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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


FCHB60 – LEITURA E REDAÇÃO DE TEXTOS FILOSÓFICOS
PROFESSOR RAFAEL AZIZE
ALUNA: Juliana Fonseca Oliveira de Melo
Data: 29.03.2016

Atividade 01 – Prática de redação de um ensaio filosófico


RACHELS, James. Problemas de filosofia.

Capítulo 02: Deus e a origem do universo

A questão principal para refletir sobre Deus e a origem do universo é “existem argumentos
que podem comprovar se Deus criou o universo ou até hoje a única possibilidade de afirmar isso é
fé e crença”? Existem pelo menos quatro argumentos que historicamente são trabalhados ao discutir
essa questão. O primeiro é o argumento do desígnio, que afirma que é possível inferir que Deus
existe apenas pela natureza do mundo cheio de maravilhas que é um sistema tão inteligente que só
poderia existir se tiver um criador. Os sistemas funcionam de formas intrincadas e complexas e se
questiona se é sequer possível que poderia ter sido desenvolvido ao acaso.
A alternativa oferecida a ideia do desígnio inteligente é a teoria da evolução de Darwin. Ela
vai explicar como o “acaso” atua a partir da seleção natural e vai se sobrepor as teorias do
catatrofismo. Três itens são importantes para entender as formulações de Darwin sobre a seleção
natural o aumento genético das populações, a hereditariedade das características e a variação.
Apesar dos questionamentos sobre a capacidade da teoria da seleção natural explicar a
complexidade biológica ela é um marco de contraposição a hipótese do desígnio e até mesmo
argumentos que surgem posteriormente.
Neste ensaio, a interpretação que dou é que a teoria da evolução não necessariamente
funciona como contrposição ao argumento do desígnio, já que ainda poderia ser obra divina a
criação de um sistema inteligente que permite essas seleções “naturais” de sistemas biológicos mais
complexos. Racionalmente não pode fazer frente a ideia do desígnio já não se pode descartar a
possibilidade de criação do universo a partir Deus só porque ele não teria feito tudo de uma vez só.
O terceiro é o argumento da causa primeira é a ideia de que Deus foi a primeira causa,
afirmando que tudo que existe tem que ter uma causa. Assim Deus foi uma causa primeira de uma
longa cadeia de causas. As fragilidades dessa teoria em prover um apoio racional a crença em Deus
residem na própria máxima que tudo tem que ter uma causa e só Deus não tem uma causa, logo é
um raciocínio autocontraditório. Apesar de ser uma ideia promissora ela falha quando se tenta
explicitar uma cadeia de pensamento racional a partir dela.
Outra forma de justificar Deus como origem do universo é a ideia de Deus como ser
necessário de Inwagen que defende que dado que o universo é uma coisa dependente só pode existir
se sustentado por algo, por um ser necessário e esse ser não dependente é Deus. Os principais
questionamentos sobre essa tese são noções enigmáticas que afirmam que o universo tem que ser
um coisa dependente e que Deus é única coisa não dependente. O que ficou conhecido como
Argumento Ontológico era defendido pelo monge inglês Anselmo afirma que Deus é o conceito de
um ser perfeito por definição. Assim, um ser que é perfeito por definição tem que existir, já que se
não existisse não poderia ser perfeito, um ser necessário. As questões que ficam são sobre como é
possível a existência seguir-se de sua própria definição foi questionado pelo monge Gaunilo e
também por Kant. Este último, afirmou que a perfeição de uma coisa depende de suas propriedades,
assim não é possível estipular que uma coisa é perfeita por definição.
As contraposições as ideias da causa primeira e Deus como ser necessário realmente
desconstrói possibilidades de argumentar tais ideia como provas da existência de Deus. O primeiro
argumento é autocontraditório e no segundo Kant responde de formar a descontruir qualquer
possibilidade de justificar a existência de Deus pelo caminho da pura e simples definição, a
geometria por exemplo só é perfeita porque não existe na realidade e só pode existir por definição,
O que se pode concluir é que as motivações que conduzem as pessoas a acreditarem em
Deus geralmente não estão ligadas a uma boa tecitura de argumentos. Ao mesmo tempo é
importante refletir que os argumentos são relevantes se a intenção é saber se algo é razoável de se
acreditar. Quanto a esses argumentos apresentados sobre Deus e a origem do universo eles
fracassam em grande medida e isso não quer dizer que Deus não exista, mesmo que seja possível
questionar a evolução como uma negação inerente a ideia do desígnio. A crença em Deus então
passa a ser fruto de uma convicção interna que se justifica pela fé e não pela lógica.

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