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FACULDADE DOM ALBERTO

PROPRIEDADE INTELECTUAL

SANTA CRUZ DO SUL – RS


SUMÁRIO

1 DIREITO AUTORAL ............................................................................................. 4

1.1 O que é direito autoral .......................................................................................... 4

1.2 O surgimento do direito autoral no Brasil .............................................................. 5

1.3 O direito autoral hoje no Brasil .............................................................................. 6

1.4 Obra musical e fonograma .................................................................................... 7

1.5 Os diferentes tipos de direitos............................................................................... 8

1.6 Legislação ............................................................................................................. 8

2 PROPRIEDADE INTELECTUAL ........................................................................ 11

2.1 Patente................................................................................................................ 13

2.2 Indicação Geográfica .......................................................................................... 15

2.3 Desenho Industrial .............................................................................................. 17

Prazo do desenho industrial ...................................................................................... 17

2.4 Direitos de Autor ................................................................................................. 18

3 DIREITOS AUTORAIS NA INTERNET ............................................................... 20

3.1 Sítios ................................................................................................................... 21

3.2 Elementos dos Sítios .......................................................................................... 21

3.3 Titularidade ......................................................................................................... 22

3.4 Links.................................................................................................................... 23

3.5 Proteção legal ao direito do autor na multimídia ................................................. 24

3.6 Textos e Fotografias utilizados em sites ............................................................. 25

3.7 Design do site ..................................................................................................... 25

3.8 Inclusão de obras musicais em websites ............................................................ 27

3.9 Inclusão de filmes e vídeos em websites ............................................................ 27

4 DOMÍNIO PÚBLICO ........................................................................................... 27

4.1 Várias causas pelas quais um domínio privado se torna um domínio público .... 29
4.2 Bens de domínio público entendidos como serviço público ou uso público ........ 29

4.3 Domínio público no Brasil ................................................................................... 29

5 O CRIME DE PLÁGIO ........................................................................................ 30

6 A PIRATARIA E SUA RELAÇÃO COM O DIREITO PENAL .............................. 32

7 DIREITOS CONEXOS ........................................................................................ 34

7.1 Direitos conexos ao autor ................................................................................... 34

7.2 Proteção de direitos conexos .............................................................................. 36

7.3 Que direitos são assegurados aos titulares dos direitos conexos? ..................... 36

8 DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL ...................................................... 38

8.1 Introdução ........................................................................................................... 38

8.2 Direito de Propriedade Intelectual X Direito de Propriedade Industrial ............... 39

8.3 Histórico do Direito de Propriedade Industrial ..................................................... 39

8.4 Propriedade Industrial no Brasil .......................................................................... 40

8.5 Lei de propriedade industrial ............................................................................... 43

8.6 Do Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI ....................................... 44

9 MARCAS ............................................................................................................ 45

9.1 Classificação das marcas ................................................................................... 45

9.2 Registro de marcas no INPI ................................................................................ 46

9.3 Marca de alto renome (art. 125, LPI) e marca notória (126, LPI) ........................ 50

9.4 Repressão ao uso indevido da marca ................................................................. 51

9.5 Extinção do registro da marca: art. 142, LPI ....................................................... 53

10 INVENÇÃO ...................................................................................................... 54

10.1 Prazo de vigência da patente de invenção: art. 40, LPI ............................... 54

11 LICENÇA E CESSÃO ...................................................................................... 55

11.1 Licença ......................................................................................................... 55

11.2 Cessão ......................................................................................................... 55

12 CONCORRÊNCIA ........................................................................................... 56
12.1 O sistema brasileiro de defesa da concorrência (SBDC) ............................. 56

12.2 Abuso do poder econômico .......................................................................... 57

12.3 Concorrência desleal.................................................................................... 58

13 INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS ....................................................................... 59

13.1 Indicação de Procedência ............................................................................ 59

13.2 Denominação de Origem ............................................................................. 59

13.3 Indicação Geográfica ................................................................................... 60

14 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 61
1 DIREITO AUTORAL

1.1 O que é direito autoral

Direito autoral é um conjunto de prerrogativas conferidas por lei à pessoa


física ou jurídica criadora da obra intelectual, para que ela possa gozar dos benefícios
morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas criações. O direito autoral
está regulamentado pela Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98) e protege as relações
entre o criador e quem utiliza suas criações artísticas, literárias ou científicas, tais
como textos, livros, pinturas, esculturas, músicas, fotografias etc. Os direitos autorais
são divididos, para efeitos legais, em direitos morais e patrimoniais.

Fonte: www.vilage.com.br

Os direitos morais asseguram a autoria da criação ao autor da obra intelectual,


no caso de obras protegidas por direito de autor. Já os direitos patrimoniais são
aqueles que se referem principalmente à utilização econômica da obra intelectual. É
direito exclusivo do autor utilizar sua obra criativa da maneira que quiser, bem como
permitir que terceiros a utilizem, total ou parcialmente.
Ao contrário dos direitos morais, que são intransferíveis e irrenunciáveis, os
direitos patrimoniais podem ser transferidos ou cedidos a outras pessoas, às quais o
autor concede direito de representação ou mesmo de utilização de suas criações.
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Caso a obra intelectual seja utilizada sem prévia autorização, o responsável pelo uso
desautorizado estará violando normas de direito autoral, e sua conduta poderá gerar
um processo judicial.
A obra intelectual não necessita estar registrada para ter seus direitos
protegidos. O registro, no entanto, serve como início de prova da autoria e, em alguns
casos, para demonstrar quem a declarou primeiro publicamente.

1.2 O surgimento do direito autoral no Brasil

A partir das Constituições de 1891, 1934, 1946, 1967 e da Emenda


Constitucional de 1969, o direito autoral em nosso país passou a ser expressamente
reconhecido. No caso dos direitos autorais relativos às obras musicais, foram os
próprios compositores que lutaram para a criação de uma norma para a arrecadação
de direitos pelo uso de suas obras.
No Brasil, as sociedades de defesa de direitos autorais surgiram no início do
século XX. Estas associações civis, sem fins lucrativos, foram na sua maioria
fundadas por autores e outros profissionais ligados à música, e tinham como objetivo
principal defender os direitos autorais de execução pública musical de todos os seus
associados.
Chiquinha Gonzaga foi uma das pioneiras no movimento de defesa dos
direitos autorais no país. Cada vez que suas obras musicais eram executadas nos
teatros, ela considerava justo receber uma parcela do que era arrecadado, pois
entendia que sua música era tão importante e gerava tanto sucesso quanto o texto
apresentado.
Em 1917, ela fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (que
posteriormente passou a se chamar Sociedade Brasileira de Autores) - Sbat, que no
início era integrada somente por autores de teatro, mas que com o passar do tempo
também permitiu a associação de compositores musicais. Como consequência
natural, o movimento associativo ampliou-se e logo surgiram outras entidades.
Com a pulverização de associações com o mesmo fim, os problemas não
paravam de aumentar. Os usuários preferiam continuar a utilizar as obras intelectuais
sem efetuar qualquer pagamento, visto que o pagamento a qualquer uma das

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associações existentes não implicava em quitação plena e permitia a cobrança por
outra associação.
As músicas, em sua grande maioria, eram (e continuam sendo) resultados de
parcerias, e por isso possuíam vários detentores de direitos, cada qual filiado a uma
das referidas entidades, gerando cobranças e distribuições separadas.
Para dar fim a esse problema, em 1973 foi promulgada a Lei 5.988/73, que
criava um escritório central para realizar, de forma centralizada, toda a arrecadação e
distribuição dos direitos autorais de execução pública musical. Em 2 de janeiro de
1977, o Ecad - Escritório Central de Arrecadação e Distribuição iniciou as suas
atividades operacionais em todo o Brasil.

1.3 O direito autoral hoje no Brasil

No Brasil, a gestão coletiva surgiu da necessidade de se organizar a


arrecadação e a distribuição dos direitos autorais das músicas utilizadas em locais
públicos.
A impossibilidade de cada autor controlar a utilização de sua obra, em todos
os cantos do país e do mundo, fez com que eles se reunissem em associações de
música para gerir seus direitos.
Este tipo de gestão garante os direitos dos autores, intérpretes, músicos,
editoras e gravadoras, especialmente porque o Brasil possui um sistema que permite
arrecadar e distribuir, conjuntamente, os direitos de autor (autores e editoras) e
conexos (intérpretes, músicos e gravadoras).
A gestão coletiva também facilita o dia a dia dos usuários de música, pois eles
recebem uma autorização ampla e única para utilizar qualquer obra musical protegida
e cadastrada no banco de dados do Ecad e das associações de música.
Para os autores que não concordam com este sistema ou esta forma de
centralização, a lei brasileira permite que os mesmos administrem por conta própria o
seu repertório musical, não precisando, portanto, estar associados a uma das nove
associações para que seus direitos sejam preservados e garantidos.
Porém, fica claro que, num país com dimensões continentais como o Brasil,
fica praticamente inviável um titular de música conseguir identificar e controlar todos

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os locais que utilizam suas obras para a cobrança dos seus devidos direitos autorais
de execução pública musical.

1.4 Obra musical e fonograma

Os titulares de direito de autor estão diretamente ligados à obra musical,


enquanto os titulares de direitos conexos estão ligados ao fonograma.
A obra musical, fruto da criação humana, possui letra e música ou
simplesmente música. Uma música instrumental também é uma obra musical, mesmo
não possuindo letra.

Fonte: www.gamademedeiros.com.br

O fonograma é a fixação de sons de uma interpretação de obra musical ou de


outros sons. Essa fixação em geral se dá em um suporte material, isto é, em um
produto industrializado. Cada faixa do CD, DVD ou LP é um fonograma distinto.

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1.5 Os diferentes tipos de direitos

Existem diversos tipos de direitos relacionados à exploração das obras


musicais e dos fonogramas. Alguns desses direitos são exercidos diretamente por
seus titulares, outros são geridos coletivamente. Eles são assim classificados:
• Direito de edição gráfica: relativo à exploração comercial de partituras
musicais impressas. Geralmente exercido pelos autores diretamente ou por suas
editoras musicais;
• Direito fonomecânico: referente à exploração comercial de músicas gravadas
em suporte material. Exercido pelas editoras musicais e pelas gravadoras;
• Direito de inclusão ou de sincronização – relativo à autorização para que
determinada obra musical ou fonograma faça parte da trilha sonora de uma produção
audiovisual (filmes, novelas, peças publicitárias, programação de emissoras de
televisão etc.) ou de uma peça teatral. Quando se trata do uso apenas da obra musical
executada ao vivo, a administração é da editora musical. Já quando se trata da
utilização do fonograma, a administração é da editora e da gravadora.
• Direito de execução pública – referente à execução de obras musicais em
locais de frequência coletiva, por qualquer meio ou processo, inclusive, pela
transmissão, radiodifusão e exibição cinematográfica. Esse direito é exercido
coletivamente pelas sociedades de titulares de música representadas pelo Ecad.
• Direito de representação pública – relaciona-se à exploração comercial de
obras teatrais em locais de frequência coletiva. Se essas obras teatrais tiverem uma
trilha sonora, a autorização para a execução da trilha deverá ser obtida por meio do
Ecad.
Deve ficar claro que as atribuições legais e estatutárias do Ecad dizem
respeito à proteção dos direitos de execução pública musical. A defesa dos demais
tipos de direitos musicais, tais como sincronização e fonomecânicos, é exercida
diretamente por seus titulares ou por meio de outras associações de gestão coletiva.

1.6 Legislação

 Declaração Universal dos Direitos Humanos

Artigo XXVII
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1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da
comunidade, de fruir das artes e de participar do progresso científico e de
seus benefícios.
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais
decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja
autor.

O direito autoral está regulamentado por uma série de normas jurídicas: na


Constituição Federal, na Lei de Direito Autoral e nos tratados internacionais, com o
objetivo de proteger as relações entre o criador e a utilização de obras literárias,
artísticas ou científicas, tais como livros, pinturas, esculturas, músicas, ilustrações,
fotografias, etc.
Atualmente, os direitos autorais de execução pública musical, sob
responsabilidade do Ecad, são regidos pela Lei Federal 9.610/98, que amplia e ratifica
os direitos dos criadores e os deveres daqueles que utilizam obras musicais
protegidas.
O Brasil é signatário de diversos tratados e convenções internacionais que
representam o compromisso assumido pelo país, perante toda a comunidade
internacional, de respeitar e proteger os direitos autorais relativos aos diversos tipos
de obras intelectuais.
Dentre as principais normas internacionais, destacam-se:
- Convenção de Berna (Decreto 75.699, de 6.12.75);
- Convenção de Roma (Decreto 57.125, de 19.10.65);
- Acordo sobre aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados
ao Comércio – ADPIC (Decreto 1.355, de 30.12.94).
O não pagamento dos direitos autorais é uma violação à lei e o infrator
responderá judicialmente pela utilização não autorizada das obras musicais, ficando
sujeito às sanções criminais e civis cabíveis, conforme capu do art.184 do Código
Penal Brasileiro e artigos 105 e 109 da Lei federal 9.610/98. Os casos são sempre
levados ao Judiciário e o juiz poderá decidir sobre o pagamento de multa equivalente
a 20 vezes o valor do débito original.1

 Direitos Autorais

Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica.

1 Texto extraído: www2.ecad.org.br


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A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas nos
casos previstos na Lei de Direitos Autorais – Lei nº 9.610/98.
- No caso específico da música, pode ser o autor (da letra) ou o compositor
(autor da música).
Para se identificar como autor, poderá o criador da obra literária, artística ou
científica usar de seu nome civil, completo ou abreviado até por suas iniciais, de
pseudônimo ou qualquer outro sinal convencional.
Ao Coautor, cuja contribuição possa ser utilizada separadamente, são
asseguradas todas as faculdades inerentes à sua criação como obra individual,
vedada, porém, a utilização que possa acarretar prejuízo à exploração da obra
comum.
- São coautores da obra audiovisual o autor do assunto ou argumento literário,
musical ou lítero-musical e o diretor.
- Não se considera coautor quem simplesmente auxiliou o autor na produção
da obra literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a, bem como
fiscalizando ou dirigindo sua edição ou apresentação por qualquer meio.
- Consideram-se coautores de desenhos animados os que criam os desenhos
utilizados na obra audiovisual.
Titular de Direitos de Autor: é quem adapta, traduz, arranja ou orquestra obra
caída no domínio público, não podendo opor-se a outra adaptação, arranjo,
orquestração ou tradução, salvo se for cópia da sua:
- Autor-Versionista: aquele que faz a versão da música para idioma diverso do
idioma de origem.
A versão caracteriza-se por ser uma nova obra, derivada da obra original já
existente. No entanto, o autor original, também recebe um percentual, pois a criação
original é de sua autoria.
- Autor-Adaptador: aquele que faz adaptação sobre obra em domínio público.
No momento da distribuição, este autor-adaptador recebe os valores distribuídos e
relativos à adaptação que criou.
- Editoras musicais: não são caracterizadas como autoras, mas exercem a
titularidade dos direitos dos autores que lhes conferem tais direitos em razão de
contratos de edição ou cessão de direitos firmados.

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- Subeditores: são os editores nacionais que representam obras estrangeiras
no Brasil sob a forma de sub-edição e não edição direta.

2 PROPRIEDADE INTELECTUAL

A propriedade intelectual tem um papel fundamental em nossa sociedade,


pois é por meio desta que as empresas conseguem ter um retorno financeiro de seus
investimentos com P&D.

Fonte: www.hoje.unisul.br

Isto se deve ao fato da propriedade intelectual ser considerada uma forma de


reconhecimento a atividade inventiva, pois permite que o autor receba um retorno
financeiro pelos investimentos realizados pela pesquisa e por outro lado tende a
incentivar e a estimular que ocorram mais investimentos em inovações tecnológicas
(SAMPAIO E SANTOS, 2000).
A propriedade intelectual é um meio de apropriação dos resultados inventivos,
pois serve para impedir que terceiros se utilizem da inovação sem autorização do
inventor, entretanto, sua eficácia varia de acordo com a matéria e o setor da inovação
(CORREA, 1999, p. 1).
Segundo Buainain (2004), a propriedade intelectual:

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“Possibilita transformar o conhecimento, em princípio um bem quase público,
em bem privado e é o elo de ligação entre o conhecimento e o mercado”.
Um dos temas mais controvertidos relacionados à propriedade intelectual
recai sobre os seres vivos e os novos processos biológicos, tendo-se ainda muitas
questões sem respostas, pois envolvem aspectos políticos, sociais, técnicos,
econômicos e culturais. Por este motivo não são encontrados nas legislações
anteriores do Brasil, a possibilidade de patenteamento de seres vivos, devido ao fato
da pesquisa genética não ser avançada neste período da forma como é nos dias
atuais (VIEIRA E BUAINAIN, 2006 e VIEIRA, 2001).
O pais em 1994 assinou o TRIPS - Agreement on Trade Related Intellectual
Aspects of Intellectual Property Rights, o qual em português recebeu a denominação
de Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao
Comércio – ADPIC, se obrigando com isto a elaborar uma legislação que atendesse
as diretrizes estipuladas pelo Acordo com relação a proteção aos direitos relacionados
a propriedade intelectual.
Desta forma, no ano de 1996, foi aprovada a Lei nº 9.279 a qual regula direitos
e obrigações relativos à propriedade industrial; no ano de 1997, foi editada a Lei nº
9.456 a qual institui a lei de cultivares e no ano seguinte, em 1998 foi promulgada a
Lei nº 9.610 a qual consolida a legislação sobre direitos autorais.
A propriedade intelectual pode ser dividida em 3 (três) grupos: um
denominado de propriedade industrial; outro de direito autoral e o sui generis.
O termo propriedade industrial tem como finalidade proteger os direitos
relativos às patentes (de invenção ou de modelos de utilidade), marcas, desenho
industrial e indicação geográfica, cabendo de acordo com a lei ao Instituto Nacional
de Propriedade Industrial - INPI a repressão a concorrência desleal (art. 2º da lei
9.279/96).
Por outro lado, o direito autoral protege as obras decorrentes do intelecto
humano, ou seja, protege as obras literárias, científicas e artísticas, bem como os
programas de computador.
As novas variedades vegetais obtidas por meio de melhoramento vegetal,
recebem proteção pelo sistema suigeneris, o qual faz parte da propriedade intelectual
e são protegidas em nosso país pela Lei nº 9.456/97 – Lei Proteção de Cultivares.

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2.1 Patente

Segundo Aurélio W. Bastos (1997, pg. 209) patente:

"É um direito exclusivo concedido a uma invenção*, que consista em um


produto ou um processo que prevê, em geral, uma nova maneira de fazer
algo, ou oferece uma nova solução técnica para um problema. Título de
exploração temporal, concedido pela Administração ao inventor, em
contrapartida à divulgação, bem como da exploração fidedigna do seu
invento. O inventor precisa atender aos requisitos de novidade, atividade
inventiva e aplicação industrial. Pode-se afirmar que a Patente é um
documento expedido pelo órgão competente do Estado que reconhece o
direito de propriedade industrial reivindicado pelo titular."

*Invenção é uma solução técnica a um problema, estando intimamente ligado


ao desenvolvimento de um experimento, podendo ser protegido pela propriedade
intelectual. Por outro lado, a inovação tecnológica é a possibilidade de inserção no
mercado de determinado produto ou processo, tendo viabilidade econômica e de
mercado, nem sempre sendo passível de proteção pela propriedade intelectual.
Sua concessão pelo Estado é na realidade uma ‘troca’, pois o titular recebe a
proteção por meio de patentes em contrapartida torna público por meio do relatório
descritivo, o qual é requisito para o depósito do pedido de patente a descrição
minuciosa do produto ou processo a ser protegido.
A concessão de patentes para os inventores traz consigo algumas vantagens:
o titular pode impedir que terceiros utilizem, ou seja, que produzam, coloquem à
venda, usem, vendam ou importem sua invenção ou modelo de utilidade sem sua
autorização tendo o poder de controlar ou limitar a concorrência no prazo de seu
domínio, após esse prazo eles recaem sobre domínio público.
O pedido de patente poderá recair sobre uma invenção ou um modelo de
utilidade (art. 2º da Lei 9.279/96), sendo entendido como modelo de utilidade qualquer
objeto de uso prático que apresente uma nova forma ou disposição e que este decorra
de um ato inventivo ou de uma melhoria funcional (art. 9º da referida lei), protegendo,
assim, as partes internas ou externas de um produto (CORREA, 1999, p. 4).
O Art. 10 da lei 9.279/97 dispõe do que não pode ser considerado uma
invenção nem um modelo de utilidade, são eles:
a) descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;
b) concepções puramente abstratas

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c) esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis,
financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;
d) as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer
criação estética;
e) programas de computador em si,
f) regras de jogo,
g) técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos
terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal e;
h) o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados
na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de
qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.

Fonte: www.vcpi.com.br

 Patenteável

A definição do que pode ser patenteável é dada pelo GATT - General


Agreement on Tariffs and Trade (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), o qual
descreve que: “qualquer invenção, de produto ou processo, em todos os setores
tecnológicos, desde que seja nova, envolva processo inventivo e seja passível de
aplicação industrial” (GATT/TRIPS, art. 27.1).

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O mesmo artigo define também o que os Estados membros podem considerar
como não sendo passível de patenteamento, são eles:
a) invenções que contrariem a ordem pública e a moralidade e que atentem
contra a vida ou a saúde humana, animal ou vegetal, além daquelas que
prejudiquem o meio ambiente;
b) os métodos diagnósticos, terapêuticos e cirúrgicos para tratamento de
seres humanos ou de animais;
c) plantas e animais, exceto microrganismos e processos essencialmente
biológicos para a produção de plantas ou animais, excetuando-se os
processos não biológicos e microbiológicos. (GATT/TRIPS, art. 27.2 e 3).

 Não patenteáveis

O art. 18 da Lei 9.279/97 dispõe que não são patenteáveis: a) o que for
contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; b)
as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem
como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos
de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico,
e c) o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microrganismos transgênicos que
atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e
aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta*.
*Descoberta é a revelação de alguma coisa até então desconhecida pela
sociedade, mas que já se encontrava inserido na natureza, sendo a mesma
encontrada pela simples observação do homem, como por exemplo, metais
encontrados em nossa natureza, proteínas, genes, etc.

 Prazo da patente

O prazo de proteção é de 20 (vinte) anos nos casos de patente de invenção e


de 15 (quinze) anos nas patentes de modelo de utilidade, contados a partir da data de
depósito do pedido, após este período os mesmos caem em domínio público.

2.2 Indicação Geográfica

As indicações geográficas são compostas por nomes geográficos que tenham


por finalidade caracterizar a procedência de um produto, identificando sua cidade ou
região; além de ser um mecanismo de diferenciação de produtos. No Brasil está se
subdivide em 2 espécies: indicação de procedência e denominação de origem.

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Fonte: www.startupi.com.br

A Lei 9.279/96, em seu art. 177, define indicação de procedência como “o


nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha
tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado
produto ou de prestação de determinado serviço”.
Podemos citar como exemplos de indicações de procedência concedidos:
Vale dos Vinhedos – para vinhos (IG200002); Pampa Gaúcho da Campanha
Meridional – para carne e derivados (IG 200501); Vale dos Sinos – para couro
acabado (IG200702), dentre outros.
Já a denominação de origem é definida no art. 178 da referida lei como “o
nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe
produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou
essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos”.
Com relação à denominação de origem, temos como exemplos: Região dos
Vinhos Verdes – para vinhos de Portugal (IG970002); Franciacorta – para vinhos e
bebidas alcoólicas da Itália (IG200101); San Daniele – para coxas de suínos frescas
e presunto defumado cru (IG980003), dentre outros.
O decreto nº 4.062/01 definiu os termos ‘Cachaça’, ‘Brasil’ e ‘Cachaça do
Brasil’ como sendo indicações geográficas, podendo ser utilizado no caso de
destilados simples do caldo de cana-de-açúcar produzidos dentro do território
nacional.
Entretanto, se o nome já for de uso comum, ou seja, já estiver sendo utilizado
para identificar um produto ou serviço, o mesmo não poderá ser protegido como
indicação geográfica. Este é o caso do queijo mineiro o qual já é um uso comum, não
podendo os produtores de queijo de minas protegerem este nome como uma
indicação geográfica.
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2.3 Desenho Industrial

O desenho industrial é o aspecto ornamental ou estético de um artigo. O


projeto pode consistir em características tridimensionais, como a forma ou a superfície
de um artigo, ou bidimensionais, como padrões, linhas ou cores. Desenhos industriais
têm aplicação em uma grande variedade de produtos da indústria e do artesanato: de
instrumentos técnicos e médicos à relógios, joias, e outros artigos de luxo; de
utensílios domésticos e aparelhos elétricos à estrutura veicular e arquitetônica; de
desenhos têxteis à bens de lazer.
Forma Plástica ornamental de um objeto ou conjunto ornamental original de
linhas e/ou cores que, com fim industrial ou comercial, poder ser utilizados ou
aplicados na fabricação de um produto industrial ou artigo utilitário, proporcionando
resultado visual novo e original na sua configuração externa.
O Art. 95 da Lei nº 9.279/96, define o desenho industrial como sendo:
A forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas
e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado novo e original
na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial.
A proteção recai sobre a forma externa do objeto, não estando protegida pelo
desenho industrial a função prática deste objeto, o mesmo também ocorre com as
cores e os materiais utilizados na fabricação. Não sendo considerado desenho
industrial as obras de caráter puramente artístico.
Todos aqueles que criarem desenhos industriais poderão proteger sua
criação, desde que preenchidos os requisitos: da novidade, da originalidade e que o
objeto seja passível de fabricação.
O Art. 96 da Lei estabelece que o desenho industrial será considerado novo
quando não estiver compreendido no estado da técnica; já no Art. 97 da mesma lei,
dispõe que será considerado original o desenho industrial quando sua configuração
visual o distinga dos objetos anteriores a ele.
Não podem ser registrados como desenhos industriais:
 Tudo o que for contrário a moral e aos bons costumes;
 A forma necessária ou vulgar de um objeto;
 A forma determinada pelas considerações técnicas ou funcionais do objeto.
Prazo do desenho industrial

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O prazo de proteção é de 10 (dez) anos a partir da data do depósito do pedido,
podendo o mesmo ser prorrogado no máximo por 3 (três) vezes pelo período de 5
(cinco) anos cada.

2.4 Direitos de Autor

Direitos de autor são direitos conferidos aos criadores de obras literárias e


artísticas. Os tipos de trabalhos protegidos por direitos autorais incluem: trabalhos
literários, como romances, poemas, peças de teatro, obras de referência, jornais e
programas de computador; bases de dados, filmes, composições musicais,
coreografias, trabalhos artísticos como pinturas, desenhos, fotografias e esculturas;
arquitetura, anúncios, mapas e desenhos técnicos.
O Direito de Autor ou Direito Autoral constitui, como a propriedade industrial,
um dos ramos dos denominados direitos intelectuais, enquanto criações do espírito
humano. Não é propriamente um produto, mas o produto não existe sem ele, razão
pelo qual o autor tem direitos sobre o produto. O Direito do Autor compreende
prerrogativas morais e patrimoniais, aquelas referentes ao vínculo pessoal e perene
que une o criador à sua obra e estas referentes aos efeitos econômicos da obra e o
seu aproveitamento mediante a participação do autor em todos os processos e
resultados. O direito de autor protege o criador e as obras resultante, direta ou
indiretamente, e ampara a concepção do autor apresentada sob determinada forma.
O direito autoral de nosso país encontra-se regulamentado pela Lei
nº 9.610/98, a qual tem como finalidade proteger as obras literárias, artísticas e
científicas, impedindo desta forma, que terceiros se utilizem indevidamente das obras
protegidas.

18
Fonte: www.robertofrancodoamaral.com.br

A WIPO define direito de autor como sendo “a proteção da criação da mente


humana”. Assim, é importante salientar que o direito autoral protege as obras não
estando inseridos neste contexto os pensamentos e idéias. Ou seja, para que gozem
de proteção é necessário que os pensamentos e idéias sejam exteriorizados,
passados para um documento em concreto deixando de existir somente em nossa
mente.
O autor poderá ser identificado de várias formas: pelo seu nome civil- seja ele
completo, abreviado ou somente pelas iniciais de seu nome; podendo ainda utilizar
um pseudônimo ou qualquer outro sinal que o identifique.
Todos aqueles que tiverem o seu nome agregado a uma obra serão
legalmente considerados coautores, não se enquadrando nesta definição aqueles que
realizam serviços de correção, atualização ou fiscalização de uma obra.
É possível a realização de paráfrases e paródias de obras desde que não
caracterizem reproduções e que não causem descrédito ao autor da obra.
O titular dos direitos autorais tem direito de exigir uma indenização do infrator
pelos prejuízos causados, estando o mesmo sujeito a pena na esfera penal podendo
receber pena de detenção que pode variar de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.

 Prazo do direitos autorais

19
O prazo de proteção dos direitos autorais é de 70 (setenta) anos contados a
partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da morte do autor, independente de
registro.

3 DIREITOS AUTORAIS NA INTERNET

A Internet revolucionou o mundo atual. O meio digital originou novos tipos de


criações intelectuais, que por sua vez originaram vários problemas de direitos
autorais, principalmente pela sua determinação.
Assim podemos distinguir entre as várias criações derivadas da tecnologia da
informação os programas de computador, os sítios, as bases de dados eletrônica e a
multimídia. A tecnologia também inseriu características novas em criações antigas,
como as músicas e os livros, também chamados e-books.
Na Internet não existe um centro, um governo. Ela é um conjunto de mais de
80.000 redes no mundo inteiro, que tem em comum um protocolo chamado TCP/IP,
que permite a comunicação, e é a “língua comum” dos computadores que integram a
Internet. No Brasil estima-se um número de 34 milhões de usuários (estimativa do
Comitê gestor de Internet, em novembro de 2003), que podem ter acesso a um mundo
virtual, que está cada vez mais real na prática cotidiana.
Como qualquer sociedade real ou virtual está sujeita à ilícitos praticados por
seus membros, a necessidade de um controle de conteúdo e de usos da Internet vem
causando preocupações.
Quando se criou a fotocopiadora muitas pessoas se questionaram acerca da
morte dos direitos autorais, alegando Marshall Mcluhan que “ Na era da xerox,
qualquer cidadão é um editor”. Com a Internet o mesmo ocorre, com vários
doutrinadores se perguntando se o direito autoral sobreviverá a esse mundo virtual
globalizado, inundado de informações, e consequentemente de violações ao direito
autoral.
Neste estudo vamos estudar as formas de manifestação dos direitos autorais
na Internet, e os casos mais frequentes de violações ocorridos neste meio.

20
3.1 Sítios

Os sítios, ou websites, são as páginas que existem na Internet. Segundo


Manoel J. Pereira dos Santos: “o espaço virtual criado na Internet, através do qual
entidades e indivíduos disponibilizam informações, ofertam bens e serviços e se
comunicam com o público. ”
Muitos doutrinadores acreditam que o mesmo deve ser protegido pela
propriedade industrial. Entretanto a doutrina majoritária vem entendendo que, por lhe
faltar o requisito da novidade, o sítio encontra guarida na Lei de Direitos Autorais.
De fato, a natureza jurídica do sítio não é pacífica. Muitas vezes o sítio
ou website é visto como uma obra multimídia online, ou com uma obra audiovisual (o
que implicaria em criação de movimentos), mas tal afirmação não pode ser genérica
porque vários sítios não contêm esses requisitos. Outros afirmam que o sítio
equivaleria a um
Programa de computador, ou a uma base de dados, mas a natureza do
mesmo não é apenas realizar uma funcionalidade ou disponibilizar um conteúdo. De
fato, o sítio é uma combinação de vários tipos de obras, muitas vezes interagindo com
o usuário através de textos, músicas e imagens, constituindo uma estrutura
orgânica, sui generis.

3.2 Elementos dos Sítios

Como estrutura orgânica que é, os sítios possuem os seguintes elementos


que são potencialmente protegíveis pela propriedade intelectual: o aspecto gráfico
(constitui a verdadeira criação, envolve um grau de estética e de criatividade, que,
desde que respeitado o requisito da originalidade, é protegido pelo Direito Autoral), a
base de dados eletrônica, a programação, o conteúdo e a estrutura.
Entretanto o art. 7º da LDA, em seu inciso XIII, reconhece a proteção de obras
intelectuais não só para as coletâneas, bases de dados, ou compilações, mas também
a outras obras que por sua seleção, organização ou disposição do conteúdo,
constituam uma criação intelectual.
Portanto o sítio pode ser protegido como uma obra autônoma, e não
separadamente com cada elemento de sua estrutura. Na medida em que o sítio

21
disponibiliza criativamente todos os elementos que o agregam, desde que originais,
ele terá a proteção da LDA.

3.3 Titularidade

O sítio é caracterizado pela doutrina como uma obra coletiva, que é aquela
em cuja realização concorrem várias pessoas, cabendo a organização a uma pessoa
física ou jurídica.

Fonte: www.pontopessoal.com.br

A titularidade conferida às obras coletivas, conforme art. 23 da LDA, é do


organizador. É a pessoa física ou jurídica responsável pelo desenvolvimento e
disponibilização da obra que poderá explorá-la economicamente.
Quando a obra for uma criação individual de uma única pessoa, como os webs
designers, importante recordar que os direitos morais, por sua natureza de
inalienáveis e irrenunciáveis, continuam pertencendo ao autor da mesma.
Entretanto como muitos sítios necessitam de mudanças constantes, em
alguns países como a Franca por exemplo a prática contratual tem feito com que se

22
disponha em contratos realizados com o web designer, uma restrição em seus direitos
morais. Dessa forma, considerando o sítio como uma obra em continua evolução, o
autor-, não poderia se opor a mudanças ou adaptações realizadas posteriormente
pelo encomendante.

3.4 Links

O serviço de hipertexto surgiu em 1991, com o objetivo de facilitar o envio de


documentos ilustrados entre os computadores. O hipertexto usa o recurso
de links (ou hiperlinks), que são uma ligação ativa entre um documento e outro.
Quando um usuário clica no mouse, a nova página indicada será transferida para o
computador-cliente. No direito muito já se discutiu acerca dos links.
No Tribunal da Califórnia, no caso Ticketmaster
Corporation versus Tickets.com Inco., foi discutido a questão dos links. O sítio dos
litigantes consiste num serviço de compra de entradas para diversos espetáculos,
como shows, jogos, concertos etc.
Ocorre que na página da Tickets haviam vários links para alguns espetáculos
em que a mesma não vendia ingresso, mas apenas possibilitava ao cliente, com a
utilização de links, ir ao endereço, URL, correta para adquiri-los no site
da Ticketmaster.
A Ticketmaster então ajuizou uma ação contra a Tickets alegando que a
mesma para fornecer informações sobre espetáculos que ela não vendia ingressos,
utilizava e copiava páginas internas da Ticketmaster, alegando que a cópia incluía a
impressão de informações fáticas obtidas no sítio da ticketmaster, constituindo,
portanto, violação dos direitos de propriedade intelectual.
O Tribunal não acatou as alegações da Ticketmaster com o fundamento de
que o hiperlink não constitui violação da lei de propriedade intelectual, uma vez que
não era uma cópia. De fato, o link apenas transfere automaticamente o cliente de um
sítio para outra página determinada, autêntica, do autor original.
No Brasil ainda não existe uma norma especifica sobre o uso de links. O seu
uso convencional é comum até mesmo nos sites do Poder Judiciário Brasileiro. Alguns
autores diferenciam o uso normal, como indicação de sites e o uso ilícito de links,

23
como por exemplo utilizar links de marcas famosas, para que os usuários em sites de
busca na Internet, através de palavras chaves, encontrem o site “infrator”.
Outro uso ilícito seria o de duas empresas concorrentes, em que uma usa o
link para o site da outra com o objetivo de desviar a clientela do site original, utilizando
do conteúdo do mesmo. Esses usos abusivos já vêm causando problemas nos
Tribunais de outros países, e breve poderão também ensejar litígios no Brasil. 2

3.5 Proteção legal ao direito do autor na multimídia

O meio Internet oferece recursos que permitem a utilização simultânea de


sons, fotografias, animações gráficas, filmes e outros. Para garantia dos direitos
autorais de cada um dos envolvidos na realização de cada recurso, é necessária e
imprescindível a realização de contratos para garantia dos direitos das partes
envolvidas na criação.
A Lei nº. 9.610/1998, em seu artigo 5º. VIII- h, define a obra coletiva, como
sendo “a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa física
ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela participação
de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa criação autônoma”.
A obra coletiva, apesar de ser escrita por várias pessoas, torna-se uma obra
única, porém, por intermédio dos contratados será estipulada a participação de cada
autor.
Assim, mesmo em obras coletivas, há proteção individual dos envolvidos na
criação.
É importante frisar que cabe ao organizador a titularidade dos direitos
patrimoniais sobre o conjunto da obra coletiva, garantindo, no entanto, o direito moral
dos participantes. E o contrato com o organizador especificará a contribuição do
participante, o prazo para entrega ou realização, a remuneração e demais condições
para sua execução.
Quanto às obras sob encomenda, a Lei Autoral não possui regulamentação
específica sobre a titularidade dos direitos autorais, cabendo aos contratos – de
prestação de serviços e de trabalho – fixarem os direitos e deveres de cada parte.

2 Texto de: Cláudia Beatriz Maia Silva. Extraído: www.ambito-juridico.com.br


24
3.6 Textos e Fotografias utilizados em sites

A licença de uso online, deve ser realizada por escrito, tanto em sites que
visam ao lucro ou não. A autorização deve ser específica, com tempo determinado,
estabelecendo a forma de divulgação, preservando-se o direito moral do autor da
indicação de seu nome.

Fonte: www.tecnologia.ig.com.br

3.7 Design do site

O design de determinado site é verificado pela forma de disposição das cores,


linhas, texturas, padrões gráficos, diagramação e outras.
A proteção poderá ser individual (protegendo cada elemento), ou a
proteção como um todo.
O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) não tem uma posição
oficial a respeito do web design - se estaria inserido no desenho industrial, direito
autoral, ou em ambos.
Entende-se que só poderiam ser incluídos no campo de desenho industrial:
os conjuntos de campos, diagramação, linhas, tarjas, molduras, texturas, padrões de
fundo, cores e combinações.
25
As fotografias, os textos, os logotipos e os símbolos, devem ser protegidos
pela Lei dos Direitos Autorais.
Os sons – que contenham mínima originalidade de seu emissor – produzidos
pelo ser humano, são protegíveis no âmbito do direito autoral.
Em todos os casos há necessidade de autorização expressa dos seus
autores.
Quanto às obras musicais para utilização em sites, há três classes de direitos
a serem protegidos:
a) o da obra em si (autor e editora musical);
b) o de sua interpretação (intérprete);
c) o da fixação fonográfica (gravadora).
A disponibilização online reclama sempre a expressa anuência na
utilização da obra em si, do autor e editora musical; o de sua interpretação, do
intérprete;
O Tratado da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) sobre
Interpretação ou Execuções de Fonogramas (1996), assegurou a necessidade de
expressa autorização de artista-intérprete ou executante e dos produtores de
fonograma para a reprodução, necessária à disponibilização online das obras.
Neste sentido, a utilização de recurso de download, por meio do qual é
permitido ao usuário do website reproduzir as obras, deve ser objeto de específica
autorização no licenciamento dos direitos sobre a obra musical.
O Tratado assegurou, ainda, o direito exclusivo dos artistas-intérpretes ou
executantes e dos produtores de fonogramas de autorizar a comunicação ao público,
por fio ou sem fio, de suas interpretações ou execuções fixadas em fonogramas e de
seus fonogramas, respectivamente, inclusive no que tange a sua disponibilização ao
público, de tal forma que membros do público possam acessá-las, de um lugar e
momento individualmente determinados.
Entende-se, assim, que não pode o licenciado, sob nenhuma justificativa,
utilizar seu conteúdo em sites na Internet, como também, multiplicar suas cópias e
ofertá-lo – gratuitamente ou mediante pagamento – a terceiros.
Tais atos constituem infração aos direitos do autor.

26
3.8 Inclusão de obras musicais em websites

As regras são:
a) dar referência ao título e autor;
b) nome ou pseudônimo do intérprete;
c) o ano da publicação;
d) a identificação de seu produtor.

3.9 Inclusão de filmes e vídeos em websites

As regras para inclusão são:


a) dar referência ao título da obra adaptada;
b) autor;
c) artistas e intérpretes;
d) ano de publicação;
e) identificação de seu produtor.3

4 DOMÍNIO PÚBLICO

O domínio público é uma situação que extingue os chamados “direitos


patrimoniais de autor”. Ou seja, a partir dela, a obra intelectual regida pela Lei de
Direitos Autorais (Lei nº 9.619/98) passa a poder ser explorada economicamente por
qualquer pessoa, sem que o autor original, ou seus sucessores, precisem dar qualquer
tipo de autorização ou mesmo participarem dessa exploração econômica ou dos
resultados desta.
Bruno Hammes explica que “Domínio público significa que já não há um titular
exclusivo da obra. Todas e cada um podem utilizá-la sem depender de autorização de
um titular e sem ter que pagar algo pela utilização. ” (HAMMES, Bruno. O Direito de
Propriedade Intelectual. 3. ed. Rio Grande do Sul: Unisinos, 2002. p. 129)
A doutrina dominante entende que "domínio público" pode significar o poder
que o Estado exerce sobre os bens próprios e alheios e a posição e condições desses
bens.

3 Texto de: Jane Resina Fernandes de Oliveira. Extraído: www.ambito-juridico.com.br


27
Desta forma, fala-se em domínio público em sentido amplo e domínio público
em sentido estrito ou iminente.
Em sentido amplo, revela-se como poder de dominação ou de
regulamentação exercido pelo Estado sobre os bens do seu patrimônio (bens de
interesse público), sobre os bens do patrimônio privado (bens particulares de interesse
público), ou, por fim, sobre as coisas inapropriáveis individualmente, mas de fruição
geral da coletividade.
Nesse sentido, o domínio público abrange não só os bens das pessoas
jurídicas de Direito Público Interno como também, os demais que, por sua utilidade
coletiva, merecem a proteção do Direito Público, tais como as águas, as jazidas e as
florestas.

Fonte: www.livrariapublica.com

Já o domínio público eminente é o poder político pelo qual o Estado submete


à sua vontade todas as coisas de seu território (domínio patrimonial). Trata-se de
manifestação da soberania interna, de forma que se relaciona especificamente com
os bens integrantes das pessoas jurídicas de direito público, de natureza
administrativa.4

4 Texto extraído: www.lfg.jusbrasil.com.br


28
4.1 Várias causas pelas quais um domínio privado se torna um domínio
público

Em todas as leis nacionais, estipula-se que um bem de domínio privado deixa


de ser para passar às mãos do Estado após vários anos depois da morte do autor (a
quantidade de anos depende da legislação de cada país).
Em alguns casos, os próprios autores cedem seus direitos ao domínio público
de maneira desinteressada e altruísta. Se ninguém reivindicar os direitos de um autor,
seu produto se torna automaticamente um domínio público.

4.2 Bens de domínio público entendidos como serviço público ou uso público

Os serviços oferecidos pela prefeitura, assim como as ruas e os rios não são
propriedade de ninguém em particular, uma vez que fazem parte do domínio público.
Assim, tudo o que é construído pelo estado ou faz parte do patrimônio de uma nação
é de domínio público. Consequentemente, tudo o que não é do estado (domínio
público) é de propriedade privada.
Enfim, algo faz parte do domínio público quando está dirigida a toda
comunidade em seu conjunto, seja em forma de uso público ou de serviço público.
Os bens de domínio público estão sujeitos a um regime jurídico para sua
proteção legal e são inspirados em três princípios básicos: inalienabilidade,
imprescritibilidade e o desembargo. A primeira significa que não se pode negociar com
estes bens, a segunda envolve o uso contínuo desses bens e o terceiro significa que
os bens de domínio público não podem embargar. 5

4.3 Domínio público no Brasil

No Brasil, os direitos autorais duram por 70 anos após a morte do


autor (contados a partir de 1 de janeiro do ano seguinte ao falecimento). Depois desse
prazo, a obra passa a ser domínio público e é por isso que neste ano você tem visto
um monte de versões d’O Pequeno Príncipe à venda: Antoine de Saint-Exupéry
completou 70 anos de morte em 2015.

5 Texto extraído: www.conceitos.com


29
Outro exemplo é a obra de Machado de Assis. Você pode tanto comprar os
livros quanto baixá-los gratuitamente. O próprio MEC disponibiliza o download, em
formatos PDF ou HTML. Há outras situações em que obras entram em domínio
público no Brasil, como no caso de autores falecidos que não tenham deixado
sucessores ou quando não se conhece o autor. O domínio público vale não apenas
para livros, mas também para artigos, músicas, invenções e outras obras de
tecnologia, cultura ou informação.

 Domínio público em outros países

Em geral, a regra é a mesma em outros países, variando o tempo necessário


após o falecimento do autor. Veja alguns exemplos:
 Argentina – 50 anos após o falecimento;
 França – 70 anos após o falecimento;
 México – 100 anos após o falecimento;
 Reino Unido – 70 anos após o falecimento.

5 O CRIME DE PLÁGIO

Copiar algum texto completa ou parcialmente, sem dar os devidos créditos,


ou sem a autorização do autor é crime com pena prevista em lei. O Código Penal tem
uma sessão que trata especialmente dos Crimes Contra a Propriedade Intelectual.
Quem produz algo é autor e dono daquela produção, qualquer coisa escrita,
dirigida, produzida por alguém é de sua propriedade, isso é a propriedade intelectual.
Copiar essas ideias sem a permissão do autor é crime, pois isso configura uma forma
de roubo e roubar ideias é plágio, e plágio é crime. Na lei existem algumas
especificações sobre o crime de plágio.
Crime de Violação aos Direitos Autorais no Art. 184 – Código Penal, que diz:
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de 3
(três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1º Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro
direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação,
execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou

30
executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: Pena –
reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro direto ou
indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem
em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com
violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito
do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou
fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os
represente.

Fonte: www.direitosbrasil.com

§ 3º Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra


ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a
seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente
determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto,
sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou
executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente: Pena – reclusão,
de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

31
Os direitos autorais são violados quando há publicação ou reprodução
abusiva, com a utilização excessiva do contratado, tradução não autorizada, a conduta
de atribuir para si a obra ou parte dela de autoria de outrem, condutas estas
denominadas pela LDA, em seu art. 5º inc. VII, de contrafação.
Na internet o problema para controlar os direitos autorais é mais difícil, vários
blogs pessoais copiam textos e não dão os devidos créditos, porém é mais difícil
controlar quem foi o verdadeiro autor daquele texto, já que não existe uma forma de
saber a origem do conteúdo produzido.6

6 A PIRATARIA E SUA RELAÇÃO COM O DIREITO PENAL

O mercado negro da pirataria oferece variedade de produtos com preços mais


baixos que os produtos originais, o que acaba ganhando o olhar atento da população
em geral para aquisição desse tipo de mercadoria. Entretanto, seja adquirindo ou
vendendo um produto falsificado, configura-se crime previsto no Código Penal
brasileiro.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, elenca uma série de direitos
fundamentais e prevê, no inciso XXVII, que aos autores pertence o direito exclusivo
de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros
pelo tempo que a lei fixar. Nos dias atuais, em razão da alta tecnologia, que se renova
a cada dia, se permite cada vez mais formas de fraudar tais direitos.
Diante da importância e complexidade do tema, foi criada a Lei 9.610/98, que
consolida a legislação sobre direitos autorais. Além disso, o legislador percebeu que
o tema merecia atenção especial do Direito Penal para tipificação de condutas e
definiu que comete crime de violação de direito autoral aquele que desrespeita a
titularidade do direito autoral e propriedade intelectual, criando o artigo 184 do Código
Penal Brasileiro.
Os produtos piratas são todos aqueles que possuem a reprodução, venda ou
distribuição sem a devida autorização do autor da obra e sem pagamento dos direitos
autorais. Qualquer espécie de falsificação se enquadra em crime, seja de forma direta
ou indireta, previsto no artigo 184 do Código Penal, ainda que sem o intuito de lucro,

6 Texto extraído: www.portaleducacao.com.br


32
exigindo apenas o dolo genérico, ou seja, querer violar o direito do autor, de qualquer
forma.
Entretanto, o objetivo especial do artigo 184 do Código Penal é penalizar a
prática daquele que tenha intuito de lucro direto ou indireto. Para esses casos
(violação ao direito autoral com intuito de lucro), é prevista pena de reclusão de dois
a quatro anos, com o claro desejo de combater a prática da pirataria de obras
protegidas por direitos autorais, inclusive nas novas tecnologias, como a internet.
O sujeito passivo, ou seja, aquele que tem o bem jurídico violado nos crimes
em questão, é o titular dos direitos, o autor da obra ou as pessoas reconhecidas como
tal.
O sujeito ativo é quem viola o tipo penal em questão, infringindo a norma, é
aquele que atenta contra os direitos do autor, por qualquer forma possível. Como
exemplo podemos citar aquele que reproduz total ou parcialmente, quem vende,
distribui e expõe a venda cópias clandestinas de CDs e DVDs de artistas musicais.
O Código Penal, no parágrafo 4º do artigo 184, faz uma ressalva no que diz
respeito à cópia única para uso privado do copista, sem intuito de lucro. Com isso,
copiar obra integral, em um só exemplar, para uso exclusivamente privado, sem intuito
de lucro, não é considerado crime.
Outro ponto que merece destaque é o que diz respeito à troca de arquivos
pela internet. Se tais arquivos foram disponibilizados na internet sem o consentimento
do autor da obra, aqueles que disponibilizaram a obra, bem como aqueles que a
copiaram estão sujeitos às penas previstas no artigo 184 do Código Penal.
Especial atenção deve ser dada àquele que compra produto que sabe ser de
origem clandestina, seja CD, DVD ou algum jogo de vídeo game, por exemplo. É
comum pensar que o crime é apenas para aqueles que distribuem produtos piratas,
sendo livre de sanção aquele que compra mercadoria falsificada. Entretanto, o artigo
180 do Código Penal prevê a punição daquele que, adquirir, receber, transportar,
conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de
crime, com pena de reclusão de um a quatro anos e multa.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) entende que o fato de, muitas vezes,
haver tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática não pode e não
deve significar que a conduta não seja mais tida como típica, ou que haja exclusão de

33
culpabilidade, razão pela qual, pelo menos até que advenha modificação legislativa,
incide o tipo penal, mesmo porque o próprio Estado tutela o direito autoral.
Em razão disso, foi consolidado o entendimento do STJ na Súmula 502:
“presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto
no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas”.

Fonte: www.producaoacademicaonline.wordpress.com

Sendo assim, é importante alertar que quem compra ou vende produtos


piratas estará sujeito a sanções previstas no Código Penal, sendo tais condutas
consideradas crimes.7

7 DIREITOS CONEXOS

7.1 Direitos conexos ao autor

Existem alguns profissionais que não são autores diretos das obras, mas que
têm uma participação importante nelas, é o caso dos artistas intérpretes, executantes,
produtores fonográficos etc.

7 Texto de: Daniela Martins Muritiba. Extraído: www.domtotal.com


34
Assim, a expressão “direitos autorais” abrange não apenas os chamados
“direitos do autor”, mas também aqueles que lhe são conexos, ou seja, aqueles
direitos assegurados a quem acrescente valor à obra.
Os direitos conexos são direitos “vizinhos” ao direito do autor, porém
independentes dele, isto é, os direitos destas pessoas não prejudicam de qualquer
forma os direitos dos autores.
A legislação estipula que o prazo de proteção a estes tipos de direitos se
prolonga por até setenta anos. Todavia, foi importante definir e separar os direitos de
cada um destes profissionais, individualizando alguns dispositivos e dedicando alguns
artigos a cada um deles.
Aos artistas intérpretes e executantes a lei assegura, exclusivamente, o direito
de autorizar ou proibir sobre as suas representações ou execuções em sua fixação,
reprodução, execução pública, locação, radiodifusão, colocá-las a disposição do
público em geral, como também a execução de qualquer modo.
Para a hipótese de haver vários artistas reunidos estes direitos podem ser
exercidos pelo diretor do grupo de artistas. Determina ainda que os direitos dos
artistas intérpretes e executantes se estendem à reprodução das vozes, bem como
das suas imagens, quando estas estiverem associadas às suas apresentações, o que
é muito comum nos nossos dias.
Também cabe a esta categoria de artistas os direitos morais de integridade e
paternidade de suas interpretações, inclusive depois da cessão dos direitos
patrimoniais, sem prejuízo da redução, compactação, edição ou dublagem da obra de
que tenham participado, sob a responsabilidade do produtor, que não poderá
desfigurar a interpretação do artista.
Quanto à relação artistas intérpretes e executantes, as empresas de
radiodifusão dependem estritamente da autorização daqueles que delimitam a
quantidade de emissões, podendo inclusive ser disponibilizados em arquivos públicos.
E na mesma interpretação acrescenta que alguns direitos no tocante as reutilizações
subsequentes de sua fixação são exercidas concorrentemente com os seus autores e
com a devida remuneração.
No que tange aos direitos que devam exercer as empresas de radiodifusão,
têm elas livre acesso para autorizar ou vedar que suas emissões sejam reproduzidas,

35
retransmitidas, fixadas, ou comunicadas através da televisão em locais de frequência
coletiva sem prejudicar os direitos dos seus autores originais.
Para os produtores fonográficos, há sentido comum àquelas prerrogativas
conferidas ao editor, podendo os produtores, com ou sem ônus, permitir ou proibir
qualquer tipo de reprodução, distribuição, locação, comunicação ao público pela
execução ou radiodifusão ou qualquer que seja o modo de utilização que porventura
possam ser criadas, prevendo assim o legislador a total segurança para os produtores
fonográficos. Encarrega ainda estes profissionais de receberem os proventos
pecuniários oriundos das representações ou execuções públicas.8

7.2 Proteção de direitos conexos

Direitos conexos referem-se à proteção para artistas intérpretes ou


executantes, produtores fonográficos e empresas de radiodifusão, em decorrência de
interpretação, execução, gravação ou veiculação das suas interpretações e
execuções.
Essa proteção não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras
literárias, artísticas ou científicas. Os direitos de autor e os direitos conexos protegem
diferentes pessoas. Por exemplo, no caso de uma canção, os direitos de autor
protegem o compositor da música e o criador da letra; já os direitos conexos se
aplicam aos músicos e ao cantor que interpretam a canção, ao produtor da gravação
sonora (também chamada de fonograma) na qual a música é incluída e às empresas
de radiodifusão que transmitem a música.

7.3 Que direitos são assegurados aos titulares dos direitos conexos?

Os titulares dos direitos conexos têm o direito exclusivo de autorizar ou de


proibir:
 Os intérpretes e executantes de fixar, reproduzir por meio de radiodifusão ou
execução pública de suas interpretações;

8 Texto extraído: www.joaoademar.wordpress.com


36
 Os produtores de fonogramas de reproduzir, distribuir por meio da venda ou
locação de exemplares e comunicar ao público por meio de execução pública
ou radiodifusão;
 As empresas de radiodifusão de retransmitir, fixar e reproduzir em suas
emissões.

 Qual é a validade dos direitos conexos?

É de setenta anos contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente à


fixação, para os fonogramas; à transmissão, para as emissões das empresas de
radiodifusão; e à execução e representação pública, para os demais casos.

 Quadro resumo

9 Texto extraído: www.utfpr.edu.br


37
8 DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL

8.1 Introdução

O empresário (empresário individual ou sociedade empresária) necessita para


iniciar o exercício de uma atividade econômica (empresa) que lhe propicie auferir
lucros, organizar todo um complexo de bens que lhe permita desempenhar tal papel.
A esse complexo de bens (ponto, equipamentos, matéria prima, capital, etc.). Dá-se o
nome de estabelecimento empresarial, e dentre esses bens incluem-se não apenas
bens materiais, mas também bens imateriais (marcas, invenções, desenhos
industriais, modelos de utilidade, etc.)

Fonte: www.consolidesuamarca.com.br

Esses bens imateriais que compõem o estabelecimento empresarial são tão


importantes, no atual estágio de desenvolvimento do capitalismo, que o ordenamento
jurídico confere a eles uma tutela jurídica especial, atualmente agrupada num sub-
ramo específico do direito empresarial chamado de direito de propriedade industrial.
O direito de propriedade industrial, dessa forma, compreende o conjunto de
regras e princípios que conferem tutela jurídica específica aos elementos imateriais
do estabelecimento empresarial, como as marcas e desenhos industriais registrados
e as invenções e modelos de utilidade patenteados.

38
8.2 Direito de Propriedade Intelectual X Direito de Propriedade Industrial

O Direito de propriedade industrial é espécie do direito de propriedade


intelectual, o qual abrange também o direito autoral. Os dois, direito de propriedade
industrial e o direito autoral, protegem bens imateriais, não-físicos. A diferença é que
o primeiro protege uma técnica e o segundo protege a obra em si.

8.3 Histórico do Direito de Propriedade Industrial

A atividade inventiva do homem o acompanha desde os primórdios, de modo


que nas civilizações antigas já se observava a necessidade de garantir proteção a
essas invenções ou, pelo menos, possibilitar a diferenciação de um produto dos
demais.
Na Roma e na Grécia da Antiguidade letras, figuras e símbolos serviam como
elementos identificadores dos bens corpóreos e serviam como uma espécie de
"marca", embora sem atribuição de valor patrimonial como ocorre hoje. O que era
protegido nessa época era apenas o "invento", os bens corpóreos e materializados, e
não o esforço inventivo propriamente dito.
A partir de considerações sobre a evolução histórica do direito de propriedade
Marcelo Augusto Scudeler (p.6, 2006) organiza em três fases: A primeira delas está
associada aos privilégios feudais; a segunda, aos ideais da Revolução Francesa e
Independência Americana; e a terceira, à internacionalização do sistema, a partir da
Convenção da União de Paris.
Na Idade Média os privilégios eram outorgados pelos senhores feudais ao
inventor de novas técnicas, concedendo um prazo de proteção específico para o uso
exclusivo da criação. São alguns exemplos: a concessão pelo rei Philippe de Valois,
na França, o monopólio para a fabricação de vidros em 1330; e a outorga pelo Feudo
de Venza ao direito exclusivo de exploração de uma indústria de impressão em 1469.
Em 1623 o parlamento inglês aprovou o Statues of Monopolies, que objetivava
legalizar o sistema de concessão de privilégios. A importância dessa lei não se limitou
apenas à Inglaterra, mas inspirou legislações subsequentes na Europa e nos Estados
Unidos.
O segundo momento na evolução do Direito de Propriedade Industrial tem
relação direta com as ideias liberais fomentadas pela constituição norte-americana de
39
1787 - que dispunha no artigo 1º, seção 8 sobre a proteção industrial - e as lei
francesas: de 1790 que considerou as descobertas industriais como objeto de
propriedade e de 1791 legislando sobre patentes (era concedido ao inventor um prazo
de exploração de 15 anos).
Com a finalidade de dar proteção à propriedade industrial em âmbito global
onze países (inclusive o Brasil) assinaram em 1883, a Convenção da União de Paris
(CUP) criando um direito de propriedade industrial em âmbito internacional. Esse é
considerado o marco inicial da terceira fase dos direitos industriais.
Os princípios fundamentais norteadores da Convenção são: princípio da
prioridade e da igualdade de tratamento. Por fim, vale ressaltar que esse acordo foi
incorporado ao ordenamento pátrio por meio do Decreto nº 9.233, de 28 de junho de
1884 e está em vigor até hoje.

8.4 Propriedade Industrial no Brasil

A atividade industrial no Brasil só começou a se desenvolver com a


transferência da Corte Portuguesa para o país que autorizou e estimulou a criação de
fábricas e manufaturas, através, por exemplo, da outorga do Alvará de 28 de janeiro
de 1809 que, entre outros incentivos, regulamentava a concessão de patentes.
A Constituição de 1824 estabeleceu, em seu artigo 179, item 29, que os
inventores teriam a proteção de suas descobertas ou das suas produções para uso
exclusivo por tempo específico. Em 1830 foi criada uma nova lei que ajudou na
efetivação da proteção aos inventos.
Entre as garantias oferecidas estavam: permissão ao inventor o uso exclusivo
de sua descoberta, por prazo entre 5 e 20 anos; a criação da proteção ao
"aperfeiçoamento"(hoje denominado "modelo de utilidade"); e extinção da proteção,
entre outros motivos, se o inventor não iniciasse a exploração no prazo de dois anos.
Em 1882 a lei de privilégios de invenção foi substituída pela lei n. 3.129 após mais de
50 anos de vigência com aplicação ínfima.
A primeira lei sobre proteção de marca (lei n. 2682) só foi criada em 1845, e
era composta de dezesseis artigos. Ela estabeleceu que os comerciantes poderiam
marcar os produtos de sua manufatura com sinais distintivos e que a marca poderia
consistir no nome do fabricante ou negociante, ou em quaisquer outras

40
denominações, emblemas, estampas, selos, sinetes, carimbos, relevos, invólucros de
toda espécie (conforme seu artigo 1º).
Em 1923 foi criada a Diretoria Geral da Propriedade Industrial, a qual tinha
como cargo os serviços de patentes de invenção e de marcas de indústria e de
comércio. Em 1945 foi implementada a unificação das leis que versavam sobre a
proteção das marcas e patentes, que até então eram estabelecidas em códigos
separados, com a publicação do Código de Propriedade Industrial.

Fonte: www.gestaoenegocios.digisa.com.br

Entre as inovações trazidas estão: estabelecimento de vantagens a inventores


domiciliados no estrangeiro; vedação de concessão de patentes para medicamentos;
e exigência de licenciamento para gozo de privilégios.
Diferentemente das legislações anteriores essa nova codificação permitiu um
aumento considerável no número de processos a cargo do departamento encarregado
dos serviços de propriedade industrial (SCUDELER, 2006, p. 10).
Em 1971 o Código de 1945 foi revogado pela Lei n. 5.772 que foi elaborada
com o intuito acompanhar o desenvolvimento do processo industrial brasileiro e as
relações do país no mercado internacional.
41
Em 1996 foi aprovada a atual Lei da Propriedade Industrial, n. 9729, objeto
de muitas controvérsias. Desde meados dos anos 80 o Brasil enfrentava forte pressão
pelo governo norte-americano para conceder patentes para produtos farmacêuticos,
especialmente após uma petição assinada por diversos laboratórios.
As primeiras negociações diplomáticas feitas com os Estados Unidos
resultaram no comprometimento do Brasil de conceder patentes para produtos
farmacêuticos. A medida foi considerada insuficiente pelo governo americano que
iniciou a aplicação de graves sanções, sob o argumento de descumprimento dos
tratados internacionais.
Tachinardi em sua obra "A guerra das Patentes" (1993, p. 112) realiza uma
análise crítica sobre o fato relatando que o principal motivador das restrições
econômicas aplicadas pelo EUA foi justamente a notabilidade e importância do
mercado farmacêutico brasileiro que ocupava o sétimo lugar no ranking mundial,
representando uma considerável ameaça aos países que concediam patentes para
produtos farmacêuticos.
Por fim, em 1990, o então presidente Fernando Collor anunciou que enviaria
um projeto de lei ao Congresso para a concessão não apenas da patente para
produtos farmacêuticos, mas também para o seu processo de criação. Essa medida
pôs fim nas retaliações; em um momento, vale ressaltar, que o Brasil tinha perdas
econômicas estimadas em US$ 105 milhões (SCUDELLER, 2006, p.11).
A lei atual de Propriedade Industrial preceitua em seu artigo 2º "que a proteção
dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante: I concessão
de patentes de invenção e de modelo de utilidade; II - concessão de registro de
desenho industrial; III - concessão de registro de marca; IV - repressão às falsas
indicações geográficas; e V - repressão à concorrência desleal."
Como consequência de o Brasil ser signatário da Convenção da União de
Paris (é unionista) a lei também estabelece em seu artigo 3º que "aplica-se o disposto
na lei: I - ao pedido de patente ou de registro proveniente do exterior e depositado no
País por quem tenha proteção assegurada por tratado ou convenção em vigor no
Brasil; e II - aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos
brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou
equivalentes."

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A Constituição Federal também estabeleceu em seu texto, no artigo 5º,
inciso XXIX, sobre os direitos de propriedade industrial: "a lei assegurará aos autores
de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção
às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico
e econômico do País".

8.5 Lei de propriedade industrial

A Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996 que trata sobre regulamentação dos


direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Tendo substituído a antiga Lei
nº 5.772/71, este dispositivo legal estende-se por 244 artigos que tratam sobre
questões que envolvem, de forma geral, patentes, desenhos industriais, marcas,
indicações geográficas, crimes contra a propriedade industrial e transferência de
tecnologia e da franquia. Também chamada Lei de Propriedade Industrial, ou
somente LPI. Tal instituto legal visa à proteção do comércio contra a informalidade e
ilicitude, tal como a concorrência desleal e a pirataria, dentre outros.
Nossa Lei de Propriedade Industrial é fundamentada nos princípios da
prioridade e assimilação, devido à forte influência que teve de um tratado internacional
aderido pelo Brasil cujo nome era Convenção da União de Paris, que deu origem ao
que hoje é chamado Sistema Internacional da Propriedade Industrial. O princípio da
prioridade trata sobre o fato de que qualquer cidadão de país signatário da Convenção
da União de Paris pode vir a reivindicar prioridade de patente ou registro industrial no
Brasil. Vide a letra da lei nº 9.279:
“Art. 3º Aplica-se também o disposto nesta lei: I – Ao pedido de patente ou de
registro proveniente do exterior e depositado no País por quem tenha proteção
assegurada por tratado ou convenção em vigor no Brasil”.
Quanto ao princípio da assimilação trata de igualar os países aderentes à
União de Paris em direitos e prazos. Traz a lei nº 9.279 o seguinte texto:
“Art. 3º, II – Aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos
brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou
equivalentes”.

43
Os bens protegidos pelo regulamento são taxativamente quatro, sendo estes:
Invenção e Modelo de Utilidade – protegidos pela concessão de patente (art. 2º, I) –
e ainda, Desenho Industrial e Marca – sendo estes protegidos através de concessão
de registro (art. 2º, II e III).
Além das concessões de patentes e registros, o art. 2º da Lei 9279, também
traz como alternativas a proteção dos direitos relativos à propriedade industrial a
repressão de falsas indicações geográficas, assim como à concorrência desleal.

8.6 Do Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI

Por meio da Lei Nº 5.648 de 11 de Dezembro de 1970 é criado o Instituto


Nacional da Propriedade Industrial – INPI, autarquia federal atrelada ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior, em substituição ao antigo
Departamento Nacional de Propriedade Industrial.

Fonte: www.guardians.com.br

De acordo com a própria lei que o estabeleceu, precisamente no artigo 2º, “o


INPI tem por finalidade principal executar, no âmbito nacional, as normas que regulam
a propriedade industrial, tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica e

44
técnica, bem como pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura, ratificação e
denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre propriedade industrial”.
Sendo assim, o INPI é a responsável, de acordo a Lei 9.279/96 (Lei da
Propriedade Industrial), por executar as normas que regulam a propriedade industrial,
concedendo os direitos de propriedade industrial – registros das marcas e patentes.
Sendo um ente da administração pública, todas as decisões emitidas pelo
INPI podem ser questionadas perante o Poder Judiciário, em virtude da garantia
constitucional prevista no artigo 5º da CF/88, inciso XXXV, por meio do princípio da
Inafastabilidade do Controle Jurisdicional dos Atos do Poder Público.
A propriedade industrial é um assunto cada vez mais emergente com
fundamental importância para a economia do país, uma vez abre uma rota de inserção
na comunidade internacional.
O INPI está comprometido em tornar a propriedade industrial em um aparato
cada vez mais poderoso no que tange a política mundial de tecnologias. Para tal, vem
intensificando a modernização, descentralização de suas atividades, para tornar-se
mais acessível e abrangente.
Este movimento é acompanhado, também, por uma participação ativa do
Instituto, junto a outros órgãos do governo federal, nos debates e negociações
implementados em foros internacionais, buscando sempre o estabelecimento de um
ambiente adequado aos interesses nacionais.10

9 MARCAS

Com base no art. 122 da LPI, marca é o sinal distintivo visualmente perceptível
que identifica, direta ou indiretamente, produtos e serviços.

9.1 Classificação das marcas

a) Legislativa: art. 123, LPI


De acordo com o art. 123 da LPI, as marcas classificam-se em:

10 Texto de: Samara Silvestre. Extraído: www.samsilvestre2.jusbrasil.com.br


45
- Marca de produto ou serviço: usada para distinguir diretamente produto ou
serviço de outro idêntico, semelhante ou afim. Exemplos: Coca-Cola, Suzuki, Skol,
CCAA, Mcdonalds.
- Marca de certificação: usada para atestar (certificar) a conformidade de um
produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas,
notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia
empregada. Exemplos: Pró-espuma, ABIC, INMETRO.
- Marca coletiva: usada para identificar produtos ou serviços fornecidos por
membros de uma determinada entidade. Exemplos: Associação dos Cafeicultores da
Região de Ribeirão Preto, Associação de vinicultores de São Bento do Sul.
As marcas de certificação e as coletivas são marcas de identificação indireta.
Elas possuem um regulamento de uso registrado no INPI que estabelece as condições
para o uso da marca coletiva ou de certificação. É desnecessária a licença para o uso
dessas categorias de marcas, bastando o atendimento aos pressupostos previstos no
regulamento de uso, independentemente de qualquer registro no INPI.
b) Quanto à forma (âmbito administrativo no INPI):
Quanto à forma, as marcas são classificadas pela doutrina e pelo INPI em:
-Nominativas: marcas formadas exclusivamente por palavras, que não
possuem uma preocupação estética ou visual, o interesse restringe-se ao nome.
Exemplos: Tony e Kleber.
-Figurativas: marcas constituídas por desenhos ou logotipos, figura ou um
emblema. Exemplos: quatro círculos da Audi, raio da Zoomp, símbolo da Nike.
-Mistas: apresentam as características das duas anteriores, constituindo-se
de palavras escritas com letras especiais ou inseridas em logotipos. São as mais
utilizadas. Exemplos: Coca-Cola, Fisk, Skol, Shell.
-Tridimensional: constituída por forma especial não funcional e incomum dada
diretamente ao produto ou a seu recipiente, sendo que a forma especial objetiva
identificar diretamente o produto. O registro da marca tridimensional é uma inovação
da Lei nº 9.279/96.Exemplos: tampa da caneta BIC, seta da caneta Parker.

9.2 Registro de marcas no INPI

a) Registro constitutivo de direito

46
O empresário adquire o direito ao uso exclusivo da marca com o certificado
de registro concedido pelo INPI, que é constitutivo de direito. O direito de exclusividade
será titularizado por quem requerer o registro em primeiro lugar, não interessando
quem tenha utilizado comercialmente a marca primeiro, ressalvando-se os casos de
boa-fé em que o interessado que utiliza marca pelo período mínimo de 6 meses pode
apresentar oposição no prazo de 60 dias da publicação do pedido de registro na
Revista de Propriedade Industrial de marca colidente com a sua.

Fonte: www.domtotal.com

b) Requisitos para o registro da marca: art. 124, LPI


O art. 124 da LPI elenca em 23 incisos os sinais que não podem ser
registrados como marca. Com base nesse dispositivo, a doutrina sintetiza 3 requisitos
que devem ser cumpridos para o registro de marcas: novidade relativa, não colidência
com marca registrada ou com marca notória e desimpedimento.
Novidade relativa: não é necessário criar uma palavra ou um signo novos,
bastando utilizar pela primeira vez para a identificação do produto ou do serviço uma
palavra ou signo já existentes. Cometa é uma palavra já existente, a novidade está no
fato de identificar pela primeira vez uma viação como Cometa. No caso da palha de
aço, foi criada uma expressão nova (Assolam). Quem adota a marca Arco-Íris para

47
identificar um refrigerante poderá obter a proteção do direito industrial apesar da
expressão não ter sido criada por ele, mas porque foi o primeiro a ter a ideia em
chamar esses produtos de Arco-Íris.
Não colidência com marca registrada ou com marca notória: a marca não
pode ser confundida com outras já existentes, não podendo apresentar colidências
com a marca registrada ou com marca notória.
A reprodução de uma marca não é a forma preferida dos usurpadores, que
visando dissimular o ato indevido preferem a imitação. Imitação é a semelhança capaz
de causar confusão, enquanto na reprodução cabe um juízo de constatação, na
imitação cabe um juízo de apreciação.
A identidade caracteriza a reprodução, a semelhança caracteriza a imitação.
Na imitação não se discute de reprodução total ou parcial de marca, mas da sua
simulação, do seu disfarce a fim de produzir confusão (Exemplos: Tuboar e Turbo-ar,
Bombril e Bom Brilho, Creolina e Criolinha).
Em relação à marca notória, o art. 126 da LPI atribui ao INPI poderes para
indeferir de ofício pedido de registro de marca, que reproduza, imite ou traduza, ainda
que de forma parcial, uma outra marca, que notoriamente não pertence ao solicitante.
Trata-se de disposição introduzida pela atual lei, pela qual o Brasil cumpre
compromisso internacional assumido na Convenção de Paris, em 1884, pela qual os
países unionistas se comprometem a recusar ou invalidar o registro, assim como
proibir o uso de marca que constitua reprodução, imitação ou tradução de uma outra,
que se saiba pertencer a pessoa diversa, nascida ou domiciliada em país unionista,
evitando-se assim a pirataria internacional de marcas.
Desimpedimento: o art. 124 da LPI impede o registro de vários signos que não
podem ser registrados como marca. Exemplos: brasão, armas, medalha, bandeira,
emblema, distintivo e monumentos oficiais; expressão, desenho, figura ou qualquer
outro sinal que ofendam a moral e os bons costumes ou que ofendam a honra ou
imagem de pessoas ou atentem contra liberdade de consciência, crença, culto
religioso ou ideia e sentimento dignos de respeito e veneração; termo técnico usado
para distinguir produto ou serviço; sinal de caráter genérico, necessário, comum,
vulgar ou simplesmente descritivo, salvo quando revestidos de suficiente forma
distintiva; indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal
que possa falsamente induzir indicação geográfica; obra literária, artística ou

48
científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam
suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou
titular; sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda; além de
outras vedações previstas no art. 124, LPI..
c) Princípio da especialidade (especificidade)
A proteção da marca restringe-se à classe de produtos ou serviços em que é
registrada. O princípio da especialidade restringe o direito ao uso exclusivo da marca
à respectiva classe de atividade definida pelo INPI.
Assim, no âmbito material a marca apresenta uma proteção, em regra,
relativa, já que podem existir produtos ou serviços de classes diferentes utilizando
denominações iguais ou semelhantes.
Exemplos: existe a marca Veja para a identificação de uma revista e a marca
Veja para a identificação de produtos de limpeza, isso é possível porque revistas e
produtos de limpeza estão em classes diferentes, não causando confusão junto aos
consumidores.
O princípio da especialidade encontra uma exceção: a marca de alto renome,
que apresenta proteção especial em todas as classes de atividades, conforme
assegura o art. 125 da LPI. A doutrina destaca como exemplos de marcas de alto
renome: Coca-Cola, McDonald´s (COELHO, 2005, v.1, p.159).
d) Requerentes do registro da marca: art. 128, LPI
De acordo com o art. 128 da LPI podem requerer o registro de marca as
pessoas físicas ou jurídicas de direito público (CC 2002, art. 41: União, Estados, DF,
Territórios, municípios, autarquias e demais entidades de caráter público criadas por
lei) ou de direito privado (CC 2002, art. 44: associações, sociedades, fundações).
As pessoas de direito privado só podem requerer registro de marca relativo à
atividade que exerçam efetiva e licitamente, de forma direta ou por meio
de sociedades que controlem direta ou indiretamente, declarando no próprio
requerimento esta condição.
O registro de marca coletiva só poderá ser requerido por pessoa jurídica
representativa de coletividade. O registro de marca de certificação só poderá ser
requerido por pessoa sem interesse comercial ou industrial direto no produto ou
serviço prestado.
e) Prazo de vigência do registro da marca: art. 133, LPI

49
O registro da marca tem a duração de 10 (dez) anos a partir da concessão do
registro (LPI, art. 133). Ao contrário do prazo da patente, é prorrogável por períodos
iguais e sucessivos, devendo o interessado realizar a prorrogação sempre no último
ano de vigência do registro. Se o prazo de prorrogação for perdido, admite-se que seja
apresentado nos 6 (seis) meses seguintes ao termo final do prazo de vigência,
mediante o pagamento de uma retribuição adicional.

Fonte: www.jurislabore.com

f) Proteção territorial
O direito ao uso exclusivo da marca alcança todo o território nacional, já que
o registro da marca é realizado no INPI, autarquia federal, podendo alcançar proteção
internacional.

9.3 Marca de alto renome (art. 125, LPI) e marca notória (126, LPI)

As marcas de alto renome são as fortemente conhecidas no Brasil em toda a


sua extensão territorial, possuindo proteção em todas as classes de atividades. A
proteção territorial é nacional. O registro no INPI é essencial para assegurar o direito

50
exclusivo sobre o bem industrial. Segundo Ricardo Negrão (2003, v.1, p.146),
corresponde a uma inovação brasileira, trazida pelo art. 125 da LPI.
As marcas notórias são as notoriamente conhecidas em seu ramo de
atividade e possuem proteção especial, independentemente de estarem previamente
registradas no Brasil (o registro é dispensável para a proteção). Possuem proteção
territorial internacional, alcançando os países signatários da União de Paris (foram
criadas e estão previstas no art. 6 bis, inciso 1 da Convenção da União de Paris), mas
a proteção material é restrita à respectiva classe de atividade (princípio da
especialidade).
A proteção da marca notória não depende de iniciativa da parte (oposição),
podendo ser determinada de ofício pelo INPI, ao justificar o indeferimento de
concessão de registro.

9.4 Repressão ao uso indevido da marca

O art. 130 da LPI assegura ao titular da marca ou ao depositante o direito de


ceder o seu registro ou pedido de registro, licenciar o seu uso e zelar pela sua
integridade material ou reputação. Para viabilizar a proteção da marca, a LPI disciplina
algumas ações judiciais específicas:
- Apreensão administrativa, de ofício ou a requerimento do interessado, pelas
autoridades alfandegárias de produtos com marcas falsificadas, alteradas ou imitadas
(art. 198, LPI);
- Busca e apreensão na ocorrência de crime contra a propriedade industrial
(art.200, LPI);
- Reparação de danos, que abrange os lucros cessantes por meio do critério
mais favorável ao prejudicado, considerando os benefícios que teria auferido se a
violação não tivesse ocorrido ou os benefícios que foram auferidos pelo autor da
infração, ou, ainda, a remuneração que o transgressor teria pago ao titular do direito
pela concessão de licenciamento (arts. 208 e 210, LPI).
Ricardo Negrão (2003, v.1, p.140) ressalta que além dessas medidas, o titular
do direito de propriedade industrial pode utilizar todas as ações de posse e de tutela
possessória, de abstenção de ato, indenizatórias, cautelares de busca e apreensão.

51
O art. 225 da LPI prevê o prazo de 5 anos de prescrição para a ação de
reparação do dano causado ao direito de propriedade industrial (nesse sentido a
Súmula 143 do Superior Tribunal de Justiça – Prescreve em 5 anos a ação de perdas
e danos pelo uso da marca comercial).
A ação para o titular de marca impedir a utilização de marca colidente com a
sua por terceiro é objeto de Súmula do STJ – Prescreve em 20 anos a ação para exigir
a abstenção do uso de marca comercial, mas devemos lembrar que o novo Código
Civil, no art. 205 reduziu para 10 anos o prazo prescricional na hipótese de omissão
legal.
Além das sanções no âmbito civil, quem utiliza indevidamente uma marca
registrada, sujeita-se à persecução penal, prevista nos arts. 189 e 190 da LPI, que
preveem as hipóteses caracterizadoras de crimes contra as marcas. Não viola o direito
do titular da marca o uso da marca por fabricante de acessório de outro produto para
indicar a destinação de seu produto; a citação da marca em obra sem conotação
comercial, como obra literária ou científica; a livre circulação do produto; o uso dos
sinais distintivos dos distribuidores juntamente com o uso da marca do produto,
visando à sua promoção ou comercialização.

 Nulidade do registro da marca: arts. 165 a 175, LPI

O INPI pode, por equívoco, realizar o registro de marca colidente com uma já
registrada. Nesse caso, qualquer pessoa com legítimo interesse, pode no prazo de
180 dias da expedição do certificado de registro requerer a instauração de
um processo administrativo de nulidade perante o INPI (art. 169, LPI). Verificada
irregularidade na concessão do registro pelo INPI, o processo administrativo poderá
ser instaurado de ofício pela autarquia.
Não resolvida a questão no âmbito administrativo, poderá ser proposta pelo
INPI ou por qualquer pessoa com legítimo interesse ação de nulidade do registro da
marca (art. 173, LPI). O prazo para a propositura da ação prescreve em 5 anos a partir
da data da concessão do registro (art. 174, LPI). A ação de nulidade do registro será
ajuizada no foro da Justiça Federal, e quando o INPI não for o autor, deverá intervir
no feito (art. 175, LPI).
Como exemplo de registro de marca anulada por decisão judicial, destaca-se
o caso da Creolina, cujo titular da marca registrada conseguiu a nulidade do registro

52
da marca Criolinha, registrada pelo INPI na mesma classe de atividade da Creolina.
A nulidade foi justificada em razão da evidente confusão fonética.

 Caducidade da marca: arts. 143 a 146, LPI

A caducidade da marca decorre da ausência de utilização da marca pelo prazo


de 5 anos, sendo que a utilização com acentuadas diferenças à marca registrada
equivale ao desuso. O registro caduca com o requerimento de qualquer pessoa com
legítimo interesse.

Fonte: www.literarebooks.com.br

9.5 Extinção do registro da marca: art. 142, LPI

O registro da marca extingue-se:


- Pelo decurso do prazo de vigência do registro;
- Pela renúncia, que poderá ser total ou parcial em relação aos produtos ou
serviços assinalados pela marca, ressalvado o direito de terceiro;
- Pela caducidade;
- Pela ausência de representante legal no Brasil se o titular é domiciliado em
outro País.

53
A possibilidade da nulidade da concessão do registro da marca constitui um
fator extintivo do direito industrial. Extinto o direito industrial por qualquer motivo, o
objeto cai em domínio público, podendo qualquer pessoa utilizá-lo.
No caso de marca coletiva ou de certificação cujos registros foram extintos,
elas não poderão ser registradas em nome de terceiro antes de expirado o prazo de
5 anos, contados da extinção do registro (art. 154, LPI).

10 INVENÇÃO

A invenção tradicionalmente não é definida na legislação. Com base na


doutrina, invenção corresponde à criação original do espírito humano que apresente
os requisitos da novidade (não compreendida no estado da técnica), inventividade
(não decorre de forma óbvia ou evidente do estado da técnica), industriabilidade
(aplicação industrial) e desimpedimento (conforme previsto nos arts. 10 e 18 da LPI).

10.1 Prazo de vigência da patente de invenção: art. 40, LPI

A patente de invenção tem a vigência de 20 anos contado do depósito do


pedido, assegurado o mínimo de 10 anos a contar da concessão da patente. Se
houver demora do INPI em conceder a patente, o prazo da concessão não poderá ser
inferior a 10 anos.
Assim, se a patente é concedida após 8 anos da data do depósito do pedido,
o prazo é de 20 anos contado do depósito, mas se a patente é concedida após 12
anos do depósito, assegura-se ao interessado a exploração da patente por no mínimo
10 anos a contar da concessão, alcançando desde a data do depósito o prazo total de
22 anos.
Patente não é prorrogável. Vencido o prazo a invenção cai em domínio
público, podendo ser explorada por qualquer pessoa, independentemente de
licença.11

11 Texto de: Marcelo Gazzi Taddei. Extraído: www.jus.com.br


54
11 LICENÇA E CESSÃO

11.1 Licença

Contrato que exprime uma autorização para o uso, ou uso e gozo (fruição) de
direitos de propriedade intelectual, que pode ser onerosa ou gratuita, exclusiva ou
limitada, tomando o caráter de uma locação (se for onerosa) ou comodato (se for
gratuita); a retribuição é designada por royalty, que é calculado em percentual sobre
a obtenção de qualquer ganho econômico de propriedade intelectual.

11.2 Cessão

A cessão é a disposição dos direitos de propriedade intelectual.


No contrato de cessão, ao contrário da transferência e do licenciamento vistos
anteriormente, o titular dos direitos de propriedade intelectual transfere a outrem a sua
propriedade (como ocorre na venda de bens materiais).

Fonte: www.pocaconsulting.pt

O cessionário ou adquirente será o novo titular (proprietário) do bem. A Lei de


Inovação prevê apenas a possibilidade de transferência e licenciamento de criação,

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não contemplando a possibilidade de cessão patrimonial, a exceção é a hipótese
prevista no artigo 11, que permite a cessão para o próprio criador.12

12 CONCORRÊNCIA

12.1 O sistema brasileiro de defesa da concorrência (SBDC)

No Brasil, a prevenção e a repressão quanto às infrações de ordem


econômica estão sob a incumbência de uma estrutura composta pelo Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e pela Secretaria de Acompanhamento
Econômico do Ministério da Fazenda que compõem o chamado Sistema Brasileiro de
Defesa da Concorrência (SBDC).
O CADE é uma autarquia federal e é composto por um Tribunal Administrativo
de Defesa Econômica, uma Superintendência-Geral e um Departamento de Estudos
Econômicos. Destes três órgãos, queremos destacar algumas das competências do
Tribunal Administrativo que serão abordadas em outro tópico e que estão dispostas
no art. 9º da Lei nº 12.529 de 2011, a saber:

a) Inciso II – Decidir sobre a existência de infração à ordem econômica e


aplicar as penalidades previstas em lei;
b) Inciso III – Decidir os processos administrativos para imposição de sanções
administrativas por infrações à ordem econômica instaurados pela
Superintendência-Geral;
c) Inciso X – Apreciar processos administrativos de atos de concentração
econômica, na forma desta Lei, fixando, quando entender conveniente e
oportuno, acordos em controle de atos de concentração.
d) Inciso XIV - instruir o público sobre as formas de infração da ordem
econômica;

Como dito anteriormente, o SBDC atua de maneira preventiva e repressiva.


Nesta, o CADE, por exemplo, investiga e julga cartéis e outras condutas consideradas
nocivas ao princípio da livre concorrência. Naquela, o CADE, analisa e depois decide,
por exemplo, sobre fusões, incorporações e outros atos de concentração.
Outra maneira, deveras interessante de atuação do CADE é a que está
disposta no inciso XIV do art. 9º da lei supracitada. Nessa disposição há a previsão
para que o órgão instrua o público em geral acerca das diversas condutas prejudiciais
à livre concorrência. Essa atuação busca também estimular estudos e pesquisas

12 Texto extraído: www.utfpr.edu.br


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acadêmicas que são benéficas e podem contribuir de alguma forma para o
aperfeiçoamento do sistema em questão.

12.2 Abuso do poder econômico

A Cartilha do CADE define o abuso do poder econômico como:

[...] é o comportamento de uma empresa ou grupo de empresas que utiliza


seu poder de mercado para prejudicar a livre concorrência, por meio de
condutas anticompetitivas. A existência de poder de mercado por si só não é
considerada infração à ordem econômica.

Um conceito mais abrangente é dado pelo advogado paulista Sérgio Varella


Bruna que aduz que:

[...] tem-se por abuso do poder econômico o exercício, por parte de titular de
posição dominante, de atividade empresarial contrariamente à sua função
social, de forma a proporciona-lhe, mediante restrição à liberdade de iniciativa
e à livre concorrência, apropriação (efetiva ou potencial) de parcela da renda
social superior àquela que legitimamente lhe caberia em regime de
normalidade concorrencial, não sendo abusiva a restrição quando ela se
justifique por razões de eficiência econômica, não tendo sido excedidos os
meios estritamente necessários à obtenção de tal eficiência, e quando não
representa indevida violação de outros valores maiores (econômicos ou não)
da ordem jurídica.

Em simples e breves palavras o abuso de poder econômico ocorre quando


àquele que se encontra em posição dominante em atividade empresarial infringe os
princípios da livre concorrência de modo a impedir que seus concorrentes diretos ou
indiretos exerçam atividade empresarial.
Por essas razões é que existe toda uma estrutura estatal para reprimir esse
tipo de infração à ordem econômica. Nisso também se justifica a intervenção estatal,
para que a competição de mercado seja justa e lícita, o que por sua vez beneficia um
dos integrantes do mercado que são os compradores (consumidores).
A Lei nº 12.529/2011 dispõe em seu art. 36 que as infrações ocorrem quando
se limita, falseia, prejudica a livre concorrência ou a livre iniciativa; quando houver
aumento arbitrário de lucros; quando houver domínio de mercado relevante de bens
e serviços, e, ainda, abuso de posição dominante.

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12.3 Concorrência desleal

A art. 170, IV da CF/88 elenca a livre concorrência como princípio da ordem


econômica que é de extrema importância como assevera o Professor Fábio Ulhoa
Coelho: a livre concorrência é o que “garante o fornecimento, ao mercado, de produtos
ou serviços com qualidade crescente e preços decrescentes”.

Fonte: www.enoveconsultoria.com.br

Como sinônimo poderíamos afirmar que essa livre concorrência se trata de


concorrência leal. Mas, estamos falando de concorrência desleal, que é um crime
disposto na lei de propriedade industrial – Lei nº 9.279/1996 – em seu Capítulo VI,
art. 195. Nesse dispositivo, há uma série de incisos que indicam quando se comete a
concorrência desleal, tais como:
a) Divulgar falsa informação sobre o concorrente de modo a obter vantagens;
b) Empregar meio fraudulento para desviar a clientela de outrem;
c) Utilizar expressões ou propagandas alheias de modo a criar confusão entre
produtos ou estabelecimentos;
Como já dito há várias maneiras de cometer o crime de concorrência desleal.
O art. 195 ainda comina a pena de detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Sem adentrar no mérito, convenhamos que se trata de uma pena muita pequena para
o assunto em questão, o que para muito vale a pena cumprir, ou pagar, em razão de
muito ou até pouco dinheiro em jogo.

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Justamente por existir estes que infringem a lei, é que realmente precisamos
ter uma intervenção estatal para benefício do desenvolvimento de um país.13

13 INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS

Tanto a Denominação de Origem quanto a Indicação de Procedência são


formas de classificar a qual Indicação Geográfica pertence determinado vinho. E a
Indicação Geográfica é o que garante a qualidade ou a identidade própria ao produto
ou ao serviço.

13.1 Indicação de Procedência

Ela remete ao nome geográfico do país, cidade, região ou localidade de sua


área que tenha se tornado conhecido como centro de extração ou produção de
determinado produto ou prestação de serviço.
A Indicação de Procedência é um conceito que não está vinculado a uma
reunião de fatores locais relacionados a características geológicas, fisiográficos ou
humanas. Nela é relevante a fama que determinada região atingiu no desenvolvimento
do produto ou serviço, no caso, na produção de vinhos.

13.2 Denominação de Origem

Esta vai mais além: refere-se ao nome geográfico de país, cidade, região ou
localidade que indique onde o produto ou serviço foi feito, mas a diferença é que as
qualidades e características se dão exclusivamente ou essencialmente naquele meio.
A Denominação de Origem (D.O.) traz mais detalhes como qualidade, estilo e
sabor, e se relaciona também à terra, às pessoas e à história da região. Quando um
produto faz a transição para um D.O., as normas e controles ficam muito mais
específicos como as quantidades máximas que podem ser colhidas e o processo de
elaboração do vinho.
Vale ressaltar que não é só porque determinado fermentado traz o selo de
Indicação de Procedência que ele seguirá para a D.O. da região. Entretanto, todas as

13 Texto de: Luciano Knoepke. Extraído: www.knoepkeluciano.jusbrasil.com.br


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garrafas elaboradas dentro de um território, independente de terem D.O. ou não,
apresentam as características da Indicação Geográfica.

13.3 Indicação Geográfica

É como se costuma chamar a identificação de um produto ou serviço como


originário de certo local, região ou país. A reputação, característica e qualidade desse
produto são vinculadas a sua origem geográfica, que pode ser protegida legalmente
contra o uso de terceiros.

Fonte: www.utfpr.edu.br

A Indicação de Procedência e a Denominação de Origem, são duas formas


diferentes de Indicação Geográfica.14

14 Texto extraído: www.sobrevinho.net


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14 REFERÊNCIAS

Bibliografia Básica

ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.

BERALDO, Leonardo de Faria. Direito societário na atualidade. Belo Horizonte: Del


Rey, 2007.

LIMA, Luis Felipe Baliero (Org.). Propriedade intelectual no direito empresarial.


São Paulo: Quartier Latin.

Bibliografia Complementar

WACHOWICZ, Marcos. Direito da Propriedade Intelectual. Curitiba: Juruá, 2006.

BARBOSA, Denis Borges. A Propriedade Intelectual no século XXI. Rio de Janeiro:


Lúmen Júris, 2009.

BITTAR, Carlos Alberto; BITTAR FILHO, Carlos Alberto. Tutela dos Direitos da
Personalidade e dos Direitos Autorais nas Atividades Empresariais. São Paulo:
RT.

MATTELART, Arnmand. História da Sociedade da Informação. São Paulo: Edições


Loyola.

MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. Ed. Universitária. São Paulo: Forense.

ANDELMAN, Marisa. Poder e conhecimento na economia global. O regime


internacional da propriedade intelectual. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira.

PIMENTA, Eduardo Salles. Dos Crimes Contra a Propriedade Intelectual. São


Paulo: RT.

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