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fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges PODERES DA ADMINISTRACAO i Pessoal, A vida nao é mole, especialmente se vocé é concursando, ndo é verdade? E, nesse contexto de dificuldades, o Direito Administrativo tem sua contribuicao. A disciplina contém varios pontos de divergéncia, de percalcos. No entanto, para a tranquilidade de todos e felicidade da massa “concursistica”, 0 topico Poderes Administrativos nao é um dos mais problematicos. De fato, o assunto tem posicdes doutrindrias menos divergentes que em outras matérias (vocés perceberdo isso em agentes puiblicos, por exemplo). E, ainda, de relativa facilidade de compreensao. Forte abraco a todos, Cyonil Borges. Prof. Cyonil Borges www. estrateglaconcursos.com.bi Pagina 1 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative Tout uG sO Prof? Cyonil Borges 1, PODERES DA ADMINSTRACAO 1.1. Definicéo: Deveres e Poderes Administrativos Como agrupamento de individuos politicamente organizado, o Estado é uma ficg&o juridica, fruto da criag&o humana, de representacGo coletiva. Por ser uma abstrac3o/ficg’o, o Estado nao age por si mesmo. Verdade, o Estado “n&o tem bracos e sequer pernas”. Precisa, bem por isso, dos bracos e pernas motoras dos agentes ptiblicos. Por sua vez, aos agentes puiblicos, dos mais variados niveis de atuacdo, a ordem juridica confere prerrogativas diferenciadas, a serem utilizadas para a consecugiio dos interesses legitimos da sociedade. A esse conjunto de prerrogativas de Direito Ptiblico a que a ordem juridica confere aos agentes publicos, no desempenho de tarefas de Administracéo Publica, para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins, denomina-se Poderes da Administragao. De regra, os Poderes Administrativos sdo concedidos por lei e destinam-se a instrumentalizar o administrador ptiblico para o atingimento do objetivo finalistico a que se presta o Estado: a satisfacao dos interesses ptiblicos. Para Dirley Cunha, os poderes sdo instrumentos de trabalho com os quais drgaos e entidades administrativas desenvolvem as suas tarefas e cumprem os seus deveres funcionais. Por isso mesmo, séo chamados de poderes instrumentais, consenténeos @ proporcionais aos encargos que sao conferidos aos agentes ptiblicos. Claro que nem tudo é ou so flores! Em contrapartida, por tutelarem interesses coletivos, impée-se aos agentes ptiblicos, de modo geral, uma série de deveres, Em determinadas hipéteses, pode-se afirmar que os Poderes Administrativos convertem-se em verdadeiros deveres administrativos. Sinteticamente: Enquanto 0 principio da supremacia do interesse ptblico sobre o privado remete-nos 4 idea de poderes, o principio da indisponibilidade, ao contexto dos deveres, formando o binémio poder-dever. Entendeu essa historia de poder-dever ou dever-poder? Por exemplo: se determinado servidor comete corrupc&o passiva ou abandona o cargo (auséncia acima de 30 dias consecutivos), tem a Administragao a prerrogativa de apurar a infracéio e de aplicar a punigao (poder disciplinar). Certo? Sera, de fato, uma prerrogativa? Pode o administrador escolher entre punir ou nao punir? Claro que nao! Ou seja, o poder disciplinar é nitidamente um dever-poder de agir. Prof. Cyonil Borges www. estrateglaconcursos.com.bi Pagina 2 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges De fato, enquanto na esfera privada o poder é faculdade daquele que o detém, no setor ptblico representa um dever do administrador para com a comunidade que representa. Hely Lopes fala, entao, em poder- dever de agir: Enquanto para o particular, o poder de agir é uma faculdade, para o administrador publico 6 uma obrigacéo de atuar, desde que se apresente a oportunidade de exercitd-lo em beneficio da comunidade. Assim, se para os particulares o exercicio do poder & uma faculdade, para os gestores ptiblicos é uma obrigagao. Dessa forma, em Ambito publico, quem detém poder deve exercitd-lo, sob pena de a omiss&o acarretar responsabilidade para o Estado. Abre-se um paréntese para registrar que nem toda omissao é fonte de ilegalidade. Carvalho Filho faz menc&o & reserva do possivel, para sustentar que nem todas as metas governamentais podem ser alcangadas, especialmente pela costumeira escassez de recursos financeiros. Essas omissées sao genéricas, e, portanto, néo acarretam a responsabilidade civil do Estado. Entaéo, que tal _ renunciarmos aos deveres e aproveitarmos apenas das prerrogativas? © poder-dever de agir nao pode ser renunciado, pois nao sao privilégios, sdo sim prerrogativas funcionais. Nao pode o interesse publico ficar ao sabor das vontades pessoais dos agentes publicos. E mais: ndo se tutela interesses privados no seio da Administracéo. Pode parecer estranho, mas acreditem, mesmo quando o Estado assina contratos privados (como é 0 exemplo do contrato de locago), o fim visado é 0 PUBLICO; conquanto o Estado constitua uma Sociedade de Economia Mista (como o Banco do Brasil), o interesse € PUBLICO (art. 173 da CF/1988 - pressupostos de seguranga nacional ou relevante interesse puiblico). Portanto, o exercicio da fung’io publica é verdadeiro encargo publico (munus publico). Afinal, por protegerem interesses de todos, os agentes ptiblicos, de modo geral, encarregam-se de yariados deveres, por exemplo: 0 de agir, 0 de obediéncia, o de prestar contas, o de lealdade, o de eficiéncia, o de fidelidade, e o de probidade (conduta ética). O dever de obedigncia, para Hely Lopes, impée ao servidor o acatamento as ordens legais de seus superiores e sua fiel execucdo. Tal dever resulta da subordinac&o hierérquica e assenta no principio disciplinar que informa toda organizacéio administrativa. Por ordens legais entendem-se aquelas emanadas de autoridade competente, em forma adequada e com objetivos licitos. Prof. Cyonil Borges www. estrateglaconcursos.com.bi Pagina 3 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Todavia, o dever de obediéncia nao € irrestrito! © cumprimento de ordem ilegal pode acarretar para o servidor, conforme o caso, responsabilidade disciplinar, civil e, quica, criminal. Por sua vez, o dever de prestar contas é um encargo, um munus puiblico, imposto a todos aqueles que administram as coisas de terceiros. Na Administracéo Publica, referido dever ganha ainda mais. destaque, afinal os agentes ptblicos s8o curadores dos escassos recursos publicos, pertencentes a toda a coletividade. A prestacao de contas remete-nos a necessidade de transparéncia dos atos estatais (administrativos ou de governo), de visibilidade na aplicacéo dos dinheiros publicos. £ um dever obrigatério para todos os agentes, tanto para os que atuam nas mais simples atribuigdes publicas, como para os agentes que ocupam a alta cupula da Administrac3o. Sobre o tema, no paragrafo unico do art. 70 da CF, de 1988, encontramos a seguinte redac&i Pardgrafo Unico. Prestaré contas qualquer pessoa fisica ou juridica, publica ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores puiblicos ou pelos quais a Unido responda, ou que, em nome desta, assuma obrigagées de natureza pecuniaria, Para Hely Lopes, o dever de prestar contas é decorréncia natural da administragéo como encargo de gestéo de bens e interesses alheios. Se o administrar corresponde ao desempenho de um mandato de zelo e conservacao de bens e interesses de outrem, manifesto é que quem o exerce deverd contas ao proprietario. No caso do administrador ptiblico, esse dever ainda mais se alteia, porque a gest&o se refere aos bens e interesses da coletividade e assume 0 carater de um munus publico, isto é, de um encargo para com a comunidade. Dai o dever indeclinavel de todo administrador ptiblico - agente politico ou simples funciondrio - de prestar contas de sua gest4o administrativa, e nesse sentido é a orientag3o de nossos Tribunais. A prestagdo de contas nao se refere apenas aos dinheiros publicos, & gestéo financeira, mas a todos os atos de governo e de administracéo. QF-1 - 2004/CESPE/PGE-CE - Os poderes administrativos so instrumentais, sendo utilizados pela administracéo publica para cumprir suas finalidades.' " Gabarito: Correto. Prof. Cyonil Borges www. estrateglaconcursos.com.bi Pagina 4 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrative Prof? Cyonil Borges Quanto ao dever de lealdade com as instituigdes, também denominado dever de fidelidade, segundo Hely Lopes, exige se de todo servidor a maior dedicagao ao servico € o integral respeito as leis e as instituicdes constitucionais, identificando-o com os superiores interesses do Estado. Tal dever impede que o servidor atue contra os fins e os objetivos legitimos da Administragdo, pois que, se assim agisse, incorreria em infidelidade funcional, ensejadora da mais grave penalidade, que 6 a demissao, vale dizer, o desligamento compulsério, e com carater punitivo, do servico publico. Entre esses, o dever de eficiéncia traduz a ideia da boa administracéo, de que o agente, além de agir com rapidez, deve ser perfeito e deter bom rendimento funcional. Tal dever foi, inclusive, elevado a principio constitucional (art. 37, “caput”, da CF/1988), sendo detectado, entre outros momentos, na: + avaliagao periédica de desempenho dos servidores, + avaliagao positiva de desempenho como condigéio para a aquisicéo de estabilidade, instituigéo de Escolas de Governo, € faculdade de celebracéo de contratos de gestéo, neste caso, para incremento da autonomia financeira, orcamentéria e patrimonial dos 6rgéos e entidades do Estado. Por fim, o dever de probidade, traduzido no principio da probidade, tem previsaio expressa no texto constitucional (art. 37, § 4.°, da CF), em que a pratica de atos de improbidade pode acarretar, por exemplo, a perda da funcao publica e a suspensio dos direitos politicos. © dever de probidade exige que os ates dos agentes piblicos sejam legitimos, éticos, no sendo suficiente o atendimento da lei formal, a observancia da moralidade administrativa e da finalidade pub! Por sua importancia, o dever de probidade mereceu, ainda, Lei propria, a Lei 8.429/1992, a qual trata dos atos que geram enriquecimento ilicito, dos que causam prejuizo ao erario, ou ainda daqueles que ferem principios da Administragéo. Tais atos {improbos podem ser invalidados pela prépria Administracdo, com base no principio da autotutela, como também pelo Poder Judiciario, se provocado. Professor, esses tais Poderes Administrativos identificam-se com aqueles enumerados no art. 2° da CF, de 1988? Nem pensar! Vejamos. Prof. Cyonil Borges www. estrateglaconcursos.com.bi Pagina 5 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrative Prof? Cyonil Borges As expressdes se iniciam por “Poder”, porém os adjetivos s&o distintos: administrativos e da Republica. Os poderes administrativos sao instrumentais da Administragdo, enfim, séo0 mecanismos de trabalho para cumprimento de tarefas de natureza administrativa. Ja os Poderes Politicos (da Republica) sio aqueles listados no art. 2° da CF/1988, Executivo, —_Legisla rio. Séo __ estruturais, independentes, e inerentes 4 organizag&o do Estado, integrando @ organizac&o constitucional, sendo que a inter-relaco entre estes é objeto de estudo de ramo préprio do Direito, 0 Direito Constitucional. QF-2 - ESAF/ATA/2010 - N&o se pode enumerar como poder da Administragao: a) poder normativo. b) poder de policia. ) poder hierarquico. d) poder independente. e) poder disciplinar.” PODERES VINCULADO E DISCRICIONARIO Nao é dificil perceber a impossibilidade de a Lei prever todas as condutas a serem adotadas pelos administradores publicos, em face das situagdes concretas que se apresentam e que exigem pronta solucéio. Dessa maneira, por vezes, a Lei faculta ao administrador a liberdade de adotar uma dentre duas ou mais condutas hdbeis, a qual deverd estar alinhada ao melhor atendimento do interesse publico, o que resulta num juizo discriciondrio por parte do responsdvel pelo ato. Mas, ateng&o: 0 juizo discriciondrio de forma alguma pode ser confundido com um “livre arbitrio”, ou, ainda, arbitrariedade. De fato, a Administragéo Publica, ao contrario dos particulares de modo geral, s6 pode fazer aquilo que a Lei lhe determina ou autoriza (principio da legalidade administrativa - art. 37, caput, da CF/1988). E, ainda que haja margem de opc&o, de discricionariedade, a conduta do agente deve estar pautada na Lei, n&o se admitindo acées que desbordem os limites da Lei. falta. ao administrador publico a ampla e_ irrestrita idade de escolher livremente as acées, uma vez que * Se voce marcou letra “A”, voltae releia a matéria. A resposta ¢ letra “D". Poder Independente é Poder Estrutural, é Poder da Repiblica, portanto, imanente do Estado, Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcur combi Pagina 6 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges limitado, sempre, pela Lei. Assim, pode-se afirmar que arbitrariedade 6, para a Administrago Publica, sinénimo de ilegalidade. Na visdio da maior parte dos estudiosos, a discricionariedade 6 resumida em um binémio: CONVENIENCIA E OPORTUNIDADE. A primeira parte do binémio indica em que condigées vai se conduzir o agente (0 modo de agir deste); a segunda, ao momento em que a atividade deve ser produzida. Por exemplo: 0 Poder Legislative do Municipio “X” autorizou despesas orcamentarias na ordem de 200 milhées de reais, verba distribuida pelas mais diversas rubricas, como, por exemplo, sade, educagéo, saneamento. O Prefeito, portanto, durante o exercicio financeiro, pode executar livremente o orcamento, ressalvadas as vinculagées constitucionais. Entéo, em que momento o Prefeito determinard a construgéo da creche? Seré que o Prefeito precisa construir escolas? Ou Ihe é preferivel a pavimentacéo das vias publicas? Perceba que, no caso da creche, o Prefeito tem o més de janeiro, fevereiro, marco, (...).Ele & quem escolhe o momento, @ oportunidade. J4, no caso das escolas e pavimentacdo, ha dois objetos possivels, cabendo ao Prefeito escolher se é mais conveniente a execugéo das escolas, da pavimentaco, ou dos dois programas de trabalho, enfim, o que lhe é mais conveniente. Muito bem, a discricionariedade, portanto, diz respeito 4 margem de avaliagdo por parte do agente publico quanto 4 conveniéncia e a oportunidade de agir. A discricionariedade refere-se, ainda, ao contetido dos atos administrativos, ou seja, dois de seus elementos, o objeto e o motivo. Os elementos ou requisitos do ato administrative so cinco: competéncia, finalidade, forma, motivo e objeto. Os trés primeiros séo sempre vinculados, ou seja, sobre estes o agente nao possui liberdade quanto a decisio e & forma de agir. Assim, a discricionariedade, quando existente, diz respeito aos dois ultimos, Motivo e Objeto, que constituem, em esséncia, o Mleérito administrativO, existente nos atos discriciondrios (apenas para registro: n&o s4éo os elementos, em si, que constituem o mérito, e sim a conducéo de tais elementos, o seu manejo). O entendimento, acima, é comandado por Hely Lopes. O autor apresenta como elementos sempre _rearados _(vinculados):_a_competéncia,_a E a posicgao majoritaria, e, por isso, a linha seguida nos concursos publics. Porém, em concursos, no existem verdades absolutas, de modo que devemos atentar, igualmente, para as. Prof. Cyonil Borges www. estrateglaconcursos.com.bi Pagina 7 de 59 fa Estratési. la Curso Tedrico de Direito Administrative pe Concune Ds Prof? Cyonil Borges posigées divergentes, como, por exemplo, de Di Pietro, para quem séo elementos sempre vinculados: a competéncia e a finalidade em sentido estrito. Professor, li, em algum lugar, que 0 Poder Judiciério néo pode controlar os atos discriciondrios. Isso 6 verdade? E sé meio verdade! Vejamos. A discricionariedade é a margem de. conveniéncia.¢ oportunidade na condug&o da coisa publica. Como sobredito, essa margem 6 denominada de mérito administrative. E, classicamente, considera-se o Poder Judicidrio néo detém competéncia para o exame do mérito. Ocorre que a discricionariedade é parcial e relativa, portanto, nota-se tendéncia a atenuar-se o contraponto entre legalidade e mérito, admitindo-se a apreciagdo judicial sobre a legalidade da discricionariedade e dos limites de opgao do agente publico, especialmente levando-se em consideragdo os principios da razoabilidade e proporcionalidade. Discricionariedade Arbitrariedade Liberdade de ‘agao administrativa, dentro dos limites estabelecidos pela Lei. Acao contréria ou excelente a lei. Ato legal e valido, quando autorizado pela Lei. [Sempre ilegitimo e invélido. Judiciario pode se manifestar sobre a legalidade, mas nao acerca do mérito. [Sempre sujeito ao controle judiciario, desde que provocado. Passemos a um exemplo, tendo em conta a premissa de que é& impraticdvel a norma prever todas as condutas a serem adotadas pelo administrador piblico. Nos termos da Lei 8.112, de 1990, a licenga capacitagéo podera ser concedida, a critério da Administragdo, para que um servidor faga um curso ligado as atribuigdes de seu cargo. A expressdo “a critério da Administracgdo” faz com que esta possa decidir se numa circunstancia fatica qualquer dara ou n&o a licencga pleiteada pelo servidor, ou seja, decidir o contetido ou objeto do ato: defere ou no 0 pedido de licenca? Fica a critério da Administragao. Contudo, apesar da liberdade dada ao administrador nos atos administrativos discricionarios, ndo ha uma liberdade sem limites. Podemos citar alguns limites quanto a concessao da licenca capacitag3o: I) Apontados pela Lei, nos termos do art. 87: curso ligado as atribuigées do cargo, com duracao de até trés meses, e Prof. Cyonil Borges www. estrateglaconcursos.com.bi Pagina 8 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges II) No caso de indeferimento do pedido, a necessidade de se motivar 0 ato denegatério, em razéo do principio da motivagéo dos atos da Administrag&o Publica*. Em suma, a discricionariedade néo é¢ liberdade ampla_e¢ irrestrita. Ao contrario disso, a Administracdo sempre contard com limites no seu agir, de modo explicito ou implicito. Em verdade, a discricionariedade nunca é pura, €& sempre_relativa_e_parcial, afinal parte do ato administrativo é sempre vinculada. Muitos doutrinadores afirmam haver discricionariedade por parte da Administragéo quando esta faz interpretag&o de conceitos juridicos indeterminados. Otimo! Mas 0 que séo_ conceitos juridicos indeterminados? Os livros de Direito Administrative costumam indicar a existéncia de trés modalidades de conceitos juridicos indeterminados: técnicos, empiricos ou de experiéncia e de valor. Tais conceitos s&o estabelecidos pelo legislador, porém, de forma imprecisa, incerta, fluida. Tais conceitos, ent&o, so dotados de largueza e ambiguidade, garantindo-se, nesse contexto, ao lado de uma zona de certeza, uma zona cinzenta ou zona gris - de penumbra, com a existéncia de conceitos plurissignificativos, elAsticos (leia-se: no exatos e nao matematicos), como, por exemplo, os requisitos de relevancia e urgéncia presentes para a edigdo de medidas provisérias. O que seria isso (relevancia e urgéncia)?Para trazer um pouco mais de luz sobre © assunto, vamos “passear”, de forma sintética, nos conceitos juridicos indeterminados. Os técnicos, apesar de aparentemente fluidos, nao garantem margem de manobra para os administradores. Por exemplo: 0 que é um prédio em ruinas? Caberia a contratac3o direta ou sem licitac&o para sua reforma, sob pena da ocorréncia de uma calamidade publica? Perceba a existéncia de certa impreciséio, Contudo, depois da emisséio do laudo técnico pelo setor de engenharia responsavel, restaré uma Unica soluc&o por parte do agente publico. Da mesma forma, os conceitos empiricos ou de experiéncia, por exemplo: bons antecedentes e forga maior, no oferecem flexibilidade aos gestores pliblicos. Diante do caso concreto, haveré uma Unica solucéo cabivel. > Caput do art. 28 da Lei 9.784/1999 combinado como art. 50 da mesma Lei Prof. Cyonil Borges www.estrateglaconcursos.com.br Pagina 9 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Por fim, os conceitos de valor, como, por exemplo, interesse publico, moralidade administrativa, relevancia e urgéncia. Esses conceitos ibilitam certa margem de discricionariedade, distintamente dos técnicos e dos empiricos. Por exemplo: a Lei 10.520/2002 determina que a modalidade de licitagao pregao se destine a aquisicao de bens e servicos “comuns”. Mas 0 que seria o "comum", para a Lei? Assim, em casos como este, de conceitos imprecisos - indeterminados, caberia uma interpretagao por parte da Administracdo com certa margem de liberdade, dai dizer, discriciondria, para parte da doutrina. CESPE - AUFC/TCU /2011 - Incluem-se na classificagéo de atos administrativos discriciondrios os praticados em decorréncia da aplicacao de norma que contenha conceitos juridicos _indeterminados. (Certo/Errado)* 2007/CESPE/PC-PA/TEC EM ADM - © poder discricionario do agente publico pode decorrer de liberdade de decisdo atribuida ao agente em decorréncia de norma legal.” Por fim, contraposto ao Poder Discricionario, ha o Poder Vinculado ou Regrado, enfim, aquele conferido por Lei a AdministracSo para a pratica de atos nos quais a liberdade de atuagao é minima, ou mesmo inexiste. Na definig&o de Hely Lopes, poder regrado ou vinculado é aquele que o Direito Positivo confere & Administragao Publica para a prdtica de ato de sua competéncia, determinando os elementos e requisites necessdrios 4 sua formacao. Por exemplo: A servidora publica do érgo “Y” teve seu primeiro filho. Qual é a margem de discricionariedade de a Administracao indeferir a licenca gestante, e indeferir a licenga paternidade do pai, se igualmente servidor publico? A resposta é ZERO! Inexiste opcao! Agora, um servidor do érgéo “W", depois de doze meses de efetivo exercicio (primeiro ane no érgao), requer férias. Entéo, tem direito a férias? Claro que sim! Pode o chefe indeferir? Claro que nao! Porém, 0 chefe pode denegar o pleito para o més de julho? Sim, se, por exemplo, houver um numero insuficiente de servidores na repartigao! Enfim, o ato é vinculado, mas hd minima margem de discricionariedade, de oportunidade, * Item CERTO, Os conceitos juridicos indeterminados so conceitos fluidos, os quais, portanto, admitem, quanto ao valor, margem de discricionariedade. 5 Gabarito: CERTO. De fato, toda discricionariedade decorre da Lei. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 10 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Nos atos vinculados, a doutrina majoritaria informar que todos os elementos que o compéem encontram expressa previsdo legal, sendo que o érg&o/entidade responsdvel pela pratica do ato néo goza de liberdade para implementagdo dos atos vinculados, para os quais haveria uma Unica saida prevista na Lei, por esta determinada. Alguns outros autores consideram nao existir “Poder Vinculado”, uma vez que este n&o encerra prerrogativa do Poder Publico, mas mera restricdo a atuagao administrativa. E, ainda assim, para a doutrina poucas sao as situagdes de vinculagao pura, ndo sendo recomendavel, por isso, a oposi¢do rigida entre poder vinculado e discricionario, devendo ser considerado 0 aspecto dominante no exercicio do poder. Sdéo exemplos classicos de poder vinculado: a licenga para construire a aposentadoria compulséria. Por fim, para determinados autores, da mesma forma que a vinculacio, a dade nado seria propriamente um Poder, mas caracteristica da atuacdo da Administracao Publica no exercicio dos seus reais Poderes Adi trativos, o Disciplinar, o Normativo, o Hierdrquico e o de Policia. Esse é 0 entendimento, por exemplo, da Prof.@ Maria Sylvia Di Pietro, para quem os poderes vinculado e discriciondrio no existem como poderes auténomos, sendo, em verdade, atributos de outros poderes ou de competéncias administrativas, néo se tratando, pois, de prerrogativas do Poder PUblico. QF-5 - 2005/CESPE/ANCINE/ADVOGADO - Poder discricionario ¢ 0 que 0 direito concede & administracéio, de modo explicito ou implicito, para a pratica de atos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniéncia, oportunidade e contetdo. (Certo/Errado) Comentarios: Como sobredito, 2 Administracao Ptiblica de quaisquer das entidades puiblicas politicas e administrativas é dotada de poderes administratives, verdadeiras ferramentas de trabalho para a efetivacao do interesse da coletividade. Entre tals prerrogativas, destacam-se os poderes: vinculado, regulamentar, hierdrquico, disciplinar e discriciondrio. Relativamente 4 fungdo discriciondria, a doutrina conceitua-a como a prerrogativa concedida por lei aos administradores, de forma expressa ou implicita, para a prética de atos com maior liberdade de escolha de sua conveniéncia, oportunidade e justica. Exatamente como apresentado no quesito ora em andlise, dai sua correcio. Q 2011/CESPE/TCU/AUFC/Auditoria - A razoabilidade funciona como limitador do poder discricionario do administrador. Comentarios: Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 11 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges © poder discriciondrio nao & sinénimo de arbitrio. Por conta disso, conta com limites, impostos diretamente ou indiretamente pelo ordenamento juridico. Dentre eles, a razoabilidade, a necessidade, a adequacéo e a proporcionalidade. PODER REGULAMENTAR Como enfatizado, nao hé como o legislador prever todas as solugdes a serem adotadas, em face das situagdes reais enfrentadas pela Administracdo Publica. Ao legislador ndo cabe tornar exequivel todas as normas que edite. A tarefa tornar-se-ia onerosa demais, desvirtuando do sentido de abstragdo e de generalidade inerente das Leis. Logo, incumbe a Administragio complementar as leis, criando os mecanismos para 0 efetivo alcance dos objetivos do Estado (ligados ao interesse ptiblico, lembre-se!). Essa é a principal caracteristica do Poder Regulamentar, o qual pode ser entendido como a prerrogativa dada a Administragéo Publica, mais precisamente chefe do Executivo, de editar atos gerais para detalhar, esmiucar as leis, e, por conseguinte, permitir sua efetiva concretizacgao. Antes de prosseguirmos, € oportuno distinguir que nem todos os Decretos expedidos pelos chefes do Executivo sao atos administrativos em termos materiais. O art. 84 da CF, de 1988, por exemplo, atribui ao presidente da Republica a competéncia privativa para decretar a intervengao, estado de sitio e estado de defesa. Nessas situacdes, esta-se diante da func&o politica, de atos tipicamente de governo. Para Celso Anténio, 0 exercicio do Poder Regulamentar pode ensejar abusos por parte da Administracio, ao eventualmente inovar no ordenamento juridico e, portanto, descumprir o basilar principio da legalidade. Para o autor, a norma regulamentar se propde a: >> Dispor sobre o procedimento de operacéo da Administragio nas relagées que decorreréo com os administrados quando da execuco da lei. >> Limitar a discricionariedade administrativa. >> Caracterizar fatos, situagées ou comportamentos enunciados na lei mediante conceitos vagos. >> Decompor analiticamente o contetido de conceitos sintéticos, mediante discriminac&o integral do que neles se contém. Mas, Professor, no Brasil, a tripartigo de Poderes nao é flexivel? Ao lado da fungéo primordial, 0 Poder néo pode exercer uma atividade atipica? Verdade. Tanto que o Direito Administrativo espalha-se por todos os Poderes. E inimaginavel pensarmos em Poder Legislativo Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 12 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges sem departamentos administrativos, ou Poder Judiciario sem servicos de protocolo. Por isso, alguns autores preferem falar em Poder Normativo em vez de Poder Regulamentar, uma vez que este representa, para estes autores, apenas uma das formas pelas quais se expressa aquele (normativo), coexistindo com outras. Nesse contexto, 0 Poder Normativo é género, no qual se encontra a espécie Poder Regulamentar. “No essencial”, o Poder Regulamentar é o exercido pelos chefes do Executivo. Com efeito, a CF/1988 dispde no inc. IV do art. 84 que compete ao presidente da Reptblica privativamente, dentre outras atribuigdes: sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execugo. Professor, por que no “essencial”? O Poder Regulamentar néo é 0 privativo do chefe do Executivo, apenas? E que a produgio de atos administrativos normativos também pode ser feita por outras autoridades, érgéos ou entidades. Os Ministros de Estado, por exemplo, podem editar atos normativos, exemplo das instrugdes e portarias (inc. II do art. 87 da CF/1988). E, nesse contexto, ha quem denomine tal atividade exercida por outras autoridades, que no o chefe do Poder Executivo, de Poder Regulamentar de 2° Grau. Até aqui, falou-se de presidéncia e ministérios, porém n&o hé motivo de serem excluidas as entidades administrativas (as pessoas juridicas integrantes da Administragdo Indireta). As Agéncias Reguladoras (autarquias em regime especial), por exemplo, podem editar normativos em suas dreas de atuacdo (Poder Normativo Técnico). Os atos normativos expedides pelos chefes dos Executivos e seus auxiliares (ministros e secretérios, conforme o caso) nado se confundem, contudo, com as leis, apesar da proximidade quanto ao contetido abstrato e geral. No que consistiria, entéo, a diferenga dos normativos administrativos, para as Leis? Para resolver isso, de inicio, que tal lembrarmos a semelhanca entre ambos? S8o normas, nao é verdade? Todavia, as Leis so normas originarias, indo, de regra, 0 direito novo. Isso se da com as Leis, sobretudo no que diz respeito a criagéo de novas obrigagées, em razao de disposigéo constitucional expressa, 0 inc. II do art. 5° da CF/88, que dispe: ninguém serd obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de LEI. De sua parte, os atos normativos administrativos possuem natureza derivada, so atos secundarios, uma vez que deverdo estar adstritos aos limites que Ihes impéem as Leis. Como exemplo do que se afirma, releiam o inc. IV do art. 84 da CF/1988: os decretos editados pelo Presidente da Republica serio expedidos para fiel cumprimento das Leis, Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 13 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges as quais Ihe constituem limite, portanto. Inclusive, a vista da natureza secundaria, 0 STF n&o admite o controle de constitucionalidade dos Decretos Regulamentares. Vejamos: ADI 2387 / DF - DISTRITO FEDERAL E firme a jurisprudéncia deste Supremo Tribunal no sentido de que a questo relativa ao decreto que, a pretexto de regulamentar determinada lei, extrapola o seu 4mbito de incidéncia, é tema que se situa no plano da legalidade, e no no da constitucionalidade. ADI 1435 MC / DF - DISTRITO FEDERAL Decretos existem para assegurar a fiel execugao das leis (artigo 84- IV da CF/88). A Emenda Constitucional n. 8, de 1995 - que alterou 0 inciso XI € alinea a do inciso XII do artigo 21 da CF - é expressa ao dizer que compete & Unido explorar, diretamente ou mediante autorizagéo, concessio ou permissdo, os servicos de telecomunicagées, nos termos da lel. Nao havendo lei anterior que possa ser reguiamentada, qualquer disposicéo sobre o assunto tende a ser adotada em lei formal. O decreto seria nulo, néo por ilegalidade, mas por inconstitucionalidade, j4 que supriu a lei onde a Constituigao a exige. Enfim, 0 Poder Regulamentar nao pode inovar ou extrapolar o que dispde a norma primaria (ROMS/STJ 22828): 1. O decreto, como norma secundéria - que tem funcéo eminentemente regulamentar, conforme o art. 84, inc. IV, da Constituigo Federal -, no pode contrariar ou extrapolar a lei, norma priméria. Nao pode restringir os direitos nela preconizados. Isso porque téo-somente a lei, em carater inicial, tem 0 poder de inovar no ordenamento juridico. 2. Os Decretos Estaduais 2.697/04 e 2.815/04 modificaram substancialmente a forma de cdlculo da Indenizagéo de Estimulo Operacional, parcela destinada ao pagamento de servico extraordindrio e noturno, consoante estabelecido nas Leis Complementares Estaduais 137/95 254/03. Em consequéncia, quanto a esse aspecto, mostram-se ilegais, porquanto contrariam a lei. 3. Os decretos em referéncia foram além das leis que regulamentaram, 20 autorizarem que 0 administrador no mais pagasse ao servidor publico © valor correspondente és horas extras efetivamente trabalhadas, de acordo com a forma de célculo fixada pela lei, permitindo, assim, 0 enriquecimento sem causa do Estado. Além disso, permitiram que o servidor piblico percebesse menos pela mesma quantidade de horas extras prestadas, Assim, violaram o principio da irredutibilidade de vencimentos, preconizado pelo art. 37, inc. XV, da Constituic&o Federal. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 14 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges Professor, e se, apesar da diretriz constitucional, 0 Decreto Regulamentar extrapolar 0 contetido da Lei? Nesse caso, teremos, como sobredito, o controle de legalidade a cargo do Poder Judicidrio (acaso provocado), ¢ o controle politico, exercido, na esfera federal, exclusivamente pelo Congresso Nacional, ao qual caberé SUSTAR os efeitos do Decreto do Executivo que exorbite dos limites do Poder Regulamentar. Cuidado para n&o confundir “sustar” com “revogar” ou “anular”. A anulac&o e revogacio sao formas de desfazimento dos atos administrativos, ou seja, ha a retirada do mundo juridico; ao passo que, na sustacgo, 0 ato ndo é cancelado, retira-se apenas a sua eficdcia, para, portanto, de produzir efeitos. Por todo o exposto, nao ha dtivida de que os decretos constituem uma das formas de expresséo do Poder Normativo da Administracéo Publica, assim como 0 sao as Resolugées, as Instrugées, Portarias e Deliberagées, desde que dotadas de cardter normativo, ou seja, genéricas e abstratas. Organizacdo servicos internos (Camara dos Deputados) (Art. 51, 1V, da CF) Resolucées para organizacao dos servicos internos (Senado Federal) (Art. 52, XI, da CF) Poder Normativo (género) Resolucoes (CNJ) (art. 103-8 da CF) Poder Normativo Técnico Agéncias Reguladoras Poder Regulamentar (art. 84, 1V, da CF = privativo do chefe do Executivo) Professor, é verdade que os Decretos do Executive nio podem inovar? Sim, é verdade! Mais ndo é uma verdade absoluta, ha excecao: a figura dos Decretos Auténomos. Ent&o, a Administragéo Publica pode adotar atos administrativos auténomos com relagéo as Leis? O certo é que os decretos/regulamentos de execucéo sdo regras juridicas gerais, abstratas e impessoais, concebidas em fung&o de uma lei, para Ihe dar fiel execucao e referentes a atuacaio da Administracéo. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 15 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges No ambito federal, a competéncia para expedic&o desses decretos é do Presidente da Republica (art. 84, inc. IV), sendo tal competéncia indelegavel (paragrafo Unico do art. 84). Fundamento basico para a edicSo de decretos de execucdo é que estes devem ser editados em fungéo de uma Lei que futuramente exigirAé a participagdo da Administragéio na sua efetivagéio. Assim, nao seria razodvel, ou mesmo legal, a Administragao, sob a argumentagéio de estar no exercicio do Poder Regulamentar, expedir decretos de execucdo em razéo de normas que nada tem a ver com o exercicio de suas atribuigdes, tais como alguns dispositivos de Direito Comercial, por exemplo. Jé os Decretos Auténomos foram reintroduzidos em nossa ordem juridica por intermédio da Emenda Constitucional 32/2001. A partir da promulgacao desta, compete ao Presidente da Republica dispor, mediante decreto, sobre: a) organizacao e funcionamento da administracao federal, quando néo implicar aumento de despesa nem _criacko ou extincéo de Sraaos publicos, b) exting&o de fungées ou cargos piiblicos, quando vagos. Ressalta-se que, a despeito do que estabelece a alinea “a”, a criagdio e extingdo de Ministérios e 6rgéos da Administracgéo Publica continua a depender de Lei (art. 88 da CF - reserva legal). Séo duas situagdes distintas, ent&o: tratando-se de organizagado/funcionamento da administragdo federal (alinea “a”), competéncia do Presidente da Republica, por meio de decreto auténomo, competéncia que é delegavel, nos termos do art. 84, pardgrafo Unico da CF/1988; ja a criagéo/extingao de Ministérios é matéria a ser tratada em LEI. Hoje, para fins de concurso piiblico, deve ser aceita a existéncia de Decretos Auténomos tao sé nas hipdteses listadas acima. E, no caso, em requlamentos de organizacdo. Mas, Professor, em que residiria a autonomia desses atos administrativos? E os que séo regulamentos de organizagao? Vejamos. Na doutrina, Maria Sylvia Di Pietro nos sintetiza a distingéo entre regulamentos juridicos ou normativos e regulamentos administrativos ou de organizacao. Enquanto os regulamentos juridicos fixam diretrizes sobre relagdes de supremacia geral, quer dizer, que se ligam todos os particulares ao Estado (p. ex., 0 uso do poder de policia), voltando-se para fora da Administragéo Publica; os regulamentos administrativos ou de organizacgao contém normas sobre a organizagéo administrativa ou sobre as relagdes entre os particulares que estejam em situacdo de submissao especial ao Estado, decorrente de um titulo juridico especial (a exemplo da concess3o de servico publico, da outorga de auxilios ou Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 16 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges subvenges, a nomeaciio de servidor public, a convocagao para o servigo militar a internag&o em hospital publico). Quanto 4 discricionariedade, nos casos de regulamentos juridicos, em que 0 poder regulamentar € menor, HA MENOS DISCRICIONARIEDADE. A légica é bem simples. Qs_particulares so podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer 9 que esta na lei, e, bem por isso, 0 regulamento tem pequena margem de discricionariedade. Por sua vez, nos casos de regulamentos administrativos ou de organizacio, a discricionariedade administrativa no estabelecimento de normas é maior porque a situacao de sujeicao do cidadéo é especial, presa a um titulo juridico emitido pela prépria Administragéo, podendo, por isso, ser baixados com maior liberdade. Perceba que, em todo caso, em menor ou maior medida, o ato administrativo normativo sera sempre discriciona Ja a “autonomia” vem do Decreto dessa natureza nao se ater aos limites postos por uma Lei, como no caso dos regulamentares, mas de se arvorar diretamente no texto constitucional, ou seja, de irem além da lei (praeter legem) e n&éo sé até os limites desta (secundum legem). QF-7 - FDC - ATTM BH/Pref BH/2012 - Segundo comando constitucional, 0 Conselho Nacional de Justica, no 4mbito de sua competéncia, pode expedir atos regulamentares. Tais atos tém a seguinte natureza: a) potestativa b) secundaria c) delegada d) derivada e) priméria Comentarios: Podem ser aproveitados os esclarecimentos da questio imediatamente anterior. Na visio do STF, os atos regulamentares expedidos pelo CNJ séo primérios, e, bem por isso, suscetiveis de controle pelo Poder Judicidrio em sede de controle de constitucionalidade. Gabarito: alternativa E. QF-8 - 2005/CESPE/MA-MT/PROMOTOR - Para alguns estudiosos, a Emenda Constitucional n.° 32/2001 deu ao presidente da Republica o poder de baixar os chamados decretos auténomos, Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 17 de 59 HE stratégia Curso Teérico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges dentro de certos limites. Independentemente dessa discusséio, & certo que o chefe do Poder Executivo, ao baixar decretos para dispor acerca da organizacao e do funcionamento da administracdo federal, continua submetido ao principio da legalidade e néo pode, por exemplo, criar nem extinguir 6rgaos publicos. (Certo/Errado) Comentarios: Entéo, entendeu bem a histéria dos decretos auténomos? Espero, sinceramente, que sim, pols costuma ser item certo de prova. Em todo caso, trouxe “pra” vocés uma questo estilo “tiro-répido”. Em capitulo reservado 4 Administracéo Publica, a Constituiczo Federal de 1988 (CF/1988) registra expressamente alguns principios, entre os quais: a moralidade, a publicidade, a eficiéncia e a leqalidade. Entre esses fundamentos, 2 legalidade administrativa determina que a atuago dos administradores seja pautada em lei formal, isto é, sé podem agir ou deixar de agir se houver autorizacao ou permissao em lei. No entanto, essa no é uma regra sem excegées. Entre as atenuacées 20 principio da legalidade formal, a Emenda Constitucional 32/2001 reintroduziu a figura do Decreto Auténomo ou Independente, reservando ao Chefe do Executive Federal o tratamento de determinadas matérias via decreto. A chamada Reserva da Administragao exercida pelo Chefe do Executivo Federal, nos termos do art. 84, VI, da CF/1988, por excepcional, deverd se adstringir 4 organizagao e funcionamento da Administrac3o Publica e 3 extingao de cargos e de funcées. Todavia, a expedicéo do decreto, nesses casos, sofre restriges, Em nome do principio da reserva legal, nao é cabivel sua edicéo para o aumento de despesas e para a criacao/extincao de érgéos/entidades, bem como para a extingdo de fungées ou de cargos ocupados. Dai a correcéo do quesito. Gabarito: CERTO QF-9 - 2007/CESPE/PGE/TEC. EM ADM - Os atos normativos editados com base no poder regulamentar ou de regulacdo da administrac&o séo primarios. (Certo/Errado) Comentérios: E uma questo muito interessante! Perceba, de pronto, que a ilustre organizadora diferenciou os atos decorrentes do poder requlamentar e os da requlacdo. £ que alguns autores tém entendido que a regulacao, por seu relevo, deve ser tratada como uma atividade 4 parte das tradicionais atividades de Administracao Publica (servicos publicos, fomento, policia administrativa e intervencao). Para outros, porém, o exercicio do Poder Requlamentar seria exclusivo dos Chefes do Executivo, enquanto 0 Poder Normative seria difundido por toda a Administracao Publica. Para nao deixar margem para recursos, 0 examinador Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 18 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges optou pela distinc. Bom, superada essa ligeira “preliminar’, passemos 20 contetido do item em si. Como jé falado, nao 6 qualquer ato administrative normative que inova na ordem juridica A originariedade co tuma er atributo préprio das Leis A Administracao néo pode a pretexto de regulamentar norma, criar direito novo, introduzindo ‘novidade no mundo juridico, dado que este papel cabe a0 Legislativo, este sim, possuidor da prerrogativa de produzir novidades juridicas, em razéo do que dispée o inc. IT do art. 5° da CF/1988. Inclusive, nos termos do art. 49, V, da CF/1988, em caso de o Decreto exorbitar 0 contetido da Lei, caberé exclusivamente 20 Congresso Nacional sua sustacao. Dessa forma, os atos normativos administrativos séo atos derivados, que deverdo estar adstritos aos limites que !he estabelecem as Leis. Por isso, 0 erro da questo. Quanto aos atos de regula¢So, hé muita discusso na doutrina sobre 2 natureza priméria ou derivada. Porém, para 0 STE o poder normativo técnico das agéncias reguladoras, por exemplo, apesar de maior discricionariedade comparativamente aos decretos regulamentares, o entendimento é de que nao inovam! Gabarito: ERRADO 1.4, PODER HIERARQUICO Nas relagdes pautadas na hierarquia vislumbra-se vinculo de subordinacao entre érgaos e agentes que componham a relacdo de direito em quest&o. f A despeito de as relagées hierarquicas serem inerentes ao interior do Poder Executivo, nao se pode afirmar que restrinjam a este. De fato, onde ocorra o desempenho da fungao administrativa poderé ocorrer uma relacdo hierarquica, mesmo no ambito do Legislative ou no No entanto, quando os membros desses dois tiltimos Poderes estiverem exercendo suas fungées tipicas, de legislar ou de julgar (funcdes legislativa e jurisdicional, respectivamente), inexiste hierarquia. Nao ha, portanto, hierarquia entre parlamentares ou membros da magistratura no desempenho de suas atribuicées tipicas (isso pelo menos na prova de Direito Administrativo, no é verdade?). Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 19 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Entretanto, Carvalho Filho aponta que o sistema de simulas vinculantes reduz a ideia de auséncia de hierarquia, uma vez que dele ressai o preceito de que érgaos jurisdicionais devam exercer a funcdo jurisdicional em conformidade com a orientagéo contida na simula, 0 que, de certo modo, reflete relagéio de carater hierarquico. Ainda assim, a regra seré a independéncia do juiz para decidir os conflitos que Ihe séo apresentados na via judicial, ou seja, a atuag&o com livre convencimento para julgar. Parlamentares Membros da Magistratura Desempenho das ‘suas Fungées tipicas Eo Poder Hierdrquico que permite a Administracéo distribuir e escalonar as fungées de seus érgaos, ordenar e rever a atuagdo de seus agentes, estabelecendo as relagées de subordinacdo entre os servidores do seu quadro de pessoal. Junto com o Poder Hierarquico (até mesmo decorréncia deste) anda o Poder Disciplinar, entendido como a possibilidade de a Administragaéo aplicar sangées aqueles que, submetidos a ordem interna, descumpram as ordens advindas da hierarquia posta. Com efeito, de nada valeria falar em hierarquia se o superior néo pudesse aplicar punigdes aos infratores administrativos que Ihe so subordinados. Do Poder Hier4rquico resultam, ainda, as prerrogativas dos superiores de ordenar, fiscalizar, rever, delegar ou avocar, com relagéo aos subordinados. Para Nohara, da relac&o hierérquica pode ser excluida determinados tipos de atividades, como aquelas dos 6rgaos consultivos, isso porque a funcdo é desempenhada com o maximo de liberdade, independentemente, portanto, dos posicionamentos dos érgaos superiores. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 20 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Atribuigdes do Poder Hierarquico Edigao de atos de carater normativo Decisao de recursos administrativos s de competéncia exclusiva do 6rgao ou autoridade Fiscalizar de forma automatica e permanente ‘Avocar atribuicées (atos de competéncia exclusiva nao podem ser avocados) Delegar (distribuir e escalonar fungdes de seus érgaos) EXCETO Vejamos cada um dos aspectos elencados no quadro acima. Ordenar implica impor ao subordinado a conduta a ser adotada diante do caso concreto. Cabe reforcar que o dever de obediéncia do subordinado nao sera absoluto: nos casos em que as ordens emanadas pelos superiores forem manifestamente ilegais nado ha que se cumpri-las. Afinal, nos termos do art. 5°, inc. II, da CF ninguém seré obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, sen3o em virtude de lei. Essa regra esta contida na Lei 8.112/1990, ao estatuir, no inc. IV do art. 116, que o servidor é obrigado a cumprir com as ordens que lhes sao dadas, salvo quando manifestamente ilegais. Fiscalizar significa verificar se a conduta dos subordinados se alinha com 0 que dispdem as normas legais e regulamentares, bem como em relagao as diretrizes fixadas pelos agentes superiores. Revisar implica a apreciagao pelos superiores quanto aos aspectos dos atos praticados pelos inferiores, para manté-los ou invalidé-los. A revisdo ocorreré de officio (iniciativa da Administragéo) ou por provocacgaéo do interessado, e sé poderdé ocorrer até quando o ato ainda nao tenha se tornado definitivo para a Administragao ou nao tenha gerado direito adquirido para o Administrado. Delegar consiste na transferéncia do exercicio de atribui 6rgdo a outro no aparelho administrative. Nao € admitida com relagdo a atos politicos, bem como de um Poder para outro, salvo Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 21 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges nos casos constitucionalmente previstos (por exemplo, a Lei Delegada - art. 68 da CF). Em nivel federal, hd, hoje, norma que trata de tal instituto, a Lei 9.784/1999. Nessa norma, listaram-se situacgées de indelegabilidade, como € 0 caso de matérias de competéncia exclusiva, da decisdéo de recursos administrativos e edi¢aéo de atos com carater normativo’. Avocar é a possibilidade que tem o superior de trazer para si as fungdes exercidas por um subalterno. E medida excepcional, que s6 pode ser realizada a luz de permissivo legal e que desonera o subordinado com relagéo a qualquer responsabilidade referente ao ato praticado pelo superior. N&o pode ser avocada, destaque-se, a atribuicdéo expressamente dada por lei a certo érgdo ou agente, como no caso dos julgamentos de licitagdes pelas comissées competentes. Acrescenta-se que, em Direito Constitucional, ha referéncia a avocagao imprépria, enfim, o ato de trazer para si o exercicio da competéncia sem que exista entre as autoridades hierarquia. E 0 caso, por exemplo, do Conselho Nacional de Justiga (CNJ), o qual pode avocar procedimentos administrativos em curso em outros drgaos do Poder Judiciério, apesar da auséncia de subordinago. Finalmente, é de se registrar que n&éo se deve confundir vinculacéo administrativa com subordinagdo hierarquica. Enquanto a primeira tem carater externo e é consequéncia do controle que as pessoas federativas tém sobre as pessoas administrativas que compdem a Administragao Indireta (exemplo do controle finalistico do Ministério da Fazenda - Administragéo Direta - sobre o BACEN - Administracéo Indireta), a ultima é de carter interno, estabelecida entre érgdos de uma mesma entidade, como decorréncia do poder hierarquico. § Art. 13 da Lei 9.784/1999. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 22 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Vinculagao Subordinagao QF-10 - 2007/CESPE/PC-ES/AGENTE - O poder hierarquico é exercido com a finalidade de coordenar as __atividades administrativas, no Ambito interno, no sendo possivel em seu nome 0 exercicio do poder de revisdo dos atos administrativos de subordinados. (Certo/Errado) Comentarios: 0 erro da questéo é que, do poder hierdrquico, decorre 2 possibilidade de reviséo dos atos administratives dos subordinados. A revisio do superior hierdrquico dé-se por anulagao (atos ilegais), por revogacao (atos inconvenientes e inoportunos) e por concertagio/convalidacao (atos ilegais, porém sandveis). Gabarito: ERRADO 1, ODER DISCIPLINAR O poder disciplinar é a prerrogativa de que dispde o administrador ptiblico de apurar e aplicar penalidades. Certamente, os candidatos n&o serao traidos por desconhecerem o conceito, afinal é relativamente simples. Assim, os itens de prova que chamam nossa atengao costumam ser: gual 6 0 alcance do Poder disciplinar? E ato vinculado ou discriciondrio? Em que se diferencia do poder criminal? Hé independéncia entre as penalidades disciplinares (que séo administrativas) e as civil e penal, que sao jurisdicionais? — costumeiro, ao sermos questionados, apontarmos que o poder disciplinar é aquele que permite aplicagSo de penalidades aos servidores publicos. Na verdade, a concluséo esté perfeita, porém incompleta. Explico. O poder disciplinar baseia-se em uma espécie de supremacia estatal especial, ¢, bem por isso, alcanga todas as pessoas que Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 23 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges tenham algum tipo de vinculo com o Estado, seja estatutario, contratual, celetista ou temporario. Por exemplo: a empresa “A” é prestadora de servicos de limpeza no prédio da Uniéo sob a organizacéo do MPU. Depois das varias paralisacdes na execugdo do contrato, 0 MPU decidiu pela aplicacéo de multa 4 empresa. Nesse caso, temos um particular sendo sancionado com base no poder disciplinar, embora néo componha o quadro administrativo do Estado. particulares também podem se submeter as vias do ar. E o caso, por exemplo, dos que firmam contratos com a Administragéo Publica, que estardo submetidos as sancées disciplinares pelo vinculo estabelecido por meio do instrumento contratual (0 contrato cria um vinculo “especial” do contratado, que permite a Administrag&o langar mao de seu Poder Disciplinar). Quanto a discricionariedade, boa parte da doutrina entende que o exercicio do Poder Disciplinar seria essencialmente _ discricionario, sobretudo por que as sang@es disciplinares néo s&o tao “fechadinhas", isto 6, n&o s&o t&o tipificadas quanto no Direito Penal. Todavia, estamos diante de uma “pseudo” discricionariedade no exercicio do Poder Disciplinar, pois tal discricionariedade é reduzida pelo dever que tem as. autoridades de determinar a apuragdo de eventuais infragdes cometidas por seus subordinados. De fato, o Poder Disciplinar decorre, em boa medida, do escalonamento hierarquico verificado no exercicio da atividade administrativa. Com efeito, se ao superior é dado poder de fiscalizar os atos dos subordinados, nada mais légico que, em verificando o descumprimento de ordens ou normas, tenha a possibilidade de impor as devidas sangées que a conduta infratora exija. Nesse quadro, parte da doutrina entende que o Poder Disciplinar seria uma faculdade de sancionar, no ambito interno da Administracéo Publica, as infragées funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas a di ina dos érgaos e servicos da Administragao. Mas cabem algumas pequenas observacdes com relacdo a esta visio. 0 termo “faculdade”, por vezes, dé a impressao de que o uso do Poder Disciplinar é decisaéo discricionaria da autoridade, a qual avaliaria a conveniéncia em agir. Nao é! Em verdade, trata-se de um poder-dever, que obriga a autoridade a apenar o infrator, caso a sangdo a ser aplicada esteja na esfera de sua competéncia. Para ratificar o afirmado, basta ver o que estabelece o art. 143 da Lei 8.112/1990: A autoridade que tiver ciéncia de irregularidade no servico publico é obrigada a promover sua apuracao imediata.... Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 24 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges Verificada a conduta que constitua, ainda que potencialmente, uma possivel infracéo, ndo pode a autoridade se furtar a devida apuracao, para que, sendo o caso seja aplicada a pena devida ao infrator. Ressalto que a ndo apuracdo de uma infracdo da qual uma autoridade tenha conhecimento podera implicar a responsabilidade de tal administrador, pelo que se vé do art. 320 do Cédigo Penal, que considera crime: Deixar 0 funcionario, por indulgéncia, de responsabilizar subordinado que cometeu infrac&o no exercicio do cargo, ou, quando Ihe falte competéncia, néo levar 0 fato a0 conhecimento da autoridade competente... Fica claro que, caso a autoridade tenha conhecimento de infracao cometida por seus subordinados, deverd determinar sua apuracio, sob pena de ser também responsabilizado pela infragéo que nao fora apurada. Vinculada, portanto, a atuacéo da autoridade no que diz respeito a apuracao. Contudo, ha “pequenas margens de discricionariedade” no exerci do Poder Disciplinar. Em que residiria essa discricionariedade, ent&o? Peguemos exemplos na Lei 8.112/1990. Uma_ das punigdes previstas pela Lei 8.112/1990 (art. 127) 6 a demissao. Dentre as hipéteses para aplicacdo desta encontra-se a insubordinag&o grave em servico (inc. VI do art. 132), Mas, o que seria uma insubordinag’o “grave”? A Lei nao define, tratando-se de um conceito juridico indeterminado, o que, para parte da doutrina, gera a discricionariedade da Administragao ao interpreta-lo. Noutra passagem (art. 130), a Lei 8.112/1990 diz que a suspens&o serd aplicada nos casos de reincidéncia das faltas puniveis com adverténcia e de violagdo das demais proibicdes que nao tipifiquem infracdo sujeita a penalidade de demissdo, néo podendo exceder de 90 dias. Mas quantos seriam os dias para cada infrag&io? E nesse sentido que existe discricionariedade (pequena) no exercicio do Poder Disciplinar. Registre-se, ainda, que nao ha de se confundir o Poder Disciplinar, administrativo, com o Poder Punitivo Geral do Estado (0 que os diversos ramos juridicos chamam de jus puniendi). Enquanto aquele é de ordem interna, abrangendo as infragées relacionadas ao servico aos encargos da Administracao, este é mais amplo, realizado também, por exemplo, pelo Poder Judicidrio, ao reprimir crimes e contravencgées, com tipos estabelecidos nas leis penais. Também é digno de nota que, em determinadas situagdes, ha possibilidade de uma mesma infragdo levar a punicdo administrativa e penal (e até civil), sendo que a primeira é menos severa, por assim dizer, com relagéo a ultima (penal). Certas infragdes Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 25 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges implicaréo apenas sangées_-—administrativas, n&o —_alcancando consequéncias na esfera penal. Observe-se que, por ndo terem uma “tipicidade” t&o rigida quanto as sangées penais, as condutas administrativas infratoras permitem a autoridade fazer juizo de valor quanto a penalidade administrativa a ser aplicada. Aqui, sim, pode-se afirmar que ha uma discricionariedade “relativa” no a: autoridade aplicadora, a qual, de toda forma, deve se ater ao pl 1ag¢3o_punitiva, aplicando sangao adequada ao caso verificado. Observa-se, portanto, aplicacdo pratica do principio da proporcionalidade. Consigne-se que nos atos de punic&o disciplinar sempre devera haver motivagao, que pode ser entendida como a exposigdo dos motivos, de fato e de direito, que levaram a aplicagdo da sangéo disciplinar. Ainda que de forma resumida, a motivag&o deverd ocorrer como condicéo de validade do ato sancionatério. Tal providéncia encontra-se positivada, por exemplo, na Lei 8.112/1990, que estabelece no art. 128, paragrafo unico: 0 ato de imposig¢ao da penalidade mencionaré SEMPRE o fundamento legal e a causa da sango disciplinar. Nesse mesmo sentido no art. 50, inc. II, da Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo na Administragio Publica Federal. Estabelece o dispositive: Os atos administrativos deverdo ser motivados, com indicagéo dos fatos e dos fundamentos juridicos, quando: I - ...; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sangées; ... Assim, mesmo que se possa afirmar que subsista pequena margem de discricionariedade no exercicio do Poder Disciplinar, indispensavel a motivacgao das sangées administrativas que encontram respaldo nesse Poder. QF-11 - 2007/CESPE/AGU/PROCURADOR - 0 ato disciplinar é vinculado, deixando a lei pequenas margens de discricionariedade a administracéo, que néo pode demitir ou aplicar quaisquer penalidades contrdrias a lei, ou em desconformidade com suas disposiges. (Certo/Errado) Comentarios: Esse item representa um “marco” para 0 entendimento do Poder Disciplinar. Fica claro que caso a autoridade tenha conhecimento de infrac&o cometida por seus subordinados, deveré determinar sua apuragao, sob pena de ser também responsabilizado pela infracao que ndo fora apurada. VINCULADA, portanto, a atuacao da autoridade no que diz respeito 4 apuracao. Contudo, o item fala em “pequenas margens de discricionariedade” no exercicio do Poder Disciplinar. Em que residiria essa discricionariedade, entéo? Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 26 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Peguemos exemplos na Lei 8.112/1990, que trata do regime juridico aplicével aos servidores da Administragao Publica Federal, na Administragao Direta, Autarquica Fundacional. Uma das punicées previstas pela Lei 8.112/90 (art. 127) é a demissao. Dentre as hipéteses para aplicacao desta encontra-se a insubordinacao grave em servico (inc. VI do art. 132 da Lei 8.112/1990). Mas, 0 que seria uma insubordinacao “grave”? A Lei ndo define, tratando-se de um conceito indeterminado, o que, para parte da doutrina, gera a discricionariedade da Administracao, ao interpreta-lo. Gabarito: CERTO QF-12 - 2012/Anatel/Técnico - Constatada falta cometida por servidor de agéncia reguladora em procedimento disciplinar que Ihe assegure a ampla defesa e o contraditério, tera a administracao, no exercicio do poder disciplinar, uma discricionariedade limitada quanto escolha da pena a ser aplicada. Comentarios: item reforca 0 anterior - caso a Administragéo constate que uma falta foi cometida por servidor, a discricionariedade reside na escolha da pena a ser eplicada, pois, no que diga respeito 8 determinacao de apuracao, a autoridade deve agir VINCULADAMENTE, isto é, determinar que seja feita. 1.6. PODER DE POLICIA 1.6.1. ConsideragGes Gerais O aprendizado do Direito Administrativo é dificultado, em parte, devido a auséncia de codificagdo. De uma forma geral, como os institutos administrativos n&o so definidos legalmente, abre-se espaco para uma balburdia doutrinaria. Por exemplo - n&o ha conceito legal de atos administrativos, mas ha centenas de conceitos doutrindrios, e, muitas das vezes, dispares, “inovadores”. Nao ha definig&o para licitagées, porém uma miriade de criagdes doutrindrias, e assim se segue... No entanto, essa indefinigg0 n&o ocorre com o Poder de Policia, isso porque encontra definic&o legal. O art. 78 do Cédigo Tributario Nacional assim define Poder de Policia: Atividade da Administragdo Publica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a pratica de ato ou abstencéo de fato, em razéo de interesse publico concernente 4 seguranga, & higiene, & ordem, aos costumes, 4 disciplina da producéo e do mercado, ao exercicio de atividades econémicas dependentes de concessao ou autorizagéo do Poder Publico, 4 tranquilidade publica ou ao respeito 4 propriedade e aos direitos individuais e coletivos. Alguns autores criticam a expresso “Poder de Policia”, ao fundamento de que o termo traz em si a evocagdo de uma época pretérita, a do “Estado Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 27 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges de Policia”, que precedeu ao Estado de Direito. Faz supor a existéncia de prerrogativas em prol do “principe” e que se faz comunicar inadvertidamente ao Poder Executivo. Apesar das discusses sobre a expresso, 0 Poder de Policia € um dos mais importantes mecanismos para a atuac&o administrativa, pois materializa a forca de a Administragdo limitar as liberdades fundamentais em prol do interesse coletivo. 1.6.2. Conceito Como sobredito, dos Poderes da Administracao, 0 de Policia € 0 unico com uma definigéo legal. O conceito é encontrado no CTN em razéo do exercicio do Poder de Policia constituir hipdtese de incidéncia das taxas, em virtude do que dispée a CF/1988 (art. 145, II). ‘STF - ADI-2424 — Taxa de Seguranga Publica Tribunal julgou procedente 0 pedido formulado em acéo direta ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil - PC do 6, para declarar a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei 13.084/2000, do Estado do Ceara, que criavam taxas de exercicio do poder de policia e de utilizacdo de servicos prestados pelos drados de seguranca publica e defesa da cidadania. Entendeu-se, no caso, que a seguranca publica somente pode ser sustentada por impostos, dado que consubstancia dever do Estado e direito de todos, sendo exercida para a preservacdo da ordem publica e da incolumidade das pessoas e do patriménio (CF, art. 144, caput, inciso V e § 5°). Precedentes citados; ADI (1942 MC/PA (DJU de 22.10.99) e Rp 992/AL (RTJ 96/959). ADI 2424/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, 1°.4.2004. Vé-se, no conceito dado pela norma, sua amplitude. Sdo diversas dreas que podem exigir a atuacdo da policia administrativa: seguranga, higiene, mercado. Todavia, com sinceridade, esse conceito ndo é um dos melhores. Nossa, é extenso demais e informar que 6 bom, muito pouco! Assim, € preferivel 0 conceito doutrindrio, para a qual o Poder de Policia é a faculdade colocada 4 disposi¢éo do Estado para condicionar e restringir 0 uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em beneficio do coletivo e do préprio Estado. Para Maria Sylvia Di Pietro, Poder de Policia é atividade do estado consistente em limitar 0 exercicio dos direitos individuais em beneficio do interesse publico, este manifestado nos mais variados setores da sociedade, como satide, seguranga, educacdo, meio ambiente, defesa do consumidor, patriménio cultural, propriedade. Por fim, abre-se um paréntese para esclarecer que a incidéncia da taxa, como decorréncia do exercicio regular do poder de policia, dispensa a fiscalizacéo ‘porta a porta’. A incidéncia, nesse caso, pressupée, pelo menos, a competéncia para fiscalizar a atividade e a existéncia de 6rgao ou aparato habil a fiscalizago. Vejamos (RE/STF 361009): Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 28 de 59 Estrategia Curso Tes CON TITUCIONAL. TRIBUTARIO. TAXA DE LOCALIZACAO E FUNCIONAMENTO. HIPOTESE DE INCIDENCIA. EFETIVO EXERCICIO DE PODER DE POLICIA. AUSENCIA EVENTUAL DE FISCALIZACAO PRESENCIAL. IRRELEVANCIA. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. 1. A incidéncia de taxa pelo exercicio de poder de policia pressupde a0 menos (1) competéncia para fiscalizar a atividade e (2) a existéncia de érgo ou aparato aptos a exercer a fiscalizacao. 2. 0 exercicio do poder de policia ndo é necessariamente presencial, pois pode ocorrer a partir de local remoto, com o auxilio de instrumentos e técnicas que permitam 4 administracéo examinar a conduta do agente fiscalizado (cf., por semelhanga, o RE 416.601, rel. min. Carlos Velloso, Pleno, DJ de 30.09.2005). Matéria debatida no RE 588.332-RG (rel. min. Gilmar Mendes, Pleno, julgado em 16.06.2010. Cf. Informativo STF 591/STF). 3. Dizer que a incidéncia do tributo prescinde de "fiscalizagéo porta a porta" (in loco) n&o implica reconhecer que o Estado pode permanecer inerte no seu dever de adequar a atividade publica e a privada as balizas estabelecidas pelo sistema juridico. Pelo contrério, apenas reforca sua responsabilidade e a de seus agentes. 4. Peculiaridades do caso. Necessidade de abertura de instrucao probatéria. Simula 279/STF. Agravo regimental 20 qual se nega provimento. QF-13 - 2007/CESPE/ANA/CURSO DE FORMACAO - 0 poder de policia, atualmente, tem ampla aplicacéo, manifestando-se, por exemplo, em prol da preservacao da satide pliblica, da seguranca de edificagdes e do controle de publicagées. (Certo/Errado) Comentarios: Sao amplas as atribuicdes decorrentes do Poder de Policia. Todos os exemplos listados, no item em andlise, alinham-se ao desempenho do Poder de Policia, inclusive com a “horripilante” definicao dada pelo art. 78 do CTN. De toda forma, o presente item serve para apontar que é cada vez mais abrangente a atuacdo do Poder de Policia do Estado, que se faz sentir nas atividades mais diversas, como no exercicio de atividades profissionais (licencas para exercicio de profissées) e divertimentos piiblicos (fiscais de postura), por exemplo. Gabarito: CERTO. Em linguagem menos técnica, é possivel dizer que o exercicio do Poder de Policia impde “por na balanga”: 0 que é mais importante, o individuo ou o coletivo? De regra, sera o coletivo, dbvio. O todo € mais importante que o individuo. Em resumo, o Poder de Policia consiste na Prof. Cyonil Borges www. estrateglaconcursos.com.bi Pagina 29 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges itagéo do exercicio das liberdades individuais, quando assim exigir 0 interesse publico. Destaque-se que o Poder de Policia possui sensivel diferenca com relag3o a outras tarefas da Administrac&o Publica, como, por exemplo, a prestacdo de servicos publicos. Alids, muitas vezes se confunde servico ptiblico com Poder de Policia, sobretudo, a administrativa. Ainda que se pudesse tratar um sem nuimero de distingdes entre tais tarefas da Administragéio Ptiblica, ha uma fundamental: nos servicos ptiblicos ha uma prestacao feita aos particulares, de modo geral, como, por exemplo, servigos de energia elétrica ou telefonia. No exercicio do Poder de Policia ha, no mais das vezes, uma restriggo as liberdades individuais ou a propriedade ou aos bens, como no caso da interdig&o de um estabelecimento comercial por auséncia de condigées sanitérias de funcionamento. Com outras palavras, pode-se entender o Poder de Policia como uma intervencgio eminentemente negativa do Estado na_sociedade, restritiva da autonomia que vale para os particulares. Contudo, muitas vezes o exercicio do Poder de Policia pode levar a exigéncia de obrigagées positivas do Estado com relacéo ao particular. Exemplo disso é 0 cumprimento de certos requisitos para a obtengSo da carteira de motorista, obrigando ao particular a fazer os exames, as horas-aula de transito. Mas 0 que a carteira de motorista (que é uma licenca) tem a ver com 0 Poder de Policia? E que sem ela nos no podemos conduzir um veiculo automotivo, de forma legitima. Pois bem. Apesar de, aparentemente, o particular ter a obrigagéo de “tirar” a carteira, ha uma restric&o potencial por detrés dessa exigéncia. 0 Poder Piiblico nao quer que, na condug&o de um veiculo, um particular, inabil, venha a causar danos aos demais. Logo, o Estado pode acabar restringindo uma liberdade individual (de ir e vir) em prol do coletivo. Como sobredito, 0 Poder de Policia é uma intervencao negativa do Estado na sociedade. Basta apenas que se veja pelo angulo correto. Professor, explica melhor o conceito amplo de Poder de Policia. Ok. Vamos la. E comum que nés, concursandos, pensemos que o Poder de Policia é sé aquele exercido concretamente pelo Poder Executivo. Por isso, cabe desmitificar o entendimento para esclarecer o importante papel do Poder Incumbe ao referido Poder a fung&o precipua de criar o direito, dado que apenas por lei pode-se impor obrigacées ou proibicées, o que constitui principio constitucional, haja vista que ninguém serd obrigado Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 30 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senéo em virtude de lei (art. 5°, IL, CF, 0 ja citado e conhecido principio da reserva legal). Entendendo-se o Poder de Policia como toda e qualquer restricgéo pelo Estado, por Leis ou atos administrativos, com relacao as liberdades individuais e ao uso da propriedade, é claro que o Poder de Policia é exercido, também, pelo Legislative, o que a doutrina chama de conceito amplo de Poder de Polici Estritamente, no entanto, ao se referenciar Policia Administrativa quer se tratar de atividades administrativas que culminam no uso pelos agentes da Administragéo das prerrogativas que lhe foram concedidas e que tenham por resultado a restrigo e 0 condicionamento da liberdade e propriedade. Referéncia doutrinaria (Celso Antonio) CELSO ANTONIO apresenta-nos dois conceitos de poder de policia: 1. em sentido amplo, corresponde 4 “atividade estatal de condicionar a liberdade e a propriedade ajustando-as aos interesses coletivos"; abrange atos do Legislative e do Executivo; 2, em sentido restrito, abrange “as intervencées, quer gerais e abstratas, como os regulamentos, quer concretas e especificas (tais como as autorizacoes, as licengas, as injungées) do Poder Executivo, destinadas a alcancar o mesmo fim de prevenir e obstar 20 desenvolvimento de atividades particulares contrastantes com os interesses sociais"; compreende apenas atos do Poder Executivo. Esclarecemos que o Poder Executive aqui citado alcanca toda a Administracso Direta e Indireta de Direito Publico (Autarquias e Fundagoes Publicas). 1.6.3. Meios de Atuacao A policia administrativa atua de forma eminentemente preventiva, e, bem por isso, 0 ordenamento prevé as limitagdes administrativas, por meio de diplomas limitadores e sancionadores da conduta daqueles que utilizam bens ou exercem atividades que possam afetar a coletividade. Para Hely Lopes, a Administragdo, apés as verificagées necessérias, expede um alvaré, que se caracteriza como sendo o instrumento pelo qual a Administracéo consente formalmente com a pratica de um ato, com a realizagéo de uma atividade sujeita ao controle ou com um direito do cidadao. O alvaré pode ser definitivo e vinculante, nas hipsteses em que aprecia um direito subjetivo publico do cidadao (p.ex. alvara de construcéio) e se chama licenga. Pode também ser precdrio e discriciondrio se a Administragio concedé-lo por liberalidade, desde que n&o haja impedimento legal, hipdtese em que se denomina autorizacao. © alvara de autorizagdo pode ser revogado sumariamente, a qualquer tempo e sem indenizagao. O alvard de licenga, ao contrario, s6 admite a revogacéio por interesse plblico superveniente justificado e mediante Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 31 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges indenizac&o, p.ex., a cassag&o por descumprimento das normas legais na sua execucao ou anulacéo por ilegalidade na sua expedicao. Em todos os casos deve haver processo administrative, garantida a defesa do interessado. A fiscalizagao é outro meio de atuagao colocado & disposicéio do Estado, para verificagio das atividades e bens sujeitos ao controle do Poder Publico. Por fim, sabendo que o Poder de Policia em sentido amplo engloba as atividades do Legislativo e Executivo, podem ser listados os seguintes instrumentos: > Atos normativos em geral: a lei (Poder Legislativo) é o ponto de partida, € 0 veiculo responsavel por criar, em.abstrate, as limitagdes administrativas ao exercicio dos direitos e das atividades individuais. Por sua vez, para disciplinar a aplicacao da lei aos casos concretos, podem ser expedidos Decretos, Resolugées, Instrugdes (Poder Executivo); > Atos administrativos e operacées materiais: aplica-se a lei aos casos concretos, como, por exemplo, as preventivas de fiscalizag’o (vistoria, licenga, autorizagéo) e as repressivas (interdigéo de estabelecimento, apreensdo e destruiggo de mercadorias, e internag&o compulséria de individuos drogados). 1.6.4. Competéncia De regra, a competéncia para exercer o Poder de Policia é da entidade federativa & qual a CF, de 1988, conferiu o poder de regular a matéria. Distribuiu-se, constitucionalmente, o exercicio da competéncia com baliza no principio da predominancia do interesse. Predominancia do interesse? E simples de compreender. Os assuntos de ii al foram reservados a regulamentagao e policiamento da Unio (competéncia enumerada); os de interesse regional, as normas estaduais (competéncia remanescente); e, por fim, os de interesse local, aos cuidados dos municipios (competéncias indicadas). As atuais competéncias podem ser encontradas, nessa ordem, nos arts. 21, 22, 25 e 30 da CF, de 1988. Essas, no entanto, sio atribuicées privativas. Jé o art. 24 da CF, de 1988, prevé a competéncia concorrente entre a Unido, Estados e DF. E, por falar em DF, sabe-se que sua situacao é peculiar, afinal Ihe compete as atribuigdes dadas aos estados e municipios (competéncia cumulativa). Em resumo, a atividade de policia administrativa compete a quem legisla sobre a matéria, sem que se afaste, contudo, a possibilidade de competéncia concorrente entre os entes politicos, quando da coincidéncia de interesses. SUMULA 645 do STF Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 32 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrative Prof? Cyonil Borges E competente o municipio para fixar 0 horario de funcionamento de estabelecimento comercial. SUMULA 19 do STI A fixag&o do horério bancério, para atendimento ao publico, é da competéncia da Unido. 1.6.5. Poder de Policia Originario e Delegado O exercicio do Poder de Policia administrativo, doutrinariamente, é dividido em originario e delegado. De maneira origindria, o Poder de Policia é exercido pelas pessoas politicas que integram o Estado (Unido, Estados e Distrito Federal e Municipios), abarcando os atos administrativos praticados por estas, no exercicio do Poder de Policia, por intermédio de seus érgdos. Para Hely Lopes, 0 poder origindrio 6 0 que nasce com a entidade que o exerce, sendo pleno no seu direito e consectério. Ocorre que o poder publico, conhecidamente, néo age exclusivamente por érgios e agentes internos a sua estrutura. Quando o poder de policia é levado a efeito pelas pessoas administrativas do Estado, componentes da Administrac&o indireta, em decorréncia de delegacao (outorga) legal da entidade estatal a qual pertence estd-se diante do poder de policia delegado. Para Hely Lopes, 0 poder de policia delegado é aquele que provém dos agentes ou érgaos internos do Estado, por meio de transferéncia legal. Duas so as condigées para validade dessa delegacdo, conforme a jurisprudéncia do STF: 1) Deve decorrer de Legislativa; II) O delegatario (aquele que recebe a delegacéio) deve ser integrante da administracao indireta, devendo possuir, ainda, personalidade juridica de direito p&blico. Verifica-se que no poder de policia delegado n&o se compreende a imposicio de taxas, porque, 0 poder de tributar é intransferivel da entidade estatal (a pessoa integrante da federagdo) que o recebeu constitucionalmente. Observe-se que a doutrina néo admite outorga do poder de policia a pessoas da iniciativa privada, sem vinculo oficial com os entes publicos, dado que tais pessoas ndo possuem o poder de império (ius imperii), proprio e privativo do Poder Publico. Essa questio foi tratada, incidentalmente, pelo STF no julgamento da ADI 1.717, na qual se tratou da natureza juridica dos conselhos de fiscalizagao de profissées, como, por exemplo, o de Engenheiros e Arquitetos, o de Economistas, de Médicos. formal, oriunda do regular exercicio da fung&o Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 33 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Excetuada a OAB, os conselhos de fiscalizagao _devem ser vistos como entidades de natureza autdrquica, ou seja, SAO AUTARQUIAS (corporativas - de fiscalizag3o de profissées). Assim devem ser vistas tais entidades, sobretudo em razao de sua principal atividade - PODER DE POLICIA COM RELACAO AS PROFISSOES. 1.6.6. Fases ou Ciclo do Poder de Policia Que tal plagiar? Opa, citar a fonte nao é plagio, viu! Para nés, concursandos, saber 0 nome deste ou daquele autor é um bocado complicado... Tanto faz se foi o autor "X”, “Y” ou “Z” que escreveu a tese, sendo mais produtivo o entendimento da banca, esta sim é que manda na “parada”. Porém, hoje, com o nivel de complexidade crescente das provas, saber da posigao de certos doutrinadores é necessdrio. Entdo, vamos la. Para Diogo Figueiredo Neto, o poder de policia é ou pode ser exercido em quatro fases, ou como prefere o autor, “ciclos de pol correspondendo a quatro modos de atuacéo: a ordem de policia; o consentimento de policia; a fiscalizago de policia e a sang’o de policia. Para o autor, a ordem de policia é o preceito legal, a satisfagdo da reserva constitucional, apresentada de duas formas: negativo absoluto, quando sao vedadas certas formas de exercicio de atividades e de uso da propriedade privada, impondo-se restrigées; negativo com reserva de consentimento, quando sao vedadas determinadas formas de exercicio de atividades e de uso da propriedade privada, sem o consentimento prévio e expresso da administracdo, impondo-se condicionamentos. Nestes dois casos, 0 instrumento de atuagéo administrativa do poder de policia é a limitagao. © consentimento de policia é 0 ato administrative de anuéncia, que possibilita a utilizagSo da propriedade pelo particular ou o exercicio da atividade privada, quando o legislador tenha exigido controle prévio da compatibilidade do uso do bem ou do exercicio da atividade com o interesse ptiblico. Tal ato de consentimento é, formalmente, um alvard podendo conter, materialmente, uma licenca ou uma autorizacéo. Detalhe = nem sempre 0 ato de consentimento expresso sera necessario. Ou seja = em alguns casos, o poder de policia incide atividades ou bens, mesmo que estes ndo tenham sido expressamente consentidos. Exemplo - a fiscalizag3o do uso da propriedade (que deve atender sua funco social): desnecessario que o legitimo proprietério obtenha consentimento para que a possua. Entretanto, no pode la estabelecer o cultivo de plantas que levam a produgao de substancias ilicitas. Nesse caso, mesmo que nao houvesse consentimento expresso, incidiria o poder de policia. A fiscalizagao de policia se fara para a verificagéo do cumprimento das ordens de policia, como também para se observar os abusos que Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 34 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrative Prof? Cyonil Borges possam existir na utilizaggo de bens e nas atividades que foram consentidas pela administragdo. Esta fiscalizagdo pode ser preventiva ou repressiva e pode ser iniciada de oficio ou ser provocada. Por fim, a sangao de policia é 2 submissdo coercitiva do infrator a medidas inibidoras impostas pela administragéo, sempre que falhar a fiscalizacéio preventiva e for verificada a ocorréncia de infrages as ordens de policia. Ciclo do Poder de Policia Vencidas as consideragées sobre as fases do Poder de Policia, registra-se que parte do ciclo pode ser delegada a particulares, o que, portanto, ameniza a jurisprudéncia do STF de que a atividade é indelegavel as pessoas de Direito Privado. Segundo jurisprudéncia do STJ (Recurso Especial 817534 - aplicagaio de multas por Sociedade de Economia Mista), o poder de policia, em sentido amplo, - conceituado como o dever estatal de limitar-se 0 exercicio da propriedade e da liberdade em favor do interesse ptiblico, é dividido em quatro grupos: (i) legislag4o, (ii) consentimento, (iii) fiscalizag&o e (iv) sangao. Por exemplo, no 4mbito da limitag&o do exercicio da propriedade e da liberdade no transito, esses grupos ficam bem definidos: 0 CTB estabelece normas genéricas e abstratas para a obtenc&o da Carteira Nacional de Habilitacao (legislaco); a emissao da carteira corporifica. a vontade o Poder Publico (consentimento); a Administragéo instala equipamentos eletrénicos para verificar se ha respeito 4 velocidade estabelecida em lei (fiscalizag&o); e também a Administrag&o sanciona aquele que nao guarda observancia ao CTB (sancéo). Para o STJ, somente os atos relativos ao consentimento e a fiscalizagéo séo delegaveis, pois aqueles referentes a legislacéo e a Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 35 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges sangéio derivam do poder de coercéio do Poder Public. Nesse contexto, no Recurso Especial 759.759, 0 STJ referendou a legalidade dos equipamentos eletrénicos | chamados, vulgarmente, de “pardais eletrénicos”, afinal 0 equipamento, utilizado no _ procedimento fiscalizatério, é apenas instrumento para a captura das informagies. A lavratura do auto de infrac&o, em todo caso, é de competéncia do agente de transito competente. 1.6.7. Sancées As sangées de policia so atos administrativos decorrentes do cometimento, pelos particulares em geral, de infragdes administrativas. As sangdes devem sempre ser criadas por lei, néo podendo ser instituidas por decreto ou outro ato de natureza infralegal. Essencialmente, séo exemplos de atos puni a) multa; b) interdigao; c) demoli 10; d) destruicéo; e) embargo de obra. Nos termos do art. 5°, LV, da CF, de 1988, a aplicac&o das penalidades dependeré do amplo direito de defesa e de contraditério. Obviamente, a observancia dos aludides principios nao precisa ser, em todos os casos, prévia. Por exemplo: na interdicéo de estabelecimento comercial que acarrete risco 4 satide publica, 0 contraditério é diferido, afinal se esté diante de situacéo de emergéncia em que o Estado deverd colbir, previamente, a ac&o do particular, resguardando-se de prejuizo maior a toda uma coletividade. Detalhe - para alguns autores, bastante abalizades, tal interdic&o néo seria propriamente medida punitiva, mas sim cautelar, isto 6, medida adotada para que se evite mal maior, qual seja, o dano a saude coletiva. Por isso, por néo se tratar de medida punitiva, seria dispensado o contraditorio. Por fim, para Carvalho Filho, as sangdes de policia ndo se confundem com as medidas de policia. Enquanto as sangées espelham punicao efetivamente aplicada a pessoa que houver inobservado a norma administrativa; as medidas so providéncias que, embora néo representando punicéo direta, decorrem do cometimento de infracéio ou do risco em que esta seja praticada. Por exemplo: nos termos do art. 255 do CTB, conduzir bicicleta em passeios onde nao seja permitida a circulagéo desta, ou de forma agressiva, acarreta a aplicacdo da sangao “multa” e da medida Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 36 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrative Prof? Cyonil Borges administrativa “remogéo da bicicleta, mediante recibo para o pagamento da multa”. 1.6.8. Prescrigdo da Acao Punitiva A agao punitiva da Administragaéo Publica Federal direta e indireta, no exercicio do poder de policia, objetivando apurar infracdes a legislagao em vigor, prescreve em cinco anos, a contar da data da pratica do ato (Cuidado! Nao é do conh ento do fato, como é& com relacao aos servidores na Lei 8.112/1990!) ou, no caso de infragio permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. Esse prazo prescricional esté fixado na Lei 9.873, de 1999 (art. 19). Quando o fato objeto da agéo punitiva da Administragdo também constituir crime, a prescrigao reger-se-4 pelo prazo previsto na lei penal (art. 19, § 2°). 1.6.9. Atributos do Poder de Policia Tratemos das caracteristicas usualmente apontadas quanto ao exercicio do Poder de Policia: Discricionariedade, Coercibilidade e Autoexecutoriedade. A autoexecutoriedade consiste na possibilidade de os atos decorrentes do exercicio do Poder de Policia ser imediata e diretamente executados pela prépria Administragéo, independentemente de autorizagéo ou intervengao ordem judicial. E pressuposto ldgico do exercicio do Poder de Policia, sendo necesséria para garantir agilidade as decisdes administrativas no uso desse poder. Contudo, a autoexecutoriedade no esta presente em todos os atos que venham a decorrer do Poder de Policia Administrativa. Com efeito, no caso, por exemplo, das multas, permite-se, de maneira autoexecutéria, apenas a imposicéio destas, mas ndo a sua cobranga, a qual deverd ser realizada por meio da aco adequada na esfera judicial. Nem todos os atos que venham a decorrer do Poder de Policia sao, portanto, autoexecutérios. Nao confunda a autoexecutoriedade das sancées de policia com punicSo sum4ria e sem defesa. A adocio de medidas sumérias, sem defesa prévia por parte de um atingido por estas ¢ fato raro, s6 podendo ser utilizada em situacées excepcionais, quando a demora pode levar & ineficdcia da medida, em si. E 0 que ocorre, por exemplo, na interdigao de estabelecimentos que, por sua estrutura fisica, estejam a ameagar a vida das pessoas, ou na apreensao e destruicao de alimentos impréprios para _o consumo humano. Nesse caso, pode-se adotar a medida, preliminarmente, para sé entéo se dar vazéo ao contraditério, com os meios que lhes so préprios. E o que a doutrina chama de contraditério postergado. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 37 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges Por sua vez, em razéo do atributo da coercibilidade, as medidas adotadas pela Administragao no exercicio do Poder de Policia podem ser impostas de maneira coativa aos administrados, independente de prévia manifestacao judicial. De todo modo, em face das pretensdes da Administragéo, que poderao sofrer forte resisténcia dos particulares, a Administracéio poderd, a priori, demandar manifestagéo do Judiciério, no intuito de diminuir essa resisténcia. Tal situac&o é comum, por exemplo, na interdigao de prédios que, em decorréncia de suas instalacées fisicas, sejam inseguros para o exercicio de certas atividades. De qualquer maneira, o particular insatisfeito com a atuagéo administrativa podera levar a situagSo a apreciagéo do Poder Judicidrio, a quem competird, ultima forma, decidir sobre a questao discutida. A coercibilidade justifica, ainda, o uso da forca fisica no caso de resisténcia do administrado, a qual deveré ser proporcional a tal resisténcia. istrar que nem todo ato de policia é dotado de lade: de fato, as licengas, autorizagées e permissies, decorrentes do poder de policia, contam com a concordancia do destinatério do ato, dai dizer que, nestes atos, néo ha falar em coercibilidade. Parte da doutrina opta por desdobrar o atributo da autoexecutoriedade em dois: jilidade (privilége du préalable) e a executoriedade (privilége d’action d’office). Em decorréncia da exigibilidade, a deciséo administrativa constante de um ato de policia se impée ao administrado, independentemente de sua concordancia. Para fazer valer esse instituto, a Administracdo pode langar mao de meios indiretos de coacao, tais como as multas ou a impossibilidade de licenciamento de veiculo, enquanto néo pagas as multas anteriores. Pela executoriedade, haveré coacio direta, ou material, do administrado para a pratica de um ato. Ha executoriedade, por exemplo, na dissolug&o de uma reunigo ocorrente em determinado local, em face de no ter sido previamente informado instituicéo competente para adogao das medidas cabiveis. Ao lado da coercibilidade e autoexecutoriedade, caracteristicas ou atributos do Poder de Policia, destaca-se a discricionariedade. A Administragéo detém razodvel liberdade de atuaco no exercicio do Poder de Policia. Dentro dos limites dados pela lei, a Administracéo poderé valorar critérios de conveniéncia e oportunidade para a pratica dos atos de policia, determinando critérios para definicéo, por exemplo, de quais atividades ira fiscalizar, bem como as sancées aplicéveis em decorréncia de certa infragdo, as quais, é légico, devem estar previstas em lei. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 28 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges A regra é que atividade decorrente do Poder de Policia, sobretudo a administrativa, 6 discricionaria, mas, em determinadas circunstAncias, sera vinculada. E 0 caso das concessées de licengas, atos administrativos vinculados e definitivos, por meio dos quais a Administrag3o reconhece o direito subjetivo de um particular a pratica de determinada atividade, a partir do preenchimento de certas condicées necessdrias ao gozo desse direito. Por exemplo, para exercer uma profisso, que é um direito constitucional, hé que se obter licenca para tanto. Cumpridos os requisitos para a obtencéio desta, a AdministragSo deverd concedé-la ao particular. Chamo atengéo para que ndo confunda a licenca com o alvara, pois este apenas se apresenta como uma das formas de exteriorizar a licenca. Costumo fazer a seguinte comparagao: os Decretos estéo para os Regulamentos, assim como os alvardés estéo para as licencas. Isso mesmo. Os regulamentos s&o formalizados por decretos; e as licengas, por alvaras. Assim, pode-se afirmar que a regra é a discricionariedade do exercicio do Poder de Policia, mas nada impede que este, em determinadas situacées, seja vinculado. 1.6.10. Policia Administrativa e Judiciaria A Policia Administrativa é atividade da Administragdo que “se exaure em si mesma”, ou seja, com inicio e fim no 4mbito da fungao administrativa, levada a efeito por entidades e érgdos administrativos, incidindo basicamente sobre as liberdades e propriedade dos individuos. Ja Policia Judiciéria atua na preparagéo da atuagdo fungao jurisdicional, sendo executada por drgados de seguranca (policia civil de um estado, a exemplo), referindo-se ao individuo, ou seja, aquele que poderia cometer um ilicito penal. Evidentemente, ha ilicitos penais que repercutiréo na esfera administrativa. Antes de prosseguirmos, um paréntese para registrar que nem todas as atividades sujeitam-se a interferéncia da Policia Administrativa. No RE 511961, por exemplo, o STF manifestou o entendimento de que o exercicio do poder de policia do Estado é vedado no campo em que imperam as liberdades de expressdo e de informacao. A doutrina indica que ha uma linha de diferenciacgaéo basica entre a trativa e a Judicidria, que diz respeito a ocorréncia ito penal. Com efeito, quando atua na érea de puramente administrativo (preventiva ou repressivamente) a Policia & Administrativa. Quando o ilicito penal (crimes e contravencées) é praticado, é a Policia Judicidria que age. Como exemplo de Policia Administrativa pode-se citar a fiscalizagdo de atividades de comércio, sobre condigées de estocagem de alimentos. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 39 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges Quando ha investigagao criminal, com a audiéncia de testemunhas, inspegées e pericias, por exemplo, esto a se desenvolver atividades de Policia Judiciéria, apés 0 término das quais os elementos deverao ser enviados ao Ministério Publico, para a adogio das providéncias pertinentes. Outro critério adotado para diferenciagéo entre as Policias Administrativa e Judicidria seria quanto a seu cardter: quando preventivo, trata-se de atividade de policia administrativa; quando repressivo, de policia judiciaria. A Policia Administrativa também atua repressivamente quando, por exemplo, apreende arma usada indevidamente ou quando interdita um estabelecimento comercial ou quando apreende medicamentos. Ja os agentes da Policia Judiciaria podem agir de modo preventivo, de modo a evitar a pratica de delitos, como, por exemplo, em campanhas de conscientizag3o para que se evite violéncia contra criangas e idosos. Em resumo, pode-se afirmar: a Policia Administrativa reveste-se, eminentemente, de cardter preventivo, mas, em certos casos, tera carater repressivo. Jé a Policia Judicidria é eminentemente repressiva, mas pode agir, em alguns casos, de modo preventivo. Abaixo, quadro-resumo: Poder de Poli Administrativa Judiciaria Bens, direitos, e atividades Incidéncia Toda a Administrac&o Competéncia | Publica (de Direito | Corporacées Especificas Publico) Administrativas | Criminais (CP e CPP) Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcur combi Pagina 40 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrative Prof? Cyonil Borges 1.6.11. Limites ou Condicgées de Validade Em raz&o do continuo aumento das atividades estatais, o que tem se observado é 0 proporcional aumento nas atividades de Policia Administrativa, alcangando as mais diversas areas, tais como: protecdo & moral e aos bons costumes, controle de publicagées, satide publica, entre outras. ‘A regra para definir a area de abrangéncia da policia administrativa 6 a seguinte: verificando-se relevante interesse da coletividade ou do Estado, ocorre a possibilidade, de maneira correlata, do exercicio do Poder de Policia Administrativa para a protecdo desses interesses. De outra parte, o exercicio do Poder de Policia nao poderia ser ilimitado, haja vista que este no poderia simplesmente fulminar direitos da sociedade e dos individuos, de modo geral. Assim, tém-se como limites ao exercicio do Poder de Policia, dentre outros: os direitos do cidadao, prerrogativas individuais e liberdades publicas asseguradas na Constituicao e nas leis. Outros pressupostos de limitacdo do Poder ora estudado sdo a proporcionalidade dos atos de policia, bem como a observancia do devido processo legal. Em decorréncia da proporcionalidade, que pode ser entendida como a adequada relacio entre a medida restritiva e o beneficio a ser atingido, a deciséo adotada pela autoridade n&o podera ultrapassar o necessdrio para atingimento do beneficio desejado pela coletividade, sendo desproporcional o ato de policia praticado com abuso de, podendo ser corrigido pela atuag3o do Poder Judicidrio, por exemplo. Na visio de alguns doutrinadores, eficdcia, necessidade e proporcionalidade séo as “regras” basicas para o adequado exercicio do Poder de Policia. Desses, a eficacia pode ser entendida como a escolha da deciséo adequada para impedir um dano ao interesse publico. A eficdcia limita, sem dtvida, a atuag’o do Estado no desempenho do Poder de Policia administrativa, no qual sé pode utilizar da medida precisa para o atendimento do interesse publico. Por fim, para a aplicagdo das sanges decorrentes do Poder de Policia deve ser observado 0 devido processo legal (due process of law), garantindo-se ao administrado o direito 4 ampla defesa, assegurado constitucionalmente (art. 5°, LIV e LV, CF). RE 153540-7-SP Principio da Proporcionalidade. A atuagéo da administragao publica, no exercicio do poder de policia, hd de ficar restrita aos atos indispensdveis a eficdcia da fiscalizago, voltada aos interesses da sociedade. Acrescentou a decis&o que, se for ultrapassada a simples correg3o da conduta e aplicada a punigao, devem ser Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 4 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges assegurados 0 contraditério e ampla defesa, nos termos do art. 5°, LV, da CF. QF-14 - 2007/CESPE/ANA/CURSO DE FORMAGAO - 0 poder de policia apresenta como limites ao seu exercicio a necessidade, a proporcionalidade e a eficiéncia na pratica do ato. (Certo/Errado) Comentarios: Em razao do continuo aumento das atividades estatais, 0 que tem se observado é © proporcional aumento nas atividades de Policia Administrativa, alcancando as mais diversas areas, tais como: proteséo 4 moral e aos bons costumes, controle de publicacées, sauide publica, entre outras. A regra para definir a drea de abrangéncia da policia administrativa é a seguinte: verificando-se relevante interesse da coletividade ou do Estado, ocorre a possibilidade, de maneira correlata, do exercicio do Poder de Policia Administrativa para a protecao desses interesses. De outra parte, 0 exercicio do Poder de Policia no poderia ser ilimitado, haja vista que este no poderia simplesmente fulminar direitos da sociedade dos individuos, de modo geral. Assim, tém-se como limites ao exercicio do Poder de Policia, dentre outros: os direitos do cidad30, prerrogativas individuais liberdades publicas asseguradas na Constituiggo e nas leis. Outros pressupostos de limitagdo do Poder ora estudado si0 a proporcionalidade dos atos de policia, bem como a observancia do devido processo legal. Em decorréncia da proporcionalidade, que pode ser entendida como a adequada relacao entre a medida restritiva e o beneficio a ser atingido, a deciséo adotada pela autoridade n&o poderd ultrapassar 0 necessério para atingimento do beneficio desejado pela coletividade, sendo desproporcional 0 ato de policia praticado com abuso de, podendo ser corrigido pela atuacdo do Poder Judiciério, por exemplo. Na visio de alguns doutrinadores, eficdcia, necessidade e proporcionalidade so as “regras” basicas para 0 adequado exercicio do Poder de Policia. Desses, a eficdcia pode ser entendida como a escolha da decisao adequada para impedir um dano ao interesse publico. A eficdcia limita, sem dtvida, a atuagdo do Estado no desempenho do Poder de Policia administrativa, no qual 56 pode utilizar da medida precisa para 0 atendimento do interesse publico. Perceba que a banca registra o atributo “eficiéncia”, dai a incorrecso do quesito. Gabarito; ERRADO 1.6.12. Graus de Eficacia das Medidas de Policia’ As medidas de policia néo apresentam idéntica exigibilidade por parte do Poder PUblico. Ao revés, a gradagdo da eficdcia varia conforme as providéncias a serem adotadas. Assim, para a realizagdo dos direitos “Trechos construldos a partir das ensinamentos dos autores Lucas Rocha Furtado e Margal lusten Filho. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 42 de 59 fa Estratégia Curso Tedrico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges fundamentais, a doutrina diferencia trés graus de eficdcia: minimo, médio e@ maximo. A maioria das providéncias de policia surge com grau minimo de eficdcia. Nessas situacdes, fica contemplada a imposigéo de determinado dever aos particulares, sem que, portanto, importe a atuaco positiva do Estado em relac&io aos individuos. Esta-se diante de técnica de ordenacao pela informacao. Por exemplo: regulamento municipal impée certas condutas cujo descumprimento deverd ocorrer a partir de uma data futura. Serd fixado que, a partir de determinada data, seré vedada a afixacao de publicidade em certos locais ou com certa configuragéo. Enfim, a medida de policia existe, mas sua eficdcia apresenta grau minimo, porque o destinatério nao pode ser constrangido a promover a sua execugéo. Para Furtado, as técnicas de ordenacdo pela informagao sao cada vez mais frequentes. O Estado invade a liberdade dos cidadaos e deles exige a prestacéio de informacdio sobre a prépria existéncia das pessoas fisicas € juridicas. S80 exemplos: as declaracdes de informagées para o Fisco sobre a situacdo patrimonial e as declaracées médicas acerca da ocorréncia de certas doengas contagiosas. As medidas podem, ainda, adquirir grau médio de eficdcia, quando ocorrida a condicdo ou o termo a que se subordinam. Nesses casos, ha uma conduta que pode ser exigida desde logo pela Administrag30 e que o particular se encontra sujeito a obedecer. Trata-se de técnica de ordenagao pelo condicionamento. Para Furtado, a técnica de ordenacdo pelo condicionamento é utilizada, pelo Estado, para impor aos particulares o cumprimento de uma série de exigéncias ou de requisitos legais a fim de que possam exercer licitamente certas atividades. Dentro das técnicas de condicionamento, a mais importante corresponde as “autorizagées” pelo Poder Publico, como, por exemplo, as licencas para dirigir e edificar. Tais atos administrativos sdo formalizados (enxergados pelos destinatarios) por meio de alvards. Ou seja, o particular, depois de cumprir determinados requisitos legais, teré direito, por exemplo, a licenga (contetido), a qual € exteriorizada por alvard (forma). Por fim, 0 grau de eficdcia pode ser maximo. A Administragio pode promover medidas concretas e matérias necessdrias a satisfac&o das determinagdes impostas. £ a técnica de ordenacdo sancionatéri Administragéo pode, por exemplo, promover a apreensé medicamentos deteriorados. Furtado faz registro, ainda, da poli transito. O uso do veiculo em vias ptiblicas deve observar intimeras proibigSes, tais como, de nao ultrapassar pela faixa da direita e de nao Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 43 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative Tout uG sO Prof? Cyonil Borges avangar sinal vermelho. A técnica de que a Administracéio se vale para dar efetividade a essas proibigées 6, basicamente, sancionatoria. 1.7. USO E ABUSO DE PODER Os Poderes concedides aos agentes para o bom desempenho de suas atribuigdes de interesse publico devem ser usados com normalidade, dentro dos contornos da lei. Nao pode a autoridade, por achar-se no uso legitimo dos poderes que Ihe foram cometidos, ir além dos limites que Ihe foram estabelecidos. Para que ndo sejam invalidados, os atos das autoridades e dos agentes em geral devem, ent&o, ser legitimos, legais e morais, atendo-se, em qualquer espécie, aos interesses ptiblicos da coletividade. O mau uso do poder, de forma desproporcional, ilegal, ou sem atendimento do interesse ptblico, constitui o abuso de poder, que pode ocorrer de duas formas: 1) O agente atua fora dos limites de sua competéncia; e, II) © agente, embora dentro de sua competéncia, afasta-se do interesse ptiblico que deve nortear todo o desempenho administrativo. No primeiro caso, verifica-se 0 excesso de poder, com o agente ptiblico exorbitando das competéncias que lhe foram atribuidas, invadindo competéncias de outros agentes, ou praticando atividades que nao Ihe foram conferidas por lei. © vicio aqui é de competéncia, tornando o ato arbitrario, ilicito, portanto. Na segunda situacdo, embora o agente esteja atuando nas raias de sua competéncia, pratica ato visando fim diverso do fixado em lei ou exigido pelo interesse ptblico. Ocorre, entdo, o que a doutrina costumeiramente chama de desvio de poder ou de finalidade. Consequentemente, o vicio do ato, nesse caso, nao é de competén: do agente, mas de finalidade. Em duas acepcées pode ocorrer essa violacdo da finalidade: de forma ampla, quando o ato praticado ofende genericamente o interesse publico, como a concesséo de vantagens pecunidrias a um grupo de servidores, ou de forma especffica, quando o ato, por exemplo, desatende o objetivo previsto em norma, tal como no ja classico exemplo da remog3o de oficio do servidor como forma de punigSo do mesmo. Tal figura juridica [a remog&o] tem por fim o atendimento de necessidade do servico, e ndo poderia, com intuito diverso, ser utilizada como forma de punigdo do servidor, sob pena de invalidagéo por desvio de finalidade. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 44 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative Tout uG sO Prof? Cyonil Borges ‘agente atua fora dos limites de’ sua competénci ‘Agente é competente, mas atua de forma desproporcional [Excesso de] Poder Pratica ato visando fim diverso ido Desvio de pelo interesse piiblico Poder/ Finalidade Pratica de ato com fim diverso do previsto, porém destinado, igualmente, ao interesse piblico Ent&o, em rapida sintese, o abuso de poder é género, do qual sao espécies 0 excesso de poder e o desvio de poder ou de finalidade. QF-15 - 2007/CESPE/PC-ES/AGENTE - A razoabilidade pode ser utilizada como parametro para o controle dos excessos emanados de agentes do Estado, servindo para reprimir eventuais abusos de poder. (Certo/Errado) Comentérios: De pronto, vamos relembrar 0 principio razoabilidade. Revimos, na ocasiio, que hé doutrinadores que defendem a tese de que a proporcionalidade seria uma “faceta” da razoabilidade. Entendendo-se atuacdo razodvel como aquela que seria adotada por um homem de conhecimento mediano ante uma situacdo concreta que se apresenta, tal hhomem (médio) lancaria méo dos meios adequados para que os fins pretendidos fossem atendidos, sem exageros. ‘Nesse context, o principio da razoabilidade constituirs um dos principais fundamentos para controle dos atos administrativos discriciondrios. Nos atos discriciondrios, a Administracdo conta com certo grau de liberdade, o qual, contudo, néo pode ultrapassar os limites do “razoavel’. Mas entao, quais seriam esses limites? Nao hd duvida de que a conduta nao razodvel é ilegitima, uma vez que arbitraria, desbordando dos contornos dados pela Lei. A razoabilidade, por conseguinte, também exige 2 adequacao entre meios e fins, pelo que néo estaria incorreto, numa prova de concurso, afirmar-se que 0 principio da proporcionalidade esté contido, ou é uma decorréncia, da razoabilidade. Apenas para fechar, alguns exemplos de como 0 Judiciério tem se utilizado da razoabilidade para controlar atos da Administrac&o Publica. Cito, abaixo, 2 Jurisprudéncia do STF, porque é, normalmente, a mais cobrada em prova: I~ Recurso Extraordinério n° 140.889. Razoabilidade da exigéncia de altura minima para ingresso na carreira de delegado de policia, dada a natureza do cargo a ser exercido. Violagdo ao principio da isonomia. Inexisténcia. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 45 de 59 HE Bom, Até o Cyonil stratégia Curso Teérico de Direito Administrativo DucuRe et Prof? Cyonil Borges Para o STF, & razodvel a exigéncia de altura minima para o cargo de Delegado de Policia. IL ~ Adin 1.158. Esse julgado é étimo. A norma legal, que concede a servidor inativo gratificacao de férias correspondente a um terco (1/3) do valor da remuneracao mensal, ofende o critério da razoabilidade que atua, enquanto projecao concretizadora da cidusula do substantive due process of law, como insuperavel limitacéo ao poder normative do Estado. Incide o legislador comum em desvio ético-juridico, quando concede a agentes estatais determinada vantagem pecunidria cuja razdo de ser se revela absolutamente destituida de causa. Abstraindo a linguagem prépria do STF, o juridiqués, sabem 0 que a AdministracSo queria fazer? CONCEDER GRATIFICACAO DE FERIAS A APOSENTADOS! E isso mesmo! Férias para aposentado! Sé rindo, né? Absolutamente desarrazoado, nao? Gabarito: CERTO. pessoal, por hoje, ta bom, néo é? préximo encontro. | Borges. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 46 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative Tout uG sO Prof? Cyonil Borges Lista de Exercicios de Fixagao Questéo 1: ESAF - TSIET/DNIT/Estradas/2013 © dever do agente publico que decorre diretamente do principio da indisponibilidade do interesse piiblico, sendo inerente a funco daquele que administra a coisa publica, denomina-se: a) Dever de eficiéncia. b) Dever de probidade, ©) Dever de prestar contas, d) Poder dever de agir e) Poder dever de fiscalizar. Questo 2: ESAF - ACE/MDIC/Grupo 1/2012 Correlacione as colunas | Il, distinguindo as policias administrativa e judiciaria. Ao final, assinale a ‘ops%0 que contenha a sequéncia correta para a coluna Il. (.) | Atuagao predominan- temente voltada para as pessoas, () | Atuagao voltada para as atividades das pessoas, ()|Preparatenia para a repressao penal () | Relaciona-se com o valor contido na liber- (1) Policia Administrativa dade de ir e vir. : () | Relaciona-se com os @ Policia Judiciaria valores informadores dos interesses gerais, convivenciais. Questo 3: ESAF - ACE/MDIC/Grupo 1/2012 ‘Abaixo, na coluna |, est8o descritas diversas formas de atuacdo do poder de policia. Classifique-as conforme as técnicas descritas na coluna Il ¢ assinale a opcSo que apresente a sequéncia correta para a coluna Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 47 de 59 Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative iv) i Secu sees Prof? Cyonil Borges o i () [Deciarago de Ren-| | (1) | Técnica de orde- da de Pessoas Fist hago pela infor- cas. magao. () [Apresentagao do car-] [(2) | Técnica de orde- to de vacinas para nagdo pelo condi- a efetivaco de ma- cionamento. tricula de_menor na rede publica de en- sino. () | Matta pelo avanco de] [(3) | Técnica de orde- sinal vermetho. ago sanciona- tona 1) | Concessio de alvara de funcionamento. {() | Concessao da Cartei- ra Nacional de Habili- taco. a)2,2,3,4,1 Questo 4: ESAF - AFC (CGU}/CGU/Auditoria e Fiscalizacdo/Geral/2012, Assinale a opso que contempla trés atributos do poder de policia. a) Discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade. b} Vinculagao, coercibilidade e delegabilidade. ¢) Razoabilidade, proporcionalidade e legalidade. 4) Hierarquia, discricionariedade e delegabilidade, e) Coercibilidade, hierarquia e vinculecdo. Questo 5: ESAF - AFC (CGU)/CGU/Auditoria e Fiscalizacéo/Geral/2012, A Coluna | abaixo traz exemplos de atos punitivos da Administragzo enquanto que na Coluna Il encontram-se os fundamentos de sua pratica. Correlacione as colunas para, ao final, assinalar a ‘opco que contenha a sequacia correta, Coluna | ‘Coluna I () Penalidade de Demissao |__| (1) Poder Disciplinar () Matta de Transito (2) Poder de Policia (_)Apreensao de Veiculo: ( ) Declaracao de inidoneida- de para Licttar ou Contratar ‘com a Administracdo Publica a)1/1/2/2 b)2/3/2/2 Prof. Cyonil Borges ‘www estrategiaconcursos.com.br Pagina 48 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges )1/2/2/1 4)1/2/2/2 e)2/2/1/2 Questo 6: ESAF - ACE/MDIC/Grupo 1/2012 A determinacio de realizacdo de viagem a servico de agente publico, com pagamento de didrias passagens pela Administrago Publica, sem que haja qualquer interesse ou beneficio para 0 servigo iiblico e cujo propésito seja o deleite do agente pago com recursos publicos, configura-se: a) Excesso de poder. b) Ato juridico vélido. ¢) Afronta & publicidade, d) Ato passivel de convalidagio. €) Desvio de poder. Gabarito 1) C2)D3)C4) AS) C6)E Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 49 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Questées Comentadas Questo 1: ESAF - TSIET/DNIT/Estradas/2013 © dever do agente publico que decorre diretamente do principio da indisponibilidade do interesse piiblico, sendo inerente a funco daquele que administra a coisa publica, denomina-se: a) Dever de eficiéncia. b) Dever de probidade, ¢) Dever de prestar contas. d) Poder dever de agir. e) Poder dever de fiscalizar. A resposta é letra C, © Estado, como agrupamento politicamente organizado, nao passa de uma fiegao juridica, criagao humana de representagao coletiva. Por essa razao, o Estado niio age sozinho, a0 revés, precisa da figuragio dos agentes puiblicos, A ordem juridica a estes confere prerrogativas diferenciadas, a serem utilizadas para o aleance dos interesses coletivos. Esse conjunto de prerrogativas de direito piblico é reconhecido como Poderes Administrativos No entanto, enquanto o principio da supremacia do interesse publico sobre o privado remete a ideia de poderes, o principio da indisponibilidade do interesse piblico cria verdadeira imposigio de deveres ¢ restricdes, formando-se, portanto, o binémio poder- dever de agir. Assim, se para os particulares o exercicio do poder é uma faculdade, 0 uso da competéncia para os gestores piiblicos ¢ uma obrigagao. Dessa forma, em ambito ptiblico, quiem detém poder deve exercité-lo, sob pena de a omissto acarretar responsabilidade para 0 Estado. Portanto, evidente que o exercicio da fungio piblica é verdadeito encargo piiblico. Afinal, or protegerem interesses de todos, os agentes piblicos, de modo geral, enearregam-se de variados deveres, por exemplo: 0 de agir, o de obediéncia, 0 de prestar contas, 0 de lealdade, o de eficiéncia, de fidelidade, e o de probidade (conduta ética). O dever de prestar contas é um encargo, um miinus pablico, imposto a todos aqueles que admministram as coisas de terceiros. Na Administragdo Publica, referido dever ganha ainda mais destaque, afinal os agentes piiblicos so curadores dos escassos recursos piblicos, pertencentes a toda a coletividade, ‘A prestago de contas remete-nos 4 necessidade de transparéncia dos atos estatais (administrativos ou de govemo), de visibilidade na aplicagio dos dinheiros ptiblicos. E cogente para todos os agentes, tanto para os que atuam nas mais comezinhas atribuicdes piiblicas, como para os agentes que ocupam a alta cipula da Administragao. Sobre 0 tema, no pardgrafo tinico do art. 70 da CF, de 1988, encontramos a segninte redagao: Pardgrafo tinico. Prestaré contas qualquer pessoa fisica ou juridica, pibliea ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores ptiblicos ou pelos quais a Unido responda, ou que, em nome desta, assuma obrigagdes de natureza pecunidria Prof. Cyonil Borges www. estrateglaconcursos.com.b Pagina 50 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Abaixo, vamos “‘passear” por outros “deveres-poderes”. O dever de obediéneia, para Hely Lopes, impde ao servidor 0 acatamento as ordens legai de seus superiores e sua fiel execugao. Tal dever resulta da subordinagao bierérquica € assenta no principio disciplinar que informa toda organizagao administrativa. Por ordens legais entendem-se aquelas emanadas de anforidade competente, em forma adequada e com objetivos licitos. O cumprimento de ordem ilegal como 0 descumprimento de ordem legal acarretam para © servidor responsabilidade disciplinar ¢ criminal, conforme seja a lesio causada a Administragao ou a terceiros. Para Hely Lopes, o dever de Jealdade com as instituigdes, também denominado dever de fidelidade. exige de todo servidor a maior dedicagao ao serviga e o integral respeito as leis ¢ as institnigdes constitucionais, identificando-o com os superiores interesses do Estado. Tal dever impede que o servidor atue contra os fins e os objetivos legitimos da Administragio, pois que, se assim agisse, incorreria em infidelidade funcional, ensejadora da mais grave penalidade, que é a demissao, vale dizer, o desligamento compulsorio do servigo piiblico. Tico dever de efi traduz a ideia da boa administracio, de que o agente, além de agir com rapidez, deve ser perfeito e deter bom rendimento funcional Tal dever foi, inclusive, elevado a principio constitucional (art. 37, “caput”, da CF/1988), sendo detectado, entre outros momentos, a. avaliagao periédica de desempenho dos servidores, avaliagao positiva de desempenho como condigao para a aquisigio de estabilidade, instituigiio de Escolas de Governo, ¢ faculdade de celebragiio de contratos de gestio, neste caso, para incremento da autonomia financeira, orgamentaria e patrimonial dos érgiios e entidades do Estado. Por fim, o dever de probidade, traduzido no principio da probidade, tem previsiio expressa no texto constitucional (art. 37, § 4°, da CF), em que a pratica de atos de improbidade pode acarretar, por exemplo, a perda da funcao publica e a suspensio dos dir politicos. O dever de probidade exige que os atos dos agentes publicos sejam legitimos, éticos, nao sendo suficiente 0 atendimento da lei formal, mas, sobretudo, a observancia da moralidade administrativa e da finalidade publica Por sua importincia, o dever de probidade mereceu, ainda, Lei propria, a Lei 8.429/1992, a qual trata dos atos que geram enriquecimento ilicito, dos que causam prejuizo ao erério, om ainda daqueles que ferem principios da Administragio. Tais atos improbos podem ser invalidados pela propria Administragio, o principio da autotutela, como também, pelo Poder Judiciario, se provocado. Questo 2: ESAF - ACE/MDIC/Grupo 1/2012 Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 51 de 59 Estratégia Curso Te6rico de Direito Administrative Ducueeot Prof? Cyonil Borges Correlacione as colunas | € Il, distinguindo as policias administrativa e judiciéria. Ao final, assinale @ opco que contenha a sequéncia correta para a coluna Wl () | Atuagao predominan- temente voltada para as pessoas. ( ) | Atuagdo voltada para as. atividades das pessoas. () | Preparatéria para a tepressao penal, () [Relaciona-se com 0 valor contido na liber- (1) Policia Administrativa dade de ire vir Relaciona-s (2) Policia Judiciaria, (1) Shores ntormadores a)4,1,2,1,2 b)2,2,4,4,2 )4,2,4,2,1 d)2,1,2,2,1 e)1,2,2,4,1 Primeiro um quadro-resumo: Prof. Cyonil Borges ‘www estrategiaconcursos.com.br Pagina 52 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges Poder de Policia Administrativa Natureza —|(+) Preventiva (+) Repressiva Incidéncia_|Bens, direitos, e | Pessoas. atividades Competéncia|Toda a Administracdo | Corporacées Publica (de ~—_Direito | Especificas Publico) Sangées | Administrativas [criminais (CP e CPP) Vamos, agora, transformar 0 quadro acima em texto, ok? E, 0 mesmo tempo, correlacionar os mtimeros: (1), para administrativa, e (2), para judiciaria, © poder de policia ¢ a atividade do Estado consistente em limitar 0 exercicio dos direitos individuais em prol da sociedade e da seguranca do proprio Estado. Essa prerrogativa que 0 Estado exerce pode incidir em duas areas de atuagao estatal: na administrativa e na judiciaria, as quais so inconfundiveis entre si quanto a incidéncia, a competéncia, e 4 natureza. Quanto A incidéncia, enquanto a policia administrativa é regida pelo Diteito Administrativo, incidindo sobre bens, direitos ou atividades (1), atuante nasrea dos ilicitos administrativos {interesses convivenciais) (1); a judiciaria, comandada pelo Direito Processual Penal, recai sobre as pessoas (2), atuando na jirea do ilicito penal, Relativamente A competéncia, enquanto a administrativa é espalhada por toda a Administrag20 Publica de Direito Publico, haja vista a indelegabilidade a particulares; a judicisria é privativa de corporagdes especializadas, na Unio, policia federal: nos Estados, a policia civil, por exemplo. Por fim, no que conceme & natureza, enquanto a policia administrativa ¢ eminentemente preventiva, atividade negativa, com aplicagdes de repressio, exemplo da interdigao de estabelecimentos comerciais insalubres: a judiciéria é predominantemente repressiva, com sinais de prevencao ao a pratica de novo ilicito penal (2) pelo infrator Assim, chegamos alfernativa D. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 53 de 59 Estratégia Curso Te6rico de Direito Administrative Ducueeot Prof? Cyonil Borges (2) Atuag3o_predominantemente voltada para as pessoas. (2) Atuagao voltada para as atividades das pessoas. (2) Preparatoria pare a repressio penal. (2) Relaciona-se com o valor contido na liberdade de ire vir. (1) Relaciona-se com os valores informadores dos interesses gerais, convivenciais. Questo 3: ESAF - ACE/MDIC/Grupo 1/2012 Abaixo, na coluna |, esto descritas diversas formas de atuacdo do poder de policia, Classifique-as, conforme as técnicas descritas na coluna II e assinale a opco que apresente a sequéncia correta para a coluna |. 1 w () [Deciaragio de Ren-] |(1) | Técnica de orde- da de Pessoas Fisi- ago pela infor- magao. 1) [Apresentagao do car] [(2) | Técnica de orde- tio de vacinas para ago pelo condi- a efetivacdo de ma- cionamento. tricula de menor na rede piblica de en- sino. () [Multa pelo avanco de] [(3) | Técnica de orde- sinal vermetho. ago sanciona- tora () | Concessao de alvara de funcionamento. () | Concessao da Cartei- ra Nacional de Habili- taco, a)2,2,3,1,1 b)3,3,1,2,1 )4,1,3,2,2 4)3,1,3,2,2 e)2,1,3,1,2 ‘Na qualidade de concursando, tenho ciéneia de que nfo gostamos de referéncias doutrinétias. Para nds, concursandos, tanto faz. se foi o autor "X", "Y" ou "Z" que escreveu a tese, sendo mais produtivo o entendimento da banea, esta sim & que manda na "parada". Porém, hoje, também na qualidade de instrutor, ndo posso me furtar A citagao de fontes bibliograficas, quando estritamente necessérias. Pego que compreendam isso. Vamos que vamos. Para Diogo Figueiredo Neto, o poder de policia é ou pode ser exercido em quatro fases, ou Prof. Cyonil Borges Pagina 54 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative DucuRe et Prof? Cyonil Borges como prefere © autor, "cielos de policia", correspondendo a quatro modos de atuagio: a ordem de policia: o consentimento de policia; a fiscalizagao de policia e a sango de policia. Para © autor, a ordem de policia ¢ o preceito legal, a satisfagao da reserva constitucional, apresentada de duas formas: negativo absoluto, quando sio vedadas certas formas de exercicio de atividades e de uso da propriedade privada, impondo-se restrigdes: negative com reserva de consentimento, quando sio vedadas determinadas formas de exercicio de atividades ¢ de uso da propriedade privada, sem 0 consentimento prévio e expresso da administragao, impondo-se condicionamentos, Nestes dois casos, © instrumento de atuagao administrativa do poder de policia ¢ a limitagio E exemplo da_técnica de ordenacio por condicionamento a concessiio de alvaras, pois, nesses casos, para que o particular tenha o direito franqueado deve observar os requisitos (condicionamentos) fixados pelo Estado. Assim, ficamos entre as alternativas "C" e "D". O consentimento de policia é o ato administrativo de anuéncia, que possibilita a utilizagaio da propriedade pelo particular ou o exercicio da atividade privada, quando o legistador tenha exigido controle prévio da compatibilidade do uso do bem ou do exerefcio da atividade com 0 interesse piiblico. Tal ato de consentimento 6, formalmente, um alvaré podendo conter, ‘materialmente, uma licenga ou uma autorizagao. O que s6 faz confirmar a corregio das alternativas "C" e "D", A ordem do Estado se faz por um conjunto de condicionamentos. A fiscalizagio de policia se far para a verificagio do cumprimento das ordens de policia, como também para se observar os abusos que possam existir na utilizagao de bens e nas atividades que foram consentidas pela administragio. Esta fiscalizagio pode ser preventiva ow repressiva e pode ser iniciada de oficio ou ser provocada. Por fim, a sam¢ao de policia ¢ a submissAo coercitiva do imfrator a medidas inibidoras impostas pela administragao, sempre que falhar a fiscalizagio preventiva e for verificada a ocorréncia de infracdes as ordens de policia. Exemplo das multas. Essa técnica de ordenacao €a iiltima medida, s6 aplicdvel quando a_téenica da ordenacdo pela informacao on pelo condicionamento forem inobservadas. Sem saber o que é técnica da ordenacAo pela informacdo, o candidato consegue atingir 0 gabarito, isso porque, no item D, a banca afirma que a "“Declaracio de Rendas das Pessoas Fisicas” é uma sango, 0 que esta, gritantemente, incorreto. Chegamos, assim, a alternativa "C A técnica da ordenagao pela informagao ¢ usada para "forgar" que os particulares entregnem conteiidos especificos a Administragao. Por exemplo: 0 imposto de renda é um imposto angado por homologagao, logo o particular fica obrigado a declarar seus rendimentos amuais. A banca fez mengao, ainda, a0 cartao de vacinagio. Se essas informages nfo forem prestadas, a contento, entrard em cena a técnica da ordenagao pela sanglo. Questo 4: ESAF - AFC (CGU)/CGU/Auditoria e Fiscalizac#o/Geral/2012, Assinale a op¢do que contempla trés atributos do poder de policia. a) Discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade. b} Vinculac%0, coercibilidade e delegabilidade. Prof. Cyonil Borges www estrategiaconcursos.com.by Pagina 55 de 59 fa Estratégia Curso Teérico de Direito Administrative Tout uG sO Prof? Cyonil Borges €) Razoabilidade, proporcionalidade e legalidade. d) Hierarquia, discricionariedade e delegabilidade, e) Coercibilidade, hierarquia e vinculacéo, Comentarios: De acordo com a doutrina majoritéria, os trés atributos classicos do poder de policia so: - Discricionariedade: a Administragao detém razodvel liberdade de atuago no exercicio do Poder de Policia. Dentro dos limites dados pela lei, podera valorar critérios de conveniéncia e oportunidade para a pritica dos atos de policia, determinando critérios para definicSo, por exemplo, de quai atividades iré fiscalizar, bem como as sengSes aplicdveis em decorréncia de certa infracdo, as quais, 6 logico, devem estar previstas em lei. Ressalte-se que a regra é que atividade decorrente do Poder de Policia, sobretudo a ac rativos licengas, atos admini: lados e definitivos, por meio dos quai reconhece 0 direito subjetivo de um particular & prética de determinada atividade, a partir do Preenchimento de certas condi¢Bes necessérias 20 gozo desse direito. Entretanto, isso néo afasta a caracteristica que, geralmente, & apontada para o desempenho da atividade de policia administrativa - ela é discriciondria. ‘A autoexecutoriedade consiste na possibilidade da maior parte dos atos administrativos decorrentes do exercicio do Poder de Policia ser imediata e diretamente executados pela prépria Administracdo, independentemente de autorizaco ou intervenco ordem judicial. Contudo, a autoexecutoriedade no esté presente em todos os atos que venham a decorrer do Poder de Policia Administrativa. Com efeito, no caso, por exemplo, das multas, permite-se, de maneira autoexecutéria, apenas imposieo (aplicagdo) destas, mas ndo a sua cobranca, a qual deverd ser realizada por meio da acéo adequada na esfera judicial. Nem todos os atos que venham a decorrer do Poder de Policia s8o, portanto, autoexecutérios. Em razio do atributo da coercibilidade, as medidas adotadas pela Administraczo no exercicio do Poder de Policia podem ser impostas de maneira coativa aos administrados, independente de concordancia. De todo modo, em face das pretensées da Administrag3o, que poderdo sofrer forte resistncia dos particulares, a Administracdo poder, a priori, demandar manifesta¢&o do Judiciério, Bom registrar que nem todo ato de policia é dotado de coercibilidade de fato, as licencas, autorizagdes © permissdes, decorrentes do poder de policia, contam com a concordancia do destinatério do ato, dai dizer que, nestes atos, nao hi falar em coercibilidade. do Poder de Pol Chegamos ao gabarito: LETRA A! £ este item que aponta as caraterist Répidos comentérios com relago aos outros itens: + Letra B: em regra, o poder de policia ¢ DISCRICIONARIO (apesar de alguns atos decorrentes do Poder de Policia serem vinculados, como dito). No que refere & DELEGACAO, o STF entende que isso é possivel (ver ADI 1717), desde que, basicamente, dois requisitos sejam cumpridos: i) delegacdo por Lei; ¢, ii) delegacdo para pessoas de direito publico. Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.bi Pagina 56 de 59

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