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. Bs = ‘Teoria social cogmita : conceitosbisicos / Albert Bandura, Roberta Gurgel Ars, Soely Poiydoro. — Port Alegre Artmcd, 2008. 176p, 230m, ‘Traduyio do inglés dos capiules 1 an 5 por Ronaldo Cataldo Costa ISBN 973.85-363-1117.3 2. sola Socal. 2, soph Cogn. 1A, Rota Gare IL Polyddoro, Soely. II. Titulo. a cou 159.922 (Catalogagio na publicagSo: Juliana Lagoas Coelho ~ CRB 10/1708 ALBERT BANDURA ROBERTA GURGEL AZZI SOELY POLYDORO E COLABORADORES: Teoria Social Cognitiva CONCEITOS BASICOS Tradugio: Ronaldo Cataldo Costa Supervisio e revisio técnica dos capitulos traduzidos: Roberta Gurge! Azzi Soely Polydlaro "Roberto Gurgel Ai e Soely Apcrecdo Jorge Folydoro Freléco : _tosk Absa Bau __ 1. Acevelugéo da teoria social cognitiva... ist Benda 2. O sistema do sel no detarminismo reciproce ‘Albert Bonduro re ca cic ptcra de opts ‘Albert Bandura 4, Teoria social cognitive © outo-eficicia: uma vis6o geral.. Fronk Pojares e Fotién Oloz 5. O exercicio do ogéncia humana pela eficécia ccleiva ‘Alber Bandura ; 4, Modelacéo.. : ‘Arvo dah Elico 3 Costa Sook Aporecida Jenge Poors ¢ Rabeta Guge Apresentagio ‘A pluralidade teérica da Psicologia ¢ sem divida uma das barreiras que 0 navegador iniciante tem que superar em seus mares, Embora uma ciéncia ain- da nova, a diversidade de olhares e formas de investigacao que contribuem para o entendimento do comportamento e dos processos que o explicam, gera diferentes e milliplos caminhos a serem percortidos em busea de sua compre- ensio. Dentre a jd mencionada pluralidade de enfoques psicoldgicos, este livro foi escrito na vertente da social cognitive theory (teoria social cognitiva), ela- borada por Albert Bandura. A teoria social cognitiva ¢ recente e ainda encontrase em construgio. Os primeiros trabalhos do autor datam da década de 1950 e ele continua publi cando muito, Bandura trabalha, desde 1963, na Stanford University nos Es dos Unidos e construiu uma trajetéria profissional de muita contribuicio 4 Psicologia. Contiibuicao reconhecida mundialmente, seja por sua participacio fa ficatc de importantes atividedca no conério da poicologia (Fei presidente 4 “American Psychology Association-APA e membro do corpo editorial de varias. revistas especializadas, por exemplo) quanto pelos intimeros prémios de reco- nhecimento cieniffico que recebeu. ‘As idéins de Bandura foram, ao longo dos anos, mudando e compando ‘um conjunto de idéias cada ver mais complexo, que em meados da década de 1980 se estrutura sob a denominaciio de teoria social cognitiva. No Brasil, sua ‘obra disponivel consiste em referencias mais ou menos longas a suas idéias em ‘capitulos de livros texto de psicologia (psicologia geral, educacional, clinica, ‘etc.), referencias a seus trabalhos em teses ¢ dissertacées ¢ também um livro dele publicado originalmente em 1969 ¢ no Brasil em 1979, 10 anos depois. Na tentativa de suprir a lacuna identificada na literatura de lingua portu- {guesa sobre a evolucio do pensamento de Bandura organizamos o presente ivro, Para a realizagio deste livro contamos com a contribuigao de autores na- ‘ionais e estrangeiros. Entre os destaques de nossos colaboradores estrangei- precisamos mencionar a contribuigéo do préprio Bandura que nos enviow ‘capitulo que esté também publicado em livro norte-americano, bem como cedeu o direito & tradugio de artigos de sua autora. Integram, ainda, 0 junto dos colaboradores estrangeiros, o professor Frank Pajares que coor- TO Bondo, Asi, Polydor & 0s. dena uma importante fonte de consul m f ta sobre 0 pensamento de Bandi Professor argentino Fabidn Olaz que éco-autor junio com Pajares (neste ad de outa © Processo de revsdo deste liv, contamos com a colaboragio fe temmpoeites do Nuicleo de Estudos Avancados em Psicologia Cognitiva e Nees menial © do Grupo de Pesquisa, Psicologia e Educacdo Superior da eee, ‘aos quais agradecemos. s que o leitor se sinta bem orientado nesta jornada e que te neste livro uma referéncia segura i sport tedcko Formats eee i referéncia segura para caminhar no aporte teérico formu- Roberta Gurgel Azzi Soely Aparecida Jorge Polydoro Prefacio OO {A presente obra, organizada por Albert Bandura, Roberta Azzi Soely Polydoro, tem o aprecidvel mérito de colocar 0 grande paiblico universitério ‘rasileiro, os psicSlogos ¢ 0s educadores, em contato mais estreito com a teo- ria social cognitiva de Albert Bandura, seus estudos e stias aplicagoes. Destaca- se 2 oportunidade da presenca do préprio Bandura como co-organizador autor de diferentes capitulos. Em nome das organizadoras brasileiras, deixo piiblico o agradecimento por sua disponibilidade e efetiva colaborago a0 com- por essa parceria. A realizaco desta obra sobre os principais conceitos da teoria social cognitiva também se deve & cooperacdo dos professores. Frank Pajares, Fabién Olaz, Anna Edith Bellico da Costa e Fabio Iglesias, a quem estendemos nossos agradecimentos. ‘Uma questiio legitima que frequentemente se tem colocado diz respeito a validade funcional de uma teoria, ou seja, questiona-se para que serve uma tearia e. em nosso caso especifico, uma tcoria psicolégica. Para que estudar teorias? Em ciéncia, toda teoria tem vrias fungdes. A primeira, é organizar em um todo coerente dados empiricos jf dispontveis, € para essa tarefa conta a genialidade do intelectual que se dispde a cumpri-la. A segunda, é projetar ‘uma luz sobre determinados aspectos ou componentes daquele conjunto, mas- trando o que é central e critico, estabelecendo relacoes significativas que po- dem conter até mesmo relagdes causais. Dessa forma, a teoria propicia uma compreeasio Igica e mais rica de um determinado objeto. Mas a mais impor- ante fungio de uma teoria talvez seja provocar pesijuisas, cujos resultados podem confirmé-la ou colocé-la em xeque, porém, em qualquer caso, contri- para o avanco € o conhecimento naquela area, Neste ilkimo eas0, quer se rate de pesquisa qualitativa ou quantitativa, a teoria orienta o pesquisador na ulagio de objetivos relevantes, na selecao de varidveis a considera, na dos instrumentos de coleta de dados e, no final, na interpretagio dos . Sem uma teoria psicolégica como referencial, uma pesquisa, por mplo, sobre a motivacio de alunos ou professores nao passard de uma 0, por vezes até necessaria em uma certa contingéncia, mas de dificil tpretagio. O conhecimento cientffico de um certo objeto supde uma _ 12. Bondura, Assi, Polydoro & cols. estruturagéo everente, nao podendo limitar-se a uma acumulagao sucessiva de dados destituidos de significado racional. A teoria social cognitiva de Bandura tem sido considerada uma das pou- cas teorias psicol6gicas que, desenvolvica nas ditimas décadas do século pas- sado, continua a influir consideravelmente os estudos nessa sirea, empreendi- dos neste novo século, Atendo-se 20 enfoque psicoldgico, gerou pesquisas de aplicacao valiosas em éreas tao distintas como educacio, saiide, cliniea psico- Logica, esportes, organizacdes e politica. Em uma de suas obras, Self-eficacy in changing societies, fruto de um memordvel semindrio com colegas na Alema- nha, editada ha cerca de 10 anos, Bandura mostra como politicas, administra- dores e empresirios podem manter a motivagao e o espirito empreendedor no mundo globalizado atual, no qual muitas decisdes so tomadas e novos rumos sio palmilhados por iniciativa de agéncias localizadas em outros paises ¢ con- tinentes. Tomamos consciéncia de que vivemos em um mundo diferente de antes, no qual novas posturas psicoldgicas sfo exigidas. Nesse caso, as crengas coletivas de eficdcia representam uma forca que mantém 0 empenho e a direciona para objetives novas ¢ realistas. Um aspecto que tornoui essa abordagem atraente é a énfase no interacio- nismo que caracteriza a relagao de causalidade reciproca triddica entre 0s tipos de determinantes ~ ambientais, pessoais e eomportamentais. O ser humano no & mero fruro do seu ambiente, embora receba dele influéncias significati- vas. Entretanto, pode assumir mais o controle de sua vida por meio de mecanis- mos de auto-eficicia, do estabelecimento de metas e da auto-regulagio. O ambiente sempre representa limitagGes, desafios ¢ obsticulos, mas um robusto gocnso de auto- de disfunges na auto-regulasio. Dependendo da esfera de enfrentamento, as disfuncoes na auto-regulacao podem abrir caminho para a conduta tras gressora, abuso de substincias, transtornos alimentares e depressdio cronici (Bandura, 1976, 1997). ‘AEXTENSAO TEORICA COM O COMPONENTE DA AUTO-EFICACIA Quando entrei para o campo da psicologia, a teoria psicodindmica, espe- cialmente a forma psicanalitica, reinava sobre as campos da personalidade, da psicoterapia e da cultura pop. Os anos que se passaram em meados da década de 1950 testemunharam uma crescente desiluséo com essa linha de teorizagao @ seu modo de tratamento. A teoria no tinka poder preditivo e tinka pouca efetividace terapéutica. Durante esse periado, et estava investigando os meca- nismos auto-reguladores pelos quais as pessoas exercem controle sobre 2 mo- tivacdo, estilos de pensamento ¢ vida emotional. Como parte dessa linha de " pesquisa sobre o desenvolvimento e 0 exercicio da agéncia pessoal, criamos novos modes de tratamento, usando as experiéncias de dominio como o prin- cipal vefculo de mudanca. A fala por si sé nZo cura problemas muito dificeis, Por meio de dominio orientado cultivavamos compettncias, estilos de enfrentamento e crencas pessoais que proporcionavam que as pessoas exerces- Sem controle sobre as ameacas que pertebiam. Inicialmente, testamos @ efetividade dessa abordagem capacitante com diversos individuos com fobia a cobras. Quando as pessoas evitavam aquilo gus tomiam, alae pordiam o contato com 2 reslidada quo avieavam. O dominio rientado rapidamente restaura o teste da realidade de duas maneiras, propor- Gionando testes para os individuos rejeitarem crencas fobicas, com demonstra- Oes convincentes de que aquilo que 0s fobicos temem é seguro. Mais impor- fante ainda, proporciona testes que confirmam que os fébicas podem exercer Controle sobre aquilo que consideram ameacador. ____ Fébicos obstinados, € claro, ndo estao dispostos a fazer 0 que temem. Portanto, criamos condigdes ambientais que possibilitavam que os fébicos tives- sticesso, a despeito de si mesmas. Isso foi possivel com ma variedade de terials de apoio (Bandura, Blanchard ¢ Ritter, 1969; Bandura, Jeffery ¢ ajdos, 1975). Asatividades ameacadoras eram modeladas repetidamente para smonstrar estratégias de enfrentamento e para rejeitar os principais temores pessoas, Tarefas intimidantes eram reduzidas a subtarefas graduais, com 503 de dom{nio facil. O tratamento era conduzido dessa forma gradual até as atividades mais intimidantes fossem dominadas. O fato de executarem jcomportamento juntamente com oterapeuta proporcionava que pessoas assis: las fizessem coisas que se recusavam a fazer sozinhas. Outro método part rar-a resisténcia era solicitar que os fébicos realizassem a atividade por periodo curto de tempo. A medida que se mostravam mais destemidos, 0 fodo de engajamento era estendido, Apas.a restauragio toral do funcionamen: 30 Bondura, Azz, Polydoro & cols. to normal, havia atividades autodirigidas de dominio, nas quais os clientes lida- ‘vam com versées diferentes da ameaca por conta prdpria, sob condighes variadas. Esse tratamento se mostrou bastante poderoso, produzindo um robusto senso de eficicia de enfrentamento, transformando atitudes com objetos fobicos, de repugnincia, em emocées positivas, eliminando a ansiedade, as reagdes biolégicas de estresse e 0 compartamento fobico. Os fobicos tinham pesadelas recorrentes hd 20 ou 30 anos. © domfnio orientado transformou a atividade de sonhar e acabou com as pesadelos crdnicos. Quando uma mulher adquiriu dominio sobre sua fobia de cobras, ela sonhou que uma jibéia ficava sua amiga e a ajudava a lavar os pratos, e os répteis em seguida desapareceram de seus sonhos. As mudancas foram duradouras. Os fGbicos que haviam tide apenas melhoras parciais com modes altemnativos de tratamento tiveram recuperagio total com o beneficio,do tratamento de dominio orientado, independentemen- te da gravidade de suas disfungoes fohicas (Bandura et al., 1969; Biran e Wil- son, 1981; Thase € Moss, 1976). Coma década de 1960, vieram grandes mudangas na explicagao © na modiificagio do funcionamento e mudanga humanas (Bandura, 2004b). A and: lise causal voltou-se da dindmica psiquica para a dinamica psicossocial transacional. O funcionamento humano passou a ser interpretaco como 0 pro- duto da inter-relacio dindmica entre influéncias pessoais, comportamentais ¢ ambientais. As praticas de rotulagéo social com relagao aos problemas da vida mudaram. 0 comportamento problemitico era considerado tum comportamen- to divergente, em vez de um sintoma de doengas psiquicas. A andlise funcional docomportamento humano substituiu a rotulagao diagnéstica que categorizava ‘so peccone em tipse peieopatolgicos, com conroqiiéncias artigmatirantos Fe: tudos de laboratdrio e de campo controlados sobre os determinantes do compor- tamento humano € os mecanismos pelos quais estes atuavam substitutram a anilise do contesido de entrevistas. Tratamentos orientades para a apo substi- tuiram as entrevistas interpretativas. Os modas de tratamento foram alterados no contetido, Idcus e agentes de mudanca. Em uma década, o campo se transformou, devido a uma grande mudanga paradigmética (Bandura, 2004b). Foram eriados novos modelos conceituais e metodologias analiticas, e foram lancados novos periédicos voltados para 0 fluxo crescente de interesses. Surgiram novas organizagies para 0 avanco das abordagens de orientacao comportamental, ¢ novas convengies profissionais proporcionavam um férum para a troca de idéias. (s psicodinamicos nao apenas consideravam esses novos modos de trata- mento superficiais, mas perigosos. Fui convidado para apresentar nosso pro- grama de pesquisa na clinica Langley Porter, em So Francisco, um reduto dos PsicodinAmicos. A sesso comecou com uma afrontosa introducao do fato de ‘que “esse joven recém-chegado quer dizer a nds, analistas experientes, como curar fobias!” Expliquei que a “generosa” apresentagdo do meu anfitriao lem- brava-me um campeonato de futebol americano entre as universidades de lowa € Notre Dame, realizado em South Bend. lowa marcou um touchdown, que i Teoria sociel cognitive 31 - empatou a partida. Quando o jogador correu para marcar 0 ponto extra, 0 téenico Evashevski virou para o sen. assistente e disse: “Id vai uma alma era osc, um procestante tentardo uma corersdo diante de 50 mil eavsiicas!” Nem todos os critices do modelo psicodinimico depositam suas preees no mesmo altar teérico. Alguns tomaram a rota operante, que proporcionava a melhor visio da terra prometida. Outros seguiram a rota sociocognitiva. Vigo rosas batalhas foram travadas por causa dos determinantes cognitivos © sua legitimidade cientifica (Bandura, 1995, 1996). Os analistas operantes adotam visio de que a tinica atividade cientifiea legitima é a que relaciona eventos ambientais observdveis diretamente com eventos comportamentais observaveis (Skinner, 197). Dois tipos de teorias promovem os avangos cientificos (Nagel, 1961). A primeira forma procura relacées entre eventos diretamente observiveis, mas rejeita os mecanismos que contribuem para os eventos observaiveis. A segunda, ‘tem o foco nos mecanismos que explicam as relagies funcionais entre os eventos ‘observdveis. A disputa pelos determinantescognitivos nio dizia respeitoa legitimi- dade das causas interiores, mas aos tipos de determinantes interiores que sio favorecidos (Bandura, 1996). Por exemplo, os analistas operantes cada vez. mais atribuem o 6nus da explicagio a determinantes localizados dentro do organismo, ‘ou seja, a histéria implantada de reforgamento. A histéria implantada é uma ‘causa interior inferida, e nfo uma causa diretamente observivel. A disputa so- ‘bre os determinantes interiores nao se dé exclusivamente entre behavioristas e ‘cognitivistas. H4 uma fissura crescente entre os analistas operantes com relag3o Amudanga de énfase em seu priprio modelo eoneeitual, de modelos de controle Taroads no ambiente, para a controle hacoada nn arganiema (Machadn, 1003) ‘Minha entrada no campo da auto-eficicia deu-se por acaso. No desenvol- ‘Vimento ¢ avaliacdo do tratamento de dominio orientado, concentramo-nos ‘em trés processos fundamentais: 0 poder do tratamento para promover mu- dancas psicossociais, a generalidade ou alcance das mudancas efetuadas e sua dutabilidade ou manutencdo. Apés demonstrar o poder desse modo de trata- mento em cada uma dessas dimensocs aveliativas, explorei a possibilidade de Juma outra fungi — 0 poder de um tratamento de criar resiliéncia em experién- ‘cias adversas. 0 processo de aumentar a resiliéncia baseia-se no seguinte ra- ‘ciocinio: a capacidade de uma experiéncia adversa de restabelecer as disfungoes depende amplzmente do padrio de experiéncias em que se insere, em vez de depender unicamente de suias propriedades. Muitas experiéncias neutras ou ‘Positivas podem neutralizar o impacto negativo de um evento adverso ¢ impe- dir a disseminagao dos efeitos negativos. Para testar essa nogio, apés 0 fun- ‘clonamento ser plenamente restaurado, os ex-fébicos tiveram ou niio 0 beneficio dle experiéncias de dominio autodirigido com diferentes verses da ameaga, ___ Emumaavaliagiode acompanhamento, os participantes expressaram uma ida gratido por se livrar de sua fobia, mas explicaram que o tratamento ‘um impacto muito mais profundo. Por 20 a 30 anos, sas Vidas haviam lo debilitadas, do ponto de vista social, recreacional e ocupacional, Eles eram 32 Bandura, Azz, Polydoro & cols perseguidos por pesadclos reincidentes e ruminagées perturbadoras. Superar fem algumas horas um temor fobico que havia limitado e atormentado sas vidas era uma expeniéncia transformadora, que alterava radicalmente suzs cren- ‘gas em sua eficdcia para exercer o controle sobre suas vidas. Eles agiam segun: do sua nova crenga de auto-eficécia e, desfrutavam, para sua propria surpresa, de sucesso. Esses resultados preliminares apontam para um mecanismo co- mum, por meio do qual se exerce a agéncia pessoal. Preparei um programa de pesquisa multifacetado para adquirir uma com- preensiio mais profunda da natureza ¢ do funcionamento dese sistema de crengas. Para orientar essa nova missio, a teoria abordava os principais aspectos da autoeficicia percebida (Bandura, 1997), incluindo as origens das erencas de eficdcia, suas estruturas e fungies, seus efeitos diversos, os processos pelos quais produzem tais efeitos, além dos modos de influéncia em que as crencas de eficdcia podem ser eriadas e fortalecidas para a muclanca pessoal e social. Diversas linhas de pesquisa, adotadas por uma variedade de pesquisadores, forneceram novas visbes do papel da auto-eficécia pereebida nos campos da ‘educagao, promogio da saiide e provengio de doencas, disfuncdes clinieas (como 9s transtomnos da ansiedade, depressio, transtornos alimentares, abuso desubs- tancias), realizagoes atiéticas pessoais e de equipe, funcionamento organiza~ Cional, ¢ da eficacia de nossos sistemas sociais e politicos para fazer a diferenga em nossas vidas (Bandura, 1995, 1997; Schwarzer, 1992; Maddux, 1995). Uma questo importante em qualquer teoria da regulagao cognitiva da motivacaa, afeto e acdo dizem respeito & causalidade. Uma variedade de estra- tégias comportamentais foi usada para verificar que as crengas de eficdcia pes- seal funcionam como detcrminantce de aqSer, om voz de car cimplar roflevne secundérios delas (Bandura, 1997; Bandura e Locke, 2003). 0 campo da personalidade esta profundamente arraigado na visio de traco que caracteriza os individuos em grupos de comportamentos habituais, mensitrados por descritores comportamentais descontextualizados em medi das globais de “tamanho unico”, Nessa abordagem, a taxonomia comport: mental substiruiu estruturas, processos ¢ fungSes auto-referentes. Os grupos ‘comportamentais so tratados como determinantes reais da personalidade. Em ‘um capitulo sobre a teoria social cognitiva da personalidade, argumentei que as determinantes da personalidad residem em processas-de agéncia pessoal, no em agrupamentos comportamentais (Bandura, 1999). Recebi um fluxo continuo de e-mails solicitando meu instrumento multiuso para mensurar a auto-eficicia ou alguns tragos que pudessem ser inseridos ‘como itens de um questiondrio global. Dessa forma, outra entrada na agenda de pesquisa foi diferenciar 0 modelo de agéncia da personalidade e © modelo de trago (Bandura, 1999). Isso também exigiu eliminar concepgoes equivoca- das dos constructos. A auto-ficdcic, como julgamemto da capacidade pessoal, " iilo significa auco-estima, que é um julgamento do amor-préprio, e nem lécus ‘controle, que é a crenga se os resultados siio causados pelo comportamento por forgas externas. Teoria social cognitive 3 0 MODELO TRIADICO DA AGENCIA HUMANA A teorizagio e a pesquisa sobre a agéncia humana sio quase exclusiva: ‘Mente centradas no exercicio individual da agéncia humana. Todavia, essa nao. €a tinica forma em que as pessoas influenciam os eventos que afetam 0 modo como vivern. A teoria social cognitiva estabelece uma distingio entre tés dife= rentes modos de agéncia humana: individual, delegada e coletiva, ‘As anilises precedentes giravam em torno da natureza da agéncia pessoal direta ¢ dos provessos cognitivos, motivacionais, afetivos e de escolha, pelos quais cla ¢ exercida para produzir determinades efeitas. Em muitas esferas do. funcionamento, as pessoas niio tém controle direto sobre as condigdes sociais e Praticas institucionais que afetam suas vidas cotidianas. Nessas circunstiincias, ‘elas buscam o seu bem+estar, seguranca ¢ resultados desejados por intermédio da agéncia delegada. Nesse modo de agéncia social, as pessoas tentam, de um Jeito ou de outro, fazer com que aqueles que tenham acess0 a recursos ou ‘canhecimento ou que tenham influéncia e poder ajam em seu favor para ga- rantir os resultados desejados. ‘As pessoas nao vivem suas vidas de forma auténoma. Muitas das coisas ‘que buscam somente podem ser alcangadas por meio de esforgos socialmente interdependentes. Ampliei a concepcao da agéncia humana & agéncia coletiva, baseada na crenca compartilhada das pessoas em suas capacidades conjuntas de produzir mudangas em suas vidas por meio do esforgo coletivo (Bandura, 2000, 2001). Isso torna a teoria generalizdvel para culturas ¢ atividades de ‘Orientacao coletiva. A teoria da auto-eficicia (Bandura, 1997) diferencia a fume: dus Gatos (Isto €, 0 Inutviduo) € © nivel do fenomeno avatiado (Isto e, éficicia pessoal ou eficicia de grupo). Nao existe uma mente de grupo que cré. Aelicécia coletiva percebida reside nas mentes dos membros como crencas em ‘sua capacidade de grupo. Com freqiiéncia, como os membros individuais sio a fonte do julgamento da eficdcia de seu grupo, a aveliagdo interpretada incor- retamente como o nivel individual do fenémeno avaliado. E necessario escla- rrecer que as avaliagdes de eficécia pessoal e de grupo representam os diferen- tes niveis de coletividade, ¢ no a fonte do julgamento, Dualismos controversos permeiam nosso campo, jogando a autonomia contra a interdependéncia, o individualismo contra o coletivismo ¢ a agéncia humana contra a estrutura social, materializada como uma entidade des- ‘conectada do comportamento dos individuos. Acredita-se amplamente que as teorias ocidentais nao podem ser generalizadas para culturas ndo-ocidentais. Essa afirmacao comum deve ser abordada empiricamente. ‘A maior parte de nossa psicologia cultural baseia-se no culturalismo territorial (Gjerde e Onishi, 2000). Nagoes sao usadas como representantes de “orientagdes psicossociais, que sio entiio atribuidas ds nagGes e seus membros, ‘como se todos pensassem ¢ agissem da mesma forma. Os habitantes do Japiio sio caractetizadlos como coletivistes; 0s dos Estaclos Unidos, como individua Tistas, As culturas sio sistemas dindmicos ¢ internamente diversos, e niio mond- 3A bonduro, Azz, Polydoro & cols. litos estéticos. Existe uma diversidade substancial entre sociedades colocadas na mesma categoria (Kim, Triaudis, Kagitebasi, Choi e Yoon, 1994). Existem grandes diferencas geracionais, educacionais e socioeconémicas entre os mem- bros de uma mesma cultura (Matsumoto, Kudoh e Takeuc Analises realizadas entre dominios e classes de relagdes sociais revelaram que as pessoas agem em comunidade em determinados aspectos de suas vidas ¢ individualmente em muitos outros aspectos (Matsumoto, et al., 1996). Elas expressam condicionalmente suas orientagdes culturals, mais do que depen- dem invariavelmente das condicdes que as incentivem (Yamagishi, 1988). Em decorréncia da variabilidade intracultural e entre dominios diferentes e da flexibilidade de orientacoes culturais como fungao de condi¢6es favoraveis, a abordagem categérica oculta essa grande diversidade. Grande parte da pes- quisa transcultural baseia-sc em comparagées entre duas culturas, geralmente comparando-se os membros de uma cultura coletivista com os de uma cultura individualista. Por causa da notavel diversidade, a abordagem dicotomica pode produzir muitas generalizagGes equivocadas. ‘As culturas nao siio entidades monoliticas como também deixaram de ser insulares. A conetividade global esta reduzindo a singularidade transcultural. Além disso, as pessoas em todo 0 mundo estado cada vez mais envolvidas em um cermundo que transcende 0 tempo, a distincia, o lugar e as fronteiras nacionais. Da mesma forma, influéncias transnacionais de massa tm hhomogeneizado certos aspectos semelhantes, polarizando outros e criando muitos hibridos culturais, e fundindo elementos de culturas diversas. Essas novas realidades exigem uma abordagem mais dindmica aos efeitos culturais < para ampliar os limites de andlises tranacultwrais. Econ ¢ outre Grea om quo visdes arraigadas desestimularam as pesquisas para testar 0 alcance da gene- ralizagao tedrica. ‘A teoria social cognitiva distingue as capacidades humanas bisicas ¢ a ‘maneira como a cultura molda tais potencialidades em formas diversas apro- /priadas para diferentes meios culturais, Por exemplo, os seres humanos desen- ‘Volveram uma capacidade avancada de aprendizagem observacional, que € ‘essencial para o seu desenvolvimento pessoal e funcionamento, independente- mente da cultura em que as pessoas vivem. De fato, em mulitas culturas, a ira que significa “ensinar” 6 a mesma usada para “mostrar” (Reichard, 938), A modelacao é uma capacidade humana universalizada. Mas aquilo ee) ‘a maneira em que as suas influéncias so estruturadas social- ite e Os propdsitos que elas tém variam em diferentes meios culturais dura e Walters, 1963). “Revisei os resultados de um nimero crescente de estudos que testavam a ‘€ 0 papel funcional de crencas de eficicia em diversos meios cultu- uma ampla variedade de faixas etarias, género e diferentes esferas mhamento (Bandura, 2002b). Os resultados mostram que um fore ia tem seu valor funcional generalizado, independentemente culturais (Early, 1993, 1994; Matsui e Onglatco, 1992; Park et Teoria social cognitiva 35 > al., 2000). Existe pouco valor evolutivo em ser imobilizado por duvidas pes- soais e pela percepcao de futilidade des proprios esforgos. Contudo, a maneira como as crencas de eficicia sio desenvolvidas e estruturadas, as formas que assumem, as maneiras em que stio exercidas e 03 propésitos a que se aplicam variam transculturalmente. Em suma, hi algo semelhante nas capacidades de agéncia e nos mecanismos bésicos de operacio, mas hi diversidade na culturalizagao dessas capacidades inerentes. (0 PROCESSO DE CONSTRUCAO DE TEORIAS Gostaria de concluir com alguns comentirios gerais com relagio ao pro- cesso de construsao de teorias e progresso do conhecimento. Os tedricos te- riam de ser oniscientes para fomecer uma explicacao final para 0 comporta: ‘mento humano logo no inicio. Bles comegam necessariamente com uma teoria incompleta, envolvendo os determinantes de fendmenos selecionados ¢ dos mecanismos pelos quais esses determinantes atuam. Existem pouicos ou ne- nhum fator psicossocial que produza efeitos de forma incondicional. A plu- alidade dos determinantes do comportamento humano, sua intricada con- dicionalidade ¢ a interatividade dinamica acrescentam complexidade a identi ficacio de relacdes funcionais, que nfo podem ser elucidadas apenas pela and. lise intuitiva. As formulagées iniciais levam a linhas de experimentacio que ajudam a melhorar a teoria. Aperieigoamentos tedricos sucessivos nos aproxi: mam do entendimento dos fenémenos de interesse. Ete capitulo tragou 2 evolugio da teoria encial eagnitiva a a mansira om ‘que ela expandiu o set alcance, generalidade e aplicagoes sociais. A exposicao ‘completa da teoria, que vai além dos limites deste capitulo, especifica como os determinantes e mecanismos beisicos atuam em conjunto no autodesenvol- vimento, adaptacio e mudanga humanos (Bandura, 1986). A construcao de teorias tem um lugar social, em vez. de ocotrer isoladamente. Portanto, acres- ‘centei os contextos conceituais em que a teoria social cognitiva evolui como parte de minha erénica. Existe muita idealizacao em pronunciamentos sobre como a ciéncia ¢ ‘conduzida, Um grupo proeminente de cientistas sociais fez um retiro nas mon- tanhas para preparar um relatério sobre como construiam svas teorias. Aps alguns dias de demonstracées idealizadas, eles comegaram a confessar que no construiam suas teorias por formalismo dedutivo. Um problema desperta- yao seu interesse. Eles tinham algumas idéias preliminares que sugeriam ex: perimentos para testé-las. Os resultados dos testes de verificagao levavam a ‘aperfeicoamentos em sua concepco, que, por sta vez, levava a outras experi- mentos que poderiam fornecer outras idéias sobre os determinantes © 0s me= ‘eanismos que governam os fenémenos de interesse. A construgio de teorias ¢ uma atividade dificil e demorada, inadequada para pessoas apressadas. A ver~ ‘fio formal da teoria, que aparece impressa, € 0 produo modificado de uma Bandura, Azzi, Polydoro & cols. Jonga interacio entre a atividade indutiva empirica e a atividade dedutiva ‘conceittial. A vetificacio dos efeitos deduzidos ¢ central & investigacio experimental. As ciéncias sociais enfrentam grandes obstéculos no desenvolvimento do co- mhecimento tebrico. As abordagens experimentais controladas ajudam a verifi ar relagdes funcionais, mas o alcance é bastante limitado, sendo obstruicas ‘por fenémenos que nao podem ser reproduzidos no laboratério, pois tais fend- ‘menos exigem um perfodo longo de desenvolvimento, so produto de conste- Jagées de influéncias de diferentes fontes sociais que operam de forma interativa, ‘01 Sio proibidas do ponto de vista ético. Os estucdos de campo controlados que alteram fatores psicossociais siste- ‘maticamente em condigées da vida real proporcionam maior validade ecoldgica, ‘mas também t8m aleance limitado. Recursos finitos, limites impostos por siste- mas sociais sobre as tipas de intervengdes que permitem, flutuagdes dificeis de controlar na qualidade da implementacao € consideragbes éticas impoem res- ‘trig6es em intervengées de campo controladas. Dessa forma, a experimentagao no campo deve ser complementada com uma investigacio das variagoes natu- rais no funcionamento psicossocial, relacionadas com determinantes iden. tificdveis (Nagel, 1961), abordagem esta indispensdvel nas ciéncias sociais, A verificacio de relagées funcionais exige evidéncias convergentes de di- ferentes estratégias de pesquisa. Portanto, no desenvolvimento da teoria social cognitiva, empregamos estudos de laboratério controlados, estudos de campo controlados, estudos longitudinais, modificacao comportamental de disfuncoes humanas que ndo possam ser reproduzidas por razées éticas e andlises de rela- Sse funcionaic am fonbmence naturaic. Recor octudoe anvolvem populagseo de caracteristicas sociodemogréficas diversas, metodologias analiticas multi- plas, aplicadas em diferentes esferas do funcionamento e em meios culturais diversos. Os testes empiricos de uma teoria envolvem a teoria basica, um conjun- to de pressupostos auxiliares, operacdes que supostamente criam as condi- shes relevantes ¢ as medidas que supostamente avaliam os fatores funda- mentais. Portanto, nio é apenas a teoria basica que ¢ colocada em teste. Evidéncias de discrepncias entre os resultados tearizados e observados pro- duzem ambigiidade com relagao ao que falta nessa mistura complexa. Const- derando-se a complexidade causal do comportamento humano, as graves limitagbes em experimentos controlados e a unio da teoria bisica com seus complementos, condicbes e medidas, os quais devem estar bem-fundamenta- dos, a nogio de que um tinico caso em contrdrio rejeita uma teoria € uma flusio pretensiosa. Porém, essas dificuldades inerentes nao sio causa para Tesignacao ¢ desdnimo na investigacdo. As teorias psicolégicas diferem em sua capacidade preditiva e operacional. Um programa de pesquisa cientifica pode melhorar uma teoria para prever 0 comportamento humano ¢ para pro: mover melhoras na condigo humana. As teorias fracas no sho descartadas porque estilo erradas, mas porque foram enfraquecidas por tantas condicoes Teoria social cogniiva 37 limitantes que tém pouco valor preditivo ou operacional. Quando existem alternativas teéricas melhores, pouco ha para se ganhar perseguindo a vera- cidade ow falsidade de uma teoria que pode, no maximo, explicar o compor- tamento em uma variedade muito limitada de condicdes e tem pouco a dizer sobre como efetuar mudangas psicossociais. Uma coisa ¢ produzir idéias inovadoras que sejam promissoras, outra & publieé-las. Assim, 0 processo de publicagio merece comentirios breves das trincheiras. Os pesquisadores tém muitas cicatrizes psiquicas de combates ine- vitéveis com revisores de periédicos. Isso representa um problema especial quando hé consangiiinidade conceitual nas comissdes editoriais. O caminho para as realizagdes inovadoras é repleto de dificuldades e rejeicdes editoriais. Nao é incomum autores de clissicos cientificos vivenciarem repetidas re- Jeigdes iniciais a seus trabalhos, algumas vezes, geralmente com omamentas hhostis quando discordam demais do que esté em voga (Campanario, 1995). Posteriormente, essas contribuigées intelectuais se tornam os pilares do campo de estudo. Por exemplo, John Garcia, que foi exaltado posteriormente por sttas descobertas psicolégicas fundamentais, uma vez ouviu de um revisor que cos- ‘tumava rejeitar os seus originais que era mais improvaivel encontrar o fendme- no que ele deserevia do que exeremento de passaros em um relégio cuco. Gans e Shepherd (1994) solicitaram que economistas importantes, in- cluindo ganhadores do prémio Nobel, descrevessem suas experiéncias com 0 pprocesso de publicagao. Sua solicitacio causou um derrame eatdrtico de narra- tivas de problemas com o processo de publicago, mesmo com suas contribui-= ‘¢Oes seminais. As dificuldades de publicagdo so uma parte inevitivel, mas frnuaiie da advidale de poyuind. Nu prdalina vee quc un Uc seus price, idéias ou originais for rejeitado, nao se desespere muito. Confortese com o fato de que aqueles que chegaram & fama tiveram muita dificuldsde. Em seu ‘agradavel livro Rejection, John White (1982) documenta de forma vivida que as principais caracteristicas de pessoas que alcangam o sucesso em buscas de~ safiadoras é um sentido inabalavel de eficiicia e uma firme crenga no valor aquilo que esto fazendo. Esse sistema de crengas proporciona a forca neces- sitia frente a fracassos, retrocessos € rejeigdes impiedosas. Na tentativa de aumentar as possibilidades de sucesso no corredor polo- nés da publicagfio, os autores cada vez mais utilizam incontiveis citagBes € adicionam constructos de diferentes teorias. Com freqiiéneia, a abordagem ‘eclética aditiva passa como uma teocizagao integrativa, supostamente combi- mando o melhor de diferentes abordagens, mas é dificil encontrar uma teoria coerente na mistura conceitual. Para redurit a proliferagao crescente de cita- ‘ges, onovo editor de um importante jornal de psicologia impos um limite de ftens que podem ser citados em um artigo. O progresso cientifico pode ser melhor alcancado abrangendo fatores plenamente superiores dentro de um arcabougo tedrico unificado, do que criando-se modelos aglomerados de ‘constructos advindos de teorias divergentes, com os problemas da redundn- cia, fracionamento e desconexio teérica. 38 bonduro, Azsi,Polydoro & cols. ‘A construgio de teorias nao ¢ uma vocagdo para individuos fracos. Os te6ricos devem estar preparacos para ver suas concepcdes e resultados empiticas ser desafiados, interpretados incorretamente ou ridicularizados, is vezes com omamentagSes ad hominem. Por exemplo, muitas vezes, divirto-me ao me ver mal-interpretado como um behaviorista ortodoxo e um mentalista dualista! (Bandura e Bussey, 2004). Os tedricos diferem no grau em que permitem que caracterizagSes controvertidas penctrem em seus espagos. Eysenck raramente deixava criticas sem resposta. Skinner raramente as respondia, De minha par- te, tento resistir ao impulso de responder, a menos que possa aumentar a com- preensdo das questies colocadas. Isso é dificil, sabendo-se que uma critica equivocada sem resposta sera lida por muitos que podem concordar com ela. Fala-se muito da validade das teorias, mas, de maneira surpreendente, Pouca atengio ¢ dedicada para a sua utilidade social. Por exemplo, se os cien- tistas aeronduticos desenvolvessem principios de acrodindmica em testes com tuineis de vento, mas néio conseguissem construir um avido que pudesse voar, o valor da teorizagao seria questionado. As teorias sdo instrumentos preditivos e operacionais. Em tiltima anilise, a avaliagaio de um experimento cientifico em ciéncias sociais estard amplamente baseada em sua utilidade social, ANDERSON, J.R. Cognitive pychelogy and its implicerione. San Francisco: Preeman, 1980. AUSTIN, J. Chese, chance, andcreativity: the hicky art of novelty. New York: Columbia University, 375. BAER, D.M; PETERSON, ILE; SHERMAN, LA. The development of imitation by reinforcing behavioural similarity to a model. Journal of the Experimental Anabss of Behaviouy, ¥.10, p-409- 416, 1967 BANDURA, A.A social cognitive theory of personality In: PERVIN, L: JOHN, O. (Ed). Handbook of personality. 2nd ed, New York: Guiliord, 1999. p.154-196, Analysis of modeling processes. In: BANDURA, A. (Ed,). 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