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Memórias de Algum Tempo

Poemas e Textos Por Ana Luiza


Ilustrações por Luiz Alberto
Copyright 2021 por Ana Luiza Oliveira de Campos
Todos os direitos reservados.

poemas e textos
Ana Luiza Oliveira de Campos

projeto gráfico
Luiz Alberto Peres Junior

revisão
Luiz Alberto Peres Junior
Ana Luiza Oliveira de Campos

diagramação
Luiz Alberto Peres Junior

capa
Luiz Alberto Peres Junior

ilustrações
Luiz Alberto Peres Junior

Todos os direitos reservados por


Ana Luiza Oliveira de Campos.
Rua Belisário Campanha - Casa Verde Média.
02521-000 - São Paulo - SP
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Instagram: @analuoc_arqts
behance: https://www.behance.net/analuiza2610/
E-mail: analuocampos@gmail.com
Agradeço a todas as experiências que me
proporcionaram momentos de inspiração
para escrever esses poemas e me fizeram
crescer como pessoa.
Consequencias
Que sentimento é esse?
horas ele é grande e confuso,
outras insignificantes e sucinto,
Por fim poderoso e deveras escandaloso.

Invade minha alma ardendo em chamas,


Não me deixa em paz há tempos,
Quem o trouxe foi o vento...
Invadindo em um importuno momento.

Corrompendo tudo de dentro para fora,


Se tornando minha fauna e flora,
Me fazendo sentir como uma linda flor
Ao mesmo tempo que me traz dor.

Não sei lidar com isso,


Não quero lidar com você.
Se não tivesse vindo
Como eu estaria?

Mas não posso mais deixar você ir embora!


pois levaria consigo,
tudo que eu sou mundo afora.

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Simplesmente bagunçou a minha vida,
antes bela e calma,
agora agitada e totalmente mudada.

Fico ansiosa mais facilmente.


Comecei a lembrar como é,
sentir tudo intensamente.

Voltar atrás não dá mais.


Pois o que sinto por você,
Arde no meu peito,
Demais.

Quando você chegou,


Virou meu mundo de cabeça pra baixo.
Mas nunca tive essa tal de gravidade,
Sempre flutuei na minha naturalidade.

Isso é bom ou é ruim?


Só o tempo irá dizer.
Mas tenho certeza de que quero descobrir,
Isso com você.

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Apesar
Apesar de eu mudar,
E você nunca me encontrará igual.
De você não me aguentar,
E querer toda hora se mudar.

Eu sou assim!
Um ser em metamorfose,
Morrendo de overdose...
Mas sempre sendo mais eu do que ti.

Apesar de gostar de você,


E te querer aqui,
Gosto demais de mim...
Pra mudar só por causa de ti.

Eu cresço a todo instante,


Quem me conhece sabe,
Eu gosto de voar bastante,
Aprender a todo instante.

Fiz isso pra te dizer não vou mudar quem sou,


Sou um poço profundo.
Sou signo de água todo complicado.
Feliz por ser assim mais minha do que do mundo.

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Vai se fuder
Vai se fuder!
Cansei de tanto morrer.
Você é um porre de ser,
De tanta merda que eu ouvi decidi te esquecer.

Me preocupar?
Não posso!
Me desculpar?
Não dá mais!

O que você quer de mim?


Por que me namora?
Se não me suporta.
Se me trata como bosta?

Cada patada que eu levo,


Não sei como ainda estou aqui.
Eu deveria conseguir partir.
Mas não sei me decidir.

Ficar ou não ficar?


Sou eu ou mudar?
Te dar carinho ou me amar?

Realmente não sei mais.


Quero pra longe voar,
Mas como se você cortou as asas?
E arrancou as minhas garras.

Eu quero que você se foda.


Esse poema é a minha sinceridade,
Encarnada do desprezo e saudade.
Em você eu sinto em toda a minha vaidade.

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A arte de se fazer no ar

Pensamentos às vezes são pesados demais,


Para se guardar na alma fugas.
Precisam sair...
Precisam ir ao mundo descobrir.

Quando cito o que penso


E jogo minhas ideias ao vento,
Às vezes existem pessoas por perto,
Às vezes só meus ouvidos espertos.

Quando não estou só os ouvem,


Os consomem, os refletem.
Se acontecer o extraordinário,
Se refletem.

Mesmo acompanhada sempre sou a primeira que me escutar,


Desacompanhada não seria diferente.
Ao ouvir o que minha mente e coração sentem,
Me descubro, me vivo e me conheço.

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Uma vez me disseram

Uma vez me disseram,


Que eu era muito diferente.
Que o que eu fazia não era comum.
Que o que eu pensava era errante e destoante.

Uma vez me disseram para ser mais contida,


Fazer as curvas virarem retas,
Fazer as colinas virarem planícies,
Fazer coisas menos gritantes.

Mas da última vez eu berrei:


Não posso!
Por que tornaria plano o que é curvo?
Por que mudaria a geografia por vocês?!

Quando parei para perceber,


Essas amarras de incapacidade, e frustração
Não estavam mais lá.

No final as asas dos pássaros são curvas!


E as barras da cela da prisão,
São retas.

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Por que devo opinar?

Porque devo tentar dialogar,


Se essa brincadeira é em vão?

Quando palavras não bastam,


Com que forma de comunicação devo dirigir a você?
Se minha música, minha letra e minha abstração,
Não são o suficiente para você.

Não sou formada nos números,


Nas exatas.
Nos padrões que não falham.

Sou aprendiz da vida eternamente,


No orgânico, no inconsequente,
Na brisa que te sopra
E não na estaca rígida e sólida que te finca no chão.

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Lua
Uma vez quis amar,
O mar.
Mas me disseram que o mar,
Não era coisa para louvar.

Fiquei dias...
Desolada.
Fique anos...
Sentada.

Até que um dia,


Li nas estrelas,
Que a lua
Me amava.

Nessa noite pedi a ela:


Por favor,
Me deixe chegar...
ao mar.

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Quando amanheceu
O céu estava cinza,
Mas tudo estava
No colorido seu.

De tarde choveu,
Como nunca chovera antes!
E eu consegui finalmente
Chegar à praia.

Nessa tarde,
Pela primeira vez nadei,
E fui entrando.
No coração do mar...

Quando anoiteceu,
Eu era água.
A lua me olhava,
E eu a apreciava.

O mar em um gesto
De reciprocidade,
Me abraçou.
Eu amei para sempre:
A lua, as estrelas e o mar.

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Você
Nos conhecemos,
Você me instigou.
Eu estava em paz,
E você me provocou.

Eu não pedi suas ações,


Você lutou por isso.
Eu tinha tudo a perder,
Você que não sabia como vencer.

Naquela noite,
Experimentamos nossas confusões.
Eu sucumbi ao desejo
E você aos seus desejos.

Noites em claro,
Dias no escuro.
Sem ninguém no amparo,
Sem você nos passos.

Eu que não merecia,


Tive a misericórdia do meu anjo.
Enquanto você, que lutou assídua,
Saiu sem nada nas mãos somente com o seu banjo.

Encontros e desencontros.
Às vezes você se mostra na noite,
Porém não te procuro mais nos contos.
E você não vem mais ao meu encontro.

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Adeus, até mais

Eu não sei o que aconteceu,


Meus muros caíram,
Destroços pelo chão.
O que se passou?

Em meio a todo esse caos,


Do nervosismo e do calor,
Que me derrete nas noites
E me deixa tonta nas manhãs.

Está você!
Sempre aqui.
Agora mais do que nunca,
Você não pode partir...

Eu estou desnuda de todos os meus segredos,


Estou enfrentando pela primeira vez em anos
O medo da morte que corre pelas minhas veias!
Que se esvai pelos meus dedos.

Não posso mais enxergar,


Diga que vai me orientar.
Não consigo mais fingir me cuidar,
Diga que me ama com o céu que beija o mar.

Nunca me permiti...
Chegar até aqui,
Com ninguém além de ti.
Por favor, não se vá pelo fim.

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Não me deixe perambulando,
No escuro do meu ser.
Sem a sua luz na madrugada,
Sem nada em mim do seu coração.

Vamos tirar tudo de material,


Vamos dançar juntos na escuridão!
Vamos correr!
Vamos nos ter!

Cansei do que eu fazia,


Do que eu não fazia com você.
Não consigo mais segurar
E não vou mais me podar,

Mas me diga,
Você vai aguentar?
Você vai estar aqui quando eu te enlouquecer?
Você vai estar aqui quando eu acordar?

Espero que sim,


Espero nunca mais
Ter que te dizer:
“Adeus, até mais “

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Pensável
Nem sempre pensável,
Às vezes dispensável.
Nas caladas noturnas,
As tardes diurnas.

De tempos em tempos,
Me encontro nesse impasse:
Será que se eu parasse de passar,
As pessoas iriam reparar?

Quando me escondo,
Me calo,
Me fecho,
Sumo...

Parece que de fato,


Não existe diferença.
Ninguém me procura.
Ninguém se prende.

Apesar de tudo isso,


Por que não me incomodo?
Da maneira que acho que deveria,
Da maneira que acham que eu deveria.

Certamente fico mais forte,


Não preciso de tantas pessoas.
Realmente gosto da minha companhia,
Não me sinto só sozinha.

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Infância

Até pode ser que tenha rimas, mas se trata de uma epifania.
Hoje ao acordar fui ver meus livros na estante, dela todos já li,
em alguma hora todas aquelas páginas já me nutriram porém agora
ficaram paradas ali, em cima de uma tábua de madeira na parede
do meu cômodo.
Estava procurando se ainda tinha algum livro de origami,
se ainda existiam livros da minha infância ou se já havia dado
todos em um surto de grandeza de crescer como um tsunami. Ao
procurar encontrei somente um cujo livro de quando era mais
nova com um título com letras maiúsculas “LIVRO DAS GAROTAS
AUDACIOSAS” o peguei, era diferente se pudesse dizer isso
normalmente os livro para “meninas” dos anos 2000 eram rosas
pequenos e sem muito conteúdo, esse não, este é um livro grosso de
357 páginas, é azul piscina com desenhos diferentes na capa como
uma menina ao lutar, cartas de baralho e até um aviãozinho de
papel a plainar, ao rever seu conteúdo me espantei mais um pouco:
três páginas só de sumário com coisas realmente interessantes
como: leitura de mãos, como fazer uma fogueira, lideranças
femininas modernas, uma rebelde com causa e muito mais temas
assim.
Lembrei também que eu já havia lido esse livro inteiro e mais de
uma vez quando era pequena, e cai em mim: hoje o que sou pode ter
sido por conta deste simples livro.

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Nele as meninas são encorajadas a fazer o seu destino, nele
se mostra mulheres importantes, REPRESENTATIVIDADE,
nele não há em nenhum momento comparação entre homens e
mulheres e nem rebaixamento de um gênero pelo outro, só existe
reconhecimento, sabedoria e incentivo.
Percebi que hoje sou posso ser o que sou: decidida, segura de
mim, e querendo independência. Porque na minha infância fui
encorajada a ser EU e não a depender de alguém ou não reivindicar
pelos meus direitos e a melhor parte quem me deu esse livro de
certo modo quem me empoderou foi um homem o meu padrinho
cujo SEMPRE me ajudou a crescer e a virar hoje quem sou e não só
através de palavras e sim através de ações, livros e conhecimento.
Hoje honestamente observo que inconscientemente sou grata
a ele e a todos que me formaram porque tenho orgulho da minha
história e minha criança interna também tem, e você?
Sua criança interna se orgulha de você?

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Tudo posso

Tudo posso,
Na Deusa que:
Me ama,
Me protege,
E me cuida.

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Norte a Sul

Em meio às árvores verdes


E o céu azul,
Vejo um brilho
Vindo de norte a sul.

Nas tardes de sol,


As noites de luar,
Há gosto de vida,
Quero provar!

Em meio a minha terra


Sinto a conexão com a união.
Ouço a voz do coração
E o silêncio da paixão.

De todas as vidas,
De todas as sensações já sentidas,
Das coisas maravilhosas e
Das poucas horas.

O tempo é pequeno,
Medido em segundos.
Minha alma é mutável
E a criação inflamável.

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323/ 47 / 43

Durante essa estadia 323,


Aprendi mais o valor
Da vida, do tempo
Da liberdade e do amor.

Aprendi com a reclusão em quartas 47


O quanto tempo tenho em mãos.
O quanto vagamos por aí sem razão.
O quanto fazemos o desperdiçando em vão.

Minutos são eternos....


Dias parecem semanas...
Semanas parecem dias.
E meses segundos.

Esse tempo passou: restam 43


Quem o viveu se amou,
Quem amou cresceu.
Quem parou, a próprio si acabou, venceu.

18/11/2020

323º dia de 2020, 47º quarta-feira e 43 dias restantes em 2020.

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Você me deixou
Você me deixou entrar,
Me deixou viver entre os seus:
Respirar o seu ar.
E falar com teus.

Me recitou harmonias,
Me despiu com olhares.
Me chamou de milhares,
Tocando o acorde dos mares.

Porém eu não era vocês


E vocês não conseguiam chegar a mim.

Eu não estava mais lá,


E vocês viraram o aqui.

Todos se tornaram o mundo


E
Eu
Me
Tornei
1
Segundo.

Podem até vogar pelo pai


Esquecendo da mãe.
Podem até pedir pela morte
Esquecendo do ar suspiro.

Podem vogar por Pan


Se esquecendo de Gaia.
A flauta já esta partida
E o verde corrompido.

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Crenças

Podem até vogar pelo pai,


Esquecendo da mãe.
Podem até pedir pela morte,
Esquecendo do ar suspiro.

Podem vogar por Pan,


Se esquecendo de Gaia.
A flauta já esta partida
E o verde corrompido.

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44
Lembranças de outros tempos

A algum tempo
Tenho lembranças:
De Vida e morte.
Mentiras e verdades.

Minha mente se confunde,


Entre projeções,
Entre verdades
E entre meias histórias íntegras.

Julgo ser assim pelo sentimento


Recorrente em meus dias de:
Sentir falta de algo que nunca tive.
Invenção ou esquecimento?

Me perco em pensamentos de origem duvidosa,


E volto com clarezas estrangeiras.
Memórias inventadas ou
Lembranças de outros tempos?

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Muitos por ai querendo tudo/
E eu aqui do querendo um/
Aquele quase inatingível/
Que me corrompe em quase todos os sentidos/

Um sorriso angelical /
Que me faz sempre/
Perder o sentido/
No final/

Um jeito distante/
Bem pouco importante/
Depois que se conhece/
Ele por apenas um instante/

Uma pessoa que te faz mal/


Mas que por algum motivo incompreensível/
Pra você e o tal/

Que num contentamento descontente/


Te deixa nas nuvens, e que quando/
Fala com você e completamente/
Incoerente e inexplicavelmente perficiente

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Você não me aceita
Você não me aceita
Como posso continuar?
Eu não estou sendo eu

Você não me conhece mais


Não consegue me ver
Eu não o estou conseguindo ser eu

Saindo, o tempo todo de casa


Nao consigo mais ficar sozinha
Eu n consigo mais ser eu

Você está me escondendo


Dizendo que me ama
Eu não estou sendo eu com vc

Eu não posso mais ficar


Mas n consigo sair
Desse círculo vicioso
Sem aceitação
Eu n consigo mais ser eu

Eu morro um pouco a cada segundo


Saindo e bebendo
Pra te esquecer
Mas quando passa pesa eu n estar mais sendo eu

Você está me prendo


Você está me matando
Se é por amor eu n sei mas eu não sou mais eu

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amora 13/6/2017
Ela é linda
Cara, cê não tá ligado
Ela é a mina dos meus sonhos
Até parece que sou aluado

Ela desenha e eu escrevo


Que ironia
Por ela eu fico na minha

Ela é uma rosa


A melhor que eu já vi
A melhor de todo o jardim
E eu sou o cravo
Mas por ela
Eu viro um beija-flor
Só para sentir seu sabor

Ela é tipo um cometa


Que passou e tirou
A graça de todas as estrelas
Ela foi a luz
Que agora me conduz

Todos a querem
Mas quem se atreveu a ter
Desperdiçou
Mas pode deixar
Eu sou uma tesoura sem ponta
E completamente cega por amor
Não vou te largar
E nem te magoar
Eu quero você pra sempre
Não preciso que ninguém comente
Só quero você ao meu lado
Ser para sempre seu amado
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2º música

Não deixe ela ir

Eu conheci uma garota


Com todo o seu charme
Ela passa e encanta
Ela dança e balança

O bonde todo observa


Geral pensa que ela era igual a todas
Mas se enganaram
Eu tive a chance de conhecer aquela garota

Ela tem potencial


Gosta de arte
Escuta música nacional
Toca seu violão
Canta uma canção
Sua timidez me fascina
Essa menina me alucina

Mas eu cometi um erro


Eu a deixei ir
Se você encontrar ela
Não faça o que eu fiz
Como ela não tem igual
Ela é sensacional

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Linha de raciocínio

Dessa vez vou fazer diferente. Pois não consegui


colocar em versos a prosa cintilante que pulsa no meu
peito.
Todos os passados estão acabando: simples, o já
esperado e até os passados que pensei que seriam
futuros.
Isso gera um sentimento estranho difícil de descrever,
Parece vazio mas estou inteira, parece necessidade mais
posso viver sem, parece até nostalgia mas é cedo e vazo
demais.
O que será? Porque sensível?
Por que, por mais que não seja agradável, se tornou
necessário para fechar um ciclo e começar outro?

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3º poema

Você apareceu
Deu um frio na barriga
Você me abraçou
Tudo se encaixou

Naquele momento
A única coisa que eu prestava atenção
Era a sua respiração
Você estava tão longe
De repente estava nos meus braços
Que estavam entrelaçados

Você me traz segurança


Isso é uma lembrança
Que o mundo é bom
Você é a minha felicidade
Nesse mundo tão cheio de desigualdade

Quando peguei na sua mão


Eu senti uma emoção
Sem explicação
Eu senti que te amava

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Que sentimento é esse que sinto/
horas ele é grande e confuso/
às vezes insignificante e sucinto/
poderoso e deveras escandaloso/

invade a minha alma ardendo/


não me deixa em paz faz tempo/
quem o trouxe foi o vento/
Me invadindo em um importuno momento/

me corrompendo de dentro pra fora/


se tornando pra mim fauna e flora/
que me faz sentir como uma linda flor
e ao mesmo tempo me traz dor/

não sei lidar com isso/


não queria que você
tivesse aparecido/
me trazendo coisas desse tipo/

mas não posso mais deixar você ir embora/


pois levaria consigo/
tudo que eu sou mundo a fora/

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você simplesmente bagunçou a minha vida/
que antes era bela e calma/
agora e agitada é totalmente mudada/

agora fico ansiosa mais facilmente/


comecei a lembrar como é/ sentir tudo intensamente/

voltar atrás não dá mais/


pois o que sinto por você/
arde no meu peito/
até demais/

quando você chegou/


virou meu mundo
de cabeça pra baixo/
mas acho que não tenho mais gravidade/
pois agora estou flutuando na maior boa vontade/

não sei se isso é bom ou ruim/


só o tempo irá nos dizer/
mas tenho certeza que quero descobrir/
Isso com você/

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Flor da Primavera

Você pra mim é como flor da primavera,


Demora para se mostrar,
Quando sai é linda de se ver e admirar.
Os seres mais delicados e frágeis sempre estão a te procurar.

Cada pétala bem feita, desenhada...


O perfume que de você se esvai,
Preenche até a alma mais cansada,
Mas como a primavera, sempre acaba.

Você que demora um ano para sair,


E só fica 3 meses antes de partir,
Leva com você o doce ar das manhãs,
e da delicadeza do amanhã.

Da última vez que você me encantou,


Era rosa clara e sem mais nada,
Foi o amor de primavera.
Foi tudo que na época era.

Você durou mais que uma flor comum!


Durou até o outono.
Do inverno não passou.
E nessa primavera não voltou...

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Ele me persegue,
Ele me contem,
Ele me determina,
Passado
Ele não me finca.

Fantasmas me acompanham,
Me questionam,
Me assustam,
Me ensinam,
Me amam.

Vozes sopram minha existência,


Me esfriam por fora,
Me levam pra longe,
Me enterram em terras distantes.

Nelas cresço com raízes fortes!


Dou flores que gritam,
Frutos que sentem
e alimentam a escassez,
Das almas deficientes.

Nesse tempo de planta:


Os passarinhos me tocaram,
cantaram, me encantaram,
me ajudaram e me acompanharam.

Dos animais que abriguei,


Das crianças que alimentei,
Das almas que supri,
Até o lenhador que me feriu,
E me extinguiu…

Agora sou pó de árvore,


Pó de algo já majestoso!
Mas que agora com os pássaros,
Foi liberto ao voo,
Eterno da morte a vida.

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Folhas de outono

As cores quentes,
Que trazem o frio.
As vidas passando aparentes,
As folhas laranjas boiando no rio.

O pôr do sol mais tentador,


Da época mais misteriosa.
Os raios que dão adeus com louvor,
Para a noite chegar curiosa e saudosa.

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Para a morte de tudo
aquilo que acredito
Para a morte de tudo aquilo que acredito.
Para o breve fim de tudo que sinto.
Para o soar alegra das grandes arpas.
Para o barco que me espera para zarpar.

Antes de ir tenho algo a dizer:


Me perdoe por não ter sido nada para você.
Por não ter sido o que você queria,
Por ter esquecido suas conquistas,
E ter ignorado suas vidas.

Desculpe por não poder ficar,


Ou por não poder te esperar.
Por não ser mais do que sou,
Por não ter mais o que eu era.

Por ter andado pelo mundo sem ti.


Por ter vivido enquanto você morria por mim.
Por ter te deixado na escuridão.
Levando a única vela acesa em minha mão.

Por ter te quebrado no chão.


Por ter rasgado seu coração.
Por não ter tido piedade de vós.
Por ter matado qualquer chance de nós.

Quando amanhecer tudo passará,


Como uma leve brisa gelada.
Eu serei sonho.
Eu serei o nada!

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Pensamentos
Quando me pego pensando,
No vago tempo que passou,
Me vejo sonhando,
Com mais do que sou.

Nessas terras de vida,


Nas estradas de ida,
Das nunca chegas…
Nas intensas partidas.

Quando se pensa na doçura passageira,


na felicidade intocada,
na amargura estável
e imutável.

Na bebida que já não tem mais gosto,


Da comida que já não se aprecia,
No por e amanhece esquecidos,
Nos amores gastos e cansados.

Nesse mundo de farsas,


A verdade é ofensa!
e a mentira é bonita,
admirada e bem vista.

Mas apesar de tudo isso,


você meu senhor, é o meu começo e fim.
Meu preço mais alto.
Meu último ato.

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Liberdade

Ela na sua forma mais simples


É viver a vida como bem entender,
Sem se prender,
Ao que não te faz bem.

Sair pra dançar sem pensar no amanhã,


Não tem ninguém te segurando,
Te impedindo de se mover,
De decidir sair andando.

Difícil de explicar.
Mas todos a entendem,
Todos a querem,
Poucos a tem.

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Ascensão

Naquela tarde de primavera,


Jaz ali tudo que eu era.
A inspiração da canção,
Que nunca mais se ouviria em um coração.

Do olhar, brilho da alma,


Da transmissão da minha última ascensão.
Da explosão cometida.
Da supernova já eclodida.

Na quentura da pele arduamente ferida.


Dos riscos na superfície cristalina do disco.
Do movimento tênue do primeiro fio a última célula,
Está esvaindo de mim tudo que me fazia bela.

De toda supernova que morre,


De toda explosão que acaba com ela,
De toda emoção contida na atmosfera.
Tchau e boa sorte mãe terra.

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Crer

No perder visível,
Me sinto incrédula.
Entre o terrestre coberto pelo véu,
Do céu constante parado e fumante.

Nessa vida inconstante sinto me parada,


Cansada de correr atrás da verdade,
Que todos me descrevem,
Mas ninguém tem.

Da hipocrisia visível da vida,


Na paranoia de sua perfeição!
Que não existe…
E nem se consegue alcançar.

Correndo ao encontro do acaso,


Mas me senti acolhida pela morte.
De abraço frio constante,
Sem saída, sem idas nem vindas.

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Janela

Janela para dois mundos.


Os dois iluminados.
Com um se inicia o olhar,
E o outro é capaz de te tirar o ar.

Cores perfeitas,
Minuciosamente colocadas,
Mas parecem que foram pintadas.

A paleta de laranja salta,


O roxo ameniza,
E o azul enfatiza.

As estrelas são notadas.


Como mapas na madrugada.

Nascer do sol de primavera,


Céu de fim de tarde de outono,
Sol que aquece, acolhe e dá sono.

Madrugada para pintar.


Lua pra sonhar.
Sol pra cantar.
Tudo isso no céu pra te encantar.

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