IGEPAC-BELA VISTA: NUEVAS PERSPECTIVAS PARA EL CAMPO DEL PATRIMÓNIO CULTURAL EN SÃO
PAULO
IGEPAC-BELA VISTA: NOVAS PERSPECTIVAS PARA O CAMPO DO
PATRIMÔNIO CULTURAL EM SÃO PAULO
IGEPAC-BELA VISTA: NEW PERSPECTIVES TO CULTURAL HERITAGE FIELD IN SÃO PAULO
IGEPAC-BELA VISTA: NUEVAS PERSPECTIVAS PARA EL CAMPO DEL PATRIMÓNIO CULTURAL EN SÃO
PAULO
ABSTRACT:
The article was developed in the scope of postgraduate research whose main object is an important instrument for the
recognition of the cultural heritage of Bela Vista district, in São Paulo, carried out by the municipal preservation
department: Inventário Geral do Patrimônio Ambiental, Cultural e Urbano de São Paulo - Bela Vista, elaborated in the
1980s. IGEPAC-Bela Vista was one of the pioneering municipal public initiatives in the field of heritage preservation,
which had this neighborhood as a space cut and whose methodology considered not only the examples of exceptional
architecture, but also the whole of small buildings with non-monumental character. This innovative conception was
consonant with the debates regarding the expansion of the concept of heritage in the academic field and in the
preservation public departments from the 1970s. In addition, social and urban transformations had the neighborhood
as a focus in that period and may have posture of the preservation public department in the realization of the inventory
as a possibility of elaboration of protection policies.
KEYWORDS: IGEPAC-Bela Vista; Cultural heritage; Inventory; Bela Vista.
RESUMEN:
El artículo sometido fue desarrollado a partir de una investigación de posgrado, cuyo objeto es un importante
instrumento de reconocimiento del patrimonio cultural del barrio de Bela Vista, en São Paulo, realizado por el
departamento de preservación municipal: Inventário Geral do Patrimônio Ambiental, Cultural e Urbano de São Paulo -
Bela Vista. El IGEPAC-Bela Vista fue una de las iniciativas públicas municipales pioneras, en el campo de la preservación
del patrimonio, que tuvo ese barrio como recorte espacial y cuya metodología consideró no sólo los ejemplares de
arquitectura excepcional, sino el conjunto de edificaciones de carácter no monumental. Esta concepción innovadora fue
consonante a los debates relativos a la ampliación del concepto de patrimonio en el ámbito académico y en los
departamentos de preservación a partir de la década de 1970. Además, transformaciones de orden social y urbanístico
tuvieron el barrio como foco en aquel período y pueden haber balizado la postura del departamento de preservación en
la realización del inventario como posibilidad de elaboración de políticas de protección.
PALABRAS-CLAVE: IGEPAC-Bela Vista, Patrimonio cultural, Inventario, Bela Vista.
INTRODUÇÃO
A Bela Vista é um dos bairros da coroa central de São Paulo que surgiram em um primeiro movimento de
expansão da cidade desde seu núcleo urbano primário, a partir da chegada das indústrias e do decorrente
crescimento populacional, na segunda metade do século XIX. A antiga Chácara do Bexiga foi arruada, loteada
e passou a receber uma parcela do fluxo de imigrantes europeus, principalmente italianos, que chegavam à
cidade nesse contexto. Devido ao fato de no bairro não ter sido construída nenhuma fábrica de grande porte,
provavelmente pela distância significativa com as linhas férreas que atravessavam São Paulo, os grupos
sociais que lá residiriam eram, em sua maioria, trabalhadores informais, comerciantes e pequenos
empresários.
Os imigrantes de origem italiana foram os principais responsáveis por popularizar o emprego do tijolo de
barro como tecnologia construtiva e por adotá-lo em larga escala dentro do contexto do rápido crescimento
urbano. Destaca-se a atuação dos chamados “capomastri”, ou mestres de obras italianos. No caso da Bela
Vista, por ter sido um bairro originalmente voltado para camadas populares, os lotes eram pequenos, com
testada estreita e grande profundidade, e neles foram alocadas residências e edificações de uso misto com
características mais modestas.
As casas foram usualmente construídas no alinhamento frontal do terreno, podendo ter sido um pouco
recuadas, na intenção de dar espaço para um futuro salão de negócios. Eram edificações elevadas do chão,
espaço ocupado pelo porão, afim de proteger o assoalho de madeira e melhorar as condições de salubridade
da construção. Em sua maioria, não apresentavam beirais, mas sim telhados arrematados com platibandas.
Sobre estas platibandas apareciam ânforas, que são características da arquitetura neoclássica de influência
italiana. As edificações formavam, em conjunto, uma massa compacta de casarios homogênea.
Não se pode deixar de lado a importância da presença dos negros na história do bairro. Concentravam-se,
em sua maioria, próximos ao córrego Saracura, que correu a céu aberto até meados do século passado,
quando da construção da Avenida Nove de Julho, que fazia parte do Plano de Avenidas do prefeito Prestes
Maia. Era uma área de várzea bastante desvalorizada do ponto de vista imobiliário e que, por esse motivo,
não fora contemplada no loteamento original do bairro. A Escola de Samba Vai-Vai é uma das referências
culturais, tanto enquanto lugar quanto forma de expressão, com o samba, a música e o carnaval, que
representa e dá identidade aos grupos negros presentes no bairro até os dias atuais. O mesmo vale para a
Pastoral Afro, em atividade na Igreja Nossa Senhora da Achiropita, há exatos 30 anos.
Tendo em vista a extensa e rica bibliografia sobre a Bela Vista, em São Paulo, enquanto artefato histórico e
arquitetônico construído e ocupado, em grande parte, por imigrantes e descendentes de origem europeia
desde o final do século XIX1, a pesquisa de pós graduação em andamento se propõe a incidir luz sobre outro
recorte. A partir da década de 1970, intensificaram-se as pesquisas, tanto nos campos da arquitetura e do
urbanismo quanto da sociologia urbana, a respeito da distribuição territorial das classes populares pelo
tecido urbano das grandes cidades brasileiras.
O campo da habitação social foi reforçado por pesquisas que se debruçaram sobre a questão dos cortiços
enquanto problema de moradia na região central. Grande parte delas atribui a sua permanência enquanto
modalidade de habitação de aluguel buscada por famílias de baixa renda como decorrência da dominação
do valor da terra e das ações do Estado sobre a cidade e, portanto, da produção do espaço urbano pela classe
dominante.
Pedro Arantes (2009) traça um panorama da produção dos intelectuais que ensaiaram as primeiras
formulações em torno de uma teoria crítica da urbanização na periferia do capitalismo, no decorrer da
década de 1970. Tanto os pesquisadores vinculados ao Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap),
como Paul Singer, Francisco de Oliveira e Lúcio Kowarick, quanto os ligados à FAU-USP, entre eles Ermínia
Maricato, Nabil Bonduki e Rodrigo Lefebvre, buscaram relacionar a condição de subdesenvolvimento do país
no contexto do capitalismo internacional com a reprodução da força de trabalho no meio urbano.
É importante colocar que apenas o segundo grupo insere a forma urbana como real objeto de análise, tendo
o primeiro se debruçado sobre o tema sob uma perspectiva mais econômica e/ou sociológica e discutido as
características urbanas de maneira não tão aprofundada, segundo o autor. Ademais, Arantes considera a
contribuição do sociólogo Manuel Castells e sua formulação de uma teoria marxista da urbanização no início
dos anos 1970 como o principal ponto de referência e de conexão entre esses intelectuais. Para o pesquisador
espanhol, a questão urbana se coloca como processo de reprodução social da força de trabalho na cidade. A
coletânea de artigos organizada por Castells em 1973 foi fundamental para a disseminação dos conceitos de
marginalidade e urbanização dependente e para o fortalecimento do campo de pesquisa ligado ao
crescimento urbano acelerado das grandes cidades latino-americanas.
Ermínia Maricato (2011) também apresenta essa rede de intelectuais que estavam estruturando, a partir de
meados dos anos 1970, o pensamento crítico sobre a cidade periférica. Segundo ela, eles utilizavam como
base teórica o princípio marxista de que o espaço urbano, como qualquer mercadoria, é uma produção social
e que a cidade no capitalismo periférico é, em suma, a cidade dos baixos salários e da informalidade
estrutural.
A autora destaca as produções de Carlos Lemos e Maria Ruth Amaral Sampaio, que realizaram levantamentos
de moradias em bairros periféricos em São Paulo, Sérgio Ferro, Francisco de Oliveira e Carlos Nelson dos
Santos, o qual contribuiu para ampliar o conhecimento sobre as estratégias das classes pobres para dar conta
de sua sobrevivência no meio urbano, a partir de sua experiência na favela Brás de Pina, no Rio de Janeiro.
1
Destaquem-se as publicações de Carlos Lemos, entre elas “Alvenaria Burguesa: breve histórico da arquitetura residencial de tijolos
em São Paulo a partir do ciclo econômico liderado pelo café (1989)”; de Benedito Lima de Toledo, como “São Paulo: três cidades em
um século (1983)”; “Arquitetura Italiana em São Paulo” (2007), de Anita Salmoni e Emma Debenedetti; e, mais recentemente, a
dissertação de mestrado de Sheila Schneck (2010): “Formação do Bairro do Bexiga em São Paulo: loteadores, proprietários,
consultores, tipologias edílicas e usuários (1881-1913)”. É importante pontuar a presença dos imigrantes italianos na construção
desse território como objeto de pesquisas de Ana Lucia Duarte Lanna. Um de seus artigos sobre o tema integra a publicação “São
Paulo, os estrangeiros e a construção das cidades” (2011), da qual também faz parte como organizadora.
Acrescenta que essa rede não esteve atrelada apenas ao âmbito acadêmico, mas foi alimentada e alimentou
movimentos sociais e órgãos públicos de gestão urbana.
Nabil Bonduki (1983) discorre sobre como a história urbana de São Paulo foi resultado das condições gerais
de urbanização necessárias à efetivação de um padrão específico de desenvolvimento industrial capitalista
urbano. No entanto, mesmo com os esforços da elite para transformar o espaço no sentido da acentuação
da segregação territorial e do crescimento periférico, os cortiços se mantiveram como opção de moradia de
aluguel para as classes populares devido, principalmente, à sua localização central. A maioria foi instalada
nas preexistências de bairros históricos da coroa central, como a Bela Vista, fator que tensiona a prática
preservacionista nesses locais e o campo disciplinar do patrimônio.
Ainda no âmbito desse campo disciplinar, adiciona-se ao debate a produção de Andrea Piccini (1999),
fundamental para a compreensão dos conceitos, da atuação da gestão pública e dos problemas sociais
relacionados aos cortiços em São Paulo. O autor enfatiza a importância dos relatórios “Cortiços em São Paulo,
frente e verso”, finalizado em 1986, e “São Paulo: crise e mudança”, de 1990, ambos organizados pela
Secretaria Municipal do Planejamento. O principal objetivo dos relatórios, além de detectar as condições de
moradia nesses imóveis, foi estimar a população residente em cortiços nos bairros centrais. Piccini, ao se
referir a esses relatórios, chama a atenção para a dimensão da população encortiçada à época na cidade:
estimou-se um crescimento de 17,7% em 1980 e de 28% em 1990 da população residente em cortiços.
As décadas de 1970 e 1980 foram também cruciais para o patrimônio como categoria de pensamento. Como
observa Flávia Brito (2016), essa categoria foi ampliada com o alargamento da noção de patrimônio, dada a
contribuição da Carta de Veneza, em 1964, e com a consideração, cada vez mais presente, dos conjuntos
patrimoniais como artefatos materiais de documentação histórica, em contrapartida à tradicional noção de
bem isolado e de características arquitetônicas excepcionais. Dessa forma, o caráter de monumentalidade
de imóveis individuais foi relativizado e os centros urbanos também passaram a ser selecionados não apenas
pelos valores estilísticos e arquitetônicos que mobilizam, mas como documentos dos processos históricos e
sociais.
Nesse momento, novos conceitos foram trazidos à tona, como os de patrimônio ambiental urbano, que
colocou os campos da preservação do patrimônio, do planejamento urbano e do meio ambiente em diálogo,
e de patrimônio cultural, elaborado no intuito de representar a nova gama de valores reconhecidos nos
monumentos e conjuntos. O primeiro, reforçado por Ulpiano de Meneses e objeto do curso de especialização
intitulado “Patrimônio Ambiental Urbano”, oferecido pela FAU-USP em 19782, tem como premissa colocar
em conjunto as edificações, os espaços urbanos, a paisagem, o meio físico e a população local como
elementos do patrimônio, de modo a compor o quadro material que dá suporte à memória e às práticas
culturais e permite preservar o meio ambiente. Já o segundo, conceituado por Hugues de Varine-Bohan,
assessor técnico da Unesco na década de 1970, é composto por três conjuntos de elementos principais: os
2
Esse curso foi organizado por Carlos Lemos e pela geógrafa Maria Adélia de Souza na FAU-USP. No corpo docente estavam
professores e pesquisadores de formações variadas, como Milton Santos, Aziz Ab`Saber, Ulpiano de Meneses, entre outros, fator que
contribuiu para estruturar o caráter interdisciplinar que o conceito de patrimônio ambiental urbano carrega. É importante citar outro
curso oferecido pela mesma Faculdade no ano de 1974, em parceria com o Iphan, denominado “Curso de Preservação e Restauro de
Monumentos”, com aulas ministradas por Hugues de Varine-Bohan, que introduziu o conceito de patrimônio cultural no âmbito
acadêmico da FAU-USP.
elementos naturais, os bens relativos ao saber e as técnicas humanas e os bens culturais, que engloba
objetos, edificações e conjuntos.
O campo disciplinar em questão recebeu novos enfoques metodológicos, tanto na esfera da produção
acadêmica quanto na atuação dos órgãos de preservação, com suas equipes técnicas em contato com o
debate em curso na academia. Iniciativas levadas a cabo pelo órgão de preservação estadual, durante a
gestão de Carlos Lemos como diretor técnico e da presença de Meneses como conselheiro, ao final da década
de 1970, voltaram a atenção do órgão para o reconhecimento de valor de exemplares de edificações de
habitação social, como vilas operárias, que, segundo Brito, eram considerados menores até aquele momento.
“Como representante do Condephaat, Carlos Lemos discutiu de perto seus conceitos [de patrimônio
ambiental urbano] e passou a defender seu aspecto mais material, das relações com o meio físico e com o
espaço urbano”, coloca Brito. (NASCIMENTO, 2016, p. 202)
Mais um fator importante que contribuiu e que ao mesmo tempo foi alimentado pela renovação conceitual
no campo do patrimônio foi a criação do Centro Nacional de Referências Culturais, no âmbito do Iphan, em
1975. O CNRC se consolidou como um centro que fomentou pesquisas que procuraram relacionar o
patrimônio cultural à antropologia, à etnografia e à aproximação com a cultura popular, em contraposição à
postura predominante do órgão de preservação federal de valorização do patrimônio consagrado, vinculado
a uma narrativa predominante e única de passado nacional. Para Maria Cecília Londres, o centro e o conceito
de referência cultural trazido por ele tinham o propósito, nesse contexto, de atuar em prol de uma nova
forma de atuação na área de cultura, entendida como o principal domínio de diversidade e de identidade
dos grupos sociais3.
Essas novas ideias no campo culminaram na ratificação do artigo n. 216 da Constituição Brasileira de 1988,
que trouxe uma nova matriz de pensamento para a preservação do patrimônio cultural. O artigo prevê que
a seleção dos bens de importância cultural e histórica deve levar em conta os valores atribuídos pelos
diversos grupos sociais e as relações de identidade que as comunidades estabelecem a partir deles. Essa nova
abordagem é distinta da postura predominante dos órgãos de preservação, que consideravam as seleções (e
ainda consideram) dos bens culturais com base do Decreto-lei 25 de 1937, primeira lei federal de
tombamento, formulada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), que desencadeou
a experiência do patrimônio no país e incidiu luz sobre bens e lugares de valor excepcional e que dialogassem
com a memória oficial e fatos importantes para a história da nação.
Desse modo, é possível notar que, a partir dos anos 1970 e no decorrer da década seguinte, os debates nos
campos da habitação social e da preservação do patrimônio estavam se renovando e incorporando novos
conceitos. De um lado, a estruturação de uma teoria crítica e de um pensamento marxista sobre a reprodução
da força de trabalho e da distribuição das classes populares nas grandes cidades do capitalismo periférico,
3
O CNRC foi concebido pelo artista gráfico Aloísio Magalhães (1927-1982), posteriormente nomeado diretor do Iphan, em 1979,
presidente da Fundação Nacional Pró-Memória, em 1980, e e Secretário da Cultura do Ministério da Educação e Cultura, em 1981.
Maria Cecília Londres coloca que a fundamentação teórica do CNRC se deveu, principalmente, à Aloísio, a partir do seu entendimento
de que a cultura “oficial” se referia a um passado museificado, com “achatamento” de valores. (FONSECA, 2003, p. 91)
alimentados pelas contribuições do sociólogo Manuel Castells. De outro, a elaboração e consolidação dos
conceitos de patrimônio cultural, patrimônio ambiental urbano e referências culturais, fomentados pela
incorporação do planejamento territorial, de edificações e conjuntos com características não excepcionais
do ponto de vista arquitetônico e estilístico e da colaboração dos grupos sociais na seleção dos bens culturais
a serem salvaguardados.
É importante destacar que a Bela Vista tem sido palco de transformações de ordem social e urbanística desde
a década de 1960. Em primeiro lugar, observou-se uma mudança significativa no seu perfil social, conforme
será problematizado mais adiante. Do mesmo modo, importantes modificações de escala urbana tiveram o
bairro como foco. Foi nesse momento que a rua Rui Barbosa, localizada no centro do bairro, teve seu leito
alargado em função de uma lei municipal que resultou na demolição parcial das quadras adjacentes e na
alteração de suas características paisagísticas e de uso. O Plano de Melhoramentos da Bela Vista4 previu
também o alargamento de um trecho da rua Treze de Maio e a abertura da Praça Dom Orione entre as duas
vias.
A partir da década de 1970, pode-se dizer que essas transformações se intensificaram. Em virtude de um
processo de intenso crescimento, que levou a municipalidade a adotar políticas de expansão urbana tendo
como base um modelo predominantemente rodoviarista, o desenho do loteamento original do bairro foi
descaracterizado com a passagem da principal artéria de ligação leste-oeste do município, a Avenida Radial
Leste, e com a construção do Elevado Júlio de Mesquita Neto entre a rua João Passalacqua e a Avenida Vinte
e Três de Maio. Não apenas o desenho das quadras e o traçado original das ruas, mas a paisagem e as relações
e práticas culturais mantidas no entorno também foram impactados.
Nos anos 1970, foi previsto também um anel viário de ligação entre as avenidas Vinte e Três de Maio, Radial
Leste e Brigadeiro Luís Antônio, que acarretou, na década seguinte, um processo de desapropriação e
demolição de antigos casarões construídos sobre o muro de arrimo que separava as ruas Assembleia e
Jandaia, conhecido como Arcos da Jandaia. De acordo com reportagem do jornal O Estado de São Paulo,
publicada em 1985, um levantamento realizado pela Secretaria Municipal da Família e do Bem-Estar Social
no ano anterior havia apontado 26 cortiços instalados nesses casarões. Cerca de 77 famílias alugavam os 119
cômodos disponíveis5.
O processo de desapropriação dos imóveis da rua Assembleia para as obras de reformulação viária foi
encerrado no ano de 1987, durante a gestão do prefeito Jânio Quadros, no mesmo período em que a
municipalidade conseguiu a reintegração de posse dos casarões. Naquele ano, uma empresa foi contratada
para a demolição das edificações e para a recuperação e conservação do muro de contenção entre as ruas
Jandaia e Assembleia, que estava encoberto sob as casas. Desse episódio deriva a denominação Arcos do
Jânio, em função da descoberta do muro após a retirada das edificações. As demolições tiveram repercussão
4
O Plano de Melhoramentos da Bela Vista, ou lei n. 4704/554, foi promulgado pelo então prefeito William Salem.
5
No cortiço da prefeitura há até ‘aluguel’. Reportagem publicada O Estado de São Paulo em 18 de agosto de 1985.
http://acervo.estadao.com.br/procura/#!/RUA%20JANDAIA/Acervo///1/1980/ - acesso em dezembro de 2017.
significativa na mídia: o periódico O Estado de São Paulo, por exemplo, publicou diversas reportagens sobre
o episódio durante o ano de 19876.
Mais um episódio ocorrido no início da década de 1980 pode alimentar esse quadro de transformações: a
Sisan Empreendimentos Imobiliários, empresa pertencente ao Grupo Sílvio Santos, adquiriu vários lotes na
quadra compreendida entre as ruas Abolição, Japurá e Jaceguai, cujas construções, entre as quais estavam
uma sinagoga e dezenas de casas construídas no início do século XX, foram demolidas para dar lugar a um
único terreno de grandes dimensões ao redor do Teatro Oficina. De acordo com Afonso Luz e Anna Dietzsch,
esses lotes tiveram como ponto de partida um estacionamento que já era de propriedade do grupo, em um
ponto que havia sido estabelecido como miolo de quadra a ser preservado por se tratar de área drenante e
de contenção das águas do córrego do Bexiga7.
O Teatro, que acompanhou à sua frente a implantação da Avenida Radial Leste e do Elevado Júlio de Mesquita
Neto e que chegou a incorporar parte dos resíduos das demolições geradas pela construção do viaduto como
elemento cenográfico8, estava sob ameaça, tanto enquanto prática teatral quanto pela manutenção da sua
edificação, presente ali desde os anos 1950. A companhia conseguiu, junto ao órgão estadual de preservação,
o tombamento da edificação e da área envoltória, no ano de 1982, mas a implantação do empreendimento
no terreno do Grupo Sílvio Santos tem gerado polêmica e tem sido debatido até os dias atuais.
A iminência da construção de outro grande empreendimento imobiliário, dessa vez no terreno da Vila
Itororó, conjunto de residências construídas no início do século XX por Francisco de Castro, localizado nas
proximidades da Avenida Vinte e Três de Maio, chamou a atenção nesse período. O jornal O Estado de São
Paulo anunciou, em 1981, a oferta do terreno da Vila para a iniciativa privada. O anúncio gerou reação por
parte do Instituto de Arquitetos do Brasil, que encaminhou pedido de tombamento do conjunto ao órgão de
preservação estadual.
De acordo com Sarah Feldman e Ana Castro, “ancorado na proposta de recuperação urbana de 1975, a
solicitação era justificada por ‘considerar o conjunto uma construção singular, um testemunho da ocupação
histórica e espontânea da cidade’” (CASTRO, FELDMAN, 2017, p. 11) O parecer sobre o pedido de
tombamento foi elaborado quatro anos depois por Ulpiano de Meneses, que desaconselhou o tombamento
por se mostrar preocupado com a permanência da população residente na vila, que se mostrava encortiçada
naquele momento. Posteriormente, a vila foi incorporada na resolução de tombamento da Bela Vista,
promulgada em 2002, como uma das áreas especiais de preservação.
6 Diversas reportagens do O Estado de São Paulo foram publicadas sobre a demolição dos casarões: Implosão: 4 segundos de
perfeição, de 27 de dezembro de 1987; Implosão afetará vizinhança, de 24 de dezembro de 1987; Mais demolições na rua Jandaia,
de 3 de setembro de 1987; Prefeitura encerra a demolição de sobrados, de 9 de maio de 1987; Prefeitura implodirá casarões, de 15
de dezembro de 1987. Fonte: http://acervo.estadao.com.br/procura/#!/RUA%20JANDAIA/Acervo///1/1980/ - acesso em dezembro
de 2017.
7
Parque Bixiga, patrimônio de São Paulo. Reportagem publicada pela versão online do jornal Le Monde Diplomatique, em 6 de
fevereiro de 2018. https://diplomatique.org.br/parque-bixiga-patrimonio-de-sao-paulo/ - acesso em maio de 2018.
8
José Celso Martinez Correa, diretor da companhia teatral, convidou a arquiteta Lina Bo Bardi para elaborar o projeto cenográfico
da peça Na Selva das Cidades, de Bertold Brecht, estreada em setembro de 1969. Lina propôs como elementos cenográficos materiais
e resíduos provenientes das demolições geradas pela construção do Elevado Júlio de Mesquita Neto.
Figura 1: A Bela Vista como foco de transformações de ordem urbanística entre as décadas de 1960 e 1980. A mancha mais clara delimita o
loteamento original do bairro. Foco 1 (cor de laranja): rua Rui Barbosa, cujo leito foi alargado nos anos 1960, e a Praça Dom Orione. Foco 2
(amarelo): a construção da Avenida Radial Leste e do Elevado Júlio de Mesquita Neto, realizada na década de 1970, seccionou o bairro e
descaracterizou o desenho do loteamento original. Foco 3 (verde): região onde foi construído o anel viário entre as avenidas Radial Leste, Vinte e
Três de Maio e Brigadeiro Luís Antônio, nas proximidades das ruas Assembleia e Jandaia, que culminou na demolição dos antigos casarões sobre
os Arcos da Jandaia. Foco 4 (azul): Vila Itororó, provável alvo para construção de empreendimento privado no início da década de 1980. Fonte do
mapa: Lanna (2011, p. 121). Os nomes das avenidas foram inseridos pela autora.
A chegada de novos grupos sociais acompanhou as mudanças de ordem urbanística do bairro, associadas,
como já visto, à transformações na escala da cidade. O crescimento da importância econômica de São Paulo
como pólo industrial e posteriormente como centro de serviços intensificou a migração de brasileiros de
outras regiões do país a partir de meados do século XX. “Com isso, tem lugar novamente uma recomposição
étnico-cultural da cidade: nasce a São Paulo dos ‘baianos’”, observa Raquel Rolnik (ROLNIK, 2017, p. 40).
Apesar do incentivo à construção de conjuntos e loteamentos destinados à população mais pobre nos bairros
mais afastados do centro e dos movimentos de periferização, realizados por meio de diálogos muito próximos
entre o poder público e a iniciativa privada, os bairros da coroa central com características de uso e ocupação
populares, como a Bela Vista, receberam um grande fluxo de migrantes de baixa renda. Isso se deu,
principalmente, em função da proximidade com fontes geradoras de emprego, de valores imobiliários mais
acessíveis e da presença de um mercado imobiliário “informal” representado pelos cortiços. Os relatórios de
cortiços elaborados na década de 1980, apresentados por Piccini, apresentaram a Bela Vista e a Liberdade
como os bairros com a maior concentração de imóveis encortiçados à época. Esses bairros contavam com
aproximadamente 155 cortiços/km2 (PICCINI, 1999: p. 67).
A manutenção da população local e os valores atribuídos aos bens culturais pelos grupos que a constituem
foram considerados como importante elemento de preservação do patrimônio a partir desse debate, que
resultou em uma ampliação conceitual do campo. Nessa perspectiva, Meneses afirma que o patrimônio é
um fato social e que “nas representações sociais estaria a chave para a significação da memória e das
materializações.” (NASCIMENTO, 2016, p. 202). Essa passagem pode ser complementada pela visão de Carlos
Nelson dos Santos: “ninguém pensa que seções inteiras de nossas cidades não estariam aí em pé, se não
fossem usadas por hoteizinhos, oficinas, lojinhas (...) cabeças-de-porco... Pardieiros sim, mas vivos,
funcionando” (SANTOS, 1985, p. 16), que acrescenta a importância de se considerar a apropriação desses
espaços por populações de baixa renda haja vista a crescente demanda habitacional nas grandes cidades.
A pesquisa em andamento está investigando de que maneira essas transformações balizaram uma reação do
ponto de vista da preservação e do reconhecimento da importância histórica do bairro por parte do poder
público municipal. Vale a pena pontuar que, até a década de 1970, a prática preservacionista como ação
institucional em São Paulo estava atrelada ao âmbito do planejamento urbano, uma vez que ainda não havia
sido instituído o tombamento como instrumento legal de proteção pelo órgão de preservação. De iniciativa
da Coordenadoria Geral de Planejamento, foram criadas as zonas Z8-200 a partir da promulgação da Lei de
Uso e Ocupação do Solo em 1975. Os imóveis identificados com essa zona haviam sido apontados na “Lista
dos bens culturais dignos de preservação”, de autoria de Carlos Lemos e Benedito Lima de Toledo, que
culminou, após revisão, no primeiro inventário de bens culturais da cidade, datado de 1977. Com a criação
da Z8-200, o poder público municipal conseguiu exercer a responsabilidade de salvaguarda dos bens da
cidade, sob controle da Cogep.
O reconhecimento, por parte do governo municipal, da importância da preservação do bairro também teve
início nos anos 1970, a partir da organização do Projeto de Reabilitação Urbana Grota da Bela Vista em 1973,
sob responsabilidade da Coordenadoria Geral de Planejamento. O escritório do arquiteto Paulo Mendes da
Rocha foi contratado para a realização do projeto, que, além de apresentar o bairro como “em estado de
decadência” e “deterioração urbana”, culminou na previsão de três formas de intervenção no bairro:
preservação, reurbanização e ordenação. (SÃO PAULO (cidade), Cogep: 1974)
O IGEPAC-BELA VISTA
Esse processo tem continuidade na década de 1980 com a elaboração do Inventário Geral do Patrimônio
Ambiental, Cultural e Urbano de São Paulo - Bela Vista, de responsabilidade da equipe técnica do
Departamento do Patrimônio Histórico, entre os anos de 1983 e 1985. O bairro da Bela Vista foi um dos
primeiros a serem inventariados pelo projeto IGEPAC-SP, cuja metodologia havia sido estabelecida anos
antes e previa a inventariação de 28 bairros. O IGEPAC-Bela Vista foi organizado a partir de um espectro
bastante amplo, que abarcou não apenas a identificação de edificações de destaque, mas também imóveis
de caráter popular e estudos sobre práticas culturais da população local.
É importante colocar que o projeto IGEPAC-SP teve como objetivo reconhecer, de acordo com os conceitos
de patrimônio ambiental urbano e patrimônio cultural debatidos à época, os bens e lugares de cada bairro
que fizessem parte da história urbana e do processo cultural do município, para que pudessem ser alvo de
propostas e políticas de preservação. Em seu volume introdutório, afirma-se que, mesmo se configurando
como inventário, não se limitou apenas a ser um classificador de bens, mas um instrumento de verificação e
leitura das etapas da evolução urbana da cidade e de preservação dessas várias etapas de forma legível na
paisagem. (SÃO PAULO (cidade), DPH: 1985)
De acordo com Mirthes Baffi, integrante do órgão à época, a metodologia do inventário se dividiu em duas
frentes de trabalho: uma voltada para as pesquisas sobre a história, as transformações urbanas, as
características socioeconômicas e as legislações incidentes no bairro e outra estruturada em trabalhos de
campo, com produção de fichas de cada imóvel e registros iconográficos, além da coleta de entrevistas com
líderes da comunidade local. (BAFFI, 2004, p. 178).
Destaca-se a importância dada à coleta de depoimentos de moradores, uma prática que pode ser encarada
como inovadora no campo da preservação e que dialoga com os conceitos de patrimônio discutidos, tanto
na academia quanto nos órgãos de preservação, desde a década anterior. No arquivo do Departamento do
Patrimônio Histórico, que está sendo consultado para a pesquisa, foram encontrados registros dessas
entrevistas, datadas de 1983, e um caderno denominado “Aspectos sociológicos”9, que apresenta um
levantamento das características socioeconômicas do bairro e o resultado de um questionário dos imóveis
que eram reconhecidos (ou não) pela população como de importância histórica ou afetiva.
Foi demarcado um perímetro de atuação para a realização do inventário, determinado pelas principais
avenidas que circundam o bairro. Esse perímetro foi posteriormente subdividido em 7 sub-áreas de trabalho,
definidas pelo traçado urbano e pela presença de conjuntos relativamente homogêneos de edificações e de
características topográficas, predominância de usos e tipologias arquitetônicas semelhantes. Como pode ser
observado na figura 2, o perímetro de abrangência foi extenso e abrangeu uma área maior do que as quadras
que conformam o loteamento original do bairro.
9
O Caderno “Aspectos Sociológicos” está localizado na pasta 02A.020 no Arquivo do Departamento do Patrimônio Histórico. A
equipe responsável por sua elaboração foi formada por Maria Imaculada Forlani Barros, Tania Martinez e Yara Schreiber, sob a
coordenação de Margarida Cintra Gordinho.
Figura 3: Relação de imóveis apreciados pelos moradores locais, apresentada no caderno “Aspectos sociológicos” e fruto de entrevistas in loco.
Fonte: Arquivo do Departamento do Patrimônio Histórico. Pasta 02A.020. Consulta em abril de 2018.
Figura 4: Relação de imóveis não apreciados pelos moradores locais, apresentada no caderno “Aspectos sociológicos” e fruto de entrevistas in
loco.
Fonte: Arquivo do Departamento do Patrimônio Histórico. Pasta 02A.020. Consulta em abril de 2018.
Ao se estudar todas as sub-áreas demarcadas, a equipe do IGEPAC-Bela Vista concluiu que, apesar do
desgaste cronológico e do impacto das transformações de uso, o bairro ainda demonstrava um grande
potencial de preservação e recuperação em termos de qualidade ambiental. Além disso, destacou a
importância da manutenção da vocação residencial do bairro, que serve em sua maioria uma população de
renda média baixa, que nela se instalou devido à presença de aluguéis mais baixos e de habitações coletivas.
Esta população é bem servida de infraestrutura básica e serviços e habita uma região de fácil acesso aos
locais com oferta de emprego e com boa oferta de transporte coletivo.
Ao final do estudo a equipe elaborou uma proposta de intervenção para a preservação da área, que defendia,
basicamente, a mudança de zoneamento da região através da aplicação da Lei no 8.328 de 1975 e da inclusão
de áreas do bairro a serem preservadas como zonas Z8-200. Vale a pena frisar que ainda não havia sido
instituído o instrumento de tombamento a nível municipal, oficializado apenas no ano de 1988, com o
tombamento de um casarão localizado no bairro, mais precisamente na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, n.
42.
O trabalho foi praticamente concomitante ao Concurso Nacional de Ideias para a Renovação e Preservação
do Bexiga, organizado pela Empresa Municipal de Urbanização, em 1989. O objetivo do Concurso era, em
linhas gerais, elencar projetos que procurassem trazer uma nova dinâmica para o bairro, caracterizado pelo
órgão naquele momento como “em processo de decadência”10.
Os projetos do Concurso de Ideias, em conjunto com o material produzido pelo IGEPAC-Bela Vista, foram os
principais materiais de consulta e de pesquisa para o estudo de tombamento do bairro, realizado pelo
Departamento do Patrimônio Histórico, durante a década de 1990. Vale lembrar que a Bela Vista foi o
primeiro bairro tombado pela municipalidade. A resolução de tombamento foi homologada no ano de 2002,
em função de uma atualização do IGEPAC-Bela Vista realizada no ano anterior11. O pioneirismo do
tombamento também se deu na escolha dos valores mobilizados para preservação: não apenas os edifícios
e elementos urbanos excepcionais receberam atenção, mas também os conjuntos do casario de caráter
popular, assim como a paisagem conformada por eles. A consideração da importância dos conjuntos não
monumentais para a história urbana do município foi uma proposta trazida pela metodologia do inventário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Isso posto, é possível colocar a Bela Vista como um dos territórios onde a ação preservacionista atrelada à
consideração da cultura do cotidiano e da não monumentalidade como patrimônio cultural em São Paulo
entrou em cena e foi alimentada, a partir da década de 1970, pelos conceitos de patrimônio ambiental
urbano e patrimônio cultural e pelos trabalhos do projeto IGEPAC-SP, sendo o IGEPAC-Bela Vista um de seus
desdobramentos.
O bairro aparece, desde então, como laboratório de estudos para o campo do patrimônio cultural, com a
oportunidade de reflexão sobre os desafios de se lidar com contextos de vulnerabilidade social em áreas de
importância histórica. A pesquisa em andamento se propõe a realizar entrevistas com os técnicos
10
Grifo próprio.
11
A Resolução municipal n. 22 de 2002 listou aproximadamente 900 imóveis e elementos urbanos tombados, além da delimitação
de três áreas de proteção: Área Especial da Grota, Área Especial do Bexiga e Área Especial da Vila Itororó.
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