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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA

DE ENTORPECENTES DA CAPITAL (PB)

JORGE MIRANDA DOS SANTOS, nacionalidade, profissão, estado civil, RG, CPF,
domicílio, vem à presença de Vossa Excelência, através do seu advogado,
constituído mediante o instrumento de procuração em anexo, com endereço
profissional situado, para requerer, com fulcro no art. 5º, LXV e LXVI, da
Constituição Federal e arts. 310, I e III, 321, do Código de Processo Penal,
RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE C/C LIBERDADE PROVISÓRIA,
fazendo-o pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos:

O requerente foi preso em flagrante no dia 18 de Agosto de 2018, por volta das
22h00, por policiais militares, eis que foram encontrados na sua posse três cigarros
de maconha.

Entretanto, a referida prisão se mostra eivada de ilegalidades, que justificam o seu


relaxamento.

Com efeito, no momento da lavratura do auto de prisão em flagrante a autoridade


policial vulnerou o contido no art. 304, do CPP, que dispõe:

Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o


condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do
termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das
testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre
a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas
assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.

Na situação dos autos sequer foi dada a oportunidade do requerente prestar a sua
versão, eis que não foi ele interrogado pelo Delegado.

Ainda, também foi violado o disposto no art. 50, parágrafo 1º, da Lei de
Entorpecentes, que reza:

§ 1o. Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e


estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou,
na falta deste, por pessoa idônea.

Sim, a autoridade policial não providenciou a confecção do laudo de constatação


da natureza e da quantidade da droga, providência essencial para a higidez do
auto de prisão em flagrante em casos como o dos autos.

Se não bastassem as sérias ilegalidades apontadas, o Delegado de Polícia


também atentou contra as regras previstas n art. 306, parágrafos 1º e 2º, do CPP,
que estabelecem:

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão


comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à
família do preso ou à pessoa por ele indicada.

§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será


encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o
autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a
Defensoria Pública.

§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de


culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do
condutor e os das testemunhas.

Na situação em análise, a autoridade policial deixou de entregar a nota de culpa e


só comunicou a prisão do requerente a Vossa Excelência após 72h da captura,
ilegalidades que não podem ser aceitas pelo Poder Judiciário.

Não é demais lembrar que a Constituição Federal estabelece em seu art. 5º, LXV,
que “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”.

Por outro lado, caso não reconhecidas as ilegalidades acima apontadas, impõe-se
a concessão da liberdade provisória.

De fato, o Delegado de Polícia enquadrou a conduta do requerente no crime


previsto no art. 33, caput, da Lei de Drogas.

Todavia, a ação do preso não poderia ter sido enquadrada no tipo penal do art. 33,
caput, da Lei de Drogas. A autoridade policial inobservou a regra prevista no art.
28, parágrafo 2º, do referido diploma normativo, que dispõe:

“§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz


atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às
condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.”

No caso concreto, foram encontrados em poder do postulante apenas três cigarros


de maconha, os quais se destinavam ao consumo pessoal, eis que é ele viciado.

Nesse passo, a pequena quantidade do entorpecente encontrado revela que o seu


destino era para o uso. Ademais, o local e as condições em que se desenvolveu a
ação, bem como as circunstâncias sociais, pessoais e os antecedentes, revelam
que o autuado não é traficante, mas, sim, usuário.
Desse modo, não poderia a autoridade policial ter enquadrado a conduta no crime
de tráfico, mas no tipo penal do art. 28, da Lei 11.343/06.

Destarte, estando a conduta do preso submetida ao referido tipo penal, não


poderia ter sido imposta a prisão em flagrante.

Isso porque, na forma do art. 48, parágrafo 2º, da Lei específica “§ 2o tratando-se
da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante,
devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou,
na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo
circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias
necessários”.

Por fim, ainda que se entenda que a conduta do preso se enquadra no art. 33,
caput, da Lei de Drogas, é de se ver que não estão presentes os pressupostos da
prisão preventiva, elencados no art. 312, do CPP.

Com efeito, o autuado não ostenta antecedentes criminais, nunca foi preso,
processado ou investigado pela prática de qualquer crime.

Ademais, a quantidade de droga apreendida é diminuta.

Desse modo, a prisão preventiva não se justifica para a garantia da ordem pública.

De mais a mais, não há indicativo de que o preso pretende se furtar da aplicação


da lei penal ou mesmo que poderá embaraçar a regular investigação e instrução
criminal.

Registre-se, por relevante, que a prisão preventiva, conforme estabelece o art.


282, parágrafo 4º, do CPP, é medida excepcional, somente podendo ser decretada
quando se mostrarem insuficientes as medidas cautelares do art. 319, do CPP.

Destarte, sem maiores delongas, ausentes os requisitos da prisão preventiva


estabelecidos no art. 312, do CPP, mostra-se de rigor a concessão da liberdade
provisória, na forma do art. 321, do mesmo Código.

DIANTE DO EXPOSTO, com fundamento nos dispositivos legais acima invocados,


requer que Vossa Excelência se digne em relaxar a prisão em flagrante do
requerente, posto que completamente ilegal. Não sendo acolhido o pedido anterior,
pugna pela concessão de liberdade provisória.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e Data.

ADVOGADO
OAB nº

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