obra no quadro funcional da Administração Pública.
Impossibilidade
A alteração de atribuições de cargo público somente pode ocorrer por intermédio de lei formal. Aduziu-se que a mudança de atribuições dos
STF Servidor - Cargo - Mudançacargos ocupados pelos impetrantes se dera por edição de portaria, meio juridicamente impróprio para veicular norma definidora de atividades inerentes
611 / 638
Pleno de atribuições e lei formal e caracterizadoras de cargo público. Nesse sentido, explicitou-se a necessidade de edição de lei para a criação, extinção ou modificação de cargo
público.
Tendo sido reconhecido pela Administração que os requisitos do edital foram observados no momento da posse da impetrante , afronta os princípios
Servidor - Posse - Reunião
da boa-fé, da segurança jurídica e da razoabilidade tornar sem efeito sua nomeação após a efetiva confirmação pelo MEC do reconhecimento daquele
dos requisitos para
STJ 6a T 464 curso, não podendo ela ser punida pela demora e burocracia do Estado. Nesse contexto, a Turma deu provimento ao recurso e concedeu a segurança
nomeação - Alteração
para determinar a reintegração da recorrente no cargo de professor de educação especial do quadro de magistério estadual, assegurados os efeitos
posterior da situação
financeiros retroativos desde a data da impetração.
Servidor - Concurso - Prof
É legal a exigência feita no edital do concurso público para professor de educação física (ensino médio e fundamental) de que o candidato
STJ 6aT 475 Educação Física - Exigência
comprove a inscrição no respectivo Conselho Regional de Educação Física (CREF) quando do ato de sua admissão naquele cargo.
de Inscrição no Cref
B) Não enseja anulação do ato de nomeação de candidato aprovado em concurso público o fato de a administração pública constatar, após a posse, que
Servidor - Concurso -o candidato omitiu informações que lhe seriam desfavoráveis na etapa do certame, relativas à idoneidade e conduta ilibada na vida pública e privada.
Anulação da nomeação -(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1
Omissão de informaçõesRMS 33387 – STJ 1aT - Constatado pela Administração, após a nomeação e posse, que o candidato logrou aprovação na fase "de comprovação de
desfavoráveis idoneidade e conduta ilibada na vida pública e na vida privada" mediante a omissão de informações que lhe seriam desfavoráveis nessa etapa do
certame, pode-se proceder à anulação do ato de nomeação.
Servidor - Concurso -
Súmula 377 do STJ:
STJ Súm 377 Deficientes - Visão
O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas a deficientes.
monocular
STF   Servidor - Concurso -O tema, contudo, segue para o aspecto mais tormentoso da demanda, que é a interpretação das normas do Decreto 3.298/99 alusivas ao percentual
Deficientes - Aplicação domínimo de vagas destinadas ao deficiente. De um lado, afirma o Decreto, no seu art. 37, § 1º, que esse percentual deve ser de pelo menos 5%;
percentual (arredondamentode outro, consigna, no § 2º, que, se da aplicação do percentual referido resultar uma fração, o arredondamento do valor se faz para cima, assim
para cima?) beneficiando os portadores de necessidades especiais.
Fosse ser aplicada a literalidade dessas normas, e o caso se resolveria com a procedência do pedido: oferecida uma vaga, atingiríamos a cifra de 0,005
vagas para os deficientes, pelo que o arrendondamento da fração haveria de subir para 01 (um) inteiro, ficando o posto com o autor do processo .
. A Lei nº 7.853/89 versou a percentagem mínima de cinco por cento e a Lei nº 8.112/90 veio a estabelecer o máximo de 20% de vagas
reservadas aos candidatos portadores de deficiência. Ora, considerando o total de vagas no caso - duas -, não se tem, aplicada a percentagem mínima
de cinco ou a máxima de vinte cento, como definir vaga reservada a teor do aludido inciso VIII. Entender-se que um décimo de vaga ou mesmo quatro
décimos, resultantes da aplicação de cinco ou vinte por cento, respectivamente, sobre duas vagas, dão ensejo à reserva de uma delas implica verdadeira
igualização, olvidando-se que a regra é a não-distinção de candidatos, sendo exceção a participação restrita, consideradas vagas reservadas. Essa
conclusão levaria os candidatos em geral a concorrerem a uma das vagas e os deficientes, à outra, majorando-se os percentuais mínimos, de cinco por
cento, e máximo, de vinte por cento, para cinquenta por cento. O enfoque não é harmônico com o princípio da razoabilidade.
Há de se conferir ao texto constitucional interpretação a preservar a premissa de que a regra geral é o tratamento igualitário, consubstanciando exceção
a separação de vagas para um certo segmento. A eficácia do que versado no artigo 37, inciso VIII, da Constituição Federal pressupõe campo propício a
ter-se, com a incidência do percentual concernente à reserva para portadores de deficiência sobre cargos e empregos públicos previstos em lei, resultado
a desaguar em certo número de vagas, e isso não ocorre quando existentes apenas duas. Daí concluir pela improcedência do inconformismo retratado na
inicial, razão pela qual indefiro a ordem.
Servidor - Concurso -O primeiro dos pontos a afirmar diz com a aplicabilidade do Decreto 3.298/99, que regulamenta a L. 7.853/89 (Política Nacional para a Integração da
Doutrina Emagis Deficientes - Aplicação às EPPessoa Portadora de Deficiência), às empresas públicas. Não há restringir o alcance da norma. Toda a administração pública, direta e indireta,
e SEM tenham os entes personalidade de direito público ou privado, a ele se sujeita, pelo que o argumento inicial da CEF merece rejeição.
(hipótese que o candidato - mudo - após ter sido reprovado na prova escrita, foi reprovado pelo exame admissional médico. STJ entendeu que a análise
da deficiência deveria ser feita no estágio probatório) o Dec. n. 3.298/1999 o qual regulamentou a mencionada lei, ao dispor sobre a inserção do
Servidor - Deficiente -deficiente na Administração Pública, determinou que o exame da compatibilidade no desempenho das atribuições do cargo seja realizado por
STJ 5aT 483 Exame admissional - Estágioequipe multiprofissional durante o estágio probatório. Isso porque o poder público deve assegurar aos deficientes condições necessárias previstas
probatório em lei e na Constituição Federal, para que possam exercer suas atividades conforme as limitações que apresentam. Desse modo, entendeu não atender
à determinação legal a avaliação realizada em exame médico admissional que, de forma superficial, atestou a impossibilidade do exercício
da função pública pelo recorrente, sem observar os parâmetros estabelecidos no § 1º do art. 43 do citado decreto.
STJ - necessidade de diferenciação de 2 atos coatores distintos:

a)MS contra edital: 120 dias a partir da publicação do edital.


I - O termo inicial do prazo decadencial da impetração de mandado de segurança, que visa à impugnação de norma inserta no edital de concurso
(critérios para a avaliação psicológica), é a data de sua publicação. Precedentes. (RMS 29.776/AC, 5aT STJ, julgado em 29/09/2009)

b)MS contra ato específico no curso do concurso: 120 a partir da ciência do ato.
1. O prazo previsto no art. 18, referente à decadência do direito de impetrar o mandado de segurança, inicia-se a partir da data da ciência do resultado
MS - Termo inicial -
STF STJ   do exame, e não da publicação do edital. (AgRg no REsp 1052083/BA, 5aT STJ, julgado em 17/03/2009)”
Concurso público
no STF capitaneada recentemente pelo Min. Gilmar Mendes, que tende a ignorar a publicação do edital como termo inicial da decadência, para
considerar a efetiva lesão com o ato de eliminação do candidato no certame: (a questão é mais pautada por razões de política judiciária
para evitar a proliferação de writs)
“Agravo em mandado de segurança. 1. Concurso Público. 2 Impetração contra a eliminação do candidato na fase de Teste de Aptidão Física, que se
aponta como ilegal. 3. Preliminar de Decadência. Termo inicial do prazo decadencial: data do efetivo prejuízo capaz de configurar violação a
direito líquido e certo – no caso, eliminação no Teste de Aptidão Física. 4. Decadência afastada para determinar o prosseguimento do writ.
Agravo a que se dá provimento. (MS 29874 AgR)”
Servidor - Concurso - MSNa hipótese de o candidato insurgir-se contra as regras contidas no edital do concurso público, o prazo decadencial referente à impetração do
STJ 5aT 439
contra edital - Prazo mandamus deve ser contado da data em que publicado esse instrumento convocatório.
no caso dos autos (não apresentou diploma de ensino superior após sua aprovação), o prazo decadencial para impetrar o mandado de segurança (MS)
apenas se iniciou com o ato administrativo que eliminou o candidato do concurso público, não com a publicação do edital. Para o Min. Relator,
Servidor - Concurso - MS -
STJ 1aT 473 no momento em que o edital foi publicado, a exigência ainda não feria o direito líquido e certo do candidato, pois ele apenas detinha a mera expectativa
Prazo - Decadência
de ser aprovado. Com a aprovação, a regra editalícia passou a ser-lhe aplicável, surgindo seu interesse de agir no momento em que o ato coator
(eliminação) efetivou-se.
Servidor - Concurso - MS -
A Turma reiterou que, nos casos em que o candidato aprovado em concurso público não foi nomeado, o prazo decadencial de 120 dias para impetrar o
STJ 2aT 473 Candidato aprovado, mas
MS inicia-se com o término da validade do certame.
não nomeado
STF STJ   Ação autônoma paraOptando o interessado pelas vias ordinárias, o prazo de prescrição incidente para o direito de ação contra quaisquer atos relativos a concursos
impugnar ato de concursofederais não será o de 5 anos previsto pelo art. 1o do Decreto 20.910/32 , mas tão só de 1 ano, face a existência de lei especial a reger a
matéria, a Lei 7.144/83:
“Art. 1o Prescreve em 1 (um) ano, a contar da data em que for publicada a homologação do resultado final, o direito de ação contra quaisquer
atos relativos a concursos para provimento de cargos e empregos na Administração Federal Direta e nas Autarquias Federais.
Art. 2o Decorrido o prazo mencionado no artigo anterior, e inexistindo ação pendente, as provas e o material inservível poderão ser incinerados.”

Há posicionamento do STJ entendendo que o termo inicial deverá ser considerado como o ato em concreto que tiver atingido o direito do candidato
(actio nata), e não a publicação da homologação;
público
3. A Lei n.o 7.144/83 estabelece prazo para prescrição do direito de ação contra atos relativos a concursos para provimento de cargos e empregos na
Administração Federal Direta e nas Autarquias Federais, possuindo aplicação aos concursos que especifica em face da sua especialidade, em detrimento
do Decreto n.o 20.910/32.
4. O instituto da prescrição é regido pelo princípio do actio nata, ou seja, o curso do prazo prescricional apenas tem início com a efetiva
lesão do direito tutelado, pois nesse momento nasce a pretensão a ser deduzida em juízo, acaso resistida; sendo certo que, no caso dos
autos, se materializou com a publicação do ato da Banca Examinadora que anulou as questões da prova objetiva. (REsp 800634/MG, 5aT
STJ)
ADMINISTRATIVO - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO - CONCURSO PÚBLICO - CANDIDATO NÃO NOMEADO EM RAZÃO DE ATO ADMINISTRATIVO
ILEGAL - NATUREZA JURÍDICA DA VERBA PRETENDIDA - INDENIZATÓRIA - RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO. 1. A Terceira Seção do Superior
Tribunal de Justiça entende incabível que os candidatos, cuja nomeação foi obstada em face de ato ilícito da entidade contratante, façam jus a
vencimentos referentes ao período compreendido entre a data em que deveriam ter sido nomeados e a efetiva investidura no serviço público . 2.
Todavia, é preciso fazer uma distinção em razão da natureza jurídica da verba pretendida. O que a Terceira Seção desta Corte Superior tem entendido é
Servidor - Concurso - Atraso
que não é possível que a verba a ser paga a título de reparação do dano causado tenha natureza salarial. Ou seja, não se pode conceber ao
STJ   na nomeação - Recebimento
candidato o recebimento de salários atrasados, pois não houve a prestação do serviço. 3. No entanto, é plenamente possível que se
dos valores
condene a entidade contratante a ressarcir na integralidade o dano causado, verba esta cuja a natureza será indenizatória, e não salarial,
ainda que coincida com os valores de salários que deveriam ter sido pagos. O que não se pode é negar ao recorrido o direito de ver reparado o
prejuízo sofrido, conforme dispõe o art . 927 do Código Civil Precedentes: (AgRg no REsp 1026855/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
17.2.2009, DJe 4.3.2009), (REsp 971.870/RS, Rel. Min Luiz Fux, julgado em 4.12.2008, DJe 18.12.2008.) Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp
1137391/PR, Rel. Minist ro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2011, DJe 29/03/2011)
se a demora for decorrente de ação judicial, não há indenização.

Veja matéria do STJ:


A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu que o candidato aprovado em concurso público por força de decisão judicial não tem
direito à indenização pelo tempo que aguardou a solução definitiva pelo Judiciário . Com essa decisão, o STJ muda seu entendimento sobre o
tema para seguir orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal.
(...) o STF vem decidindo que é indevida indenização pelo tempo em que se aguarda solução judicial definitiva sobre aprovação em concurso público.
Para o STF, quando a nomeação decorre de decisão judicial, o retardamento não configura preterição ou ato ilegítimo da administração
pública que justifique a indenização. Considerando que a responsabilidade civil do estado é matéria que tem sede constitucional, Zavascki entendeu
Servidor - Concurso - Atrasoque a jurisprudência do STF sobre o tema ganha “relevância e supremacia”. Por isso, ele deu provimento aos Embargos de Divergência para julgar
STF STJ   na nomeação - Recebimentoimprocedente o pedido de indenização da servidora.
dos valores O voto divergente do ministro Zavascki foi seguido pela maioria dos ministros da Corte Especial. Os ministros Castro Meira e Massami Uyeda
acompanharam a divergência em menor extensão. Ficou vencida a relatora, ministra Eliana Calmon, que negava provimento aos Embargos, seguindo o
entendimento até então adotado pelo STJ.

Posição superada
O STJ havia firmado o entendimento de que o candidato que ingressa tardiamente no serviço público por decisão judicial tinha direito à
indenização, a ser apurada em liquidação de sentença.
Estava estabelecido que a indenização não poderia ser o valor correspondente aos vencimentos e vantagens do período de retardamento da nomeação
enquanto se aguardava a decisão judicial. O valor da remuneração do cargo atual servia apenas como parâmetro, abatendo-se desse montante a quantia
correspondente à que o candidato havia recebido no exercício de outra atividade remunerada no período.
STJ 2aT 493 Convocação ou nomeaçãoViola o princípio da razoabilidade a convocação para determinada fase de concurso público ou para nomeação de candidato aprovado apenas mediante
tardias. Necessidade depublicação do chamamento em Diário Oficial quando passado muito tempo entre a realização ou a divulgação do resultado da etapa
ciência pessoal imediatamente anterior e a referida convocação, uma vez que é inviável exigir que o candidato acompanhe, diariamente, com leitura atenta, as
publicações oficiais (o candidato estava no cadastro de reserva, bem longe (pos. 170)

Outro argumento utilizado: se o edital do concurso exigia a atualização do endereço e do telefone, implicitamente é porque as comunicações seriam
feitas à residência postal – via postal – ou ao telefone. O STJ falou que, ao exigir essa atualização, implicitamente, estaria dizendo que as comunicações
se dariam dessa maneira, o que não ocorreu porque a convocação não foi feita por telegrama ou por telefone. A convocação teria sido feita por um edital
genérico de convocação publicado no Diário Oficial, num lugar público.
Em um concurso público, a prova de direção veicular é apenas uma etapa do certame, e as etapas do concurso não precisam estar previstas
expressamente em lei.
Servidor - concurso - etapas
do certame -As etapas do concurso podem estar previstas apenas no edital do concurso desde que haja nexo de causalidade com as atribuições do cargo.
STF 1aT 663
desnecessidade de estarem
previstas em lei Cuidado! Requisitos do cargo - precisam estar previstos em lei / etapas do certame - não precisam

Esse é o entendimento da 2aT também.


STF 670 Contratação sem concurso A contratação de pessoa para assumir cargo ou emprego público sem concurso é NULA, salvo nas hipóteses de cargos em comissão.
Pleno - nulidade -
obrigatoriedade de O art. 19-A da Lei 8.036/90 afirma que a pessoa contratada para emprego público sem concurso e que, por isso, tem o contrato declarado nulo,
pagamento de FGTS mesmo assim terá direito de receber o depósito do FGTS.

Alguns estados-membros questionavam esse dispositivo, mas o STF o declarou CONSTITUCIONAL. Segundo o STF, mesmo sendo declarada a
nulidade, nos termos do § 2º do art. 37 da CF, este fato jurídico existiu e produziu efeitos residuais . O STF tem levado em consideração a
necessidade de se garantir a fatos nulos, mas existentes juridicamente, os seus efeitos. Não é possível aplicar, neste caso, a teoria civilista
das nulidades de modo a retroagir todos os efeitos desconstitutivos dessa relação. Se houver irregularidade na contratação de servidor sem concurso
público, o responsável, comprovado dolo ou culpa, deve responder regressivamente, nos termos do art. 37 da CF, de forma que não haja prejuízo para
os cofres públicos.

STF - 650 Concurso - comunicação - É necessario que a banca haja com similitude de formas com os candidatos. Se a ciência do indeferimento da inscrição como portador de
2aT similtude de formas necessidade especiais se deu por via postal, não é correto cientificar o candidato que o indeferimento foi equivocado pela via do edital, é
necessário fazer a ciência pela via postal. Há uma quebra da “confiança legítima” do candidato.

STF 651 Concurso - O candidato que presta um concurso público, ele só presta o concurso público para aquele cargo específico ou para aquele emprego público
Pleno impossibilidade de específico, no caso de estatal, por exemplo, ou fundação estatal. As exigências para cada concurso vão variar de acordo com as responsabilidades,
aproveitamento para com as necessidades daquele respectivo cargo.
outros cargos

Então, é por isso que, há muito tempo, o STF já pacificou entendimento de que o aproveitamento é inconstitucional. Você não pode aproveitar
servidores que foram concursados para um determinado cargo em outro cargo, porque cada cargo pressupõe uma aprovação específica no
respectivo concurso, e cada concurso vai trazer complexidades diferenciadas por conta daquele cargo.

STJ - 488 Concurso - candidatos Aos candidatos oriundos do mesmo concurso público devem ser impostos requisitos de avaliação e aprovação idênticos, sob pena de ofensa ao
1aT aprovados pela via judicial princípio da isonomia. Consignou, assim, ser ilegal a submissão dos concursados remanescentes, participantes da segunda fase do certame
- necessidade das demais por ordem judicial, à nova disciplina citada, de caráter eliminatório, durante o curso de formação, uma vez que não constante do edital e sequer
fases conterem as exigida dos demais concorrentes. Concluiu, por fim, ser indevido o pagamento de indenização pelo tempo em que se aguardou a solução
mesmas matérias judicial definitiva sobre a aprovação no concurso público.

STF Resumo das hipóteses que 1° - ordem de classificação preterida


STJ geram direito à nomeação 2° - candidato que deixa de ser chamado durante o prazo de validade do concurso para um cargo que é provido por pessoas estranhas .
Vira convênio, vira contratação temporária, o nome que você queira dar, mas, ao invés de chamar, lá, o concursado no prazo de validade, chama
pessoas estranhas que não fizeram aquele concurso, não estão aprovadas no concurso, seja via contrato temporário, seja via convênio, via cessão de
servidor. Não importa a nomenclatura (o prof. tem uma crítica, para os casos em que a contratação temporária segue os ditames da CF, mas essa
exceção não é feita pela jurisprudência)
3° - caso mais recente, e agora pacificado, tanto no STF quanto no STJ, que é justamente o candidato aprovado dentro das vagas que foram
colocadas no edital. Contudo, o STF, nesse julgado, disse: no entanto, em casos excepcionais, justificados por fatos supervenientes,
poderia o administrador deixar de chamar candidatos aprovados dentro do número de vagas. O próprio STF, ele não aplicou a exceção, ele
abriu as portas para futuras exceções. Ele acabou permitindo que, em casos excepcionais, mesmo o candidato aprovado dentro das vagas do edital
não fosse chamado, por um fato superveniente qualquer etc, desde que justificado, razoável.

Na doutrina, é o entendimento de JSCF. Além da violação da regra do concurso público, ofendem o p. da boa-fé e o da confiança legítima.

STJ 489 Concurso Público – no concurso público, não pode haver um grau de parentesco entre o presidente da banca examinadora e um candidato.
2aT Parentesco – Presidente
da Banca Examinadora

Momento em que devem Concursos em geral: Súmula 266-STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o
ser comprovados os 3 concurso público.
anos de atividade jurídica
Concursos da magistratura e do MP:

O STF já declarou, em diversos julgados, que não é inconstitucional que as Resoluções do CNJ ou do CNMP exijam o triênio de atividade
jurídica no momento da inscrição definitiva. Nesse sentido: MS 27604; MS 27608; MS 26696; ADI 3460. No entanto, o STF em nenhum momento
afirmou que as Resoluções do CNJ e do CNMP estão impedidas de exigir a comprovação da atividade jurídica no momento da posse . A questão,
contudo, ainda será apreciada em definitivo pela Corte no Recurso Extraordinário 655.265, a ser analisado em sede de Repercussão Geral.

STJ 500 Concurso público e Ocorre abuso de poder se a Administração Pública se nega a nomear candidato aprovado em concurso para o exercício de cargo no
6aT negativa de nomeação serviço público estadual em virtude de anterior demissão no âmbito do Poder Público Federal se inexistente qualquer previsão em lei ou no
edital de regência do certame.
       
SERVIDOR - DIREITOS

       
SÚMULA Nº 679
STF Súm 679
A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva.

SÚMULA Nº 681
STF Súm 681 É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção
monetária.

SÚMULA Nº 682 STF


STF Súm 682 NÃO OFENDE A CONSTITUIÇÃO A CORREÇÃO MONETÁRIA NO PAGAMENTO COM ATRASO DOS VENCIMENTOS DE SERVIDORES
PÚBLICOS.

STF Súm 358 Servidor Público - SÚMULA 358 stf superada: art. 41, §§ 2º e 3º do CF.
Disponibilidade - O servidor público em disponibilidade tem direito aos vencimentos integrais do cargo.
Remuneração
CF. Art. 41.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao
cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de
serviço. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de
serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Servidor Público - SÚMULA VINCULANTE Nº 15


STF SV 15
Remuneração O cálculo de gratificações e outras vantagens não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo do servidor público.

SÚMULA VINCULANTE Nº 16
Os artigos 7º, inciso IV, e 39, parágrafo 3º da Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.
Servidor Público -
STF SV 16
Remuneração ➔A súmula garante o direito estabelecido pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998, de que os servidores públicos não recebam valores inferiores ao salário mínimo.

➔Vide SV 6.

Servidor Público - SÚMULA 378 STJ


STJ Súm 378 Remuneração - Desvio de
Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes
função

SÚMULA VINCULANTE Nº 20
A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa – GDATA, instituída pela Lei 10.404/2002, deve ser deferida aos
Servidor Público -
STF SV 20 inativos nos valores correspondentes a 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de fevereiro a maio de 2002 e, nos termos
Remuneração - Inativo
do art. 5º, parágrafo único, da Lei 10.404/2002, no período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a
que se refere o art. 1º da Medida Provisória 198/2004, a partir da qual para a ser de 60 (sessenta) pontos.”

Servidor Público -
Súmula 23 TNU
Remuneração -
As substituições de cargos ou funções de direção ou chefia ou de cargo de natureza especial ocorridas a partir da vigência da Medida
TNU Súm 23 Substituição de cargo ou
Provisória nº 1.522, de 11/10/1996, e até o advento da Lei nº 9.527, de 10/12/1997, quando iguais ou inferiores a trinta dias, não
função de direção -
geram direito à remuneração correspondente ao cargo ou função substituída.
Inferior a 30 dias
Servidor - Estabilidade -
STJ 3aS 361 É incabível a exigência de que servidor público cumpra o prazo de estabilidade para que passe a figurar na lista de promoção de sua carreira.
Promoção
Servidor temporário -servidores temporários têm direito à adicional de insalubridade/periculosidade previsto em lei genérica em favor dos servidores, mas deferido
STJ Questão adicional deadministrativamente apenas em favor dos ocupantes de cargos efetivos. Segundo o STJ, se a lei não diferenciou a classe de servidores e se há prova do
insalubridade/periculosidade exercício da atividade insalubre/perigosa, o adicional é devido também aos temporários.
ADMINISTRATIVO. POLICIAL MILITAR. ATO DE EFETIVAÇÃO DE LICENCIAMENTO SUPOSTAMENTE NULO. PRESCRIÇÃO. OBSERVÂNCIA DO PRAZO
Servidor - reintegração -
STJ Questão QUINQUENAL PREVISTO NO DECRETO N. 20.910/32. 1. Entendimento desta Corte no sentido de que mesmo em se tratando de ato administrativo
prescrição quinquenal
nulo, não há como afastar a prescrição quinquenal para a propositura da ação em que se pretende a reintegração de policial militar.
STF Servidor - Direitos - Férias - Não é o gozo de férias que garante o adicional de, pelo menos, um terço a mais, e sim o próprio direito às férias constitucionalmente assegurado (CF,
Rep Geral 35
Pleno adicional de 1/3 art. 7º, XVII).
Não encontra respaldo no art. 36, III, a, da Lei n. 8.112/1990 nem na jurisprudência, o pleito de remoção quando o funcionário já era servidor
Servidor - Direitos -
STF 2aT 439 quando, voluntariamente, casou-se com uma servidora estadual, ainda que da relação advenha filho. A tutela antecipada concedida em 1o grau
Remoção
não é suficiente para caracterizar a Teoria do Fato Consumado, pois a tutela era de caráter provisório, o que conduziu a uma lotação provisória.
O Min. Eros Grau, relator, acompanhado pelos Ministros Cezar Peluso, Celso de Mello e Gilmar Mendes, Presidente, deixou consignado, em obiter dictum,
STF Servidor - Direitos - Greve -que não assistiria o exercício do direito de greve pelos policiais civis. A partir do que decidido pelo Supremo no MI 712/PA (DJE de 31.10.2008),
547
Pleno Policiais Civis o Min. Eros Grau manifestou-se não só sobre a proibição do exercício do direito de greve pelos policiais civis, mas também por outros
servidores públicos que exerçam funções públicas essenciais, relacionadas à manutenção da ordem pública e à segurança pública, à
administração da justiça, e à saúde pública. A maior parte dos Ministros da Corte, entretanto, limitou-se a estabelecer que competiria à Justiça
Comum estadual decidir quanto à legalidade, ou não, da greve sob exame.
o STF, ao interpretar o art. 7º da Lei n. 7.783/1989, entendeu que com a deflagração da greve ocorre a suspensão do contrato de trabalho. Assim,
não devem ser pagos os salários dos dias de paralisação, a não ser que a greve tenha sido provocada por atraso no pagamento ou por outras
STJ - Servidor - Direitos - Greve -situações excepcionais as quais possam justificar essa suspensão do contrato de trabalho. Anotou-se que, reiteradas vezes, em casos análogos, o STF
448 / 449
1aS Corte da remuneração tem decidido no mesmo sentido. A Seção declarou a legalidade da paralisação do trabalho, determinando que a União se abstenha de promover
qualquer ato que possa acarretar prejuízo administrativo funcional e financeiro aos grevistas, mas que haja regular compensação dos dias
paralisados sob pena de reposição ao erário dos vencimentos pagos, nos termos do art. 46 da Lei n. 8.112/1990.
STJ passou a ter competência para apreciar os processos relativos à declaração sobre a paralisação do trabalho decorrente de greve de servidores
STJ - Servidor - Direitos - Greve -
448 públicos civis, bem como às respectivas medidas acautelatórias, quando as greves forem nacionais ou abrangerem mais de uma unidade da
1aS Competência
Federação
A) O atual regime previdenciário do servidor público não prevê a garantia de reajustamento dos benefícios para a preservação de seu valor real.
Servidor - Direitos -
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1 Remuneração -
- CF. Art. 40. § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
Reajustamento
estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
Servidor - Direitos -
STJ 3aT 360 Os vencimentos de servidor são impenhoráveis.
Remuneração - Penhora
A EC 19/98, ao alterar o art. 39, § 1º, da CF, suprimiu a isonomia como critério de remuneração no serviço público e que, por essa razão, o Supremo
STF Servidor - Direitos -
556 tem reconhecido a inconstitucionalidade das normas que estabelecem a paridade de vencimentos entre servidores públicos ocupantes de
Pleno Remuneração - Equiparação
cargos de natureza distinta.
Por não ser auto-aplicável a norma do art. 37, XI, da CF, na redação que lhe foi dada pela EC 19/98 — haja vista que a fixação do subsídio mensal, em
espécie, de Ministro do Supremo Tribunal Federal depende de lei formal de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos Deputados,
STF Servidor - Direitos -do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal —, e, em razão da inexistência dessa fixação, continua em vigor a redação primitiva desse dispositivo
592 Rep Geral
Pleno Remuneração (possibilidade de lei, inclusive estadual e municipal, fixar relação de valores entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, observados,
como limites máximos e no âmbito dos respectivos poderes, os valores percebidos por membros do Congresso, Ministros de Estado e Ministros do STF e
seus correspondentes nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios, e, nos Municípios, os valores percebidos como remuneração pelo Prefeito).
Insere-se no âmbito da autonomia administrativa de cada órgão público a opção pela instituição financeira que receberá os créditos
Servidor - Direitos -
salariais dos servidores a ela vinculados. Registrou-se, ademais, que o fato de o recorrente receber os vencimentos em instituição indicada pela
STJ 5a T Info 465 Remuneração - Instituição
Administração não lhe tolhe o direito de escolher outra que ofereça melhores vantagens, pois a conta-salário é isenta de tarifas e deve permitir a
bancária
transferência imediata dos créditos para outras contas bancárias de que o beneficiário seja titular.
Servidor Público - servidor
sob o regime jurídico do art.
Não é possível cogitar-se de direito ao recebimento de uma segunda pensão por morte se proibida a percepção de dupla aposentadoria
11 da EC 20/98
STF - estatutária pelo servidor que veio a falecer. Em razão de o reingresso no serviço público ter ocorrido anteriormente à EC 20/98, salientou-se que
103638 (possibilidade de cumulação
Pleno — não obstante a ressalva do direito à acumulação dos proventos da aposentadoria com a remuneração do cargo que exercia — não lhe era
da aposentadoria e
permitida a percepção de mais de uma aposentadoria estatutária.
remuneração) - Acumulação
de 2 aposetadorias
“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. ACUMULAÇÃO DE
PROVENTOS DE MILITAR COM APOSENTADORIA CIVIL. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 20/1998. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
Servidor público - Acúmulo
1. A acumulação de proventos oriundos de reforma de militar com aqueles decorrentes do exercício de cargo civil somente é possível se a
STF Questão de provento de reforma com
reforma ocorreu ainda na vigência da Carta de 1967 e a aposentadoria civil se deu antes da Emenda Constitucional n. 20/1998 ” (RE
aposentadoria
577184 ED, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 01/02/2011, DJe-083 DIVULG 04-05-2011 PUBLIC 05-05-2011 EMENT VOL-
02515-01 PP-00140).
638 - Servidor público - Servidor
É compatível com a Constituição a extensão, aos servidores públicos inativos, dos critérios de cálculo da GDPST estabelecidos para os
STF Repercussão Inativo - Extensão do
servidores públicos em atividade.
geral critério do cálculo da GDPST
Portanto, a questão está em definir se os servidores aposentados, em carreira modificada por lei superveniente, possuem direito líquido e certo à
Servidor público - Servidor
transposição e ao apostilamento incidente sobre os ativos, com base na isonomia constitucional. O STF fixou que a expressão “quaisquer benefícios ou
STJ 1aS 474 Inativo - Transposição e
vantagens” possui alcance amplo e permite inferir que os substituídos possuem direito ao apostilamento e que a aplicação da isonomia
apostilamento
constitucional é realizada de forma automática, pressupondo tão somente uma lei que preveja tal direito aos ativos.
Servidor - Direitos -
STJ - O adicional pela prestação de serviço extraordinário (hora extra) não integra a base de cálculo da gratificação natalina dos servidores
449 Remuneração - Hora extra -
1aT públicos federais, pois não se enquadra no conceito de remuneração do caput do art. 41 da Lei n. 8.112/1990.
BC gratificação natalina
Servidor - Direitos -
O desconto em folha de pagamento de servidor público referente a ressarcimento ao erário depende de prévia autorização dele ou de
STJ 5aT 439 Remuneração - Desconto
procedimento administrativo que lhe assegure a ampla defesa e o contraditório.
em folha de pagamento
Servidor - Direitos -
Diante da boa-fé no recebimento de valores pelo servidor público, é incabível a restituição do pagamento em decorrência de errônea
Remuneração - Restituição
STJ 1a T 463 495 interpretação ou má aplicação da lei pela Administração. Se, antes do pagamento, houve comunicação pela Administração, não há que se
de valores recebidos
falar em boa-fé, sendo devida a restituição.
indevidamente
Servidor - Direitos -
Remuneração - Supressão
Tendo em vista não haver previsão legal para o pagamento da vantagem pleiteada pelos recorrentes, a supressão dele não implica
STJ 1a T 463 de vantagem - Direito
irregularidade, ilegalidade ou ofensa a direito adquirido.
adquirido - irredutibilidade
de vencimento
Servidor - Direitos -A Seção, ao consignar que o art. 77 da Lei n. 8.112/1990 busca preservar a saúde do servidor público, decidiu que o acúmulo de mais de dois
STJ 3aS 470
Acúmulo de férias períodos de férias não gozadas não resulta em perda do direito de usufruí-los.
Servidor - Promoção -a Seção reafirmou sua jurisprudência (acorde com a do STF) de que é direito do servidor anistiado político, civil ou militar, a promoção por
STJ 3aS 476 Merecimento - Servidormerecimento independentemente de análise subjetiva (aprovação de cursos ou avaliação do merecimento), bastando a observância dos
Anistiado Político prazos de permanência na atividade previstos em lei ou regulamento.
Princípios - Ampla defesa e
contraditório -no caso, o cancelamento de averbação de tempo de serviço e a ordem de restituição dos valores imposta teriam influído inegavelmente na
STF
641 Cancelamento de averbaçãoesfera de interesses da servidora. Dessa maneira, a referida intervenção estatal deveria ter sido antecedida de regular processo
Pleno
de tempo de serviço eadministrativo, o que não ocorrera, conforme reconhecido pela própria Administração.
restituição de valores
NOMEAÇÃO TARDIA -A nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial NÃO gera direito à indenização. Afirmou o Min. Relator que o direito à
STJ 3T 494
INDENIZAÇÃO?? remuneração é consequência do exercício de fato do cargo. Terceira Turma. REsp 949.072-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 27/3/2012.
Servidor - acompanhamento
O servidor público cujo cônjuge foi aprovado em concurso de remoção tem o direito de requerer sua própria remoção, como forma de manter a unidade
STJ 3aS Notícias de cônjuge - concurso de
familiar.
remoção
Se o servidor público não gozou a licença-prêmio e este tempo não foi utilizado para fins de sua aposentadoria, ele pode ingressar com uma
Servidor - licença-prêmio
STJ 1aS 496 ação cobrando a conversão desta licença-prêmio não gozada em pecúnia (dinheiro). Esta ação tem o prazo prescricional de 5 anos, contados
não gozada
da data em que ocorreu a aposentadoria do servidor público.
STJ 489 Aposentadoria - teoria do Caso em que o TCDF demorou 10 anos pra analisar a aposentadoria e, quando o fez, disse que a servidora não cumpria os requisitos. Na data ela já
1aT fato consumado tinha 74 anos, enquadrando-se na aposentadoria compulsória, não podendo cumprir os requisitos para a voluntária. STJ, diante da demora
injustificada do TCDF, aplicou a teoria do fato consumado, mantendo a percepção da aposentadoria.

STF RE 553231 Revisão geral anual Revisão geral anual. STF já pontuou que:
ADI 3599
1) Obrigatoriedade de lei. Atendendo ao preceito do próprio art. 37, X, da CF/88, a revisão geral anual deve ser estabelecida através de lei em
sentido estrito. Instrumentos que atendam à mera legalidade ou mesmo atos infralegais são inadmissíveis para conceder a revisão. Está-se diante de
reserva legal.
2) A iniciativa legislativa do projeto de lei é privativa do chefe do executivo, não cabendo a mesma iniciativa aos chefes dos poderes legislativo e
judiciário.
3) A revisão geral anual deve ser aplicável à totalidade dos servidores do ente federativo, não se confundindo com mero reajuste setorial. Do
contrário, estar-se-ia diante de aumento de remuneração dos servidores do legislativo, e não de revisão do funcionalismo.

Outro aspecto interessante comentado pelo EMAGIS: não se aplicam os limites da LRF. Não se aplicam à revisão geral anual a estimativa do impacto
da despesa no próprio exercício e nos 2 subsequentes nem a necessidade de demonstração da origem dos recursos para seu custeio, como disciplinado
pelo art. 17, §§ 1º e 6º, da LRF. A doutrina é clara ao comentar a questão: “Como compatibilizar os dispositivos [constitucionais]? Evidentemente que
a norma constitucional está acima do disposto em lei, ainda que complementar. Esta é submissa àquela. A obrigatoriedade da revisão geral anual
impõe, eventual e provisoriamente, o descumprimento da norma legal, até futura adequação. É que a norma legal não pode limitar o cumprimento de
preceito constitucional, nem impedir sua aplicação.” (OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Curso de direito financeiro. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011, p. 506).

STJ REsp MATRÍCULA. Trata-se de esposa de militar transferido ex officio que teve negada a matrícula em universidade federal, embora tenha sido transferida de outra
877.060-DF UNIVERSIDADE. universidade federal (vaga decorrente de outra transferência do marido), porque sua admissão no curso superior foi em instituição privada. É cediço
TRANSFERÊNCIA que, após a declaração de inconstitucionalidade do art. 1º da Lei n. 9.536/1997, sem redução de texto, pelo STF na ADIN 3.324-DF (DJ 15/4/2005), a
jurisprudência entende que, na matrícula compulsória tanto do servidor público como do militar transferido no interesse da Administração ou seus
dependentes em curso superior, independentemente de vaga ou época do ano, deve-se observar o critério da congeneridade da instituição de ensino,
isto é, se de natureza pública na origem, para pública ou, se privada na origem, para privada. Explica a Min. Relatora que, não obstante ter a esposa
do militar ingressado no vestibular em universidade privada, tal fato é irrelevante, porque agora está sendo transferida de universidade federal
congênere, pois ambas são públicas. Assim, a recorrente tem direito a ser matriculada em outra universidade federal sem que se indague a origem
primeira. (estudava numa particular, foi transferida para uma pública e depois novamente para outra pública)

STJ 500 Irredutibilidade da A partir da entrada em vigor da EC n. 41/2003 (que deu nova redação ao art. 37, XI, da CF), o servidor não pode alegar direito adquirido ao
2aT remuneração e teto recebimento de remuneração, proventos ou pensão acima do teto remuneratório, nem em ato jurídico perfeito que se sobreponha ao teto
constitucional constitucional, não prevalecendo a garantia da irredutibilidade de vencimentos diante da nova ordem constitucional.
       
SERVIDOR - RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA

       
SÚMULA Nº 18 STF
STF Súm 18 PELA FALTA RESIDUAL, NÃO COMPREENDIDA NA ABSOLVIÇÃO PELO JUÍZO CRIMINAL, É ADMISSÍVEL A PUNIÇÃO ADMINISTRATIVA
DO SERVIDOR PÚBLICO.

STF Súm 19 SÚMULA Nº 19


É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.

STF Súm 20 SÚMULA Nº 20 STF


É NECESSÁRIO PROCESSO ADMINISTRATIVO COM AMPLA DEFESA, PARA DEMISSÃO DE FUNCIONÁRIO ADMITIDO POR CONCURSO.

SÚMULA 21 STF
STF Súm 21 Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de
sua capacidade.

SÚMULA 22 STF
STF Súm 22
O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo.

2) Processo administrativo punitivo: Quais as diferenças do processo disciplinar entre juiz que já alcançou a vitaliciedade e um outro que ainda não
alcançou tal vitaliciedade?
PAD - Juiz vitaliciado x
Oral TRF2 Resposta:
vitaliciando
Adquirida a vitaliciedade, a perda do cargo depende de sentença judicial transitada em julgado. Não adquirida, o magistrado poderá perder o cargo por
decisão administrativa do tribunal a que vinculado (CF, art. 95, I).
SINDICÃNCIA

       
B) Na sindicância, ainda que instaurada com caráter meramente investigatório ou preparatório de um processo administrativo disciplinar, é indispensável
a observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa.
  Questão TRF1 Sindicância (E) – GABARITO PRELIMINAR
-sindicância investigativa dispensa contraditório e ampla defesa (hipótese de arquivamento ou instauração do PAD). Na sindicância investigativa e
punitiva será necessário contraditório e ampla defesa (suspensão até 30 dias ou advertência).
STJ MS 14335 A prescrição da pretensão punitiva da Administração somente é interrompida quando a Sindicância for de caráter punitivo, e não
3aS exclusivamente investigatória ou preparatória para a instauração do Processo Administrativo Disciplinar.
       
PAD

       
Súmula 343 STJ [superada]
É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar.
PAD - defesa por
STJ Súm 343
advogado
Obs: Apesar de não ter sido formalmente cancelada, essa súmula não tem mais aplicação em virtude da edição pelo STF da Súmula Vinculante n. 5: “A falta de defesa técnica por advogado
no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.

PAD - defesa por SÚMULA VINCULANTE Nº 5


STF SV 5
advogado A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
B) No processo administrativo disciplinar, eventuais irregularidades na portaria inaugural ensejam a anulação do processo, ainda que comprovada a
ausência de prejuízo para o servidor público envolvido, já que se trata de ato essencial à legalidade do processo.
(C) – GABARITO PRELIMINAR (PASSÍVEL DE RECURSO)
-é farta a jurisprudência do STJ exigindo a necessidade de prova de prejuízo para o reconhecimento da nulidade do PAD em caso de eventual
  Questão TRF1   irregularidade da peça inaugural.
MS 13678 / DF – STJ 3aS - 1. As supostas irregularidades da portaria inaugural, assim como as que teriam ocorrido no processo administrativo não
ensejam a sua anulação, notadamente porque não causaram prejuízo ao impetrante.
Info 323 STJ 3aS - Quanto à eventual nulidade do processo, a Seção firmou novamente que há que se provar o prejuízo sofrido (p as de nullité sans
grief) (...).
Servidor - PAD - remoção
o servidor ter sido removido para outro órgão ou mesmo entidade da Administração Pública não tem o condão de deslocar a competência para a
STJ 1aS 478 não influencia na
sindicância ou o PAD relativos a infração que tenha surgido quando ainda estava em exercício no órgão ou ente de origem.
competência
PAD - Nulidade -Vício formalNão há nulidade do PAD por vícios meramente formais, quando não for evidente o prejuízo à defesa, aplicação do princípio pas de nullité
STJ 1aS 483
- Pas de nullite sans grief sans grief. No caso, não houve prejuízo ao impetrante com a designação da comissão processante após a ocorrência do fato a ser apurado.
A Turma reiterou que é nula a instauração de processo administrativo disciplinar (PAD) contra magistrado sem a sua prévia notificação para
STJ 1aT 483 PAD - Prévia notificação
se manifestar sobre os termos da representação e da prova contra ele apresentada.
Servidor - Resp Adm - PAD
- Penalidades - CritériosEm observância ao princípio da proporcionalidade, a autoridade deve pôr em confronto: a gravidade da falta, o dano causado ao serviço público, o
STJ 3aS 365
para definição da penagrau de responsabilidade do servidor e seus antecedentes funcionais para, sopesando tudo, demonstrar a justiça da sanção.
aplicada
B) Na hipótese de demissão imposta a servidor público submetido a processo administrativo disciplinar, o controle por parte do Poder Judiciário deve
ficar restrito aos aspectos formais, visto que não é possível a análise da motivação do ato decisório.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1  
RMS 25152 / RS – STJ 5aT - Para a hipótese de pena de demissão imposta a servidor público submetido a processo administrativo disciplinar, não há
falar em juízo de conveniência e oportunidade da Administração, visando restringir a atuação do Poder Judiciário à análise dos aspectos formais do
processo disciplinar, porquanto, em tais circunstâncias, o controle jurisdicional é amplo, no sentido de verificar se há motivação para o ato demissório.
Servidor - Resp - A Turma negou provimento ao recurso ao adotar o entendimento de que a absolvição na esfera criminal por insuficiência de provas não interfere
STJ 5aT 483 Comunicação de instânciasna seara da punição administrativa, tendo, porém, repercussão na instância administrativa apenas quando a sentença proferida no juízo criminal
penal x adm nega a existência do fato criminoso ou afasta sua autoria.
Servidor - Resp Adm -
Infração Penal e Infração
Em regra haverá independência de instância, sendo que o processamento e condenação no âmbito administrativo não dependerá do processo no
Funcional (crime contra a
âmbito penal. Mas a jurisprudência destaca uma exceção, quando a infração funcional for aquela prevista no art. 132, I, L 8112 - crimes funcionais
Injur   adm pub) - Comunicação de
(312 a 326 do CP), a condenação no PAD dependerá de condenação anterior na seara penal. Seara administrativa dependerá da seara penal. Se
instâncias - Necessidade de
for outra situação que não do art. 132, I, ou seja, ainda que a infração funcional caracterize crime, não haverá dependência da seara penal.
condenação prévia na seara
penal
STJ, ao interpretar o art. 142, § 2º, da Lei n. 8.112/1990, entendeu que, se o servidor público cometer infração disciplinar também tipificada como
Servidor - Resp Adm - Prazocrime, somente se aplica o prazo prescricional previsto na legislação penal quando os fatos igualmente forem apurados na esfera criminal.
prescricional - Legislação
STJ 3aS 474
Penal - Apuração na esfera2. Quando o servidor público comete infração disciplinar também tipificada como crime, somente se aplicará o prazo prescricional da legislação penal se
criminal os fatos também forem apurados em ação penal. (MS 15.462/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/03/2011, DJe
22/03/2011)
a prescrição se interrompe pela abertura do processo administrativo disciplinar (PAD). Contudo, conforme entende a jurisprudência, essa interrupção
não pode ser eterna, sendo certo que o STJ encontrou o prazo de 140 dias como montante da paralisação, findo o qual a prescrição volta a
correr.
Servidor - Resp Adm - Prazo
STJ   prescricional - Interrupção -2. Desse modo, interrompida a contagem da prescrição com a instauração do Processo Administrativo Disciplinar em 15/10/2001, volta o referido
prazo máximo prazo a correr por inteiro em 07/03/2002, isto é, após o transcurso de 140 (cento e quarenta) dias (prazo máximo para a conclusão do PAD -
art. 152, caput, c.c. o art. 169, § 2.º, ambos da Lei 8.112/90). Assim, tendo sido expedida a Portaria Demissória do Impetrante em 20/12/2006,
constata-se, a toda evidência, a não ocorrência da prescrição da pretensão punitiva da Administração Federal, a qual somente viria a ocorrer em 7 de
março de 2007. (MS 12.735/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/06/2010, DJe 24/08/2010)
Questão Conforme o disposto na Lei n.º 8.112/1990, a instauração de PAD interrompe a prescrição até a decisão final, a ser proferida pela autoridade
CESPE - competente; conforme entendimento do STF, não sendo o PAD concluído em cento e quarenta dias, o prazo prescricional volta a ser contado em sua
AGU/2012 integralidade.
1. Diante do trânsito em julgado de sentença penal condenatória que decreta a perda do cargo público, a autoridade administrativa tem o
dever de proceder à demissão do servidor ou à cassação da aposentadoria, independentemente da instauração de processo administrativo
disciplinar, que se mostra desnecessária. Isso porque qualquer resultado a que chegar a apuração realizada no âmbito administrativo não terá o
condão de modificar a força do decreto penal condenatório.
2. Em conseqüência, nesses casos, não há falar em contrariedade ao devido processo legal e aos princípios constitucionais da ampla defesa
Servidor - Sentença eme do contraditório, já plenamente exercidos nos rigores da lei processual penal, tampouco na ocorrência de prescrição da pretensão punitiva do
ação de improbidade/açãoEstado ou de bis in idem, sendo esta última oriunda de eventual apuração, na esfera administrativa, do ilícito praticado.
STJ 5aT   penal determinando a perda3. Do administrador não se pode esperar outra conduta, tendo em vista a possibilidade de, em tese, incidir no crime de prevaricação ou de
da função - Desnecessidadedesobediência, conforme for apurado, segundo os arts. 319 e 330 do Código Penal. O fato poderá, ainda, constituir ato de improbidade
de PAD administrativa, conforme art. 11, II, da Lei 8.429/92.
4. Qualquer modificação dos efeitos da sentença condenatória, bem como a extensão de qualquer benefício ou vantagem, deve ser buscada e
solucionada na própria esfera penal. Em mandado de segurança impetrado contra ato que, em cumprimento à sentença que decreta a perda da função
pública, aplica a servidor público a pena de cassação de aposentadoria, não cabe a reforma da decisão proferida no juízo criminal.
5. Recurso ordinário improvido.
(RMS 22.570/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 18/03/2008, DJe 19/05/2008)
Info 380: No Processo Administrativo Disciplinar, cabe a utilização de prova emprestada do juízo criminal, ainda que lá não tenha se sujeitado ao
contraditório (o caso se refere a escutas telefônicas). Info 436: não há nulidade do PAD por ter-se utilizado de prova emprestada obtida em ação penal
Servidor - Resp Adm - PADem curso, uma vez que o STF admite a migração da prova criminal excepcional para procedimentos cíveis. STJ 3aS Info 464: No que se refere à prova
STJ 3aS 380 / 436
- Prova emprestada emprestada, consignou ser cabível a sua adoção no PAD consoante a jurisprudência do STF e do STJ, desde que respeitados os princípios da ampla
defesa e do contraditório. Quanto à realização do interrogatório antes da oitiva das testemunhas, entendeu que esse fato não acarretou prejuízo à
impetrante, visto que a inversão dos atos procedimentais não influenciou em sua defesa, tampouco nas conclusões da comissão processante.
STF Pet 3683 Servidor - Resp Adm - Os Tribunais Superiores chancelam a utilização de prova emprestada no seio do PAD, ainda que tenham sido obtidas no curso de investigação
Pleno PAD - Prova Emprestada criminal. Segundo o STF, “dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas, judicialmente autorizadas para produção de prova em
investigação criminal ou em instrução processual penal, bem como documentos colhidos na mesma investigação, podem ser usados em procedimento
administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos
ilícitos teriam despontado à colheita dessas provas”. (STF, Pleno, Pet 3683)
É assegurado a qualquer servidor público o direito de ser ouvido previamente ao ato veiculador de sua punição disciplinar, ainda que desta resulte,
STF Servidor - Resp Adm - PAD
524 por aplicação do critério da verdade sabida, a imposição de sanção administrativa revestida de menor gravidade, como ocorre com a repreensão e a
Pleno - Penalidades
suspensão funcional por até cinco dias.
Servidor - Resp Adm - PADApós a aposentadoria, o servidor não guarda vínculo de subordinação hierárquica com a Administração a ponto de ser submetido a PAD por
STJ 3aS 376
- Servidor Aposentado proferir declarações contra autoridades.
Servidor - Resp Adm -Com o reconhecimento do Judiciário da legalidade do ato administrativo que culminou com a demissão do servidor, descabe a renovação do
STJ 3aS 381
Penalidades - Demissão pedido em sede administrativa, mormente por força da coisa julgada.
Servidor - Resp Adm - PAD
A exoneração de servidor público aprovado em concurso público e ainda em estágio probatório não prescinde do procedimento administrativo
STJ 5aT 418 - Servidor em estágio
específico, descabendo, contudo, a instauração de processo administrativo disciplinar com todas as suas formalidades.
probatório
A sindicância prescinde de contraditório ou ampla defesa, visto ser procedimento inquisitorial prévio à acusação e ao PAD, fase a tramitar sem a
Servidor - Resp Adm -
presença obrigatória de acusados. (atenção: essa conclusão somente ocorrerá no caso de sindicância investigativa, ou seja, aquela que conclui pelo
STJ 3aS 419 Sindicância - Contraditório e
arquivamento ou pela instauração do PAD. Se for hipótese de sindicância investigativa e punitiva, aquela que aplica pena de advertência ou pena de
ampla defesa
suspensão de até 30 dias, será necessário respeitar o contraditório e a ampla defesa)
Servidor - Resp Adm -
A Controladoria-Geral da União é o órgão central do sistema de correição do Poder Executivo Federal, daí ter competência para instaurar e avocar
STJ 3aS 419 Controladoria-Geral da
processos administrativos contra os servidores vinculados àquele Poder (art. 18 da Lei n. 10.683/2003).
União
A declaração da nulidade do PAD que conduzira à aplicação da pena de advertência não poderia apoiar-se no disposto no art. 174 da Lei 8.112/90
(revisão em benefício do servidor que sofrera punição disciplinar). Destacou-se que a situação descrita seria de revisão ex officio de ato
STF Servidor - Resp Adm - PAD
574 administrativo (Lei 8.112/90, artigos 114 – autotutela da administração – e 169 – nulidade do PAD com instauração de novo processo). Portanto, a
Pleno - Revisão
anulação total do processo original e a sua retomada desde o início, ainda que se refiram aos mesmos fatos, não violara o princípio do non bis in idem (o
2º processo levou à demissão do servidor).
Servidor - Resp Adm - PADO prazo de prescrição previsto na lei penal aplica-se às infrações disciplinares capituladas como crime, levando em conta a pena concreta (arts.
STJ 5aT 432
- Penalidades - Prescrição 109 e 110 do CP). (art. 142, § 2º, da Lei n. 8.112/1990)
O prazo prescricional da pretensão punitiva da Administração Federal começa a ser contado da data em que se torna conhecido o fato desabonador
(art. 142, § 1º, da Lei n. 8.112/1990), e a instauração do processo administrativo disciplinar (PAD), mediante a publicação da respectiva portaria,
Servidor - Resp Adm - PADinterrompe a prescrição (§ 3º). Contudo, a contagem da prescrição volta a correr por inteiro após transcorridos 140 dias, prazo máximo
STJ 3aS 438
- Prescrição para a conclusão do PAD. A Lei n. 8.429/1992 (LIA) não revogou, seja de forma tácita ou expressa, dispositivos da Lei n. 8.112/1990. Ela apenas
definiu atos de improbidade administrativa e lhes cominou penas que podem ser aplicadas a agentes públicos ou não. Daí que permaneceu incólume a
independência entre as esferas penal, civil e administrativa, conforme previsto pela própria LIA em seu art. 12.
A Terceira Seção desta Corte pacificou o entendimento de que o termo inicial do prazo prescricional da Ação Disciplinar é a data em que o fato se
tornou conhecido da Administração, mas não necessariamente por aquela autoridade específica competente para a instauração do Processo
Administrativo Disciplinar (art. 142, § 1o. da Lei 8.112⁄90). Precedentes.
STJ - Servidor - Resp Adm - PAD
460
3aS - Prescrição - Termo inicial 4.Qualquer autoridade administrativa que tiver ciência da ocorrência de infração no Serviço Público tem o dever de proceder à apuração do ilícito ou
comunicar imediatamente à autoridade competente para promovê-la, sob pena de incidir no delito de condescendência criminosa (art. 143 da Lei
8.112⁄90); considera-se autoridade, para os efeitos dessa orientação, somente quem estiver investido de poder decisório na estrutura
administrativa, ou seja, o integrante da hierarquia superior da Administração Pública. Ressalva do ponto de vista do relator quanto à essa exigência.
Ressaltou a Min. Relatora ser firme o entendimento deste Superior Tribunal de que, havendo cometimento por servidor público de infração disciplinar
também tipificada como crime, somente se aplica o prazo prescricional previsto na legislação penal quando os fatos forem apurados na
Servidor - Resp Adm - PADesfera criminal. Ademais, em se tratando da pena de destituição de cargo em comissão aplicada a ex-servidor por ter praticado infrações sujeitas
STJ 3a S 464
- Prescrição à suspensão por 30 dias, o prazo prescricional a ser considerado é de dois anos nos termos do art. 142, II, c/c o art. 135 da Lei n. 8.112/1990. Ao
contrário, na hipótese de destituição de cargo em comissão por infração sujeita à pena de demissão, a prescrição a ser observada é de cinco anos
(inciso I do mesmo dispositivo legal).
Servidor - Prescrição -
STJ - conforme precedentes, o trânsito em julgado de sentença penal absolutória é o marco inicial para contagem do prazo prescricional da ação que
450 Reintegração - Sentença
6aT busca a anulação do ato de demissão do autor.
penal absolutória
C) É vedado novo julgamento do processo administrativo disciplinar, ainda que para fins de abrandamento da sanção disciplinar aplicada ao servidor
público.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1 Novo julgamento - SÚMULA Nº 19 É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.
REsp 1216473/PR – STJ 1aT - 2. O novo julgamento do processo administrativo disciplinar ofende o devido processo legal, por não encontrar respaldo na
Lei 8.112/90, que prevê sua revisão tão somente quando constatado vício insanável ou houver possibilidade de abrandamento da sanção disciplinar
aplicada ao servidor público.
a absolvição criminal do impetrante, recorrente, por negativa de autoria é fato superveniente que corrobora a assertiva no mandamus de que as
provas e circunstâncias apuradas no decorrer do processo administrativo disciplinar (PAD) não comportam um juízo de certeza a respeito da conduta
Servidor - Resp Adm - Fato
homicida que lhe foi imputada, o que, inclusive, culminou na sua expulsão da corporação militar antes mesmo de ser prolatada a sentença criminal.
STJ 5aT 455 Superveniente - Absolvição
Asseverou que, nesse contexto, a teor do art. 462 do CPC, o fato superveniente passa a influir na solução do litígio e deve ser considerado pelo
criminal
tribunal competente para o julgamento, sendo certo que essa regra processual não se limita ao juízo de primeiro grau, visto que a tutela jurisdicional em
qualquer grau de jurisdição deve solucionar a lide na forma como se apresenta no momento do julgamento.
Servidor - Resp Adm - PAD
MS 16141 Depois de cumprida a primeira punição pelo servidor público, é inadmissível uma segunda sanção mais gravosa pelos mesmos motivos, em
STJ - - Anulação - Sanção já
(notícias razão da instauração de novo processo administrativo disciplinar (PAD), por anulação do PAD anterior (caso em que o 1o PAD foi anulado pela
1aS cumprida - Nova Sanção
02.06.11) participação de servidor não estável na comissão disciplinar).
mais gravosa
Servidor - Resp Adm - PAD
Anote-se, por fim, ser possível ao Judiciário examinar a motivação do ato que impõe pena disciplinar ao servidor, isso com o desiderato de
STJ 3aS 476 - Motivação - Poder
averiguar se existem provas suficientes da prática da infração ou mesmo se ocorre flagrante ofensa ao princípio da proporcionalidade.
Judiciário
portaria que deflagra o PAD não necessita descrever pormenorizadamente os fatos sob apuração , o que somente é imprescindível por
Servidor - Resp Adm - PAD
STJ Questão 494 ocasião do indiciamento do servidor, após a instrução do processo administrativo . Ou seja, é prescindível essa providência na fase inaugural do
- Portaria
PAD.
É cabível o uso excepcional de interceptação telefônica em PAD, desde que seja observado no âmbito administrativo o devido processo legal, o
STJ 494 PAD - INTERCEPTAÇÃO contraditório e ampla defesa, bem como haja autorização do Juízo Criminal. Terceira Seção. MS 14.797-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
28/3/2012.
Apenas o presidente da Comissão (e não os demais membros) precisará ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
STJ 494 PAD - COMISSÃO
escolaridade igual ou superior ao do indiciado. Terceira Seção. MS 14.797-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/3/2012.
Em processo administrativo disciplinar, não é considerada comunicação válida a remessa de telegrama para o servidor público recebido por
PAD - ciência postal -terceiro.
STJ 3aS 492 necessidade da prova da
efetiva ciência O STJ entendeu que a União não conseguiu atestar, por meio de prova manifesta, a efetiva ciência do servidor, por meio de notificação pessoal, do
desarquivamento do processo administrativo disciplinar e do ato de anulação de sua absolvição.
STJ 498 PAD - impossibilidade de O processo disciplinar encerra-se mediante o julgamento do feito pela autoridade competente. A essa decisão administrativa, à semelhança do que
3aS reformatio in pejus, salvo ocorre no âmbito jurisdicional, deve ser atribuída a nota fundamental de definitividade.
nos casos de vício
insanável O servidor público punido não pode remanescer sujeito a rejulgamento do feito para fins de agravamento da sanção, com a finalidade de seguir
orientação normativa, quando sequer se apontam vícios no processo administrativo disciplinar.

Assim, a anulação parcial do processo administrativo disciplinar para adequar a penalidade aplicada ao servidor (caso de revisão),
consoante pareceres do órgão correspondente, ensejando aplicação de sanção mais grave, ofende o devido processo legal e a proibição
da reformatio in pejus.

Atenção: O Processo Administrativo Disciplinar dos servidores públicos federais somente poderá ser anulado quando constatada a ocorrência de
vício insanável (art. 169, caput, da Lei n. 8.112/90), caso em que cabe a reformatio in pejus:
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia superior
declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração de novo processo.

Pode também ser revisto, quando apresentados fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do servidor punido ou a inadequação
da penalidade aplicada (art. 174, caput), sendo que a revisão da reprimenda somente será cabível quando favorecer o acusado:

Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.

Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor,
exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.

STJ - 489 PAD - possibilidade da A autoridade competente até pode discordar da comissão processante, só que, para isso, deve motivar a discordância em provas
1aS autoridade sancionar de constantes dos autos, em provas cabais constantes dos autos. E, no caso concreto, isso não teria ocorrido porque a autoridade competente, ao
forma divergente da aplicar a demissão - e não a suspensão, que foi sugerida -, não fundamentou a demissão em provas coligidas nos autos, não fundamentou de maneira
proposta pela comissão
adequada essa demissão. Então, para o STJ, houve uma desproporcionalidade na aplicação da sanção e uma afronta direta à Lei nº 8.112/90, aos arts.
128, que eu estou mencionando, e ao art. 168, também.

STF 670 CNJ - PAD Info 653: decidiu-se que o CNJ pode investigar, apurar magistrados, selecionando os casos mais relevantes, mais notórios e não precisaria
Pleno esperar a decisão da Corregedoria estadual.

Mesmo que a Corregedoria estadual arquive o PAD, o CNJ pode atuar. Se o arquivamento do PAD, na Corregedoria estadual – vou usar a expressão
dele – tivesse uma eficácia bloqueadora da atuação do CNJ, você chegaria à impunidade. Não foi para isso que o CNJ foi criado.

Preliminar de nulidade pelo fato de o julgamento não ter sido presidido pelo Presidente do STF: ainda que você tenha a presidência, claro, para um
ministro do STF, ele pode fazer delegações, é natural que ele tenha eventualmente ausência em determinados dias de seção de julgamento. É natural
que você tenha férias, licenciamentos, impedimentos. Então, é natural, dentro de um sistema colegiado, que a atuação da presidência seja delegada
momentaneamente, transferida para outras autoridades.

Análise de provas em RE e REsp. Casos de afastamento da S. 7 do STJ: tem havido uma certa constância de decisões do STF e do STJ no sentido de
anular decisões no âmbito de PAD que são máximas (demissão ou, nesse caso, aposentadoria compulsória) por conta da ausência de gravidade dos
fatos que foram, ali, apurados. De alguma forma, eles acabam entrando no exame das provas dos fatos, mas, enfim, nesse caso, como eu disse, para
eles, não está havendo nenhum tipo de problema.

STJ MS 16557 PAD - necessidade da 1. Trata-se de Mandado de Segurança contra ato de demissão, por meio de Processo Administrativo Disciplinar, no qual figurou, como membro da
1aS estabilidade de membro Comissão, servidor que havia conquistado estabilidade em cargo anterior (técnico do INSS); porém, aprovado em ulterior concurso
ser em relação ao cargo (analista da CGU), encontrava-se ainda em estágio probatório.
ocupado 2. A ratio da imposição do art. 149 da Lei 8.112/1990 é blindar, ex lege, os membros da Comissão contra pressão capaz de alterar o equilíbrio na
tomada de decisões, influindo de forma espúria sobre a imparcialidade.
3. No caso concreto, o membro da Comissão Processante, quando de sua nomeação, ainda estava em estágio probatório, sujeito a
avalições e, inclusive, à exoneração.
4. A interpretação do art. 149 da Lei 8.112/1990, atrelada à garantia de imparcialidade em processos administrativos, recomenda seja
acolhida a pretensão da impetrante.
5. Segurança concedida para anular o PAD. (STJ, Primeira Seção, MS 16557, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 06/09/2011)
STF e EMAGIS Em processo administrativo disciplinar, o servidor defende-se dos fatos que cercam a conduta faltosa identificada, e não da sua capitulação jurídica.
STJ
O Judiciário pode rever a imposição de sanções disciplinares quando escassa e frágil a prova utilizada para embasar a punição.

Pedro Servidor foi condenado, no âmbito de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), à pena de suspensão por 180 (cento e oitenta) dias.
Ulteriormente, a Assessoria Jurídica do órgão ofertou parecer à autoridade superior noticiando a inadequação da punição aplicada aos ditames legais e
recomendou a anulação parcial do processo, de modo a que outro julgamento fosse realizado. Nesse caso, de acordo com a mais recente
jurisprudência do STJ, seria ilegal a anulação sugestionada pelo parecerista.

- não se admite a anulação do PAD simplesmente para uma readequação da pena imposta ao servidor , o que representaria, em realidade,
um autêntico rejulgamento, em verdadeiro bis in idem, vedado pela Súm. 19 do STF ("É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no
mesmo processo em que se fundou a primeira"), ainda prestigiada pela jurisprudência. Não que seja impossível anular um PAD para promover novo
julgamento do servidor: isso poderá ocorrer, contudo, apenas em caso de vício insanável (Lei 8.112/90, art. 169), não se considerando como tal a
mera inadequação da pena imposta - STJ, Terceira Seção, MS 10.950

o Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou a jurisprudência da Corte que admite a demissão de policial militar que comete falta disciplinar por
PAD -Demissão - meio de processo administrativo, independentemente do curso da ação penal instaurada para apurar a conduta (policial alegou que
STF independência do somente poderia ser demitido por meio de uma sentença penal condenatória com trânsito em julgado). “Firmou-se, ainda, entendimento de que não
processo criminal há óbice à aplicação de sanção disciplinar administrativa antes do trânsito em julgado da ação penal, pois são relativamente independentes as
instâncias jurisdicional e administrativa”, explicou o ministro.
       
SERVIDOR - RESPONSABILIDADE CIVIL

 No parecer vinculante, o parecerista responde solidariamente, pois a manifestação deixa de ser meramente opinativa (MS 24631).
Parecerista -
STF   
responsabilidade
Em parecer facultativo, o parecerista não responde.
STJ Rec Rep Resp civil - Servidor - Não se pode confundir a típica ação de improbidade administrativa, de que trata o artigo 17 da Lei 8.429/92, com a ação de responsabilidade civil
1aS Ação anulatória de ato para anular atos administrativos e obter o ressarcimento do dano correspondente. Aquela tem caráter repressivo, já que se destina,
adm e ressarcimento ao fundamentalmente, a aplicar sanções político-civis de natureza pessoal aos responsáveis por atos de improbidade administrativa (art. 12). Esta, por
erário - Não aplicação da sua vez, tem por objeto conseqüências de natureza civil comum, suscetíveis de obtenção por outros meios processuais. O especialíssimo
Lei 8429 procedimento estabelecido na Lei 8.429/92, que prevê um juízo de delibação para recebimento da petição inicial (art. 17, §§ 8º e 9º), precedido de
notificação do demandado (art. 17, § 7º), somente é aplicável para ações de improbidade administrativa típicas. (REsp 1163643)
       
SERVIDOR - RESPONSABILIDADE PENAL

       
       
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - Lei 8.429/92

       
3. A sanção relativa à perda de função pública prevista no art. 12 da Lei 8.429/92 tem sentido lato, que abrange também a perda de cargo
Perda do cargo e apúblico, se for o caso, já que é aplicável a "qualquer agente público, servidor ou não" (art. 1o), reputando-se como tal "(...) todo aquele que exerce,
STJ 1aT   literalidade do art. 12 queainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
menciona perda da função mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior" (art. 2o). (...) (REsp 926.772/MA, Rel. Ministro TEORI ALBINO
ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 28/04/2009, DJe 11/05/2009)
STJ 2aT   Agente exercendo outraADMINISTRATIVO – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – IMPROBIDADE ADMINITRATIVA – ART. 12 DA LEI 8.429/1992 – PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA –
ABRANGÊNCIA DA SANÇÃO – PARÂMETROS: EXTENSÃO DOS DANOS CAUSADOS E PROVEITO OBTIDO – SÚMULA 7/STJ – RETORNO DOS AUTOS À
ORIGEM.
1. Hipótese em que o Tribunal de origem deixou de condenar o agente na perda da função pública, sob o fundamento de que o mesmo não mais se
encontrava no exercício do cargo, no qual cometeu os atos de improbidade administrativa.
2. A Lei 8.429/1992 objetiva coibir, punir e afastar da atividade pública todos os agentes que demonstraram pouco apreço pelo princípio da juridicidade,
denotando uma degeneração de caráter incompatível com a natureza da atividade desenvolvida.
função púbilca no momento
3. A sanção de perda da função pública visa a extirpar da Administração Pública aquele que exibiu inidoneidade (ou inabilitação) moral e
da decisão
desvio ético para o exercício da função pública, abrangendo qualquer atividade que o agente esteja exercendo ao tempo da condenação
irrecorrível.
4. A simples configuração do ato de improbidade administrativa não implica condenação automática da perda da função pública, pois a fixação das penas
previstas no art. 12 da Lei 8.429/1992 deve considerar a extensão do dano e o proveito obtido pelo agente, conforme os parâmetros disciplinados no
parágrafo único desse dispositivo legal. Precedente do STJ.(...)
(REsp 924.439/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/08/2009, DJe 19/08/2009)
STF- Inexistência do "bis in idem" pela circunstância de, pelos mesmos fatos, terem sido aplicadas a pena de multa pelo Tribunal de Contas da União e a
pena de cassação da aposentadoria pela Administração. Independência das instâncias. Não aplicação ao caso da súmula 19 desta Corte.
- Improcedência da alegação de que a pena de cassação da aposentadoria é inconstitucional por violar o ato jurídico perfeito.
(MS 22728, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 22/01/1998, DJ 13-11-1998 PP-00005 EMENT VOL-01931-01 PP-00150)

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. DEMISSÃO. NÃO-CABIMENTO. CONVERSÃO DA PENA DISCIPLINAR EM
STF STJ
  Cassação de apostentadoria CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA. CABIMENTO. SEGURANÇA DENEGADA. AGRAVO REGIMENTAL PREJUDICADO.
3aS
1. O impetrante, enquanto servidor da ativa, foi submetido a regular processo disciplinar, que culminou na aplicação de pena de demissão que,
posteriormente, foi anulada por incabível, pois, quando de sua publicação, já se encontrava aposentado por invalidez.
2. Diante do fato de que, em tese, já foi devidamente observado o devido processo legal e os princípios da ampla defesa e do contraditório, considerando
que as faltas praticadas foram apuradas em processo disciplinar, não há óbice legal para que ocorra a simples conversão da pena de demissão
em cassação de aposentadoria (MS 12269/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/04/2007, DJ 14/05/2007, p.
246)
Discute-se se a apuração e a sanção de atos de improbidade administrativa poderiam ser efetuadas pela via administrativa ou se exigiriam a via judicial,
como defendeu o Min. Relator. Para o Min. Gilson Dipp, em voto-vista vencedor, a independência das instâncias civil, penal e administrativa permite
que a Administração imponha ao servidor a pena de demissão em caso de improbidade administrativa, pois uma infração disciplinar tanto
pode ser reconhecida como ato de improbidade na via administrativa quanto se sujeitar ao processo judicial correspondente . Assevera que
Ms preventivo. Ato deo que distingue o ato de improbidade administrativa da infração disciplinar de improbidade, quando coincidente a hipótese de fato, é a natureza da
improbidade. Aplicação dainfração, pois a lei funcional tutela a conduta funcional do servidor, enquanto a lei de improbidade dispõe sobre sanções aplicáveis a todos os agentes
STJ 3aS 474 pena. Ação judicial oupúblicos, servidores ou não, principalmente no interesse da preservação e integridade do patrimônio público. Explica que, por essa razão, a CF/1988
processo administrativodispôs, no art. 37, § 4º, com relação aos servidores, que os atos de improbidade poderão importar a suspensão dos direitos políticos, perda da função
disciplinar. pública, indisponibilidade (e perda) de bens e ressarcimento ao erário. Embora a lei estatutária do servidor público também tenha previsto no art.
132, IV, como causa de demissão o ato de improbidade, isso não significa que ele e a infração disciplinar tenham uma só natureza, visto que
submetem-se cada qual ao seu regime peculiar e, assim, não se excluem. Daí que mesmo as improbidades não previstas ou fora dos limites da
Lei n. 8.429/1992 envolvendo servidores continuam sujeitas à lei estatutária. Com esse entendimento, a Seção, ao prosseguir o julgamento,
por maioria, denegou a segurança e cassou a medida liminar.
STF   Improbidade Administrativa“(...) II. MÉRITO. II.1. Improbidade administrativa. Crimes de responsabilidade. Os atos de improbidade administrativa são tipificados como crime de
- Agentes políticos queresponsabilidade na Lei n° 1.079/1950, delito de caráter político-administrativo. II.2. Distinção entre os regimes de responsabilização político-
respondem pela leiadministrativa. O sistema constitucional brasileiro distingue o regime de responsabilidade dos agentes políticos dos demais agentes
1.079/50 (Presidente,públicos. A Constituição não admite a concorrência entre dois regimes de responsabilidade político-administrativa para os agentes
Ministros de Estado,políticos: o previsto no art. 37, § 4º (regulado pela Lei n° 8.429/1992) e o regime fixado no art . 102, I, "c", (disciplinado pela Lei n° 1.079/1950). Se a
Ministro do STF, PGR,competência para processar e julgar a ação de improbidade (CF, art. 37, § 4º) pudesse abranger também atos praticados pelos agentes políticos,
Governadores, Secretáriossubmetidos a regime de responsabilidade especial, ter-se-ia uma interpretação ab-rogante do disposto no art. 102, I, "c", da Constituição. II.3. Regime
de Estado) especial. Ministros de Estado. Os Ministros de Estado, por estarem regidos por normas especiais de responsabilidade (CF, art. 102, I, "c"; Lei n°
1.079/1950), não se submetem ao modelo de competência previsto no regime comum da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n°
8.429/1992). II.4. Crimes de responsabilidade. Competência do Supremo Tribunal Federal. Compete exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal
processar e julgar os delitos político-administrativos, na hipótese do art. 102, I, "c", da Constituição. Somente o STF pode processar e julgar Ministro de
Estado no caso de crime de responsabilidade e, assim, eventualmente, determinar a perda do cargo ou a suspensão de direitos políticos. II.5. Ação de
improbidade administrativa. Ministro de Estado que teve decretada a suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de 8 anos e a perda da função
pública por sentença do Juízo da 14ª Vara da Justiça Federal - Seção Judiciária do Distrito Federal. Incompetência dos juízos de primeira instância
para processar e julgar ação civil de improbidade administrativa ajuizada contra agente político que possui prerrogativa de for o perante
o Supremo Tribunal Federal, por crime de responsabilidade, conforme o art. 102, I, "c", da Constituição. III. Reclamação julgada procedente.
(STF. RCL 2138/DF, DJe: 18.04.2008).

Há 3 posições sobre o tema (agente político e LIA):

1ª - afasta-se a LIA e fica só com a lei de responsabilidade - posição do STF na Recl 2138 (no texto constitucional há tratamento distinto para a
improbidade praticada por alguns agentes, normalmente políticos. Só pra citar, por exemplo – não são as únicas normas, mas por exemplo – art. 52,
inciso I, 85, inciso V, e art. 102, que fala do STF, e 105, que fala do STJ, porque tem lá algumas competências para crimes de responsabilidade
originárias do STF e do STJ).

2ª dá pra conciliar as duas legislações. Se o agente comete improbidade/crime de responsabilidade, você poderia aplicar as duas leis, de improbidade e
de crime de responsabilidade. Isso não seria bis in idem.

3ª majoritaríssima na doutrina, defendida também pelo Carvalhinho, pela Di Pietro, pelo Emerson Garcia, Daniel Assumpção. Qual é a terceira tese? Que
você, na verdade, consegue compatibilizar as duas normas, como fala a segunda corrente – a primeira a gente afasta. Não dá para defender a primeira.
Dá para haver uma compatibilização, como fala a segunda corrente, mas tem que fazer uma ressalva: para terceira corrente, se você é um agente
político e comete improbidade, cabe ação de improbidade – não há foro por prerrogativa. Onde, então? 1º grau.
E, ao mesmo tempo, cabe ação por crime de responsabilidade no órgão competente: é o Senado, é o STF ou é o STJ. Órgão competente para
processar crimes de responsabilidade.
A ressalva é que o juízo de 1º grau que vai julgar com base na Lei n 8.429, ele vai aplicar as sanções da Lei nº 8.429, não é isso? Só que,
dentre as sanções, o art. 12 prevê, por exemplo, a perda do cargo. Só que a Constituição Federal diz que a perda do cargo para esse agente político, se
fosse o Presidente, só o Senado. Ou seja, esse tratamento diferenciado aqui da Constituição Federal é apenas no que toca a sanção política, de perda do
cargo. A Constituição Federal não trouxe, para o crime de responsabilidade, sanções cíveis de ressarcimento ao erário, multa. E essas sanções podem e
devem ser aplicadas numa ação de improbidade qualquer. Com isso, você impede, por exemplo, que um juiz de 1º grau demita um Presidente da
República, que um juiz lá do interior de não sei aonde demita o Presidente da República. Mas que ele aplique, sim, sanções de ressarcimento ao erário e
outras sanções ao presidente, se for o caso. Então, para a terceira corrente: (i) perda do cargo: foro por prerrogativa; (ii) demais sanções: 1o grau.

Cuidado! Esta discussão existe para o caso do Réu ser ainda agente político. Para ex-agente não há controvérsia, aplica-se a LIA!
STF STJ   Improbidade AdministrativaAtenção: o precedente do STF não se aplica aos Prefeitos (e Vereadores), de forma que contra estes caberia sim a ação de improbidade com base
- Prefeito / Vereadores (Leina Lei nº 8.429/92, não havendo se falar de bis in idem.
201/67)
STJ:
ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. APLICABILIDADE DA LEI N. 8.429/92 AOS PREFEITOS MUNICIPAIS. 1. O posicionamento pacífico
desta Corte Superior firmou-se no sentido de que a Lei de Improbidade Administrativa aplica-se a agentes políticos municipais, tais como
prefeitos, ex-prefeitos e vereadores. Precedentes. (STJ. AGRESP 1189265, DJE: 14/02/2011).
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VEREADOR. CRIME DE RESPONSABILIDADE.
RECLAMAÇÃO 2.138/DF. EFEITOS INTER PARTES. INEXISTÊNCIA DE BIS IN IDEM. LEGITIMIDADE PASSIVA. RECURSO PROVIDO. 1. Segundo
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, "as razões de decidir assentadas na Reclamação nº 2.138 não têm o condão de vincular os demais
órgãos do Poder Judiciário, porquanto estabelecidas em processo subjetivo, cujos efeitos não transcendem os limites inter partes" (Rcl 2.197/DF). 2.
"Não há qualquer antinomia entre o Decreto-Lei 201/1967 e a Lei 8.429/1992, pois a primeira impõe ao prefeito e vereadores um julgamento
político, enquanto a segunda submete-os ao julgamento pela via judicial, pela prática do mesmo fato" (REsp 1.034.511/CE). 3. Não há falar em
ocorrência de bis in idem e, por consequência, em ilegitimidade passiva do ex-vereador para responder pela prática de atos de improbidade
administrativa, de forma a estear a extinção do processo sem julgamento do mérito. (STJ. RESP 1196581, DJE: 02/02/2011).

Nesse exato sentido, parece ser também o posicionamento do próprio STF:


PROCESSUAL. ATO DE IMPROBIDADE DE PREFEITO MUNICIPAL. CONFIGURAÇÃO COMO CRIME DE RESPONSABILIDADE. COMPETÊNCIA DO JUIZ
MONOCRÁTICO PARA PROCESSAR E JULGAR O FEITO. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE MATERIAL COM OS PARADIGMAS INVOCADOS. AGRAVO
IMPROVIDO. I - Os paradigmas invocados pelo agravante dizem respeito à estipulação da competência desta Suprema Corte, para processar e julgar os
crimes de responsabilidade cometidos por Ministros de Estado. II - O STF tem entendido, nessas hipóteses, que os atos de improbidade administrativa
devem ser caracterizados como crime de responsabilidade. III - Na espécie, trata-se de prefeito municipal processado por atos de improbidade
administrativa que entende ser de competência originária do Tribunal de Justiça local, e não do juiz monocrático, o processamento e julgamento do feito.
IV - Não há identidade material entre o caso sob exame e as decisões invocadas como paradigm a. V - Agravo improvido. (STF. RCL 6034 MC-AgR/SP,
DJe: 29.08.2008).
embora o STJ já tivesse entendido, em outras oportunidades, que não mais prevaleceria a prerrogativa de foro para as ações de improbidade
Improbidade Admnistrativaadministrativa, o STF considerou que, em se tratando de magistrados, notadamente das cortes superiores do País, aquela sistemática deveria
STJ CE 477 - Foro por prerrogativa deimperar, sob pena de permitir a desestruturação do regime escalonado da jurisdição brasileira. Assim, consignou que, pelo princípio da
função - Membro do TRT simetria, deverão competir exclusivamente ao STJ o processo e o julgamento de supostos atos de improbidade quando imputados a membros
de TRT, desde que possam importar a perda do cargo público.
é nula a instauração de processo administrativo disciplinar (PAD) contra magistrado sem a sua prévia notificação para se manifestar sobre os
STJ 1aT 483 PAD - Magistrado
termos da representação e da prova contra ele apresentada (art. 27, § 1º, da Loman e do art. 7º, § 1º, da Res. n. 30/2007 do CNJ).
STJ REsp a configuração de ato de improbidade que viola os princípios da AP (art. 11 da Lei 8.429/92) depende da presença do dolo do agente. Bem por isso, o
2aT 1231150 fato de existir uma lei municipal autorizando o prefeito a realizar contratações temporárias, ainda que de constitucionalidade duvidosa, torna
absolutamente difícil enxergar, de ordinário, o dolo desse agente público que pudesse justificar a sua condenação por tal espécie de ato de
improbidade administrativa (art. 11).
       
AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

       
       
Diverge a doutrina e a jurisprudência quanto à possibilidade de um mesmo fato ser enquadrado simultaneamente em mais de um destes
LIA - cumulação de
tipos, respondendo alguns positivamente sob o argumento de que a tipificação cumulada não foi vedada pela lei, além do que seria
enquadramento dos atos de
Doutrina   justamente essa a finalidade da norma: punir com rigor o agente público ímprobo. Por outro lado, há corrente que entende ser indevida essa
improbidade (art. 9 + 10 +
simultaneidade, defendendo que o fato deve ser enquadrado apenas no tipo mais gravoso (decrescentemente do art. 9o para o art. 11 ).
11)
Não se percebe ainda um posicionamento majoritário sobre o tema.
3. A jurisprudência desta Corte orienta-se no sentido de que, para que se configure a conduta de improbidade administrativa, é necessária a
LIA - Ato de improbidade -
perquirição do elemento volitivo do agente público e de terceiros (dolo ou culpa), não sendo suficiente, para tanto, a irregularidade ou a
    Elemento volitivo (dolo e
ilegalidade do ato. Isso porque “não se pode confundir ilegalidade com improbidade. A improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo
culpa)
elemento subjetivo da conduta do agente." (REsp n. 827.445-SP, relator para acórdão Ministro Teori Zavascki, DJE 8/3/2010).
STJ AIA 30 e LIA - Ato de improbidade O entendimento jurisprudencial do STJ é no sentido de que "não se pode confundir improbidade com simples ilegalidade. A improbidade é
AgRg no - Elemento volitivo (dolo e ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudência do STJ considera
AREsp 66764 culpa) indispensável, para a caracterização de improbidade, que a conduta do agente seja dolosa, para a tipificação das condutas descritas nos artigos 9º e
11 da Lei 8.429/92, ou pelo menos eivada de culpa grave, nas do artigo 10" (AIA 30/AM, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, CORTE
ESPECIAL, DJe 28/09/2011). Também: STJ, Primeira Turma, AgRg no AREsp 66764, rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 03/04/2012.

Emagi REsp LIA - Dolo - Não Lembre-se que a configuração de ato de improbidade que viola os princípios da AP (art. 11 da Lei 8.429/92) depende da presença do dolo do
s 1.231.150 configuração - Prefeito - agente. Bem por isso, o fato de existir uma lei municipal autorizando o prefeito a realizar contratações temporárias, ainda que de constitucionalidade
Existência de suporte duvidosa, torna absolutamente difícil enxergar, de ordinário, o dolo desse agente público que pudesse justificar a sua condenação por tal espécie de
legal ato de improbidade administrativa (art. 11). Essa é a linha que vem sendo palmilhada pelo STJ: “O STJ, em situações semelhantes, entende ser difícil
identificar a presença do dolo genérico do agravado, se sua conduta estava amparada em lei municipal que, ainda que de
constitucionalidade duvidosa, autorizava a contratação temporária dos servidores públicos" (STJ, Segunda Turma, REsp 1231150, Rel. Min. Herman
Benjamin, DJe de 12/04/2012)
A ação, nos casos de improbidade administrativa, é civil, do tipo condenatória de reparação de dano ou de decretação de perdimento de bens havidos
ilicitamente (todavia, há vozes no sentido de que a ação tem natureza penal em função das penalidades que impõe). Fato é que a ação é julgada pela
Doutrina Doutrina LIA - Processual jurisdição civil. Para alguns, dever-se-ia utilizar da ACP como procedimento para apuração, mas, para outros, a própria Lei 8429/92 estabeleceu
procedimento e apenas fez referência ao CPP (art. 17 p. 12) quando dos depoimentos e inquirições, o que levaria à utilização de rito próprio e não o da
ACP. (Na jurisprudência do STJ, as ações de improbidade são baseadas no rito da ACP)
Em se tratando de ACP por ato de improbidade administrativa, o magistrado não fica adstrito aos pedidos formulados pelo autor. STJ entendeu ser
LIA - Processual - Pedido -possível que o magistrado condene o agente em uma das penas previstas na lei, ainda que a petição inicial tenha sido omissa em pedir
STJ 2aT 441
Não vinculação tal condenação (no caso era a cominação de multa). Assim, basta que o autor faça uma descrição genérica dos fatos e imputação dos réus, sem
necessidade de descrever, em minúcias, os comportamentos e as sanções devidas de cada agente (jura novit curia e da mihi factum dabo tibi ius).
GRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRERROGATIVA DE FORO. APLICAÇÃO A
LIA - Competência - ForoAGENTES POLÍTICOS. INCONSTITUCIONALIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I – A prerrogativa de função para prefeitos em processo de
STF  
por prerrogativa improbidade administrativa foi declarada inconstitucional pela ADI 2.797/DF. II – Agravo regimental improvido. (STF. AI 678927 AgR/SP, DJe:
01.02.2011).
Prefeito responde em 1a instância, submetendo-se ao regime jurídico da LIA e do Decreto 201/67.

STF - I - Os paradigmas invocados pelo agravante dizem respeito à estipulação da competência desta Suprema Corte, para processar e julgar os crimes
de responsabilidade cometidos por Ministros de Estado. II - O STF tem entendido, nessas hipóteses, que os atos de improbidade administrativa devem
ser caracterizados como crime de responsabilidade. III - Na espécie, trata-se de prefeito municipal processado por atos de improbidade administrativa
que entende ser de competência originária do Tribunal de Justiça local, e não do juiz monocrático, o processamento e julgamento do feito. IV - Não há
LIA - Prefeitos (improbidade identidade material entre o caso sob exame e as decisões invocadas como paradigma. V - Agravo improvido. (STF. RCL 6034 MC-AgR/SP, DJe:
STF STJ  
x responsabilidade) 29.08.2008).

STJ - 2. "Não há qualquer antinomia entre o Decreto-Lei 201/1967 e a Lei 8.429/1992, pois a primeira impõe ao prefeito e vereadores um julgamento
político, enquanto a segunda submete-os ao julgamento pela via judicial, pela prática do mesmo fato" (REsp 1.034.511/CE). 3. Não há falar em
ocorrência de bis in idem e, por consequência, em ilegitimidade passiva do ex-vereador para responder pela prática de atos de improbidade
administrativa, de forma a estear a extinção do processo sem julgamento do mérito. 4. Recurso especial provido para restaurar a sentença condenatória.
(STJ. RESP 1196581, DJE: 02/02/2011).
Desembargador não se submete ao regime jurídico da LIA .

STF - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DESEMBARGADOR. AGENTE POLÍTICO. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. O
Supremo Tribunal Federal fixou entendimento nos termos do qual a Constituição do Brasil não admite concorrência entre dois regimes de
responsabilidade político-administrativa para os agentes políticos. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF. RE 579799
STF   LIA - Desembargadores AgR/SP, DJe: 19.12.2008)

No voto do relator, foi dito expressamente que não se aplica a Lei 1059; contudo, como o regime de responsabilização decorre da CF e não da leg.
infraconstitucional, e estando o desembargador citado no art. 105, I, “a”, CF, não se aplica a LIA (na prática, parece-me que fica sem a punição...). Ver
voto em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=570757
STJ AgRg no CC LIA - Competência - Local Em recente julgado da Segunda Seção, o STJ reputou repousar o critério de definição de competência para a ação de improbidade no local do dano,
1aS 116815 do dano haja vista o caráter coletivo da demanda (Lei 7.347/85, art. 2º) e as facilidades advindas do processamento da causa junto a esse juízo mais próximo
aos fatos a serem comprovados. Confira-se: “A competência nas ações coletivas utiliza como critério definidor o local do dano, de forma a
proporcionar maior celeridade no processamento, na instrução e, por conseguinte, no julgamento do feito, dado que é muito mais fácil apurar o dano e
suas provas no juízo em que os fatos ocorreram”. (STJ, Primeira Seção, AgRg no CC 116815, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 03/04/2012)
LIA - Processual -A jurisprudência fixou-se no sentido de que o magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previstas no art. 12 da
STJ 2aT 441
Penalidades (art. 12) citada lei, podendo, mediante fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza e as consequências da infração.
LIA - Processual -A falta da notificação prevista no art. 17, § 7º, da citada lei não invalida os atos processuais ulteriores, salvo se ocorrer efetivo prejuízo.
STJ 2aT 441
Notificação (art. 17, p. 7o) (princípio da instrumentalidade das formas)
LIA - Processual -
Na fase processual prevista no art. 17, § 8º, da Lei n. 8.429/1992 (LIA), o magistrado deve limitar-se à análise, em um juízo preliminar, da inexistência
STJ – Notificação (art. 17, p. 7o) -
400 do ato de improbidade, improcedência da ação ou inadequação da via eleita com o fito de evitar lides temerárias. Assim, a apreciação de argumentos
2aT Limites da apreciação
sobre o mérito da ação e sobre a real participação do ora recorrente nos atos tidos por ímprobos não é viável naquele momento processual.
jurisdicional
LIA - Processual -O especialíssimo procedimento estabelecido na Lei n. 8.429/1992, que prevê um juízo de delibação para recebimento da petição inicial, conforme
STJ - Notificação (art. 17, p. 7o) -previsto no art. 17, §§ 8º e 9º, precedido de notificação do demandado, como disposto no art. 17, § 7º, somente é aplicável nas ações de
428 Rec Rep
1aS Ações de improbidadeimprobidade administrativa típicas. Assim, não é exigível nas ações de responsabilidade civil onde se pretende a simples indenização pelos
atipicas danos causados ao erário.
1. Não infringe o princípio da congruência a decisão judicial que enquadra o ato de improbidade em dispositivo diverso do indicado na
inicial, eis que deve a defesa ater-se aos fatos e não à capitulação legal. 2. Os tipos da Lei de Improbidade estão divididos em três categorias: a) art. 9o
LIA - Petição inicial com(atos que importam em enriquecimento ilícito); b) art.10 (atos que causam prejuízo ao erário) e c) art. 11 (atos que atentam contra os princípios da
capitulação errada - nãoadministração). (STJ. RESP 842428, DJ: 21/05/2007).
   
caracterição de sentença
extra ou ultra petita 7. A causa petendi, na Ação Civil Pública, firma-se na descrição dos fatos, e não na qualificação jurídica dos fatos. Por isso mesmo, é irrelevante, na
petição inicial, eventual capitulação legal imprecisa, ou até completamente equivocada, desde que haja suficiente correlação entre causa de pedir e
pedido. (...)” (STJ. RESP 817557, DJE: 10/02/2010).
O prazo para apresentação de defesa preliminar (art. 17 p.7 L.8429) não se confunde com o prazo de 72 h para manifestação do
representante judicial da PJ em relação à concessão de liminar em ACP (art. 2 L. 8437: No mandado de segurança coletivo e na ação civil
STJ 1aT 439 LIA - Processual
pública, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
pronunciar no prazo de setenta e duas horas).
É lícita a concessão de liminar inaudita altera pars (art. 804 do CPC) em sede de medida cautelar preparatória ou incidental, antes do recebimento da
ação civil pública, para a decretação de indisponibilidade (art. 7º da Lei n. 8.429/1992) e de seqüestro de bens, incluído o bloqueio de ativos do agente
STJ 1aT 379 LIA - Processual
público ou de terceiro beneficiado pelo ato de improbidade (art. 16). Já a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos, como sanção à
improbidade administrativa, só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
STJ – O art. 1º, § 4º, da LC n. 105/2001 respalda a determinação judicial para a quebra do sigilo em qualquer fase do processo. Tal norma autoriza a
399 LIA - Processual
2aT medida não apenas para apuração de crime, mas de qualquer ato ilícito, o que permite sua aplicação nas ações de improbidade.
No caso de concessão de medida liminar para a decretação da indisponibilidade de bens e quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico, em medida
STJ 1aT 432 LIA - Processual cautelar proposta diante da suposta prática de atos de improbidade administrativa, a Turma reafirmou que o prazo para a propositura da ação
principal será contado do primeiro ato constritivo, e não do momento em que se completaram todas as constrições.
A medida liminar de indisponibilidade dos bens do agente tido por ímprobo está limitada ao ressarcimento integral do dano somado à eventual
LIA - Processual - Cautelar -
STJ – sanção pecuniária e qualquer outro encargo financeiro que possa decorrer da condenação . No recurso contra decisão que determinou a
442 Indisponibilidade de bens
2aT constrição em valor maior, não deve o Tribunal liberar os bens, pois haveria possibilidade de dilapidação do patrimônio público, mas reduzir a restrição
(art. 7o)
ao limite do dano ou determinar que o juiz o reduza.
As ações de improbidade administrativa não devem observar a regra de competência por prerrogativa de função pelo fato de não possuírem natureza
STF Recl 1110 STF penal. É competente o juízo singular de 1o grau para o julgamento deste tipo de ação. (a doutrina discute a possibilidade de exceção com relação ao
LIA - Processual
STJ CE Recl 591 STJ Presidente da República, pois o art. 85 V classifica sua probidade como causa de crime de responsabilidade, que possui determinações de julgamento
expresso na CRFB: autorização do processo pela Câmara e julgamento pelo Senado)
A ilegalidade só adquire o status de improbidade quando a conduta antijurídica ferir os princípios constitucionais da Administração Pública e se somar à
STJ 1aT 429 LIA - Material
má intenção do administrador. (idéia de responsabilidade subjetiva)
Tema: Improbidade administrativa de vereadores de um município, por eles terem exigido de seus assessores comissionados a entrega de percentual
dos seus vencimentos para o pagamento de outros servidores não oficiais (assessores informais), bem como para o custeio de campanhas eleitorais e
STJ – despesas do próprio gabinete. Conclusão: os atos que não geram, ao menos aparentemente, desfalque aos cofres públicos e vantagens
436 LIA - Material
2aT pecuniárias ao agente ímprobo, tal como ocorre quando há violação dos princípios da administração pública, nem por isso deixam de ser
típicos, sendo inadmissível concluir pelo mero não sancionamento, sob pena de consagrar verdadeira impunidade. Houve condenação com
base no art.11 c/c 12 III L. 8429/92.
Os sujeitos ativos dos atos de improbidade administrativa não são apenas os servidores públicos, mas todos aqueles que estejam abarcados no
STJ –
424 LIA - Sujeitos conceito de agente público (arts. 1º a 3º da Lei n. 8.429/1992). Assim, pode prosseguir a ACP na qual só figuram no pólo passivo particulares e
2aT
sociedade de economia mista.
STJ – Os vereadores não se enquadram entre as autoridades submetidas à Lei n. 1.079/1950, que trata dos crimes de responsabilidade, podendo responder
436 LIA - Sujeitos
2aT por seus atos em ACP de improbidade administrativa.
LIA - Ônus de sucumbênciaHONORÁRIOS. A jurisprudência diverge quanto ao cabimento ou não da condenação de honorários advocatícios nas ações civis públicas de
   
- Honorários improbidade administrativa, ante o disposto na Lei nº 7.347/85, em tese aplicável também ao caso.
AI - pode ser embasada porO inquérito civil, como peça informativa, pode embasar a propositura de ação civil pública contra agente político, sem a necessidade de abertura
STJ 1aT 495
inquérito civil de procedimento administrativo prévio.
Para que seja reconhecida a improbidade administrativa é necessário que o agente tenha atuado com DOLO nos casos dos arts. 9º (enriquecimento
STJ 1aT 495 AI - elemento subjetivo
ilícito) e 11 (violação dos princípios da Administração Pública) e, ao menos, com culpa nas hipóteses do art. 10º (prejuízo ao erário) da Lei n.° 8.429/92.
A falta de notificação do acusado para apresentar defesa prévia na ação de improbidade administrativa (art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/1992) é causa
AI - ausência de defesade NULIDADE RELATIVA do feito, devendo ser alegada em momento oportuno e devidamente comprovado o prejuízo à parte.
STJ 1aT 497
prévia - nulidade relativa
É a posição da 2aT tb!
STJ – AI - compra de veículo comComete ato de improbidade administrativa prefeita municipal que autoriza a compra de um caminhão de carga, sem examinar a existência de
497
2aT gravame gravames que impossibilitam a sua transferência para o município.
STJ Improbidade é ilegalidade Diz-se, doutrinariamente, que a improbidade administrativa é uma espécie de imoralidade qualificada pelo dano ao erário ou
tipificada enriquecimento ilícito do agente ou de terceiro.

O STJ, contudo, tem julgados de sua Corte Especial dando uma visão um pouco diversa, no sentido de que a improbidade é uma ilegalidade
tipificada - ou seja, prevista na lei (Lei 8.429/92, arts. 9º, 10 e 11) - e qualificada pelo elemento subjetivo do agente. Por isso, não se admite
responsabilização objetiva a título de improbidade administrativa; de mais a mais, os atos de improbidade trazidos pelos arts. 9º (enriquecimento
ilícito) e 11 (violação aos princípios da AP) exigem a presença do dolo - ainda que genérico - do agente, ao passo que no caso do art. 10 (dano ao
erário) é possível falar-se em ato de improbidade em havendo dolo ou culpa. (AIA 30/AM, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, CORTE ESPECIAL,
DJe 28/09/2011)

STJ LIA - competência - local o critério de definição de competência para a ação de improbidade no local do dano, haja vista o caráter coletivo da demanda (Lei 7.347/85, art. 2º)
1aS do dano e as facilidades advindas do processamento da causa junto a esse juízo mais próximo aos fatos a serem comprovados - AgRg no CC 116815

STJ AgRg no Indisponibilidade de bens STJ - o decreto de indisponibilidade de bens independe da demonstração do periculum in mora in concreto - que consistiria na dilapidação
AREsp patrimonial pelo agente acusado -, uma vez que este é presumido, sendo suficiente a indicação do fumus boni iuris quanto à prática do ato de
154181 improbidade.

       
SERVIDOR MILITAR

       
Servidor - Militar -
Estabilidade - Contagem Súmula 346 STJ
STJ Súm 346
em dobro das férias e É vedada aos militares temporários, para aquisição de estabilidade, a contagem em dobro de férias e licenças não-gozadas.
licenças não-gozadas
A aprovação da EC 18/98, que suprimiu dos militares a qualificação de servidores públicos, não teria caráter exclusivamente terminológico, e que as
STF regras pertinentes ao regime jurídico dos servidores públicos apenas se aplicariam aos militares quando o texto constitucional expressamente assim o
Rep Geral 26 Servidor - Militar
Pleno previsse (CF, art. 142, § 3º). (decisão no sentido de que o pagamento do soldo aos praças que ingressarem nas Forças Armadas pelo serviço obrigatório
- munus publico - não está sujeito ao limite do salário mínimo)
SÚMULA VINCULANTE Nº 6
STF
SV 6 Servidor - Militar Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar
Pleno
inicial.

STF Súm 683 Limite de idade Súmula 683 STF


O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da constituição, quando possa ser
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
o Plenário reconheceu a exigência constitucional de edição de lei para o estabelecimento de limite de idade em concurso para ingresso nas
Forças Armadas. Assentou, também, que os regulamentos e editais que o prevejam vigorarão até 31 de dezembro do corrente ano.
Asseverou-se que o art. 142, § 3º, X, da CF determina que os requisitos para o ingresso nas Forças Armadas são os previstos em lei, com referência
Servidor - Militar - Limite deexpressa ao critério de idade. Em virtude disso, não caberia regulamentação por meio de outra espécie normativa. Assim, considerou-se
STF -
615 idade - Necessidadeincompatível com a Constituição a expressão “e nos regulamentos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica”, contida no art. 10 da Lei
Pleno
previsão em lei 6.880/80, que dispõe sobre o Estatuto dos Militares (“Art. 10 O ingresso nas Forças Armadas é facultado mediante incorporação, matrícula ou
nomeação, a todos os brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei e nos regulamentos da marinha, do exército e da aeronáutica”).
Conferiram-se efeitos prospectivos à decisão, já que passados quase 22 anos de vigência da CF/88, nos quais vários concursos foram realizados com
observância daquela regra geral.
Servidor - Militar -
É possível a acumulação de dois cargos privativos na área de saúde , no âmbito das esferas civil e militar, desde que o servidor público não
STF 2aT Notícias acumulaçÃo de 2 cargos na
desempenhe na instituição militar as funções típicas da atividade castrense, e sim atribuições inerentes a profissões civis.
área da saúde
Estudantes de Medicina, Farmácia, Odontologia e Veterinária dispensados por excesso de contingente até a entrada em vigor da Lei n.
12.336/2010 NÃO ESTÃO sujeitos à prestação do serviço militar obrigatório após o término do curso.

STF 1aT 492 Serviço militar obrigatório ANTES da Lei n. 12.336/2010, estudantes de MFDV:
- Dispensados por serem estudantes de MFOV (“adiamento de incorporação”): no primeiro ano após terminarem a faculdade deverão prestar o
serviço militar obrigatório;
- Dispensados por excesso de contingente: não precisarão prestar o serviço militar obrigatório após concluírem o curso.
Licenciamento -
É ilegal a conduta das Forças Armadas de condicionar o deferimento do licenciamento do serviço ativo formulado por militar ao prévio
STF 3aS 493 Condicionamento a
pagamento de valor indenizatório gasto com a sua preparação e formação.
pagamento de indenização.
Súmula 13 TNU
Militar - reajuste - L 8622 O reajuste concedido pelas Leis nºs 8.622/93 e 8.627/93 (28,86%) constituiu revisão geral dos vencimentos e, por isso, é devido
TNU Súm 13
e 8627 também aos militares que não o receberam em sua integralidade , compensado o índice então concedido, sendo limite temporal desse reajuste
o advento da MP nº 2.131 de 28/12/2000.
       
REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA

olhar material de previdenciário

       
PROCESSO ADMINISTRATIVO

       
2) A partir da Teoria Geral do Direito Público, por que se diz que o processo administrativo é o modo normal de agir no Estado de Direito? Existe
espaço no estado de direito para agir fora do processo administrativo, quais as qualidades que ele revela?
Oral TRF1 Processo administrativo Resposta:
Num Estado de Direito qualquer exercício de poder é sujeito a controle. Por conseguinte, se diz que o processo administrativo, na medida em que torna
possível tal controle, é o modo normal de agir da Administração no Estado de Direito, inexistindo espaço de atuação fora do seu âmbito.

Oral TRF3 Processo Administrativo - 1) A Lei nº 9.784/99 traz um rol exemplificativo de princípios da Administração. Quais os princípios implícitos?
Princípios Resposta:
O art. 2º da Lei nº 9.784/99 lista os seguintes princípios: legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Além desses, Maria Sylvia Zanella di Pietro lista outros princípios, que, por isso
podem ser considerados implícitos segundo a dicção legal, a saber: impessoalidade (expresso na Constituição), presunção de legitimidade ou de
veracidade, especialidade, controle ou tutela, autotutela, hierarquia, continuidade do serviço público, publicidade (expresso na Constituição),
motivação.

2) Qual a diferença entre proporcionalidade e razoabilidade?


Resposta:
Processo Administrativo -
A proporcionalidade está relacionada a uma relação meio-fim, compreendendo três testes: (i) adequação: o meio deve ser apto para promover o fim;
Oral TRF3 P. Proporcionalidade x
(ii) necessidade: deve-se buscar a menor restrição possível; (iii) proporcionalidade em sentido estrito: as vantagens devem superar as desvantagens
Razoabilidade
da medida. Já a razoabilidade está relacionada ao exame entre duas grandezas, sendo por vezes utilizada no exame da proporcionalidade em sentido
estrito.

3) Aplica-se ao processo administrativo o equivalente ao princípio do juiz natural? Um servidor concursado do executivo, mas que está exercendo
cargo comissionado no legislativo, onde ele será processado administrativamente?
Resposta:
Processo administrativo -
Oral TRF1 O princípio do juiz natural, com temperamentos, aplica-se ao processo administrativo. O juiz natural comporta desdobramentos. Certos
Juiz Natural
desdobramentos, como a garantia de imparcialidade, aplicam-se às inteiras. Outros, porém, como a vedação de juízo ad hoc, não são aplicáveis, por
exemplo, ao processo administrativo disciplinar, onde a comissão processante é constituída após o fato. Segundo o art. 141, IV, da Lei n. 8.112/90,
“as penalidades disciplinares serão aplicadas pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão.”

4) Pode haver no âmbito do processo administrativo, autorização para interceptação telefônica?


Processo Administrativo - Resposta:
Oral TRF1
Interceptação Telefônica Não, pois a Constituição restringe a interceptação telefônica à seara penal (CF, art. 5º, XII). O STF, porém, admite que o produto da interceptação,
deferida de acordo com os respectivos pressupostos, seja utilizado no processo administrativo disciplinar.

1) Defesa contraproducente no processo administrativo acarreta ou não em revelia?


Processo Administrativo - Resposta:
Oral TRF1
Defesa contraproducente Não, pois a revelia é legalmente definida como ausência de defesa, e não defesa ineficiente (Lei nº 8.112/90, art. 164). Ademais, na jurisprudência, a
defesa ineficiente não é tida como causa de nulidade absoluta, ensejando nulidade apenas se houver prejuízo (STF, súmula 523).

4) É aplicável sigilo nos processos administrativos?


Resposta:
Processo Administrativo -
Oral TRF2 Segundo a Lei nº 9.784/99, “nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de divulgação oficial dos atos administrativos,
Sigilo
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição” (art. 2º, § único, V). Segundo a Constituição, “a lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando da defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem” (Art. 5º, LX).

5) Pode-se falar em Coisa Julgada administrativa? Cabe a Administração se retratar depois desse ponto? Pode ela usar a auto-tutela?
Resposta:
Processo Administrativo -
Oral TRF2 Coisa Julgada Em seu Curso de Direito Administrativo, no capítulo “Coisa Julgada Administrativa”, Celso Antônio Bandeira de Mello diz: “com a expressão, muito
Administrativa criticada, coisa julgada administrativa pretende-se referir a situação sucessiva a algum ato administrativo em decorrência do qual a Administração fica
impedida não só de retratar-se dele na esfera administrativa, mas também de questioná-lo judicialmente. Vale dizer: a chamada coisa julgada
administrativa implica, para ela, a definitividade dos efeitos de uma decisão que haja tomado.” Sob tais balizas, inexiste espaço para autotutela.
Processo Adm - recurso -Súmula Vinculante 21
STF SV 21
depósito prévio É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”.
Oral TRF5 Processo Administrativo - 01) A inexistência do duplo grau, leva a presumir que não seria possível a exigência do depósito para o recurso no âmbito administrativo?
Recurso - Depósito prévio Resposta:
O duplo grau não integrou a rede de argumentos que levou o STF à edição da súmula vinculante nº 21 (“É inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”). Porém, partindo da premissa da sua inexistência – como
sugere a questão –, pode-se concluir que o duplo grau, por inexistir, não representa obstáculo à exigência de depósito recursal no âmbito
administrativo.

02) Quais os princípios constitucionais que justificam a vedação do depósito recursal administrativo?
Processo Administrativo - Resposta:
Oral TRF5
Recurso - Depósito prévio A súmula vinculante nº 21 fundamenta-se, de acordo com os precedentes que ampararam sua edição, no direito de petição (CF, art. 5º, XXXIV, “a”) e
na ampla defesa em processos administrativos (CF, art. 5º, LV).

03) Reserva de lei complementar estaria dentro dos princípios que vedam o depósito administrativo?
Processo Administrativo - Resposta:
Oral TRF5
Recurso - Depósito prévio Sabe-se que a exigência de lei complementar depende de disposição constitucional explícita. Desconhece-se, porém, qualquer exigência constitucional
nesse sentido, pelo que se pode concluir que a reserva de lei complementar não está dentro dos princípios que vedam o depósito administrativo.

Processo Adm - recurso - SÚMULA 373 STJ


STJ Súm 373
depósito prévio É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo
STF - Processo Adm - recurso -A exigência de depósito prévio como condição de admissibilidade de recursos administrativos afigura-se contrária à presente ordem
636
Pleno depósito prévio constitucional, inclusive na esfera trabalhista.
Decisões de cunho administrativo dos Tribunais não estão sujeitas a RESP ou RE, por aplicação analógica da súmula 733 do STF, que não recebe
STJ 5aT 399 Processo Administrativo
recursos referentes a processamento de precatórios.
STF entendeu constitucional art. 38 da Lei 6.830/80 (“Art 38. ... Parágrafo único. A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo
importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.”). Isso porque a presunção de
Propositura da ação judicialrenúncia ao poder de recorrer ou de desistência do recurso na esfera administrativa não implica afronta à garantia constitucional da jurisdição. Se o
enquanto pendentecontribuinte não esperar resultado positivo do processo administrativo, não hesitará em provocar o Judiciário tão logo possa, e já não se interessará
doutrina emagis
processo administrativo -mais pelo que se vier a decidir na esfera administrativa. [Embora o julgado do STF se referisse ao art. 38, parágrafo único, da LEF, entendemos que a
Renúncia conclusão ali exposta se aplica a todo e qualquer processo administrativo] Corroborando a aplicabilidade da decisão do STF para todo e qualquer
processo administrativo, segue o art. 52 da Lei 9.784/99: “Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua
finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.”
1. De acordo com a regra inserta no art. 462 do Código de Processo Civil, o fato constitutivo, modificativo ou extintivo de direito, superveniente
à propositura da ação deve ser levado em consideração, de ofício ou a requerimento das partes, pelo julgador, uma vez que a lide deve ser composta
Reconhecimento
como ela se apresenta no momento da entrega da prestação jurisdicional. Precedentes.
administrativo do interesse
2. O reconhecimento do direito na esfera administrativa configura fato superveniente, a teor do art. 462 do Diploma Processual, que implica a
STJ   do administrado - perda
superveniente perda do interesse de agir do Autor, pois torna-se desnecessário o provimento jurisdicional, impondo a extinção do processo sem
superveniente do interesse
julgamento do mérito, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil.
processual
3. Em face da aplicação do princípio da causalidade, deve a Ré arcar com as despesas processuais, inclusive honorários advocatícios. Precedentes. (EDcl
nos EDcl no REsp 425.195/PR,STJ 5aT, julgado em 12/08/2008, DJe 08/09/2008)
       
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

       
       
LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS

       
1) Qual a distinção entre limitação e restrição administrativa? A requisição estaria enquadrada na limitação ou na restrição?
Oral TRF2
Resposta:
3) O imóvel é alodial se não houver limitação administrativa?
Oral TRF2
Resposta:

4) As limitações se coadunam com os atributos do domínio?


Oral TRF2
Resposta:

17) As limitações administrativas são prerrogativas ou privilégios? 18) Qual a origem da palavra privilégio?
Oral TRF2
Resposta:
A indenização pela limitação administrativa advinda da criação de área non aedificandi, prevista no art. 4º, III, da Lei n.º 6.766/79 (Os loteamentos
deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos: (...) III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das rodovias
STJ 1aT Resp 750050 Limitação - Indenização
e ferrovias e dutos será obrigatória a reserva de uma faixa non aedificandi de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação
específica), somente é devida se imposta sobre imóvel urbano e desde que fique demonstrado o prejuízo causado ao proprietário da área.
Limitações administrativas preexistentes à aquisição do imóvel não geram indenização pelo esvaziamento do direito de propriedade,
STJ 1aT 439 Limitação
principalmente quando o gravame é antecedente à alienação.
Questão As normas de ordem pública que impõem altura máxima aos prédios podem gerar obrigações e direitos subjetivos entre os vizinhos, interessados
CESPE - na sua fiel observância por parte de todos os proprietários sujeitos às suas exigências. - Lição de HLM
AGU/2012
       
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA

       
5) Ocupação temporária. A colocação de entulho no terreno de particular, em razão de obra pública, pode ser considerada como ocupação temporária?
Oral TRF2
Resposta:

6) A ocupação temporária é indenizável? E na ausência de dano?


Oral TRF2
Resposta:

13) Qual seria a distinção entre ocupação temporária e requisição administrativa?


Oral TRF2
Resposta:
       
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA

       
2) Quando o juiz eleitoral determina que um clube esportivo será Zona Eleitoral, isso é uma requisição?
Oral TRF2
Resposta:
       
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA

       
D) Quando a servidão administrativa é constituída mediante acordo, o ato declaratório de utilidade pública é dispensável.
  Questão TRF1   (E) – GABARITO PRELIMINAR
-servidão administrativa constituída mediante acordo deverá ser precedida de ato declaratório de utilidade pública.
       
TOMBAMENTO
       
C) A transcrição no registro de imóveis constitui ato exigível tanto no tombamento provisório quanto no definitivo.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-Decreto Lei 25/37. Art. 10. Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento provisório se equiparará ao
  Questão TRF1  
definitivo.
Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade particular será, por iniciativa do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, transcrito para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição do domínio.
EMAGIS Tombamento geral - É possível que o tombamento não recaia apenas sobre coisas unitariamente consideradas, mas alcance um conjunto de bens, compreendendo
desnecessidade de porções ou mesmo a totalidade de um bairro ou de uma cidade. Isso ocorrendo, tem-se o denominado “tombamento geral” (em contraposição
intimação individualizada ao tombamento individual). A efetivação dessa modalidade interventiva estatal mais abrangente não impede os proprietários dos bens por ela
atingidos de alegar, em sede administrativa (CF/1988, art. 5º, XXXIV, alínea “a”, sendo inclusive previsto no Decreto-lei n. 3.866/1941 a interposição
de recurso impróprio perante o Presidente da República para cancelar o tombamento) ou em juízo (CF/1988, art. 5º, XXXV), a inexistência de
elementos fáticos justificadores da restrição estatal ao seu patrimônio. Todavia, a ausência de notificação individualizada, enumerando um a um
os bens que foram tombados, não exime os respectivos proprietários do cumprimento dos deveres previstos no art. 17 do Decreto-lei n.
25/1937, a teor do qual é vedada a destruição, demolição ou mutilação de tais bens, assim como seu reparo, pintura ou restauração sem haver
prévia autorização da unidade administrativa responsável pelo tombamento. Plausível, nesse contexto, abonar a tese de que a ampla divulgação da
relevância cultural que caracteriza a parcela ou totalidade do bairro ou da cidade é suficiente, à luz do primado da boa-fé objetiva, para
infundir no ânimo dos titulares dos bens afetados pelo tombamento geral a ciência de que não mais detêm autonomia irrestrita para realizar
modificações, adaptações ou supressões unilaterais do patrimônio que veio a ser tombado. Nessa linha, confira-se o que decidiu o Superior
Tribunal de Justiça ao julgar o Recurso Especial n. 1.098.640, publicado em 25.6.2009, cuja ementa segue transcrita no ponto que diretamente
interessa:

“ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. TOMBAMENTO GERAL. CIDADE DE TIRADENTES. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE


INDIVIDUALIZAÇÃO DO BEM. PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO, HISTÓRICO E CULTURAL. DESRESPEITO À NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL
DO IPHAN.(...) - Não é necessário que o tombamento geral, como no caso da cidade de Tiradentes, tenha procedimento para individualizar o bem (art.
1º do Decreto-Lei n. 25/37). As restrições do art. 17 do mesmo diploma legal se aplicam a todos os que tenham imóvel na área tombada. Precedente.
- É incongruente a alegação da recorrente de que o bem não foi individualizado no tombamento, se sabia claramente das restrições impostas pelo
Decreto-Lei n. 25/37, uma vez que, inclusive, solicitou autorização ao IPHAN para a realização da obra e desrespeitou os limites estabelecidos pelo
órgão.”

Do voto condutor, da lavra do Ministro HUMBERTO MARTINS, convém destacar os seguintes excertos:

“Da análise detida dos autos, chega-se à conclusão de que a recorrente quer fazer prevalecer a ideia de que o tombamento geral da cidade de
Tiradentes não pode prevalecer, tendo em vista que não houve um procedimento administrativo individualizado que conferisse a legalidade prevista
nos arts. 5º, 6º e 9º do Decreto [-lei] n. 25/37. (...) Portanto, havendo o tombamento geral da cidade de Tiradentes, despicienda a intimação do
bem tombado, já que toda a cidade faz parte do patrimônio protegido, não sendo possível que o interesse individual se torne prevalente diante
do conjunto arquitetônico reconhecidamente de importância histórica (art. 1º do Decreto-lei n. 25/37).”

STJ é pacífico o entendimento de que o tombamento do Plano Piloto alcança todo seu conjunto urbanístico e paisagístico, cuidando-se, aliás, de patrimônio
da humanidade, segundo reconhecido pela UNESCO.

STJ para o STJ, tanto o tombamento provisório (art. 10 do Decreto-Lei 25/37) quanto o de caráter definitivo têm idênticos efeitos quanto à proteção do
bem de valor cultural, distinguindo-se apenas no que se refere à transcrição no Registro de Imóveis. Busca-se, em ambos os casos, a tutela do bem,
havendo a obrigação do proprietário em proceder às medidas necessárias à conservação do bem tombado, sob pena de sanção (art. 17).

12) Pode-se se falar em desapropriação de bem tombado?


Oral TRF2
Resposta:
       
EXPROPRIAÇÃO (ART. 243, CF)

       
E) Em se tratando de glebas de terra onde se cultivem plantas psicotrópicas, o ato expropriatório, segundo o STF, deve ficar adstrito às áreas de efetivo
cultivo, não podendo abranger toda a propriedade.
  Questão TRF1   (E) – GABARITO PRELIMINAR
RE 543974 - STF Pleno - 1. Gleba, no artigo 243 da Constituição do Brasil, só pode ser entendida como a propriedade na qual sejam localizadas culturas
ilegais de plantas psicotrópicas. O preceito não refere áreas em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas, mas as glebas, no seu todo.
       
DESAPROPRIAÇÃO

       
SÚMULA 23 STF
Verificados os pressupostos legais para o licenciamento da obra, não o impede a declaração de utilidade pública para desapropriação
do imóvel, mas o valor da obra não se incluirá na indenização, quando a desapropriação for efetivada.
Desapropriação -
STF Súm 23
Licenciamento de obra
➔no processo de desapropriação, a declaração de utilidade pública não é suficiente para a transferência da propriedade. Assim sendo, até o momento que o bem seja efetivamente
desapropriado, o particular ainda permanece como proprietário do bem. Outro fundamento para o entendimento sumulado é que a concessão da licença é vinculada. Por tais razões, ainda
que o imóvel esteja sendo objeto de desapropriação, e que já tenha sido editado o decreto declarando-o como de utilidade pública, não poderá o Município, sob esse argumento, negar a
licença de edificação. A ressalva ao final do texto sumulado indica que não havendo concordância do ente expropriatório com a edificação, não haverá indenização.

SÚMULA 479 STF

Desapropriação - Terreno As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.
STF Súm 479
reservados
➔terrenos reservados são insuscetíveis de desapropriação.

SÚMULA Nº 218
Desapropriação -
STF Súm 218 É COMPETENTE O JUÍZO DA FAZENDA NACIONAL DA CAPITAL DO ESTADO, E NÃO O DA SITUAÇÃO DA COISA, PARA A
Competência jurisdicional
DESAPROPRIAÇÃO PROMOVIDA POR EMPRESA DE ENERGIA ELÉTRICA, SE A UNIÃO FEDERAL INTERVÉM COMO ASSISTENTE.

SÚMULA 476 STF


Desapropriação - Ações de
STF Súm 476 Desapropriadas as ações de uma sociedade, o poder desapropriante, imitido na posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos
sociedade
inerentes aos respectivos títulos.

Súmula 119 STJ


Desapropriação Indireta - A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos.
STJ Súm 119
Prazo
➔hoje o prazo para a usucapião extraordinária é de 15 anos.

É vedado ao município desapropriar bens de propriedade da União ou de suas autarquias e fundações, assim como das empresas públicas e
STJ 2aT 435 Desapropriação - Município
sociedades de economia mista submetidas à sua fiscalização, sem prévia autorização, por decreto, do presidente da República.
A) O bem particular desapropriado com base no interesse social destina-se à administração, devendo ser obrigatoriamente incorporado ao patrimônio
público, vedada sua transferência a terceiros.
Desapropriação - destinação
  Questão TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
do bem
- não há vedação da transferência do bem a terceiro, o que se exige é que, no caso de transferência, que seja destinado ao atendimento do interesse
público (tredestinação lícita).
Desapropriação -Em desapropriação direta, não constitui julgamento ultra petita a fixação de valor indenizatório em patamar inferior à oferta inicial se isso
STJ 2aT 435
Indenização decorrer da adoção pelo juízo da integralidade do laudo do perito oficial.
  Questão TRF1 Desapropriação -D) Diferentemente da desapropriação por interesse social, o pagamento da desapropriação por necessidade ou utilidade pública somente é possível
Indenização mediante títulos da dívida pública.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
- o regime jurídico de pagamento (justo, prévio e em dinheiro) é o mesmo para o caso de desapropriação por interesse social, necessidade e utilidade
pública (art. 5º, XXIV, CF). Somente será diferente na desapropriação para reforma agrária (pagamento em dinheiro das benfeitorias úteis e
necessárias, e, o valor da terra nua, em título da dívida agrária – art. 184, caput e § 1º, CF) e na desapropriação de solo urbano (pagamento em títulos
da dívida pública – art. 182, § 4º, III, CF).
Não se pode confundir “dúvida fundada sobre o domínio” com concurso de credores, visto que o art. 34, parágrafo único, do DL n. 3.365/1941 (lei de
desapropriações) refere-se somente àquela. In casu, foi informado nos autos, por meio de documento inequívoco, que parte do preço (21% dos créditos
Desapropriação - Concursoindenizatórios decorrentes da ação de desapropriação) foi objeto de transação com terceiro, legitimando a pretensão do expropriante (adjudicatário do
STJ 1a T 474
Credores bem) ao levantamento do percentual remanescente (79%), tanto mais que, à luz dos autos, a quantia não foi objeto de negócio jurídico, et pour cause,
incontroversa. A disputa entre credores do expropriado não pode prejudicar legítimos interesses do adjudicatário do bem, devendo os
eventuais créditos de terceiros para com o expropriado ser pleiteados em ação própria.
O cabimento da oposição, no curso da desapropriação, não tem sido aceito, em virtude do disposto no art. 31 do Dec. 3.365/41, nos seguintes
Desapropriação -
termos:“Art. 31. Ficam subrogados no preço quaisquer ônus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado.”
Doutrina   Propositura de "Oposição"
Por força desse dispositivo, o entendimento que prevalece é de que o terceiro, ao invés de interpor a oposição, deve se habilitar no processo
por terceiro
expropriatório, com o anseio de receber a indenização.
"1. Conforme entendimento pacificado nessa Corte, "A indenização da cobertura vegetal deve ser calculada em separado do valor da terra nua, quando
comprovada a exploração econômica dos recursos vegetais" (REsp nº 978.558/MG, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 15.12.2008). 2. Impossibilidade,
Desapropriação -no caso, de indenização da cobertura vegetal em separado do valor da terra nua, uma vez que ficou consignado no acórdão recorrido que não havia
Indenização - Coberturasequer projeto de exploração econômica da área." (STJ. RESP 804553, DJE: 16/12/2009).
STJ  
Vegetal - Prova da
exploração "Seguindo-se a mais recente orientação jurisprudencial desta Corte, tem-se que a cobertura vegetal nativa somente será objeto de indenização
em separado caso comprovado que vinha sendo explorada pela parte expropriada anteriormente ao processo expropriatório,
devidamente autorizada pelos órgãos ambientais competentes.“ (STJ. RESP 955226, DJE: 29/10/2009).
Desapropriação -3. Na hipótese, todavia, as instâncias ordinárias, conquanto tenham somado o valor da terra nua ao da cobertura vegetal para fins de fixação da justa
Indenização - Coberturaindenização, deixaram expressamente consignado que não houve superação do preço de mercado praticado na região onde se localiza o imóvel
STJ   Vegetal - Cálculo separado,expropriado. 4. Como já bem ressaltou o eminente Ministro Teori Albino Zavascki, "a lei não impede a indenização da cobertura florestal. O que
limitado ao valor deela impede é que o cálculo em separado da vegetação importe indenização do imóvel em valor superior ao de mercado (REsp 669.372/RN,
mercado da propriedade 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 29.8.2005)." (STJ. RESP 955226, DJE: 29/10/2009).
Desapropriação -Havendo legítima autorização, licença ou concessão, uma vez inviabilizada pelo Poder Público a exploração da jazida, há direito à indenização,
STJ 2aT 413
Indenização - Jazida ainda que não exercida a atividade de exploração naquele momento. Trata-se, na verdade, de indenização por lucros cessantes.
1) Em caso de decreto de desapropriação para fins de utilidade pública do chefe do executivo municipal para instalação de aeroporto quem deverá
figurar no pólo passivo, contra quem deve ser ajuizada?
Resposta:

Oral TRF3 Desapropriação 2) O município neste caso pode decretar a desapropriação?


Resposta:

3) Qual seria o juiz competente para conhecer esta ação?


Resposta:

1) Com relação às concessionárias, o juiz federal pode obrigar a União a figurar no feito? O que diz a Súmula do TRF 2?
Resposta:
Diz a súmula Súmula 41 do TRF-2:
Oral TRF2
NA AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO, OU DE CONSTITUIÇÃO DE SERVIDÃO ADMINISTRATIVA, PROPOSTA POR CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA,
MANIFESTANDO A UNIÃO EXPRESSAMENTE FALTA DE INTERESSE EM INTERVIR NO FEITO, NÃO PODERÁ SER OBRIGADA A INTEGRAR A RELAÇÃO
PROCESSUAL, COMPETINDO O JULGAMENTO À JUSTIÇA ESTADUAL.
JUROS COMPENSATÓRIOS

Desapropriação - Súmula 131 STJ


Honorários Advocatícios
STJ Súm 131 Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios,
incluídos no cálculos dos
devidamente corrigidas.
Juors Compensatórios

Desapropriação - Direta . Súmula 69 STJ


Indireta - Juros
STJ Súm 69 Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a
Compensatórios - Termo
partir da efetiva ocupação do imóvel.
inicial

Súmula: 113 STJ [parcialmente superada]

Desapropriação - Direta - Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da indenização,
STJ Súm 113 Juros Compensatórios - corrigido monetariamente.
BC de cálculo
➔a base de cálculo dos juros compensatórios será a diferença eventualmente apurada entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor do bem fixado na sentença.

Desapropriação - Indireta Súmula 114 STJ


STJ Súm 114 - Juros compensatórios - Os juros compensatórios, na desapropriação indireta, incidem a partir da ocupação, calculados sobre o valor da indenização, corrigido
Base de cálculo monetariamente.

Desapropriação -
Instituição de servidão Súmula: 56 STJ
STJ Súm 56
administrativa - juros Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os juros compensatórios pela limitação de uso da propriedade.
compensatórios

SÚMULA Nº 164 STF


Desapropriação - Juros
STF Súm 164 NO PROCESSO DE DESAPROPRIAÇÃO, SÃO DEVIDOS JUROS COMPENSATÓRIOS DESDE A ANTECIPADA IMISSÃO DE POSSE, ORDENADA
Compesatórios
PELO JUIZ, POR MOTIVO DE URGÊNCIA.

Desapropriação - Juros SÚMULA 618 STF


STF Súm 618
compensatórios Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano.

Desapropriação - Juros SÚMULA 408 STJ


STJ Súm 408 Compensatório - Direito Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida Provisória n. 1.577, de 11/6/1997, devem ser fixados
Intertemporal em 6% ao ano até 13/09/2001, e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma da súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal
Os juros compensatórios são calculados nos termos do art. 15-A do DL n. 3.365/1941. A base para incidência dos juros é a diferença entre 80%
Desapropriação - Juros
do valor inicialmente depositado e a indenização judicialmente fixada. E, nos termos da jurisprudência do STF, ainda que o valor da indenização
STJ 2aT 399 Compensatórios (art. 15-A)
fixado em sentença corresponda ao montante anteriormente depositado pelo expropriante, incidem juros compensatórios sobre a parcela cujo
- Base de cálculo
levantamento não foi autorizado (20% em regra, conforme o art. 6º, § 1º; da LC n. 76/1993).
IMOVEL IMPRODUTIVO -

Eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos juros compensatórios, pois eles restituem não só o que o expropriado deixou de
Desapropriação - Juros
ganhar com a perda antecipada, mas também a expectativa de renda, considerando a possibilidade de o imóvel ser aproveitado a qualquer momento de
STJ 1aS   Compensatórios (art. 15-A)
forma racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista.
- Imóvel improdutivo
"7. Os juros compensatórios são devidos mesmo quando o imóvel desapropriado for improdutivo , justificando-se a imposição pela frustração
da expectativa de renda, considerando a possibilidade do imóvel "ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido
com o recebimento do seu valor à vista" (Eresp 453.823/MA, relator para o acórdão Min. Castro Meira, DJ de 17.05.2004)
STJ REsp Desapropriação - Juros Os juros compensatórios são devidos mesmo quando o imóvel desapropriado for improdutivo, justificando-se a imposição pela frustração da
1aT 1090221 Compesatórios - Imóvel expectativa de renda, considerando a possibilidade do imóvel "ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido
improdutivo com o recebimento do seu valor à vista". Os juros compensatórios fundam-se no fato do desapossamento do imóvel e não na sua
produtividade, consoante o teor das Súmulas n.ºs 12, 69, 113, 114, do STJ e 164 e 345, do STF. Com efeito, os juros compensatórios incidem ainda
que o imóvel seja improdutivo, mas suscetível de produção.

STJ REsp Desapropriação - Juros Em relação aos juros compensatórios, o STJ consolidou a orientação de que estes "destinam-se a remunerar o capital que o expropriado
1aT 1073793 Compesatórios - Imóvel deixou de receber desde a perda da posse, e não os possíveis lucros que deixou de auferir com a utilização econômica do bem expropriado,
improdutivo sendo, portanto, devidos mesmo em se tratando de imóvel improdutivo.
B) Segundo o STJ, se o imóvel sobre o qual tenha sido constituída servidão administrativa não produzia rendas, não são devidos os juros compensatórios
Desapropriação - Servidão
sobre a indenização fixada em decorrência da limitação do uso da propriedade, já que estes se destinam a remunerar os possíveis lucros que o
  Questão TRF1 administrativa - não
proprietário tenha deixado de auferir com a utilização econômica do bem expropriado.
produza renda
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Desapropriação - Juros IMOVEL NAO SUSCETIVEL DE EXPLORAÇAO
Compensatórios (art. 15-A)
STJ 1aS  
-Imóvel não suscetível deTodavia, são indevidos juros compensatórios quando a propriedade mostrar-se impassível de qualquer espécie de exploração econômica seja
exploração atual ou futura, em decorrência de limitações legais ou da situação geográfica ou topográfica do local onde se situa.
DIREITO INTERTEMPORAL - (§§ 1º e 2º do art. 15-A do DL n. 3.365/41 x MC na ADI 2.332-DF - 13/9/2001)
Quanto às restrições contidas nos §§ 1º e 2º do art. 15-A do DL n. 3.365/41, os juros compensatórios são devidos sobre o imóvel improdutivo
desde a imissão na posse até a entrada em vigor das citadas MPs , as quais suspendem a incidência dos referidos juros. A partir da publicação da
MC na ADI 2.332-DF (DJ 13/9/2001), tais juros voltam a incidir sobre a propriedade improdutiva até a data da expedição do precatório
Desapropriação - Juros
original, segundo a dicção do § 12 do art. 100 da CF/1988, com a redação dada pela EC n. 62/2009, salvo se houver mudança de entendimento do
Compensatórios (art. 15-A)
STJ 1aS   Pretório Excelso quando do julgamento de mérito da referida ação de controle abstrato. Sua alíquota é de 12% ao ano (Súm. n. 618-STF) e incide a
- Direito Intertemporal (MP
partir da imissão na posse. Nas hipóteses em que a imissão ocorreu após a MP n. 1.577/1997 (11/06/1997), os juros são de 6% ao ano até a
x ADI 2.332)
publicação da liminar concedida na ADIN n. 2.332-DF (13/9/2001) Atenção: Ocorrida a imissão na posse do imóvel desapropriado, após a
vigência da MP n.º 1.577/97 e em data anterior à liminar proferida na ADIN nº 2.332/DF, os juros compensatórios devem ser fixados no limite de 6%
(seis por cento) ao ano, exclusivamente, no período compreendido entre a data da imissão na posse e 13/09/2001 (publicação do acórdão proferido pelo
STF).
é da jurisprudência do STF e do STJ que, mesmo sendo improdutivo o imóvel , deve haver o pagamento de juros compensatórios quando houve
a imissão provisória na posse em favor do expropriante, uma vez que nada impedia o proprietário de começar a explorá-lo economicamente. O
problema, contudo, é que a MP 1901/99 estabeleceu não ser cabível o pagamento de juros compensatórios quando o imóvel fosse improdutivo. Diante
disso, o STF, na ADI 2332, suspendeu tal preceito – ao argumento de que viola o art. 5º, XXIV, da Carta Maior - apenas com efeitos ex nunc, tendo
o acórdão, como afirmado acima, sido publicado em 13/09/2001, daí a adoção desse marco temporal. Esse posicionamento foi consolidado em
Desapropriação - juros
sede de recurso especial repetitivo (CPC, art. 543-C):
compensatórios indevidos
STJ Questão
no período de 24.09.99 a
ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. IMÓVEL
13.09.2001
IMPRODUTIVO. JUROS COMPENSATÓRIOS. PERÍODO DE INCIDÊNCIA. EMBARGOS ACOLHIDOS.
1. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça - com fundamento no art. 543-C do CPC - firmou compreensão segundo a qual, em se tratando de
imóvel improdutivo, os juros compensatórios não são devidos no período compreendido entre 24/9/99 , data da publicação da MP 1.901-
30/99, e 13/9/01, data em que o Supremo Tribunal Federal, nos autos da ADIn 2.332-DF, concedeu medida cautelar para suspender com
efeitos ex nunc a eficácia do art. 15-A, §§ 1º e 2º, do Decreto-Lei 3.365/41

JUROS MORATÓRIOS

STJ Súm 70 Desapropriação - Juros Súmula 70 STJ [Superada]


moratórios Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito em julgado da sentença.
-juros moratórios hoje:
Juros moratórios: 6% ao ano.
Termo inicial: 1º de janeiro do exercício seguinte àquele que o pagamento deveria ter sido feito.

Súmula: 102 [superada]


Desapropriação - Juros - A INCIDENCIA DOS JUROS MORATORIOS SOBRE OS COMPENSATORIOS, NAS AÇÕES EXPROPRIATORIAS, NÃO CONSTITUI ANATOCISMO
Cumulação -
STJ Súm 102 VEDADO EM LEI.
Compensatórios +
Moratórios
⇒ não mais é possível a cumulação de juros moratórios e compensatórios na desapropriação.

Nos termos do art. 15-B do Decreto-Lei nº 3.365/41 e conforme assentado pelo STF em sua Súmula Vinculante nº 17, os juros moratórios nas
ações de desapropriação apenas incidem, à taxa de 6% ao ano, a partir de 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento
deveria ter sido realizado, segundo a disciplina do art. 100 da Constituição Federal . Resta prejudicada, assim, a Súmula nº 70 do STJ. Nesse
Desapropriação - Jurossentido:
STJ  
Moratótrios "Conforme jurisprudência da Primeira Seção desta Corte, inclusive com súmula vinculante do STF (Súmula 17), o art. 15-B do Decreto-Lei n. 3.365/41,
introduzido pela Medida Provisória 1.997-34, de 13.1.2000, prescreve que o termo inicial dos juros moratórios em desapropriações é o dia "1º de janeiro
do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição". Deve-se afastar a Súmula 70/STJ em
relação às ações de desapropriação em curso, mesmo que iniciadas no período anterior." (STJ. ADRESP 883147, DJE: 21/05/2010).
Segundo a mais atual jurisprudência do STJ, já adequada à nova disciplina do art. 100 da Constituição Federal, com a redação conferida pela EC nº
62/2009, não se torna mais possível a cumulação dos juros compensatórios e moratórios , pois os primeiros apenas incidem até a data da
expedição do precatório e os segundos somente depois de esgotado o prazo constitucional para seu pagamento . Restam prejudicadas,
assim, as Súmulas nºs 12 e 102 do STJ. Nesse sentido:
Cumulação de juros
STJ   compensatórios e juros1. Segundo jurisprudência assentada por ambas as Turmas da 1ª Seção, os juros compensatórios, em desapropriação, somente incidem até a data da
moratórios expedição do precatório original. Tal entendimento está agora também confirmado pelo § 12 do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC 62/09. 2.
Sendo assim, não ocorre, no atual quadro normativo, hipótese de cumulação de juros moratórios e juros compensatórios, eis que se tratam de encargos
que incidem em períodos diferentes: os juros compensatórios têm incidência até a data da expedição de precatório, enquanto que os moratórios
somente incidirão se o precatório expedido não for pago no prazo constitucional. 3. Entendimento firmado pela Seção, no julgamento do recurso
repetitivo n. 1.118.103/SP. 4. Agravo regimental não provido. (STJ. AGRESP 932079, DJE: 02/06/2010).

CORREÇÃO MONETÁRIA

SÚMULA 561 STF


Desapropriação - Correção
STF Súm 561 Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização
Monetária
do cálculo, ainda que por mais de uma vez.

Súmula 67 STJ
Desapropriação - Correção
STJ Súm 67 Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma vez, independente do decurso de prazo superior a um ano
monetária
entre o cálculo e o efetivo pagamento da indenização.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

STJ Súm 141 Desapropriação - Súmula 141 STJ


Honorários - Base de Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas
cálculo monetariamente.

Desapropriação - SÚMULA Nº 378


STF Súm 378 Indenização - Honorários
Na indenização por desapropriação incluem-se honorários do advogado do expropriado.
Advocatícios

SÚMULA 617 STF


Desapropriação - A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas
Indenização - Honorários monetariamente.
STF Súm 617
Advocatícios - Base de
cálculo HOJE - Valor dos honorários: entre 0,5 e 5% do valor da diferença entre a indenização fixada e o valor ofertado pelo ente expropriante, inexistindo
teto máximo de R$ 151.000,00.
Desapropriação - HonoráriosOs honorários na desapropriação seguem os termos do art. 27 p.1 do DL 3365/41 (entre 0,5 a 5% do valor da indenização que for superior
STJ 1aS Rec Rep
Advocatícios (art. 27, p. 1o) ao preço oferecido).
observados os limites mínimo e máximo de 0,5% e 5% sobre a diferença entre a indenização definida na sentença e a oferta inicial, ambas corrigidas
monetariamente (Art. 27, §1º, do Decreto-Lei nº 3.345/41). Nesse sentido:

Desapropriação - HonoráriosSúmula 617 do STF: Base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização,
STF STJ  
(art. 27, p. 1o) corrigidas ambas monetariamente.

Súmula 141 do STJ: Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta,
corrigidas monetariamente.

DIVERSOS - DESAPROPRIAÇÃO

Não cabe retrocessão quando o imóvel desapropriado tem destinação diversa daquela constante no decreto expropriatório, mas que se manteve
Desapropriação -
STJ Jurisp tendente a cumprir a finalidade pública (quando não se cumpre a finalidade pública, as posições doutrinárias e jurisprudenciais parecem
Retrocessão - Tredestinação
divergentes). (hipótese de tredestinação lícita)
Desapropriação -
STJ - A legitimidade passiva para a ação de retrocessão é da entidade que, apesar de não ser a expropriante originária, incorporou o bem
361 Retrocessão - Legitimidade
1aT expropriado ao seu patrimônio, incumbindo-se do pagamento da indenização.
passiva
Condenar o INCRA no valor das custas judiciais antecipadas pela parte expropriada (art. 19, LC 73/93). Em relação às demais custas haverá
Doutrina   Desapropriação - Custas
isenção.
"O § 1º do art. 13 da LC 76/93, norma especial em relação àquela prevista no art. 118 da Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra), sujeita ao duplo grau de
Desapropriação - Reexame
STJ   jurisdição somente a sentença que condenar o expropriante em quantia superior a cinqüenta por cento sobre o valor oferecido na inicial,
Necessário
situação que não se enquadra na hipótese dos presentes autos" (REsp 876.410/BA, 1ª Turma, Min. Denise Arruda, DJ de 07/05/2007).
Nas ações de desapropriação, o valor da indenização será contemporâneo à data da avaliação judicial, não sendo relevante a data em que
Desapropriação -
STJ 2T 494 ocorreu a imissão na posse, tampouco a data em que se deu a vistoria do expropriante. Segunda Turma. REsp 1.274.005-MA, Rel. originário
indenização
Min. Mauro Campbell Marques, Rel. para acórdão Min. Castro Meira, julgado em 27/3/2012.
ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. MANDADO TRANSLATIVO DE DOMÍNIO. EXPEDIÇÃO SOMENTE APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO. ART. 17 DA LC
Desapropriação - Mandado76/93. 1. A expedição de mandado translativo de domínio, para a transferência definitiva de titularidade da propriedade do imóvel, ocorrerá
translativo de domínio -somente após o trânsito em julgado da sentença. Precedentes. 2. Se o expropriado não pode levantar o valor da indenização antes do
STJ  
Somente após o trânsito emtrânsito em julgado, não se pode conceber que perca ele, definitivamente, a titularidade do domínio antes . Interpretação sistemática da LC
julgado 76/93. Precedentes do STJ. Entendimento que observa o postulado constitucional da justa e prévia indenização. Precedentes do STF à luz de legislação
diversa. 3. Agravo regimental não provido. (STJ. AGRESP 996765, DJE: 30/03/2010).
Questão “Tratando-se de desapropriação por zona, o domínio do expropriante sobre as áreas que sofreu valorização extraordinária é provisório, ficando, por
CESPE - isso, os novos adquirentes sujeitos ao pagamento da contribuição de melhoria, conforme dispõe a CF”. Gabarito: errado, pois, segundo a
AGU/2012 jurisprudência do STJ, na hipótese de valorização geral ordinária, o poder público tem em mão o instrumento legal da contribuição de melhoria. Já
diante da valorização geral extraordinária, tem a desapropriação por zona ou extensiva, prevista no artigo 4º, do Decreto-Lei n. 3.365/1941.

Emagis Indenização - benfeitorias É verdade que a Súmula 479 do STF prevê que “as margens dos rios navegáveis são domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo,
feitas na margem de rio excluídas de indenização”. Nada obstante, o STJ vem temperando os rigores desse antigo posicionamento do Supremo quando se trata de benfeitorias
navegável feitas pelo desapropriado que detinha justo título em relação à área. Nesse caso, admite-se a indenização de tais benfeitorias; não dispondo o
expropriado desse justo título da área, não há como indenizá-lo quanto a eventuais benfeitorias que tenha levantado. - AgRg no REsp 1302118

12) Pode-se se falar em desapropriação de bem tombado?


Oral TRF2
Resposta:

15) A desapropriação pode ocorrer em que circunstâncias? Quais são os processos adequados para que ela ocorra de forma legal?
Oral TRF2
Resposta:
       
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA

       
A priori, esclareceu o Min. Relator que, apesar de ser firme a jurisprudência no sentido de que o magistrado não está vinculado às conclusões do
Desapropriação - Laudo
STJ 1a T 467 laudo oficial, a prova pericial é indispensável ao pleito expropriatório. Ademais, sendo o laudo um parecer dos técnicos que levaram a efeito a
técnico - Indispensabilidade
perícia, ela é peça fundamental para o estabelecimento da convicção do magistrado.
Para se falar em desapropriação indireta, impõe-se que sejam preenchidos os seguintes requisitos: que o bem tenha sido incorporado ao patrimônio
Desapropriação -do Poder Público e que a situação fática seja irreversível. Restrições impostas pelo Estado à utilização do imóvel podem configurar, desde que mais
STJ 1aS 380
Desapropriação indireta extensas do que as já existentes, a chamada limitação administrativa, cabendo à parte, por meio de ação própria, questionar o cabimento de eventual
indenização.
Desapropriação -O STJ e o STF vem admitindo a possibilidade de que a ação reintegratória contra entidade da administração (no caso, ente da adm indireta)
STJ 2aT 414
Desapropriação Indireta seja convertida em ação de indenização por desapropriação indireta (em nome da celeridade e da economia processual).
A) Na desapropriação indireta, a indenização deve abranger as mesmas parcelas que incidem na desapropriação legal, inclusive os juros compensatórios.
  Questão TRF1  
(C) – GABARITO PRELIMINAR
Limitação Administrativa -
Na desapropriação indireta, o prazo para indenização é vintenário (hoje: 15 anos em função do prazo de usucapião extraordinário do
STJ 1aT 422 Desapropriação indireta -
CC02), enquanto a indenização por limitação administrativa possui prazo prescricional quinquenal.
Prescrição
ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. INDENIZAÇÃO. PRESCRIÇÃO. 1. Na hipótese de desapropriação indireta, não se aplica o prazo
prescricional previsto no Decreto n.º 20.910/32, por se tratar de ação de natureza real (Precedente do STF: ADI-MC 2260/DF), nem tampouco
Desapropriação Indireta -o prazo qüinqüenal previsto no art. 10, parágrafo único, do Decreto-Lei n.º 3.365/41 , com eficácia suspensa pelo STF, aplicando-se ao
STJ  
Prescrição caso a prescrição vintenária (Súmula 119 do STJ). 2. “Consoante o princípio da actio nata, o direito de ação de indenização por desapropriação
indireta nasce no momento em que a área é esbulhada pelo poder público” (STJ - REsp 750050/SC, 1ª Turma, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ 07/11/2006, p.
242).
Consoante jurisprudência do STF e do STJ, tem direito à indenização não só o titular do domínio do bem expropriado, mas também o que tenha
sobre ele direito real limitado, bem como direito de posse.
O promissário comprador, desde o momento da celebração do contrato, detém a posse do bem, salvo estipulação contratual em sentido contrário.

Desapropriação indireta -Para que “B” possa receber a indenização pelo esbulho é necessário que a promessa de compra e venda tenha sido registrada no cartório de
STJ 2aT 493 legitimidade - promissárioregistro de imóveis? NÃO. O registro da promessa de compra e venda não é condição indispensável para que ela se aperfeiçoe. O registro não
comprador interfere na relação de direito obrigacional (o contrato é válido e eficaz entre “A” e “B”). O registro é imprescindível apenas para que produza eficácia
perante terceiros que não participaram do contrato.

No Info 490, o STJ reconheceu a possibilidade do promitente comprador fazer o levantamento do depósito, pois os arts. 31 e 34 do DL. 3365 amparam a
pretensão, ainda que o contrato não esteja registrado.
       
REFORMA AGRÁRIA

       
"O art. 184 da Constituição Federal de 1988 é categórico ao relacionar a desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, com o imóvel
Desapropriação pararural que não esteja cumprindo sua função social. Compete ao INCRA promover somente a desapropriação por interesse social, para fins de reforma
STJ   Reforma agrária - Imóvelagrária, a qual recairá, sempre, sobre imóvel rural. A definição de imóvel rural, em sede de desapropriação para fins de reforma agrária, é
locaizado em área urbano aferida pela sua destinação, não interessando que esteja localizado em zona urbana ". (STJ. GRAR 3971, DJE: 30/06/2008). (não importa a
localização, se em área urbana ou rural, o que interessa é a destinação)
Apesar de o Estatuto da Terra (Lei n. 4.504/1964) ter conceituado módulo rural como unidade de medida familiar, posteriormente a Lei n.
6.746/1979 alterou disposições desse estatuto, criando um novo conceito: o módulo fiscal que estabeleceu um critério técnico destinado a aferir a área
do imóvel rural para cálculo de imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR). A Lei n. 8.629/1993, a qual, ao regulamentar o art. 185 da
CF/1988, optou pelo uso do módulo fiscal, mais afeiçoado ao direito tributário que ao agrário, para estabelecer a classificação de pequeno, médio e
grande pela extensão da área do imóvel rural (pequeno - até 4; médio - 4 a 15; grande - mais de 15), mas deixou de explicar a forma de sua
Desapropriação - Módulo
STJ 2aT 439 aferição. Diante do silêncio da Lei n. 8.629/1993, quanto à forma de aferição do módulo fiscal, soluciona-se a questão, buscando o cálculo no § 3º
Fiscal - Forma de calcular
do art. 50 do Estatuto da Terra, com a redação dada pela Lei n. 6.746/1979, que leva em conta a área aproveitável em vez do tamanho do imóvel.
Assim, a classificação da propriedade rural como pequena, média ou grande deve ser aferida pelo número de módulos fiscais obtidos,
dividindo-se a área aproveitável do imóvel rural pelo módulo fiscal do município . (Esse aspecto é relevante em função da CRFB não admitir
desapropriação para fins de reforma agrária em propriedades pequenas e médias quando é a única do proprietário) (para fins de impenhorabilidade
constitucional da pequena propriedade rural, o STJ adotou 1 módulo fiscal no Info 443 - ver na Aba Civil - Impenhorabilidade)
"(...) 7. A desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária assenta-se em decreto presidencial que, como todo ato administrativo,
goza de presunção de legitimidade e executoriedade. Assim, não é dado ao réu contrapor-se à força executiva do decreto e ao "interesse
social" nele declarado nos autos da própria ação, até porque o processo se desenvolve sob o rito especial sumário, nos termos da LC 76/93.
8. Em razão do princípio da inafastabilidade do controle dos atos jurídicos pelo Judiciário, pode o expropriado discutir a improdutividade
Desapropriação Roformado imóvel, fundamento que embasa o decreto presidencial, em ação própria, declaratória ou desconstitutiva . 9. Nada impede que essa ação
agrária - Contestação - P.seja precedida de medida cautelar para suspender o processo administrativo prévio à desapropriação, desde que preenchidos seus pressupostos
STJ   da Contenciosidade Limitadaespecíficos e efetivamente demonstrada a plausibilidade do direito e a urgência do provimento." (STJ. RESP 789062, DJ: 11/12/2006).
- Alegação de ser a
propriedade produtiva 3. Este Superior Tribunal de Justiça tem admitido seja a declaração de produtividade do imóvel rural requerida em ação própria, diante da índole
restrita da desapropriação. Precedentes. 4. O pedido de declaração de produtividade do imóvel deve ser julgado antes do pedido de desapropriação. A
Constituição da República só admite desapropriação por interesse social, para fim de reforma agrária, de imóvel improdutivo, devendo ser julgado em
primeiro lugar o pedido de declaração de produtividade antecedentemente ao de desapropriação. 5. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte,
improvido." (STJ. RESP 725477, DJE: 11/11/2009).
Desapropriação - ReformaSúmula 354 STJ
STJ 3aS Súm 354
Agrária - Invasão A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária.
"Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária. (...) Invasão do imóvel por movimento de trabalhadores rurais após a realização
da vistoria do INCRA. Inexistência de óbice à desapropriação. Artigo 2º, § 6º da lei n. 8.629/93. (...) A jurisprudência desta Corte fixou
Desapropriação - Reforma
STF A CF e o STF entendimento no sentido de que a vedação prevista nesse preceito ‘alcança apenas as hipóteses em que a vistoria ainda não tenha sido realizada
agrária - Invasão
ou quando feitos os trabalhos durante ou após a ocupação’ [MS n. 24.136, Relator o Ministro Mauricio Corrêa, DJ de 8.11.02]." (MS 24.984, Rel.
Min. Eros Grau, julgamento em 17-3-2010, Plenário, DJE de 14-5-2010.)
STF   Desapropriação - ReformaO STF, no julgamento do RE nº 247.866/CE, declarou a inconstitucionalidade do art. 14 da LC nº 76/93, por entender haver ofensa ao art. 100 da
Agrária - Indenização -Constituição Federal. Em razão desta declaração incidental, o Senado Federal, por meio da Resolução 19/2007, suspendeu parcialmente a
Diferença entre valorexecução do referido dispositivo legal, no ponto em que determinava o depósito em dinheiro. Deste modo, o pagamento da indenização
depositado e valor fixado nadas benfeitorias úteis e necessárias referente à diferença do inicialmente depositado pelo expropriante e o valor fixado na sentença deve
sentença - benfeitorias úteisse dar mediante precatório. Nesse sentido:
e necessárias - Pagamento "DESAPROPRIAÇÃO - VERBA INDENIZATÓRIA - DECISÃO JUDICIAL. O cumprimento de decisão judicial na qual vencida entidade pública faz-se
por precatório, e não emmediante precatório. Essa forma está compreendida nas exceções versadas na cláusula final do inciso XXIV do artigo 5º da Constituição Federal". (STF.
dinheiro RE 427761/CE, DJe: 30-05-2008).
A complementação dos valores relativos às benfeitorias - diferença entre o valor apurado em juízo e a oferta inicial - submete-se ao
regime de precatórios, a teor do disposto nos arts. 730, do CPC, e 100, da CF/88. Inconstitucionalidade da expressão 'em dinheiro, para as
benfeitorias úteis e necessárias, inclusive culturas e pastagens artificiais e, ', contida no art. 14 da Lei Complementar 76/93, declarada pelo Pleno da
Corte Suprema, no julgamento do RE 247.866/CE" (REsp nº 662.477/PB, Relatora Ministra Denise Arruda, in DJ 12/6/2006)". (STJ. RESP 1090221, DJE:
29/09/2009)

Apesar de já ter ocorrido suspensão do dispositivo por resolução do Senado, ainda é possível encontrar decisão entendendo pelo pagamento em
dinheiro:
A previsão de depósito imediato e em dinheiro do valor fixado para as benfeitorias úteis e necessárias pela sentença da ação de desapropriação para fins
de reforma agrária, contida nos arts. 14,15 e 16 da LC n.º 76/93, é constitucional, por ser conseqüência natural do princípio constitucional da prévia
indenização (art. 5º, XXIV, da CF/88)". (STJ. RESP 879937, DJE: 29/04/2008).
"Quanto ao último ponto, ou seja, saber se o pagamento das benfeitorias úteis e necessárias deve ser efetuado em dinheiro ou por intermédio de
precatório, é clara a redação do art. 16 da Lei Complementar em comento, que registra: A pedido do expropriado, após o trânsito em julgado da
sentença, será levantada a indenização ou o depósito judicial... 4. A indenização das benfeitorias em dinheiro encontra previsão expressa no art. 14 da
Lei Complementar nº 76/93, que trata exclusivamente dos procedimentos relativos à Desapropriação para Reforma Agrária, de modo que a interpretação
do aludido preceito, conjuntamente com o art. 15 do mesmo diploma, conduz à conclusão inequívoca de que a elevação da indenização fixada a título de
benfeitorias, como ocorreu in casu, demanda que o Poder Expropriante providencie a complementação do depósito, também em dinheiro. (REsp
697.143/PB, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 21.2.2006, DJ 13.3.2006) Agravo regimental improvido. (STJ. AGRESP 716135, DJ: 03/08/2007).
       
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

ORAL 1) Qual o regime de responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado exploradoras de atividade econômica? E qual o regime jurídico? De
TRF1 direito privado.
Resposta:Se for atividade econômica não se aplica o art. 37, § 6º, CF, mas sim o regime de direito privado (Código Civil), que prevê responsabilidade
civil subjetiva, é dizer, deve ser apurado se a ação ou omissão se deu, ao menos, com culpa.
ORAL 2) Qual o fundamento jurídico por responsabilidade pelos atos lícitos?
TRF1 Resposta:
A responsabilidade civil por atos ilícitos, que não se relacionem com a prestação de serviço público, encontra-se disciplinada nos arts. 186 e 927 do
CC/2002. Tem como principal fundamento garantir a ordem social, evitar o enriquecimento sem causa, tutelar o patrimônio através de um provimento
judicial que substitua a reparação privada coercitiva, bem como possui função sancionadora e pedagógica.
Para Carlos Alberto Bittar “a responsabilidade está diretamente ligada à liberdade e a racionalidade humana, que impõe às pessoas o dever de assumir
o ônus, submetendo-a aos resultados de suas ações quando contrária a ordem jurídica”.

ORAL 1) Qual seria a diferença da responsabilidade civil dos entes públicos?


TRF2 Resposta:
A principal nota que a diferencia da responsabilidade dos entes privados, seria a responsabilidade objetiva dos entes públicos para atos comissivos, ou
seja, independente de culpa, assegurado o direito de regresso contra o agente público responsável pelos danos, devendo, neste caso, ser apurado se
agiu com dolo ou culpa, sendo, portanto, subjetiva. Também será subjetiva nas hipóteses de atos omissivos.

ORAL 2) Diferenças entre a responsabilidade civil dos entes em geral e das prestadoras de serviços públicos.
TRF2 Resposta:
A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos, por danos causados por seus
agentes, nessa qualidade, a terceiros, é de natureza objetiva, é dizer, independe de culpa, nos termos do art. 37, § 6º, CF. Nesse sentido, a
jurisprudência assente do STF, bem como a doutrina pátria. Ainda, as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público respondem de
forma objetiva por danos causados a terceiros usuários e não usuários do serviço (RE n. 591.874, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, Plenário,
DJe de 18.12.09), tendo o STF revisto sua jurisprudência neste último caso, eis que antes entendia que para o não usuário a responsabilidade seria
subjetiva.
Quanto aos demais sujeitos de direito privados, a responsabilidade é de natureza subjetiva, sendo imprescindível a verificação de culpa do agente para
que surja o dever indenizatório.

ORAL 3) Exemplo de responsabilidade civil de prestadores de serviço público comparando com a responsabilidade civil do Estado.
TRF2 Resposta:
Conforme assentado, ambas são objetivas (art. 37, § 6º, CF). Um exemplo seria a responsabilidade por acidentes em rodovias provocados por animais
na pista. Tanto a concessionária (STJ – 3ª T., REsp nº 647.710/RJ, Rel. Min. Castro Filho, DJ 30.06.2006) quanto o Estado, se a rodovia não foi
privatizada, responderiam, em cada caso, de forma objetiva pelos danos causados.

ORAL 1) Como se chama a responsabilidade civil extracontratual?


TRF4 Resposta:
Também chamada de delitual ou aquiliana, nela o agente não tem vínculo contratual com a vítima, mas, tem vínculo legal, uma vez que, por conta do
descumprimento de um dever legal, o agente, por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, causa à vítima um dano. Está fundada
no art. 186 do CC/2002.

       
É antiga a jurisprudência do Supremo sobre a possibilidade de configuração da responsabilidade do Estado, ainda que o ato praticado seja
Responsabilidade Civil -
STF lícito. Tal entendimento vem sedimentado no princípio basilar da igualdade, segundo o qual descabe imputar a particulares individualizáveis
Conduta Lícita do Estado
os encargos sociais decorrentes da atuação administrativa implementada em prol de toda a coletividade.
Em se tratando de conduta omissiva do Estado, a responsabilidade é subjetiva, devendo ser discutida a culpa estatal. Na seara de
responsabilidade subjetiva do Estado por omissão, é imprescindível comprovar a inércia na prestação do serviço público, bem como demonstrar o
Responsabilidade Civil -mau funcionamento do serviço, para que seja configurada a responsabilidade. (No caso dos autos, o dano ocorrido – incêndio em casa de shows – não
STJ 1aT 437
Omissão revela nexo de causalidade entre a suposta omissão do Estado, porquanto a causa dos danos foi o show pirotécnico realizado por banda de música em
ambiente e local inadequados, o que não enseja responsabilidade do município se sequer foram impostas por ele exigências insuficientes ou
inadequadas, ou na omissão de alguma providência que se traduza como causa eficiente e necessária do resultado danoso)
a omissão estatal, porquanto fundamentada no art. 144 da CF, não caracterizaria a responsabilidade do Poder Público, visto que esse
Responsabilidade Civil -
dispositivo, em virtude de sua natureza meramente programática, teria imposto ao Estado somente um dever genérico e progressivo de agir.
STF 2aT 628 Omissão - Segurança
Reputou-se que, em tese, aplicar-se-ia ao caso a teoria do “dano moral por ricochete”, cuja sistemática encontrar-se-ia na legislação infraconstitucional,
Pública
o que não permitiria o seu exame na via eleita. (indenização pedida por irmão da vítima do "Massacre da Candelária" diante da omissão do Estado do RJ)
Info 376 - 1aT: O Estado pode ser responsabilizado por dano moral em relação a detento em função da condição caótica de um presídio (tese
ainda controvertida por ser necessária demonstração de culpa - responsabilidade subjetiva aplicável à espécie - e a alegação de insuficiência de
recursos). Info 430 - 2aT: A questão não é de incidir a cláusula da reserva do possível, nem de assegurar o mínimo existencial, mas de ser urgente
aprimorar as condições do sistema prisional, o que deverá ser feito com melhor planejamento e estruturação física e não mediante o pagamento
pecuniário aos apenados. A despeito das condições precárias do sistema prisional nacional, em nada contribuiria para sua melhoria indenizar cada
Responsabilidade Civil -
STJ 1aT 376 detento que sentir desconforto na prisão, pois a verba orçamentária despendida seria despida de finalidade do interesse público. Ao permitir
Caracterização - Estado
STJ 2aT 430 entendimento no sentido da indenização individual, estar-se-ia admitindo o Estado como segurador universal, ou seja, sempre que algum serviço público
precário da prisão
essencial fosse falho, caberia indenização, em vez de buscar soluções de melhoria do sistema como um todo. Também haveria um choque de
entendimento se, de um lado, o Estado fosse obrigado a pagar ao delinquente quantia mensal pelo fato de suas condições de carceragem não serem as
melhores e, por outro, o Estado não pagar ao cidadão que, sem ter praticado qualquer delito, é privado de um ente querido pelo fato de ele ter sido
executado por um fugitivo ou ter sua integridade física e moral violada por um ex-detento. Em todas essas situações, também há falha do serviço
estatal.
STJ 2aT 401 Responsabilidade Civil -A responsabilidade civil do Estado, nos casos de morte de pessoas custodiadas, é objetiva. Na ausência de ascendente, descendente ou cônjuge, a irmã
Caracterização - Presos -
acha-se legitimada a pleitear indenização por danos morais em razão do falecimento de seu irmão.
Morte
embora retrate situação na qual se possa vislumbrar uma omissão estatal – e, sabe-se, a responsabilidade do Estado por omissão é, segundo a
jurisprudência e a doutrina majoritárias, de caráter subjetivo -, tem o beneplácito de inúmeros julgados do STF, que afirmam ser objetiva, em tal
situação, a responsabilidade civil do Estado pela morte de detento em estabelecimento prisional, ainda que causada por outro preso. Por todos,
vejam-se estes julgados:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. MORTE DE DETENTO EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL.
Responsabilidade Civil -
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Impossibilidade do reexame das provas contidas nos autos na via extraordinária. Incidência
STF Questão Caracterização - Presos -
da Súmula 279 do Supremo Tribunal Federal. 2. Morte de detento em estabelecimento prisional. Responsabilidade civil objetiva do Estado
Morte
configurada. Precedentes. 3. Proibição constitucional de vinculação de qualquer vantagem ao salário mínimo. Impossibilidade da modificação da base de
cálculo por decisão judicial: Súmula Vinculante n. 4. (STF, Primeira Turma, AI 603865 AgR, Rel. Min. Carmen Lúcia, DJe de 05/02/2009)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. MORTE DE DETENTO POR OUTRO PRESO. 1.
Detento assassinado por outro preso. Responsabilidade objetiva do Estado de reparar o dano. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(STF, Segunda Turma, RE 466322 AgR, Rel. Min. Eros Grau, DJe de 26/04/2007)
Responsabilidade Civil -
O dever de proteção do Estado em relação aos detentos abrange, inclusive, protegê-los contra si mesmos e impedir que causem danos uns aos
STJ 1aT 376 Caracterização - Presos -
outros. Tal matéria ainda é controvertida quando não se demonstra a culpa ou dolo da Administração.
Morte
Responsabilidade Civil -
Caracterização - Presos -É impossível a acumulação de auxílio-reclusão, convertido em pensão após o óbito do detento, com a indenização por danos materiais fixada a
STJ 2aT 431
Morte - Cumulação comtítulo de pensão à família do de cujus.
pensão
Trata-se, no caso, de agressão física perpetrada por aluno contra uma professora dentro de escola pública. Apesar de a direção da escola
estar ciente das ameaças sofridas pela professora antes das agressões, não tomou qualquer providência para resguardar a segurança da docente
STJ - Respons. Civil Estado -
450 ameaçada e afastar, imediatamente, o estudante da escola. O tribunal a quo, soberano na análise dos fatos, concluiu pela responsabilidade civil por
2aT Professora
omissão do Estado. Não obstante o dano ter sido causado por terceiro, existiam meios razoáveis e suficientes para impedi-lo e não foram utilizados
pelo Estado. Assim, demonstrado o nexo causal entre a inação do Poder Público e o dano configurado, tem o Estado a obrigação de repará-lo.
Respons. Civil - Correio -
DANO MATERIAL. A responsabilidade dos correios pelo extravio de correspondência é objetiva. Havendo a comprovação de seu extravio com
TNU Extravio de
conteúdo ou valor não declarado, há direito à indenização por dano material apenas no valor da postagem.
correspondência

Respons. Civil - Correio - Súmula 59 TNU


TNU Súm 59 Extravio de A ausência de declaração do objeto postado não impede a condenação da ECT a indenizar danos decorrentes do extravio, desde que o
correspondência conteúdo da postagem seja demonstrado por outros meios de prova admitidos em direito.

Respons. Civil - Correio -


DANO MATERIAL. Em caso de extravio de objeto postado sem declaração de conteúdo, é cabível indenização por danos materiais além
TNU Extravio de
do valor da postagem, quando comprovado o seu conteúdo por outros meios admitidos em direito.
correspondência
Por outro lado, mesmo não tendo sido suscitada, deve ser declarada a ilegitimidade passiva ad causam da União, por se tratar de matéria de ordem
pública, passível de ser conhecida de ofício pelo magistrado (art. 301, X, § 4º, CPC). É que a competência da União para explorar a navegação aérea,
atribuída pelo art. 21, XII, “c”, da Constituição da Federal, não tem o condão de fazê-la responsável por cancelamento de vôos, já que a
Responsabilidade Civil -prestação do serviço em si foi legitimamente concedida a empresas privadas, conforme autoriza o citado dispositivo constitucional. Além do que, tanto a
doutrina emagis Caracterização - União -fiscalização e a supervisão da prestação deste serviço foram transferidas para a ANAC (Lei nº 11.182/05), como a administração dos
cancelamento de voo aeroportos ficou sob a responsabilidade da INFRAERO (Lei nº 5.862/72), de modo que hoje a União mantém-se afastada da intervenção direta no
setor. Permanece-lhe, por óbvio, a competência para fiscalizar a atuação das duas entidades integrantes de sua Administração Indireta (poder de
tutela), via Ministério da Defesa, mas tal encargo não lhe torna responsável pelo cancelamento do vôo, até porque nenhum fato específico lhe foi
imputado. Assim, deve-se excluir a União do feito, extinguindo o processo sem resolução do mérito em relação a ela (art. 267, VI, § 3º, CPC).
STJ 2aT 421 e 437 Responsabilidade Civil -É subsidiária (e não solidária) a responsabilidade do Estado-membro pelos danos materiais causados por titular de serventia extrajudicial. A
responsabilidade dos notários equipara-se às das pessoas jurídicas de Direito Privado prestadoras de serviços públicos, pois os serviços notariais e de
Caracterização - Serviços
registros públicos são exercidos por delegação da atividade estatal (art. 236, § 1º, da CF/1988), assim seu desenvolvimento deve dar-se por conta e
notariais e registros públicos
risco do delegatário (Lei n. 8.987/1995). É desnecessária a denunciação à lide ao Estado, sem prejuízo do direito de regresso em ação própria.
B) Tratando-se de atividade notarial e de registro exercida por delegação, a responsabilidade objetiva por danos causados a terceiros é do notário.
(C) – GABARITO PRELIMINAR
Responsabilidade Civil -
  Questão TRF1 RE 201595 – STF 2aT – Em se tratando de atividade cartorária exercida à luz do artigo 236 da Constituição Federal, a responsabilidade objetiva é do
Serviços notariais e registro
notário, no que assume posição semelhante à das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos - § 6º do artigo 37 também da
Carta da República.
Responsabilidade Civil -
STJ - Não foi reconhecida a responsabilidade civil do Estado no caso em que tabelião registrou em garantia imóvel inexistente em parceria
449 Serviços notariais e
2aT pecuária. Foi dito que o prejuízo foi oriundo do inadimplemento do parceiro.
registros públicos
STF Responsabilidade Civil -Há responsabilidade civil objetiva (dever de indenizar danos causados independente de culpa) das empresas que prestam serviço público mesmo em
Rep Geral 34
Pleno Não-usuário do serviço relação a terceiros, ou seja, aos não-usuários.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. VEÍCULO DO IBAMA CONDUZIDO POR MECÂNICO. CONTRATO DE PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS FIRMADO ENTRE IBAMA E EMPRESA PARA MANUTENÇÃO DOS VEÍCULOS. LEGITIMIDADE.
Responsabilidade Civil -- O fato de o veículo encontrar-se em mãos de preposto da empresa prestadora de serviços de manutenção , com a qual o IBAMA mantinha
Caracterização - Condutacontrato, não é fato desvinculado da prestação de serviço público feito pelo IBAMA . Ao contrário, a prestação de serviços de manutenção
TRF4  
praticada por empresaautomotiva estava autorizada e, mais do que isso, contratada, configurando-se como serviço necessário ao desenvolvimento das atividades normais do
terceirizada IBAMA. Por isso, deve o IBAMA responder pelos danos que eventualmente sejam causados nessas condições, podendo exonerar-se da
responsabilização em julgamento de mérito acerca das causas normais de exclusão ou redução da responsabilidade civil do Estado. (TRF-4ª Região;
processo 2000.70.00.010050-1; rel. Juíza Federal Marciane Bonzanini; DJ de 26.01.2005)
Dano Moral Coletivo - 1a Turma: é necessária a vinculação do dano moral com a noção de dor, sofrimento psíquico e de caráter individual,
incompatível, assim, com a noção de transindividualidade – indeterminabilidade do sujeito passivo, indivisibilidade da ofensa e de reparação da lesão. 2a
Turma: É certo que há precedentes do STJ no sentido de afastar a possibilidade de configuração do dano moral coletivo, ao restringi-lo às pessoas físicas
Responsabilidade Civil -
STJ 418 individualmente consideradas, que seriam as únicas capazes de sofrer a dor e o abalo moral necessários à caracterização daquele dano. Porém, essa
Dano Moral Coletivo
posição não pode mais ser aceita, pois o dano extrapatrimonial coletivo prescinde da prova da dor, sentimento ou abalo psicológico sofridos pelos
indivíduos. Como transindividual, manifesta-se no prejuízo à imagem e moral coletivas e sua averiguação deve pautar-se nas características próprias aos
interesses difusos e coletivos. Dessarte, o dano moral coletivo pode ser examinado e mensurado.
Responsabilidade Civil -
Fixação da Indenização -
STJ - O STJ vem adotando os critérios da tabela de sobrevida da Previdência Social, de acordo com cálculos elaborados pelo IBGE, no que concerne à
439 Pensão - Termo final -
1aT data limite para a concessão de pensão em casos de responsabilidade civil.
tabela de sobrevida da
Previdência Social
Também não há falar no afastamento do dano material em razão do pagamento de benefício previdenciário. Os fatos geradores da
Responsabilidade Civil -indenização e da prestação do INSS são distintos. Uma coisa é o seguro social, a que todos os trabalhadores estão sujeitos; outra, diversa, uma
Fixação da Indenização -indenização, a ser paga pelo violador de um dever jurídico. O primeiro não exclui a segunda.
Pagamento de benefício
STJ  
previdenciário não reduzé mister rejeitar a articulação de que o pagamento de pensão previdenciária afastaria o pensionamento civil ora postulado. E isso porque o fundamento
valor da indenização - Fatosde uma e de outra pensões possui fato gerador distinto: a responsabilidade civil parte do pressuposto de que um dano foi causado, e que, portanto, deve
geradores diversos ser ressarcido; a pensão previdenciária tem como base um vínculo do segurado com o RGPS, pela realização de uma atividade que a lei reputa de
filiação obrigatória. Trate-se de pensões que podem ser cumuladas (STJ; Emb. de Decl no REsp. 922.951, rel. Min. Luiz Fux, DJe 09.06.2010).
Diferentemente do que se passava com o Texto de 1934, a Constituição de 1988 não consagra a possibilidade de responsabilização solidária do
servidor e do Estado. Na leitura feita pelo STF, o art. 37, § 6º, assenta dupla garantia: uma para o administrado, que pode pleitear a
Responsabilidade Civil -
responsabilização do Estado sem ter de comprovar a culpa; outra para o servidor, que somente será demandado pelo próprio Estado, em
Legitimidade - Ação
ação de regresso e caso tenha obrado com dolo ou culpa. Sobre o tema, veja-se a seguinte notícia trazida pelo Informativo do STF:
ajuizada por terceiro (que
STF 436
não o Estado) -
Assim, concluiu-se que o mencionado art. 37, § 6º, da CF, consagra dupla garantia: uma em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória
Impossibilidade de servidor
contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que preste serviço público; outra, em prol do servidor estatal, que somente responde
figurar no pólo passivo.
administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer. A Min. Cármen Lúcia acompanhou com reservas a
fundamentação. RE 327904/SP, rel. Min. Carlos Britto, 15.8.2006. (RE-327904) (Inf. 436 do STF)
Responsabilidade Civil -
Ação ajuizada por terceiro
Observação: há precedente da Primeira Turma do STF quanto a ilegitimidade passiva do servidor público (RE 327904). Porém, a decisão é
Doutrina emagis (que não o Estado) -
isolada e não foi proferida pelo plenário, motivo pelo qual está sendo adotado o entendimento do STJ.
Impossibilidade de servidor
figurar no pólo passivo
E) Em se tratando de responsabilidade extracontratual do Estado, os juros moratórios fluem a partir do trânsito em julgado da decisão judicial que
Responsabilidade Civil -
determina o ressarcimento.
  Questão TRF1 Extracontratual - Juros
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Moratórios
-Súmula 54 STJ - Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.
a jurisprudência do STJ era pacífica até recentemente, no sentido de que as normas que alterem a taxa de juros de mora não seriam
aplicáveis a processos em curso. Isso, porque esse tipo de disposição tem também conteúdo material, e não meramente processual. A fim de
reforçar o que dito, eis os seguintes julgados:
2. Esta Corte Superior de Justiça realizando a exegese do art. 1.º-F da Lei n.º 9.494/97, entendeu que este possui natureza instrumental material, na
medida em que origina direitos patrimoniais para as partes, e, como corolário lógico dessa ilação, que seus contornos não devem incidir nos processos
em andamento. (AgRg no REsp 1160543/RS, 5aT).
1. Esta Corte Superior de Justiça realizando a exegese do art. 1.º-F da Lei n.º 9.494/97, com a redação dada pela Medida Provisória n.º 2.180-35/01,
entendeu que este possui natureza instrumental material, na medida em que origina direitos patrimoniais para as partes, e, como corolário lógico dessa
ilação, que seus contornos não devem incidir nos processos em andamento.(AgRg nos EmbExeMS 7.411/DF, 3aS, 23/02/2011).

Ocorre que recentemente, no julgamento do EResp 1.207.197/RS (DJ de 02/08/2011), o STJ mudou seu entendimento, a fim de expressar que “As
normas que dispõem sobre juros moratórios possuem natureza eminentemente processual, aplicando-se aos processos em andamento, à
Fazenda Pública - Juros e
STF STJ   luz do princípio tempus regit actum”. E mais, expressou que: “O art. 1º-F, da Lei 9.494/97, modificada pela Medida Provisória 2.180-
Correção
35/2001 e, posteriormente, pelo artigo 5º da Lei n. 11.960/09, tem natureza instrumental, devendo ser aplicado aos processos em
tramitação”.

Tal entendimento segue a tendência já apontada pela jurisprudência do STF. Confira:


“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. JUROS DE MORA. ART. 1º-F DA LEI 9.494/97 COM
REDAÇÃO DA MP 2.180-35. CONSTITUCIONALIDADE. EFICÁCIA IMEDIATA. AGRAVO IMPROVIDO. I – A norma do art. 1º-F, da Lei 9.494/97, modificada
pela Medida Provisória 2.180-35/2001 é aplicável a processos em curso. Precedentes. II – Aplica-se a MP 2.180-35/2001 aos processos em curso,
porquanto lei de natureza processual, regida pelo princípio do tempus regit actum, de forma a alcançar os processos pendentes. (STF AI 767094 AgR,
1aT, 02/12/2010).
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO INSTRUMENTO. SERVIDOR PÚBLICO: JUROS MORATÓRIOS. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1º-F DA LEI N.
9.494/97. PRECEDENTE. APLICABILIDADE IMEDIATA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (STF, AI 746268 AgR,
1aT, 15/12/2009).
Responsabilidade - SÚMULA Nº 562 STF
STF Súm 562 Indenização - Correção NA INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS DECORRENTES DE ATO ILÍCITO CABE A ATUALIZAÇÃO DE SEU VALOR, UTILIZANDO-SE, PARA
Monetária ESSE FIM, DENTRE OUTROS CRITÉRIOS, DOS ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIA.

EMAGIS Segundo recentes precedentes do STF, a demora na concessão de aposentadoria de servidor configura responsabilidade civil objetiva do Estado. - STF,
Segunda Turma, RE 576779 AgR

Há responsabilidade civil do Estado em caso de danos ocasionados à integridade física de menor custodiado em estabelecimento oficial por força de
medida de internação que lhe fora imposta.

É pacífico o entendimento de que há responsabilidade do Estado pelos danos causados em decorrência de acidente sofrido durante as atividades
militares.- STJ, Segunda Turma, AgRg no Ag 1424456

TNU Dano Moral DANO MORAL. Não se há que falar em prova do dano moral, mas na prova do fato que gerou a dor, o sofrimento, o sentimento íntimo que o
ensejam.
DANO MORAL. Meros aborrecimentos quanto à cobrança, ainda que indevida, do FUSEX-SEGURO, não dão ensejo à indenização por dano
moral.
       
DOMÍNIO PÚBLICO

       
SÚMULA Nº 340 STF
STF Súm 340 DESDE A VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL, OS BENS DOMINICAIS, COMO OS DEMAIS BENS PÚBLICOS, NÃO PODEM SER ADQUIRIDOS POR
USUCAPIÃO.

SÚMULA 650 STF


Bem da União - Terras
STF Súm 650 Os incisos i e xi do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em
indígenas
passado remoto.

Bens da União - Terrenos


Súmula 496 STJ
STJ Súm 496 de Marinha - Registros de
Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União.
propriedade particular
Imóvel Público - OcupaçãoA jurisprudência do STJ diz não ser possível a posse de bem público, pois sua ocupação irregular (ausente de aquiescência do titular do domínio)
STJ 4aT 473 Irregular - Posse x Detençãorepresenta mera detenção de natureza precária. Assim, na ação reivindicatória ajuizada pelo ente público, não há falar em direito de retenção
- Direito de Retenção de benfeitorias (art. 516 do CC/1916 e art. 1.219 do CC/2002), que pressupõe a existência de posse.
C) Segundo o STJ, na hipótese em que o particular ocupa irregularmente área pública, não é cabível o pagamento de indenização por acessões ou
Ocupação irregular de área
benfeitorias, tampouco o direito de retenção, sob pena de ofensa aos princípios da indisponibilidade do patrimônio público e da supremacia do interesse
  Questão TRF1 pública - Direito de retenção
público.
- Indenização
(C) – GABARITO PRELIMINAR
Bens Públicos - Terras de A alienação pelo Estado da Federação de terras de fronteira pertencentes à União é considerada transferência a non dominio e, por isso,
STJ 1aT 361
fronteira nula. É máxima jurídica sedimentada que ninguém pode transferir o que não tem, tampouco a entidade pública pode desapropriar bem próprio.
Imóvel público - contrato
STJ 476 O STJ negou que um mero contrato verbal possa conceder posse de imóvel público.
verbal - impossibilidade
Domínio Público - Terreno
STJ 1aS 446 Os terrenos de marinha pertencem à União, não sendo a ela oponíveis os registros de propriedade particular dos imóveis neles situados.
marinha
A) Os terrenos de marinha ou qualquer de seus acrescidos não podem pertencer a particular.
  Questão TRF1  
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Terreno de Marinha -D) Segundo o STJ, a transferência onerosa de direito sobre benfeitorias realizadas em terreno de marinha dá ensejo à cobrança de laudêmio.
Transferência onerosa do(C) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1
direito sobre benfeitorias -AgRg nos EDcl no AREsp 13693/SC – STJ 2aT - Não é ilegal a cobrança de laudêmio sobre a transferência onerosa das benfeitorias realizadas em
Laudêmio terrenos de marinha sujeitos ao regime de ocupação.
E) A ação discriminatória é o procedimento judicial adequado para que o Estado comprove que as terras são devolutas, distinguindo-as das particulares,
não mais havendo, na ordem jurídica nacional, processo administrativo para a referida finalidade.
  Questão TRF1  
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Lei 6.383/76. Art. 1º Parágrafo único. O processo discriminatório será administrativo ou judicial.
Bem da União - Terras SÚMULA Nº 477
devolutas - Faixa de
STF Súm 477 As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos Estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o
Fronteira - Concessão
domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.
pelos Estados

STF Súm 479 Bem público - Terrenos SÚMULA 479 STF


As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.
Reservados
➔terrenos reservados são insuscetíveis de desapropriação.

CJF Enunciado Prescrição - Aluguéis (3 Enunciado 418 - V Jornada CJF


418 anos) - Fazenda Pública Art. 206: O prazo prescricional de três anos para a pretensão relativa a aluguéis aplica-se aos contratos de locação de imóveis celebrados com a
administração pública.

7) O que é uma zona fortificada de fronteira? Elas precisam constar no RGI? A ausência desse registro torna o terreno alodial?
Oral TRF2
Resposta:

8) Existe algum ônus que não precisa de registro no RGI?


Oral TRF2
Resposta:
       
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

       
       
DECADÊNCIA

       
CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

       
(1) ocorrida a infração administrativa pelo particular, em regra, a administração pública dispõe de até 5 anos para instaurar o processo
Prazo decadencial - ação
    administrativo de aplicação da multa, (2) durante o curso do processo da ação punitiva, apenas corre a prescrição intercorrente se houver
punitiva
demora imputável à administração.
A) No âmbito federal, prescreve em cinco anos a ação punitiva da administração federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, para apurar
infração à legislação em vigor, prazo não passível de interrupção ou suspensão.
  Questão TRF1  
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-art. 2º, e 2º-A da Lei 9.873/99 e art. 3º da mesma lei tratam das hipóteses de interrupção e suspensão do prazo prescritivo e decadencial.
Decadência - Poder deO prazo de decadência de 5 anos para que a administração anule seus próprios atos dos quais decorram efeitos favoráveis aos particulares, com
STJ 5aT 416
Polícia base no art. 54 da L. 9784, começa a contar a partir da vigência da aludida lei para os atos anteriores a sua edição.
C) Em obediência ao princípio da segurança jurídica, o controle externo, oriundo dos Poderes Legislativo e Judiciário, está sujeito a prazo de caducidade,
assim como o controle interno, razão pela qual decai em cinco anos o direito ao controle dos atos administrativos dos quais decorram efeitos favoráveis
para os destinatários, ainda que comprovada a má-fé.
  Questão TRF1  
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Lei 9.784/99 - Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
       
A FAVOR DA FAZENDA PÚBLICA

       
STF STJ   MS - Termo inicial -STJ - necessidade de diferenciação de 2 atos coatores distintos:
Concurso público
a)MS contra edital: 120 dias a partir da publicação do edital.
I - O termo inicial do prazo decadencial da impetração de mandado de segurança, que visa a impugnação de norma inserta no edital de concurso
(critérios para a avaliação psicológica), é a data de sua publicação. Precedentes. (RMS 29.776/AC, 5aT STJ, julgado em 29/09/2009)
b)MS contra ato específico no curso do concurso: 120 a partir da ciência do ato.
1. O prazo previsto no art. 18, referente à decadência do direito de impetrar o mandado de segurança, inicia-se a partir da data da ciência do resultado
do exame, e não da publicação do edital. (AgRg no REsp 1052083/BA, 5aT STJ, julgado em 17/03/2009)

no STF capitaneada recentemente pelo Min. Gilmar Mendes, que tende a ignorar a publicação do edital como termo inicial da decadência, para
considerar a efetiva lesão com o ato de eliminação do candidato no certame: (a questão é mais pautada por razões de política judiciária
para evitar a proliferação de writs)
“Agravo em mandado de segurança. 1. Concurso Público. 2 Impetração contra a eliminação do candidato na fase de Teste de Aptidão Física, que se
aponta como ilegal. 3. Preliminar de Decadência. Termo inicial do prazo decadencial: data do efetivo prejuízo capaz de configurar violação a
direito líquido e certo – no caso, eliminação no Teste de Aptidão Física. 4. Decadência afastada para determinar o prosseguimento do writ.
Agravo a que se dá provimento. (MS 29874 AgR)”
       
PRESCRIÇÃO

SÚMULA 412 STJ


A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil.
Repetição de indébito -
o STJ definiu se deveria ser aplicado a esse caso o prazo determinado pelo Código Civil (CC) ou o que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) fixa.
STJ Súm 412 Prescrição - Tarifa - Água
O CC anterior, de 1916, em seu art. 177, estipulava em 20 anos o prazo prescricional; o atual em dez anos e o CDC em 5 anos. O caso é de
e esgoto
pretensão de restituir tarifa de serviço paga indevidamente , não de reparação de danos causados por defeitos na prestação de serviços .
Não há, portanto, como aplicar o CDC. Como também não pode ser aplicado o que estabelece o CTN, para restituição de créditos tributários,
visto que a tarifa (ou preço) não tem natureza tributária.

STJ Rec Rep Serviços de água e esgoto A natureza jurídica da remuneração dos serviços de água e esgoto, prestados por concessionária de serviço público, é de tarifa ou preço público,
1aS - Tarifa - Prescrição - consubstanciando, assim, contraprestação de caráter não-tributário, razão pela qual não se subsume ao regime jurídico tributário estabelecido para
Código Civil as taxas. A execução fiscal constitui procedimento judicial satisfativo servil à cobrança da Dívida Ativa da Fazenda Pública, na qual se compreendem os
créditos de natureza tributária e não tributária (artigos 1º e 2º, da Lei 6.830/80). Os créditos oriundos do inadimplemento de tarifa ou preço público
integram a Dívida Ativa não tributária (artigo 39, § 2º, da Lei 4.320/64), não lhes sendo aplicáveis as disposições constantes do Código Tributário
Nacional, máxime por força do conceito de tributo previsto no artigo 3º, do CTN. Consequentemente, o prazo prescricional da execução fiscal em
que se pretende a cobrança de tarifa por prestação de serviços de água e esgoto rege-se pelo disposto no Código Civil, revelando-se inaplicável o
Decreto 20.910/32. (REsp 1117903)
TNU      SERVIDOR. Prescrição de incorporação de anuênios. Havendo renúncia, a prescrição volta a correr pelo prazo todo, de 5 (cinco) anos.
SERVIDOR. Prescrição da revisão do ato de concessão de aposentadoria. Prescreve em 5 (cinco) anos a ação do servidor para revisar o
TNU ato de concessão de sua aposentadoria, conforme o disposto no art. 1º do Dec. nº 20.910/32, sendo inaplicável o disposto no art. 110, inc. I, da
Lei nº 8.112/90. Hipótese em que prescreve o próprio fundo de direito.

Enunciado 418 - V Jornada CJF


Enunciado Prescrição - Aluguéis (3
CJF Art. 206: O prazo prescricional de três anos para a pretensão relativa a aluguéis aplica-se aos contratos de locação de imóveis celebrados com a
418 anos) - Fazenda Pública
administração pública.

CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

       
STJ Súm 39 Prescrição a favor FP - SÚMULA 39 STJ
SEM Prescreve em vinte anos a ação para haver indenização, por responsabilidade civil, de sociedade de economia mista.
➔a prescrição qüinqüenal atinge apenas a Fazenda Pública, não atingindo as empresas públicas nem as sociedades de economia mista.

➔o texto da súmula foi aprovado na vigência do CC/16, o art. 206 do NCC traz outros prazos. Hoje o STJ considera o prazo de 5 anos.

concluído o processo administrativo fundado na ação punitiva para aplicação da multa, o ente público disporá de outros 5 anos para cobrança. É o que
STJ   Prescrição - execução dispõe também a ratio da Súmula 467 do STJ: “prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.”
STJ tem entendido que a causa de suspensão de 180 dias para execução da multa inscrita na dívida ativa somente se aplicaria aos créditos
de natureza não tributária. ATENÇÃO: nesses casos haveria mais uma causa de suspensão a ser considerada.
Prescrição - causa de
suspensão prevista na Lei
STJ 2aT   1. A norma contida no art. 2o, § 3o, da Lei 6.830/80, segundo a qual a inscrição em dívida ativa suspende o prazo prescricional por 180 (cento e
de Execução Fiscal (art. 2o,
oitenta) dias ou até a distribuição da execução fiscal, se anterior àquele prazo, aplica-se tão-somente às dívidas de natureza não-tributárias,
p. 3o, L 6830/80)
porque a prescrição das dívidas tributárias regula-se por lei complementar, no caso o art. 174 do CTN . (REsp 1165216/SE, 2aT, julgado em
02/03/2010)
Prescrição - ACP -
É imprescritível a ação civil pública que tem por objeto o ressarcimento de danos ao erário (precedentes do STF) - fundamento no 37 p.5 CR -
STJ 2aT 381 Ressarcimento ao erário
Atenção: na última edição do livro do Celso Antônio ele passou a defender a prescritibilidade da ação de ressarcimento (princ. da segurança jurídica).
(art. 37, p. 5o, CRFB)
Embora haja entendimento jurisprudencial quanto à imprescritibilidade da ação de ressarcimento ao erário, mesmo quando decorre a imposição da Lei n.
STJ 2aT 444 Prescrição - 8.429/1992 (LIA), aplicada por força do art. 37, § 5°, da CF/1988, não se pode confundir a reparação de danos com ação de cobrança, esta sujeita à
prescrição.
Prescrição - ACP -
A prescrição quinquenal atinge os ilícitos administrativos dos agentes públicos, abrangidos o servidor público e o particular, os quais lhes deram causa;
STJ 2aT 382 Ressarcimento ao erário
entretanto, a ação de ressarcimento dos prejuízos causados ao erário é imprescritível, conforme estabelecido no art. 37, § 5º, da CF/1988.
(art. 37, p. 5o, CRFB)
o STJ tem reiteradamente entendido que o ato administrativo que prorroga o contrato de concessão estende seus efeitos no tempo, de forma
STJ - Prescrição - ACP - Ato de
460 que seu término deve ser considerado o marco inicial da prescrição da ACP (caso em que se afirmou que o ato de prorrogação de concessão sem
1aS prorrogação da concessão
licitação é eivado de nulidade absoluta e que o marco prescricional para invalidar o ato é o término da concessão, em linha com o entendimento acima).
Prescrição - Tarifa -
O prazo para cobrança de tarifa de prestação de serviços de fornecimento de água e esgoto por concessionária de serviço público é o do
STJ 1aS 419 Rec Rep Fornecimento de água e
Código Civil, não se aplicando o prazo do CTN, ainda que integre Dívida Ativa (no caso, não tributária). [20 anos no CC/16; 10 anos no CC/02]
esgoto
Prescrição - Execução da Súmula 467 STJ
STJ Súm 467 multa por infração Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a
ambiental execução da multa por infração ambiental.
       
A FAVOR DA FAZENDA PÚBLICA

       
SÚMULA 383 STF
A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida
aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.

Prescrição a favor da -o dispositivo deve ser interpretado conforme as determinações da Súmula 383 do STF:
STF Súm 383
Fazenda Pública -INTERRUPÇÃO OCORRIDA ANTES DO TRANSCURSO DA METADE DO PRAZO: contagem volta a correr pelo tempo restante. [ “(...) mas não ficará reduzida aquém de 5 anos (...)”]
↳ex.: interrupção após o transcurso de 1 ano → prazo restante: 4 anos]
-INTERRUPÇÃO OCORRIDA APÓS O TRANSCURSO DA METADE DO PRAZO: prazo prescricional de 2 anos e meio. [“(...) recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato
interruptivo (....)”]
↳ex.:interrupção após o transcurso de 4 anos → prazo restante: 2 anos e meio]
SÚMULA Nº 443
Prescrição - Fundo de A prescrição das prestações anteriores ao período previsto em lei não ocorre, quando não tiver sido negado, antes daquele prazo, o
STF Súm 443
direito
próprio direito reclamado, ou a situação jurídica de que ele resulta.

SÚMULA 85 STJ
Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio
direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação.
Prescrição - Fundo de
STJ Súm 85 ➔quando houver expresso pronunciamento da administração rejeitando ou negando o pleito não ocorre a aplicação da súmula.
direito

➔na hipótese de lei de efeito concreto que modifica a situação do titular do direito, o prazo é contado a partir da publicação. [não se aplica o texto da
súmula]

há entendimento já consolidado no STJ e na própria TNU, no sentido de que “o reconhecimento, na via administrativa, do direito pleiteado
Prescrição -
pelo servidor, tal como verificado na espécie, importa em renúncia tácita da prescrição , nos termos do artigo 191 do Código Civil, de sorte
TNU Reconhecimento
que o prazo prescricional volta a correr por inteiro”. Como, no caso concreto, o reconhecimento se deu em 2003, o prazo prescricional
administrativo
voltou a correr a partir de então. (Processo 2007.71.50.003919-6)
Optando o interessado pelas vias ordinárias, o prazo de prescrição incidente para o direito de ação contra quaisquer atos relativos a concursos
federais não será o de 5 anos previsto pelo art. 1o do Decreto 20.910/32 , mas tão só de 1 ano, face a existência de lei especial a reger a
matéria, a Lei 7.144/83:
“Art. 1o Prescreve em 1 (um) ano, a contar da data em que for publicada a homologação do resultado final, o direito de ação contra quaisquer
atos relativos a concursos para provimento de cargos e empregos na Administração Federal Direta e nas Autarquias Federais.
Art. 2o Decorrido o prazo mencionado no artigo anterior, e inexistindo ação pendente, as provas e o material inservível poderão ser incinerados.”
Ação autônoma para
Há posicionamento do STJ entendendo que o termo inicial deverá ser considerado como o ato em concreto que tiver atingido o direito do candidato
STF STJ   impugnar ato de concurso
(actio nata), e não a publicação da homologação;
público
3. A Lei n.o 7.144/83 estabelece prazo para prescrição do direito de ação contra atos relativos a concursos para provimento de cargos e empregos na
Administração Federal Direta e nas Autarquias Federais, possuindo aplicação aos concursos que especifica em face da sua especialidade, em detrimento
do Decreto n.o 20.910/32.
4. O instituto da prescrição é regido pelo princípio do actio nata, ou seja, o curso do prazo prescricional apenas tem início com a efetiva
lesão do direito tutelado, pois nesse momento nasce a pretensão a ser deduzida em juízo, acaso resistida; sendo certo que, no caso dos
autos, se materializou com a publicação do ato da Banca Examinadora que anulou as questões da prova objetiva. (REsp 800634/MG, 5aT
STJ)
STJ - Prescrição - Reintegração -conforme precedentes, o trânsito em julgado de sentença penal absolutória é o marco inicial para contagem do prazo prescricional da ação que
450
6aT Sentença penal absolutória busca a anulação do ato de demissão do autor, daí não se poder falar em prescrição no caso.
cuidando-se de prestações de obrigação de trato sucessivo em que não houve negativa da Administração Pública e decorrente de uma
STJ - Prescrição - Prestações de
463 situação jurídica fundamental já consolidada, a prescrição abrange, apenas, as prestações vencidas e não reclamadas nos cinco anos anteriores
3aS trato sucessivo
à propositura da ação.
Prescrição - Desapropriação
Na desapropriação indireta, o prazo para indenização é vintenário (hoje: 15 anos em função do prazo de usucapião extraordinário do
STJ 1aT 422 indireta - Limitação
CC02), enquanto a indenização por limitação administrativa possui prazo prescricional quinquenal.
administrativa
Prescrição -
Questão de Ordem encaminhada à CE - quanto à matéria observa-se a aplicação de prazos diferentes entre a Primeira e a Segunda Turma (cinco e três
STJ 1aT 477 Responsabilidade civil -
anos respectivamente).
Indenização
STJ 1aT   Prescrição -Várias são as decisões do STJ reconhecendo o prazo de 5 anos.
2aT Responsabilidade civil -
Indenização 1. As ações que visam discutir a responsabilidade civil do Estado prescrevem em cinco anos, nos termos do Decreto 20.910/32 (AgRg no AgRg no Ag
1362677/PR, 1aT, julgado em 01/12/2011, )
A prescrição contra a Fazenda Pública é quinquenal, mesmo em ações indenizatórias, uma vez que é regida pelo Decreto n. 20.910/32. Portanto, não se
aplica ao caso o art. 206, § 2º, do Código Civil. Precedentes. 3. "É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que a prescrição contra a Fazenda
Pública, mesmo em ações indenizatórias, rege-se pelo Decreto 20.910/1932, que disciplina que o direito à reparação econômica prescreve em cinco anos
da data da lesão ao patrimônio material ou imaterial." (AgRg no AREsp 32.149/RJ, 2aT julgado em 04/10/2011, DJe 14/10/2011)

2. A jurisprudência atual da Primeira Seção do STJ encontra-se sedimentada neste sentido: "É de cinco anos o prazo para a pretensão de
reparação civil do Estado" (EREsp 1.081.885/RR, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Seção, julgado em 13.12.2010, DJe 1.2.2011).
3. As Turmas de Direito Público têm ratificado esse entendimento.
4. A prevalência do prazo quinquenal decorre da interpretação sistemática das normas que disciplinam especificamente a prescrição das pretensões
contra o Estado, por se tratar de uma tônica no regime de Direito Público. Assim, inaplicável a regra do Código Civil que está a disciplinar as
relações de Direito Privado.
5. Agravo Regimental não provido. (STJ, Segunda Turma, AgRg no REsp 1262568, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 08/11/2011)
Dano moral - data do evento, ainda que só depois as lesões se consolidem (momento no qual tem início o prazo prescricional em relação aos danos
materiais);
Prescrição -
1. É de cinco anos o prazo prescricional para pleitear indenização por dano moral em face da União, tendo como início a data do evento lesivo.
STJ   Responsabilidade Civil -
Precedentes 2. Agravo regimental improvido (AgRg no REsp 1230922/PB, 1aT, julgado em 03/03/2011)
Termo Inicial
Dano material - consolidação das lesões (ex.: laudo médico foi feito tempos depois do evento, seria hipótese de afastar a prescrição)
Nessa hipótese não há a aplicação do Decreto no 20.910/1932. Há previsão expressa de prazo prescricional de 5 anos no art. 1o-C da Lei 9.494/97.
Prescrição - Pessoa jurídica
Nesse caso, diferente do que ocorre com o art. 10 do Decreto 20.910/32 (que traz ressalva de aplicação de disposição que trouxer prazo menor - o que
de direito privado
    faz surgir discussão quanto à aplicação do prazo de 3 anos previsto no art. 206, p. 3o, V, CC) não há ressalva alguma quanto aplicação de outro prazo.
prestadora de serviço
Assim, diante da aplicação parêmia de que lei geral posterior (no caso o CC de 2002) não revoga lei especial (no caso o art. 1o-C da Lei 9.494), é de se
público
entender pela aplicação do prazo de 5 anos às pretensões indenizatórias contra as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público.
O prazo prescricional nas ações de cobrança propostas em relação às sociedades de economia mista concessionárias de serviço público é de 20
anos, como previsto no art. 177 do CC/1916, o qual foi reduzido para 10 anos pelo art. 205 do CC/2002. Lembremos que a prescrição para as ações
contra a Fazenda Pública dá-se em 5 anos. Resp 897091: A prescrição qüinqüenal, prevista pelo Decreto n. 20.910/32, não beneficia empresa
Prescrição - Sociedadepública, sociedade de economia mista ou qualquer outra entidade estatal que explore atividade econômica.
STJ 3aT 360 Economia Mista - Prestadora
de Serviço Público
Para as prestadoras de serviços públicos, lembrar da Lei 9.494:
Art. 1o-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
       
DIVERSOS

       
SÚMULA VINCULANTE Nº 1
STF SV 1 Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera
a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela lei complementar 110/2001.
Diversas situações: Desapropriação aplica 12% – 6% – 12% conforme o DL 3365; repetição de indébito tributário aplica SELIC por força da L.
9250/95; FGTS aplica SELIC por força do CC02; para verbas remuneratórias dos servidores valem os juros de 6% no art. 1-F da Lei 9494/97
declarada constitucional pelo STF, mas apenas para as ações ajuizadas após a MP 2180/01 (antes, segue 1% pela natureza alimentar da verba). Isso
mudou: Art. 1o-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária,
STJ 3aS Rec Rep Juros Contra Fazenda
remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração
básica e juros aplicados à caderneta de poupança. (Redação da Lei nº 11.960, de 2009) A tendência é que não se aplique essa nova redação à
Desapropriação nem Repetição de Indébito e, no direito intertemporal, valha apenas após a Lei 11.960/09. No tocante à Desapropriação, o STJ já
confirmou esse entendimento que coloquei.
STJ 2aT 474 Serviço Notarial e Registro -Esclarece o Min. Relator que a jurisprudência deste Superior Tribunal firmou entendimento de que nada obsta o afastamento preventivo do titular
Suspensão preventiva de serviço notarial e de registro por prazo indeterminado, a teor do disposto nos arts. 35 e 36 da Lei n. 8.935/1994, pois a suspensão
preventiva não tem caráter punitivo, mas sim cautelar. Destacou ainda que o art. 35 da citada lei determina que a perda da delegação só se
dará por meio de processo administrativo ou judicial, sempre observado o devido processo legal.
B) Desde que haja previsão na constituição estadual, admite-se a concessão de aposentadoria pelo regime próprio de previdência aos tabeliães e oficiais
de registros públicos.
Regime Próprio - Tabeliães
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1 e oficiais de registros
- A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que o art. 40 da Constituição, após o advento da EC 20/98, aplica-se apenas aos
públicos
servidores ocupantes de cargos efetivos. Por isso, o regime previdenciário tratado pelo referido dispositivo não é extensível aos tabeliães, que exercem
função pública na condição de delegatários, em caráter privado (art. 236) (AI 642.668/PR).
A) A análise acerca de eventual ofensa do ato administrativo ao princípio da proporcionalidade exige juízo de valor acerca da conveniência e
oportunidade, razão pela qual não se revela passível de controle por parte do Poder Judiciário.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
  Questão TRF1  
MS 14253/DF – STJ 3aS - Os atos administrativos comportam controle jurisdicional amplo, em especial aquele que impõe sanção disciplinar a servidor
público. Isso porque o Judiciário, quando provocado, deve examinar a razoabilidade e a proporcionalidade do ato, em avaliação que observe os princípios
da dignidade da pessoa humana, culpabilidade e proporcionalidade.
Ex-combatente. Uma vez implantada a pensão de ex-combatente, o pagamento das prestações pretéritas do benefício, ainda que a título
TNU
provisório, não depende do registro da concessão do benefício junto ao Tribunal de Contas da União.

Ajuda de custo. Ainda que removido a pedido, o servidor público tem direito ao recebimento de ajuda de custo, pois o interesse do serviço
está presente no oferecimento do cargo vago, e não no procedimento administrativo tomado para preenchê-lo.
TNU
É devido o pagamento de auxílio-alimentação durante férias e licenças, tendo a Súmula nº 33 da AGU implicado verdadeiro reconhecimento do
direito pela parte ré.

SERVIDOR. Prescrição relativa ao reajuste de 28,86%. Em se tratando de ação ajuizada até 30.06.2003, ou seja, até 5 (cinco) anos contados da data
da publicação da Medida Provisória nº 1.704/98, não há prescrição sobre quaisquer diferenças, devendo os efeitos financeiros retroagirem a janeiro de
1993. Em se tratando de ação ajuizada entre 01.07.2003 e 31.12.2005, deve ser aplicado apenas o enunciado da Súmula nº 85 do STJ, o que significa
TNU que somente estão prescritas as parcelas anteriores aos últimos 5 (cinco) anos contados do ajuizamento da ação. Em se tratando de ação ajuizada por
militar a partir de 01.01.2006, ou seja, depois de 5 (cinco) anos contados da época em que a Medida Provisória nº 2.131/2000 passou a produzir
efeitos (01.01.2001 cf. o respectivo art. 38), já se consumou a prescrição de todas as parcelas devidas, dada à limitação temporal deste reajuste à
época em que houve a reestruturação da remuneração dos militares, como, aliás, prevê a Súmula nº 13 da Turma Nacional de Uniformização.

SERVIDOR MILITAR. 28,86%. É incabível compensação com a complementação paga aos militares que recebiam soldo inferior ao
TNU
salário mínimo.

SERVIDOR. Prescrição do reajuste residual de 3,17%. Ao reconhecer o direito a este reajuste residual, a Medida Provisória nº 2.225-
45/2001 importou em renúncia tácita à prescrição. Havendo renúncia à prescrição, o prazo prescricional volta a correr por inteiro. Nas
ações ajuizadas até 04.09.2006 não há prescrição sobre quaisquer diferenças, devendo os efeitos financeiros retroagirem a janeiro de 1995.
Nas ações ajuizadas a partir de 05.09.2006 deve ser aplicado o enunciado da Súmula nº 85 do STJ, estando prescritas apenas as parcelas
TNU
anteriores aos últimos 5 (cinco) anos contados do ajuizamento da ação. Em ambas as situações, as diferenças cessaram em 31.12.2001
(quando houve a incorporação mensal prevista no art. 9º da Medida Provisória nº 2.225-45/2001) ou quando houve a reestruturação ou reorganização
do cargo ou carreira do servidor, o que ocorreu primeiro, sendo que a combinação da prescrição com essas limitações temporais poderá acarretar, em
cada caso concreto, a prescrição de todas as parcelas decorrentes da condenação.

SERVIDOR. Indenização de campo da FUNASA. As modificações legislativas introduzidas pelo art. 16 da Lei nº 8.216/91, pelo art. 15 da
TNU Lei 827/91 e pelos Decretos 5.554/2005, 5.992/2006 e 6.258/2007 não importaram em reajustamento de diárias. Situação diferente
do Decreto nº 1.656/95, cuja disciplina importou em reajustamento de diárias.

SERVIDOR. Tempo de serviço de sociedade de economia mista não pode ser contado para fins de Adicionais de Tempo de Serviço (ATS);
TNU
só pode ser contado para fins de aposentadoria e disponibilidade.
MEDICAMENTOS. Legitimidade passiva da União nas ações que versam sobre o fornecimento de medicamentos. Competência da Justiça
TNU
Federal.

TNU POUPANÇA. Cabe ao autor provar a existência da conta e à CEF apresentar os extratos.

TNU POUPANÇA. O fornecimento dos extratos bancários mediante determinação judicial não pode ser condicionado ao pagamento de tarifas.

Advogado da União. O artigo 8º da Lei nº 10.909/2004 foi capaz de transmudar em geral o que antes era tido e se justificava como
TNU
vantagem de natureza pessoal. A vantagem prevista no art. 63 da Medida Provisória nº 2.229-43/2001 é devida apenas até 30.06.2006.

Juros Moratórios - Contra


Fazenda Pública - Súmula 39 TNU
TNU Súm 39 Pagamento de diferença Nas ações contra a Fazenda Pública, que versem sobre pagamento de diferenças decorrentes de reajuste nos vencimentos de servidores
nos vencimentos dos públicos, ajuizadas após 24/08/2001, os juros de mora devem ser fixados em 6% (seis por cento) ao ano (art. 1º-F da Lei 9.494/97).
servidores

Juros Moratórios - Contra


Juros de mora do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97. Também se aplicam sobre verbas indenizatórias de servidor, aplicando-se a todos os
TNU Fazenda Pública - Verbas
estipêndios dos servidores (tenham caráter remuneratório ou indenizatório).
Indenizatórias de servidor

Juros Moratórios - Contra


Fazenda Pública - Verbas
Indenizatórias de servidor Juros de mora do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97. As alterações introduzidas pela MP nº 2.180-35/2001 (redução de 1% para 0,5%) só se
TNU
- MP 2180-35 - Redução aplicam para as ações ajuizadas após o advento desta medida.
para 0,5 - Direito
intertemporal

Juros Moratórios - Contra


Fazenda Pública - Verbas
Indenizatórias de servidor Juros de mora do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97. As alterações introduzidas pela Lei nº 11.960/2009 (poupança) só se aplicam para as
TNU
- Lei 11.960/2009 - ações ajuizadas após o advento desta lei.
Poupança - Direito
intertemporal

STJ Rec Rep Conselho Regional de O farmacêutico pode acumular a responsabilidade técnica por unidade farmacêutica e por unidade de drogaria, bem como a responsabilidade
1aS Farmácia - Farmacêutico - por duas drogarias, espécies do gênero "farmácia". O art. 20 da Lei 5.991, de 1973, ao dispor que "a cada farmacêutico será permitido exercer a
Responsabilidade técnica - direção técnica de, no máximo, duas farmácias, sendo uma comercial e uma hospitalar", não veda a acumulação de exercício de direção técnica de
Acumulação de atividades uma farmácia e uma drogaria, sendo certo que as normas restritivas não podem ser interpretadas ampliativamente, consoante princípio comezinho de
hermenêutica jurídica. A drogaria é uma espécie de farmácia com atividades limitadas (art. 4º, incisos X e XI, da Lei 5.991, de 1973), na qual
há dispensação e comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens, enquanto na farmácia, além de se
efetuar dispensação e comércio de drogas, há a manipulação de fórmulas medicamentosas. (REsp 1112884)

STJ Rec Rep Conselho Regional de Não é obrigatória a presença de farmacêutico em dispensário de medicamentos , conforme o inciso XIV do art. 4º da Lei n. 5.991/73, pois não
1aS Farmácia - Presença de é possível criar a postulada obrigação por meio da interpretação sistemática dos arts. 15 e 19 do referido diploma legal. A jurisprudência do STJ é
farmacêutico - firme no sentido de que não é obrigatória a presença de farmacêutico em dispensário de medicamentos de hospital ou de clínica, prestigiando -
Dispensário de inclusive - a aplicação da Súm 140 do extinto TFR. O teor da Súm 140/TFR - e a desobrigação de manter profissional farmacêutico - deve ser
medicamentos de hospital entendido a partir da regulamentação existente, pela qual o conceito de dispensário atinge somente "pequena unidade hospitalar ou equivalente"
- Não obrigatoriedade - (art. 4º, XV, da Lei n. 5.991/73); atualmente, é considerada como pequena a unidade hospitalar com até 50 (cinquenta) leitos, ao teor da
Conceito de dispensário regulamentação específica do Ministério da Saúde; os hospitais e equivalentes, com mais de 50 (cinquenta) leitos, realizam a dispensação de
medicamentos por meio de farmácias e drogarias e, portanto, são obrigados a manter farmacêutico credenciado pelo Conselho Profissional. (REsp
1110906)

.Questões discursivas

Pergunta Gabarito Fonte


Cástor e Pólux são Auditores-Fiscais da Receita (i) Existindo sentença transitada em julgado condenando na perda da função pública do agente, EMAGIS
Federal do Brasil há vários anos e sem qualquer entende-se que não cabe qualquer discricionariedade à administração, que é obrigada tão somente a - Rodada
registro de cumprir a ordem judicial, sem a instauração de novo processo administrativo disciplinar. 42
falta disciplinar. A convite do governador ambos O direito ao contraditório e à ampla defesa foram exercidos quando do processo de improbidade
tomaram posse como Secretários Estaduais, de administrativa que culminou com a expulsão, de forma que inexiste ofensa ao devido processo legal
Fazenda e da administrativo.
Casa Civil. Em razão de denúncias de recebimento Atente-se que não cabe qualquer discussão na seara administrativa sobre a perda da função pública,
de propina em troca de favores e omissões nas sendo inócua a instauração de um novo procedimento dotado de contraditório. É dizer, dada a coisa
secretarias julgada, a administração não pode modificar a sentença, que apenas seria passível de eventual alteração
foi instaurada ação de improbidade administrativa pelo próprio poder judiciário através de ação rescisória ou querela nullitatis.
tendo Castor e Pólux como réus. Mesmo com o Desta forma, sendo comunicado da decisão transitada em julgado, o administrador tem o dever
processo funcional de cumpri-la imediatamente, com a demissão ou cassação da aposentadoria, não havendo
ambos continuaram desempenhando suas funções qualquer violação ao devido processo legal administrativo. A recusa de imediato cumprimento pelo
até o término do mandato do governador, quando administrador configuraria inclusive crime ou novo ato de improbidade.
foram Existe jurisprudência bastante similar que trata da hipótese de perda da função pública por sentença
exonerados dos cargos estaduais. Retornando à criminal, que entendemos aplicável à sentença de improbidade administrativa:
administração federal, Castor retomou suas
atividades normais DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. POLICIAL.
como auditor e Pólux requereu sua aposentadoria do PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA. SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA. MODIFICAÇÃO NA
cargo, que foi regularmente deferida. Em seguida foi ESFERA CÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO.
prolatada sentença de procedência na ação de 1. Diante do trânsito em julgado de sentença penal condenatória que decreta a perda do cargo público, a
improbidade, determinando, dentre outras sanções, autoridade administrativa tem o dever de proceder à demissão do servidor ou à cassação da
a perda da aposentadoria, independentemente da instauração de processo administrativo disciplinar, que se mostra
função pública. Após o trânsito em julgado e já desnecessária. Isso porque qualquer resultado a que chegar a apuração realizada no âmbito
comunicada da sentença, a administração federal administrativo não terá o condão de modificar a força do decreto penal condenatório.
procedeu 2. Em conseqüência, nesses casos, não há falar em contrariedade ao devido processo legal e aos
com a demissão a bem do serviço público de Castor princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, já plenamente exercidos nos rigores da lei
e com a cassação da aposentadoria de Pólux, processual penal, tampouco na ocorrência de prescrição da pretensão punitiva do Estado ou de bis in
entretanto idem, sendo esta última oriunda de eventual apuração, na esfera administrativa, do ilícito praticado.
sem a instauração de processo administrativo 3. Do administrador não se pode esperar outra conduta, tendo em vista a possibilidade de, em tese,
disciplinar dotado de contraditório. incidir no crime de prevaricação ou de desobediência, conforme for apurado, segundo os arts. 319 e 330
Ambos ingressaram com a impugnação do Código Penal. O fato poderá, ainda, constituir ato de improbidade administrativa, conforme art. 11,
administrativa do ato expulsório, alegando que: (i) II, da Lei 8.429/92.
teria ocorrido 4. Qualquer modificação dos efeitos da sentença condenatória, bem como a extensão de qualquer
violação ao devido processo legal administrativo pela benefício ou vantagem, deve ser buscada e solucionada na própria esfera penal. Em mandado de
ausência de contraditório, sendo o ato nulo; (ii ) a segurança impetrado contra ato que, em cumprimento à sentença que decreta a perda da função
Lei pública, aplica a servidor público a pena de cassação de aposentadoria, não cabe a reforma da decisão
8.429/92 no art. 12, I, determina a perda da função proferida no juízo criminal.
e não propriamente do cargo público; (iii) como 5. Recurso ordinário improvido.
Castor (RMS 22.570/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 18/03/2008,
não mais se encontrava no exercício do cargo DJe 19/05/2008)
estadual em que cometeu o ato de improbidade, não Uma última observação. É possível que o reconhecimento do ato de improbidade administrativa dê-se
seria no próprio âmbito administrativo (arts. 127, IV, 132, IV, 134, da Lei 8.112/90), independentemente da
possível a perda do cargo federal por ausência de instauração de prévio processo judicial de improbidade administrativa (o que não é o caso da questão).
correspondência entre o ilícito e a sanção, não Nesta hipótese, será sim obrigatória a instauração de prévio processo administrativo disciplinar, com a
havendo observância do devido processo legal administrativo:
qualquer falta funcional como auditor; (iv) por Pólux MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. DEMISSÃO.
já estar aposentado, não seria possível a cassação CONVERSÃO EM CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA. CABIMENTO. ATO DE IMPROBIDADE
de ADMINISTRATIVA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. PRODUÇÃO DE PROVA ORAL
aposentadoria em razão de um cargo que não mais REQUERIDA EM DEFESA ESCRITA PELO INVESTIGADO. RECUSA PELA COMISSÃO
ocupa dada a ocorrência de vacância segundo o art. PROCESSANTE. FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE. CERCEAMENTO DE DEFESA
33, CONFIGURADO.
I, da Lei 8.112/90. Merecem prosperar as 4 1. "Não há óbice legal para que ocorra a simples conversão da pena de demissão em cassação de
irresignações? aposentadoria" (MS 12269/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, DJ
14.05.2007).
2. Apenas quando do indiciamento do servidor, posteriormente à fase instrutória do processo
administrativo disciplinar, deve haver a descrição detalhada dos fatos a serem apurados. Precedentes.
3. Diante da independência entre as esferas criminal, civil e administrativa no que se refere à
responsabilidade de servidor público pelo exercício irregular de suas atribuições, o fato de o impetrante
não constar como réu na ação de improbidade administrativa não é apto a impossibilitar sua punição na
esfera administrativa.
4. Consoante assentado por esta Terceira Seção, a Lei de Improbidade Administrativa não revogou a
previsão da Lei nº 8.112/90 de demissão de servidor pela prática de ato de improbidade, razão pela qual
é cabível a aplicação daquela penalidade no âmbito administrativo, independentemente de condenação
em ação de improbidade administrativa.
(...)
(MS 10.987/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
12/03/2008, DJe 03/06/2008 LEXSTJ vol. 229, p. 75)

(ii) Embora os incisos do art. 12 da Lei 8.429/92 repitam a terminologia ‘perda da função pública’
adotada pelo art. 37, § 4º, da CF/88, entende-se que a interpretação não deve ser apenas literal. A
exegese deve passar pelo disposto nos arts. 2º e 9º da lei, que conceituam agente público e ato de
improbidade como aquele cometido por quem por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo exerce mandato, cargo, emprego ou função na
administração pública direta e indireta.
Assim “a interpretação sistemática destes dispositivos, em conjunto com o alcance conferido à
expressão agente público, denota que ao ímprobo, qualquer que seja a atividade desempenhada ou a
forma de investidura, pode ser aplicada a penalidade de exclusão, cognominada de ‘perda da função
pública’”(GARCIA, Emerson. ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade administrativa. 4. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 446).
A jurisprudência reconhece que a perda da função pública também abarca a perda de cargo público:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. CONCESSÃO FRAUDULENTA DE
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. ART. 12 DA
LEI 8.429/92. PERDA DE FUNÇÃO PÚBLICA. SANÇÃO QUE TAMBÉM ABRANGE O AGENTE
DETENTOR DE CARGO PÚBLICO, EMPREGO PÚBLICO OU MANDATO ELETIVO. APLICAÇÃO
CUMULATIVA DAS PENAS. PRESCINDIBILIDADE.
(...)
3. A sanção relativa à perda de função pública prevista no art. 12 da Lei 8.429/92 tem sentido lato, que
abrange também a perda de cargo público, se for o caso, já que é aplicável a "qualquer agente público
servidor ou não" (art. 1º), reputando-se como tal "(...) todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas
no artigo anterior" (art. 2º).
(...)
(REsp 926.772/MA, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em
28/04/2009, DJe 11/05/2009)

(iii) Embora a doutrina não seja unânime, entendemos que “a perda da função pública deve ser aquela
que esteja sendo exercida quando do julgamento final, sob pena de esvaziar o comando legal com
sucessivas mudanças de funções administrativas” (NEIVA, José Antonio Lisbôa. Improbidade
administrativa: legislação comentada. 2. ed. Niterói: Impetus, 2011, p. 141).
Assim, mesmo que o agente não mais exerça o cargo, mandato ou emprego originário no qual se realizou
a conduta ímproba, caso esteja em outra função pública haverá a respectiva perda.
Com efeito, o conceito de probidade é uno e não estanque, por aplicação imediata do princípio da
moralidade contido no caput do art. 37 da CF/88. Não se pode a um só tempo ser probo para o exercício
de um cargo municipal e ímprobo para uma função federal e vice-versa.
Ressalta-se a existência de precedente do STJ adotando a interpretação de que a função abarcada pela
perda é aquela que esteja sendo exercida no momento da decisão final do processo de improbidade,
independentemente de ser a mesma função em que originariamente praticado o ato ímprobo:
ADMINISTRATIVO – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – IMPROBIDADE ADMINITRATIVA – ART. 12 DA LEI
8.429/1992 – PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA – ABRANGÊNCIA DA SANÇÃO – PARÂMETROS:
EXTENSÃO DOS DANOS CAUSADOS E PROVEITO OBTIDO – SÚMULA 7/STJ – RETORNO DOS
AUTOS À ORIGEM.
1. Hipótese em que o Tribunal de origem deixou de condenar o agente na perda da função pública, sob o
fundamento de que o mesmo não mais se encontrava no exercício do cargo, no qual cometeu os atos de
improbidade administrativa.
2. A Lei 8.429/1992 objetiva coibir, punir e afastar da atividade pública todos os agentes que
demonstraram pouco apreço pelo princípio da juridicidade, denotando uma degeneração de caráter
incompatível com a natureza da atividade desenvolvida.
3. A sanção de perda da função pública visa a extirpar da Administração Pública aquele que exibiu
inidoneidade (ou inabilitação) moral e desvio ético para o exercício da função pública, abrangendo
qualquer atividade que o agente esteja exercendo ao tempo da condenação irrecorrível.
4. A simples configuração do ato de improbidade administrativa não implica condenação automática da
perda da função pública, pois a fixação das penas previstas no art. 12 da Lei 8.429/1992 deve considerar
a extensão do dano e o proveito obtido pelo agente, conforme os parâmetros disciplinados no parágrafo
único desse dispositivo legal. Precedente do STJ.
(...)
(REsp 924.439/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/08/2009, DJe
19/08/2009)
(iv) “Tratando-se de agente público que, por ocasião da prolação da sentença condenatória, esteja na
inatividade, haverá de ser cancelado o vínculo de ordem previdenciária existente com o Poder Público, o
qual nada mais é do que a continuidade do vínculo existente por ocasião da prática dos atos de
improbidade, tendo ocorrido unicamente a modificação da situação jurídica de ativo para inativo.”
(GARCIA, Emerson. ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade administrativa. 4. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008, p. 450).
Desta forma, é irrelevante para o caso a ocorrência de vacância, sob pena de inviabilizar a aplicação da
sanção de cassação de aposentadoria.
O STF e o STJ possuem precedentes admitindo que a pena de perda da função pública repercuta na
cassação de aposentadoria, acaso o agente já esteja aposentado. Embora os precedentes digam respeito
a hipóteses em que o ato de improbidade foi reconhecido no âmbito administrativo (arts. 127, IV, 132,
IV, 134, da Lei 8.112/90), entendemos como aplicável o mesmo raciocínio quando a perda da função
pública se dá mediante condenação em ação de improbidade administrativa:
Mandado de segurança. Servidor público. Penalidade de cassação da aposentadoria por improbidade
administrativa e por aplicação irregular de dinheiros públicos.
- (...)
- Inexistência do "bis in idem" pela circunstância de, pelos mesmos fatos, terem sido aplicadas a pena de
multa pelo Tribunal de Contas da União e a pena de cassação da aposentadoria pela Administração.
Independência das instâncias. Não aplicação ao caso da súmula 19 desta Corte.
- Improcedência da alegação de que a pena de cassação da aposentadoria é inconstitucional por violar o
ato jurídico perfeito.
(...)
(MS 22728, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 22/01/1998, DJ 13-11-1998
PP-00005 EMENT VOL-01931-01 PP-00150)

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. DEMISSÃO.


NÃO-CABIMENTO. CONVERSÃO DA PENA DISCIPLINAR EM CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA.
CABIMENTO. SEGURANÇA DENEGADA. AGRAVO REGIMENTAL PREJUDICADO.
1. O impetrante, enquanto servidor da ativa, foi submetido a regular processo disciplinar, que culminou
na aplicação de pena de demissão que, posteriormente, foi anulada por incabível, pois, quando de sua
publicação, já se encontrava aposentado por invalidez.
2. Diante do fato de que, em tese, já foi devidamente observado o devido processo legal e os princípios
da ampla defesa e do contraditório, considerando que as faltas praticadas foram apuradas em processo
disciplinar, não há óbice legal para que ocorra a simples conversão da pena de demissão em cassação de
aposentadoria
3. Segurança denegada. Agravo regimental julgado prejudicado.
(MS 12269/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/04/2007,
DJ 14/05/2007, p. 246)
ADMINISTRATIVO. TITULAR. CARTÓRIO. PERDA. DELEGAÇÃO. PROCESSO DISCIPLINAR.
DIREITO ADQUIRIDO. APOSENTADORIA. INEXISTÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.
I - A perda da delegação equivale à imposição de demissão a servidor público, porquanto igualmente faz
cessar o vínculo existente com o ente público. In casu, a recorrente perdeu a titularidade do Ofício de
Protesto e Registro de Títulos e Documentos de União da Vitória, por força de decisão proferida pelo
Conselho da Magistratura do Estado do Paraná que, em sede de processo administrativo disciplinar,
impôs-lhe a penalidade.
II - Não é possível reconhecer o direito à aposentadoria no regime próprio dos servidores públicos, uma
vez que despida da titularidade de cargo efetivo, em razão de pena disciplinar.
III - Ainda que estivesse aposentada voluntariamente, a perda do benefício poderia ter sido imposta em
processo disciplinar, sem que isso consistisse afronta a direito adquirido. Precedentes do STJ e STF.
IV - A questão referente à existência de locupletamento ilícito no tocante ao recolhimento das
contribuições previdenciárias restou suscitada tão-somente no recurso ordinário, configurando uma
inovação na lide, motivo porque não pode ser apreciada, sob pena de supressão de instância.
Recurso desprovido.
(RMS 17.115/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 01/06/2004, DJ
28/06/2004, p. 350)
Entretanto, não se desconhece recente precedente do STJ em sentido diverso, a nosso ver dissonante da
doutrina majoritária, que afasta a conversão de perda de função pública em cassação de aposentadoria,
com base no art. 20 da lei de improbidade, sem prejuízo de que a administração através de processo
administrativo disciplinar aplique a referida sanção de cassação:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. EXECUÇÃO DE SENTENÇA
CONDENATÓRIA. CASSAÇÃO DA APOSENTADORIA. MEDIDA QUE EXTRAPOLA O TÍTULO
EXECUTIVO. DESCABIDO EFEITO RETROATIVO DA SANÇÃO DE PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA.
1. Cuidam os autos de execução de sentença que condenou o ora recorrente pela prática de improbidade
administrativa, especificamente por ter participado, na qualidade de servidor público municipal, de
licitações irregulares realizadas em 1994.
Foram-lhe cominadas as seguintes sanções: perda da função pública, suspensão dos direitos políticos,
proibição temporária de contratar com o Poder Público e multa.
2. O Juízo da execução determinou a cassação da aposentadoria, ao fundamento de que se trata de
conseqüência da perda da função pública municipal. O Tribunal de Justiça, por maioria, manteve a
decisão.
3. O direito à aposentadoria submete-se aos requisitos próprios do regime jurídico contributivo, e sua
extinção não é decorrência lógica da perda da função pública posteriormente decretada.
4. A cassação do referido benefício previdenciário não consta no título executivo nem constitui sanção
prevista na Lei 8.429/1992.
Ademais, é incontroverso nos autos o fato de que a aposentadoria ocorreu após a conduta ímproba,
porém antes do ajuizamento da Ação Civil Pública.
5. A sentença que determina a perda da função pública é condenatória e com efeitos ex nunc, não
podendo produzir efeitos retroativos ao decisum, tampouco ao ajuizamento da ação que acarretou a
sanção. A propósito, nos termos do art. 20 da Lei 8.429/1992, "a perda da função pública e a suspensão
dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória".
6. Forçosa é a conclusão de que, in casu, a cassação da aposentadoria ultrapassa os limites do título
executivo, sem prejuízo de seu eventual cabimento como penalidade administrativa disciplinar, com base
no estatuto funcional ao qual estiver submetido o recorrente.
7. Recurso Especial provido.
(REsp 1186123/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/12/2010,
DJe 04/02/2011)
Domínio público e propriedade pública são conceitos A resposta é negativa. Embora se encontre, aqui e acolá, a utilização dos termos como sinônimos, o fato EMAGIS
sinônimos? Justificar com exemplos. é que a moderna doutrina enxerga o conceito de domínio público como algo que vai além do de - Rodada
propriedade pública.
Enquanto a propriedade pública está mais ligada à noção de titulação do bem, ou seja, dos bens que
compõe o patrimônio estatal, o domínio público vai mais longe, inclusive para abranger propriedades
privadas que estejam, de alguma forma, vinculadas a uma finalidade pública.
Como se sabe, os bens privados podem ser objeto de limitação e controle por parte do Estado. Basta
imaginar o que ocorrer com o tombamento. Sérias limitações são impostas a um determinado bem, mas
mesmo assim ele não deixa de ser privado, conforme está no DL 25/37. Nessas situações, os bens
privados são objeto de um domínio público no sentido de que tais bens estão vinculados, de alguma
forma, a finalidades públicas/interesse da coletividade, de tal maneira que isso é o que justifica uma
intervenção estatal no direito de propriedade.
Nesse sentido, pertinentes são as lições de José dos Santos Carvalho Filho:
“Parece-nos, pois, que, a despeito das dúvidas que o instituto suscita, melhor é considerá-lo em sentido
amplo. Em consequência, podemos conceituar domínio público, na esteira de CRETELLA JÚNIOR,
como o conjunto de bens móveis e imóveis destinados ao uso direto do Poder Público ou à utilização
direta ou indireta da coletividade, regulamentados pela Administração e submetidos a regime de direito
público” (Carvalho Filho, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2010. 23ª ed. rev., ampl. e atualizada até 31.12.2009. p. 1235).
Também o Des. Federal João Batista Gomes Moreira assim se posiciona:
“O conceito de domínio público excede o de propriedade pública, porque para a configuração daquele
basta a vinculação à finalidade pública, que está presente em qualquer propriedade pública, mas pode
estender-se à propriedade privada. Além dos bens públicos propriamente ditos, a doutrina vem criando a
categoria de bens de interesse público, formada pelos bens de titularidade privada, mas subordinados a
uma disciplina especial determinada pelo fim público. O regime jurídico desses bens impõe restrições
quanto a seu gozo (uso controlado) e disponibilidade (circulação controlada) e sujeita-os a um particular
regime de polícia, de intervenção e de tutela pública” (Direito Administrativo: da rigidez autoritária à
flexibilidade democrática. Belo Horizonte: Fórum, 2005. pp. 227).
Apenas para ilustrar a conceituação, vamos utilizar um exemplo extraído da CF. O art. 225, § 4º, da
CF, estabelece que a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional. Pergunta-se: isso quer dizer que todos os
imóveis que estão dentro dessas áreas são públicos (propriedade pública)? A CF teria desapropriado
diretamente todos os bens particulares que existem nessas áreas?
A resposta só pode ser negativa. Na verdade, aí a CF estabelece que todas essas áreas são de domínio
público. Não é por outra razão, que a segunda parte do dispositivo constitucional acima contém a
seguinte ressalva: “A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei,
dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos
recursos naturais”.
É possível o estabelecimento de cláusula Como é cediço, a Lei nº 9.307/96 disciplina a arbitragem em nosso ordenamento, estabelecendo que "As pessoas capazes de contratar EMAGIS
compromissória para resolução de controvérsias em poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis" (art. 1º), podendo, dessa forma, submeter - Rodada
sede de contrato administrativo? Justifique e "a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o 30
exemplifique. compromisso arbitral" (art. 3º). Nas palavras de Fredie Didier Jr., trata-se de um ‘equivalente jurisdicional’, enquanto ‘forma de solução de
conflito, autorizada pelo ordenamento jurídico, em que não há exercício da jurisdição estatal’ (Curso de direito processual civil - Teoria
geral do processo e processo de conhecimento. 7 ed. Salvador: Jus Podium, 2007, v. 1, p. 68).

O magistério doutrinário sobre o instituto foi bem recordado no voto proferido pelo Ministro Sepúlveda Pertence no julgamento do AGR-SE
nº 5.206 (DJU 30/04/2004, p. 29): "A posição dominante ficou deduzida, com a clareza e a precisão de seu estilo, pelo saudoso José
Frederico Marques (Instituições do Dir. Proc. Civil, forense, 1960, V/422, n. 1.330). ‘Cuidando-se de relação jurídica disponível e de
interessados capazes de transigir, podem ambos entrar em composição para solucionar os seus recíprocos desentendimentos através de
concessões mútuas. (...) Cuidando-se de direitos disponíveis entre interessados com plena capacidade de transigir e contratar, a nova
situação concreta, por eles criada, é a que passa a ter a tutela estatal. (...) Assim como o Estado, por estar em foco direito disponível,
deixa que os interessados solucionem, através de transação, suas desinteligências recíprocas, nada há de estranhável que, também,
autorize, esses mesmos interessados, a submeterem a outras pessoas, em lugar de o levarem, através da propositura da ação, a juízes e
tribunais’". Tendo presente a posição que preponderou na Suprema Corte naquela assentada (recomendando-se a leitura de sua
esclarecedora ementa), ainda é oportuno trazer à colação as seguintes ponderações lançadas pelo eminente Ministro Relator: "Como visto,
vale sintetizar, a sustentação da constitucionalidade da arbitragem repousa essencialmente na voluntariedade do acordo bilateral mediante
o qual as partes de determinada controvérsia, embora podendo submetê-la à decisão judicial, optam por entregar a um terceiro,
particular, a solução da lide, desde que esta, girando em torno de direito privados disponíveis, pudesse igualmente ser composta por
transação. A marca da consensualidade da instituição mediante compromisso do juízo arbitral é, assim, dado essencial à afirmação de sua
legitimidade perante a Constituição".

A questão adquire contornos mais controversos ao tratarmos da ‘convenção de arbitragem’, gênero do qual a ‘cláusula compromissória’ e
o ‘compromisso arbitral’ são espécies (art. 3º da Lei nº 9.307/96), no âmbito das relações jurídicas entabuladas pela Administração
Pública. Isso, em especial, porque a atividade administrativa é regida pelo princípio da legalidade (art. 37, caput, da Constituição Federal),
estreitamente ligado aos princípios da indisponibilidade do interesse público e da supremacia deste sobre o interesse privado. Demais, não
se pode olvidar as peculiaridades que cercam os ‘contratos administrativos’, recordando-se a lição de Marçal Justen Filho no sentido de que
"Há similitude, mas não identidade, com o contrato de direito privado. Existem diferenças sensíveis, pois são restringidos os princípios da
autonomia da vontade e da obrigatoriedade das convenções, que se encontram na base da teoria dos contratos no direito privado. O
contrato administrativo rege-se pelas regras e pelos princípios de direito público (...) O que cabe afirmar é que o contrato administrativo
não se sujeita precisa, exata e integralmente ao regime dos contratos privados. A expressão ‘contrato administrativo’ indica a relação
jurídica de que participa a Administração Pública, constituída a partir de um acordo de vontades, cujo objeto consiste numa prestação de
dar, fazer ou não fazer" (Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 10 ed. São Paulo: Dialética, 2004, pp. 34-5).

Nesse contexto, a resposta não poderia deixar de assinalar que, em regra, a disposição sobre o juízo arbitral reclama amparo em preceito
legal específico, considerando-se as regras e princípios que balizam o agir da Administração. Esta, a propósito, é a orientação perfilhada
pelo Tribunal de Contas da União, como registra Lucas Rocha Furtado, douto Procurador-Geral do Ministério Público junto àquela Corte de
Contas: "O TCU considera ilegal a previsão, em contrato administrativo, da adoção de juízo arbitral para a solução de conflitos, visto a
indisponibilidade do interesse público. Ver Acórdão nº 537/2006 – Segunda Câmara (DOU, 17 mar. 2006). Discordamos deste
entendimento em razão dos argumentos, conforme examinaremos adiante. Eis a decisão do TCU: ‘EMENTA: Representação. Pedido de
reexame. Inclusão de cláusulas ilegais em contrato administrativo. Negado provimento. É ilegal a previsão, em contrato administrativo, da
adoção de juízo arbitral para a solução de conflitos, bem como a estipulação de cláusula de confidencialidade, por afronta ao princípio da
publicidade.’ Em seu voto, o Ministro-Relator apresentou os seguintes argumentos: (...) Como bem ressaltado pela instrução da Unidade
Técnica especializada, corroborado pela manifestação do Ministério Público, a Lei 9.307/96, que dispõe de modo geral sobre a arbitragem,
não supre a necessária autorização legal específica para que possa ser adotado o juízo arbitral nos contratos celebrados pela CBEE. (...).
Portanto, não havendo amparo legal para a previsão do instituto da arbitragem e tratando-se de direitos patrimoniais indisponíveis, não há
como tolerar a manutenção da cláusula 47 nos contratos celebrados, sendo adequada a determinação de celebração de termo aditivo para
sua exclusão." (Curso de licitações e contratos administrativos. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum, 2009, pp. 433-4, nota n. 27).

Noutro giro, importante conferir o julgamento, pelo Superior Tribunal de Justiça, do Mandado de Segurança nº 11.308/DF (rel. Ministro
LUIZ FUX, DJe 19/05/2008), no qual a sua Primeira Seção, em decisão unânime, pontuou (transcrevemos apenas trechos da respectiva
ementa): "1. A sociedade de economia mista, quando engendra vínculo de natureza disponível, encartado no mesmo cláusula
compromissória de submissão do litígio ao Juízo Arbitral, não pode pretender exercer poderes de supremacia contratual previsto na Lei
8.666/93. (...) 5. Questão gravitante sobre ser possível o juízo arbitral em contrato administrativo, posto relacionar-se a direitos
indisponíveis. 6. A doutrina do tema sustenta a legalidade da submissão do Poder Público ao juízo arbitral, calcado em precedente do E.
STF, in litteris: (...) 7. Deveras, não é qualquer direito público sindicável na via arbitral, mas somente aqueles cognominados como
‘disponíveis’, porquanto de natureza contratual ou privada. 8. A escorreita exegese da dicção legal impõe a distinção jus-filosófica entre o
interesse público primário e o interesse da administração, cognominado ‘interesse público secundário’. Lições de Carnelutti, Renato Alessi,
Celso Antônio Bandeira de Mello e Min. Eros Roberto Grau. (...)12. As sociedades de economia mista, encontram-se em situação paritária
em relação às empresas privadas nas suas atividades comerciais, consoante leitura do artigo 173, § 1º, inciso II, da Constituição Federal,
evidenciando-se a inocorrência de quaisquer restrições quanto à possibilidade de celebrarem convenções de arbitragem para solução de
conflitos de interesses, uma vez legitimadas para tal as suas congêneres. (...) 14. A aplicabilidade do juízo arbitral em litígios
administrativos, quando presentes direitos patrimoniais disponíveis do Estado é fomentada pela lei específica, porquanto mais célere,
consoante se colhe do artigo 23 da Lei 8987/95, que dispõe acerca de concessões e permissões de serviços e obras públicas, e prevê em
seu inciso XV, dentre as cláusulas essenciais do contrato de concessão de serviço público, as relativas ao ‘foro e ao modo amigável de
solução de divergências contratuais’ (...)".

Em face dessa percuciente análise empreendida pela Corte Superior, entendemos essencial o registro de que aquele caso envolvia,
originariamente, litígio entre duas sociedades empresárias, sendo uma ‘sociedade de economia mista’ então ligada ao Ministério da Ciência
e Tecnologia, atraindo a incidência do tratamento paritário fixado de modo expresso pelo art. 173, § 1º, inciso II, da Constituição da
República, na redação conferida pela EC nº 19/1998 ("Art. 173. (...) § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo sobre: (...) II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos
e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;" – sublinhamos). Para além disso, colocou-se em evidência a distinção entre o
‘interesse público primário’ e o ‘interesse público secundário’, por certo visualizada com maior facilidade em se tratando de negócio jurídico
relativo a sociedade empresarial, ainda que vinculada ao Poder Público, sem que tenha havido o reconhecimento da validade do juízo
arbitral como mecanismo de resolução de controvérsias na generalidade dos contratos administrativos, quando ausente disposição
normativa nesse sentido.

Por fim, presente a exigência do enunciado quanto à exemplificação, vale ressaltar a hipótese de estabelecimento de convenção de
arbitragem tratada no referido julgado do Superior Tribunal de Justiça, bem como no caso de contratação de parceria público-privada no
âmbito da Administração Pública, necessariamente precedida de licitação na modalidade de concorrência, a teor do que prescrevem os
arts. 10 e 11, inciso III, da Lei nº 11.079/04, e nos contratos de concessão a que alude o art. 43 da Lei nº 9.478/97 (inciso X), atinentes
às atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e de gás natural, também precedidos de licitação.
No que se refere ao ato administrativo, seria correto A questão trata do controle judicial dos atos administrativos discricionários. Esperava-se que o aluno fizesse uma abordagem relativa aos EMAGIS
falar que o Judiciário não pode sindicar, em regra, limites do controle judicial sobre tais atos, os quais têm como características a conveniência e a oportunidade. - Rodada
ato do administrador que se encontra dentro do que Apesar de a doutrina clássica praticamente não admitir a intervenção judicial em relação aos chamados aspectos discricionários do ato 27
se tem chamado de zona de penumbra ou administrativo, o fato é que o STJ vem adotando - aqui e acolá - um posicionamento mais moderno (segundo uma doutrina mais de
intermediária? Resposta em 20 linhas. vanguarda, diga-se de passagem) sobre o tema e admitindo o controle judicial sobre o ato discricionário, a fim de verificar a
proporcionalidade do ato, a exemplo do seguinte julgado:
“No caso, em harmonia com a jurisprudência do STJ, o acórdão recorrido entendeu indevida a desvinculação do procedimento
administrativo ao Princípio da Razoabilidade, portanto considerou o ato passível ao crivo do Poder Judiciário, verbis: ‘a
discricionariedade não pode ser confundida com arbitrariedade, devendo, assim, todo ato administrativo, mesmo que
discricionário, ser devidamente motivado, conforme os preceitos da Teoria dos Motivos Determinantes, obedecendo ao Princípio da
Razoabilidade’ (fls. 153)” (AgRg no REsp 670.453/RJ, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA
TURMA, julgado em 18/02/2010, DJe 08/03/2010).
Deveras, atualmente tem-se entendido que o princípio da legalidade merece uma acepção mais alargada, de que a mera análise de
adequação do ato à lei não é suficiente. De forma diversa, a análise do ato administrativo deve ser feita a partir de sua adequação à
ordem jurídica com um todo (e não apenas à lei), especialmente da Constituição Federal. Assim, ganha força a cada dia o posicionamento
de que mesmo os aspectos da conveniência e da oportunidade são sindicáveis, uma vez que, mesmo em tal área, é possível se averiguar
se a finalidade pública (fim maior perseguido) está presente e se o administrador a isso minimamente observou.
Aqui vale salientar que mesmo o ato discricionário tem aspectos vinculados, por exemplo, no que diz respeito à competência. Em relação a
esses pontos vinculados, dúvidas não existem de que o Judiciário deve intervir, porque aí o controle é apenas de adequação do ato à
previsão normativa. Esse registro fica apenas como ressalva.
Voltando ao ponto, o fato é que, mesmo que se admita um controle judicial em relação aos aspectos discricionários, tal controle tem que
ser, no mínimo, uma exceção, na medida em que a atribuição para a prática do ato é do Poder Executivo.
A fim de que se preserve a harmonia entre os poderes, o Judiciário só intervirá se o administrador transbordar limites aceitáveis do
sistema jurídico como um todo considerado. Sabe-se que a discricionariedade não é uma abertura completa, mas, sim, certa amplitude
que o ordenamento confere ao administrador, a fim de que este tome a melhor medida possível diante de um caso que comporte múltiplas
soluções. De toda maneira, o administrador sempre deverá perseguir uma finalidade pública dentre as várias possíveis.
Diante de todo esse quadro, tem-se defendido que três hipóteses devem ser examinadas: a) o ato administrativo discricionário é
indubitavelmente oportuno (zona de certeza positiva), assim, por óbvio, não há falar em qualquer intervenção judicial; b) o ato é
indiscutivelmente inoportuno e inconveniente (zona de certeza negativa), de tal maneira que o Judiciário pode intervir, especialmente se
valendo do princípio da proporcionalidade; e, c) o ato está numa zona cinzenta (de penumbra/intermediária, de tal maneira que não se
pode dizer que ele é o mais oportuno e conveniente, mas é aceitável (aqui o Judiciário também não deve intervir, porque a atribuição é
primeira do Executivo).
Pedimos aqui licença para, mais uma vez, trazer à tona as lições do Des. Federal João Batista Gomes Moreira:
“Inicialmente falava-se na dicotomia ato administrativo vinculado/ato discricionário, até chegar-se à conclusão de que não há ato
totalmente vinculado, assim como não há total discricionariedade. O ato administrativo seria mais ou menos discricionário, dentre de uma
escala gradativa de mínimo a máximo. Aproximando mais o foco da análise, passou-se a entender que, na verdade, a gradação diz
respeito somente a aspectos do ato, nunca havendo discricionariedade, a não ser muito residualmente, nos requisitos competência, forma
ou finalidade pública. Uma certa liberdade do administrador incidiria exclusivamente na avaliação da conveniência e oportunidade de
praticar o ato e na escolha de seu objeto, em função dos respectivos motivos e circunstâncias. A discricionariedade, de qualquer forma,
seria isenta de apreciação judicial, constituindo o chamado mérito do ato administrativo. Num passo adiante, porém, veio a admitir-se que
a existência e congruência dos motivos em relação ao objeto pertencem à legalidade e que, por isso, sujeitam-se a controle judicial.
Atualmente, além do controle de existência e suficiência dos motivos em relação ao objeto, é aceito o controle judicial dos aspectos
tipicamente discricionários (conveniência e oportunidade) do ato administrativo, sob o critério de razoabilidade. O Poder Judiciário, pouco a
pouco, aproxima-se do exame do mérito dos atos administrativos, superando ‘a sutil distinção entre direitos subjetivos e interesses
legítimos, usados como escudo para assegurar a imunidade deles à censura jurisdicional. (...)
A avaliação judicial da conveniência e oportunidade, bem como da adequação dos motivos ao objeto do ato administrativo, concluirá por
uma das seguintes situações: a) o ato é indiscutivelmente conveniente e oportuno e o respectivo objeto está sincronicamente relacionado
com os motivos (zona de certeza positiva); b) é evidente sua inconveniência e inoportunidade e/ou dissonância entre os motivos e o
objeto (zona de certeza negativa); c) conquanto não possa ser a melhor solução, o ato é aceitável sob os referidos aspectos. É o que
Juarez Freitas chama de controle do demérito do ato administrativo. O administrador deve perseguir o melhor resultado, a solução ótima,
pois está sujeito a outros controles, ‘incluindo o político, em seu sentido restrito, e o da própria opinião pública, dado que o povo é o maior
interessado no correto andamento da atividade administrativa’. O controle judicial contenta-se, porém, com a alternativa razoável. O ato
só será invalidado judicialmente se desbordar dos limites aceitáveis (zona de certeza negativa), o que determina na dúvida seja
confirmado, salvo a incidência de princípio específico – como o da precaução, de que resulta a máxima in dubio pro natura. O mérito do
ato administrativo, admitindo-se o critério da concepção tradicional, restringe-se a essa área de soluções aceitáveis sob o critério de
razoabilidade. Há para o juiz, aqui sim, uma espécie de presunção de legitimidade, que determina manutenção do ato razoável” (Direito
Administrativo: da rigidez autoritária à flexibilidade democrática. Belo Horizonte: Fórum, 2005. p. 258).
Diante de todo o exposto, conclui-se que, mesmo em se adotando a moderna doutrina de que os aspectos da conveniência e da
oportunidade são sindicáveis pelo Judiciário, de qualquer maneira isso deve ser feito com parcimônia, de tal maneira que a intervenção só
ocorrerá naquelas hipóteses de indubitável violação ao ordenamento. Caso exista dúvida sobre tal adequação, porque o ato está naquela
zona de penumbra/intermediária, é o caso de se manter o ato administrativo, uma vez que revestido das presunções de veracidade e
legitimidade. Esse é o posicionamento da equipe Emagis.
De todo modo, vale salientar que existe posicionamento de maior vanguarda, que sempre admite o controle, tendo em conta o princípio de
amplo acesso ao Judiciário, bem como pelo fato de que vários princípios constitucionais (especialmente, os da
razoabilidade/proporcionalidade e da finalidade pública) sempre serão vetores de análise num dado caso concreto. Para nós da equipe do
Emagis, se tal posicionamento é admissível sob o ponto de vista doutrinário, na prática, é fator de subjetivismo extremo em favor do juiz.
De qualquer maneira, respeitamos o posicionamento dos alunos que adotaram esta corrente.
Enfim, salientamos que houve aluno que indicou uma exceção ao nosso posicionamento: princípio da precaução em direito ambiental.
Aqui, de fato, a regra geral de não sindicância seria abrandada, porque há princípio próprio e específico a reger o tema e a inverter o
raciocínio acima. Como se sabe, em se tratando da proteção ao meio ambiente, se determinada postura for duvidosa (não se sabe os
eventuais efeitos ao meio ambiente), o mais adequado é sustar o ato. Ou seja, o ato administrativo eventualmente capaz de gerar dano
(há dúvida) deve ser controlado com base no princípio da precaução. Apesar de a ponderação ser pertinente (aqui fica o registro), a
questão, de toda maneira, só tratava do ato administrativo geral. Em concursos, o aluno deve tomar cuidado para dar mais importância à
regra que o excepcional, se não houver comando específico na questão.
Dra. Suzana, médica inscrita do CRM - GO, foi No caso, estava claro que se tratava da análise de um possível erro médico. Na esfera administrativa, compete ao respectivo Conselho EMAGIS
responsável por uma cirurgia na paciente chamada Profissional a análise da conduta profissional dos seus afiliados (aqui a penalidade será a relativa ao exercício da profissão; a penalidade - Rodada
Goianinha, num plantão que prestou num Hospital relativa ao exercício do cargo público de médico é de atribuição da esfera de poder a que vinculado). Na situação descrita, ficou evidente 24
Público Estadual. Acontece que, por complicações que era o CRM o órgão competente para avaliar a postura do profissional médico.
nos procedimentos cirúrgicos, Goianinha teve uma Em primeiro lugar, é de se notar que se trata de atividade vinculada ao poder fiscalizatório e sancionatório de que dispõe os Conselhos
perna amputada. Segundo apuração de médicos Profissionais. Ou seja, trata-se de tarefa a ser exercida eminentemente pelo Conselho Profissional, enquanto agente executivo.
particulares da vítima, o procedimento cirúrgico
deveria ser calcado em alguns cuidados médicos não Diante disso, fica fácil perceber que o Judiciário só pode adentrar em tal atividade se houver alguma violação à lei ou à constituição, ou
tomados, em princípio, pela equipe de seja, caberá ao juiz exercer um eventual controle sobre a atividade do Conselho, caso exista alguma irregularidade/abusividade, uma vez
responsabilidade da Dra. Suzana. Diante disso, que nenhum ameaça ou ameaça de lesão será afastada da apreciação judicial (art. 5º, XXXV, da CF).
Goianinha fez uma representação contra Dra.
Suzana no CRM - GO, o qual, de pronto, determinou Na situação, a questão é que o CRM apenas instaurou procedimento investigatório, onde sequer se fez menção a qualquer acusação. Ou
a abertura de procedimento (que denominou seja, a sindicância, como comumente se concebe, é apenas uma apuração prévia para se averiguar eventual base para a instauração de
sindicância), a fim de apurar os fatos. Em vista procedimento administrativo. Por isso, não há aí sequer que se falar em acusado propriamente, uma vez que a sindicância é mera
disso, Dra. Suzana ajuizou um mandando de apuração sumária de fatos, de tal maneira que a alegação de violação ao art. 5º, inc. LV, da CF, é prematura.
segurança, cujo pedido era de trancamento da
sindicância. Alegava-se violação à ampla defesa (art. Com base nessas premissas, pode-se dizer que o trancamento de uma sindicância ou procedimentos investigativos é situação excepcional,
5º, LV, da CF), bem como ausência de provas para a que somente deve ocorrer em hipóteses especialíssimas (ficar, de pronto, provada que a investigação se dirige contra uma pessoa que não
instauração do procedimento. O CRM, em tem a menor pertinência com os fatos, por exemplo), de flagrantes ilegalidades ou abusividades.
informações, sustentou, por sua vez, que o
procedimento apenas se iniciara, de tal maneira que
A respeito de tal assunto, tem-se julgado do Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual o sindicado não cabe alegar referidos defeitos ou
não caberia qualquer intervenção judicial. Pergunta-
irregularidades em tal fase inicial de apuração, eis que sua defesa será sempre feita no processo administrativo. Neste sentido, confira-se:
se: é de se acolher o pedido da Dra. Suzana de
acordo com o quadro posto?
"A sindicância segue um rito peculiar, cujo escopo é a investigação das pretensas irregularidades funcionais cometidas, sendo
desnecessária a observância de alguns princípios basilares e específicos do processo administrativo disciplinar. Afinal, procedimento não se
confunde com processo. Precedentes: RMS's 281-SP e 8.990-RS" (STJ, RMS 10264/PE, Relator Min. Gilson Dipp, DJ 18.02.2002).

No caso, entretanto, o que foi listado no comando da questão não era o suficiente para autorizar o trancamento da investigação. Não há
falar em violação à ampla defesa, porque a mera instauração de procedimento investigatório, mais que exercício regular de direito, é
obrigação do Conselho. E mais, para a apuração, não há necessidade intimação prévia, logo não havia falar em violação em art. 5º, LV, da
CF. Por outro lado, o que justifica a abertura da sindicância é justamente a necessidade de se colher elementos probatórios suficientes a
embasar eventual abertura de procedimento contra o profissional.

Assim, caso acolhido o pedido, o Judiciário estaria mesmo interferindo (ou melhor, subtraindo) atribuição específica do Conselho
Profissional. A se pensar de forma diversa, o Judiciário poderia incorrer em violação ao princípio da separação dos poderes.
Javião comprou um terreno e montou um bar. O caso demanda uma reflexão sobre dois pontos, em princípio, confrontantes: auto-executoriedade x
Ocorre que o antigo possuidor (Vaivem) de tal necessidade de acesso ao Judiciário (interesse processual).
terreno Como se sabe, tradicionalmente, tem-se defendido que o ato administrativo goza dos seguintes atributos:
(pertencente à Marinha) tinha autorização formal de presunção de legitimidade e veracidade, imperatividade e auto-executoriedade.
ocupação por ato da Administração Superior da Em relação à auto-executoriedade, no que aqui nos interessa, isso significa que a Administração, via de
Marinha, regra, não precisa se socorrer do Judiciário, a fim de implementar suas decisões. Trata-se atributo
porque era servidor militar e residiria no local, onde indispensável à dinâmica da Administração, sem o que praticamente seria inviável dar vazão a sua
inclusive tinha uma pequena construção (local onde ampla gama de atribuições, que vai desde o mais simples fornecimento do cafezinho até a prestação de
foi complexos serviços públicos.
instalado o bar de Javião). Vaivem deixou a carreira Pergunta-se: na situação, a Administração poderia efetivar reintegração de posse sem intervenção do
militar e se mudou para outro local, a fim de montar Judiciário?
um Pensamos que sim. De fato, acreditamos que o referido atributo permite à Administração agir de ofício e
comércio. O ato administrativo era claro ao dispor diretamente na defesa do patrimônio público. Nesse sentido, basta conferir: art. 10, da Lei 9.636/98, bem
que haveria perda dos seus efeitos caso o servidor como arts. 71 e 132, do DL 9.760/46. Tais dispositivos, por suas próprias redações, passam a idéia de
deixasse que a União poderia agir sem intervenção do Judiciário. O referido art. 10, por exemplo, contém a
a Marinha. A dita “venda do terreno” foi formalizada expressão “imitir-se sumariamente” na posse.
em contrato particular três meses antes da E mais, fica claro pela legislação específica (dispositivos acima), que a discussão detenção
desocupação (precariedade, permissividade etc) x posse, em se tratando de bens públicos, deve ter uma interpretação
por Vaivem (ficou estabelecido que Javião ocuparia o diferenciada. É que, de um jeito ou de outro (havendo posse ou detenção), se se entender que a auto-
local 90 dias após a assinatura do contrato, como foi executoriedade não autoriza remoção administrativa, será o caso de se ajuizar possessória.
feito). A questão é: que medidas a União deve tomar De todo modo, deve ficar claro que os argumentos acima não devem conduzir ao necessário
para retirar Javião do local? A União necessita de entendimento de que sempre haverá ausência de interesse processual.
ajuizar Com efeito, sabemos que as relações jurídicas são atualmente muito complexas e a atividade
uma ação de reintegração de posse? Resposta em 15 administrativa também está sujeita a toda essa complexidade. Diante disso, e sabendo que o acesso ao
l inhas. Judiciário atualmente o mais amplo possível, nos termos do art. 5º, XXXV, da CF, pensamos que o
administrador, ao invés de agir diretamente, pode optar por ajuizar uma ação para submeter a
apreciação do assunto ao crivo do Judiciário. É óbvio isso que não vai ocorrer em toda em qualquer
hipótese, porque, em inúmeras situações, não haverá tempo hábil para tanto, ou mesmo o ilícito será tão
flagrante que não há qualquer dificuldade em se tomar a providência imediatamente.
A questão é que, sem sombras de dúvidas, o nosso sistema jurídico apresenta sérias dificuldades pelo
amontoado de normas sobrepostas. Partindo de tal premissa, pode muito bem existir situações
limítrofes, nas quais antes de agir imediatamente, seja melhor a Administração obter um provimento
jurisdicional, o qual lhe trará maior segurança e certamente evitará outras conseqüências jurídicas,
como, por exemplo, indenizações por danos materiais e morais. Basta imaginar a questão das demolições
de obras particulares em terras públicas. A Administração pode estar tratando de uma residência de uma
família, de tal maneira que, se agir diretamente, poderá sofrer ações sucessivas, tendo em vista a
amplitude e fluidez de certos princípios constitucionais, a exemplo do princípio da dignidade humana.
Diante do que afirmado acima, pensamos que é difícil se ter uma resposta linear para todo e qualquer
caso. Trata-se de tema que ainda precisa ser amadurecido no âmbito do Poder Judiciário.
A fim de melhor ilustrar a controvérsia, vamos transcrever três julgados do STJ sobre o assunto:
“ADMINISTRATIVO – RECURSO ESPECIAL – FECHAMENTO DE PRÉDIO IRREGULAR – AUTO-
EXECUTORIEDADE DO ATO ADMINISTRATIVO – DESNECESSIDADE DE INVOCAR A TUTELA
JUDICIAL.
1. A Administração Pública, pela qualidade do ato administrativo que a permite compelir materialmente
o administrado ao seu cumprimento, carece de interesse de procurar as vias judiciais para fazer valer
sua vontade, pois pode por seus próprios meios providenciar o fechamento de estabelecimento irregular.
2. Recurso especial improvido” (REsp 696.993/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA
TURMA, julgado em 06/12/2005, DJ 19/12/2005, p. 349).
“AMBIENTAL E ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. DEMOLIÇÃO DE EDIFÍCIO
IRREGULAR. AUTO-EXECUTORIEDADE DA MEDIDA. ART. 72, INC. VIII, DA LEI N. 9.605/98
(DEMOLIÇÃO DE OBRA). PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. INTERESSE DE AGIR
CONFIGURADO.
1. Trata-se de recurso especial em que se discute a existência de interesse, por parte do Ibama, em
ajuizar ação civil pública na qual se busca a demolição de edifício reputado irregular à luz de leis
ambientais vigentes.
2. A origem entendeu que a demolição de obras é sanção administrativa dotada de auto-executoriedade,
razão pela qual despicienda a ação judicial que busque sua incidência. O Ibama recorre pontuando não
ser atribuível a auto-executoriedade à referida sanção.
3. Mesmo que a Lei n. 9.605/98 autorize a demolição de obra como sanção às infrações administrativas
de cunho ambiental, a verdade é que existe forte controvérsia acerca de sua auto-executoriedade (da
demolição de obra).
4. Em verdade, revestida ou não a sanção do referido atributo, a qualquer das partes (Poder Público e
particular) é dado recorrer à tutela jurisdicional, porque assim lhe garante a Constituição da República
(art. 5º, inc. XXXV) - notoriamente quando há forte discussão, pelo menos em nível doutrinário, acerca
da possibilidade de a Administração Pública executar manu militari a medida.
5. Além disso, no caso concreto, não se trata propriamente de demolição de obra, pois o objeto da
medida é edifício já concluído - o que intensifica a problemática acerca da incidência do art. 72, inc.
VIII, da Lei n. 9.605/98.
6. Por fim, não custa pontuar que a presente ação civil pública tem como objetivo, mais do que a
demolição do edifício, também a recuperação da área degradada.
7. Não se pode falar, portanto, em falta de interesse de agir.
8. Recurso especial provido” (REsp 789.640/PB, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 27/10/2009, DJe 09/11/2009).
“MEDIDA CAUTELAR. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS AUTORIZATIVOS DA CONCESSÃO
DEFINITIVA DA TUTELA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ORDENS DE FECHAMENTO EMITIDAS
CONTRA ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS IRREGULARES NÃO EFETIVADAS PELA
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. VIOLAÇÃO ÀS DIRETRIZES DO PLANO DE ZONEAMENTO
URBANO. ATO ADMINISTRATIVO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E DA AUTO-EXECUTORIEDADE
PELA ADMINISTRAÇÃO. OFENSA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA INDEPENDÊNCIA DOS
PODERES NÃO CONFIGURADA.
1. O caso em testilha não se enquadra nas hipóteses excepcionais em que esta Corte Superior de Justiça
tem conferido efeito suspensivo a recurso especial, eis que ausentes os pressupostos autorizativos à
concessão da cautela.
2. As ordens de fechamento expedidas pela Prefeitura, e reiteradamente descumpridas, devem ser
efetivadas em face do princípio da legalidade e da auto-executoriedade dos atos administrativos.
3. O uso e a ocupação do solo urbano deve propiciar a realização do bem estar social, para isso o
Município deve promover a fiscalização das atividades residenciais e comerciais, não podendo ser
conivente com irregularidades existentes.
4. O agente público está adstrito ao princípio da legalidade, não podendo dele se afastar por razões de
conveniência subjetiva da administração. Por conseguinte, não há na espécie violação ao princípio da
independência dos poderes.
5. Medida cautelar improcedente” (MC 4.193/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEGUNDA TURMA,
julgado em 25/06/2002, DJ 26/08/2002, p. 188).
E mais, recentemente o STJ, ainda que sem apreciar especificamente o interesse processual, admitiu a
possessória em situação análoga:
“Trata o recurso da possibilidade de o Estado ajuizar ação de reintegração de posse de imóvel público
ocupado por servidor de autarquia desde antes de sua extinção, com alegada anuência verbal do Poder
Público. A Turma entendeu que não se pode falar em contrato verbal firmado com a Administração
Pública, uma vez que, pela natureza da relação jurídica, é inadmissível referida pactuação, não
podendo, daí, exsurgir direitos. Ademais, não seria admissível avença celebrada com autarquia tendo
por objeto locação de bem público sem as cláusulas essenciais que prevejam direitos e obrigações. A
referida avença não propiciaria o efetivo controle do ato administrativo no que tange à observância dos
princípios da impessoalidade, moralidade e legalidade. Não tendo relevância jurídica o aludido contrato
verbal supostamente firmado com a autarquia, torna-se nítido haver mera detenção do imóvel público
pelo recorrido. Tendo o recorrente feito notificação judicial ao recorrido para que desocupasse o imóvel,
com a recusa do detentor, passou a haver esbulho possessório, mostrando-se adequado o ajuizamento de
ação de reintegração de posse. Não havendo posse, mas mera detenção, não socorre o recorrente o art.
924 do CPC – que impossibilita a reintegração liminar em prejuízo de quem tem a posse da coisa há
mais de ano e dia. REsp 888.417-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/6/2011” (Informativo
476).
Na doutrina, encontramos as ponderações do il. Des. Federal da 1ª Região, João Batista Gomes Moreira,
ao enfrentar o tema, ainda que rapidamente, a saber:
“Na seqüência, o tema envolve exame de outra prerrogativa da Administração, que consiste na
faculdade de resguardar-se diretamente, por meio da instituição de normais, de fiscalização e de
imposição de sanções, da apropriação indevida e da inadequada utilização dos bens públicos. Trata-se
de autotutela da Administração, que se assenta na inviável dependência, como regra, de recurso à via
judicial para qualquer intervenção protetora de seus bens. Afirmada na praticidade a justificativa para
autotutela administrativa, remanesce, em conseqüência, o dever da Administração de obediência ao
devido processo legal e o interesse processual para recorrer à via judicial sempre que as circunstâncias
recomendem. Estabelece, por exemplo, o Código de Águas (Decreto n. 24.643/34), art. 58, que ‘a
administração pública respectiva, por sua própria força e autoridade, poderá repor incontinenti no seu
antigo estado, as águas públicas, bem como o seu leito e margem ocupados por particulares, ou mesmo
pelos Estados e Municípios (...)’, acrescentando o art. 59 que, ‘se julgar conveniente recorrer ao juízo, a
administração poderá fazê-lo tanto no juízo petitório como no juízo possessório’. Conforme a
jurisprudência, ‘embora a administração, pelo princípio da auto-executoriedade, possa reintegrar-se ‘ex
próprio Marte’ na posse de bem público de uso comum, nada impede que o faça através do Judiciário
(JTA 118/213, maioria)’.” (Direito Administrativo: da rigidez autoritária à flexibilidade democrática.
Belo Horizonte: Fórum, 2005. pp. 232-233).
Por tudo isso, entendemos que se deve encontrar um meio termo, a fim de que o Judiciário não seja
demandado para as menores providências possessórias (quiosque montado do dia para noite em área
proibida e que dificulta o trânsito numa dada rua; banca de jornal instalada em local indevido, haja
visto tombamento anterior; etc), mas que a Administração, em havendo questões mais sensíveis em jogo
possa demandar o Judiciário, com o intuito de que tenha uma solução segura, definitiva, e sem outras
repercussões futuras.
De qualquer maneira, ao analisar as respostas, mais uma vez procuramos avaliar se o aluno teve
articulação para tratar do assunto. Em se tratando de tema controvertido, a segurança e a capacidade
persuasão são os pontos que interessam. Por isso, as melhores notas foram escolhidas com base em tais
fatores, e não tendo por base a posição final.
Enfim, vamos salientar que foi razoável a saída de vários alunos, no sentido de que a União poder-se-ia
valer de uma reivindicatória, já que teria o domínio. De fato, isso é bem plausível. Entretanto, o mais
comum tem sido mesmo a possessória, com base nos dispositivos já mencionados. Além disso, fica a
ressalva de que a questão imobiliária (terrenos públicos e privados) no Brasil, especialmente os terrenos
sem afetação, é tema bastante complicado, de tal modo que a possessória tem sido bem mais simples
para a União, uma vez que evita discussões em torno da cadeia dominial.
O Município de Goiânia, detectando que o centro da A questão trata das famosas “zonas azuis” e invoca a análise da utilização remunerada de espaços públicos. No campo infraconstitucional, EMAGIS
cidade está um caos, institui o pagamento de uma a base inicial para tal cobrança seria o próprio Código Civil, de onde se extrai que “O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou - Rodada
taxa retribuído, conforme estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencem” (art. 103). 51
(denominação utilizada pelo Município) cobrada
daqueles que estacionam nas vias públicas do centro Após um estudo da doutrina, constata-se facilmente que existem duas correntes principais sobre o assunto.
da
cidade. Pagando-se a taxa, o carro poderia ficar Em primeiro lugar, existem aqueles que entendem que ali se teria a cobrança pela utilização do bem público. Ou seja, o Estado utilizaria o
estacionado por duas horas. Pergunta-se: qual a seu patrimônio (bem público), a fim de gerar receita. Como haveria uma receita originária (exploração patrimonial), não se falaria em taxa
natureza (tributo), mas, sim, em preço (contratual). Como consequência, sequer haveria necessidade de respeito aos princípios constitucionais
jurídica de dita cobrança? Como a doutrina aborda o relativos à tributação.
assunto? Resposta em 20 linhas.
Nesse sentido, seria o posicionamento de Regis Fernandes de Oliveira, a saber:

“Sem embargo do peso das autoridades mencionadas, não podemos com elas concordar. Em primeiro lugar, diga-se que se cuida de
entrada originária, e não derivada. A saber, a receita não advém do patrimônio particular, mas da exploração do bem público. A utilização
do bem público para gerar riquezas por parte do Estado é perfeitamente possível. Em segundo lugar, não está o Estado delimitando
comportamentos, com o quê estaria no exercício do poder de polícia. É que este se destina a conformar condutas particulares em benefício
do pleno desenvolvimento da sociedade. No caso em análise, disse não se cuida. Como o Estado é o titular do domínio das vias públicas
(no caso do Município), pode explorar seus próprios bens, em seu benefício. Daí, fica caso de ocupação de bem público ou de seu uso, em
prol de particulares, que irão pagar o preço adequado e previamente fixado pelo ente público.
Não se pode falar em poder de polícia, porque não está restringindo o direito de propriedade, nem a liberdade dos indivíduos.
Simplesmente, explora seu próprio bem, possibilitando que os indivíduos, durante certo tempo, usem-no, em seu prol, mediante o
pagamento de um preço. O exercício do poder de polícia estará na fiscalização de trânsito, que é da competência do Município (inciso V do
art. 30 da CF), e não no uso do espaço físico de estacionamento” (in Curso de Direito Financeiro. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2010. 3ª ed. rev. e atual. p. 202).

Mais a frente em sua obra o mesmo em. Régis Fernandes acrescenta que o uso do espaço público para estacionamento segue a mesma
lógica de outras situações bem conhecidas: “Assim sendo, toda vez que o Poder Público autorize, permita ou conceda o uso de bem
público, pode e deve cobrar por tal outorga, fazendo-o através de preços. Quando outorga atos para uso de bancas de jornal, de box em
mercados públicos, estacionamento de táxis, bares de calçadas ou vias públicas, bancas em feiras livres, terreno em cemitério público,
apenas pode cobrar preços” (obra citada, p. 204).

A fim de abonar sua teste, o doutrinador cita antigo julgado do STF, no sentido de considerar a cobrança como sendo preço público, a
saber:

“TAXA. PREÇO PÚBLICO. A DISTINÇÃO ENTRE TAXA E PREÇO PÚBLICO NÃO E MATÉRIA DE DIREITO LOCAL E SIM DE DIREITO FEDERAL.
A DENOMINADA TAXA DE MANUTENÇÃO E LIMPEZA DA ‘ESTAÇÃO RODOVIARIA’ NÃO E VERDADEIRAMENTE UMA TAXA MAS PREÇO
PÚBLICO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DA PREFEITURA, CONHECIDO E PROVIDO” (RE 68690, Relator(a): Min. LUIZ GALLOTTI,
TRIBUNAL PLENO, julgado em 27/11/1969, DJ 15-05-1970).

Não obstante o exposto acima, outra corrente sustenta que, na verdade, a cobrança não se dá pelo uso do bem público, mas, sim, pelo
exercício do poder de polícia. Ou seja, haveria aí uma receita derivada, taxa de polícia. Para tal corrente, a instituição da taxa seria
calcada na atividade estatal de disciplinar o estacionamento em vias públicas. Aqui haveria uma limitação à liberdade do cidadão, na
medida em que ficaria tolhido de estacionar onde bem queira sem pagamento.

Na mesma obra acima, Regis Fernandes de Oliveira cita o posicionamento de Geraldo Ataliba:

“Geraldo Ataliba afirma que pode o Município exigir ‘taxa de polícia para disciplinar o estacionamento em vias públicas suas’. Continuando
seu estudo, afirma que, ‘se o direito constitucional brasileiro (art. 18, I [a Constituição é a anterior]) não admite as taxas por uso de bem
público, consente, porém, nas taxas por serviços de quadro (sic) de veículos, para os casos em que o Municípios os organiza. Quanto às
zonas azuis, é lícita a taxa cobrável, p. ex., a cada duas horas de estacionamento em via pública, a título de taxa de polícia. É que, se
todos são iguais perante a lei (art. 153, § 1º [a remissão também é à Constituição anterior]), todos têm direito de estacionar seus veículos
nas vias públicas. Para que isso seja possível, é mister que, no uso do seu pode de polícia, o Município regulamente tal estacionamento e o
limite, de modo a permitir o exercício de igual direito, por todos os cidadãos. E, para assegurar a eficácia dessa disciplina, deverá fiscalizar
sua observância. Essa atividade de fiscalização configura exercício do poder de polícia. É essa, também, a posição de Roque Carrazza”
(obra mencionada, p. 202).

Seguindo a mesma, tem-se o magistério do Des. Federal João Batista Gomes Moreira:

“Igualmente, a propósito dos bens de uso comum, entende Ruy Cirne Lima que, ‘a fim de assegurar a normal distribuição, no tempo e no
espaço, dos utentes, serve-se a administração da intervenção reguladora da polícia’. É, portanto, uma taxa (natureza tributária) o que se
paga a título de promover o rodízio nos estacionamentos em via pública, sujeitando-se a sua instituição e cobrança aos princípios
constitucionais tributários” (Direito Administrativo: da rigidez autoritária à flexibilidade democrática. Belo Horizonte: Fórum, 2005. p. 237).

No caso, tratando-se de tema controvertido e sem uma posição clara das Cortes Superiores, o Emagis apenas gostaria de ver como os
alunos exporiam a controvérsia, com seus respectivos fundamentos. Como sempre, o posicionamento pessoal de cada um foi respeitado.
Nos termos do art. 111 do Código Civil, "O silêncio Segundo pensamos, no âmbito do Direito Administrativo, não se aplica a mesma lógica disposta no art. 111, do CC. Como se sabe, ao EMAGIS
importa anuência, quando as circunstâncias ou os tratar de direitos disponíveis em regra, o direito civil trabalha com uma esfera bem maior de liberdade do que o direito público.No campo - Rodada
usos o autorizarem, e não for necessária a do direito público, o Administrador tem a lei por primado, tanto que se criou a conhecida máxima de que "o particular tudo pode, desde 21
declaração de vontade expressa". Analise tal que não contrarie a lei; já o administrador só pode o que estiver na lei". Por isso, pode-se dizer, linhas gerais, que na seara do direito
dispositivo em confronto com as público há necessidade de manifestação formal de vontade para que a atividade administrativa se desenvolva. Esse é o entendimento do
consequências/efeitos da omissão na prática de ato José dos Santos Carvalho Filho, a saber: "No direito privado, a aplicação normativa sobre o silêncio encontra solução definida. De acordo
administrativo (aplica-se a mesma lógica do direito com a lei civil, o silêncio, como regra, importa consentimento tácito, considerando-se os usos ou as circunstâncias normais. Só não valerá
privado?). Além disso, avalie a seguinte situação. como anuência se a lei declarar indispensável a manifestação expressa (art. 111, Cód. Civil). No direito público, todavia, não pode ser essa
Uma pessoa tem um pedido administrativo qualquer a solução a ser adotada. Urge anotar, desde logo, que o silêncio não revela a prática de ato administrativo, eis que inexiste manifestação
indeferido. Contra tal decisão, interpõe recurso formal de vontade; não há, pois, qualquer declaração do agente sobre sua conduta. Ocorre, isto, sim (sic) um fato jurídico administrativo,
administrativo. Ocorre que, passado o prazo legal de que, por isso mesmo, há produzir efeitos na ordem jurídica"(Carvalho Filho, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de
julgamento, a autoridade nada decide, o que põe o Janeiro: Lumen Juris, 2010. 23ª ed. rev., ampl. e atualizada até 31.12.2009. p. 112). Também o STJ já decidiu de forma semelhante, no
interessado em permanente situação de espera. seguinte acórdão (recomenda-se a leitura do inteiro teor para perfeito entendimento): "ADMINISTRATIVO - SILÊNCIO DA
Pergunta-se: seria cabível alguma providência no ADMINISTRAÇÃO - PRAZO PRESCRICIONAL. A TEORIA DO SILÊNCIO ELOQUENTE É INCOMPATÍVEL COM O IMPERATIVO DE MOTIVAÇÃO
âmbito judicial? O juiz pode substituir o DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. SOMENTE A MANIFESTAÇÃO EXPRESSA DA ADMINISTRAÇÃO PODE MARCAR O INICIO DO PRAZO
administrador e julgar, de logo, o mérito do recurso PRESCRICIONAL" (REsp 16.284/PR, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/12/1991, DJ
administrativo? 23/03/1992, p. 3447). Superadas afirmações iniciais, com base no mencionado doutrinador, precisamos fazer algumas ponderações sobre
o silêncio administrativo, a fim de que o tema seja exposto de forma precisa e clara. Em primeiro lugar, é possível que a lei já aponte a
conseqüência da omissão. Aqui duas situações podem ocorrer: a) a lei pode prever que o silêncio importará em anuência tácita (por
exemplo, seria algo parecido ao que ocorre com o art. 66, § 3º, da CF: passado o prazo de quinze dias após o envio do projeto de lei
aprovado pelo Congresso Nacional sem sanção, considerar-se-á esta existente); b) a lei dispõe que, passado um dado prazo, considera-se
denegado o pedido. Nestas duas situações, como a lei já aponta a solução, dúvidas não restarão. O problema surge quando a lei não prevê
qualquer conseqüência para o silêncio da Administração. Tal hipótese é a mais comum e ocorre quando se escoa o prazo legal para a
prática de um dado ato, ou mesmo quando, sem haver prazo expresso, a demora na prática do ato se alonga por tempo excessivo. Diante
dessa situação, entendemos que o interessado não pode ficar desamparado, de modo que o Judiciário pode ser chamado a intervir. Em
primeiro lugar, porque a própria CF estabelece que o acesso ao Judiciário é amplo (inc. XXXV do art. 5º). Depois, porque o princípio da
publicidade determina que o administrador deve agir com transparência e a ausência de prática de qualquer ato, justamente por ser capaz
de causar prejuízo ao cidadão, significa verdadeira ofensa ao dever de prestação contas que deriva diretamente da necessária publicidade.
Enfim, tem-se o princípio da eficiência, o qual, dentre várias acepções possíveis, vai determinar que a Administração pratique seus atos
com zelo e respeito ao administrado, o que tem agora reforço no comando do art. 5º, LXXVIII, da CF, que trata da razoável duração do
processo administrativo e judicial. Não obstante o exposto acima, entendemos que o juiz não pode julgar o mérito do recurso
administrativo, sob pena de violação do princípio da separação dos poderes (art. 2º da CF). A competência para julgamento do recurso
não se altera e é privativa do administrador. O mais acertado, segundo pensamos, seria o ajuizamento de processo judicial, cujo pedido
seria o de que o administrador pratique, sob as cominações legais cabíveis, o ato administrativo em prazo certo, conforme já decidido pelo
STF: "MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO ADMINISTRATIVO. INÉRCIA DA AUTORIDADE COATORA. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA
RAZOÁVEL. OMISSÃO. SEGURANÇA CONCEDIDA. A inércia da autoridade coatora em apreciar recurso administrativo regularmente
apresentado, sem justificativa razoável, configura omissão impugnável pela via do mandado de segurança. Ordem parcialmente concedida,
para que seja fixado o prazo de 30 dias para a apreciação do recurso administrativo" (MS 24167, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA,
Tribunal Pleno, julgado em 05/10/2006, DJ 02-02-2007 PP-00075 EMENT VOL-02262-03 PP-00502 LEXSTF v. 29, n. 339, 2007, p. 221-
226). Outro não é o entendimento do já mencionado doutrinador José dos Santos Carvalho Filho: "Caso não tenha êxito na via
administrativa para obter manifestação comissiva da Administração, não restará para o interessado outra alternativa senão recorrer à via
judicial. Diferentemente do que sucede na hipótese em que a lei [estabelece] que a omissão significa denegação - hipótese em que se
pretende desconstituir relação jurídica -, o interessado deduzirá pedido de natureza mandamental (ou, para alguns, condenatória para
cumprimento de obrigação de fazer), o qual, se for acolhido por sentença, implicará a expedição de ordem judicial à autoridade
administrativa para que cumpra seu poder-dever de agir e formalize manifestação volitiva expressa, sob pena de desobediência a ordem
judicial. Há juristas, no entanto, que sustentam que, se a Administração estava vinculada ao conteúdo do ato não praticado (ato
vinculado), e tendo o interessado direito ao que postulara, poderia o juiz suprir a ausência de manifestação. Ousamos dissentir desse
entendimento, porquanto não pode o órgão jurisdicional substituir a vontade do órgão administrativo; pode, isto sim, obrigá-lo a emiti-la,
se a lei o impuser, arcando o administrador com as conseqüências de eventual descumprimento. Por outro lado, se o pedido do
interessado consiste na emissão de vontade geradora de ato discricionário, e a Administração silencia sobre o pedido, tem o postulante o
mesmo direito subjetivo de exigir, na via judicial, que o juiz determine à autoridade omissa expressa manifestação sobre o que foi
requerido na via administrativa. Note-se que a pretensão do interessado na ação não consiste na prolação de sentença que ordene ao
agente omisso o atendimento do pedido administrativo, fato que refletiria a substituição da vontade do administrador pela do juiz e que,
por isso mesmo, seria incabível. A pretensão - isto sim - é a de ser o administrador omisso condenado ao cumprimento de obrigação de
fazer, vale dizer, ser condenado à prática do ato administrativo em si, independentemente do conteúdo que nele venha a ser veiculado.
Cessada a omissão pela prática do ato, poderá então o interessado verificar se nele estão presentes os requisitos de sua validade" (obra
citada, pp. 113/114) (grifos do original). Diante de todo o exposto, concluímos, seguindo o julgado do STF, que o juiz não poderia julgar,
de logo, o mérito do recurso. De todo modo, consideramos razoável, devido à divergência apontada pelo próprio José dos Santos Carvalho
Filho, a tese de que o juiz até poderia julgar o recurso, desde que se tivesse em análise um ato administrativo vinculado. É que, segundo
esse mesmo doutrinador, escritores de peso, a exemplo de Celso Antônio Bandeira de Mello, sustentam a possibilidade de o juiz suprir a
ausência de manifestação, caso se trate de ato vinculado. Eram esses os pontos que haveriam de ser desenvolvidos na resposta à
presente questão.
Simplório, servidor público de uma certa autarquia A Lei 10.410/2002 promoveu reestruturação - inclusive nas respectivas nomenclaturas - nas carreiras dos cargos do Ministério do Meio EMAGIS
federal, ajuizou ação ordinária requerendo diferenças Ambiente - MMA e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, desconsiderando o tempo de - Rodada
salariais relativas ao período de vigência da Lei A. serviço de cada servidor como fator a ser levado em conta na nova formatação. Daí que inseridos os servidores, sem distinção, no padrão 6
Alegou que, até o advento da Lei A (janeiro de inicial da estrutura de cargos.
2002), a sua carreira e a respectiva remuneração Apenas com a Lei 10.775/2003 é que se efetivou nova colocação dos servidores em padrões compatíveis com o tempo de serviço público
estavam estruturados de tal maneira que o tempo de federal até então executado.
serviço era considerado para fins de enquadramento Eis as premissas do caso.
funcional, o que gerava, via de conseqüência, Em primeiro lugar, é mister assentar se o legislador deve pautar as reestruturações das carreiras públicas em razão do tempo de serviço.
acréscimo remuneratório. Com o advento de tal Lei, Em outras palavras: é imperioso definir se o tempo de serviço repercute por necessário em padrões diversos dentro da estrutura de cargos
sua carreira sofreu modificação, desconsiderando o do serviço público.
tempo de serviço, o que, no seu entender, Pensamos que a resposta é negativa.
configurou uma inconstitucionalidade. Segundo Há muito o STF fixou posição tão correta quanto uníssona no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico. Por ocasião do
ponderou, todos os servidores (independentemente distante julgamento do RE 90.391, de 1979, o Min. Moreira Alves, então relator, deduziu a "inexistência de direito adquirido a regime
do tempo de serviço) foram postos no mesmo nível jurídico de servidor público". Tal posicionamento foi reafirmado recentemente no julgamento do AI-AgRg 633.501, j. de 18.03.2008.
inicial da carreira (violação ao princípio da isonomia), Em tema de remuneração e remodelação de cargos de uma dada carreira tal afirmação significa que o legislador infraconstitucional não se
que passou a ser composta de apenas três níveis. vincula ao anterior padrão normativo de escalonamento. Pouco importa tenha o regime pretérito hierarquizado a estrutura considerando o
Em acréscimo, Simplório, em sua petição inicial, tempo de serviço então exercido; as modificações que se lhe façam são livres, e podem mesmo desconsiderar tal dado, embora limitadas
deixou claro que nenhum servidor da carreira sofreu à irredutibilidade de vencimentos.
perda remuneratória; pelo contrário, houve aumento
médio de 25% para a categoria. Indignada com a Isso porque o tempo de serviço não ganhou status constitucional, muito menos a ponto de vincular a legislação ordinária a sempre levá-lo
situação e após muita luta em Brasília, sua categoria em conta na modelação de uma carreira. Ao Executivo cabe agir com discricionariedade, potencializando-o - o tempo de serviço - segundo
conseguiu que o Poder Executivo Federal editasse um juízo privativo de aferição, insindicável, neste ponto, pelo Judiciário. No MS 24.875 (STF; DJ de 06.10.2006), revelou o Min. Pertence:
outra Lei, agora considerando o tempo de serviço e
fazendo novo escalonamento. Ocorre que a nova Lei "Sobre outro ângulo, é preciso ter em conta que o adicional por tempo de serviço - cuja preservação e imunidade ao teto ora virtualmente
B (janeiro de 2004), ao considerar o tempo de se pretendem erigir em cerne intangível da Constituição - posto que tradicional - é uma vantagem remuneratória de fonte
serviço até então prestado, não fez menção ao infraconstitucional. Certo, a Constituição, em sua formação original, admitiu - por força da menção a ‘vantagens individuais' - que se
período de vigência da Lei A, na qual o tempo de instituísse o ATS ou se mantivesse a legislação anterior a respeito: não impôs, porém, que o fizesse a lei. É significativo, aliás, que, com
serviço não foi considerado nem pago. Pergunta-se: relação a todo o pessoal sujeito ao primitivo regime jurídico único dos servidores públicos, o adicional por tempo de serviço (...) tenha sido
o pleito procede? Resposta em 15 linhas, no abolido pelo art. 15 da M. Pr. 2225, de 04.09.01: não obstante, ao que se tenha notícia, a constitucionalidade da supressão da tradicional
máximo. vantagem jamais foi questionada perante esta Corte".
O caso foi criado com base em situação concreta.
Como está claro, alude-se aí à natureza infraconstitucional do adicional por tempo de serviço (ATS), vantagem de caráter pessoal; a
referência, contudo, é de um todo aplicável à hipótese, em que se cogita do tempo de serviço em si, cuja natureza também é
infraconstitucional, como fator necessariamente vinculante na estruturação e mudança das carreiras.
O que se impõe ao legislador, é de se repetir, é tão-somente o respeito à irredutibilidade vencimental. E na espécie, descabe falar em
redução do padrão da remuneração, tanto que a Lei 10.472/2002, ao aludir à reestruturação imposta pela Lei 10.410/2002, afirmou no
seu art. 1º que o reposicionamento dos servidores se daria "com vencimento igual ou imediatamente superior aos vencimentos dos cargos
originários".
Daí não há falar em inconstitucionalidade da Lei 10.410/2002: limitado seu objeto à reestruturação das carreiras sem causar decréscimo
remuneratório, nada há a objetar-lhe. Se a L. 10.775/2003 tratou do assunto de forma diferente, aí sim levando em conta o tempo de
serviço na recolocação dos servidores nos respectivos padrões vencimentais, o fez também segundo um padrão discricionário íntimo, cuja
aplicação retroativa vai apenas até onde a própria literalidade do texto permite.
Longe disso, impor o Juízo efeitos pretéritos a esta segunda lei - a de 2003 -, para além dos que ela mesma consigna, seria caminhar de
encontro à súmula 339 do STF, segundo a qual "Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores sob fundamento de isonomia".
Enfim, cabe mencionar que a Lei 10.775/2003, por não conter qualquer previsão expressa, não tem o condão de ter efeitos retroativos.
Em tal sentido, o STJ vem decidindo, a saber:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. OFENSA AOS ARTS. 480
E 481 DO CPC. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. SERVIDOR PÚBLICO. IBAMA. REENQUADRAMENTO. LEIS NºS
10.410/2002 E 10.775/2003. DECRETO REGULAMENTADOR Nº 4.293/2002. CONSIDERAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO NA CARREIRA.
RETROATIVIDADE DA LEI 10.775/2003. NÃO CABIMENTO. PRECEDENTES.
(...)
4. De acordo com precedentes desta Corte, em atenção ao princípio da legalidade e da irretroatividade das leis, o art. 1º, parágrafo único,
da Lei 10.775/03, que estabeleceu o reenquadramento dos servidores do IBAMA, com base no tempo de serviço prestado no serviço
público federal, não pode retroagir a período anterior a 1º/10/03. Precedentes.
5. Recurso especial provido em parte.
(REsp 903.697/RN, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 26/10/2010, DJe 22/11/2010).

DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO.


REENQUADRAMENTO. LEI 10.410/02. CRIAÇÃO DE NOVO PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS. REGIME JURÍDICO. DIREITO ADQUIRIDO.
INEXISTÊNCIA. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. LEI 10.775/03. CRITÉRIOS DE ENQUADRAMENTO. ALTERAÇÃO SUPERVENIENTE.
EFEITOS. RETROAÇÃO A JANEIRO/02. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.
1. O servidor público não tem direito adquirido à manutenção dos critérios legais embasadores de sua remuneração, ou seja, não há
direito adquirido a regime jurídico. Seu direito restringe-se à manutenção do quantum remuneratório, calculado em conformidade com o
que dispõe a legislação. Precedentes do STF e do STJ.
2. Não há falar em ilegalidade da restruturação administrativa que alterou o enquadramento dos servidores do IBAMA, imposta pelas Leis
10.410/02 e 10.472/02, haja vista que foi respeitada a irredutibilidade dos vencimentos.
3. Dispõe o art. 1º, parágrafo único, da Lei 10.775/03, que estabeleceu novos critérios para o reenquadramento dos servidores do IBAMA,
com base no tempo de serviço por eles prestado no serviço público federal, que seus efeitos retroagirão a 1º/10/03. Destarte, é indevida
sua aplicação a período anterior, compreendido entre janeiro/02 e setembro/03.
4. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 887.821/RN, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 29/05/2008, DJe 25/08/2008).
Ante a relevância histórica e artística do conjunto Com vocação específica para proteger o patrimônio cultural brasileiro, o tombamento é um dos modos de intervenção estatal na EMAGIS
arquitetônico de um bairro, todos os imóveis propriedade privada. A rigor, é até mesmo cabível ser excepcionalmente utilizado pelo Poder Público, uma vez configurada a - Rodada
situados em seus lindes foram objeto de declaração necessidade de tutela do patrimônio cultural, para intervir na esfera de propriedade de outros entes públicos. 10.2012
geral de tombamento expedida pelo IPHAN (Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Ocorre Exprime-se por um procedimento administrativo que pressupõe a manifestação de um órgão técnico especializado em analisar e opinar se
o bem ou conjunto de bens a ser declarado de interesse público tem efetivo valor histórico, artístico, arqueológico ou paisagístico
que os respectivos proprietários não foram
relevante para a identidade e a memória de uma coletividade local, regional ou nacional. Na esfera administrativa federal, incumbe ao
individualmente notificados dessa intervenção IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a análise e emissão de parecer técnico a respeito da existência desse relevo
estatal. Presente esse panorama, indaga-se: eles valorativo.
ficam submetidos às restrições previstas no art. 17
do diploma normativo que dispõe sobre o Enquanto o pronunciamento técnico não sobrevém, é dado ao Poder Público, notadamente com vistas a acautelar a integridade dos bens
tombamento? (Motivação da resposta limitada a 20 em perspectiva de serem tombados, estabelecer tombamento sob a forma provisória. Este, a teor do art. 10 do Decreto-lei n. 25/1937,
linhas) tem como marco inicial a notificação dos respectivos proprietários. O tombamento definitivo, por sua vez, ocorre quando, à falta de
nulidade detectada ou por ausência ou rejeição de impugnações, há a inscrição num dos chamados “Livros do Tombo”. Livros que o
precitado Decreto-lei n. 25/1937 desdobra em número de quatro, a saber: 1) Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; 2)
Livro do Tombo Histórico; 3) Livro do Tombo das Belas Artes; 4) Livro do Tombo das Artes Aplicadas.

É de capital importância, embora não represente propriamente uma etapa administrativa do tombamento, que a inscrição definitiva
anotada em um dos Livros do Tombo seja, no caso de bem imóvel, levada ao Registro de Imóveis para fins de averbação junto à
respectiva matrícula imobiliária. Com isso, na hipótese de transferência de propriedade, fica o adquirente obrigado, sob pena de multa, a
averbar o ato de transmissão no prazo de 30 dias de sua ocorrência e a comunicá-la à unidade estatal encarregada da fiscalização dos
bens tombados. Ao mesmo tempo, nasce para o Poder Público o direito de preferência na aquisição do bem tombado que venha a ser
colocado à venda pelo proprietário, contanto que, notificado dessa oferta de alienação, formalize seu interesse em pagar o mesmo preço
que o particular se propôs a desembolsar, isto é, tanto por tanto. Essa preferência, aliás, tem lugar até mesmo quando a alienação do bem
tombado for realizada em razão de cobrança feita na via judicial, para quitação de dívida que o proprietário deixou de honrar a tempo e
modo.

Em decorrência do regime de distribuição de competências assentado pela Lei Maior de 1988, todos os entes federados estão autorizados
a efetivar o tombamento. Para isso, é pertinente invocar como suporte legitimador a norma constitucional do art. 23, III, que prevê como
“competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (...) proteger os documentos, as obras e outros bens de
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos”.

Impende destacar que uma série de deveres anexos vem na esteira do tombamento. Os proprietários dos bens tombados ficam sujeitos,
sob pena de multa, a imposições positivas (p. ex., realizar obras necessárias à conservação e reparação desses bens ou, em não dispondo
de recursos para tanto, informar dessa necessidade o órgão técnico responsável pela vigilância do tombamento) e negativas (ex. não
destruir, demolir ou mutilar as coisas tombadas), além da sujeição a uma permanente atividade fiscalizadora por parte desse mesmo
órgão técnico. A vizinhança também não fica isenta de deveres, eis que lhe é imposto ônus que MARIA SYLVIA DI PIETRO qualifica como
“servidão administrativa em que dominante é a coisa tombada, e serviente, os prédios vizinhos”, enfatizando logo em seguida que tal
servidão “resulta automaticamente do ato do tombamento e impõe aos proprietários dos prédios servientes obrigação negativa de não
fazer construção que impeça ou reduza a visibilidade da coisa tombada e de não colocar cartazes ou anúncios”, daí não surgindo, ainda
nos dizeres da renomada professora, direito a “qualquer indenização” (em “Direito Administrativo”, 17ª ed., p. 139). Na terceira vertente
de deveres está a unidade administrativa que assumiu em concreto a preservação do patrimônio reconhecido como de interesse público
devido ao seu valor cultural, ficando por isso mesmo responsável por inspecionar as coisas tombadas e custear, sempre que preciso for, as
obras destinadas a conservá-las.

Com perfil que não se amolda ao de uma servidão administrativa stricto sensu – pois apesar de recair sobre bens determinados não leva
ao surgimento de um objeto dominante e de outro serviente – nem ao de uma limitação administrativa – visto que, embora instituído em
prol do interesse público, assume caráter específico, e não geral –, o tombamento pode recair sobre bens públicos, mediante atuação
estatal de ofício, ou sobre bens particulares. Nessa última situação, será voluntário, quando não houver objeção do proprietário, ou
compulsório, caso a inscrição do objeto tombado seja promovida a contragosto de quem sobre ele esteja a exercer o direito de
propriedade. Ademais, via de regra não confere direito à indenização, a menos que sofra inconteste desvirtuamento, deixando de
representar apenas uma restrição administrativa que acarreta para o proprietário a obrigação basilar de zelo pela conservação das
características originais do bem tombado, para enveredar pelo sinuoso caminho de uma verdadeira interdição ao uso normal desse mesmo
bem, circunstância em que, consoante o magistério de JOSÉ CARVALHO FILHO, assumirá contornos “de servidão administrativa ou de
desapropriação, conforme o caso, passando o proprietário então a ter direito à indenização pelos prejuízos causados pelo uso, ou pela
própria perda da propriedade, no todo ou em parte” (em “Manual de Direito Administrativo”, 14ª ed., p. 639).

É possível, de outra banda, que o tombamento não recaia apenas sobre coisas unitariamente consideradas, mas alcance um conjunto de
bens, compreendendo porções ou mesmo a totalidade de um bairro ou de uma cidade. Isso ocorrendo, tem-se o denominado
“tombamento geral” (em contraposição ao tombamento individual). A efetivação dessa modalidade interventiva estatal mais abrangente
não impede os proprietários dos bens por ela atingidos de alegar, em sede administrativa (CF/1988, art. 5º, XXXIV, alínea “a”, sendo
inclusive previsto no Decreto-lei n. 3.866/1941 a interposição de recurso impróprio perante o Presidente da República para cancelar o
tombamento) ou em juízo (CF/1988, art. 5º, XXXV), a inexistência de elementos fáticos justificadores da restrição estatal ao seu
patrimônio. Todavia, a ausência de notificação individualizada, enumerando um a um os bens que foram tombados, não exime os
respectivos proprietários do cumprimento dos deveres previstos no art. 17 do Decreto-lei n. 25/1937, a teor do qual é vedada a
destruição, demolição ou mutilação de tais bens, assim como seu reparo, pintura ou restauração sem haver prévia autorização da unidade
administrativa responsável pelo tombamento. Plausível, nesse contexto, abonar a tese de que a ampla divulgação da relevância cultural
que caracteriza a parcela ou totalidade do bairro ou da cidade é suficiente, à luz do primado da boa-fé objetiva, para infundir no ânimo dos
titulares dos bens afetados pelo tombamento geral a ciência de que não mais detêm autonomia irrestrita para realizar modificações,
adaptações ou supressões unilaterais do patrimônio que veio a ser tombado. Nessa linha, confira-se o que decidiu o Superior Tribunal de
Justiça ao julgar o Recurso Especial n. 1.098.640, publicado em 25.6.2009, cuja ementa segue transcrita no ponto que diretamente
interessa:

“ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. TOMBAMENTO GERAL. CIDADE DE TIRADENTES. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE


INDIVIDUALIZAÇÃO DO BEM. PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO, HISTÓRICO E CULTURAL. DESRESPEITO À NOTIFICAÇÃO
EXTRAJUDICIAL DO IPHAN.(...) - Não é necessário que o tombamento geral, como no caso da cidade de Tiradentes, tenha procedimento
para individualizar o bem (art. 1º do Decreto-Lei n. 25/37). As restrições do art. 17 do mesmo diploma legal se aplicam a todos os que
tenham imóvel na área tombada. Precedente.
- É incongruente a alegação da recorrente de que o bem não foi individualizado no tombamento, se sabia claramente das restrições
impostas pelo Decreto-Lei n. 25/37, uma vez que, inclusive, solicitou autorização ao IPHAN para a realização da obra e desrespeitou os
limites estabelecidos pelo órgão.”

Do voto condutor, da lavra do Ministro HUMBERTO MARTINS, convém destacar os seguintes excertos:

“Da análise detida dos autos, chega-se à conclusão de que a recorrente quer fazer prevalecer a ideia de que o tombamento geral da
cidade de Tiradentes não pode prevalecer, tendo em vista que não houve um procedimento administrativo individualizado que conferisse a
legalidade prevista nos arts. 5º, 6º e 9º do Decreto [-lei] n. 25/37. (...) Portanto, havendo o tombamento geral da cidade de Tiradentes,
despicienda a intimação do bem tombado, já que toda a cidade faz parte do patrimônio protegido, não sendo possível que o interesse
individual se torne prevalente diante do conjunto arquitetônico reconhecidamente de importância histórica (art. 1º do Decreto-lei n.
25/37).”

Convalidação de ato administrativo: decisão Enfático crítico da admissibilidade de atos anuláveis no âmbito do Direito Administrativo, HELY LOPES MEIRELLES deixou consignadas EMAGIS
discricionária ou vinculada? Justifique (em até 20 ponderações que valem ser relembradas: - Rodada
linhas). 13.2012
“O ato administrativo é legal ou ilegal; é válido ou inválido. Jamais poderá ser legal ou meio-legal; válido ou meio-válido, como ocorreria
se se admitisse a nulidade relativa ou anulabilidade, como pretendem autores que transplantam teorias do Direito Privado para o Direito
Público sem meditar na sua inadequação aos princípios específicos da atividade estatal. O que pode haver é correção de mera
irregularidade que não torna o ato nem nulo nem anulável, mas simplesmente defeituoso ou ineficaz até sua retificação.” (em “Direito
Administrativo brasileiro”, 20. ed., p. 189)
Ocorre que a Lei n. 9.784/1999, diploma regente do processo administrativo no âmbito federal – e de aplicação subsidiária em outras
unidades federadas que não possuam lei específica disciplinando esse assunto nas respectivas esferas de atuação (cf. STJ no REsp
1.148.460, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, publicado em 28.10.2010) –, acabou por adotar diretriz dualista em relação à teoria da
nulidade dos atos administrativos. Reconhecendo a possibilidade da existência de atos nulos e anuláveis, o aludido texto normativo
proclamou viável a adoção de medidas corretivas para depurar vícios que impregnavam de ilegalidade alguns atos administrativos,
conferindo-lhes, por força dessa ação saneadora, higidez necessária à regular produção dos efeitos pretendidos quando de sua edição. Fê-
lo em norma que está assim redigida:

“Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem
defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.”

Dotada de eficácia retroativa (ex tunc), porquanto alcança o ato inválido desde o momento em que ele é inserido no mundo jurídico, a
convalidação é normalmente realizada por órgãos e entes estatais. Em menor frequência, porém, pode também ser promovida
pelo cidadão ou pessoa jurídica particular cuja vontade deveria ter sido manifestada quando da edição do ato administrativo, mas deixou
de ser colhida na origem, comportando exteriorização em data posterior.

Basicamente, a convalidação é concretizável mediante quatro vias. Em comum está a circunstância de que todas devem estar em
harmonia com o interesse público e com o postulado da segurança jurídica, reunindo aptidão para expurgar defeitos sanáveis sem
repercutir negativamente na esfera jurídica de terceiros. Caso contrário, torna-se imperativo anular o ato administrativo em vez de
convalidá-lo. A primeira via hábil para escoimar um vício de ilegalidade é a ratificação, admissível por exemplo quando a forma original
utilizada para veicular um ato não era a determinada em lei, circunstância que justifica a edição, por autoridade competente, de novo ato
administrativo, formalmente adequado, referendando o conteúdo do primeiro. Outra via convalidante é a reforma, por meio da qual há a
eliminação de um fragmento ilegal do ato e, ao mesmo tempo, a conservação da parte que não se ressentia da mácula de invalidade.
Desponta, ainda, a via da conversão, adequada para implementar, simultaneamente: a manutenção do excerto válido do ato
administrativo originário, a supressão do excerto inválido desse mesmo ato e o acréscimo de novo excerto revestido de validade. Por fim,
menciona-se a via da revalidação, a cujo respeito ROMEU FELIPE BACELLAR FILHO aduz como sendo a “que se refere ao prazo de validade
dos atos administrativos, ou seja, a Administração Pública renova, com efeitos retroativos, a validade do ato (exemplo: atos praticados ao
fim do prazo de validade de um alvará).” (em “Direito Administrativo – Coleção curso & concurso”, 2. ed., p. 74)

Dos elementos que perfazem o ato administrativo (competência, forma, objeto, motivo e finalidade), dois são em princípio aptos a
lograr saneamento por convalidação: a competência (respeitante ao agente que pratica o ato) e a forma (maneira pela qual o ato se
exterioriza). Outros dois são em tese infensos à incidência sanatória: o motivo (situação fática justificadora da realização do ato) e a
finalidade (interesse público pretendido com a edição do ato). Quanto ao objeto (efeito jurídico diretamente provocado em decorrência do
conteúdo do ato), a convalidação fica a depender de ser ele único ou múltiplo; na hipótese de unicidade, a convalidação
mostra-se descabida, tornando necessária a anulação; mas quando esse ato acarretar dois ou mais desdobramentos
práticos, é cabível eliminar ou modificar um deles e aproveitar os demais que não estiverem maculados de ilegalidade.

Na literalidade do art. 55 da Lei n. 9.784/1999, supratranscrito, a convalidação resultaria de uma decisão discricionária, de uma faculdade
apoiada em critérios de conveniência e oportunidade. A doutrina, contudo, ecoando o magistério de WEIDA ZANCANER, averbado em
obra intitulada “Da convalidação e da invalidação dos atos administrativos”, tem prestigiado orientação segundo a qual a
providência de saneamento do defeito de forma ou de competência de um ato administrativo é, no mais das vezes, de
natureza vinculada. Assim, o ato originalmente defeituoso na forma ou na competência deve ser objeto de convalidação, em respeito ao
primado da segurança jurídica e para salvaguarda do valor da juridicidade no âmbito administrativo. Evita-se, com isso, incorrer numa
desproporcional e drástica invalidação, fulminando efeitos que a lógica e o bom senso apontavam nitidamente como merecedores de
preservação.

Excepcionalmente, quando se tratar de ato praticado em decorrência da atuação discricionária da Administração Pública – disso sendo
exemplo a exoneração ordenada por autoridade incompetente –, a convalidação deixa de ser obrigatória. Pelo que a autoridade
competente disporá de margem de apreciação subjetiva para decidir se é ou não pertinente suprir o defeito de competência que permeia o
ato praticado pela autoridade incauta ou desatenta que agiu indevidamente em seu lugar.

Decisão do Tribunal de Contas Estadual condenou As competências dos tribunais de contas-TC estão vazadas nos incisos do art. 71 da CF/88, normas de reprodução obrigatória pelas EMAGIS
ex-prefeito em obrigação de ressarcimento ao erário constituições estaduais face o art. 75. Em razão do controle externo que desempenham, suas decisões podem abranger 2 - Rodada
de R$ 100.000,00, dado o desvio de recursos espécies distintas: 1) imputação de débito (ressarcimento ao erário), e 2) multa (sanção). É o que se depreende da leitura do § 15.2012
públicos da municipalidade, juntamente com o 3º do art. 71 da CF/88:
pagamento de multa de R$ 25.000,00, por tentativa
de obstaculizar a fiscalização por parte dos auditores “§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.”
estaduais de contas.
Considerando que o estado não possui Tribunal de Entendemos que tais títulos são ontologicamente distintos, inclusive quanto ao regime jurídico incidente. A IMPUTAÇÃO DE DÉBITO é
Contas dos Municípios e que o Município não possui de titularidade do ente público lesado (União, estado-membro, ou município) e goza da imprescritibilidade prevista no § 5º do art.
Tribunal de Contas Municipal, pergunta-se: a quem 37 da CF/88 (“A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem
pode tocar a legitimidade na cobrança judicial da prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”), enquanto que a MULTA é prescritível e tem por fato gerador
decisão administrativa e qual ação/rito a ser utilizado uma conduta ilícita distinta da obrigação de ressarcir.
na espécie?
Quanto à legitimidade para cobrança da multa existe uma forte divergência na jurisprudência. Para o STJ a multa toca ao
ente público cujo tribunal de contas seja órgão (União para o TCU, estado-membro para o TCE ou TCMs, e município para o
respectivo TCM, onde houver pois é vedada a criação de novos). Já o STF entende que a multa é um acessório que segue principal,
cuja legitimidade de cobrar cabe unicamente ao ente lesado e beneficiário do ressarcimento.

Eis precedentes do STJ que estabelecem distinção de legitimidade entre a cobrança de ressarcimento ao erário a cobrança da multa em
decisão de TC:

“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE PARA EXECUTAR MULTA IMPOSTA A DIRETOR DE DEPARTAMENTO MUNICIPAL
POR TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. PESSOA JURÍDICA QUE MANTÉM A CORTE DE CONTAS.
1. Em diversos precedentes esta Corte concluiu que a legitimidade para executar multa imposta a gestor público municipal por Tribunal de
Contas Estadual é do próprio ente municipal fiscalizado, em razão do resultado do julgamento do Supremo Tribunal Federal no Recurso
Extraordinário n. 223037-1/SE, de relatoria do Min. Maurício Corrêa (AgRg no Ag 1215704/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira
Turma, DJe 2.2.2010; AgRg no REsp 1065785/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, DJe 29.10.2008; e REsp 898.471/AC, Rel.
Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 31.5.2007).
2. Contudo, a mudança de entendimento ora preconizada decorre, com todas as vênias dos que vinham entendendo em contrário, de
interpretação equivocada do mencionado julgamento, especificamente em razão da redação do item 2 de sua ementa: 2. A ação de
cobrança somente pode ser proposta pelo ente público beneficiário da condenação imposta pelo Tribunal de Contas, por intermédio de
seus procuradores que atuam junto ao órgão jurisdicional competente (RE 223037, Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 2.8.2002)
3. Com base no precedente da Corte Suprema, extraiu-se a exegese de que em qualquer modalidade de condenação - seja por imputação
de débito, seja por multa - seria sempre o ente estatal sob o qual atuasse o gestor autuado o legítimo para cobrar a reprimenda.
Todavia, após nova análise, concluiu-se que o voto de Sua Excelência jamais caminhou por tal senda, tanto assim que, no âmbito do
Tribunal de Contas da União tal tema é vencido e positivado por ato administrativo daquela Corte de Contas.
4. Em nenhum momento a Suprema Corte atribuiu aos entes fiscalizados a qualidade de credor das multas cominadas pelos Tribunais de
Contas. Na realidade, o julgamento assentou que nos casos de ressarcimento ao erário/imputação de débito a pessoa jurídica que teve seu
patrimônio lesado é quem - com toda a razão - detém a titularidade do crédito consolidado no acórdão da Corte de Contas.
5. Diversamente da imputação de débito/ressarcimento ao erário, em que se busca a recomposição do dano sofrido pelo ente público, nas
multas há uma sanção a um comportamento ilegal da pessoa fiscalizada, tais como, verbi gratia, nos casos de contas julgadas irregulares
sem resultar débito; descumprimento das diligências ou decisões do Tribunal de Contas; embaraço ao exercício das inspeções e auditorias;
sonegação de processo, documento ou informação; ou reincidência no descumprimento de determinação da Corte de Contas.
6. As multas têm por escopo fortalecer a fiscalização desincumbida pela própria Corte de Contas, que certamente perderia em sua
efetividade caso não houvesse a previsão de tal instrumento sancionador. Em decorrência dessa distinção essencial entre ambos -
imputação de débito e multa - é que se merece conferir tratamento distinto.
7. A solução adequada é proporcionar ao próprio ente estatal ao qual esteja vinculada a Corte de Contas a titularidade do
crédito decorrente da cominação da multa por ela aplicada no exercício de seu mister.
8. "Diferentemente, porém, do que até aqui foi visto, em se tratando de multa, a mesma não deve reverter para a pessoa jurídica cujas
contas se cuida. Nesse caso, deve reverter em favor da entidade que mantém o Tribunal de Contas." (Jorge Ulisses Jacoby Fernandes in
Tribunais de Contas do Brasil – Jurisdição e Competência).
9. Não foi outra a solução preconizada pela próprio Tribunal de Contas da União, por meio da Portaria n. 209, de 26 de Junho de 2001
(BTCU n. 46/2001), relativa ao Manual para Formalização de Processos de Cobrança Executiva, no qual se destacou que "a multa é
sempre recolhida aos cofres da União ou Tesouro Nacional". Em seguida, por meio da Portaria-SEGECEX n. 9, de 18.8.2006, também
relativa ao Manual de Cobrança Executiva (BTCU n. 8/2006), a Corte de Contas da União dispôs: A multa é sempre recolhida aos cofres da
União ou Tesouro Nacional e sua execução judicial está sob a responsabilidade da Procuradoria-Geral da União/AGU.
10. Logo, mesmo nos casos em que a Corte de Contas da União fiscaliza outros entes que não a própria União, a multa eventualmente
aplicada é revertida sempre à União - pessoa jurídica a qual está vinculada - e não à entidade objeto da fiscalização.
11. Este mesmo raciocínio deve ser aplicado em relação aos Tribunais de Contas Estaduais, de modo que as multas deverão ser revertidas
ao ente público ao qual a Corte está vinculada, mesmo se aplicadas contra gestor municipal.
12. Dessarte, a legitimidade para ajuizar a ação de cobrança relativa ao crédito originado de multa aplicada a gestor municipal por
Tribunal de Contas é do ente público que mantém a referida Corte - in casu, o Estado do Rio Grande do Sul -, que atuará por intermédio
de sua Procuradoria.
13. Agravo regimental provido.
(AgRg no REsp 1181122/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 06/05/2010, DJe 21/05/2010)”

“PROCESSUAL CIVIL. TÍTULO EXECUTIVO FORMADO NO TCE EM RAZÃO DE IRREGULARIDADES NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE PREFEITO.
PESSOA JURÍDICA QUE MANTÉM A CORTE DE CONTAS.
1. De fato, entendia-se que a legitimidade para executar título executivo do Tribunal de Contas que condena Prefeito ao pagamento de
multa em razão de irregularidades de prestação de contas era do Município.
2. No entanto, a questão foi revista por esta Turma e passou-se a considerar que as multas deverão ser revertidas ao Estado ao qual a
Corte está vinculada, mesmo se aplicadas contra gestor municipal.
3. Dessarte, a legitimidade para ajuizar a ação de cobrança relativa ao crédito originado de multa aplicada a gestor municipal por Tribunal
de Contas é do ente público que mantém a referida Corte - in casu, o Estado do Rio Grande do Sul -, que atuará por intermédio de sua
Procuradoria. Precedentes: AgRg no REsp 1181122/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/05/2010, DJe 21/05/2010; AgRg no Ag 1333402/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 16/11/2010, DJe 04/02/2011.
4. Recurso especial provido.
(REsp 1238258/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/04/2011, DJe 15/04/2011)”

Por outro lado, seguem precedentes do STF, que entendem pela legitimidade única do ente lesado para a cobrança tanto do ressarcimento
ao erário como da multa em decisão de TC:

“Agravo regimental no recurso extraordinário. Administrativo. Tribunal de Contas do Estado. Imputação de multa a autoridade municipal.
Execução de título executivo extrajudicial. Impossibilidade. Ausência de legitimidade. Precedentes. 1. O Tribunal Pleno desta Corte, no
julgamento do RE nº 223.037/SE, Relator o Ministro Maurício Corrêa, assentou que somente o ente da Administração Pública prejudicado
possui legitimidade para executar títulos executivos extrajudiciais cujos débitos hajam sido imputados por Cortes de Contas no
desempenho de seu mister constitucional. 2. Agravo regimental não provido.
(RE 525663 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 30/08/2011, DJe-196 DIVULG 11-10-2011 PUBLIC 13-10-
2011 EMENT VOL-02606-02 PP-00197)”

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO ACRE. IRREGULARIDADES NO USO DE
BENS PÚBLICOS. CONDENAÇÃO PATRIMONIAL. COBRANÇA. COMPETÊNCIA. ENTE PÚBLICO BENEFICIÁRIO DA CONDENAÇÃO. 1. Em caso
de multa imposta por Tribunal de Contas Estadual a responsáveis por irregularidades no uso de bens públicos, a ação de
cobrança somente pode ser proposta pelo ente público beneficiário da condenação do TC. Precedente. Agravo regimental a que
se nega provimento.
(RE 510034 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 24/06/2008, DJe-152 DIVULG 14-08-2008 PUBLIC 15-08-
2008 EMENT VOL-02328-06 PP-01151)”

Ao lado da controvérsia acima descrita, a jurisprudência por muito tempo entendeu que tocava apenas ao respectivo ente
público lesado a legitimidade para a cobrança dos recursos (através de procuradoria ou de advogado constituído na
ausência de tal órgão), visto que era vedado que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas exercesse o mister da
cobrança, conforme leading case do STF:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SERGIPE. COMPETÊNCIA PARA EXECUTAR SUAS PRÓPRIAS
DECISÕES: IMPOSSIBILIDADE. NORMA PERMISSIVA CONTIDA NA CARTA ESTADUAL. INCONSTITUCIONALIDADE.
1. As decisões das Cortes de Contas que impõem condenação patrimonial aos responsáveis por irregularidades no uso de bens públicos
têm eficácia de título executivo (CF, artigo 71, § 3º). Não podem, contudo, ser executadas por iniciativa do próprio Tribunal de Contas,
seja diretamente ou por meio do Ministério Público que atua perante ele. Ausência de titularidade, legitimidade e interesse imediato e
concreto. 2. A ação de cobrança somente pode ser proposta pelo ente público beneficiário da condenação imposta pelo Tribunal de Contas,
por intermédio de seus procuradores que atuam junto ao órgão jurisdicional competente.
3. Norma inserida na Constituição do Estado de Sergipe, que permite ao Tribunal de Contas local executar suas próprias decisões (CE,
artigo 68, XI). Competência não contemplada no modelo federal. Declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, por violação ao
princípio da simetria (CF, artigo 75). Recurso extraordinário não conhecido.
(RE 223037, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 02/05/2002, DJ 02-08-2002 PP-00061 EMENT VOL-02076-
06 PP-01061)”

No entanto houve uma evolução jurisprudencial, para entender que haveria uma legitimidade extraordinária/substituição
processual para o ministério público na execução da condenação dos tribunais de contas, haja vista que o texto
constitucional distingue 2 espécies de ministério público: 1) o tradicional (art. 128 da CF/88), e 2) o junto ao tribunal de
contas (art. 130), tocando expressamente ao primeiro a proteção ao patrimônio público (art. 129, III), que não se confunde
com a vedação de representação judicial de entes públicos (art. 129, IX).

Cabe salientar que os primeiros precedentes autorizativos da cobrança da decisão do TC ao MP consignavam expressamente a
condição de inação dos entes políticos, detalhe que vem sendo omitido nos precedentes mais atuais, o que nos leva a crer
que existe verdadeira legitimidade concorrente entre a ordinária do ente político e a extraordinária do MP. Eis ementas:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. TRIBUNAL DE CONTAS. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. EXECUÇÃO. MINISTÉRIO
PÚBLICO ESTADUAL. LEGITIMIDADE.
- Pacífico na Primeira Seção desta Corte Superior o entendimento de que o Ministério Público tem legitimidade para
promover execução de título executivo extrajudicial decorrente de decisão de Tribunal de Contas, ainda que em caráter
excepcional.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1207039/MG, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/09/2011, DJe 14/10/2011)”

“EXECUÇÃO. TÍTULO ORIGINÁRIO DE DECISÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. LEI Nº
8.625/93.
PRECEDENTE DO STF QUE NÃO SE APLICA À HIPÓTESE.
I - O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de execução de título originário dos Tribunais de Contas, não se
confundindo a hipótese com o precedente do STF invocado no aresto recorrido (RE nº 223.037-1/SE, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, DJ de
02.08.02), que cuidava de execução promovida pelo próprio Tribunal de Contas e, de forma hipotética, considerou o nobre relator que
nem mesmo o Ministério Público que atuava junto àquele órgão, por não integrar o Ministério Público ordinário, poderia fazê-lo.
II - Recurso provido.
(REsp 996.031/MG, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/03/2008, DJe 28/04/2008)”

Quanto ao rito a ser seguido para a ação judicial de cobrança, tendo em conta que a decisão do TC já possui eficácia de título
executivo segundo o já transcrito § 3º do art. 71 da CF/88, pode a fazenda pública ou o MP valerem-se da ação de execução
extrajudicial, por quantia certa do próprio CPC (arts. 585, VIII, 646), por serem desnecessárias a inscrição em dívida em
dívida ativa e a respectiva certidão, que são pressuposto para utilização do rito da lei de execução fiscal-LEF (Lei 6.830/80).
Eis precedente:

“PROCESSUAL CIVIL. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.


EXECUÇÃO DE DECISÃO CONDENATÓRIA DO TCU. DESNECESSIDADE DE INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA E CONSEQUENTE
INAPLICABILIDADE DA LEI N. 6.830/80.
1. Não viola o art. 535, II, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada, não estando obrigada a Corte de
origem a emitir juízo de valor expresso a respeito de todas as teses e dispositivos legais invocados pelas partes.
2. Consoante a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte, não se aplica a Lei n. 6.830/80 à execução de decisão condenatória
do Tribunal de Contas da União quando não houver inscrição em dívida ativa. Tais decisões já são títulos executivos extrajudiciais, de
modo que prescindem da emissão de Certidão de Dívida Ativa - CDA, o que determina a adoção do rito do CPC quando o administrador
discricionariamente opta pela não inscrição.
3. Recurso especial provido, em parte, para determinar que a execução prossiga nos moldes do Código de Processo Civil.
(REsp 1295188/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/02/2012, DJe 24/02/2012)”

No entanto, a doutrina pondera que não há óbice que o ente político (e não o MP por não dispor diretamente da gestão da
dívida ativa!) inscreva a decisão em dívida ativa e dotado da respectiva certidão a execute segundo o rito da LEF, caso
entenda mais favorável que o rito preceituado no CPC. Neste sentido: CUNHA, Leonardo José Carneiro. A fazenda pública em juízo.
8. ed. São Paulo: Dialética, 2010, p. 438.

Respondendo o caso concreto: Para o STJ a legitimidade da parcela da condenação do TC referente à imputação de débito (ressarcimento
ao erário) tocaria ao município através da procuradoria e quanto à parcela da multa (sanção) caberia ao estado-membro também através
da procuradoria respectiva. Para o STF, a legitimidade de cobrança tanto da imputação de débito (ressarcimento ao erário) como da multa
(sanção) são do município e não do estado-membro. Alternativamente a legitimidade também tocaria ao MP estadual quanto à
integralidade da condenação do TC, por dispor simultaneamente da curadoria dos patrimônios público estadual e municipal. O rito seria a
execução extrajudicial por quantia certa do CPC pela decisão do TC ser título executivo extrajudicial. Faculta-se apenas ao ente político
legitimado inscrever em dívida ativa a decisão do TC (imputação de débito e/ou multa) para utilização do rito da LEF, vez que o MP não
dispõe de gestão sobre a dívida ativa.
Chácara em área urbana foi objeto de expropriação Ao Poder Público é dado intervir na propriedade alheia ante a ocorrência de situações fáticas que reclamam medidas para garantir a EMAGIS
por utilidade pública. A imissão na posse foi supremacia de interesses gerais sobre interesses específicos. Rodada
autorizada, vindo a se efetivar no primeiro semestre 16.2012
de 2011. Por sua vez, o laudo pericial de avaliação A intervenção pode ser feita de maneira mais branda, sem implicar transferência de propriedade. Com a instituição, por exemplo, de
restou elaborado em março do ano subsequente, servidão administrativa sobre imóvel particular para garantir a instalação de obra pública; ou de limitação administrativa, obrigando
apresentando duas planilhas de cálculo: uma com pessoas a não construírem prédios acima de determinada altura em área próxima a um aeroporto, comprometendo a segurança de pousos
valores correspondentes à época da imissão na e decolagens.
posse; outra com quantias apuradas no momento de
elaboração daquela prova técnica. Indaga-se: qual Não raro, porém, impõe-se a efetivação de ingerência estatal mais drástica, a acarretar alteração na titularidade dominial. Trata-se da
desses dois marcos cronológicos deve ser utilizado desapropriação ou expropriação, instituto suscetível de recair tanto sobre bens de domínio particular como sobre bens de domínio público,
para definir o montante indenizatório da terra nua e contanto que observada, nesse último caso, a regra de verticalidade hierárquica inserta no §2º do art. 2º do Decreto-lei n. 3.365, de
das benfeitorias? Resposta fundamentada em até 20 1941, também cognominado por “Lei Geral de Desapropriações”:
linhas
“Art. 2º. (...) §2º. Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os
dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.”

Diversas podem ser as causas conducentes à deflagração de um procedimento expropriatório. Excetuada a prevista no tocante às glebas
onde “forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas”, em que o proprietário é despojado do domínio “sem qualquer
indenização” (art. 243 da Constituição Federal) – não sendo necessária sequer a expedição de decreto expropriatório –, o que confere ao
ato de despojamento feição mais assemelhada à de um confisco, as desapropriações em geral devem ser acompanhadas do pagamento de
prévia e justa indenização.

Destarte, será em dinheiro o pagamento feito para indenizar o titular de um bem objeto de desapropriação por necessidade pública,
modalidade caracterizada pela presença do elemento da “emergência”. Exemplo disso ocorre quando verificada uma situação de
calamidade pública (art. 5º, “c”, do DL n. 3.365/1941), que para ser acudida torne imprescindível transferir, com a máxima presteza, uma
edificação para o domínio estatal.

Em pecúnia também deve ser o pagamento indenizatório decorrente de desapropriação por utilidade pública. Tal ocorre ante a percepção
de que a incorporação dominial pelo Poder Público, conquanto não indispensável, avulta como a solução mais conveniente. Exemplificando,
tem-se o dispêndio de verba para aquisição de terreno destinado à abertura de uma nova via de locomoção urbana para reduzir o
congestionamento no trânsito (art. 5º, “i”, do DL n. 3.365/1941).

Noutra vertente, há a desapropriação por interesse social. É cabível ante o reconhecimento de que um imóvel (urbano ou rural) não está
sendo utilizado em conformidade com sua função social, devendo por isso mesmo ser retirado do domínio de um proprietário para fruição
por outros membros da coletividade. A Constituição Federal trata dessa modalidade expropriatória ao disciplinar a política urbana,
prevendo-a como a sanção mais grave aplicável pelo Município ao “proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado”
que se recuse a promover “seu adequado aproveitamento”, com estipulação de pagamento em “títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos” (art. 182, §4º, III). Ainda na esteira do texto
constitucional, a desapropriação por interesse social é aplicável para fins de reforma agrária, atingindo propriedades rurais improdutivas,
circunstância em que a indenização será paga em dinheiro somente em relação às benfeitorias úteis e necessárias, exprimindo-se, quanto
ao mais, “em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão” (art. 184).

Para garantia do primado da “justa indenização”, não restrito às desapropriações por necessidade ou utilidade pública, mas igualmente
consagrado no âmbito das expropriações por interesse social – de perfil sancionador –, o pagamento devido à pessoa que tenha algum
bem desapropriado deve ser objeto de correção monetária desde a data da respectiva avaliação até o efetivo recebimento do valor
indenizatório.
Paralelamente, o preço a ser pago por força da desapropriação atrai a incidência de juros sob duas formas. A primeira delas visa a fazer
face ao prejuízo decorrente do atraso no pagamento da indenização, consistindo nos juros moratórios, cujo art. 15-B do DL n. 3.365/1941
(com redação dada pela Medida Provisória n. 2.183-56/2001) fixou no patamar máximo de “seis por cento ao ano, a partir de 1º de
janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição”. A segunda forma de
aplicação de juros é de natureza compensatória. São cabíveis quando houver imissão prévia na posse pela entidade expropriante e restar
verificada, como decidiu o STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 2.332 (Rel. MOREIRA ALVES, publicada em 2.4.2004), diferença
entre 80% do preço inicialmente ofertado em juízo e o valor ao final fixado por sentença em relação ao bem desapropriado. Ainda sobre os
juros compensatórios, cabe anotar que fluem a partir da ocupação, atingindo o patamar de 12% ao ano, conforme assentado na Súmula
n. 618 da Suprema Corte brasileira (“Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% ao ano.”)

Concernente ao parâmetro temporal para definição do valor indenizatório, os arts. 26 do DL n. 3.361/1941 e 12 da Lei n. 8.629/1993
consagram como critério a contemporaneidade com o momento da avaliação. Daí prevalecer na jurisprudência o entendimento de que
essa avaliação, regra geral, é aquela obtida na data da realização da perícia determinada em juízo, a cargo de profissional em posição
presumidamente equidistante em relação às partes. Nesse sentido, mencionam-se arestos do STJ: REsp 957.064, Rel. DENISE ARRUDA,
publicação em 1º.10.2007; REsp 1.035.057, Rel. HERMAN BENJAMIN, publicação em 8.9.2009; REsp 1.176.636, Rel. ELIANA CALMON,
publicação em 17.8.2010. Destaca-se, desse último julgado, o excerto de ementa no ponto em que consigna:

“O valor da indenização, na desapropriação para fins de reforma agrária, deve ser contemporâneo à avaliação, não havendo determinação
legal obrigando a adoção do valor do imóvel na data da imissão provisória na posse.”

Decerto que o órgão julgador, amparado pelo disposto no art. 436 do Código de Processo Civil (“O juiz não está adstrito ao laudo pericial,
podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos”), pode excepcionalmente vir a concluir no sentido de
que a avaliação pericial não merece acolhida por circunstâncias como: a) apuração de preço superestimado, completamente dissociado da
realidade de mercado do imóvel; b) apuração de preço muito subestimado, a revelar análise incompleta de dados do bem; c) prazo muito
longo entre o início do processo expropriatório e a elaboração do laudo pericial, com indicativos de que a prova técnica passou ao largo de
refletir o quadro fático existente (em especial no tocante às benfeitorias) por ocasião da avaliação administrativa feita em época mais
remota. Deparando com peculiaridades desse tipo, e mediante fundamentação idônea, admite-se que o dirigente do processo possa
determinar a realização de nova perícia, acolher parecer elaborado por assistente técnico indicado por uma das partes ou até mesmo
adotar como referencial de avaliação o levantamento feito na fase administrativa pelo ente expropriante.

É legítimo que concessionária de serviço público A matéria foi objeto de 2 recursos repetitivos no STJ (REsp´s 976.836/RS e 1.185.070/RS), nos quais se entendeu pela legitimidade da EMAGIS
repasse para os consumidores o ônus econômico de prática de repasse do ônus financeiro do ICMS e do PIS/COFINS por empresas de telefonia e energia elétrica aos consumidores. Eis a Rodada
impostos e contribuições a seu cargo - dos quais a ementa do último julgado: 17.2012
concessionária é contribuinte de direito e os
consumidores são contribuintes de fato - de forma “ADMINISTRATIVO. SERVIÇO PÚBLICO CONCEDIDO. ENERGIA ELÉTRICA. TARIFA. REPASSE DAS CONTRIBUIÇÕES DO PIS E DA COFINS.
discriminada na fatura, com o valor total LEGITIMIDADE. 1. É legítimo o repasse às tarifas de energia elétrica do valor correspondente ao pagamento da Contribuição de Integração
contemplando além da própria tarifa (preço público) Social - PIS e da Contribuição para financiamento da Seguridade Social - COFINS devido pela concessionária. 2. Recurso Especial
também o valor das exações incidentes (tributos)? improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (REsp 1185070/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO
ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/09/2010, DJe 27/09/2010)”

O argumento é, basicamente, pelo valor dos tributos integrar a própria tarifa dos serviços públicos, pois o preço público que é a tarifa
paga pelo usuário seria composto da seguinte forma: tarifa bruta = tarifa líquida + ICMS + PIS + COFINS. O destaque em separado e
repasse dos valores dos tributos permitiria efetuar uma revisão automática de parte da tarifa no caso de aumento ou diminuição de
tributos, assegurando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão de serviço público, sem lesar o
consumidor, que teria o direito à informação assegurado pela transparência nos valores da composição da tarifa.

Em apertada síntese, foram estes os argumentos do STJ:

A relação entre a concessionária e o usuário é regida pelo direito do consumidor e não pelo direito tributário. Já a relação entre poder
concedente e concessionária é uma relação de direito administrativo, distinta ainda da relação tributária que existe entre a concessionária
e o respectivo fisco (estadual ou federal). Assim, a legalidade ou não do repasse de tributos há de ser perquirida primariamente na lei
administrativa que ensejou a concessão do serviço público, e não na lei consumeirista nem na lei tributária.

A relação de direito administrativo prevê o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos e estipula expressamente que a
alteração da carga tributária incidente na atividade repercute no aludido equilíbrio, autorizando a revisão da tarifa conforme dispõe o art.
65, §§ 5º e 8º, da Lei 8.666/93:

“Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
§ 5o Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais,
quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a
revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso.

§ 8o A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações,
compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de
dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser
registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento.”

A própria legislação da concessão de serviços públicos define a repercussão econômica dos tributos devidos pela concessionária como
integrante do próprio valor da tarifa aos usuários:

“Lei. 8.987/95 (Lei de Concessão e Permissão de Serviços Públicos)


Art. 9o A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de
revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato.
§ 2o Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro.
§ 3o Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a
apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o
caso.
§ 4o Em havendo alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder concedente deverá
restabelecê-lo, concomitantemente à alteração.”

“Lei 9.472/97 (Lei Geral das Telecomunicações)


Art. 108. Os mecanismos para reajuste e revisão das tarifas serão previstos nos contratos de concessão, observando-se, no que
couber, a legislação específica.
§ 3° Serão transferidos integralmente aos usuários os ganhos econômicos que não decorram diretamente da eficiência empresarial,
em casos como os de diminuição de tributos ou encargos legais e de novas regras sobre os serviços.
§ 4º A oneração causada por novas regras sobre os serviços, pela álea econômica extraordinária, bem como pelo aumento dos
encargos legais ou tributos, salvo o imposto sobre a renda, implicará a revisão do contrato.”

É dizer: o custo tributário é um dos elementos integrantes na definição do preço público que é a tarifa, autorizando que a concessionária
repasse para os consumidores o ônus econômico dos tributos de que é contribuinte e que incidam diretamente sobre o serviço público.

Seria uma forma de revisão automática da própria tarifa com base no princípio da eficiência administrativa, como meio de manter o
equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão de serviços públicos, nos casos de majoração de tributos, bem como de
assegurar a modicidade tarifária, na hipótese de minoração dos tributos.

A única ressalva posta pela legislação é em relação ao imposto de renda (IR), que não se relaciona diretamente nem reflexamente
com a atividade licitada, não tendo um vínculo direto entre o encargo tributário e a prestação do serviço público, pois o IR incide sobre o
resultado das atividades empresariais, consideradas globalmente, não havendo relação direta de causalidade que caracterize o
rompimento do equilíbrio econômico-financeiro. Neste sentido: JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. 12. ed. São Paulo: Dialética, 2008, p. 723).

Assim, como o próprio direito administrativo autoriza que a variação da carga tributária que incida direta ou reflexamente sobre o serviço
público concedido possa desencadear a revisão automática das tarifas, não há ilegalidade em seu repasse financeiro aos consumidores,
desde que respeitadas as demais normas do CDC.

Sob a ótica do direito do consumidor, haveria o dever de as concessionárias de serviços públicos informarem o consumidor dos valores que
compõem as tarifas de serviços públicos, dentre os quais os tributos que juntamente com a tarifa líquida compõem a tarifa bruta
efetivamente paga pelo usuário (tarifa bruta = tarifa líquida + ICMS + PIS + COFINS).

Tal obrigação deriva dos arts. 6º, III, e 31 do CDC:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em
língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem,
entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.”

Cremos que o seguinte trecho do voto do relator do REsp 1.185.070/RS bem resume o aqui exposto:

“(...) é importante observar que a alteração na forma de cobrança dos tributos contribuiu para aumentar a transparência na relação da
concessionária com seus consumidores, explicitando a fatura cobrada dos consumidores. Isso porque, ao se estender ao PIS/PASEP e a
COFINS o mesmo tratamento conferido ao ICMS, o concessionário deixa de ter cobertura na tarifa para fazer frente ao pagamento desses
tributos, devendo, por outro lado, informar à ANEEL e à sociedade quanto necessita cobrar nas faturas para honrar essas obrigações
perante o Fisco. Essa necessidade de informação confere maior transparência nas relações entre os concessionários e os seus
consumidores usuários. A sociedade, como um todo, passa a ter mais acesso a informações nas faturas de energia elétrica, pois, tal como
ocorre com o ICMS, o custo que a empresa incorreu com o pagamento desses tributos que incidem sobre o serviço concedido vem
devidamente discriminado na fatura. Nessa perspectiva, a alteração confere maior efetividade ao direito do consumidor de receber
informações claras e adequadas sobre os custos que compõem o serviço de distribuição de energia elétrica. Entretanto, apesar de trazer
claramente o valor dos tributos na fatura, cumpre mencionar que a alteração legislativa não teve o intuito de retirar o seu valor do preço
final a ser pago pelo consumidor.
Com efeito, ainda que inseridos no valor da tarifa de energia, o PIS/PASEP e a COFINS sempre foram cobrados dos consumidores de
energia elétrica. Assim, a alteração implementada pela ANEEL teve por escopo melhor informar os consumidores acerca dos custos
efetivamente incorridos para a prestação do serviço de distribuição de energia elétrica, sem, no entanto, retirar o valor dos tributos do
preço a ser pago pelo usuário do serviço, sob pena de causar desequilíbrio econômico-financeiro ao contrato de concessão.”

ver REsp 976.836/RS


Prefeito de uma cidade média da Região Norte é Da pessoa que vem a ser eleita ou nomeada para exercer, em caráter efetivo ou sob forma comissionada, cargo, emprego ou função na EMAGIS
dono de imóvel urbano não edificado. Ciente de que Administração Pública, a Carta da República de 1988 estabeleceu ser de observância inarredável o princípio da moralidade (art. 37, caput). - Rodada
dezenas de casas populares serão construídas em O escopo visado com a imposição desse princípio foi enfatizar que o adequado trato da coisa pública não é obtido unicamente por meio da 19.2012
breve com recursos federais, ele não hesita e se
aplicação estrita e acrítica de uma profusão de comandos normativos. Muito mais que o cumprimento literal da legislação, impõe-se a todo
apressa a montar um estabelecimento empresarial
em seu terreno, ficando a gerência a cargo de seus aquele que desempenha uma atividade administrativa o compromisso de não colocá-la em posição subalterna a interesses de ordem
filhos maiores. A finalidade é a venda de materiais particular, de não agir desleal e desonestamente ao planejar e promover a gestão do patrimônio público, de não se portar ao arrepio do
para construção civil. O novo estabelecimento fica decoro nas relações constituídas em nome da instituição que representa. A finalidade de tudo isso é assegurar a sedimentação de práticas
bem próximo do futuro conjunto habitacional conducentes ao funcionamento cada vez mais otimizado da máquina estatal. Práticas que, em última análise, impliquem resultados
popular. A expectativa de lucro é auspiciosa. A ponto salutares ao interesse público, revelando adequação ao postulado da boa-fé objetiva.
de o prefeito em questão envidar diligências no A Súmula Vinculante n. 13, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal em 21 de agosto de 2008, ao refrear o nepotismo na dinâmica de
sentido de que a verba seja liberada com a máxima
provimento de cargos e funções de livre nomeação e exoneração, teve no princípio da moralidade um dos pilares justificadores de sua
rapidez possível pelo Governo Federal. Analise, à luz
do princípio da moralidade administrativa, a postura edição. Eis o entendimento cristalizado no aludido verbete sumular:
assumida pelo governante municipal. “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo
em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal.”
Por sua vez, o ordenamento positivo brasileiro alberga mecanismos hábeis à fulminação de atos contrários à moralidade administrativa.
A ação popular é um desses mecanismos. De extração constitucional (art. 5º, LXXIII), manejável por qualquer cidadão, sem contrapartida
de custas judiciais e não sujeita a ônus de sucumbência (exceto se evidenciada a má-fé de quem a propôs), está disciplinada na Lei n.
4.717/1965. Em meio aos atos que ela é apta a anular estão os maculados por “desvio de finalidade”, ocorrente, nos termos da dicção
desse diploma infraconstitucional, “quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na
regra de competência” (art. 2º, p. único, alínea “e”).
A ação de improbidade administrativa, regulada pela Lei n. 8.429/1992, é outro meio previsto para assegurar o acatamento da
moralidade, sendo aplicável não apenas aos agentes públicos, mas também a todo aquele que, embora não exercendo cargo, emprego ou
função estatal,“induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta” (art.
3º). A lei em comento enquadra os atos ímprobos em três grupos, a saber: i) geradores de enriquecimento ilícito (art. 9º); ii) causadores
de prejuízo ao erário (art. 10); iii) atentatórios aos princípios da Administração Pública (art. 11). Nessa última vertente, alude
expressamente à ação ou omissão violadora dos “deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições”.
A situação ora trazida para debate acarretou, como era de esperar, pronunciamentos em dois sentidos bem distintos. Boa parte das
respostas foi enfática em aduzir que a postura do agente público violou frontalmente o princípio da moralidade administrativa.
Independente de ter havido ou não a transgressão específica e direta de um preceito legal, assinalou-se que a conduta do governante
municipal era passível de enquadramento na Lei n. 8.429/1992. Ele teria agido com dolo genérico (ao se valer do cargo com intuito de
obter vantagem pessoal), ferido regras basilares de boa administração (ao colocar o interesse particular acima do interesse público), sido
desonesto (ao designar familiares para gerir loja de sua propriedade com perspectiva de faturamento a partir da instalação de casas
populares) e faltado com o decoro (quando se mobilizou para acelerar a liberação de verba pública federal para concretização do novo
conjunto habitacional).
Em vertente diametralmente oposta, um número expressivo de respostas ponderou não ter havido, a rigor, ofensa à moralidade
administrativa. Quando muito, as circunstâncias apresentadas seriam censuráveis sob o aspecto da moral comum, compreendida numa
dimensão mais dilatada. Mas não a ponto de, juridicamente considerando, embasar a subsunção da conduta do administrador em ato
caracterizador de improbidade administrativa.
Sem embargo da plausibilidade presente no raciocínio dos que sustentaram a violação da moralidade administrativa, o caso posto à
reflexão não atentou, a nosso ver, contra o núcleo desse princípio de magnitude constitucional. A instalação do conjunto habitacional
resultou de deliberação tomada por outra unidade federada (a União). Não se vislumbrava motivo para que tal deliberação estivesse ou
devesse permanecer sob cláusula de sigilo. Ao contrário, é razoável supor, por melhor se coadunar com a diretriz de transparência cada
vez mais reconhecida como balizamento das ações estatais, que as construções residenciais custeadas com recursos do governo federal
estavam prestes a começar. A ciência por parte do gestor municipal, portanto, não poderia ser considerada como fruto de “informação
privilegiada”. Não bastasse, com ou sem o empenho desse gestor, a instalação do empreendimento habitacional sobreviria mais dia menos
dia. Muito embora sua intenção principal em diligenciar para que a verba pública federal fosse liberada com mais presteza não fosse
louvável – sendo até cabível acoimá-la de contrária à boa-fé subjetiva –, o comportamento exteriorizado revelou-se conforme à boa-fé
objetiva, a que mais interessa para o Direito Administrativo. Isso porque, na prática, ateve-se a uma mobilização em prol de obra pública
que, em última análise, redundaria em benefício direto para a população do município por ele administrado. De resto, seu senso de
oportunismo não teria o condão de implicar desvio ou mau uso de dinheiro público. O erário (nem federal nem municipal) não sairia,
portanto, prejudicado. Tampouco o dinheiro espontaneamente desembolsado por particulares interessados em adquirir, de um
estabelecimento particular, materiais de construção para incorporar acessões ou benfeitorias, nas casas do conjunto habitacional onde
passassem a residir, poderia ser apontado como fonte de enriquecimento ilícito do titular daquela unidade empresarial.
Valendo-se da chamada “teoria dos círculos secantes”, concebida pelo francês Claude Du Pasquier para tratar das imbricações
entre os planos moral e jurídico, é pertinente assentar que a conduta do prefeito em questão é digna de repúdio sob o
ângulo da moral comum. Mas não comporta, entretanto, ser invalidada em juízo, escapando ao alcance dos lindes
estritamente jurídicos, em especial do raio de incidência da Lei de Improbidade Administrativa.
O que não quer dizer, evocando aqui ponderação feita por MARIA SYLVIA DI PIETRO (“Direito Administrativo”, 17ª ed., p. 80) com base no
magistério de Agustín Gordillo, que a opinião pública, a participação popular, o juízo crítico da coletividade não possam se mobilizar, por
moções de censura ou pela força do voto, visando à superação do que doutrinariamente se identifica como “moral paralela”, advinda de
uma administração também “paralela”, mazela caracterizada pelo exercício de atos que “atentam contra o senso comum de honestidade e
de justiça”.
Seria legítimo que um estado-membro licitasse, com As disponibilidades de caixa da União Federal serão depositadas obrigatoriamente no BACEN, já as dos estados, DF e EMAGIS
a possibilidade de habilitação de bancos privados, os municípios e das empresas estatais deverão ficar custodiadas em instituições financeiras oficiais. É o que dispõem o art. 164, § Rodada
serviços bancários de: 1) custódia da disponibilidade 3º, da CF/88 e o art. 43, caput, da LRF: 22.2012
de caixa da conta única do Estado, e também, 2)
gestão dos pagamentos a fornecedores e 3) “Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central.
administração da folha de pagamento dos servidores § 3º - As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos
públicos? órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos
previstos em lei.”

“Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas conforme estabelece o § 3o do art. 164 da Constituição.”

Interpretando os dispositivos, a doutrina entende o termo ‘oficiais’ como sinônimo de bancos estatais, em oposição a bancos privados. É
dizer, oficiais são aqueles controlados pelo poder público e que assumem a forma jurídica empresa pública ou sociedade de economia
mista, abarcando as respectivas subsidiárias integrais. Observe-se:

“Instituição oficial é apenas a estatal. Não é a que obtém o credenciamento do Banco Central para funcionamento. Todos os ativos
financeiros dos entes federativos apenas podem ser depositados em estabelecimentos oficial de crédito, o que vale dizer, banco estatal.”
(OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Curso de direito financeiro. 4. ed. São Paulo: RT, 2011, pp. 539-540)

Tal posicionamento foi também o adotado pelo Supremo Tribunal Federal, ao menos em sede de liminar, quando concluiu pela
provável inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do art. 4º da MPr 2.192-70/2001. A aludida medida provisória versava sobre “a redução da
presença do setor público estadual na atividade financeira bancária” e “sobre a privatização de instituições financeiras”. O dispositivo legal
inválido restou assim vazado:

“Art. 4º (...).
§ 1º As disponibilidades de caixa dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou das entidades do poder público e
empresas por eles controladas poderão ser depositadas em instituição financeira submetida a processo de privatização ou na instituição
financeira adquirente do seu controle acionário, até o final do exercício de 2010.
§ 2º A transferência das disponibilidades de caixa para instituição financeira oficial, na hipótese de que trata o § 1o, deverá seguir
cronograma aprovado pelo Banco Central do Brasil, consoante critérios estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional.”

Quanto aos motivos que levaram ao STF concluir pela inconstitucionalidade, cremos que a ementa da medida cautelar na ADI é
autoexplicativa:

“I. Medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade: caso de excepcional urgência, que autoriza a decisão liminar sem audiência
dos partícipes da edição das normas questionadas (LADIn, art. 10, § 3º), dada a iminência do leilão de privatização do controle de
instituição financeira, cujo resultado poderia vir a ser comprometido com a concessão posterior da medida cautelar. II. Desestatização de
empresas públicas e sociedades de economia mista: alegação de exigência constitucional de autorização legislativa específica, que - contra
o voto do relator - o Supremo Tribunal tem rejeitado; caso concreto, ademais, no qual a transferência do controle da instituição financeira,
do Estado-membro para a União, foi autorizada por lei estadual (conforme exigência do art. 4º, I, a, da MPr 2.192-70/01 - PROES) e a
subseqüente privatização pela União constitui a finalidade legal específica de toda a operação; indeferimento da medida cautelar com
relação ao art. 3º, I, da MPr 2.192-70/01, e ao art. 2º, I, II e IV, da L. 9.491/97. III. Desestatização: manutenção na instituição financeira
privatizada das disponibilidades de caixa da administração pública do Estado que detinha o seu controle acionário (MPr 2.192-70/01, art.
4º, § 1º), assim como dos depósitos judiciais (MPr 2.192-70/01, art. 29): autorização genérica, cuja constitucionalidade - não obstante
emanada de diploma legislativo federal - é objeto de questionamento de densa plausibilidade, à vista do princípio da moralidade - como
aventado em precedentes do Tribunal (ADIn 2.600-MC e ADIn 2.661-MC) - e do próprio art. 164, § 3º, da Constituição - que não
permitiria à lei, ainda que federal, abrir exceção tão ampla à regra geral, que é a de depósitos da disponibilidade de caixa da
Administração Pública em instituições financeiras oficiais; aparente violação, por fim, da exigência constitucional de licitação (CF, art. 37,
XXI); ocorrência do periculum in mora: deferimento da medida cautelar para suspender ex nunc a eficácia dos arts. 4º, § 1º, e 29 e
parágrafo único do ato normativo questionado (MPr 2.192/70/01).”
(ADI 3578 MC, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 14/09/2005, DJ 24-02-2006 PP-00006 EMENT VOL-
02222-01 PP-00182)

O mesmo posicionamento do pretório excelso foi adotado também em medida cautelar em ADI contra dispositivo da Constituição Estadual
do Espírito Santo que autorizava o depósito das disponibilidades de caixa na instituição vencedora da privatização do banco estatal. Eis a
ementa:

“Ação direta de inconstitucionalidade. Medida cautelar. Artigo 3º da Emenda Constitucional nº 37, do Estado do Espírito Santo. Nova
redação conferida ao art. 148 da Constituição Estadual, determinando que as disponibilidades de caixa do Estado, bem como as dos
órgãos ou entidades do Poder Público Estadual e das empresas por ele controladas, sejam depositadas na instituição financeira que vier a
possuir a maioria do capital social do BANESTES, decorrente de sua privatização, na forma definida em lei. Aparente ofensa ao disposto no
art. 164, § 3º da Constituição, segundo o qual as disponibilidades financeiras de Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como as dos
órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, devem ser depositadas em instituições financeiras oficiais,
ressalvados os casos previstos em lei. Tal lei exceptiva há que ser a lei ordinária federal, de caráter nacional. Existência, na Lei
Complementar federal nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), de previsão segundo a qual as disponibilidades de caixa dos entes da
Federação serão depositadas conforme estabelece o § 3º do art. 164 da Constituição (art. 43, caput). Ofensa, ademais, ao princípio da
moralidade previsto no artigo 37, caput da Carta Política. Medida cautelar deferida.”
(ADI 2600 MC, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 24/04/2002, DJ 25-10-2002 PP-00024 EMENT VOL-02088-01
PP-00197)

É importante salientar que a intelecção do art. 164, § 3º, da CF/88 não compreende os demais serviços bancários utilizados pelos entes
públicos. É dizer, a ‘gestão dos pagamentos a fornecedores’ e a ‘administração da folha de pagamento dos servidores’ públicos não se
confundem com o ‘depósito das disponibilidades de caixa’.

A razão é a de que o beneficiário da prestação de serviços de pagamento a fornecedores e da remuneração dos servidores não é o próprio
ente político, mas os seus credores: os fornecedores e os servidores.

Tais serviços bancários diversos da custódia dos depósitos da conta única podem ser prestados por instituição pública oficial do próprio
ente político ou mesmo serem licitados, inclusive a instituições privadas.

Foi o que entendeu o STF quando analisou impugnação ao edital de privatização do Banco do Estado do Ceará, que licitava a gestão de
pagamentos dos fornecedores e da folha dos servidores para bancos privados. Eis a ementa:

“CONSTITUCIONAL. ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS: DISPONIBILIDADE DE CAIXA: DEPÓSITO EM INSTITUIÇÕES


FINANCEIRAS OFICIAIS. CF, ART. 164, § 3º. SERVIDORES PÚBLICOS: CRÉDITO DA FOLHA DE PAGAMENTO EM CONTA EM BRANCO
PRIVADO: INOCORRÊNCIA DE OFENSA AO ART. 164, § 3º, CF.”
(Rcl 3872 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em
14/12/2005, DJ 12-05-2006 PP-00005 EMENT VOL-02232-02 PP-00242 LEXSTF v. 28, n. 330, 2006, p. 138-160)

Em síntese: a distinção adotada pelo STF é a de que os recursos da folha dos servidores e do pagamento dos fornecedores não são
públicos, mas privados, por pertencerem aos próprios particulares. Caso contrário o pagamento de todos os servidores da União deveria
ser promovido por intermédio do BACEN, o que não é o caso.

Nas palavras do voto-vista do Min. Eros Grau na Rcl 3872 AgR: “os recursos atribuídos a pagamentos a fornecedores do Estado e da
remuneração dos servidores do Estado não constituem mais disponibilidades de caixa dos Estados, vale dizer, dinheiro ainda não afetado a
determinado fim. Tais recursos já estão afetados a esses pagamentos; evidentemente já não podem ser concebidos como disponibilidades
de caixa.”

Cita-se também o decidido em recurso extraordinário, em que o argumento supra foi exposto pelo Min. Carlos Veloso:

“CONSTITUCIONAL. ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS: DISPONIBILIDADE DE CAIXA: DEPÓSITO EM INSTITUIÇÕES


FINANCEIRAS OFICIAIS. CF, ART. 164, § 3º. SERVIDORES MUNICIPAIS: CRÉDITO DA FOLHA DE PAGAMENTO EM CONTA EM BANCO
PRIVADO: INOCORRÊNCIA DE OFENSA AO ART. 164, § 3º, CF. NEGATIVA DE SEGUIMENTO AO RE.
(...)
7. É que, disponibilidade de caixa não se confunde com depósito bancário de salário, vencimento ou remuneração de servidor público,
sendo certo que, enquanto a disponibilidade de caixa se traduz nos valores pecuniários de propriedade do ente da federação, os aludidos
depósitos constituem autênticos pagamentos de despesas, conforme previsto no artigo 13 da Lei 4.320/64. 8. Como se observa, as
disponibilidades de caixa é que se encontram disciplinadas pelo artigo 164, § 3º da Constituição Federal, que nada dispõe sobre a natureza
jurídica, se pública ou não, da instituição financeira em que as despesas estatais, dentre elas a de custeio com pessoal, deverão ser
realizadas. 9. Destarte, nada obsta que o Estado desloque de sua disponibilidade de caixa, depositada em instituição oficial, 'ressalvados
os casos previstos em lei', valores para instituição financeira privada com o fim de satisfazer despesas com seu pessoal, como ocorrido no
caso dos autos, desmerecendo reforma, portanto, o acórdão impugnado, vez que proferido na mesma linha desse entendimento.”
(RE 444056, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, julgado em 03/10/2005, publicado em DJ 17/10/2005 PP-00104)

Respondendo o enunciado da questão, não seria possível a habilitação de bancos privados na licitação que tenha por objeto a
‘disponibilidade de caixa da conta única do Estado’, embora seja possível, em tese, a habilitação de bancos públicos oficiais.
Quanto à ‘gestão dos pagamentos a fornecedores’ e à ‘administração da folha de pagamento dos servidores públicos’ seria
possível a habilitação tanto de bancos privados como bancos públicos oficiais na licitação que tenha tais objetos.
Ato administrativo concedendo aposentadoria a um É de extração diretamente constitucional a competência dos Tribunais de Contas para exercer o controle externo da legalidade dos atos EMAGIS
servidor público federal de boa-fé foi publicado no concessórios de aposentadoria. Está contida na parte final do inciso III do art. 71 da Lei Fundamental promulgada em 1988, sendo de Rodada
ano de 2006. Em 2012, no entanto, o TCU, ao reprodução obrigatória no bojo das Constituições Estaduais. Eis o que diz: 22.2012
apreciar a legalidade do ato de aposentação, decide
não registrá-lo por constatar eiva de nulidade.
Notificado da decisão tomada pelo órgão de controle “Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
externo, aquele servidor alega que ela é compete:
insustentável ante o decurso do prazo decadencial (...)
previsto no art. 54 da Lei n. 9.784, de 1999. Tal III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta,
alegação merece prosperar? incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem
como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal
do ato concessório;” (sem grifos no original)

A manifestação do Tribunal de Contas pelo cabimento ou não do registro da aposentadoria constitui etapa autônoma e necessária no ciclo
de aperfeiçoamento do ato que transfere o servidor público para a inatividade. É precedida de outra manifestação, igualmente autônoma e
necessária, emanada do ente estatal onde esse mesmo servidor vinha desempenhando seu labor. Da conjugação de ambas as
manifestações resulta a vontade administrativa final, assentando a legalidade ou não da aposentadoria. Daí a pertinência em dizer que o
ato de aposentação se enquadra na categoria dos “atos complexos”, conceituados por JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO como
“aqueles cuja vontade final da Administração exige a intervenção de agentes ou órgãos diversos, havendo certa autonomia, ou conteúdo
próprio, em cada uma das manifestações” (“Manual de Direito Administrativo”, 14. ed., p. 112). Tal categoria, é oportuno lembrar,
distingue-se da identificada sob a nomenclatura de “atos compostos”, pois neste último caso há uma vontade principal, nuclear,
complementada por outra vontade de conteúdo apenas instrumental, acessório, destinada unicamente a confirmar o acerto daquele
primeiro ato volitivo e, assim, conferir-lhe eficácia. Bem ilustra a ocorrência de ato composto a aposição do visto de autoridade
hierarquicamente superior que ratifica uma autorização dada para suspender a circulação de veículos em algumas ruas da cidade, com a
finalidade de propiciar a realização de maratona marcada para um dia de domingo.

Ainda considerando a dicotomia entre “atos complexos” e “atos compostos”, calha mencionar a crítica que JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO
FILHO (ob. cit., p. 113) faz quanto ao uso terminológico dessas duas expressões:

“Se meditarmos com serenidade, veremos que não é o ato que é complexo ou composto; a vontade-fim da Administração é que exige
vários atos no processo de formação da vontade final. (...) Melhor, então, firmar a conclusão de que há certas vontades administrativas
que somente consumam seu ciclo de formação se mais de um ato-meio for praticado em tal processo.” (grifos no original)

Dito isso, tem-se como assente na atual quadra a compreensão de que o prazo decadencial de 5 anos, estabelecido para a Administração
anular “atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários” (art. 54 da Lei n. 9.784/1999), não flui no período
que medeia o ato inicial de concessão de aposentadoria, pensão ou reforma e o julgamento acerca de sua legalidade pelo Tribunal de
Contas. Noutras palavras, não se opera a decadência antes de manifestada a vontade final da Administração em relação à aposentadoria,
pensão ou reforma, circunstância que somente ocorre com a publicação na imprensa oficial do registro feito em decorrência do exercício
do controle externo previsto no art. 71, III, do texto constitucional.

Impende reproduzir, no ponto que de perto interessa, ementa do órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro, elaborada com base em
acórdão de plenário sob a relatoria da Ministra CÁRMEN LÚCIA:
“O Supremo Tribunal Federal pacificou entendimento de que, sendo a aposentadoria ato complexo, que só se aperfeiçoa com o registro no
Tribunal de Contas da União, o prazo decadencial da Lei n. 9.784/99 tem início a partir de sua publicação. Aposentadoria do Impetrante
não registrada: inocorrência da decadência administrativa. – A redução de proventos de aposentadoria, quando concedida em desacordo
com a lei, não ofende o princípio da irredutibilidade de vencimentos. Precedentes.” (MS 25.552, com publicação em 30.5.2008)

O fator temporal influi, todavia, na avaliação da necessidade ou não de observância dos postulados constitucionais da ampla
defesa e do contraditório. Assim, se o controle de legalidade pelo Tribunal de Contas em relação ao ato concessório inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão ocorrer nos primeiros cinco anos contados da data em que o processo administrativo remetido pelo
órgão de origem foi recebido naquela Corte, descabe assegurar oportunidade para o direito à ampla defesa e ao contraditório. Incide nessa
hipótese a exceção contida ao final da Súmula Vinculante n. 3 do STF (“Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-
se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o
interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão”). Por outro lado, se a
manifestação conclusiva do controle externo somente ocorrer após o decurso de mais de um quinquênio do recebimento do processo
administrativo pelo Tribunal de Contas, o respeito às garantias do contraditório e da ampla defesa exsurge imperativo. Confira-se, a
propósito, precedente do STF da lavra do Ministro AYRES BRITTO:

“O prazo de cinco anos é de ser aplicado aos processos de contas que tenham por objeto o exame de legalidade dos atos concessivos de
aposentadorias, reformas e pensões. Transcorrido in albis o interregno quinquenal, a contar da submissão do ato ao TCU, é que se deve
convocar os particulares para participarem do processo de seu interesse, a fim de desfrutar das garantias constitucionais do contraditório e
da ampla defesa (inciso LV do art. 5º).” (MS 28.520, com publicação em 2.4.2012)

Em todo caso, se verificado que a percepção de proventos ou de pensão contraria algum mandamento constitucional ou
infraconstitucional, há de ser levada em conta a boa-fé do servidor ou pensionista durante o período de recebimento daquelas verbas de
natureza alimentar. Daí a razão pela qual o beneficiário fica, em princípio, desobrigado de devolvê-las ao erário, estando amparado pela
Súmula n. 106 do TCU, cujo teor segue reproduzido: “O julgamento, pela ilegalidade, das concessões de reforma, aposentadoria e pensão,
não implica por si só a obrigatoriedade da reposição das importâncias já recebidas de boa-fé, até a data do conhecimento da decisão pelo
órgão competente”. A rigor, somente ficará submetido ao dever de repetição do indébito se restar evidenciado que incorreu de maneira
consciente e voluntária em atitude de inegável imoralidade.

Diverso é o raciocínio quando o registro proclamando a legalidade da aposentadoria, reforma ou pensão é publicado e sobrevém a
passagem de prazo superior a um lustro. Ocorrente essa situação, o entendimento jurisprudencial apóia-se nos postulados da confiança e
da segurança jurídica para assinalar que a anulação esbarra na barreira temporal erigida pelo art. 54 da Lei n. 9.784/1999. A exemplificar
está a síntese de julgado do Pretório Excelso que acompanhou o voto do Ministro MARCO AURÉLIO:

“APOSENTADORIA. REGISTRO. REVISÃO. ATO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. LEI N. 9.784/99. ADEQUAÇÃO. – Em se tratando de
ato do Tribunal de Contas da União a alterar situação administrativa constituída, incide o prazo quinquenal previsto no artigo 54 da Lei n.
9.784/1999.” (MS 26.872, com publicação em 5.8.2010) disse menos do que a idéia que se presidiu à elaboração do conteúdo.

.Principais pontos - resolução de sentenças

Improbidade Prescrição Nos termos do art. 23, inc. I, da Lei n. 8.437/92, as ações de improbidade administrativa prescrevem no prazo de cinco anos após o término do exercício de cargo em comissão.
Administrativa Considerando que o réu José Salustiano foi exonerado do cargo em comissão em 31/12/2000 e que a ação foi proposta em 07/01/2004, verifico que não decorreu o lustro
prescricional.
Aprovação pelo TCU. Sustentam as rés serem questões impeditivas de apreciação de mérito o fato de as contas municipais de 1997 a 1999 terem sido aprovadas pelo Poder Legislativo Municipal, assim
Inafastabilidade do P. como o fato de o Tribunal de Contas da União ter considerado regulares os contratos.
Jud. Segundo o art. 21, inc. II, da Lei de Improbidade Administrativa, a aplicação das sanções independe da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo
Tribunal ou Conselho de Contas.
A exegese que se permite fazer de tal dispositivo é de que o legislador não quis afastar qualquer ato da apreciação do Poder Judiciário, de forma consentânea ao princípio
constitucional da inafastabilidade do Poder Judiciário, bem como em homenagem ao princípio da separação dos poderes.
Destaque-se que a menção a “contas” no dispositivo também abarca a aprovação de contratos, pois a ratio legis foi abranger todos os instrumentos jurídicos que sejam passíveis de
atos de improbidade administrativa.
Além disso, tal dispositivo também deve ser aplicado, por analogia, à aprovação de contas pela Câmara Municipal, em homenagem aos dois aludidos princípios constitucionais.
Isto posto, concluo que o fato de as contas municipais e os contratos terem sido aprovados pela Câmara Municipal e pelo TCU, respectivamente, não é óbice para a análise do mérito
da presente demanda.
Desapropriaçã Oposição Em obediência ao art. 61 do CPC, passo, primeiramente, à análise da oposição interposta por Eugênio Piacentinni de Abreu e Marta Conceição de Abreu.
o O cabimento da oposição, no curso da desapropriação, não tem sido aceito, em virtude do disposto no art. 31 do Dec. 3.365/41, nos seguintes termos:
para reforma
agrária “Art. 31. Ficam subrogados no preço quaisquer ônus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado.”

Por força desse dispositivo, o entendimento que prevalece é de que o terceiro, ao invés de interpor a oposição, deve se habilitar no processo expropriatório, com o anseio de receber a
indenização.
Ante o exposto, por ser incabível esta modalidade de intervenção de terceiros, julgo extinta a oposição sem resolução do mérito, consoante o art. 267, IX, do CPC.
Desapropriação para Não se deve conhecer do pedido de reconhecimento judicial de inexistência do interesse social motivador da expedição do Decreto Declaratório relativo ao imóvel desapropriando,
reforma agrária - formulado pela parte demandada. É que, nos termos do art. 9º da Lei Complementar nº 76/93, não é dado ao réu expropriando arguir em sua contestação a falta do interesse social
impossibilidade de declarado. O dispositivo, entendido como válido pela doutrina e pela jurisprudência amplamente majoritária, institui para o rito próprio das ações de desapropriação para fins de
apreciação do interesse
reforma agrária uma espécie de "cognoscibilidade horizontalmente limitada", pois retira do campo fático-jurídico apreciável pelo magistrado condutor do feito parcela da matéria em
social
tese cognoscível. Em respeito ao princípio da universalidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, CF/88), por meio de ação própria poderá o proprietário do imóvel desapropriando questionar o
interesse social na desapropriação. Transcreve-se:

LC 76/93: Art. 9º A contestação deve ser oferecida no prazo de quinze dias e versar matéria de interesse da defesa, excluída a apreciação quanto ao interesse social declarado.
Prescrição e decadência O INCRA também alega a preliminar de prescrição, à luz da regra geral do Decreto-lei n. 20.910/32, ou mesmo decadência, forte na MP n. 2027/00.
No que se refere à preliminar de prescrição, o STJ já sumulou que o prazo, para as ações de desapropriação indireta, é vintenário (S. 119), por revestir tal ação de natureza real,
afastando o supracitado prazo qüinqüenal.
Quanto à alegação de decadência, melhor sorte não assiste ao réu, porquanto a MP n. 2027/00, que acrescentou o parágrafo único ao art. 10 do Decreto-lei n. 3.365/41, foi julgado
inconstitucional pelo STF, sem sede de controle concentrado de constitucionalidade.
Dessarte, com espeque nos aludidos precedentes judiciais, não acolho as preliminares de prescrição e decadência.

Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os
quais este caducará. (Vide Decreto-lei nº 9.282, de 1946)
Neste caso, somente decorrido um ano, poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração.
Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público. (Incluído pela Medida Provisória
nº 2.183-56, de 2001)

ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. INDENIZAÇÃO. PRESCRIÇÃO. 1. Na hipótese de desapropriação indireta, não se aplica o prazo prescricional previsto no Decreto n.º
20.910/32, por se tratar de ação de natureza real (Precedente do STF: ADI-MC 2260/DF), nem tampouco o prazo qüinqüenal previsto no art. 10, parágrafo único, do Decreto-Lei n.º
3.365/41, com eficácia suspensa pelo STF, aplicando-se ao caso a prescrição vintenária (Súmula 119 do STJ). 2. “Consoante o princípio da actio nata, o direito de ação de indenização
por desapropriação indireta nasce no momento em que a área é esbulhada pelo poder público” (STJ - REsp 750050/SC, 1ª Turma, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ 07/11/2006, p. 242). 3.
Apelação improvida.
Indenização pela Conforme entende a jurisprudência majoritária, a cobertura florística existente no imóvel expropriando apenas deve ser objeto de indenização em separado caso esteja
cobertura florestal nativa sendo economicamente explorada à época da declaração da utilidade, necessidade pública ou interesse social, conforme autorizações e licenças expedidas pelos
órgãos ambientais competentes. Deste modo, como no caso da questão, na Fazenda Soledade não havia extração econômica de madeira, nem possuía a ré autorização do órgão
ambiental competente para tanto, conforme atestado pelo perito, a indenização deve se limitar ao valor da terra nua, ou seja, R$ 95.000 (noventa e cinco mil reais), além das
benfeitorias. Nesse sentido são os seguintes precedentes:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DO PAGAMENTO DA
COBERTURA VEGETAL EM SEPARADO. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE EXPLORAÇÃO ECONÔMICA. 1. "O STJ firmou a orientação de que, inexistindo prova de exploração
econômica dos recursos vegetais, não há por que cogitar de indenização em separado da cobertura florística" (REsp 880.271/DF, Relator Ministro João Otávio de Noronha,
Segunda Turma, DJ 28 de setembro de 2007). Outro precedente: REsp 978.558/MG, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJ de 15 de dezembro de 2008. 2. No caso sub
examine, o TRF da Quarta Região, a despeito de expressamente assentar que o expropriado não detinha autorização para legalmente explorar a cobertura vegetal (fls. 1.014-1.016),
ainda assim determinou que o pagamento da aludida rubrica fosse feito em separado. Diante disso, ressoa inequívoco ser defeso o pagamento, em apartado, do valor concernente à
cobertura florística. 3. Agravo regimental não provido. (STJ. AGRESP 1119706, DJE: 18/02/2011).

AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO. INTERESSE SOCIAL. INCRA. REFORMA AGRÁRIA. INDENIZAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL. FIXAÇÃO SEPARADA DA TERRA NUA. ÁREA NÃO EXPLORADA.
JUROS COMPENSATÓRIOS(...). – Na linha da jurisprudência da Primeira Seção, não é permitido que se fixe, separadamente, as indenizações para a terra nua e para a
cobertura florestal quando, como no caso em debate, nenhuma atividade intensiva relacionada à floresta é exercida pelo expropriado no respectivo imóvel. (...) (STJ.
RESP 100172, DJE: 17/11/2010).
INVASÃO DO IMÓVEL – O argumento da ré deveria ser rejeitado. Isto porque, conforme reiterados pronunciamentos do STF, a disposição do § 6º do art. 2º da Lei nº 8.629/93 possui aplicação
IMPEDIMENTO PARA A somente nas hipóteses em que a invasão ocorreu antes ou durante a vistoria administrativa realizada pelo INCRA, de forma que possa ter afetado o contexto fático
DESAPROPRIAÇÃO relativo à produtividade do imóvel. No caso da questão, como a invasão da Fazenda Soledade se deu em 13.06.2006, data posterior à vistoria realizada pela autarquia federal, em
05.03.2006, não se deve fazer incidir a causa impeditiva invocada pelo expropriando. Nesse sentido:

"1. O § 6º, art. 2º da Lei n. 8.629/93 estabelece que "[o] imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou
fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e
deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações". 2. A
jurisprudência desta Corte fixou entendimento no sentido de que a vedação prevista nesse preceito "alcança apenas as hipóteses em que a vistoria ainda não
tenha sido realizada ou quando feitos os trabalhos durante ou após a ocupação" [MS n. 24.136, Relator o Ministro MAURICIO CORRÊA, DJ de 8.11.02]. No mesmo
sentido, o MS n. 23.857, Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJ de 13.6.03. 3. A ocupação do imóvel pelos trabalhadores rurais ocorreu após quase dois anos da data da vistoria
realizada pelo INCRA. Segurança denegada." (STF. MS 24984/DF, DJe: 14-05-2010). "Somente obsta o processo de desapropriação ou a realização de vistoria o esbulho ou a
turbação capazes de influir no quadro fático que serve de substrato ao Relatório Agronômico de Fiscalização. No caso em exame, devido ao tempo decorrido entre a vistoria
(2000) e o alegado esbulho (2004), não se caracteriza o nexo de implicação necessário." (STF. MS 24178/DF, DJe 13-11-2009). "A invasão do imóvel por integrantes do
Movimento dos Sem-Terra ocorreu em período posterior à conclusão das vistorias realizadas pelo INCRA, de modo que não teve o condão de influenciar nos resultados
encontrados sobre a produtividade da fazenda. Precedentes. O imóvel rural objeto da futura partilha entre herdeiros continua sendo único até o fim do inventário, embora com
mais de um proprietário, formando um condomínio. Ordem denegada." (STF. MS 25283/DF, DJe 06-03-2009).

AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. DESAPROPRIAÇÃO. REFORMA AGRÁRIA. CONTROVÉRSIA ACERCA DA PRODUTIVIDADE DE IMÓVEL RURAL. NECESSIDADE
DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE DE PRODUZIR PROVAS EM MANDADO DE SEGURANÇA. SUPOSTA TURBAÇÃO E ESBULHO OCORRIDA APÓS A REALIZAÇÃO DE
VISTORIA DO INCRA. INEXISTÊNCIA DE ÓBICE À DESAPROPRIAÇÃO. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL. EXISTÊNCIA DE LICENÇA . AGRAVO DESPROVIDO. I - O entendimento
pacífico desta Corte é no sentido da impossibilidade de se discutir em sede de mandado de segurança questões controversas sobre a correta classificação da produtividade do
imóvel suscetível de desapropriação, por demandar dilação probatória. Precedentes. II - A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a desapropriação
somente é vedada nos casos em que o esbulho possessório ocorre anteriormente ou durante a realização da vistoria, o que não é o caso dos autos. Precedentes.
III – É possível a realização de desapropriação para fins de reforma agrária em imóveis abrangidos por áreas de proteção ambiental, desde que cumprida a legislação pertinente.
Precedentes. No caso, foi obtida licença prévia para assentamento de reforma agrária. IV – Agravo regimental a que se nega provimento. (STF. MS 25576 AgR/DF, DJe:
05/08/2011).
MANDADO DE SEGURANÇA. DESAPROPRIAÇÃO. REFORMA AGRÁRIA. LEGITIMIDADE ATIVA. ESBULHO POSSESSÓRIO. FAZENDA INVADIDA POR INTEGRANTES DO MST.
PERÍODO POSTERIOR À REALIZAÇÃO DA VISTORIA. TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE. IMÓVEL NÃO DIVIDIDO. ART. 1784 C/C ART. 1791 DO CÓDIGO CIVIL. EXISTÊNCIA DE
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E INAPROVEITÁVEIS. LAUDOS CONTRADITÓRIOS. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. ORDEM DENEGADA. 1. Não se pode tomar
como titular do domínio do imóvel uma pessoa jurídica sem existência jurídica. Consta do registro público do distrato social da empresa a nomeação, como responsável pelos
bens da sociedade, do ex-sócio falecido. Por essa razão, os seus herdeiros têm legitimidade para impetrar o mandado de segurança. 2. A invasão do imóvel por integrantes
do Movimento dos Sem-Terra ocorreu em período posterior à conclusão das vistorias realizadas pelo INCRA, de modo que não teve o condão de influenciar nos
resultados encontrados sobre a produtividade da fazenda. Precedentes. (..) 6. Ordem denegada. (STF. MS 24924/DF, DJe: 07/11/2011).
Redutor da indenização Em sua contestação, o INCRA argumenta ser necessário aplicar um redutor de 20% (vinte por cento) no preço de mercado do imóvel, pelo fato de já estar invadido por posseiros na
pela invasão de posseiros data da ocupação.
A aplicação desse redutor, além de não encontrar resguardo na legislação vigente, não merece ser acolhida, pois prejudicaria o proprietário que já se viu tolhido de sua propriedade
pela invasão de posseiros. Noutras palavras, a aplicação de tal redutor seria equivalente a punir duplamente o proprietário por um fato (invasão) que ele não provocou, ou que, por
pior, é conseqüência de políticas adotados pelo Estado, que acabam por fomentar a invasão de propriedades, ou pela falta de policiamento ou de punição dos invasores.
Pagamento em TDAs. O réu argumenta que o valor da indenização deve ser paga em Títulos da Dívida Agrária – TDAs, invocando o art. 184 da Constituição Federal.
Desapropriação indireta Ocorre que o referido dispositivo constitucional dispõe sobre o pagamento de indenização na desapropriação para fins de reforma agrária, a qual será paga em títulos da dívida agrária.
O caso em análise não se amolda a esse dispositivo, pois não estamos tratando de uma desapropriação direta com tal finalidade, mas sim de um apossamento administrativo, isto é, de
uma desapropriação indireta. Logo, aplica-se o já citado inciso XXIV do art. 5o da CF, que prevê indenização justa, prévia e em dinheiro.
Contudo, em se tratando de condenação em face da Fazenda Pública, sujeitar-se-á a indenização ao regime dos precatórios, como delineado pelo art. 100 da CF.
Correção monetária - O termo inicial para a correção monetária da indenização corresponde à data de realização da avaliação com base na qual foi prolatada a sentença
termo inicial
JUROS Os juros compensatórios nas ações de desapropriação são devidos independentemente da produtividade do imóvel expropriando. O Supremo Tribunal Federal, ao
COMPENSATÓRIOS – apreciar a ADIN nº 2.332-2, deferiu medida liminar para suspender os efeitos dos §§ 1º e 2º do art. 15-A do Decreto-Lei nº 3.365/41, com a redação dada pela MP nº 2.183-5/01.
IMÓVEL IMPRODUTIVO Nesse sentido:

"7. Os juros compensatórios são devidos mesmo quando o imóvel desapropriado for improdutivo, justificando-se a imposição pela frustração da expectativa de renda, considerando a
possibilidade do imóvel "ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista" (Eresp 453.823/MA, relator
para o acórdão Min. Castro Meira, DJ de 17.05.2004). 8. Os juros compensatórios fundam-se no fato do desapossamento do imóvel e não na sua produtividade, consoante o
teor das Súmulas n.ºs 12, 69, 113, 114, do STJ e 164 e 345, do STF. Precedentes: EREsp 519365/SP, DJ 27.11.2006; ERESP 453.823/MA, DJ de 17.05.2004, RESP 692773/MG, desta
relatoria, DJ de 29.08.2005. 9. Com efeito, os juros compensatórios incidem ainda que o imóvel seja improdutivo, mas suscetível de produção. (STJ. AGRESP 974150, DJE:
10/02/2010). "É firme a jurisprudência firmada pelas Turmas que compõem a eg. Primeira Seção no sentido de que os juros compensatórios - que remuneram o capital que o
expropriado deixou de receber desde a perda da posse e, não, os possíveis lucros que deixou de auferir com a utilização econômica do bem expropriado - são devidos nas
desapropriações a partir da imissão provisória e antecipada na posse do bem expropriado, mesmo em se tratando de imóvel improdutivo (REsp nº 984.965/CE, Relatora Ministra Eliana
Calmon, in DJe 4/8/2009 e REsp nº 1.099.264/PA, Relator Ministro Francisco Falcão, in DJe 19/8/2009)." (STJ. RESP 1090221, DJE: 29/09/2009).
“Devidos os juros compensatórios nas desapropriações por interesse social para fins de reforma agrária, ainda que se trate de imóvel improdutivo,eis que remuneram o capital que o
expropriado deixou de receber desde a perda da posse, o que não se confunde com possíveis lucros que tenha deixado de auferir. Precedentes.” (TRF-2. AC 374894, DJU: 18/12/2008).

“Em relação aos juros compensatórios, o STJ consolidou a orientação de que estes "destinam-se a remunerar o capital que o expropriado deixou de receber desde a
perda da posse, e não os possíveis lucros que deixou de auferir com a utilização econômica do bem expropriado, sendo, portanto, devidos mesmo em se tratando de
imóvel improdutivo" (REsp 1073793/BA, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2009, DJe 19/08/2009). Súmulas 618, do STF e 69 e 113, do STJ.”
(TRF-5. AC 519057, DJE: 16/06/2011).
Juros compensatórios - Os juros compensatórios, devidos desde a data do apossamento administrativo, e fixados no percentual de 12%, exceto no período compreendido entre a edição da MP 1.577/97 e a
desapropriação indireta publicação da mencionada liminar concedida no curso da ADI n. 2.332, período em que são devidos no percentual de 6%, conforme entendimento exarado pelo STJ em sede de recurso
repetitivo.
JUROS Quanto ao percentual, nos termos da Súmula nº 408 do STJ e conforme o decidido pelo STF na ADI nº 2.332-2, os juros compensatórios nas ações de desapropriação devem
COMPENSATÓRIOS: ser fixados em 6% ao ano apenas no período em que possuiu eficácia a MP nº 1.577/97, ou seja de 11/06/1997 até 13/09/2001. Antes e após este interregno os
PERCENTUAL, BASE DE juros compensatórios serão de 12% ao ano. Como no caso da questão a imissão antecipada na posse ocorreu em 16.09.2007, são devidos juros a 12% ao ano. Nesse sentido,
CÁLCULO E TERMO A também a Súmula nº 618 do STF. Confira-se:
QUO
Súmula nº 408 do STJ: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida Provisória n. 1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até
13/09/2001 e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal.

Súmula nº 618 do STF: Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano.

"Deferiu-se em parte o pedido de liminar, para suspender, no ‘caput' do artigo 15-A do Decreto-Lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941, introduzido pelo artigo 1º da Medida Provisória
nº 2.027-43, de 27 de setembro de 2000, e suas sucessivas reedições, a eficácia da expressão "de até seis por cento ao ano" (ADI 2332). 2. Em ação expropriatória, os juros
compensatórios devem ser fixados à luz do princípio tempus regit actum nos termos da jurisprudência predominante do STJ, no sentido de que a taxa de 6% (seis por cento) ao ano,
prevista na MP n.º 1.577/97 e suas reedições, é aplicável, tão somente, às situações ocorridas após a sua vigência. 3. A vigência da MP n.º 1.577/97, e suas reedições, permanece
íntegra até a data da publicação do julgamento proferido na medida liminar concedida na ADIN n.º 2.332 (DJU de 13.09.2001), que suspendeu, com efeitos ex nunc, a eficácia da
expressão de "até seis por cento ao ano", constante do art. 15-A, do Decreto-lei n.º 3.365/41. 4. Ocorrida a imissão na posse do imóvel desapropriado, após a vigência da MP n.º
1.577/97 e em data anterior a liminar proferida na ADIN nº 2.332/DF, os juros compensatórios devem ser fixados no limite de 6% (seis por cento) ao ano, exclusivamente, no período
compreendido entre 29/12/1999 (data da imissão na posse) e 13/09/2001 (publicação do acórdão proferido pelo STF), consoante requer a recorrente. 5. Essa orientação restou
sedimentada nesta Corte no julgamento do REsp 1111829/SP, de Relatoria do eminente Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, julgado em 13/05/2009, DJe 25/05/2009, sob o
regime do art. 543-C do CPC. 6. Recurso especial conhecido em parte e provido. (STJ. RESP 1009685, DJE: 13/05/2010).

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. REFORMA AGRÁRIA. JUSTA INDENIZAÇÃO. COBERTURA FLORESTAL. CÁLCULO EM SEPARADO. INVIABILIDADE.
LEGITIMIDADE DO MPF PARA RECORRER. JUROS COMPENSATÓRIOS JUROS MORATÓRIOS. VERBA HONORÁRIA. APELAÇÕES E REMESSA OFICIAL PARCIALMENTE PROVIDAS. (...).6. É
legítima a incidência de juros compensatórios fixados no percentual de 12% (doze por cento) ao ano, computados a partir da imissão na posse (Súmula 113 do E. STJ), sendo
inaplicável a Medida Provisória 1.577/97, tendo em vista que o apossamento não se deu no período de vigência desta (TRF-3. APELREE 390648, DJF3: 05/11/2010).

CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL, PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NULIDADE
DO ACÓRDÃO DECLARADA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RETORNO DOS AUTOS PARA A ANÁLISE DAS OMISSÕES SUSCITADAS PELO INCRA/EMBARGANTE. JUROS
COMPENSATÓRIOS E A SUA BASE DE CÁLCULO. JUROS MORATÓRIOS. APLICABILIDADE DO ART. 15-B, DO DECRETO-LEI Nº 3.365/41. COBERTURA VEGETAL. POSSIBILIDADE DE
CÁLCULO EM SEPARADO DO VALOR DA TERRA NUA. (...) 4. Os juros compensatórios devem ser fixados à luz do princípio tempus regit actum, segundo a lei vigente à data da imissão
na posse do imóvel (desapropriação direta), ou do apossamento administrativo (desapropriação indireta), nos termos da jurisprudência predominante do STJ, no sentido de que a taxa
de 6% (seis por cento) ao ano, prevista na MP nº 1.577, de 11-6-97, e suas reedições, é aplicável, tão-somente, às situações ocorridas após a sua vigência. 5. Tendo a imissão na
posse do imóvel ocorrido em 18-4-96, data anterior à citada alteração legislativa, incidem juros compensatórios de 12% (doze por cento) ao ano, a teor da Súmula 618 do STF, tal
como fixado na sentença e mantido pelo aresto embargado, nos termos da legislação vigente à época. (TRF-5. EDAC 183540/01, DJ: 23/03/2009).

Quanto à base de cálculo dos juros compensatórios, conforme definido pelo STF ao conceder a liminar na ADI nº 2.332-2, deve-se utilizar a diferença eventualmente
apurada entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor do bem fixado na sentença. Portanto, ficou parcialmente prejudicada a Súmula nº 113 do STJ. Veja-se:

"Quanto à base de cálculo dos juros compensatórios contida também no ‘caput' desse artigo 15-A, para que não fira o princípio constitucional do prévio e justo preço, deve-se dar a ela
interpretação conforme à Constituição, para se ter como constitucional o entendimento de que essa base de cálculo será a diferença eventualmente apurada entre 80% do preço
ofertado em juízo e o valor do bem fixado na sentença." (STF. ADI 2332).
Após a alteração do Decreto-lei n.º 3365/41, por força da Medida Provisória n.º 1.577/1997, nova metodologia de cálculo dos juros compensatórios passou a ser adotada, à vista do
que dispõem os artigos 15-A e 33, § 2º, desse decreto-lei, tomando-se como base de cálculo a diferença eventualmente apurada entre 80% (oitenta por cento) do preço ofertado em
juízo e o valor do bem, conforme fixado em sentença. Precedentes do STJ e do STF. (STJ. RESP 1168995, DJE: 13/05/2010).

A base de cálculo dos juros compensatórios, nos termos do art. 15-A do DL 3.365/41, é a diferença entre 80% do valor inicialmente depositado e a indenização judicialmente fixada,
pois esse é o montante que não pode ser levantado imediatamente pelos particulares (corresponde à quantificação da perda antecipada da posse). (STJ. RESP 844770, DJE:
12/04/2010).

Quanto ao termo a quo, a jurisprudência há muito tempo pacificou-se no sentido de serem devidos os juros compensatórios nas ações de desapropriação direta desde
a antecipada imissão na posse. Nesse sentido as Súmulas nº 164 do STF e 69 do STJ:

Súmula 164 do STF. No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.

Súmula n. 69 do STJ. Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação
do imóvel.
JUROS MORATÓRIOS: Nos termos do art. 15-B do Decreto-Lei nº 3.365/41 e conforme assentado pelo STF em sua Súmula Vinculante nº 17, os juros moratórios nas ações de desapropriação
PERCENTUAL E TERMO A apenas incidem, à taxa de 6% ao ano, somente a partir de 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ter sido realizado, segundo a
QUO disciplina do art. 100 da Constituição Federal. Resta prejudicada, assim, a Súmula nº 70 do STJ. Nesse sentido:

Súmula Vinculante nº 17. Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.

"Conforme jurisprudência da Primeira Seção desta Corte, inclusive com súmula vinculante do STF (Súmula 17), o art. 15-B do Decreto-Lei n. 3.365/41, introduzido pela Medida
Provisória 1.997-34, de 13.1.2000, prescreve que o termo inicial dos juros moratórios em desapropriações é o dia "1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento
deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição". Deve-se afastar a Súmula 70/STJ em relação às ações de desapropriação em curso, mesmo que iniciadas no período
anterior." (STJ. ADRESP 883147, DJE: 21/05/2010).
Honorários advocatícios Argúi o réu que os honorários advocatícios devem ser pagos na escala percentual de 0,5% a 5% da diferença entre a oferta e a condenação, observado o valor máximo de
R$151.000,00 (cento e cinqüenta e um mil reais), a teor do que dispõe a MP n. 2.027-40/00.
Insta trazer à colação que o supracitado limite valorativo teve sua eficácia suspensa pelo STF, mediante a supracitada liminar exarada no curso da ADI n. 2.332.
Assim sendo, com supedâneo no art. 27, § 1o, do Decreto-lei n. 3.365/41, fixo os honorários em 2,5% sobre o valor da condenação, observando os critérios dispostos no § 4o do art.
20 do CPC

Súmula nº 617 do STF. Base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente.
Súmula nº 141 do STJ: Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas monetariamente
Invasão do imóvel No que se refere à alegação de invasão por parte de integrantes do MST, cabe destacar que, ainda que fosse possível se examinar no bojo desta ação, o que se admite apenas a título
de argumentação, tenho que não merece prosperar: a uma, tendo em vista o precedente do STF no sentido de que não obsta a desapropriação a invasão feita após a vistoria; a duas,
porque não é qualquer invasão que acarreta tal óbice, devendo ser em parte significativa da área, consoante entendimento da jurisprudência do STF.
Alegação de que o imóvel Improcede, ademais, a alegação de que o imóvel “Gleba Serra Maestra” é urbano, por estar na zona urbana do município de Cáceres, tendo em vista que a caracterização de imóvel
é urbano rural independe de sua localização, em face do disposto no art. 4o, inc. I, da L. 8.629/93. (é posição do STJ tb)
Proibição de cumulação Resp 1.118.103-SP de relatoria do Ministro Teori Albino Zavaski que deu origem ao recurso repetitivo mencionado: Conforme a jurisprudência assentada o STJ, aqueles juros somente
de juros compensatórios incidem até a data da expedição do precatório original, orientação que agora consta da novel redação do art. 100, § 12, da CF/1988, em razão da EC n. 62/2009. Assim, não há que se
e juros moratórios falar em cumulação de juros compensatórios e moratórios (anatocismo), visto que incidem em períodos diferentes: os primeiros, até a data da expedição do precatório, e os segundos,
se o precatório expedido não for pago no prazo constitucional. Desse modo, percebe-se que, a partir da vigência do art. 15-B do DL n. 3.365/1941, introduzido
pela MP n. 1.997-34, de 13/1/2000, a Súm. n. 70-STJ não tem mais suporte legal REsp 1.118.103-SP
Benfeitorias. Pagamento O STF, no julgamento do RE nº 247.866/CE, declarou a inconstitucionalidade do art. 14 da LC nº 76/93, por entender haver ofensa ao art. 100 da Constituição Federal. Em
em dinheiro. razão desta declaração incidental, o Senado Federal, por meio da Resolução nº 19/2007, suspendeu parcialmente a execução do referido dispositivo legal, no ponto
Inconstitucionalidade em que determinava o depósito em dinheiro. Deste modo, o pagamento da indenização das benfeitorias úteis e necessárias referente à diferença do inicialmente
depositado pelo expropriante e o valor fixado na sentença deve se dar mediante precatório. Nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. INDENIZAÇÃO DE BENFEITORIAS. OBSERVÂNCIA DO REGIME DE
PRECATÓRIO. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. O Supremo Tribunal Federal assentou que, nas desapropriações por interesse sociais, as indenizações pelas
benfeitorias dependem de precatório (RE 247.866, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 24.11.2000). (STF. RE 504210 AgR/CE, DJe: 02/12/2010).

"DESAPROPRIAÇÃO - VERBA INDENIZATÓRIA - DECISÃO JUDICIAL. O cumprimento de decisão judicial na qual vencida entidade pública faz-se mediante precatório. Essa forma está
compreendida nas exceções versadas na cláusula final do inciso XXIV do artigo 5º da Constituição Federal". (STF. RE 427761/CE, DJe: 30-05-2008).

"A complementação dos valores relativos às benfeitorias - diferença entre o valor apurado em juízo e a oferta inicial - submete-se ao regime de precatórios, a teor do disposto nos arts.
730, do CPC, e 100, da CF/88. Inconstitucionalidade da expressão 'em dinheiro, para as benfeitorias úteis e necessárias, inclusive culturas e pastagens artificiais e, ', contida no art. 14
da Lei Complementar 76/93, declarada pelo Pleno da Corte Suprema, no julgamento do RE 247.866/CE" (REsp nº 662.477/PB, Relatora Ministra Denise Arruda, in DJ 12/6/2006)".
(STJ. RESP 1090221, DJE: 29/09/2009).
MANDADO TRANSLATIVO Transitado em julgado a sentença, expedir mandado translativo do domínio do imóvel desapropriado para o Cartório de Registro de Imóveis competente, sob a forma e
para os efeitos da Lei de Registros Públicos (art. 17, LC 76/93). Nesse sentido:

ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. MANDADO TRANSLATIVO DE DOMÍNIO. EXPEDIÇÃO SOMENTE APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO. ART. 17 DA LC 76/93. 1. A expedição de
mandado translativo de domínio, para a transferência definitiva de titularidade da propriedade do imóvel, ocorrerá somente após o trânsito em julgado da sentença. Precedentes. 2. Se
o expropriado não pode levantar o valor da indenização antes do trânsito em julgado, não se pode conceber que perca ele, definitivamente, a titularidade do domínio antes.
Interpretação sistemática da LC 76/93. Precedentes do STJ. Entendimento que observa o postulado constitucional da justa e prévia indenização. Precedentes do STF à luz de legislação
diversa. 3. Agravo regimental não provido. (STJ. AGRESP 996765, DJE: 30/03/2010).

REEXAME NECESSÁRIO Sentença não sujeita ao duplo grau obrigatório, haja vista não se ter condenado a parte expropriante em quantia superior a cinquenta por cento sobre o valor
oferecido na inicial (art. 13, § 1º, da LC nº 76/93). Nesse sentido:

3. "O § 1º do art. 13 da LC 76/93, norma especial em relação àquela prevista no art. 118 da Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra), sujeita ao duplo grau de jurisdição somente a sentença
que condenar o expropriante em quantia superior a cinqüenta por cento sobre o valor oferecido na inicial, situação que não se enquadra na hipótese dos presentes autos" (STJ. REsp
876.410/BA, DJ: 07/05/2007).

Responsabilida Ação ajuizada em Preambularmente, deve ser dito que aqui cabe a observação feita acima sobre não sabermos ao certo qual a resposta ideal esperada pela banca examinadora do XI Concurso para Juiz
de civil do litisconsórcio contra o Federal da 5ª Região. Diz-se isso porque há fortíssima corrente doutrinária que entende que a vítima do dano tem a faculdade de propor a ação indenizatória contra o ente público,
Estado servidor - impossibilidade contra o servidor que diretamente provocou a lesão ou, ainda, contra ambos em litisconsórcio. Segundo esses respeitáveis doutrinadores, dentre os quais se inclui a professora MARIA
SILVIA ZANELLA DI PIERTO (in “Direito Administrativo”, Editora Atlas), o disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal deve ser interpretado em favor do administrado lesado pelo
comportamento estatal, de modo a lhe ofertar um leque de possibilidades em busca de um patrimônio solvente que possa ressarcir-lhe os danos experimentados. Esse posicionamento,
a princípio, está corretíssimo e é seguindo por numerosos julgados.

Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do RE 327904/SP, de relatoria do Min. CARLOS BRITO, decidiu que a previsão do art. 37, § 6º, da Lei Fundamental, na
verdade, constituída um “dupla garantia” (teoria da dupla garantia). Segundo ficou ali dito, o dispositivo constitucional, ao mesmo tempo em que assegura ao particular o direito de
ser ressarcido independentemente da prova da culpa do ente público, por outro, ficava resguardado o servidor que praticou concretamente a conduta lesiva, o qual apenas responderia
pela ato em nível administrativo ou em ação regressiva movida pelo Estado. Assim ficou redigida sua ementa:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO: § 6º DO ART. 37 DA MAGNA CARTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. AGENTE
PÚBLICO (EX-PREFEITO). PRÁTICA DE ATO PRÓPRIO DA FUNÇÃO. DECRETO DE INTERVENÇÃO. O § 6º do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as pessoas
jurídicas de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos a terceiros. Isto
por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo estes na qualidade de agentes públicos, e não como pessoas comuns. Esse mesmo dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla
garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem
maior, praticamente certa, a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa
e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular. Recurso extraordinário a que se nega provimento . (STF. RE 327904/SP, 1ª Turma, Min. Rel. CARLOS
BRITTO, DJ: 08/09/2006).

Em seu voto, o Min. AYRES BRITO apoia-se na teoria da imputação ou teoria orgânica, pela qual o Estado manifesta sua vontade e age concretamente no mundo dos fatos através
de seus agentes, cujo comportamento deve ser entendimento como manifestação direta do próprio querer e agir estatal. Assim, os agentes, quando atuam, agem como se fossem a
própria Administração Pública fazendo-se presente, e não como seus meros representantes. O Ministro traz, então, preciosos ensinamentos do administrativista CELSO ANTÔNIO
BANDEIRA DE MELLO, os quais transcrevemos abaixo:

“Como pessoa jurídica que é, o Estado, entidade real, porém abstrata (ser de razão), não tem vontade nem ação, no sentido de manifestação psicológica e vida anímicas próprias.
Estas, só os seres físicos as possuem. Tal fato não significa, entretanto, que lhe faltem vontade e ação, juridicamente falando. Dado que o Estado não possui, nem pode possuir, um
querer ou agir psíquico ou físico, por si próprio, como entidade lógica que é, sua vontade e sua ação se constituem na e pela atuação dos seres físicos prepostos à condição de seus
agentes, na medida em que se apresentem revestidos nessa qualidade. (...) A relação entre a vontade e a ação do Estado e seu agentes é uma relação de imputação direta dos atos
dos agentes ao Estado. Esta é precisamente a peculiaridade da chamada relação orgânica. O que o agente queira, em qualidade funcional – pouco importa se bem ou mal
desempenhada –, entende-se que o Estado quis, ainda que haja querido mal. O que o agente nestas condições faça é o que o Estado fez. Nas relações não se considera tão-só se o
agente obrou (ou deixou de obrar) de modo conforme ou desconforme com o Direito, culposa ou dolosamente. Considera-se, isto sim, se o agente agiu (ou deixou de agir) bem ou
mal. Em suma: não se bipartem Estado e agente (como se fossem representado e representante, mandante e mandatário), mas, pelo contrário, são considerados como uma unidade.
A relação orgânica, pois, entre o Estado e o agente não é uma relação externa, constituída exteriormente ao Estado, porém interna, ou seja, procedida na intimidade da pessoa
estatal.” (in Curso de Direito Administrativo, Editora Malheiros).

Em outro trecho de seu voto, o Min. AYRES BRITO tece as seguintes considerações:

“Quanto à questão da ação regressiva, uma coisa é assegurar ao ente público (ou quem lhe faça as vezes) o direito de se ressarcir perante o servido praticante de ato lesivo a outrem,
nos casos de dolo ou de culpa; coisa bem diferente é querer imputar à pessoa física do próprio agente estatal, de forma direta e imediata, a responsabilidade civil pelo suposto dano a
terceiros. Com efeito, se o eventual prejuízo ocorreu por força de um atuar tipicamente administrativo, como no caso presente, não vejo como extrair do § 6º do art. 37 da Lei das Leis
a responsabilidade per saltum da pessoa natural do agente. Tal responsabilidade, se cabível, dar-se-á apenas em caráter de ressarcimento ao Erário (ação regressiva, portanto), depois
de provada a culpa ou o dolo do servidor, ou de quem lhe faça as vezes. Vale dizer: ação regressiva é ação de ‘volta’ ou de ‘retorno’ contra aquele agente que praticou ato
juridicamente imputável ao Estado, mas causador de danos a terceiros. Logo, trata-se de ação de ressarcimento, a pressupor, lógico, a recuperação de um desembolso. Donde a clara
ilação de que não pode fazer uso de uma ação de regresso aquele que não fez a ‘viagem financeira de ida’; ou seja, em prol de quem não pagou a ninguém, mas, ao contrário, quer
receber de alguém e pela primeira vez.”

Cita o Ministro Relator, então, o constitucionalista JOSÉ AFONSO DA SILVA, para quem “a obrigação de indenizar é da pessoa jurídica a que pertencer o agente. O prejudicado há de
mover a ação de indenização contra a Fazenda Pública respectiva ou contra a pessoa jurídica prestadora de serviço público, não contra o agente causador do dano. O princípio da
impessoalidade vale aqui também.” (in Comentário Contextual à Constituição, Editora Malheiros).

Diante dessas considerações, deveria ter sido acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva do médico Túlio Sobrinho, excluindo-se da lide.

Lembrem-se sempre que, havendo divergência doutrinária e/ou jurisprudencial sobre algum tema trazido pela questão, aconselha-se que, em concursos públicos, adote-se sempre o
posicionamento do STF sobre a matéria, caso este exista.

OBS. Pelo que se pôde apurar, houve candidato que, sob o fundamento de que o caso seria julgado com base no elemento “culpa”, rejeitou a preliminar e manteve ambos os réus no
processo, tendo obtido também nota suficiente para aprovação. Como se disse no começo, aqui a qualidade e a consistência da argumentação acaba pesando decisivamente.

Nesse exato sentido, é o seguinte precedente do TRF da 4ª Região:


ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO AJUIZADA CONTRA A UFRGS E O SEU PREPOSTO, EM LITISCONSÓRCIO. Não há óbice ao litisconsórcio
entre a administração e o servidor causador do dano se a própria parte autora optou por discutir a culpa do preposto. Não pode o juiz, nessa hipótese, excluir da lide o servidor porque
indevido o litisconsórcio passivo, pena de não estar julgando a ação nos termos em que proposta. Declarada a nulidade do processo. (TRF-4. AC 9504624618, 4ª Turma, Des. Rel.
JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA, DJ: 21/10/1998).

Prejudicial de prescrição - O enunciado afirmou simplesmente que “a União, preliminarmente, alega prescrição”. Embora não se tenha dito expressamente, cuida-se de alegação de prescrição pelo prazo trienal
discussão dos 5 anos estabelecido pelo art. 206, § 3º, V, do Código Civil de 2002, para “a pretensão de reparação civil”. Desde a entrada em vigor do novo Código Civil, a doutrina vem discutindo sobre se o
(Dec. 20.932) x 3 anos novo prazo prescricional aplica-se também em favor da Fazenda Pública.
(CC)

Para os que defendem a aplicação do prazo trienal, esta se impõe tendo em vista que, na medida em que o revogado Código Civil de 1916, em seu art. 177, dispunha que as ações
pessoais prescreviam ordinariamente em 20 anos, e o Decreto nº 20.910/32, visando privilegiar o interesse público, conferia em favor da Fazenda Pública prazo prescricional reduzido
de apenas 5 anos – no que seguido pela Lei nº 9.494/97 –, se o novo Código reduziu para 3 (três) anos o prazo prescricional para essas ações, é possível concluir que, levando-se em
consideração os princípios orientadores das relações publicísticas, o novo prazo aplica-se também em favor dos entes públicos, sob pena de subversão da lógica do sistema. Invoca-se
aqui, a teoria do diálogo das fontes.

Já para a outra corrente, diante da aparente antinomia deve-se seguir o critério da especialidade, de modo que deveria continuar a ser aplicado o prazo quinquenal do Decreto nº
20.910/32 – já que este trata especificamente da prescrição em favor da Fazenda Pública – na esteira, por sinal, do disposto no art. 2º, § 2º, da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro, segundo o qual “a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”.

Em que pesem se encontrar alguns posicionamentos minoritários aplicando o prazo trienal, a jurisprudência amplamente majoritária até o momento vem decidindo que,
cuidando-se de ações indenizatórias movidas contra a Fazenda Pública, continua a prevalecer o prazo prescricional quinquenal do Decreto nº 20.910/32 . Portanto, a
preliminar deveria ser rejeitada. Nesse sentido:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. PRESCRIÇÃO. PRAZO
QUINQUENAL. 1. É de cinco anos o prazo para a pretensão de reparação civil do Estado. 2. Precedente da Primeira Seção (AgRgREsp nº 1.149.621/PR, Relator Ministro Benedito
Gonçalves, in DJe 18/5/2010). 3. Embargos de divergência rejeitados. (STJ. ERESP 1081885, 1ªSeção, Min. Rel.
HAMILTON CARVALHIDO, DJE: 01/02/2011).

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PRESCRIÇÃO TRIENAL. ART. 206, § 3º, IV, DO CC. NÃO INCIDÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 1º DO DECRETO Nº 20.910/32. Incide em todo
e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Pública, seja ela federal, estadual ou municipal, a prescrição qüinqüenal prevista no art. 1º do Decreto nº 20.910/32. Inaplicável o art.
206, § 3º, IV, do Código Civil. Agravo regimental desprovido. (STJ. AGRESP 1006937, 5ª Turma, DJE: 30/06/2008).
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. INSS. DEMORA NA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. DECRETO 20.910/32. INOCORRÊNCIA. ART.
515, § 3º, CPC. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO. ATRASO DENTRO DA RAZOABILIDADE. INÉRCIA NÃO CONFIGURADA. DESCONHECIMENTO DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
IRRELEVÂNCIA. DESÍDIA PROCESSUAL. I- O prazo prescricional de ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública é de cinco anos, nos termos do art. 1º, do Decreto n.
20.910/32, que regula a prescrição de "todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza". (...) VI- Apelação parcialmente
provida, para afastar a ocorrência da prescrição trienal e, no mérito, nos termos do art. 515, § 3º, do Código de Processo Civil, julgar improcedente o pedido . (TRF-3. AC 1568816, 6ª
Turma, Rel. Des. REGINA COSTA, DJ: 02/06/2011).
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. ACIDENTE DE TRÂNSITO DECORRENTE DE DEFEITO EM VIA PÚBLICA FEDERAL.
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. DECRETO Nº 20.910/1932 E DECRETO-LEI Nº 4.597/1942. EXTINÇÃO DO PROCESSO COM EXAME DO MÉRITO. 1. A data de ocorrência do ato ilícito é o
marco inicial da contagem do prazo prescricional quinquenal aplicável, tendo em vista a natureza autárquica do DNER. 2. Transcorridos mais de 5 (cinco) anos entre a ocorrência do ato
ilícito e o ajuizamento da ação, mantida a decisão que acolheu a prescrição, declarando extinto o processo com julgamento do mérito. 3. Honorários advocatícios mantidos por ausência
de impugnação. (TRF-4. AC 200171040063704, 3ª Turma, Des. Rel. FERNANDO QUADROS DA SILVA, DJ: 26/05/2010).
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. JUSTIÇA FEDERAL. COMPETÊNCIA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL EM FAVOR DA FAZENDA PÚBLICA. ANISTIA. SERVIDORES E EMPREGADOS
PÚBLICOS FEDERAIS. REINTEGRAÇÃO AO CARGO OU EMPREGO PÚBLICO. RETARDAMENTO PELA ADMINISTRAÇÃO. REPARAÇÃO FINANCEIRA. PROVIMENTO PARCIAL DA APELAÇÃO. 1.
A ação, proposta em face da União, tem por objeto direito à indenização por danos materiais e morais decorrentes de demora injustificada no cumprimento de decisão concessiva de
anistia, proferida com base na Lei n. 8.878/94. Ação de natureza administrativa, e não trabalhista. Competência da Justiça Federal (art. 109, I, da CF). 2. A prescrição das ações contra
a Fazenda Pública é regida no art. 2º do Decreto n. 20.910/32. Norma especial não revogada pela norma geral do art. 206, parágrafo 3º, V, do Código Civil de 2002. Prescrição
qüinqüenal subsistente. Precedente do STJ: AGA 899.972, 5ª Turma, unânime, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJE de 10/03/2008. (...) 12. Provimento parcial da apelação
interposta pelo Autor para condenar a União Federal a pagar-lhe indenização por danos materiais correspondentes às remunerações que teria recebido da CBTU entre 06/07/2005 a
02/04/2008. (TRF-5. AC 513479, 2ª Turma, Des. Rel. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO, DJE: 21/06/2011).

OBS.1. Em recente julgamento o STJ aplicou o prazo prescricional trienal do art. 206, § 3º, V, do Código Civil em fazer de ente público, apoiado em precedentes de sua 1ª Seção.
Contudo, como se disse, esse tem sido até o momento um posicionamento minoritário. Aconselhamos que se acompanhe a evolução da jurisprudência sobre a matéria.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA N. 7/STJ. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. INCIDÊNCIA, NA ESPÉCIE, DO ART. 206, § 3º, INC. V, DO NOVO CÓDIGO CIVIL. PRAZO TRIENAL. PRECEDENTES DO
STJ. (...) 3. O entendimento jurisprudencial da 1ª Seção do STJ é no sentido de que se aplica o art. 206, § 3º, inc. V, do CC/02, nos casos em que se requer a condenação de entes
públicos ao pagamento de indenização por danos materiais/morais. Nesse sentido: EREsp 1.066.063/RS, 1ª Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 22.10.2009; REsp 1.137.354/RJ,
2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe 18.9.2009. 4. Considerando que o evento danoso ocorreu em 5.8.2002 e a demanda foi ajuizada em 29.9.2006, é possível verificar que já
transcorreram mais de três anos, ocorrendo a prescrição no que se refere ao pedido de indenização por danos morais promovido pelo ora recorrido. 5. Recurso especial parcialmente
conhecido e, nessa parte, provido. (STJ. RESP 1215385, 2ª Turma, Rel. Des. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJE: 08/02/2011).

OBS.2. Partindo-se da teoria da actio nata, tem-se entendido, corretamente, que o termo a quo do prazo prescricional é a data em que a vítima tomou conhecimento do dano que
pretende ser indenizado. Assim, no caso da questão, o prazo teve início em 30/10/2001. Nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. PRESCRIÇÃO. TERMO A QUO. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA VÍTIMA DO DANO
IRREVERSÍVEL. PRINCÍPIO DA ACTIO NATA. MATÉRIA DE PROVA. SÚMULA 7/STJ. 1. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o prazo prescricional da ação para
indenizar dano irreversível causado por erro médico começa a fluir a partir do momento em que a vítima tomou ciência inequívoca de sua invalidez, bem como da extensão de sua
incapacidade. Aplicação do princípio da actio nata. (...) (STJ. AGA 1098461, 4ª Turma, Min. Rel. RAUL ARAÚJO FILHO, DJ: 02/08/2010).
“3. Esta Corte Superior de Justiça é firme no entendimento de que, no caso de responsabilidade civil do Poder Público em virtude de erro médico, o termo a quo do prazo prescricional
conta-se da efetiva constatação do dano.” (STJ. AGA 1290669, 1ª Turma, Min. Rel. HAMILTON CARVALHIDO, DJE: 29/06/2010).
Erro médico Apesar do dito acima, no sentido de que o reconhecimento da responsabilidade civil do Estado independe deste ter agido com culpa (que, de fato, é a regra geral), em se tratando de
“dano” decorrente de atividade médica, algumas considerações devem ser feitas.
É que, como é intuitivo, quando o profissional de saúde é chamado a atuar, via de regra ele age para tentar melhorar o quadro clínico de paciente que já está adoentado, acidentado,
enfermo, moribundo, etc, intervindo muitas vezes para tentar salvar-lhe a vida. Ocorre que o conhecimento humano – inclusive na área médica – e as próprias tecnologias que
desenvolve são limitadas, tanto que se encontram em constante aperfeiçoamento. Assim, é natural e perfeitamente aceitável que, a despeito de todos os esforços empreendidos por
uma determinada equipe de profissionais de saúde, do uso das mais renomadas técnicas e dos mais modernos aparelhos disponíveis, ainda assim venha ao paciente a falecer ou a
sofrer algum tipo de agravo. Em casos tais, segundo ensina a doutrina especializada, não se estaria diante de “erro médico”, mas sim do que se costuma chamar “iatrogenia”. Ter-se-ia
esta quando o resultado danoso advém como consequência natural, esperada, do desdobramento causal da enfermidade que acometeu o paciente ou do acidente de que este foi
vítima, independentemente de ter havido intervenção médica para tentar evitar ou minorar esses efeitos negativos. A atuação dos profissionais de saúde, na hipótese, não teria o
condão de interromper ou desviar o nexo causal ou etiológico entre a doença/acidente e os resultados danosos advindos. Estar-se-ia diante, então, do denominado “dano iatrogênico”,
que não é indenizável.
Conforme os ensinamentos do Desembargador JOSÉ CARLOS MALDONADO DE CARVALHO, citado por TULA RODRIGUES FERREIRA DE MENEZES, “ a iatrogenia caracteriza-se por um
atuar médico de forma correta, necessária, consubstanciado no uso de técnicas e medicamentos necessários para enfrentar crises ou surtos, que causam danos em pessoas sadias ou
doentes não ensejadores de responsabilidade civil”. (in “Erro médico e Iatrogenia: causa de exclusão da responsabilidade médica?”, disponível em
http://www.emerj.rj.gov.br/paginas/trabalhos_conclusao/2semestre2010/trabalhos_22010/tulamenezes.pdf).
Nesse mesmo sentido, já se manifestou o TRF da 2ª Região, nos seguintes termos: “Ainda, em sede de premissas, há que se colocar em pauta, que a obrigação do médico é de meio,
pelo que em seu atuar – dada a imperfeição da medicina – há a lesão previsível, a iatrogenia, ou dano iatrogênico, que corresponde ao dano necessário e esperado daquele atuar,
afastando a responsabilidade civil respectiva, ipso jure o designado erro médico.” (AC 517172, e-DJF2R: 09/09/2011).
Tem-se, deste modo, que toda intervenção médica de pretensões curativas, reparadoras ou simplesmente combativas da enfermidade geram obrigações de meio e não de resultado,
de forma que os profissionais de saúde intervenientes não ficam obrigados a obter sucesso em sua empreitada, mas apenas de envidar todos os esforços e empregar todos os meios
disponíveis para tanto. Assim agindo, um eventual dano deve ser considerado de natureza iatrogênica e, portanto, não indenizável.
Como reforço, trazemos á baila as conclusões de TULA RODRIGUES FERREIRA DE MENEZES tecidas ao fim do artigo antes mencionado:
“O erro médico em qualquer uma das suas modalidades, uma vez demonstrada e provada a culpa, impõe o dever de reparar o dano pelo esculápio que agiu em inobservância de
técnicas, cuidados e faltando com seus deveres estatuídos pelo ordenamento jurídico vigente e pelo seu órgão de classe, ao passo que a iatrogenia nas suas diversas variações,
caracteriza-se por uma lesão decorrente de um atuar médico correto e necessário, logo afasta a reparação de eventual dano causado em virtude de intervenção médica cirúrgica e
procedimental ou tratamento realizado por meio de remédios. A medicina não é uma ciência exata. Os profissionais da área médica estão, constantemente, buscando novas técnicas e
métodos com o objetivo de proporcionar ao paciente o tratamento mais eficiente e menos danoso e invasivo possível. No entanto, mesmo com as novas descobertas e avanço
tecnológico existem danos que são impossíveis, no estágio atual da ciência, de não se causar, isentando, nesses casos, os médicos de qualquer responsabilidade se agirem como
mandam os preceitos da lei e da ética.” (in “Erro médico e Iatrogenia: causa de exclusão da responsabilidade médica?”, disponível em
http://www.emerj.rj.gov.br/paginas/trabalhos_conclusao/2semestre2010/trabalhos_22010/tulamenezes.pdf).
Nesse sentido de que toda cirurgia curativa gera apenas obrigação de meio, são os seguintes precedentes:
RESPONSABILIDADE CIVIL. CIRURGIA REALIZADA EM MUTIRÃO DE MEDICINA OFTALMOLÓGICA. ALEGAÇÃO DE ERRO MÉDICO. INDENIZAÇÃO. CULPA. PRESUNÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA ANULADA 1. O autor objetiva indenização decorrente de danos materiais e morais, em razão de suposto erro médico que resultou no comprometimento
da visão do olho esquerdo durante procedimento cirúrgico realizado por equipe médica do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA, em mutirão de
Medicina Oftalmológica. 2. O médico não assume a obrigação de curar o paciente, mas, sim, de envidar esforços no sentido de buscar o restabelecimento da saúde, o que nem sempre
é possível de se conseguir, principalmente em cirurgia, em razão dos riscos que lhes são inerentes. Trata-se de obrigação de meio e não de resultado, razão por que, para os fins de se
responsabilizar o Estado, é mister a demonstração da existência de dolo ou culpa na atuação da equipe médica responsável pela intervenção cirúrgica. 3. Apelação da UFMA provida. 4.
Remessa prejudicada. (TRF-1. AC 200437000084942, e-DJF1: 07/10/2011).
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SUBMISSÃO DE PACIENTE A MÚLTIPLAS CIRURGIAS. ALEGAÇÃO DE ERRO MÉDICO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. AUSÊNCIA DO
PREENCHIENTO DOS REQUISITOS. 1. Cabalmente demonstrado que a doença que vitimou o autor foi corretamente tratada, não tendo havido qualquer erro médico a justificar a
exigência de indenizações, correta a sentença que indeferiu a postulação; 2. Ausente os requisitos para a configuração da responsabilidade objetiva do Estado, dado que inexiste
relação de causa e efeito entre o agir da Administração e o resultado danoso experimentado pelo recorrente; 3. Apelação improvida. (TRF-5. AC 433921, DJE: 29/06/2010).
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. SERVIDOR. LETITIMIDADE. LITISCONSÓRCIO. REALIZAÇÃO DE CIRURGIA EM HOSPITAL MILITAR. ALEGAÇÃO DE ERRO
MÉDICO. PROVA PERICIAL. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE ERRO E DOS DANOS. INDENIZAÇÃO INDEFERIDA. (...)3. A responsabilidade da Administração Pública é objetiva, nos
termos do art. 37, §6º, da Constituição, exigindo prova da conduta do agente público, do dano e do nexo de causalidade. 4. A obrigação de indenizar somente se configura havendo
prova de erro médico uma vez que não se cuida de obrigação de resultado, mas de meio. 5. Não havendo prova de que, em decorrência de cirurgia realizada em hospital militar, tenha
a autora ficado incapacitada ou com sequelas relativas a danos estéticos, não se configura o direito à indenização. 6. Apelação parcialmente provida para rejeitar a preliminar de
ilegitimidade passiva. Pedido indeferido também em relação ao servidor publico (art. 515, § 3º do CPC). (TRF-1. AC 200101000304370, e-DJF1: 13/11/2009).
CIVIL. REALIZAÇÃO DE CIRÚRGIA EM HOSPITAL DE UNIVERSIDADE FEDERAL. COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS. SEQÜELAS. ALEGAÇÃO DE ERRO MÉDICO. PROVA PERICIAL.
AUSÊNCIA DE CULPA DO PROFISSIONAL. INDENIZAÇÃO DESCABIDA. 1. A responsabilidade de universidade federal como autarquia é objetiva, nos termos do art. 37, §6º, da
Constituição, mesmo em se tratando de possível erro médico em hospital de sua titularidade, de modo que a pessoa que se sente lesada precisa provar apenas a ação de um agente da
entidade pública (médico, enfermeiro, etc.), o dano e o nexo de causa e efeito entre ambos. 2. Caso concreto em que se alega o surgimento de seqüela na Autora (incontinência
urinária), em razão de erro médico cometido durante procedimento cirúrgico para tratamento de tumor no útero. 3. As alegações e provas documentais constantes da inicial não se
mostram suficientes a suplantar o substancioso laudo pericial produzido, que concluiu que a seqüela apresentada pela Autora foi decorrente de uma complicação pós-operatória e não
um erro cometido pelo médico na cirurgia, tendo a paciente recebido tratamento e acompanhamento posterior adequado e condizente com seu quadro clínico. Ação de agente da
Autarquia e nexo causal não comprovados. 4. Com efeito, a obrigação médica não é obrigação de resultado, mas obrigação de meio. Não se pode exigir do médico ou do
estabelecimento hospitalar o dever de curar o paciente, mas, sim, o de envidar esforços no sentido de se reverter um quadro desfavorável, que nem sempre é possível se conseguir,
em razão dos riscos inerentes a qualquer intervenção cirúrgica. 5. Apelação da Autora desprovida. (TRF-1. AC 200138000386050, e-DJF1: 24/10/2008).
OBS. Note que, cuidando-se de cirurgia plástica, o quadro se inverte, pois aqui o paciente não apresenta nenhum prévio estado de saúde desfavorável. Na verdade, ele contrata o
médico sob a promessa deste de que obterá os efeitos estéticos pretendidos. Logo, aqui, tem-se uma típica obrigação de resultado. Nesse sentido:
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. ART. 14 DO CDC. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. CASO FORTUITO. EXCLUDENTE DE
RESPONSABILIDADE. 1. Os procedimentos cirúrgicos de fins meramente estéticos caracterizam verdadeira obrigação de resultado, pois neles o cirurgião assume verdadeiro
compromisso pelo efeito embelezador prometido. 2. Nas obrigações de resultado, a responsabilidade do profissional da medicina permanece subjetiva. Cumpre ao médico, contudo,
demonstrar que os eventos danosos decorreram de fatores externos e alheios à sua atuação durante a cirurgia. 3. Apesar de não prevista expressamente no CDC, a eximente de caso
fortuito possui força liberatória e exclui a responsabilidade do cirurgião plástico, pois rompe o nexo de causalidade entre o dano apontado pelo paciente e o serviço prestado pelo
profissional. 4. Age com cautela e conforme os ditames da boa-fé objetiva o médico que colhe a assinatura do paciente em “termo de consentimento informado”, de maneira a alertá-lo
acerca de eventuais problemas que possam surgir durante o pós-operatório. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (STJ. RESP 1180815, DJE: 26/08/2010).

O CASO DOS AUTOS – EVIDENTE ERRO MÉDICO.


No caso trazido pela questão, não há se falar em dano iatrogênico. Está-se diante, na verdade, de inquestionável erro médico, jaz que, conforme dito pelo enunciado, em cirurgia
exploratória no abdome da autora, foi encontrada, na cavidade peritoneal, uma compressa de gaze, “ esquecida ali, provavelmente, no procedimento cirúrgico anterior”. No caso, o
profissional agiu com inobservância do dever de cuidado, deixando de seguir os procedimentos pertinentes à intervenção cirúrgica realizada, cometendo, assim, grave falha técnica. Por
outro lado, a conclusão de que este erro foi a causa das fortes e insistentes dores sentidas pela autora resulta do fato de que, conforme também explicitado no enunciado, “ após o
procedimento cirúrgico, em que foi retirada a referida compressa, o estado de saúde de Edite evoluiu para a cura completa, tendo restado, entretanto, como resultado da segunda
cirurgia, uma grande cicatriz inestética em seu ventre.”
Assim, diante do erro médico perpetrado por servidor público federal lotado em hospital da União, deve ser reconhecido o dever desta de indenizar os danos daí decorrentes.
Sobre o tema trazemos os seguintes precedentes do TRF da 5ª Região:
ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ERRO MÉDICO. HOSPITAL DAS CLINICAS. UFPE. DANOS MORAIS E MATERIAIS EXISTENTES.
EXCLUSÃO DO DANO ESTETICO. PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇAO E À REMESSA NECESSARIA. APELO ADESIVO DENEGADO. 1. No caso presente a apelada busca a
responsabilização da UFPE por suposto erro médico cometido por seus profissionais em decorrência de tratamento a que foi submetida no Hospital das Clínicas no ano de 2003, quando
submetida a duas intervenções cirúrgicas, alegando que a segunda seria conseqüência da primeira. 2. Laudo pericial que concluiu que "Diante do exposto pode-se concluir que a
indicação da primeira cirurgia (histerectomia) foi adequada ao quadro clinico da pericianda; a evolução no pós-operatório imediato não apresentava qualquer indicativo clínico que
sugerisse a presença de corpo estranho abdominal; as queixas e as alterações de exame físico no pós-operatório tardio e a dificuldade na marcação e realização dos exames
complementares, naquele serviço público, retardaram o diagnóstico daquela complicação, após o correto diagnóstico (corpo estranho) a intervenção realizada (laparotomia) foi o
tratamento adequado ao caso, o corpo estranho encontrado durante a laparotomia foi decorrente da primeira cirurgia, a pericianda teve uma evolução satisfatória quando da última
intervenção cirúrgica, o que podemos constatar de complicação em decorrência da segunda intervenção é a cicatriz cirúrgica longitudinal que quando se encontra com a transversal
confere o aspecto de âncora no abdome da pericianda, as complicações que poderiam advir pelo retardo maior ou não diagnóstico do corpo estranho tornam-se especulativas posto que
poderiam variar desde o resultado atual até mesmo a morte da pericianda, isto é, não temos condições de prever as complicações baseadas apenas em suposições." 3. Conforme a r.
sentença não existe a excludente de culpabilidade já que "diante de tais conclusões, está devidamente comprovado, através da prova técnica adequada, ter sido necessária a realização
de uma nova cirurgia somente para retirada do corpo estranho no corpo da demandante "esquecido" por ocasião da primeira intervenção, o que revela a absoluta negligência dos
profissionais médicos responsáveis pela primeira cirurgia. Tal conduta negligente, por sua tamanha gravidade e por si só, suficiente para ensejar a responsabilidade da ré, ainda caso
se entendesse pela aplicação da teoria subjetiva à hipótese, comprovando-se o dano e a conduta ilícita ." 4. Desse modo, incide a regra prevista no artigo 37, parágrafo 6 da
Constituição Federal que destaca que a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado prestadora de serviços públicos quando eventualmente causem danos a terceiros em
decorrência da prestação de tais serviços deverá responder pela falha. No caso em questão está presente o nexo de causa e efeito para a manutenção da condenação.(...) 7. Modifico a
sentença e fixo os danos morais em R$ 35.000,00(trinta e cinco mil reais) com a aplicação dos juros decorrentes da lei 11960/2009. 8. Apelação e remessa necessária parcialmente
providas. Apelo adesivo não provido. (TRF-5. AC 424157, 4ª Turma, Rel. Des. FREDERICO PINTO DE AZEVEDO, DJE: 20/05/2010).
ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. RESPONSABILIDADE DOS ENTES FEDERATIVOS E DE AGENTES PÚBLICOS DE SAÚDE. ERRO MÉDICO . AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DO NEXO CAUSAL ENTRE A CONDUTA ADMINISTRATIVA E O DANO. PRECEDENTES (...) 2. A melhor doutrina tem se posicionado no sentido de que a teoria da
responsabilidade se aplica aos atos comissivos praticados pelo poder público. Em se tratando de ato omissivo, aplica-se a responsabilidade subjetiva do Estado onde se exige, além da
prova do dano e o respectivo nexo de causalidade, a demonstração da culpa por negligência, imprudência ou imperícia no serviço estatal que ocasionou o dano ou o próprio dolo, ou
seja, deve-se provar que o Estado, através de seus agentes, tinha o dever de atuar de maneira a impedir a ocorrência do dano, nos termos do art. 37, parágrafo 6º da CF/88. 3. In
casu, a autora/paciente, em face de sangramento vaginal, submeteu a exames e foi diagnosticado "formação expansiva, de ecotextura mista de localização central e degeneração
fundica uterina, cuja formação poderia corresponder a mioma submucoso degenerado ou neoplasia endometrial". Sendo submetida à cirurgia em 24.02.2006, no Hospital Memorial
Guararapes, o cirurgião e sua equipe extraíram o útero, o ovário e realizaram uma raspagem na bexiga da paciente, tendo em vista a presença de câncer em estágio avançado. Ocorre
que, após a cirurgia a paciente não mais conseguiu andar. AC 509886-PE (Ac-02) 4. Dos documentos acostados aos autos, inclusive do Parecer conclusivo do CREMEPE, verifica-se que,
não obstante a fatalidade ocorrida, os profissionais (médico e anestesista) não agiram com negligência, imprudência ou imperícia, ou a parte autora não teve meios de provar as
irregularidades nas condutas desses profissionais ou do Hospital Memorial Guararapes por meio do presente feito, a ensejar a obrigação de indenizar, não se devendo falar em
responsabilidade civil do Estado. (...)8. Apelação improvida. (TRF-5. AC 509886, 2ª Turma, Des. Rel. Rubens de Mendonça Canuto, DJE: 21/06/2011).
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. ERRO MÉDICO. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE DEMONSTRADA .
MONTANTE FIXADO DE MANEIRA SATISFATÓRIA. JUROS MORATÓRIOS FIXADOS EM 0,5% (MEIO POR CENTO), A CONTAR DA CITAÇÃO, ATÉ A ENTRADA EM VIGOR DA LEI N.º
11.960/09, QUANDO A ATUALIZAÇÃO E OS JUROS DE MORA DEVEM SEGUIR OS CRITÉRIOS NELA ESTABELECIDOS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDOS. - Nos termos do art.
37, parágrafo 6º, da Constituição Federal, a responsabilidade civil é objetiva, sendo necessário para sua configuração a comprovação de 03 (três) requisitos, quais sejam: ocorrência
do dano; conduta estatal; nexo de causalidade. - Assim, estando preenchidos os 03 (três) requisitos anteriormente mencionados, resta configurado o dano moral por ato ilícito da ré,
dado o comportamento negligente, quiçá contagiado por dolo eventual, de sua preposta. - É cediço que a indenização pelo dano moral deve ser quantificada com moderação para não
se tornar fonte de enriquecimento sem causa, não podendo os valores assentados ser exorbitantes, nem ínfimos, uma vez que atentariam contra a dignidade da vítima. - Entendo,
devidamente satisfatório, o montante fixado pelo juízo a quo como critério objetivo de compensação, qual seja o valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), devido desde a data
da ocorrência do dano. (...) - Apelações não providas. Remessa oficial parcialmente provida. (TRF-5. APELREEX 4713, 2ª Turma, Des. Rel. PAULO GADELHA, DJE: 07/04/2011).

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