Você está na página 1de 3

Direito Civil III

Por: Daniel Azevedo de Oliveira Maia


AULA 2
2.3.3 – Elementos de eficácia (eficaciais do contrato) – A validade trabalha com a
adequação do conteúdo contratual à norma, e a eficácia com a produção dos efeitos desse
mesmo contrato no ordenamento jurídico. São elementos que, colocados no contrato,
condiciona a produção de efeitos. Ex.: “Te dou um carro, se você passar no vestibular"

São tratados a partir do art. 121 do Código Civil.

1 ) Condição – Futuro + Incerteza (Atrela a eficácia do negócio jurídico)

É a cláusula contratual livre e espontaneamente colocada pelos sujeitos contratantes que atrela
a eficácia do Negócio Jurídico a um evento futuro e incerto. Futuridade e incerteza são os
elementos caracterizam a condição.

Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das
partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

1.1. Suspensiva
1.1.1 – Puramente potestativa – Tidas como não-escritas (inexistentes).
1.1.2 – Potestativa
1.1.3 – Mista

Exemplos de contratos feitos com condição


Doação onerosa.
Doação Propter núpcias
Alienação fiduciária

1.2. Resolutiva
Ex.: Empréstimo, comodato.

2 ) Termo – Determina o dia de início e o dia de término da eficácia do negócio jurídico. É


futuro (assim como a condição) e certo. Marca os dias a quo e dies ad quem da eficácia do
negócio jurídico. Da conceituação de termo, é que se trabalha os outros elementos eficaciais:
Ex.: Multo, juros de mora, perdas e danos, responsabilidade civil, etc.

3 ) Encargo (ou modo) – É um evento futuro e certo. É um ônus que é entregue ao


beneficiário do Negócio Jurídico, para que esse beneficiário realize o encargo em favor de
terceiro ou outro contratante.

Difere do Termo, pois este não tem o ônus.

4. Principiologia contratual
O direito contratual rege-se por diversos princípios, alguns tradicionais e outros modernos.
No Ordenamento Jurídico há os princípios e as regras. Do conjunto de princípios e regras,
surge o mundo do dever ser, a norma jurídica. Todo princípio e toda regra, fundamentam uma
norma jurídica. Princípios e regras também são normas. As normas constitucionais são
verdadeiras normas-principios e verdadeiras normas-regras.
Logo: Norma-Princípio + Norma-Regra = Norma Jurídica.
O Código Civil de 2002 é eminentemente principiológico.

Quando se fala no ordenamento jurídico privado (Código Civil), deve-se ter a ideia de que a
norma jurídica obtida sempre deve resultar da prevalência de uma norma-princípio.

O contrato é lei, uma norma jurídica.


Para os sujeitos contratantes, o contrato é o mundo do dever ser, que deve ser revestido de um
conteúdo valorativo.

O princípio deve prevalecer sob a regra, pois ele é quem fundamenta a regra, então ele é quem
prevalece. A regra conflita com o princípio. Quando um princípio conflita com outro princípio,
deve-se fazer uma ponderação dos interesses em jogo, há o falso conflito de princípios
(antinomia). A forma de superação desse conflito é o balanço dos interesses. Quando uma
regra conflita com outra regra, aplica-se a especificidade, hierarquia e cronologia.

PRINCIPIO + REGRA: Prevalece o princípio (pois o princípio fundamenta a regra).


PRINCÍPIO + PRINCÍPIO: Chama-se falso conflito de princípios (quando 2 princípios se
conflitam, a forma de superação desse conflito é o balanço de interesses).

1 ) PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE

Desde o Direito Romano, as pessoas são livres pra contratar. Essa liberdade abrange o direito
de contratar se quiserem, com quem quiserem e sobre o que quiserem.
Resulta na livre disposição patrimonial dos sujeitos contratantes. Trabalha conjuntamente com
o princípio do pacta sunt servanda. Ele se desdobra em 3 outros sub-princípios:

1.1 – Liberdade de contratar – Liberdade de contratar ou não.


1.2 – Liberdade de com quem contratar - Liberdade de escolher o outro sujeito contratante.
1.3 – Liberdade do quê contratar - Liberdade de escolher o conteúdo contratual.
CONTRATOS DE ADESÃO X CONTRATOS OBRIGATÓRIOS

Ferem as liberdades de contratar e de com quem contratar? Os contratos de adesão e


obrigatórios não ferem a autonomia de vontade nomeadamente dentro dos 2 primeiros sub-
princípios. O contrato de adesão é aquele cujas cláusulas encontram preestabelecidas.
Os contratos de adesão são aqueles apresentados prontos para aceite, já elaborados e até
mesmo impressos por uma das partes. Geralmente voltados para o público em massa, as
pessoas que aceitam este tipo de contrato aderem às suas condições tal qual foram propostas,
não restando oportunidade de discutir ou modificar o conteúdo de suas cláusulas. Daí a
denominação "contratos de adesão". Em conseqüência da existência de uma desigualdade de
poderes entre as partes, muitas vezes ocorre um desequilíbrio significativo entre seus direitos e
obrigações. São as chamadas cláusulas abusivas que descrevem comportamentos contrários
aos princípios contratuais. Exemplos típicos de contratos de adesão são os utilizados pelos
serviços públicos, como fornecedoras de água, luz e concessionárias de serviços de telefonia.

2 ) PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS (Pacta Sunt Servanda)

Significa a irreversibilidade da palavra empenhada (a vontade imposta no momento do


contrato, não pode voltar atrás). Á luz da autonomia, se alguém declara sua vontade, essa
vontade passa a ser obrigatória."O princípio da força obrigatória dos contratos ou das
convenções que leva à intangibilidade dos contratos é aquele segundo o qual o contrato faz lei
entre as partes (pacta sunt servanda). Isto é, uma vez aperfeiçoado o contrato e preenchido os
requisitos de validade, as obrigações geradas devem ser fielmente cumpridas, respondendo o
inadimplente com seu próprio patrimônio".
3 ) PRINCÍPIO DA EFICÁCIA RELATIVA SUBJETIVA DOS EFEITOS DO CONTRATO

Por esse princípio, a avença apenas vincula as partes que nela intervieram, não aproveitando
nem prejudicando terceiros, salvo raras exceções. Quando “A” estabelece contrato com “B”, no
primeiro momento, “C” não tem nada a ver com aquela relação (Essa é a regra). Porém, há
alguns contratos em que os efeitos são estendidos a terceiros (Essa é a exceção)

1. Contrato com pessoa a declarar


2. Promessa de fato de terceiros
3. Estipulação em favor de terceiro

São três hipóteses em que, mesmo o contrato celebrado entre “A” e “B”, tem eficácia com “C”.

RESUMINDO: De acordo com este princípio, os efeitos do contrato só se produzem em relação


às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não
afetando terceiros nem seu patrimônio.

Você também pode gostar