Você está na página 1de 8

INTRODUÇÃO

A relação da matemática com a música é simples: A música mesmo é matemática.


Podemos ver isso na contagem dos compassos, o cálculo do valor relativo das figuras de duração
das notas, etc...
Nos valores das notas acontecem somas, subtrações, se multiplica ou se divide. Além
disso o som como fenômeno físico se pode medir por frequências, que também são calculados
com números.
Quando eu era adolescente pensei que finalmente tinha me liberado das ciências exatas
(incluindo a matemática), ao eu ter escolhido ir a estudar pelo ramo das artes e especificamente
da música. Mas quando comecei a estudar a escrita musical e entendê-la percebi que a
matemática tinha chegado a minha vida para jamais sair!
Desde os tempos da Grécia antiga, com Pitágoras (o pai da divisão das notas musicais), a
música tem tido uma estreita relação com a matemática. Nós podemos ver isso nas medidas de
compasso, as divisões de tempos e nas figuras de notas, também na criação das escalas musicais
e suas respectivas alturas de notas. Vamos a analisar vários desses aspectos a continuação:

1) A matemática na escrita musical​:

​1.a.​- ​Nas figuras de notas​:


A representação da duração dos sons é feito através das figuras de notas e suas
respectivas figuras de pausas.
Se definimos a figura de maior duração (a semibreve) como a unidade máxima dando para ela o
valor de 1 (um), podermos definir o valor em sequência das outras seis figuras de menor
duração.

Se multiplicamos o valor de uma dessas figuras vezes 2 teremos o valor da próxima figura na
sequência:

Exemplo:

= 4 , então 4 x 2 = 8 ou seja ( )

= 8 , então 8 x 2= 16 ( ), e assim porém


​1.b​.- ​Nas cifras indicadoras de compassos​:

A a velocidade de uma música é contada com batidas ou “tempos” e estes são agrupados
em divisões também feitas de quantidades iguais de batimentos, essas divisões se dá o nome de
compassos. Esta contagem se repete ao longo da peça musical. Para definir o número de
batimentos por compasso se usam umas cifras indicadoras escritas em forma de fracção, da
seguinte forma:

a)

b)

c)

Igual como na matemática, o número superior se chama ​NUMERADOR


E o numero inferior se chama ​DENOMINADOR

O Numerador​: indica quantas batidas entram em cada compasso

O Denominador​: indica o numero da figura de nota que ocupará cada batida

Analizando o exemplo d, se pode interpretar da seguinte forma:

d)

6​= seis batidas 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6

8​= (colcheia)
Então podemos concluir que temos um compasso de seis batidas, e cada batida
representa uma (1) colcheia, ou seja, entram seis colcheias por cada compasso.
1.c - A matemática das escalas musicais

Muitos povos e culturas criaram suas próprias ​escalas musicais​. Um exemplo foi o povo
chinês, que partiu da experiência de Pitágoras (utilizando cordas).

Eles tocaram a nota Dó em uma corda esticada e depois dividiram essa corda em 3 partes, como
acabamos de mostrar. O resultado dessa divisão foi a nota Sol.

Ao observar que essas notas possuíam uma harmonia entre si, eles repetiram o procedimento a
partir dessa nota Sol, dividindo novamente esse pedaço de corda em 3 partes, resultando na
nota Ré.

Essa nota matinha uma harmonia agradável com a nota Sol e também com a nota Dó. Esse
procedimento foi então repetido a partir da nota Ré, dando origem à nota Lá. Depois, partindo
de Lá, chegou-se à nota Mi.

Quando eles repetiram esse procedimento de dividir em 3 partes a corda mais uma vez, dando
origem à nota Si, houve um problema, pois a nota Si não soava muito bem quando tocada junto
com a nota Dó (a primeira nota do experimento).

De fato, essas notas eram muito próximas uma da outra, o que causava um certo desconforto
sonoro. Por isso, os chineses terminaram suas divisões obtendo as notas Dó, Sol, Ré, Lá e Mi,
deixando a nota Si de lado.

Essas notas serviram de base para a música chinesa, formando uma escala de 5 notas
(​Pentatônica​). Essa escala pentatônica, por ser agradável e consonante, representou muito bem
a cultura oriental, que sempre foi pautada na harmonia e estabilidade.

Desde sua criação até os dias de hoje, a escala pentatônica representa uma ótima opção para
melodias, como já comentamos no tópico “​escala pentatônica​”. Mas vamos voltar ao assunto de
notas e frequências, afinal só mostramos até agora 5 notas da escala.

2) A matemática na física das notas musicais:

Cada uma das sete notas musicais definidas como as notas principais (Dó, Ré, Mí, Fá, Sol,
Lá, Sí) são repetidas nas diferentes oitavas tanto para as mais agudas enquanto as mais graves.
Tomando as notas da oitava chamada como central, e tomarmos a nota Lá como referência, ela
tem a frequência de 440 Hz (1 Herz é a unidade de medida da vibração das ondas sonoras). Se
multiplicamos essa quantidade vezes 2 teremos a seguinte oitava aguda do mesmo Lá (880 Hz)

Lá ​4​. ​ = 440 Hz ​x​ 2 = 880 Hz

Então o ​Lá ​5​ ​ é = ​880 Hz

Pelo contrário se fizermos divisão da mesma cifra entre 2, da nota ​Lá ​4 teremos a cifra da oitava
inferior, ou seja o ​Lá ​3
Lá ​4​. ​ = 440 Hz ÷ 2 = 220 Hz

Então o​ ​Lá ​3​ ​ é = ​220 Hz

2.a - A matemática das 12 notas

A música ocidental, que trabalha com 12 notas, não descartou a nota Si como a cultura
oriental havia feito.
Os ocidentais observaram que as notas Dó e Si eram próximas uma da outra e decidiram criar
uma escala mais abrangente. Nessa escala, todas as notas deveriam ter a mesma distância umas
das outras. E essa distância deveria ser o intervalo que havia entre Dó e Si (um ​semitom​).
Ou seja, entre Dó e Ré, por exemplo, precisaria existir uma nota intermediária, pois a distância
entre Dó e Ré (um ​tom​) era maior que a distância entre Dó e Si (um semitom).
Por meio da análise de frequências, descobriu-se que multiplicando a frequência da nota Si pelo
número 1,0595 chegava-se na frequência da nota Dó, observe:
● Frequência da nota Si: 246,9 Hz
● Frequência da nota Dó: 261,6 Hz

Multiplicando a frequência da nota Si por 1,0595 teremos:


● 246,9 x 1,0595 = 261,6 Hz (nota Dó)

Como nosso objetivo é manter essa mesma relação (distância) para as demais notas, vamos
utilizar esse procedimento para descobrir qual será a nota que virá depois de Dó. Multiplicando
a frequência da nota Dó por 1,0595:
● 261,6 x 1,0595 = 277,2 Hz (Nota Dó sustenido)

Repetindo o procedimento para ver o que vem depois de Dó sustenido:


● 277,2 x 1,0595 = 293,6 Hz (Nota Ré)

Vemos que seguindo essa lógica, podemos formar toda a ​escala cromática​! Ou seja, depois de
multiplicar a frequência da nota Dó pelo número “1,0595” doze vezes, voltaremos à nota Dó.
Isso só é possível porque “1,0595” corresponde ao resultado da raiz:

Observemos que essa raiz multiplicada por ela mesma 12 vezes é igual a 2:

E já vimos que uma nota multiplicada por 2 é ela mesma uma oitava acima.
Agora sim podemos ver claramente que esses números não saíram do acaso. O objetivo desde o
início foi dividir uma escala em 12 partes iguais, de maneira que a última nota voltasse a ser a
primeira.
Foi assim que surgiu a ​escala temperada​, também chamada de cromática de doze semitons.

3) -​ ​A música na era digital: apenas dois números, 0 e 1​:

As músicas por si só são frequências produzidas por bons instrumentos e estimulam


uma boa ​sensação auditiva e espiritual nas pessoas. Essas ondas são convertidas por meio
de um código já definido em 1 e 0, especificamente em milhares por segundo. É estabelecida
uma quantidade básica de 1 e 0 de 44.100, e esta quantidade é a que contém um segundo de
música. Este padrão de música digital é chamado de ​PCM (pulse code modulation), código
de modulação em pulsos, uma vez que o que se faz é converter a música em pulsos de um e
zero. Os pulsos obedecem a uma lógica que representam as ondas sonoras.

Estes e outros elementos nós podemos ver se analisarmos cada um dos aspectos da
música, tanto na escrita enquanto a sua execução e todos os elementos que a compõem.
Dessa forma fica demonstrado quanto tem a ver a música com a matemática e sua
estreita relação com a linguagem que ela produz, aspecto que muitos não percebemos mas
que mesmo assim estão presentes a cada nota e cada tom e ritmo da música, essa arte tão
apreciada e da qual tanto nos servimos no nosso acontecer diário, presente em muitos
momentos das nossas vidas.
CONCLUÇÃO​:

Desde Pitágoras até nossos dias, a matemática tem sido parte vital na organização,
compreensão, execução, cálculo e na escrita da música.
Como fenómeno artístico, de lazer, ou apenas entretenimento, a música se serve da
matemática em diferentes formas, pois ela está presente nas notas musicas, suas diferentes
alturas de notas, na divisão das figuras, no batimento do ritmo e nos compassos, seja música
occidental ou música oriental, seja na música produzida acusticamente ou na música
eletrônica e digital. Em cada melodia, harmonia ou arranjo, na morfologia dos instrumentos
musicais, a matemática e seus cálculos tem sido ferramenta indispensável e sempre
presente no acontecer musical.
Fontes:

1) https://www.descomplicandoamusica.com/matematica-na-musica/
2) https://queconceito.com.br/musica-digital

Você também pode gostar